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12 hanseniase deteccao precoce pelo enfermeiro na atencao primaria

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Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste-MG - V.3 - N.2 - Nov./Dez. 2010. 
 
 
HANSENÍASE: DETECÇÃO PRECOCE PELO ENFERMEIRO NA ATENÇÃO 
PRIMÁRIA 
 
 
LEPROSY: EARLY DETECTION BY NURSES IN PRIMARY CARE 
 
 
Rogério de Carvalho Filho 
Graduado em enfermagem pelo Centro Universitário do Leste de Minas Gerais – UnilesteMG. 
enf.rogeriocarvalho@yahoo.com.br 
 
Suellen Sathler dos Santos 
Graduada em enfermagem pelo Centro Universitário do Leste de Minas Gerais – UnilesteMG. 
su.sathler@hotmail.com 
 
Neila Maria de Morais Pinto 
Enfermeira. Especialista em Saúde Pública. Especialista em Ativação de Processos de Ensino na 
Formação Superior de Profissionais da Saúde. Docente do Curso de Enfermagem do Centro Universitário 
do Leste de Minas Gerais – UnilesteMG. 
 
RESUMO 
 
A hanseníase ainda representa um grave problema de saúde pública. Para se evitar as seqüelas e as 
complicações é necessário que o enfermeiro realize a suspeição diagnóstica da doença, ressaltando 
também que tratamento precoce pode quebrar a cadeia de transmissão da hanseníase. O objetivo da 
pesquisa foi conhecer quais ações são desenvolvidas pelo profissional de saúde enfermeiro, atuante na 
atenção primária, especificamente na Estratégia de Saúde da Família (ESF) do município de Ipatinga – 
MG, para identificar previamente sinais e sintomas que levem a suspeitar da doença hanseníase. Trata-
se de um estudo do tipo descritivo com abordagem qualitativa. A coleta de dados foi realizada com os 
enfermeiros atuantes das ESF’s do município de Ipatinga. Como instrumento foi elaborado uma 
entrevista de auto-relato estruturado contendo perguntas que caracterizavam o conhecimento e as ações 
desempenhadas pelos enfermeiros quanto à detecção precoce. Os resultados obtidos no presente 
estudo permitiram evidenciar que grande parte dos enfermeiros estão sensibilizados com a doença 
hanseníase, mas que reconhecem não possuir capacitação, nem se sentem seguros para realizar 
suspeição diagnóstica ao portador de hanseníase, além de ressaltar que algumas consultas de 
enfermagem eram limitadas apenas ao encaminhamento do paciente à clínica médica e também sobre a 
problemática da contra-referência no município. Salienta-se então, que todos devem se sentir envolvidos 
e co-responsáveis, em todas as esferas, não somente por parte dos profissionais de saúde, mas também 
pela população geral. 
 
PALAVRAS-CHAVE: Hanseníase. Diagnóstico. Enfermeiro. 
 
ABSTRACT 
 
Leprosy remains a serious public health problem, to avoid the sequelae and complications is necessary 
for nurses to perform the diagnostic suspicion of the disease, stressing also that early treatment can break 
the chain of transmission of leprosy. The purpose of this research was to know what actions are 
developed by the health professional nurse, active in primary care, specifically in the Family Health 
Strategy (FHS) in the municipality of Ipatinga - MG to identify in advance signs and symptoms that lead to 
the suspicion of disease leprosy. This is a descriptive study with qualitative approach. Data collection was 
 
 
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Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste-MG - V.3 - N.2 - Nov./Dez. 2010. 
 
 
performed and the nurses of the FHT's the city of Ipatinga. Instrument was developed as a self-report 
interview containing structured questions that characterized the knowledge and the actions performed by 
nurses about early detection. The results of this study have highlighted that most nurses are aware of the 
disease leprosy, but recognize that you do not have training or feel safe to perform diagnostic suspicion 
for leprosy patients, and note that some nursing visits were limited only referring a patient to the medical 
clinic and also on the issue of cross-reference in the municipality. It is noted then, that everyone must feel 
involved and share responsibility in all spheres, not only by health professionals but also for the general 
population. 
 
KEY WORDS: Leprosy. Diagnosis. Nurse. 
 
