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GF 601 - GEOGRAFIA REGIONAL Profº. Dr. Vicente Eudes Lemos Alves Bruna Cristina Gama Campagnuci RA: 135124 RESENHA BOUDEVILLE, Jacques-R. Os espaços econômicos. São Paulo: Difusão Europeia do livro, 1973. Pp. 5-93. Boudeville introduz no inicio do seu texto, a fim de explicar como ele estuda e observa as relações e diferenciações entre as regiões, a ideia que o homem está inserido no conceito de região pela sua vontade e capacidade de modifica-la, por sua utilização em fonte de renda, lazer e habitação. Segundo ele essa dominação, pode mudar, dependendo do uso ou valor que se agrega. Em seu primeiro capítulo Jacques-R. Boudeville discute três noções de região a parir do ponto de vista econômico, utilizando como base para sua caracterização a uniformidade, homogeneidade, interdependência e hierarquia, sua polarização e seu centro de decisão. A primeira é a região homogênea, “espaço contínuo” (p. 13), com propriedades semelhantes. A região polarizada, por sua vez, tem como característica a interdependência da irradiação comercial nos grandes centros urbanos. E é ai, segundo o entendimento do texto que podemos ver um espaço heterogêneo, distinto em diversas partes sendo complementares umas com as outras, com um polo dominante e responsável pelo intercâmbio comercial com as relações vizinhas. A última é a região-piloto, uma relação entre regiões que precisam de uma para tomar decisões, assim “como as filiais dependem de uma matriz” (p.17). O autor ainda traz uma comparação destas regiões com os setores econômicos primários, secundários e terciários, em que a região homogênea está associada com o setor primário (agrícola), a região polarizada com os setores industriais, secundários, e a região-piloto com os setores de serviço, comércio. Ainda é valido ressaltar sobre a abordagem regional, a utilização de métodos científicos que permitem que as regiões sejam organizadas de forma harmônica e produtiva desempenhando uma especificidade para cada setor. A implementação de novas metodologias levem a um aumento na produção, com a redução dos custos durante sua execução é permitido a substituição de funcionários por máquinas, e desse modo ocorre o aumento da lucratividade. Dando sequencia, Boudeville discorre sobre os instrumentos de ação, instrumentos estes que, segundo ele, são responsáveis pela aplicação das políticas públicas econômicas nas regiões, sua manutenção, e concentração na região-piloto, “O interesse supremo do espaço homogêneo é tão-somente esclarecer uma política de ajudar a construir um espaço-piloto (programa) mais aprimorado possível” (p. 25). É importante ainda ressaltar que os maiores problemas encontrados consistem na escolha entre uma política centralizadora ou descentralizadora. Jacques-R. explica a seguir o conceito de região internacional através da Europa, demonstrando a forma como consegue polarizar, expandir seu poder econômico e riquezas. Para fazer com que o leitor entenda este ponto ele tenta ressaltar que a situação econômica Europeia se deu através de uma série de acontecimentos, hoje históricos (lutas por liberdade política, social e econômica, inversão de poderes, a Revolução Industrial que permitiu a criação de maquinários inovadores e melhorias nas tecnologias conhecidas, entre outros), que possibilitaram na sua transformação marcando toda a história ocidental conhecida. A fim de explicar o espaço polarizado da Europa sobre o mundo, me atentei que, segundo a explicação do autor, não se trata apenas de uma cultura, mas sim o seu conjunto de laços comerciais e financeiros. Desta forma, acaba tendo a função de rede de informações que “na medida em que os laços por ela refletidos têm maior intensidade que os mantidos com qualquer outra região, (...), cabe-lhe definir a extensão do espaço polarizado europeu” (p. 30). E é observando a história que vemos a Europa construindo relações comerciais com os países aliados e blocos econômicos. Eram essas relações que forneciam as commodities necessárias para a construção e manutenção das indústrias, e foi por essas relações que a Europa conseguiu conexões estratégicas com diversas partes do mundo, entre eles, África, América Central, do Sul, do Norte e Ásia. Na exemplificação dos conceitos Jacques-R. retrata sobre a Europa ocidental e sua interdependência e a polarização das regiões próximas, sendo necessário analisá-los pelo ponto de vista homogêneo. É importante dizer ainda que, segundo o autor os estados nacionais são classificados pelo seu estágio em desenvolvimento. A primeira ‘As sociedades não industrializadas no estágio inicial’, definida pelo crescimento de sua renda nacional superando o crescimento demográfico, marcado pelo investimento às técnicas modernas e ao investimento em si. A segunda, ‘Os países em via de industrialização’, países em que “a renda per capita vai além de $500 e onde a mão-de-obra industrial oscila em torno dos 30% da população ativa” (p. 35), na qual ainda desconheçam o problema entre o subemprego e o desemprego. A última classificação descrita é ‘As sociedades que atingiram o estágio do consumo de massa’, “definido pela existência de emprego total e por um nível de vida per capita superior a $1000 1970, e finalmente pela manutenção ou mesmo pelo aceleramento (5%) dos índices de crescimento” (p. 37). Na observação destas classificações pelo estágio de desenvolvimento, devemos manter em mente que se trata do período atual do autor Jacques-R, ou seja, está retratando a realidade da época de 1970. Nota-se que a dimensão da expansão urbana e da população foi de grandes proporções, para tais questões surgem problemas de habitação, saúde e educação por exemplo. Devem existir formas de suprir a necessidade de todos de maneira eficiente. A grande oferta de alimentos no final do século XIX, fez com que houvesse uma expansão populacional e, assim, desenvolveram-se questões socioeconômicas e que abrangia a população como um todo, nem sempre as políticas sociais públicas conseguiam alcançar de maneira eficiente todo o público alvo ao qual se destinava. Na cooperação entre as regiões nacionais, o autor destaca que a região não deve ser considerado como uma entidade independente, mas sim parte de um todo, ligada e subordinada a outras regiões em busca de um bem coletivo, ou seja a região torna-se uma ferramenta do Estado e de seus soberanos a fim de proporcionar um bem-estar nacional. Entenda-se, dessa forma, que há “a ausência de uma unidade política independente e a existência de laços econômicos e sociológicos” (p. 55). O problema apontado nas cooperações entre as regiões está na administração regional que permanece limitado à eficácia econômica, supondo a participação dos produtores e consumidores, o que destaca os problemas ligados a sociológicos e econômicos. De tal forma que o erro considerado mais grave é o estimulo à concorrência entre as regiões de onde se pode tirar proveito de aumentar o capital, entre outros. Por fim, o autor explica a teoria econômica dos eixos e polos de desenvolvimento, destacando a importância dos centros urbanos e municipais como instrumentos políticos sobre a organização territorial. No EUA, por exemplo, de produção e de distribuição são usados para obter um ritmo acelerado no crescimento de zonas urbanas, como também do conjunto nação. Por fim o autor ainda ressalta que na distinção entre cidades capitais, metrópoles e polos industriais, a importância da população urbana não está relacionada somente ao número de habitantes. É necessário então que se estude a relação entre esse crescimento com os tipos de cidades, os gastos em infraestrutura, e após tal analise “poderemos apresentar os[métodos de observação] que melhor se adaptam à organização das estruturas urbanas” (p. 76).
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