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Direito Constitucional - Apostila LFG

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Direito Constitucional 
67
Constitucionalismo
- Conceito (Em sentido estrito): O termo Constitucionalismo geralmente é utilizado com referência a duas ideias básicas: O Princípio da Separação dos Poderes e a Garantia de Direitos, como instrumento de limitação do poder do Estado, consagrados com o objetivo de proteger as liberdades fundamentais. 
Karl Loewenstein: A história do constitucionalismo é a busca pela limitação do poder absoluto. O Constitucionalismo se contrapõe ao absolutismo. 
- Fases do Constitucionalismo: 
Constitucionalismo Antigo: Vai desde a Antiguidade até o final do séc. XVIII. A primeira experiência constitucional. Neste período, é possível identificar quatro experiências principais nas quais existe um conjunto de princípios limitadores do poder do Estado. São elas:
 Estado Hebreu: Primeira experiência constitucional, o Estado era limitado pelos dogmas religiosos, inclusive os soberanos deveriam se submeter a estes dogmas. 
 Grécia
Roma 
Inglaterra 
Características: Constituições consuetudinárias (costumes + precedentes judiciais), Supremacia do Parlamento e alguns Estados são fortemente influenciados pela religião.
Constitucionalismo Clássico ou Liberal: Vai do séc. XVIII até a o fim da 1ª Guerra Mundial. Ocorre o surgimento de constituições escritas, sendo possível identificar duas experiências:
Norte Americana: 
Surgimento da 1ª Constituição escrita (1787), rígida (processo mais solene para a alteração de suas normas) e dotada de supremacia (Formal: A supremacia formal da Constituição, pressuposto indispensável para o controle de constitucionalidade, decorre da rigidez.).
 Criação do controle difuso de constitucionalidade (Madison vs. Marbury em 1803). 
Fortalecimento do Poder Judiciário: Era um poder mais neutro, politicamente neutro, pois havia muita desconfiança com o Poder Executivo e Legislativo Inglês.
 Federalismo (antes eram Estados Unitários)
 Presidencialismo (Na Europa predominava a Monarquia)
 Regime Democrático 
Declaração de Direitos: “Virginia Bill Of Rights” em 1776. 
- Consequência: Responsável por garantir a Constituição, a sua supremacia, fazendo o Controle de Constitucionalidade. 
França: Sua primeira Constituição foi em 1791.
Criação de Constituições escritas regulamentares ou prolixas
Importância atribuída às ideias de separação dos poderes em garantia dos Direitos. Declaração Universal dos Direitos do Homem e de Cidadão de 1789, Art. 16. 
Supremacia do Parlamento: Escola da Exegese, a lei deveria ser aplicada sem interpretação, sob pena de estragar a lei. 
Distinção entre Poder Constituinte (Sieyès - formulador da teoria) Originário e Derivado. 
- Direitos Fundamentais de Primeira Geração ou Primeira Dimensão: “Liberdade”. 
Direitos Civis (livre manifestação, pensamento, locomoção) e Políticos (maior participação no Estado). 
Direitos Negativos (abstenção). Estado não deveria intervir.
Estado de Direito ou Liberal: A primeira institucionalização coerente e com certo caráter geral ocorreu a partir da Revolução Francesa, com o chamado, “État Légal” na França, “Rule of Law” na Inglaterra e “Rechtsstaat” na Prússia. 
Características: 
O Liberalismo Político postula um Estado limitado. No Estado Liberal, os Direitos Fundamentais basicamente correspondem aos Direitos da burguesia, exigindo do Estado uma postura abstencionista. 	
O Liberalismo Econômico postula um Estado mínimo, ou seja, o papel do Estado deve se limitar a defesa da Ordem e Segurança Públicas assim como as atividades que não despertem o interesse da livre iniciativa. 
Constitucionalismo Moderno ou Social: Vai da 1ª Guerra Mundial, até a 2ª Guerra Mundial. Com o fim da 1ª Guerra Mundial, houve uma crise do Liberalismo, em razão de sua impotência diante das demandas sociais que abalaram o séc. XIX.
Constituição Mexicana de 1917
Constituição de Weimar de 1919
 	- Direitos Fundamentais de Segunda Geração: “Igualdade” material. 
Direitos Sociais, Direitos Econômicos e Direitos Culturais.
Direitos Positivos. Exige-se do Estado prestações materiais e jurídicas. 
Garantias Institucionais: São garantias atribuídas a determinadas instituições consideradas fundamentais para a sociedade (funcionalismo público, família, imprensa livre).
Estado Social: Questões que antes eram restritas ao âmbito individual, passam a ser assumidas pelo Estado, que se transforma num verdadeiro prestador de serviços. O modelo de Estado abstencionista é substituído por um modelo de Estado que atua intervindo no âmbito social econômico e laboral. 
Constitucionalismo Contemporâneo ou Neoconstitucionalismo: Surge a partir do fim da 2ª Guerra Mundial.
Princípios eram diferentes de Normas.Reconhecimento definitivo da normatividade da Constituição: Em que pese o constitucionalismo norte americano, sem ter tratado a Constituição como norma jurídica, no constitucionalismo europeu a força normativa da Constituição só passa a ser plenamente reconhecida a partir da segunda metade do séc. XX. As Declarações de Direitos não limitava o Legislativo, e sim dependiam dele para serem obrigatórias. 
Supremacia formal e material da Constituição.
Rematerialização das Constituições: São constituições extremamente prolixas, com vários assuntos, dispositivos, que antes não eram tratados. 
Centralidade da Constituição e dos Direitos Fundamentais (Constitucionalização do Direito): Consagração nas Constituições de um expressivo número de matérias, próprias de outros ramos do Direito; Eficácia horizontal dos Direitos Fundamentais; Interpretação conforme a Constituição. 
Constitucionalismo Contemporâneo ou Neoconstitucionalismo:
 Fortalecimento da jurisdição constitucional e do Poder Judiciário: Esse fenômeno chama-se de “Judicialização das Relações Políticas e Sociais”. Temas que antes ficavam no âmbito social e político agora quem decide é o Poder Judiciário. 
- Direitos Fundamentais de Terceira Geração: “Fraternidade” ou Solidariedade. Art. 4º, 225, 5º, CF. 
Direito ao Desenvolvimento ou Progresso, Direito à autodeterminação dos povos, Direito ao Meio Ambiente, Direito de Comunicação e Direito de Propriedade sob o patrimônio histórico-cultural comum da humanidade. Direitos citados por Paulo Bonavides. Por outros autores: Direito dos Idosos e das crianças, o Direito do Consumidor e a Justiça Transnacional.
Rol meramente Exemplificativo. 
São direitos Transindividuais 
- Direitos Fundamentais de Quarta Geração: Foram introduzidos nos ordenamentos jurídicos em razão da globalização política.
Direito à Democracia (democracia direta): Nesta fase, as Constituições começam a consagrar alguns mecanismos de participação direta. Art. 14, I, II e III da CF. Como o plebiscito (consulta prévia à população), referendo (consulta posterior) e iniciativa popular. Paulo Bonavides. 