INTRODUÇÃO 
 
Ainda nos tempos modernos não se sabe ao certo a origem da hanseníase, 
conhecida como doença de Hansen ou Lepra, morféia, mal morfético, mal de São 
Lázaro e peste negra. Por existir vários relatos históricos antigos ao redor do mundo, a 
possibilidade de uma origem multifocal não pode ser afastada, conforme Margarido e 
Rivitti (2007). 
“Considerada como castigo divino por muitas religiões, os “leprosos” eram 
isolados e condenados a viver fora das cidades, em isolamentos ou em leprosários 
(colônias)” (MARGARIDO; RIVITTI, 2007, p. 940). 
A hanseníase representa ainda hoje, um problema de saúde pública. Doença 
infecciosa de fácil tratamento e cura tem como fator agravante à repercussão sócio-
psicológica gerada pelas incapacidades físicas que podem ocorrer na evolução da 
doença e que são a grande causa do estigma e isolamento do paciente na sociedade 
(MINAS GERAIS, 2006). 
Em comum acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) o Brasil tem 
como meta à eliminação da hanseníase como problema de saúde pública até o final de 
2010, onde se espera que todos os municípios atinjam uma taxa de prevalência de 
menos de um doente por 10.000 habitantes (BRASIL, 2006). Para Minas Gerais (2000), 
dentre os fatores identificados que impedem o alcance desta meta está a permanência 
de casos não diagnosticados, prevalência oculta, responsáveis pela manutenção de 
fontes de contágio na população. 
O aumento, urgente, da cobertura das ações de controle da doença para todas as 
unidades de saúde dos municípios endêmicos faz parte de uma política de 
descentralização que vem sendo desenvolvida pelo Ministério da Saúde (MS), tendo 
como estratégia o Programa de Saúde da Família (BRASIL, 2000). 
Atualmente, a melhor estratégia para a eliminação da doença, para o diagnóstico 
precoce e melhoria na qualidade do atendimento ao portador da hanseníase é a 
integração dos programas de controle da doença na rede básica de saúde, facilitando o 
acesso ao tratamento, à prevenção de incapacidades e a diminuição do estigma e da 
exclusão social (DIAS; PEDRAZZANI, 2008). 
Assim, segundo Brasil (2005) o diagnóstico da hanseníase deve ser realizado 
durante as atividades diárias dos serviços de saúde à população e o tratamento 
imediato com poliquimioterapia (PQT) são fundamentais para quebrar a cadeia de 
 
 
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transmissão da doença. O diagnóstico clínico da hanseníase pode ser determinado 
através da anamnese e exame físico minucioso, posteriormente deve ser realizado 
também o diagnóstico laboratorial e diferencial. 
 
Segundo Margarido e Rivitti (2007, p.965) o diagnóstico clínico da hanseníase 
se baseia nos exames dermatológico e neurológico, pesquisa de nervos 
periféricos, à procura de espessamentos; seguido das provas de sensibilidade 
superficial; da histamina ou pilocarpina. 
 
É importante saber que o tratamento da hanseníase promove a cura, e que os 
cuidados profiláticos previnem a ocorrência de deformidades, que uma vez 
presente, tornam-se irreversíveis. É fundamental tratar o preconceito e estigma 
que ainda existem, para que o paciente não se sinta excluído (MARTINS et al., 
2005, p. 244). 
 
Apesar da intensa divulgação da hanseníase, através de órgãos públicos, 
propagandas e meios de comunicação, a identificação dos sinais e sintomas 
dermatoneurológicos não está sendo feito com eficácia, evoluindo assim de forma 
crônica e com deformidades ao paciente (BRASIL, 2005). 
O diagnóstico precoce e o tratamento adequado permitem que se obtenha a cura 
da doença, sem deixar seqüelas (incapacidades físicas e sociais). É de suma 
importância, portanto, que o profissional de saúde tenha subsídios que facilitem 
identificar, diagnosticar e tratara hanseníase (MINAS GERAIS, 2006). 
Na Estratégia Saúde da Família (ESF), a enfermagem faz parte de um processo 
coletivo de trabalho, atuando diretamente nas ações de controle da hanseníase seja 
individualmente com o portador, sua família ou comunidade; os profissionais atuam na 
prevenção da doença, busca e diagnóstico dos casos, tratamento e seguimento dos 
portadores, prevenção e tratamento das incapacidades, gerência das atividades de 
controle, sistema de registro e vigilância epidemiológica e pesquisas (PEDRAZZANI, 
1995). 
Mediante o exposto, motivou-se a realização da pesquisa para identificar qual o 
conhecimento dos enfermeiros, que atuam na ESF, sobre a detecção precoce da 
hanseníase. 
Nesse sentido, o estudo torna-se relevante por buscar contribuir para o melhor 
desempenho do profissional enfermeiro na detecção precoce da doença 
proporcionando um tratamento mais rápido, prevenindo maiores seqüelas aos 
indivíduos por ela acometidos, mantendo-os no convívio social, sem incapacidades e 
deformidades, além de interromper a cadeia de transmissão da doença. 
Deste modo o trabalho objetiva conhecer quais ações são desenvolvidas pelo 
enfermeiro, atuante na atenção primária, especificamente na ESF do município de 
Ipatinga - MG, para identificar previamente sinais e sintomas que levem a suspeitar da 
doença hanseníase, verificando o conhecimento destes sobre a doença. 
 
