Buscar

Os Jogos Olímpicos como reflexo de marcos históricos da humanidade

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 8 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 8 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

| 698
0 | Abstract
The Olympic Games reflect cultural, social, economic, political
and other important manifestations of humanity. The present
study aims to identify these events with worldwide impact.
For this purpose, the Summer Olympic Games were reviewed
from 1896 to 2004 and those of 2008 and 2012 were
commented. The content of this research is divided in 5
periods: (i) from 1896 to 1920, which includes the revival of
the Olympic Games; (ii) from 1924 to 1948, which shows the
popularization of the Games, Nazism and the tragedy of
World War II; (iii) from 1952 to 1972, which includes the
Cold War, the boycotts, the Black Power Movement and
terrorism; (iv) from 1976 to 1988, which emphasized the
boycotts and the discovery of the possibility of private
financing; and (v) from 1992 to 2012, a period which focuses
on political changes that occurred after the end of the Cold
War, the North American hegemony and a projection of the
Os Jogos Olímpicos
como reflexo de marcos
históricos da humanidade
Alexandre M. Jorge de Carvalho | sovietolympic@hotmail.com
Faculdade de Vinhedo, São Paulo, Brasil
699 |
Chinese ascension. The results have shown that the Olympic
Games mostly reflect the transformations and conflicts of
each historical period of time.
1 | Introdução
Os Jogos Olímpicos são a maior celebração esportiva da
Humanidade. Nasceram na Grécia Antiga por volta de 776
A.C. e influenciaram enormemente a cultura grega da época.
Foram extintos em 393 D.C. pelo imperador romano
Teodósio, demarcando entre vários outros fatores a fase
de decadência do domínio de Roma sobre o mundo antigo
e a Grécia em particular.
Após cerca de 1.500 anos, por obra maior de Pierre de Fredi,
Barão de Coubertin, os Jogos foram revividos, ganharam
popularidade, e passaram a ser incluídos entre conflitos e
transformações da Humanidade que implicavam em relações
internacionais. O presente estudo separou em cinco grandes
períodos as edições olímpicas: 1896 a 1920, caracterizado
pela evolução organizacional dos países anfitriões e pela
afirmação do evento apesar da Primeira Guerra Mundial.
Assim, de 1924 a 1948, houve um maior desenvolvimento e
popularização dos Jogos - em que pese o impacto global de
seu uso ideológico pelos nazistas – que lhe deram sobre-
vivência após a Segunda Guerra Mundial. De 1952 a 1972,
houve o ingresso da União Soviética nos Jogos, o surgimento
da Guerra Fria também nos esportes olímpicos, seguindo-
se os manifestos dos negros norte-americanos no México e
o atentado terrorista em Munique; todos eventos globais
em suas repercussões e origens. De 1976 a 1988,
| 700
aconteceram os boicotes da África Negra em 1976, dos
Estados Unidos e de vários aliados em 1980, da União
Soviética e aliados em 1984, que refletiram nas relações
internacionais em sentido amplo; neste estágio, os Jogos
foram revigorados pela descoberta da possibilidade de
financiamento privado, possibilitando a desoneração dos
governos dos futuros anfitriões e, portanto, facilitando
adesões ao Movimento Olímpico. De 1992 a 2012, período
fortemente marcado pelo fim da Guerra Fria, os grandes
players olímpicos União Soviética, Tchecoslováquia e
Iugoslávia se dissolveram dando lugar a um novo estilo de
potência olímpico-global, ora exemplificada pela unificação
alemã, pela hegemonia norte-americana e pela China como
grande potência econômica e militar mundial.