Direito à Informação: Abrange três aspectos distintos, como: o direito a informar (Art. 220 a 224, CF), direito de se informar (Art. 5º, XIV) e o direito de ser informado (Art. 5º, XXXIII). Lei 12.527/11, Lei de Acesso à Informação. Habeas Data Art. 5º. 
Direito ao Pluralismo: Foi consagrado pela CF como um dos fundamentos da República Federativa do Brasil, Art. 1ª CF. Em sentido amplo, o Pluralismo Político abrange o Pluralismo Econômico (economia de mercado, distinção de setor público e privado), Pluralismo Partidário (diversidade de partidos e concepções políticas), ideológico, religioso, artístico e cultural. A diversidade tem de ser respeitadas, as diferenças, ao dissenso. 
Visão de José Alcebíades de Oliveira Júnior: Direitos relacionados à Biotecnologia e a Bioengenharia. Ex: identificação genética do indivíduo. 
- Direitos Fundamentais de Quinta Geração: Visão também de Paulo Bonavides. 
Direito à Paz: A colocação deste direito em uma dimensão nova e autônoma tem por finalidade lhe conferir um devido reconhecimento. Segundo Bonavides, a paz é um axioma da democracia participativa, supremo direito da humanidade. Por se um requisito indispensável a convivência humana, o direito à paz deve ser reconhecido pelasConstituições. Possui um caráter prescritivo. Art. 4ª, VI.
Na visa de José Alcebíades, ele menciona: Direitos relacionados à cibernética, à tecnologia da informação e a comunicação de dados. Art. 5º, XII CF. 
Estado Democrático de Direito (alguns autores dizem que esta nomenclatura remete à ideia de “império da Lei”): Também chamado de Estado Constitucional Democrático (remete à ideia de “Supremacia da Constituição”). Pode ter uma ideologia mais liberal ou mais social. Este modelo busca sintetizar as conquistas e superar as deficiências dos modelos anteriores. Quando falamos de Estado Democrático, obviamente esta palavra está associada à democracia, característica básica. Há uma ampliação do direito de sufrágio (direito subjetivo de participação) e dos mecanismos de participação popular direta. O próprio legislador deve respeitar a Constituição. 
Princípios Instrumentais
-Terminologia: 
Diferenças entre Princípios e Regras: São vistos como espécies do gênero norma jurídica. É um assunto já pacificado na doutrina. 
Distinção da Teoria Clássica: De acordo com essa teoria, a diferença é de grau, onde os princípios são considerados mais gerais, abstratos e importantes do que as regras (Celso Antonio Bandeira de Mello). Nesta teoria o Art. 3ª seria uma norma programática. 
 Distinção da Teoria Moderna: Segunda esta teoria, a diferença não é de grau e sim de estrutura (qualitativa). Segundo essa teoria, o conceito se dá: 
Princípios: Os princípios estabelecem metas, impõe a promoção de determinados fins, mas o governo deverá atingir essas metas. (Art. 3º CF). Nesta teoria, o Art. 3º é um princípio. Segundo Robert Alexy: Princípios são mandamentos de otimização, ou seja, são normas que exigem que algo seja cumprido na maior medida possível, de acordo com as possibilidades fáticas e jurídicas existentes. São compridos, segundo a lógica do “Mais ou Menos”. 
Os princípios fornecem razões “Prima Facie” (razões provisórias), isto é, as razões fornecidas por um princípio poderão ser afastadas no caso concreto para que outras razões de peso maior possam prevalecer. Ex: As cotas, a igualdade material prevalece sobre a igualdade formal. 
Regras: São imediatamente descritivas, são normas que proíbem, impõem ou permitem determinadas condutas. Segundo Robert Alexy as Regras são normas que são sempre satisfeitas ou não satisfeitas. Se uma regra vale, então deve ser feito exatamente aquilo que ela exige (nem mais nem menos).
As regras fornecem razões definitivas, isto é, razões que são decisivas para uma determinada conclusão. 
Alguns autores dizem que os princípios fornecem razões relativas e as regras fornecem razões absolutas.
A diferença de estrutura irá se refletir no modo de aplicação e na forma de solução de conflitos entre estas normas:
Modo de Aplicação: os princípios são aplicados através da Ponderação e as regras através da subsunção. *STF ADPF 101. 
Forma de Solução de Conflitos: no conflito entre dois princípios ocorre na chamada dimensão importância peso-valor, já o conflito entre regras ocorre na dimensão da validade (uma das regras vai ser considerada inválida), onde três critérios serão analisados:
Critério Hierárquico
Critério Cronológico ou Temporal
Critério da Especialidade 
Derrotabilidade ou Superabilidade das Regras: Em determinadas hipóteses excepcionais, existe a possibilidade de que uma regra deixe de ser aplicada a um caso concreto em virtude das razões fornecidas por outras normas serem mais fortes naquela situação. Alguns autores como Humberto Ávila e Ana Paula de Barcellos admitem a ponderação de regras em determinadas situações excepcionalíssimas. Outros, como Robert Alexy, só admitem a ponderação de princípios. 
Postulado Normativo: São metanormas que impõem um dever de segundo grau consistente em estabelecer a estrutura de aplicação e prescrever modos de raciocínio e argumentação em relação a outras normas. 
Metanorma: É uma norma de 2º grau, não resolve o caso concreto, mas define o modo de aplicação princípios e regras, como o Princípio da Proporcionalidade. As regras de 1º grau resolvem o caso concreto. 
- Princípios Instrumentais de Interpretação da Constituição: Konrad Hesse e Friedrich Müller. 
Princípio da Unidade da Constituição: A Constituição deve ser interpretada de forma a evitar conflitos, antagonismos e antinomias entre suas normas. A principal utilização deste princípio é para afastar a tese de hierarquia entre normas originárias de uma Constituição. *STF ADI 4097 (o Art. 14, §4ª violaria o direito ao sufrágio universal, o princípio da isonomia e o princípio da não discriminação. O pedido foi considerado juridicamente impossível). 
Principio do Efeito Integrador: É uma especificação do Princípio da Unidade. Nas resoluções de problemas jurídico-constitucionais deve ser dada primazia a soluções que favoreçam a integração política e social. 
Princípio da Concordância Prática ou Harmonização: Cabe ao intérprete coordenar e combinar os bens jurídicos em conflito realizando uma redução proporcional do âmbito de alcance de cada um deles.
Princípio da Relatividade ou Convivência das Liberdades Públicas: Não existem direitos absolutos, pois, todos encontram limites em outros direitos (de terceiros) ou em interesses coletivos também consagrados na CF. *STF AI 595395/SP, MS 23452/RJ. Há autores que defendem que a dignidade da pessoa humana seria um direito absoluto. Para Norberto Bobbio alguns direitos excepcionalíssimos teriam direito absoluto, como o Direito a não ser escravizado e nem torturado. 