METODOLOGIA 
 
 
 
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Trata-se de um estudo do tipo descritivo com abordagem qualitativa. Foi 
considerado como critério de inclusão enfermeiros, que atuam na Estratégia da Saúde 
da Família, no município de Ipatinga-MG. 
A coleta de dados foi realizada no período de novembro de 2009 a janeiro de 
2010, quando os pesquisadores se dirigiram às equipes de saúde da família, no local 
de trabalho dos pesquisados, para abordagem aos profissionais explicando o objetivo 
da pesquisa. 
A população total de enfermeiros atuantes nas ESF’s no município de Ipatinga no 
período definido para coleta de dados era de 36 profissionais, instalados em 14 
unidades de ESF’s, sendo que a amostra por conveniência se constituiu de 33 destes 
profissionais que manifestaram desejo para participar, sendo que dois se encontravam 
de férias e um se recusou a participar da pesquisa. 
Como instrumento para a coleta de dados foi elaborada uma entrevista de auto-
relato estruturado contendo perguntas que caracterizavam o conhecimento e as ações 
desempenhadas pelos enfermeiros quanto à detecção precoce da hanseníase. De 
acordo com Polit, Beck e Hungler (2004) a técnica de auto-relato estruturado é coletada 
por meio de um instrumento conhecido como formulário ou roteiro de entrevista quando 
as questões são feitas oralmente, no formato face a face ou por telefone, ou seja, os 
pesquisadores estruturam questões apropriadas para obter informações necessárias a 
sua pesquisa. 
As entrevistas foram aplicadas em uma sala disponibilizada dentro do espaço 
físico da própria ESF, com horário agendado e adequado ao tempo do entrevistado, 
sendo gravadas em aparelhos digitais, “MP4 player”. Cada pessoa foi abordada uma 
única vez, com tempo aproximado de 15 minutos para duração do encontro. As 
entrevistas foram gravadas, e transcritas pelos pesquisadores após realização das 
mesmas. 
Para análise dos dados, inicialmente foi realizada leitura minuciosa e repetida das 
respostas obtidas, selecionadas as informações relevantes para o estudo, destacadas 
as idéias centrais. A partir da análise e interpretação dos dados, estabeleceu-se uma 
relação entre a visão dos pesquisados e o referencial teórico para a construção das 
discussões. Como garantia de preservação do anonimato dos participantes, os mesmos 
foram identificados através do nome “Enfermeiro” acrescido de um número seqüencial. 
Os resultados foram apresentados através de tabela e categorias. Para Minayo 
(2007), as categorias possuem conotação classificatória, são conhecidas como classes 
que reúnem um grupo de elementos sob um título genérico, pois esses possuem 
caracteres em comum. 
Esta pesquisa contemplou a Resolução 196/96 do Conselho Nacional em Saúde 
que regulamenta pesquisa com seres humanos (BRASIL, 1996). O projeto de pesquisa 
foi aprovado pela Secretaria Municipal de Saúde do município de Ipatinga–MG através 
da assinatura do Termo de Autorização para Realização da Pesquisa. O projeto foi 
encaminhado ao Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) do UnilesteMG e aprovado com o 
protocolo de pesquisa nº 29.170.09. Os profissionais que aceitaram participar 
assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. 
 
 
 
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RESULTADOS E DISCUSSÃO 
 
Na caracterização dos profissionais, foram abordados idade, sexo, o tempo de 
experiência profissional na Estratégia de Saúde da Família e se realizaram algum curso 
voltado à assistência ao portador de hanseníase como visto na TAB. 1. 
 
TABELA 1 Perfil dos enfermeiros entrevistados 
Categorias n % 
Sexo 
 
Masculino 10 30,3% 
Feminino 23 69,7% 
Idade (anos) 
21 - 30 19 57,6% 
31 - 40 10 30,3% 
41 - 50 3 9,1% 
51 - 60 1 3,0% 
Experiência na ESF 
Menos de um ano 2 6,1% 
Entre 1 e 3 anos 11 33,3% 
Mais de 3 anos 20 60,6% 
Capacitação em Hanseníase 
Possui 15 45,5% 
Não possui 18 54,5% 
Total 33 100,0% 
 
A TAB.1 mostra que os enfermeiros do estudo apresentam-se com uma faixa 
etária em média de 31 anos, do total de entrevistados 23 são do gênero feminino e 10 
do gênero masculino, atuam em Unidades da Estratégia da Saúde da Família em média 
de três anos e nove meses. Quinze enfermeiros declararam possuir capacitação sobre 
hanseníase e 18 enfermeiros não possuem capacitação específica sobre o tema. 
O tempo de trabalho na Estratégia de Saúde da Família mostrou-se diferenciado, 
tal situação é importante, pois acredita-se que quanto maior for a experiência, melhor 
será a qualidade da assistência oferecida pelo profissional no que diz respeito ao 
processo de suspeição diagnostica e o cuidar dos pacientes de hanseníase e seus 
familiares. 
Também o número de profissionais que relataram não ter curso voltado à 
assistência ao portador de hanseníase é significativo, pois, suspeitar da doença, cuidar 
de maneira competente de portadores de hanseníase, implica ter amplos 
conhecimentos sobre a patologia (anatomia e fisiologia) e como lidar com aspectos 
psicossociais tão presentes na vida dos doentes. 
Os resultados foram divididos em quatro categorias de análise que são: 
conhecimento sobre a hanseníase, suspeitando da hanseníase, identificando a 
hanseníase e obstáculos e desafios para o diagnóstico precoce. 
 