2 | 1896 a 1920 - O Renascimento e o Difícil começo
Em 1896, em Atenas, na Grécia, foi celebrada a primeira
edição olímpica da Era Moderna. O Barão de Coubertin
contou com apoio da realeza grega, desejosa em reviver
sua história. Os Jogos constituíram um sucesso, entusias-
mando o povo grego. Em 1900, Paris, França, sediou os Jogos
juntamente com uma Feira Mundial, mas a tentativa provou-
se fracassada, pois os organizadores do evento maior
relegaram as competições olímpicas a um papel secundário,
resultando na mais desorganizada edição da história. Em
1904, em Saint Louis, Estados Unidos, a participação dos
países estrangeiros ficou prejudicada pelas limitações de
deslocamento do continente europeu para o americano
naquela época. O evento também foi organizado juntamente
com uma Feira Mundial, mas foi marcado pela realização de
701 |
competições paralelas, que ficaram conhecidas como Dias
Antropológicos, para povos considerados inferiores, como
índios, turcos, asiáticos, etc. Em 1908, em Londres, a
rivalidade entre Estados Unidos, antiga colônia, e Reino
Unido, antiga metrópole, refletiu-se nas competições,
ganhando destaque na imprensa e popularizando os Jogos
Olímpicos. Em 1912, em Estocolmo, Suécia, a perfeita
organização dos Jogos serviu de modelo para as edições
seguintes. A utilização do cronômetro eletrônico não-oficial
para as provas de pista no Atletismo representou grande
avanço tecnológico. Em 1916, a edição olímpica de Berlim,
Alemanha, foi cancelada pela eclosão da Primeira Guerra
Mundial em 1914. Em 1920, na Antuérpia, Bélgica, os Jogos
refletiram a situação de precariedade causada pela Guerra,
mas ainda assim os belgas foram homenageados pelo
sofrimento advindo do confronto bélico em escala mundial.
Países considerados perdedores da Guerra, como Bulgária,
Hungria, Alemanha, Turquia, não foram convidados.
3 | 1924 a 1948 - Estabilização,
Popularização, Nazismo, Guerra
Em 1924, em Paris, os franceses apresentaram excelente
organização, redimindo-se do fracasso de 1900. A Alemanha,
em situação tensa com os franceses pela situação no Vale
do Ruhr, boicotou os Jogos. Em 1928, em Amsterdã, Holanda,
houve uma grande evolução no evento global olímpico com
repercussões na sociedade mundial com o ingresso das
mulheres nas competições de Atletismo, então considerado
o principal esporte olímpico. Em 1932, em Los Angeles,
Estados Unidos, a participação estrangeira foi reduzida,
| 702
reflexo da crise mundial de 1929, que arruinou a economia
global, não permitindo aos países gastarem recursos com o
envio de atletas para a longínqua cidade norte-americana.
Em 1936, em Berlim, Alemanha, os nazistas, comandados
por Adolf Hitler, utilizaram ideologicamente os Jogos
Olímpicos, procurando demonstrar a superioridade da raça
ariana. A Alemanha superou os rivais, mas as teorias racistas
então correntes se desmancharam diante das vitórias dos
negros norte-americanos no Atletismo. A eclosão da
Segunda Guerra Mundial cancelou as edições olímpicas de
1940, marcada para Tóquio, Japão, depois transferida para
Helsinque, Finlândia, e de 1944, programada para Londres.
Em 1948, os Jogos finalmente aconteceram em Londres,
delineando um novo mundo que surgia após a Guerra. Os
ingleses ainda se recuperavam da guerra, mas ainda assim
despenderam recursos para sediar os Jogos. Refletindo os
ressentimentos da Guerra, Japão e Alemanha não foram
convidados, indicando assim que o fator esporte estava
imbricado nas amplas relações internacionais..
4 | 1952 a 1972 - Guerra Fria, Protestos, Terrorismo
Em 1952, em Helsinque, Finlândia, a União Soviética
ingressou nos Jogos Olímpicos e iniciou sua rivalidade
esportiva com os Estados Unidos, levando a Guerra Fria a
mais um cenário. Os soviéticos e seus aliados ficaram numa
Vila separada, mas o convívio com os norte-americanos foi
pacífico. Em 1956, em Melbourne, Austrália, a participação
de atletas foi reduzida pelos altos custos de viagem para o
Hemisfério Sul. Os Jogos também foram boicotados por
alguns países, tendo como causa a invasão soviética na
703 |
Hungria e a situação de Israel no Oriente Médio. Em 1960,
em Roma, Itália, os organizadores procuraram enfatizar o
turismo nos Jogos, prevendo descanso de dois dias parapasseios, e realizando disputas em locais históricos da
cidade, como as Termas de Caracalla e a Basílica di
Massenzio. Em 1964, em Tóquio, Japão, os japoneses
abriram suas fronteiras ao mundo, buscando mais contatos
comerciais e procurando se mostrar amistosos para apagar
a imagem deixada pela guerra. Em 1968, na Cidade do
México, México, manifestações de protestos políticos e
sociais se refletiram nos Jogos, como a de grupos mexicanos
contra seu governo - culminando no massacre da Praça das
Três Culturas -, e a dos atletas negros norte-americanos,
do Movimento Black Power, nas cerimônias de premiações
do Atletismo. Em 1972, em Munique, então Alemanha
Ocidental, terroristas palestinos utilizaram os Jogos Olímpicos
como palco de um sangrento ataque contra a delegação
israelense, vitimando 11 dos seus integrantes e um policial
alemão. Cinco dos oito terroristas acabaram mortos e o
impacto produzido foi um dos maiores da história das
relações internacionais.