Princípio da Força Normativa da Constituição: Há uma obra clássica escrita por Konrad Hesse chamada “A força normativa da Constituição”. Na aplicação da Constituição deve ser dada preferência a soluções concretizadoras de suas normas que as tornem mais eficazes e permanentes. No STF tem sido usado na prática, para afastar interpretações divergentes, que enfraquecem a força normativa da Constituição. Desta forma o STF tem admitido a relativização da Coisa Julgada. *STF AI 555806 AGR/SP
Princípio da Máxima Efetividade: Invocado no âmbito dos Direitos Fundamentais, impõe lhe seja atribuído maior efetividade possível para que cumpram a sua função social. O Art. 5ª, §1ª é visto como um instrumento de extração deste princípio. 
Eficácia: A eficácia significa a aptidão (tem capacidade para cumprir os seus efeitos, não necessariamente os cumpre) da norma para produzir os efeitos que lhe são próprios.
Efetividade: Ocorre quando a norma cumpre os fins para os quais foi criada, quando atende a sua função social. Ela está apta e cumpre a sua finalidade. 
Validade: Consiste na compatibilidade de forma e conteúdo de uma norma inferior com o seu fundamento de validade (norma superior). Tem que ser compatível tanto materialmente quanto formalmente com a lei superior (CF). 
 - Afastar interpretação divergente inclusive, com a Relativização da Coisa Julgada. Súm 343 STF. É aplicável ao Princípio da Força Normativa da CF e da Máxima Efetividade.
- A divergência de interpretação entre os tribunais não é motivo para Ação Rescisória. Esta Súmula 343 não se aplica às hipóteses de divergência sobre interpretação constitucional. “Distinguish” (distinção entre a interpretação de texto legal e de texto constitucional). No caso de interpretação constitucional poderá se usar a Ação Rescisória durante o período de 2 anos de cabimento da A.R. É uma forma de conciliar a Segurança Jurídica e essa Relativização.
Princípio da Justeza ou da Conformidade Funcional (agir conforme a função atribuída): Tem por finalidade impedir que os órgãos encarregados da interpretação constitucional cheguem a um resultado que subverta o esquema organizatório funcional estabelecido pela Constituição. O principal destinatário deste princípio é o STF, onde limita o seu poder de interpretar a CF, pois cada poder tem suas funções e interpretações. A doutrina usa esse princípio para criticar as decisões do STF, o próprio STF não o usa. *STF RC 4335/AC. 
OBS: Mutação constitucional: A propostade mutação foi no seguinte sentido, a decisão do STF mesmo quando proferida no Controle Difuso teria o efeito Erga Omnes, cabendo ao Senado apenas dar publicidade a esta decisão. RC 4335/AC. Essa Mutação é considerada ilegítima. 
	
Controle de Constitucionalidade
- Supremacia da Constituição: 
Material: A Constituição possui um conteúdo qualitativo diverso das normas infraconstitucionais, e considerado superior ao conteúdo delas. Toda a Constituição independentemente de ser rígida ou flexível possui supremacia material. 
Matérias Constitucionais: Direitos Fundamentais, Estrutura do Estado e Organização dos Poderes. 
Formal: A supremacia formal, que decorre da rigidez, é a espécie de supremacia relevante para fins de Controle de Constitucionalidade. Só tem supremacia formal quando há rigidez constitucional (processo de elaboração mais solene que as leis ordinárias). 
- Parâmetro para o Controle de Constitucionalidade (norma de referência): As normas da Constituição que servem como parâmetro para a declaração de inconstitucionalidade. 
A CF/88 exceto o Preâmbulo. Segundo o entendimento do STF, o Preâmbulo não tem caráter normativo e, portanto, não serve como parâmetro para o Controle de Constitucionalidade. Tirando o Preâmbulo, todo resto é norma de referência (parte permanente e ADCT). 
Tratado Internacional de Direitos Humanos: Se forem aprovados com quórum de 3/5 em dois turnos terão status de EC. Art. 5º, §3º, CF. No Brasil só temos um T.I.D.H que possui esse status é o Dec. 6949/09. O controle encima deste parâmetro chama-se de Controle de Convencionalidade (o parâmetro é uma convenção internacional). 
O STF adota uma tripla hierarquia destes Tratados Internacionais: RE 466343/SP. No topo estão os T.I.D.H aprovados por 3/5 em dois turnos (mesmo status da Constituição), abaixo temos os T.I.D.H mas que não foram aprovados por 3/5 em dois turnos (possuem status supralegal – acima da lei e abaixo da CF, exemplo é o Pacto São José da Costa Rica) e por último os T.I (com status de lei ordinária). 
- Bloco de Constitucionalidade: Expressão que passou a ser usada pelo Min. Celso de Mello em seus votos. O francês Louis Favoreu utilizou a expressão para se referias as normas com valor constitucional. É muito usada na França. 
Sentido Amplo: Refere-se não apenas às normas formalmente constitucionais, mas também aquelas materialmente constitucionais e ainda a normas infraconstitucionais vocacionadas a desenvolver a eficácia de preceitos da CF. CF, T.I.D.H, preâmbulo e até normas infraconstitucionais (regulamentação legal de uma norma de eficácia restrita).
Sentido Estrito: É utilizada como sinônimo de parâmetro para o Controle de Constitucionalidade. É nesse sentido que o Min. Celso de Melo vem utilizando. *STF ADI 595/ES e ADI 54/PI
- Formas de Inconstitucionalidade: 
Quanto ao tipo de conduta do Poder Público: 
Inconstitucionalidade por Ação: O Poder Público pratica uma conduta comissiva incompatível com a CF. *STF HC 82959
Inconstitucionalidade Por Omissão: O Poder Público deixa de praticar uma conduta exigida pela CF. *STF MI 702. Art. 37, VII da CF ( é uma norma de eficácia limitada). Para esse tipo de inconstitucionalidade usa-se o MI (concreto) e o ADO (abstrato).
Quanto à norma constitucional ofendida: 
Inconstitucionalidade Formal: Também chamada de Constitucionalidade Nomodinâmica (essas normas ofendidas tratam do processo de produção de outras normas, um processo dinâmico).
Propriamente dita: Está relacionada ao processo legislativo
Subjetiva: quando relacionada às autoridades competentes para tomar a iniciativa do processo legislativo. Ex: violação do Art. 61, §1ª da CF. 
Objetiva: quando relacionada às demais fases do processo legislativo. Ex: Art. 60, §2ª da CF. 
Orgânica: Ocorre no caso de violação de norma constitucional que estabelece competência legislativa para tratar da matéria. Ex: a CF estabelece no Art. 22 da CF matérias que são de competência legislativa da União, por exemplo, legislar sobre Direito Penal, se um estado edita uma lei acerca disso, estaremos diante de uma inconstitucionalidade orgânica. 
Por violação de pressupostos objetivos: Ocorre quando há violação de normas que estabelecem pressupostos objetivos para a elaboração de algum ato. Ex: Art. 62 da CF. 