 
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Conhecimento sobre a hanseníase 
 
De acordo com Moreno, Enders e Simpson (2008) a hanseníase é considerada 
uma doença infectocontagiosa, crônica, causada pela Mycobacterium leprae, também 
conhecido como bacilo de Hansen. O descobridor deste bacilo foi Gerhard Armaeur 
Hansen, em 1868, na Noruega e só a partir dessa data que a Hanseníase foi 
considerada como infectocontagiosa, pois acreditava-se na hereditariedade e na 
punição divina. Este bacilo é um parasito intracelular obrigatório que tem afinidade por 
nervos periféricos e células cutâneas, causando assim uma maior possibilidade de 
incapacidades na pessoa infectada. 
Quando questionados sobre o entendimento referente à hanseníase, os 
participantes descreveram de forma simples, o que entendem sobre a doença, citando 
que a hanseníase é uma doença transmissível quando não tratada e é totalmente 
passível de cura. Como pode-se verificar nos relatos: 
 
Euentendo que é uma doença, transmissível por via respiratória, provocada por 
um bacilo, que compromete pele e nervos, é uma doença tratável e curável 
(ENFERMEIRO 15). 
 
A hanseníase ela é uma doença infectocontagiosa, e transmite através do 
contato de vias respiratórias, paciente bacilífero passa para o paciente 
susceptível. É uma doença que tem tratamento e cura, se for precocemente 
detectado. (ENFERMEIRO 5). 
 
Percebeu-se que os entrevistados enfatizam a importância do tratamento da 
hanseníase para a cura o que condiz com o estudo de Souza (2000) que declara a 
importância do diagnóstico precoce da doença pelos profissionais da saúde e o início 
rápido do tratamento poliquimioterápico podendo interromper a cadeia de transmissão 
da doença, impedindo assim as suas possíveis complicações e incapacidades. 
O agente etiológico, formas de transmissão, condições socioeconômicas, 
principais áreas de acometimento, surgimento de manchas com alteração da 
sensibilidade também foram citados na definição do conceito de hanseníase: 
 
Olha a hanseníase, ela é uma doença, causada pelo bacilo de hansen, e 
geralmente ela acomete pessoas com nível socioeconômico mais baixo, 
geralmente principalmente pela questão socioeconômica mesmo, porque 
pessoas que vivem num ambiente mais fechado... (ENFERMEIRO 13). 
 
 
A hanseníase é uma doença crônica, que causa manchas na perna, na pele, 
altera a sensibilidade dos nervos, da sensação tanto dolorosa, quanto térmica 
do indivíduo, é uma doença que tem cura, ela está relacionada com questões 
precárias, as questões de habitação, de saúde, e que vem desde muitos anos 
na civilização, uma das doenças mais antigas que a gente tem (ENFERMEIRO 
20). 
 
Notou-se referências às condições socioeconômicas ambientais precárias 
relacionadas à hanseníase, sendo que as áreas populosas tornam-se um meio de 
 
 
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disseminação fácil da doença o que condiz com Brasil (2002) que afirma que está 
doença infectocontagiosa se apresenta em maior freqüência em áreas com muitas 
pessoas (superpopulação), favorecendo a disseminação da mesma, pessoas que vivem 
em precárias condições de vida, subalimentação e ainda apresentam moléstias 
debilitantes. Sendo que na maior parte do mundo a prevalência é maior em homens do 
que em mulheres, considerado uma relação de dois para um. 
Foi lembrado por alguns entrevistados também os estigmas, preconceitos e 
discriminações que esta doença ainda carrega por parte da sociedade e até por 
profissionais da área da saúde: 
 
A hanseníase é uma doença infectocontagiosa, que é transmitida por via 
respiratória, que causa lesões no nervo, lesões cutâneas, manchas na pele com 
diminuição ou perda total da sensibilidade, nós sabemos também que os 
portadores de hanseníase eles enfrentam muito preconceito, da população, dos 
familiares, tem até da própria equipe de saúde às vezes (ENFERMEIRO 10). 
 