5 | 1976 a 1988 - A Ameaça dos Boicotes
Em 1976, em Montreal, Canadá, os Jogos sofreram o boicote
dos países da África Negra em protesto contra a Nova
Zelândia, cuja equipe de Rugby havia excursionado na
racista África do Sul. Em 1980, em Moscou, então União
Soviética, os Jogos sofreram o maior boicote da história. Os
Estados Unidos protestaram e organizaram um boicote
contra a invasão do Afeganistão por tropas soviéticas no
| 704
final de 1979. Cerca de 45 países apoiaram os norte-
americanos, mas vários dos seus aliados europeus deixaram
a escolha para suas federações e atletas, diminuindo o
impacto político do protesto. Em 1984, em Los Angeles,
Estados Unidos, os Jogos foram vítimas de outro boicote
comandado pela União Soviética, que protestou contra a
falta de segurança e garantias fornecidas pelas autoridades
norte-americanas aos atletas e dirigentes soviéticos em seu
território, resultando na ausência de 19 países. Como
contraponto, houve impacto no financiamento dos Jogos,
feito exclusivamente pela iniciativa privada, provocando uma
revolução ao mostrar a possibilidade de uma cidade
organizar o evento sem onerar seus governos e sua
população. Em 1988, em Seul, Coréia do Sul, os países
socialistas e capitalistas voltaram a competir juntos nos
Jogos Olímpicos, refletindo a reaproximação de União
Soviética e Estados Unidos, influenciada pela política de
abertura do Presidente soviético Mikhail Gorbatchov, com a
glasnost (transparência) e a perestroika (reestruturação).
6 | 1992 a 2012 - Uma Nova Era
Em 1992, em Barcelona, Espanha, os Jogos contaram com a
participação de novos países, refletindo as mudanças
políticas que colocaram fim à Guerra Fria e extinguiram a
União Soviética, retalharam a Iugoslávia e unificaram a
Alemanha. Em 1996, em Atlanta, Estados Unidos, os norte-
americanos mostraram sua influência ao mundo, tirando dos
gregos os Jogos do centenário e perpetuando sua
hegemonia. Entretanto, os problemas de organização foram
excessivos, incluindo a explosão de uma bomba no Centennial
705 |
Park. Em 2000, em Sydney, Austrália, a organização dos
australianos foi impecável. Um dos momentos mais
memoráveis ocorreu na cerimônia de abertura, quando as
delegações da Coréia do Norte e do Sul desfilaram juntas,
refletindo o desejo mundial de paz. Em 2004, em Atenas,
Grécia, houve muita tensão quanto a atentados terroristas,
principalmente após os impactantes acontecimentos do
ataque terrorista contra o World Trade Center, em Nova
Iorque, em 2001. Já para 2008, em Beijing, China, os
chineses têm dado constantes indicações quanto a mostrar
ao mundo sua condição de grande potência mundial e
econômica, inclusive buscando superar os Estados Unidos
na contagem de medalhas. Em 2012, se tudo caminhar
conforme planejado, Londres se tornará a primeira cidade
da história a sediar os Jogos Olímpicos por três vezes.
Além disso, as pretensões explícitas dos organizadores
ingleses situam-se na mudança do conceito dos próprios
Jogos Olímpicos, consolidando este evento como meio de
alteração do modo de vida de grandes metrópoles tornando-
as simultaneamente globais e locais. Se este fato ocorrer
efetivamente, a tradição dos Jogos Olímpicos de serem
participantes de grandes mudanças de rumo da Humanidade
terá continuidade.
7 | Referência
Carvalho, A.M.J. Resultados Esportivos I e II. In Atlas do
Esporte no Brasil, Lamartine DaCosta (Org), Rio de
Janeiro: Shape Editora, 2005, pp. 690 – 716.

Outros materiais