Inconstitucionalidade Material: Também chamada de Nomoestática. Ocorre quando o conteúdo de uma lei é incompatível com o conteúdo de uma norma constitucional que estabelece direitos ou deveres. Ex: STF HC 82959 
Quanto à extensão:
Inconstitucionalidade Total: Ocorre quando a incompatibilidade atinge toda a lei ou todo o dispositivo de uma lei. Geralmente decorre de uma inconstitucionalidade formal, toda a lei está maculada. 
Inconstitucionalidade Parcial: Refere-se apenas a uma parte da lei ou de um determinado dispositivo. É diferente do veto jurídico parcial do presidente (Art. 66 da CF). A inconstitucionalidade parcial pode se dar apenas por uma palavra ou expressão * STF ADI 347/SP. A declaração parcial só é admitida quando a parte do dispositivo ou da lei for autônoma e não alterar o restante da lei ou do dispositivo. *STF ADI 2645-MC
Quanto ao momento: 
Originária: Ocorre quando o objeto impugnado (lei ou ato normativo) é produzido após o parâmetro constitucional invocado. Ex: A CF de 88 foi promulgada em 5 de outubro de 88, uma lei de 1990 é posterior ao parâmetro invocado, se esta lei é incompatível com a CF ela nasceu inconstitucional, tendo então uma inconstitucionalidade originária. 
Superveniente: Também chamada de Não Recepção. Ocorre quando o objeto impugnado é anterior ao parâmetro constitucional invocado. Ex: uma lei foi feita em 80, quando ela foi feita estava de acordo com a CF de 67, só que veio a nova CF e esta que era compatível com a antiga CF, então esta lei se torna incompatível com a nova CF. *STF ADPF 130. Em regra a inconstitucionalidade superveniente é tratada no Direito Brasileiro como uma hipótese de não recepção. No entanto, existe uma hipótese excepcional em que ela é admitida por alguns autores: quando o parâmetro constitucional é anterior, mas, a interpretação conferida a ele e incompatível com o objeto é posterior a este (objeto impugnado). Sustentada por Gilmar Mendes. 
Quanto ao prisma de apuração: 
Direta ou Antecedente: Ocorre quando o objeto impugnado está ligado diretamente à Constituição.
Indireta:
Consequente: Ocorre quando a inconstitucionalidade de um ato (decreto) é decorrente da inconstitucionalidade de outro (lei) ADI 2758.
Reflexa ou Oblíqua: Ocorre nos casos em que existe uma norma interposta (constitucional) entre a CF e o objeto impugnado. ADI 3132 e ADI 996-MC/DF
- Formas de Controle de Constitucionalidade:
Quanto à natureza do órgão:
Controle Jurisdicional: É aquele controle feito por um órgão do Poder Judiciário.
Controle Político: É aquele realizado por qualquer órgão que não tenha natureza jurisdicional. Caracterizado por exclusão. Pode ser feito pelo Poder Executivo, Legislativo ou órgão específico criado para este fim. 
Sistemas: 
Jurisdicional: É aquele adotado nos países em que o Judiciário tem a função precípua de exercer o controle repressivo. Não quer dizer que só o Judiciário exerce essa função, mas ele exerce de forma principal. O Brasil e os EUA.
Político: Adotado nos países em que o controle de constitucionalidade não é atribuído ao Poder Judiciário. Ex: França (jurisdição dualista).
Sistema Misto: Adotado nos países em que o controle de constitucionalidade de algumas leis é atribuído a órgão jurisdicional e de outras a órgãos políticos. Ex: Suíça. 
Quanto ao momento: 
Preventivo/prévio: Pode ser feito pelo Executivo, pelo Legislativo e excepcionalmente pelo Judiciário. 
Esses dois controles reforçam a presunção de constitucionalidade das leis.Poder Legislativo: O controle é exercido pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), todo PL antes de ser votado ele passa por essa comissão, seja no Senado, seja na Câmara. É um parecer terminativo, que pode arquivar o projeto delei que entenda inconstitucional. Acontece em todo projeto de lei.
Poder Executivo: Também acontece em todo o projeto de lei, por meio do veto (Art. 66, §1º CF). Nesse caso, ocorre o veto jurídico, ou seja, o presidente entende que há inconstitucionalidade, se ele entender que contraria o interesse público, o veto será político.
Poder Judiciário: É o único caso de controle preventivo feito pelo Judiciário. No caso de Mandado de Segurança, impetrado por parlamentar (da respectiva casa onde a proposta esteja sendo discutida, se não for, ele não estará tendo um Direito Público Subjetivo violado) por inobservância do devido processo legislativo constitucional. O processo legislativo pode ser previsto: Na Constituição (pode ocorrer somente neste caso, exemplo, o Art. 60, §4ª CF), uma pequena parte em Lei Complementar e outra parte no Regimento Interno. 
Trata-se de um controle concreto ou incidental, pois visa assegurar o direito subjetivo do parlamentar e não a Supremacia da Constituição (hipótese em que qualquer legitimado poderia suscitar). Para alguns autores, como Pedro Lenza, trata-se de um controle concentrado, pois somente o STF teria competência para julgar esse MS. 
OBS: Só a deliberação acerca das Cláusulas Pétreas (tendentes a abolir), já se considera uma violação constitucional.
Repressivo/posterior: Conhecido como controle Típico, cabendo ao judiciário exerce principalmente. Também pode ser exercido pelos três poderes. 
Poder Legislativo: pode ocorrer em três situações. A primeira está no Art. 49, V, CF; a segunda está no Art. 62 da CF e a terceira na Súm. 347 do STF.
Art. 49, V, CFPoder regulamentar do Chefe do Executivo: pode expedir decretos e regulamentos para a fiel execução da lei. Art. 84, IV, CF. Toda ilegalidade é uma inconstitucionalidade.
Edição de Lei Delegada: Art. 68, §2º, CF. Não existe lei delegada após a CF/88. Porém de o presidente exorbitar os limites da delegação, o congresso pode sustar (suspender) esse ato, também. 
Art. 62, CFMedidas Provisórias: Já produzem efeitos imediatamente, portanto, a CF já estaria sendo violada (controle posterior e não prévio). Em caso de Violação de Pressuposto Objetivo. O Congresso se perceber que esses pressupostos não foram respeitados ele pode negar a MP. E Também quanto ao conteúdo Art. 62, CF. 
Súmula 347 STFControle exercido por um órgão auxiliar do Poder Legislativo, o TCU. Súm. 347 do STF. Essa súmula foi criada em 63, época que se iniciava a Ditadura e não exercia controle de constitucionalidade. Gilmar Mendes entende que esta súmula deve ser abandonada. 