A hanseníase ainda é uma doença muito cheia de estigma, onde as pessoas 
têm muito medo de falar, cercado de muito preconceito ainda na nossa 
sociedade, mesmo com a troca do nome da doença conhecida nos tempos 
antigos, até bem pouco tempo, ela era conhecida como lepra tentou se mudar o 
nome, e, com o intuito de reduzir esse estigma, provavelmente conseguiu muito 
pouco resultado ainda em relação a esse preconceito, com relação à doença. 
(ENFERMEIRO 17). 
 
Observou-se que o preconceito e o estigma da doença ainda são prevalentes no 
cotidiano, dificultando assim que os doentes se sintam confortáveis para buscar 
tratamento ou simplesmente manifestar-se sobre a patologia, que vai de encontro ao 
estudo de Silva Junior et al. (2008) que relatam que o estigma da doença e a não 
aceitação da sociedade principalmente pelo preconceito vem sendo destacado de 
forma milenar, sendo que ao longo da história da humanidade, principalmente nos 
tempos bíblicos a lepra foi relacionada a pecado, impureza e punição. Este estigma 
social da doença está relacionado também aos leprosários, onde as pessoas que 
estavam infectadas pelo bacilo de Hansen permaneciam nestes locais longe do 
convívio da sociedade, eram excluídos e sofriam muitas agressões. 
Até hoje o preconceito prevalece, devido às incapacidades e as deformidades, 
sendo que a sociedade apresenta padrões culturais, morais, modos de pensar e de agir 
que fazem com que o portador da doença seja considerado inferior de acordo com o 
modelo de condição humana criada pela mesma, causando o isolamento do doente e 
os problemas sociais, psicológicos e até mesmo o abandono da família. 
 
Suspeitando da hanseníase 
 
Quando questionados sobre como suspeitam de um caso de hanseníase os 
entrevistados foram unânimes em dizer que através da presença de manchas com 
perda de sensibilidade no local. Além disso, mencionaram o comprometimento dos 
nervos periféricos, como relatado nas falas: 
 
 
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... se há perda de sensibilidade na pele desse paciente, se tem aumento de 
nervos desse paciente, uma vez também que a bactéria tem afinidade pelo 
nervo, acometendo esse nervo, e conseqüentemente com perda de 
sensibilidade, nervo doloroso naquela região afetada (ENFERMEIRO 17). 
 
A primeira suspeita de hanseníase seriam algumas manchas que às vezes o 
paciente queixa, que tenha aparecido, essas manchas, normalmente 
apresentam alguma perda de sensibilidade, a gente faz o teste de sensibilidade 
com microfilamentos, e a gente consegue fazer um diagnóstico prévio da 
doença. (ENFERMEIRO 8). 
 
...uma mancha esbranquiçada ou avermelhada, normalmente indolor, sem 
sensibilidade, eu vejo também que a gente tem que levar em consideração às 
vezes, o problema do nervo na ausência também da mancha... (ENFERMEIRO 
15). 
 
A perda de sensibilidade em manchas foi o primeiro critério lembrado pelos 
entrevistados para suspeição da hanseníase, indo de encontro à literatura da área. De 
acordo com Brasil (2005) que mais caracteriza um caso de hanseníase é quando o 
portador apresenta uma ou mais manifestações como: área da pele com diminuição ou 
perda da sensibilidade, baciloscopia positiva de esfregaço dérmico e acometimento de 
nervo(s) periférico(s) com espessamento neural. 
Citam também, que as manchas possuem coloração “branca” ou “avermelhada” e 
que na maioria das vezes é o próprio paciente ou uma pessoa mais próxima do 
paciente que informa sobre a mancha. 
 
Olha, geralmente são manchas, podem ser manchas hipocrômicas, ou seja sem 
cor, ou manchas avermelhadas, [...] lesões na pele, geralmente que a pessoa 
não tem sensibilidade nessas áreas, quando a gente tem essas características, 
a gente já pode suspeitar da hanseníase (ENFERMEIRO 13). 
 
Olha a maioria das vezes, eles apresentam alguma manchinha, tem manchas 
que apresentam no corpo, aí a gente percebe ou alguém que convive com a 
família... (ENFERMEIRO 19). 
 
A hanseníase em seu estágio inicial apresenta-se através de lesões na pele, 
manchas avermelhadas ou esbranquiçadas que têm como característica a perda da 
sensibilidade. Estas manchas podem apresentar-se com maior prevalência na face, 
orelhas, nádegas, braços, pernas, costas e mucosa nasal. Se estas manchas não forem 
diagnosticadas precocemente e tratadas podem comprometer os nervos periféricos, 
apresentando-se espessados, com diminuição da sensibilidade, comprometimento 
motor e autonômico (alterações de glândulas sudoríparas e sebáceas) nas áreas por 
eles inervados, o que pode levar às incapacidades e deformidades (BRASIL, 2002). 
 