Poder Executivo: O chefe do Poder Executivo (governador, prefeito e presidente) pode negar cumprimento a uma lei (sentido amplo) que entenda ser inconstitucional. Para isso, deve motivar e dar publicidade ao seu ato, geralmente se dá através de um decreto. Após da CF/88 que ampliou o rol de legitimados para propor ADIN (incluindo o Governador e o Presidente) alguns autores veem sustentando que não se justifica mais a negativa de cumprimento por estas autoridades. Outros como Gilmar Mendes, defendem que esta possibilidade permanece, mas que por uma questão de coerência juntamente com a negativa de cumprimento, deve ser ajuizada a ADIN. STF AO 1415/SE; STF ADIN 221 MC e STJ Resp 23121/GO. É como se a decisão de mérito em ADIN, ADC e ADPF transformasse a presunção relativa de constitucionalidade em presunção absoluta para o Executivo.
OBS: O Poder Executivo e o Judiciário não se submetem ao Legislativo e sim à Constituição. 
Poder Judiciário: O controle feito pelo Judiciário poderá ser Difuso ou Concentrado. Estudaremos na próxima aula.
Quanto à finalidade do Controle Jurisdicional: 
Controle Concreto/Incidental/por via de exceção ou por via de defesa: Sua finalidade precípua é assegurar Direitos Subjetivos e não a Supremacia da Constituição, mas incidentalmente naquela ação o juiz terá que analisar se aquela lei é inconstitucional ou não. No controle concreto a apreciação da inconstitucionalidade pode ser feita inclusive de ofício. 
Controle Abstrato/Principal/por via direta ou por via de ação: Sua finalidade é assegurar a Supremacia da Constituição, onde a lei é analisada em tese (de uma forma indireta se está assegurando os direitos subjetivos). Quando se fala em processo constitucional objetivo se fala da proteção da ordem constitucional. 
Quanto à competência jurisdicional: Só vale para o Judiciário. 
Na verdade ocorreram duas decisões antes, como: 
Hayburn’s
 case (1792) e 
Hylton’s
 case (1796
)Controle Difuso ou Aberto: É aquele que pode ser exercido por qualquer órgão do Judiciário, dentro de suas atribuições. Também chamado de sistema norte americano (Em 1803, pelo juiz Marshall no famoso caso Marbury X Madison). Essa decisão foi a responsável por estabelecer as linhas teóricas do controle de constitucionalidade. A primeira CF a tratar do Controle Difuso foi a CF de 1891.
OBS: Nos EUA adota-se o “Stare Decisis” as decisões dos tribunais superiores devem ser observadas pelos tribunais inferiores (chamado de “Binding Effect”, o efeito vinculante dentro do judiciário). “Common Law”. No Brasil a decisão do controle difuso não tem esse efeito vinculante, e sim efeito inter partes. Para suprir esse problema, criou-se a competência do Senado para suspender a lei ou ato normativo, Art. 52, X, CF.
Controle Concentrado/Reservado ou Fechado: É aquele cuja competência é atribuída com exclusividade a um determinado órgão jurisdicional. É chamado também de sistema austríaco ou europeu (Surgiu em 1920 por Hans Kelsen, que criou a ideia de tribunal constitucional). No Brasil esse sistema foi introduzido com a EC 16/65, na CF de 1946. 
Quando o parâmetro é a CF: Somente o STF pode exercer esse controle concentrado.
Quando o parâmetro é a CF do estado: Somente o TJ pode exercer esse controle. 
OBS: A CF/88 adota um controle jurisdicional misto ou combinado (difuso + concentrado). Não confundir com a classificação quanto à natureza. 
 A regra é o Controle Difuso-Concreto ou Incidental e Controle Concentrado-Abstrato.
A Exceção é o Controle Concentrado Incidental
 (Hipóteses: ADIN Interventiva Art. 36, III; ADPF Incidental Lei 9882 Art. 1º, §único e MS impetrado por parlamentar no controle preventivo). 
Controle Concentrado Abstrato de Constitucionalidade
-Introdução:
ADI: Fazer com que o Tribunal declare determinada lei inconstitucional.
ADC: Foi criada pela EC 03/03. Fazer com que o Tribunal declare a lei constitucional. O pressuposto de admissibilidade inerente à ação declaratória é a presença de uma controvérsia judicial relevante (não basta ser doutrinária). Art. 14, III da lei 9868/99. 
ADPF: É muito mais ampla que a ADI e a ADC, pois descumprimento abrange não apenas uma inconstitucionalidade, mas também, outras violações à Constituição. Está regulamentada pela Lei 9882/99. Possui um caráter subsidiário, que significa a inexistência de outro meio eficaz (mesma imediaticidade, efetividade e amplitude da ADPF, se couber qualquer outra ação abstrata, não cabe a ADPF) para sanar a lesividade. Ver ADPF 128 
OBS: Lei 11.417/06 – regulamenta as Súmulas Vinculantes. 
OBS: São ações que tem a mesma natureza, possuem um caráter dúplice ou ambivalente. Costuma-se dizer que são ações com sinal trocado. Art. 24 da Lei 9868/99 (lei da ADC/ADI). 
- Fungibilidade: O STF pode conhecer uma ADPF como ADI, uma ADI como ADPF ou de uma ADI com um ADO ou mesmo de uma ADO como uma ADI. 
- Aspectos Comuns: Por ser um controle abstrato, impede que se analise questões fáticas? De forma alguma, mesmo o controle sendo em tese, admiti-se essa análise, inclusive há previsão na lei deste sentido, no caso da ADC (lei 9869/99, ART. 9º, §1º) e na lei da ADPF (lei 9.882/99, Art. 6º). 
A causa de pedir é aberta, ou seja, abrange todas as normas da CF independentemente das que foram mencionadas (não restringe o Tribunal ao parâmetro), a análise será de toda a CF (princípio da congruência). *ADPF 139
Causa de pedir: Violação do parâmetro. É aberta.
Pedido: Declaraçãode inconstitucionalidade. Em relação ao objeto, há necessidade de haver impugnação expressa (adstrição ao pedido). É restrito. 
Decisão de mérito é irrecorrível, salvo os Embargos de Declaração. Não há a previsão de nenhum outro recurso cabível.
Não cabimento de Ação Rescisória, ambas as leis não admitem. 
Legitimidade ativa: Art. 103 da CF. O rol de legitimados é taxativo (interpretação restritiva), ou seja, Numerus Clausus (exemplo, o vice-presidente e vice-governador, só podendo se estiver exercendo a função ou de presidente ou de governador; mesa do Congresso). 
Legitimados Universais: Não precisam demonstrar Pertinência Temática
Presidente da República
Mesas da Câmara e do Senado
Procurador-Geral da República
Partidos Políticos com representação no CN
Conselho Federal da OAB
Legitimados Especiais: Precisam demonstrar Pertinência Temática (demonstração de que o objeto impugnado viola um interesse que o legitimado representa)
Governador de estado 
Mesa da Assembleia Legislativa ou Câmara Legislativa
Confederações Sindicais e entidades de classe de âmbito nacional
- A legitimidade do Partido Político deve ser aferida no momento da propositura da ação. Essa mudança ocorreu após 2004, com o Gilmar Mendes.
- Antes de 2004, o STF só permitia que as entidades de classe (é aquela formada por integrantes de uma determinada atividade ou categoria profissional, social, ou econômica) compostas por pessoas físicas, após 2004, admitiu àquelas formadas por pessoas jurídicas, as chamadas “Associação de Associação. Ex: CUT e CGT não possuem legitimidade. Entidade de classe de âmbito nacional (lei 9.096/95, tem que estar presente em pelo menos 1/3 dos estados brasileiros (ADI 2866-M é a exceção à essa regra, que admitiu a ABERSAL como legitimada, apesar de não ter 1/3 dos estados brasileiros, porém essa categoria exerce uma atividade de relevância nacional). 
- Capacidade postulatória: Não possuem de capacidade postulatória - os Partidos Políticos, as Confederações Sindicais e as Entidades de Classe de âmbito Nacional. O resto não precisa de advogado, pois já possuem capacidade postulatória. 
Parâmetro: 
ADI/ADC: Bloco de constitucionalidade em sentido estrito. A norma deve ser formalmente constitucional. Então o parâmetro será toda a CF de 88 e os T.I.D.H (aprovados com 3/5 em 2 turnos) com exceção do preâmbulo. Esse parâmetro tem que estar vigente para que essas ações sejam cabíveis. Ex: O Pacto São José da Costa Rica não serve como parâmetro
ADPF: Não é de toda a CF, são apenas os preceitos fundamentais. São aqueles imprescindíveis à identidade da Constituição e ao regime por ela adotado. Título I da CF (do art. 1 ao 4º), boa parte do Título II (do art. 5ª ao 17), os chamados princípios constitucionais sensíveis (Art. 34, VII),as Cláusulas Pétreas (art. 60, §4ª), Meio Ambiente, Saúde etc. 
Objeto destas ações: 
Natureza: 
ADI/ADC: Art. 102, I “a”, CF. Lei (inclusive leis de efeitos concretos) ou Ato Normativo (ver ADI 4048). Esse ato normativo tem que ter a densidade normativa (generalidade e abstração). Ex: Art. 59, Regimento Interno, Resoluções e até Decretos e Portarias (podem ser não necessariamente deverão ser admitidos, somente se forem gerais e abstratos, além disso, devem violar diretamente a CF). 
Não são admitidos como objeto de ADI ou ADC: 
Atos regulamentares *ADI 3664: pois pressupõe a existência de lei para ele ser considerado um ato regulamentar, não violando assim, a CF de forma direta. 
Normas constitucionais originárias *ADI 4097 – Princípio da Unidade da Constituição (não há hierarquia entre as normas constitucionais)
Projeto de lei e lei aprovada, mas não promulgada: seria uma espécie de controle preventivo. *ADI 466 (não é necessário que a lei esteja em vigor, não cabe ADI em lei durante a vacatio legis). *ADI 3367 (EC/45 – a publicação superveniente corrige a carência de ação). 
Leis revogadas ou Medidas Provisórias rejeitadas: Não estão mais no ordenamento jurídico, não ameaçando assim, a supremacia da Constituição. Não precisam mais ser expulsas do ordenamento, pois já não se encontram nele. Exceção: fraude processual *ADI 3306 – no caso de revogações sucessivas feitas com claro intuito de burlar a jurisdição constitucional, o STF tem admitido o prosseguimento da ação mesmo que a lei tenha sido revogada. *ADI 1244/QO
Lei ou norma de efeitos concretos já exauridos *ADI 2980. A ideia é a mesma que a da lei revogada, não ameaçando mais a supremacia da Constituição.
Leis Temporárias, salvo quando a impugnação ocorrer em tempo adequado (inclusão em pauta antes do exaurimento da eficácia) ou quando produzir efeitos após a sua duração. *ADI 4426
ADPF: Lei 9882/99 Art. 1º. Evitar ou reparar lesão a preceito fundamental, resultante de ato do Poder Público (qualquer ato do Poder Público). Esse objeto é mais amplo que o da ADI e da ADC. Ex: uma decisão judicial é um ato do Poder Público (ADPF 101). Aqui a violação também tem que ser direta.
Não são admitidos como objeto da ADPF: 
Atos tipicamente regulamentares (ADPF 169)
Súmulas comuns (ADPF 80-AGR), Súmulas Vinculantes (ADPF 147), PEC (ADPF 43/AGR) e veto (ADPF 73 e 1-QO). 
Limite Temporal: 
ADI/ADC: O objeto impugnado deve ser posterior ao parâmetro (constituição ou emenda). 
ADPF: O objeto pode ser posterior ou anterior ao parâmetro. Ex: ADPF 54, seu objeto era anterior à CF, só caberia naquele caso a ADPF.
Limite Espacial: 	 
Art. 102, 
I ,
 “a”, CFADC: Lei ou ato normativo da esfera Federal 
ADI: Lei ou ato normativo da esfera Federal ou Estadual
ADPF: Ato do Poder Público da esfera Federal, Estadual ou Municipal (Lei 9882/99, Art. 1º - ADPF autônoma, §único – ADPF incidental). 
OBS: Atos emanados do DF, a ADPF por ser arguida (por que a lei do DF tanto pode ter caráter estadual quanto municipal). No caso da ADI depende se o conteúdo do ato impugnado for de caráter estadual. *Súm. 642. A ADC não é possível em hipótese alguma. 
- Tutela de Urgência: 
Quórum: presença de 8 ministros pelo menos, e para que a liminar seja concedida é de maioria absoluta (6 ministros). Em regra, deve ser concedida pelo plenário. 
Exceções ao julgamento pelo plenário: 
ADC: não existe exceção, somente o plenário pode conceder liminar.
Sempre com análise 
Ad Referendum
 do Plenário. ADI: durante o período de recesso, a liminar poderá ser concedida monocraticamente, Art. 10 da lei 9868/99. Outra exceção, ADI 4638, o Regimento Interno do STF autoriza que o relator conceda a liminar fora do período de recesso quando houver urgência ou perigo de grave lesão (hipótese excepcionalíssima). 
ADPF: lei 9882/99, Art. 5º, §1º. Caso de extrema urgência, quando houver perigo de lesão grave, e também durante o período de recesso. 
Efeitos da liminar concedida: No controle concentrado abstrato os efeitos nunca será Inter Partes, sempre será Erga Omnes, pois não há partes formais, e sim legitimados. Terão, também, efeito vinculante. 
ADC: suspender o julgamento dos processos em que há controvérsia relevante. O prazo máximo para essa suspensão é de 180 dias. Lei 9868/99 Art. 21. 