Identificando a hanseníase 
 
Sobre qual a conduta ao se deparar com um caso suspeito de hanseníase, os 
entrevistados relataram sobre o testede sensibilidade na mancha utilizando o 
 
 
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estesiômetro e solicitação de teste de BAAR: 
 
Eu tenho o estesiômetro na minha sala, é uma das poucas salas de PSF que 
tem estesiômetro e no meu estágio quando eu fiz estágio em Diamantina, eu 
aprendi com uma médica, que era especialista em saúde pública, a fazer a 
consulta de hanseníase, então quando eu vejo um caso, que eu acho que seja 
suspeito, eu faço, todo o procedimento de protocolo, teste de sensibilidade 
ocular, uso o estesiômetro na mancha, desenho, inclusive tem um aqui, se 
vocês quiserem ver (ENFERMEIRO 26). 
 
Pedir o exame BAAR, de hansen e fazer um teste, após o exame se realmente 
for detectado a doença a gente encaminha pra dermatologia no caso, pra fazer 
acompanhamento, isso em conjunto com o médico, tanto o médico quanto o 
enfermeiro fazem a avaliação do teste de sensibilidade das mãos, dos pés, e 
ver os locais que tá com menos, é reação (ENFERMEIRO 02). 
 
Sabe-se que alguns exames auxiliam no diagnóstico da hanseníase, dentre eles 
podem ser citados a pesquisa de BAAR, sendo obtido por raspagem da mucosa nasal, 
nos cotovelos, joelhos ou nos lóbulos auriculares. A pesquisa de sensibilidade térmica, 
dolorosa e tátil, sendo a última realizada com estesiômetro ou monofilamentos de 
“Semmes-Weinstein" e a baciloscopia (BAAR) são condutas estas confirmadas por 
Martins et al. (2005). 
Foi mencionado também por alguns entrevistados a palpação de nervos 
periféricos como um sinal para o diagnóstico precoce da hanseníase: 
 
Primeira coisa, eu procuro manchas, avalio dormências com os filetes, faço 
palpação pra ver se tem alguma área que tem mais dormência, mais 
característica. Geralmente dormências nos braços e pernas. São os que mais 
geralmente acomete. A palpação dos nervos, a visualização das lesões 
(ENFERMEIRO 22). 
 
Quando a gente suspeita de caso de hanseníase, a primeira coisa que a gente 
faz é fazer o exame físico para ver a questão do comprometimento dos nervos 
periféricos que a pessoa tem, geralmente no braço e na perna. Existe o 
“examizinho” chamado de BAAR de hanseníase, que é a raspagem, faz 
raspagem no cotovelo, faz raspagem no lóbulo da orelha, espera o resultado 
chegar, dando positivo, a gente encaminha para a UISA faz a notificação, tem 
que fazer, e encaminha para UISA, que é o centro de referência da gente. 
(ENFERMEIRO 31). 
 
...vou palpar os nervos, se tem algum nervo espesso, mais grosso, que fica 
mais altinho, eu olho, apalpo, nas pernas eu olho tudo, ai depois eu faço um 
teste assim pra ver se ele consegue apertar mesmo algum objeto, questão de 
força mesmo, porque fica com alguma dificuldade de força muscular mesmo ... 
(ENFERMEIRO 04). 
 
Os entrevistados acima enfatizaram a palpação dos nervos periféricos nos 
membros superiores e inferiores, alegando como relevante no diagnóstico precoce, o 
que condiz com Margarido e Rivitti (2007) que afirmam que os nervos periféricos na 
 
 
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hanseníase se encontram afetados, sendo os mais acometidos: nervos ulnar, mediano, 
radial, fibular e tibial, sendo uma manifestação importante na suspeita diagnóstica à 
necessidade de palpação dos nervos periféricos à procura de espessamentos. 
Alguns profissionais, entretanto, citaram como única conduta de enfermagem 
frente uma suspeita diagnóstica o encaminhamento para a consulta médica: 
 
Eu encaminho pra consulta médica, pra ele estabelecer o diagnóstico 
(ENFERMEIRO 10). 
 
Encaminho à consulta médica, pra diagnosticar (ENFERMEIRO 32). 
 
Geralmente quando a gente tem alguma suspeita, como nós como enfermeiros 
a gente não pode ter a conduta, então a gente geralmente passa pro médico, 
porque o médico pede a avaliação da lesão, faz a avaliação, e ai já é 
encaminhado direto pra UISA (ENFERMEIRO 23). 
 
Então, o que eu falei anteriormente, eu encaminharia esse paciente para a 
avaliação médica, ali faria o diagnóstico e depois, esse paciente é mandado lá 
pra um outro departamento, que é lá na UISA, onde tem essa atenção toda da 
hanseníase (ENFERMEIRO 27). 
 