ADI: adota o mesmo efeito da ADC. Não há previsão na lei, o STF aplica por analogia o Art. 21 da lei 9868/99. Outro efeito é de que a lei ou ato normativo que estão sendo impugnados poderão ter a sua eficácia (e vigência) suspensa. Observa-se que não são somente os processos que ficam suspensos, mas a lei e o ato normativo impugnado também. Este é um entendimento do Gilmar Mendes, que argumenta que a vigência também fica suspensa por não ser concebível que duas leis incompatíveis entre si tenham vigência simultânea. Na regra geral o efeito é Ex Nunc (“de agora em diante”) quando concedida a liminar, salvo quando o tribunal entender cabível eficácia retroativa (excepcionalmente de forma expressa poderá operar efeito Ex Tunc). Pode ocorrer o efeito chamado “Repristinatório Tácito” lei 9868/99, Art. 11, §§ 1ª e 2ª, se a lei tiver sido revogada pela lei suspensa. Então essa “forma expressa” é para evitar que a lei inconstitucionalrevogada volte a produzir efeitos. 
OBS: Se o STF negar a concessão de liminar ou cassar depois pelo Plenário: O STF entende que a decisão que nega a liminar não produz efeitos. Podendo assim, o juiz continuar decidindo da forma que ele quiser. 
ADPF: Art. 5ª, §3º da lei 9882/99. Suspende o andamento dos processos, ou os efeitos de decisões judiciais ou de qualquer outra medida que apresente relação com a matéria objeto da ação, salvo se a decisão tiver transitado em julgado. Então, conclui-se que quando há coisa julgada, a liminar não suspende os efeitos da decisão. 
- Decisão de Mérito: 
ADPF: Art. 10 da lei. 
Em geral, apesar da redação do dispositivo, a doutrina entende que não há vinculação do Poder Legislativo/Executivo em sua função legiferante. 
ADC/ADI:
Quórum: Em regra, presença de 8 (2/3) ministros e maioria absoluta de 6 ministros para a procedência ou improcedência do pedido. Exceções: ADI 4167/11, quando o quórum de 6 ministros não é atingido, a decisão não se reveste de eficácia vinculante e Erga Omnes. 
Diferença entre efeito Erga Omnes e Vinculante: Art. 102, §2º da CF.
	Erga Omnes
	Vinculante
	- Aspectos subjetivos: sujeitos atingidos 
Eficácia contra todos (tanto os particulares, quanto os poderes públicos). 
	- Aspectos subjetivos: sujeitos atingidos
Só atinge os Poderes Públicos: demais órgãos do judiciário (exceto o próprio STF***); Administração Pública de todas as esferas (direta e indireta – federal, estadual e municipal). 
Poder Legislativo: Não fica vinculado com a decisão do STF, no que se refere à sua função legiferante.
Poder Executivo: O chefe do PE não fica vinculado quando se tratar de atos relacionados ao processo legislativo. Ex: iniciativa de lei, sanção, MP, lei delegada e T.I. 
	- Aspecto Objetivo: O dispositivo da decisão vai operar efeito Erga Omnes e vinculante.
Esse efeito vinculante atinge também a fundamentação da decisão (racio recidendi são as razões ou motivos que levaram àquela decisão)? Teoria dos efeitos Transcendentes dos Motivos Determinantes (Transcendência dos Motivos). Essa teoria defende que a racio decindendi também vincularia. O STF já adotou essa teoria em alguns julgados, mas atualmente ela não tem sido admitida. RC 3114, 2990-Agr e 2475-Agr. 
	
 
***OBS: A não vinculação do STF significa apenas que ele poderá futuramente através do plenário, rever uma determinada decisão, caso exista uma justificativa razoável para isso. Pois se isso não fosse possível, o entendimento do STF iria de engessar, não iria evoluir. Isso só vale para leis consideradas constitucionais. 
O “voto de qualidade” só é admitido no controle difuso, em caso de empate. 
OBS: O entendimento do STF deve ser aberto à possibilidade de diálogo entre os Poderes, para evitar o fenômeno da “Fossilização da Constituição”. Por isso que nem o próprio STF e o poder legislativo se vinculam ás decisões finais do judiciário. 
OBS: As questões secundárias da decisão são chamadas Obter Dicta, não opera efeito vinculante. 
Eficácia Temporal: uma lei inconstitucional tem uma natureza de ato nulo (entendimento do STF). Tem um vício de origem, não é a decisão do tribunal que irá fazê-la inconstitucional. Em regra, o efeito será Ex Tunc (maioria absoluta, regra geral). Todavia o STF pode fazer a chamada “Modulação Temporal” dos efeitos da decisão (quórum de 8 ministros, por motivo de segurança jurídica ou excepcional interesse social – Art. 27 da lei 9868), fazendo com que a decisão tenha efeito Ex Nunc ou Pró-Futuro ou efeito Prospectivo. *ADI 3558. Essa eficácia vale tanto para a ADI/ADC quanto para a ADPF. 
Técnicas de Decisão: Só podem ser utilizadas no controle concentrado abstrato. 
Declaração de Nulidade
Com redução total ou parcial de texto. 
Sem redução de texto. No caso das normas chamadas “Polissêmicas ou Plurissignificativas”. O dispositivo ficaria da seguinte forma: o dispositivo Y é inconstitucional se for interpretado da maneira B, ou seja, o tribunal confere um sentido ao dispositivo ou afasta uma determinada interpretação. O texto continua o mesmo. Princípio da Interpretação Conforme. 
Ex: ADI 3685, mostra a aplicação destas 2 técnicas
Inconstitucionalidade por arrastamento, por atração ou consequencial ou por reverberação normativa: A exceção à adstrição ao pedido é quando existe uma relação de interdependência entre dispositivos de uma mesma lei ou entre uma lei e o ato que a regulamenta. *ADI 4451 e 1923. Essa técnica também pode ser utilizada na inconstitucionalidade consequente. 
Teoria dos Direitos Fundamentais
- Art. 5º, §1º, CF: Não se refere apenas aos direitos elencados no Art. 5º, se refere a todos os direitos e garantias fundamentais e não apenas àqueles elencados no Art. 5º. Todos os direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata. Porém muitos destes direitos precisam de lei para ser aplicados. O meio eficaz para fazer com que esses direitos que necessitam de lei e são omissas é o Mandado de Injunção. Os Direitos Fundamentais que tem aplicação imediata são a regra, os que necessitam de lei são a exceção. 
“Este dispositivo não deve ser interpretado como uma regra, mas sim, como um princípio que impõe a aplicação imediata dos Direitos Fundamentais na maior medida possível.” Ingo Sarlet. Consagra um princípio e não uma regra.
- Relembrando: Princípios são “mandamentos de otimização”, ou seja, normas que exigem que algo seja cumprido na maior medida possível, de acordo com as possibilidades fáticas e jurídicas existentes. Esse conceito baseou Ingo Sarlet. 
“Este dispositivo consagra uma regra geral que pode ser excepcionada quando houver disposição constitucional expressa exigindo lei regulamentadora”. Entendimento do Marcelo Novelino. 
- Art. 5º, §2º, CF: Adota a Teoria Material. A CF consagra neste dispositivo uma teoria material dos Direitos Fundamentais, de acordo com a qual esses direitos podem ser reconhecidos não apenas pela sua forma, mas também pelo seu conteúdo. Alguns doutrinadores internacionais dizem que os tratados internacionais de direitos humanos tem status constitucional. 