A não realização de testes para suspeita diagnóstica sugere a existência de 
dificuldade para a realização da consulta de enfermagem dirigida aos doentes e seus 
comunicantes. Assim, é preconizado ao enfermeiro, dentre outras atribuições, realizar 
avaliação clínica dermato-neurológica simplificada, avaliar estado de saúde do indivíduo 
e preencher formulários do sistema de informação em hanseníase (MINAS GERAIS, 
2006). De acordo com Brasil (2002) os profissionais que atuam na rede primária de 
saúde, devem realizar a anamnese e o exame físico do paciente, sendo coletada sua 
história clínica, identificando os sinais e sintomas dermatoneurológicos da doença, 
contradizendo a conduta dos enfermeiros que unicamente encaminham para consulta 
médica. 
 
Obstáculos e desafios para o diagnóstico precoce 
 
As dificuldades informadas pelos enfermeiros foram as mais diversas. As 
principais referem-se à falta de capacitação e treinamentos de profissionais por parte da 
prefeitura onde os mesmo demonstraram um sentimento de despreparo frente aos 
casos de suspeita de hanseníase. 
 
Tenho dificuldade; a gente não teve capacitação para fazer o diagnóstico 
precoce, acho que tem que ser feito uma campanha mesmo, pra alertar a 
população, sobre o que é a doença, pra que eles possam me procurar, porque 
é através da procura deles, que a gente, detecta os casos (ENFERMEIRO 05). 
 
Como eu não me sinto capacitada para o atendimento, eu realizo a consulta de 
enfermagem e aí eu faço o devido encaminhamento para a avaliação médica 
(ENFERMEIRO 12). 
 
 
 
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Olha, a gente precisa de treinamentos de capacitação mesmo, pra identificar 
mais a doença, no seu estágio inicial, pra evitar seqüelas, evitar também 
problemas sociais, então o que está faltando mesmo na rede pública hoje é 
capacitação, todo mundo tem idéia, sabe lá um pouquinho assim, um pouco da 
hanseníase, mas a gente não sabe como lidar bem com ela, mas, com 
capacitação a gente sabe que vai melhorar bastante a assistência 
(ENFERMEIRO 14). 
 
A falta de capacitação proporciona um sentimento de impotência diante dos 
problemas enfrentados, refletindo negativamente na qualidade do atendimento prestado 
por estes profissionais ao portador de hanseníase. Faz-se necessário uma capacitação 
continua nos serviços de saúde. De acordo com Brasil (2007) os profissionais que 
atuam na rede primária de saúde devem estar atentos para realizar a suspeição 
diagnóstica da hanseníase. Todos devem estar capacitados a identificar os sinais e 
sintomas da doença, sendo na comunidade em geral ou em grupos. 
Alegaram também que por ter um serviço centralizado de atendimento dos 
portadores de hanseníase, localizado na Unidade Integrada de Saúde (UISA), não 
existe uma contra-referência eficiente nos casos diagnosticados de hanseníase, o que 
deixaria a unidade sem informações atualizadas a cerca do paciente. 
 
Sim, a gente encontra muita dificuldade, até mesmo pelo fato de ser, uma 
doença ainda com tratamento centralizado no município, a gente acaba 
perdendo um pouco o contato do dia-a-dia com esse paciente, 
conseqüentemente, a gente acaba ficando distante, a gente vai distanciando 
dessa doença, embora seja muito freqüente no nosso dia-a-dia, e muitas vezes 
passa desapercebido, por falta mesmo de uma dedicação maior nisso, eu acho 
que falta capacitação pra esses profissionais pra que no dia-a-dia ele possa 
conviver, é... com esses pacientes, tratar esses pacientese prevenir mesmo 
essa doença. (ENFERMEIRO 17). 
 
...Precisa de uma melhor referência e contra-referência aqui em nosso 
município, porque às vezes a gente encaminha esse paciente, pro centro de 
referências e ele se perde, e nós não temos o retorno dele na unidade... 
(ENFERMEIRO 10). 
 
De acordo com Brasil (2002) o paciente com diagnóstico de hanseníase deverá 
ser encaminhado para uma unidade de referência somente quando houver necessidade 
de cuidados especiais, como no caso de intercorrências graves ou para correção 
cirúrgica. Nestes casos, após a realização do procedimento indicado, o paciente deve 
retornar para o acompanhamento rotineiro em sua unidade básica. 
A contra-referência é de fundamental importância para a continuação dos serviços 
prestados na atenção à saúde do paciente, a não realização da mesma pode resultar 
em furos nos sistemas e no acompanhamento do mesmo. Indo de encontro ao estudo 
de Juliani e Ciampone (1999) que afirmam que o objetivo da referência e contra-
referência seria garantir o acesso e a continuidade do atendimento prestado ao 
paciente, constituindo assim a articulação entre os níveis de complexidade do sistema 
de saúde e da integralidade à assistência. A contra-referência possibilita a organização 
 
 
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do fluxo dos pacientes, o trânsito do fluxo de maior complexidade para o de menor, 
resolvendo os problemas e as necessidades dos usuários, assegurando a continuidade 
dos serviços. 
A necessidade de maior divulgação com relação à doença pelos profissionais e 
pela mídia foi outro ponto destacado, pois acreditam que muitos pacientes são carentes 
de informação, necessitando também de maior conscientização da população. A alta 
rotatividade dos profissionais nos serviços de atenção primária foi lembrada como fator 
que interfere na qualidade do atendimento. 
 
A dificuldade é essa falta informação dos profissionais de saúde, e falta de 
informação da população que não sabem quais são os sintomas e sinais da 
doença (ENFERMEIRO 31). 
 
...eu acho que teria que ter um preparo melhor dos próprios profissionais, 
porque eu não estou falando que eles não estão preparados, mas é a 
rotatividade, o problema é esse, a rotatividade desses profissionais, eu acho 
que dificulta o diagnóstico precoce... (ENFERMEIRO 19). 
 
Os estudos feitos por Campos e Malik (2008) identificam os fatores que levam à 
rotatividade dos médicos generalistas do PSF’s no município de São Paulo, sendo que 
é um dos problemas verificados em muitas organizações e outras classes profissionais, 
elevando os custos para o empregador que investe em mão de obra qualificada e 
também devido aos custos de reposição de pessoal, interferindo na qualidade dos 
serviços prestados. 
Campos e Malik (2008) ainda consideram que o principal fator que leva um 
funcionário a deixar uma organização é seu nível de insatisfação com a função que 
desempenha. O descontentamento pode ser causado por qualquer um dos muitos 
aspectos que compõem o trabalho, como: falta de materiais para a realização do 
trabalho, falta de capacitação, o ambiente físico inadequado e tempo de locomoção 
para chegar ao trabalho. 
No que diz respeito aos obstáculos e desafios afirmados pelos enfermeiros, estão 
relacionados à capacitação, contra-referência, a divulgação e a rotatividade dos 
profissionais que refletem no processo de organização dos serviços. Os fatores 
capacitação e contra-referência presentes no referente estudo se assemelham aos 
encontrados na pesquisa de Helene et al. (2008) que realizaram um estudo em nove 
municípios do estado de São Paulo quando verificaram que nas unidades estudadas 
quase a totalidade dos profissionais desconhece a contra-referência por não ocorrer 
nos serviços de saúde o que dificulta o acompanhamento dos casos, além da evidente 
necessidade de capacitação dos profissionais de saúde para identificar os sinais e 
sintomas da hanseníase. 
 
CONCLUSÃO 
 
Os resultados obtidos no presente estudo permitiram evidenciar que grande parte 
dos enfermeiros estão sensibilizados com a doença hanseníase, mas que reconhecem 
 
 
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não possuir capacitação, nem se sentem seguros para realizar suspeição diagnóstica 
ao portador de hanseníase. Foi observado durante a pesquisa que algumas consultas 
de enfermagem eram limitadas apenas ao encaminhamento do paciente à clínica 
médica, não sendo realizada avaliação clínica adequada para a detecção precoce da 
hanseníase. 
No município de Ipatinga, todos os pacientes com hanseníase são referenciados a 
um centro de tratamento, UISA, sendo um serviço centralizado e de atenção 
secundária, mas foi relatado que o serviço não possui uma adequada contra-referência 
para os profissionais da atenção primária, fazendo com que a unidade perca o contato 
com este paciente. O ideal é que a organização dos serviços de saúde esteja voltada 
para distribuir melhor a demanda de saúde, no caso da hanseníase descentralizando o 
atendimento e não estabelecendo área de abrangência específica para tal. 
Diante da problemática relacionada à falta de capacitação da hanseníase no 
município notou-se que esta influencia diretamente no despreparo destes profissionais 
ao realizar a suspeita diagnóstica desta doença. 
A hanseníase quando diagnosticada tardiamente pode gerar um grande número 
de portadores e ex-portadores com incapacidades físicas instaladas. De acordo com o 
Ministério da Saúde, a capacitação dos profissionais apresenta-se como uma prioridade 
tornando objeto de esforços contínuos. Sugere-se que a prefeitura municipal de 
Ipatinga possa realizar mais capacitações ou treinamentos voltados para a hanseníase, 
sendo estas de aspecto contínuo no serviço de saúde. A atenção prestada aos 
portadores de hanseníase deve apresentar melhoras contínuas seja ela por iniciativa 
própria ou fornecida aos seus profissionais pelas instituições. 
Salienta-se que todos devem se sentir envolvidos e co-responsáveis, em todas as 
esferas, não somente por parte dos profissionais de saúde, mas também pela 
população geral. Somente através da informação em massa é que o interesse e 
conhecimento sobre a doença evitarão suas complicações e quebrará seus 
preconceitos. 
 
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