- Art. 5º, §3º: Direitos Humanos e Direitos Fundamentais: Com o objetivo de proteger a dignidade da pessoa humana, ambos consagram direitos relacionados à vida, liberdade, igualdade propriedade. A diferença é o plano no qual se encontram consagrados. Enquanto os Direitos Humanos são contemplados nos Tratados e Convenções Internacionais (plano externo), os Direitos Fundamentais encontram-se previstos na CF (plano interno). Esses direitos são materialmente iguais, mas formalmente distintos. 
 
 Tratados Internacionais de Direitos Humanos (3/5 e 2 turnos)
 Tratados Internacionais de Direitos Humanos (Supralegais)
 Tratados Internacionais (Lei Ordinária)
- Classificação dos Direitos Fundamentais: 
Classificação feita pela própria CF/88: 
Direitos Fundamentais (gênero): art. 5º ao 17. 
Direitos Individuais: Art. 5º,
Direitos Coletivos: Art. 5º, 6º e seguintes. 
Direitos Sociais: Art. 6º até o 11. 
Direitos de Nacionalidade: Art. 12
Direitos Políticos: Art. 16.
OBS: Apesar de estarem sistematicamente consagrados no Título II (Art. 5º ao 17), os Direitos e Garantias Fundamentais não se restringem a ele, podendo ser encontrados também em outras partes da CF. 
Classificação feita pela doutrina:
Teoria Unitária: A profunda semelhança entre todos os Direitos Fundamentais impede sua classificação em categorias estruturalmente distintas. 
Teoria Dualista (ou dicotômica): Os Direitos Fundamentais são divididos em Direitos de Defesa (incluindo os direitos políticos) e Direitos Prestacionais. 
Teoria Trialista (ou tricotômica): 
Direitos de defesa: são aqueles os quais o indivíduo goza de um espaço de liberdade contra as ingerências do Estado, são os direitos liberais clássicos, possuindo assim um status negativo: Exigem uma abstenção do Estado. São os Direitos Individuais.Direitos Prestacionais ou direitos a prestações: o indivíduo tem o direito de exigir atuações positivas por parte do Estado. Exigem uma atuação positiva por parte do Estado, tem status positivo. Ex: os Direitos Sociais. 
Direitos de Participação: Os indivíduos possuem determinadas competências para influenciar na formação da vontade política do Estado. Esse direitos de participação possuem status ativo, pois através destes direitos, os indivíduos vão participar ativamente na formação do estado. Ex: Direitos Políticos, que pressupõem a nacionalidade brasileira. 
- Características dos Direitos Fundamentais: 
Universalidade: A vinculação destes direitos à dignidade da pessoa humana conduz a sua universalidade, no sentido de exigir o núcleo mínimo de proteção que deve estar presente em qualquer sociedade, independentemente de suas características culturais. Entra em conflito com o multiculturalismo e com aspectos as vezes infranacionais. “Cultural Defense” consiste na defesa fundada na ideia de que o crime não deve ser punido quando quem cometeu pertence a uma cultura na qual esse fato não é reputado merecedor de punição. Tem uma base jusnaturalista.
Historicidade: Os direitos Fundamentais são históricos por terem surgido em épocas diferentes, sendo que o seu conteúdo de sentido podem variar com o passar do tempo. Tem base juspositivista. 
Inalienabilidade, Imprescritibilidade e Irrenunciabilidade: Por não terem o conteúdo patrimonial, os Direitos Fundamentais são considerados intransferíveis, inegociáveis, indisponíveis e imprescritíveis. Não se admite renúncia, prescrição ou negociação da titularidade do direito (total e perpétua), mas se admite em relação ao seu exercício (parcial e temporário). Esta inadmissibilidade é apenas prima facie (se contrapõe a definitivo, seria algo provisório), que é consagrado em um princípio. Já quando esse direito é definitivo ele está consagrado em uma regra. Esse entendimento é de Virgílio Afonso da Silva. 
Relatividade ou Limitabilidade: Não existem direitos absolutos, pois todos encontram limites em outros direitos de terceiros ou interesses coletivos. Há uma tendência natural de conflito entre eles. Segundo Norberto Bobbio, existe apenas dois direitos com valor absoluto, o direito a não ser torturado e o direito a não ser escravizado (Dignidade da Pessoa Humana). 
- Distinção entre Direitos e Garantias: Valores os quais se originam os Direitos Fundamentais são: a vida, liberdade, igualdade e propriedade. As garantias tem um caráter instrumental, ou seja, são mecanismos criados para proteger os Direitos Fundamentais e assegurar a sua efetividade. Ex: o HC é uma garantia ao direito de liberdade de locomoção. Todas as ações constitucionais são garantias. 
- Eficácia Vertical, Horizontal e Diagonal: A Eficácia Vertical dos Direitos Humanos é uma aplicação dos Direitos Fundamentais às relações entre o Estado e seus súditos. A Eficácia Horizontal é a aplicação dos Direitos Fundamentais as relações entre particulares (pois estão no mesmo plano). A eficácia Diagonal consiste na aplicação dos Direitos Fundamentais àquelas relações entre particulares que não se encontram no mesmo plano (patrão e empregado nas relações trabalhistas). Ex: RE 161243 
Teoria da Ineficácia Horizontal: É a teoria adotada pela doutrina e jurisprudência americana. De acordo com essa teoria, os Direitos Fundamentais não se aplicam às relações entre particulares. Fundamentos para adoção desta teoria nos EUA. Doutrina da “State Action” 
Texto da constituição: na época da criação da Constituição norte americana só existia a eficácia vertical. 
Liberalismo: não interferência do Estado, nas relações privadas.
Autonomia privada: o Estado tem que respeitar se essa relação privada não aplicar os Direitos Fundamentais. 
Doutrina “State Action”: A violação de um Direito Fundamental só pode ocorrer por meio de uma ação estatal, no mais é a autonomia da vontade. Sua finalidade é tentar afastar a impossibilidade de aplicação, definindo, ainda que de forma casuística, em que situações os Direitos Fundamentais poderia ser aplicados às relações entre particulares. O mecanismo usado para afastar essa impossibilidade é a equiparação dos atos privados aos atos estatais. Ex: “Company Town”
- Dignidade da Pessoa Humana: É um dos fundamentos da República Federativa do Brasil. Tem uma característica de “Valor Constitucional Supremo”, é considerado o valor mais importante consagrada no texto constitucional. É uma qualidade intrínseca de todo ser humano. Para alguns autores a dignidade é algo absoluto, isso não significa que seja um direito fundamental absoluto, no sentido de não comportar gradações, o que significa que todas as pessoas possuem a mesma dignidade. Beátrice Maurer “a pessoa não tem mais ou menos dignidade em relação à outra pessoa não se trata, destarte, de uma questão de valor, de hierárquica, de uma dignidade maior ou menor. É por isso que a dignidade do homem é um absoluto”. 
D.F	A dignidade é o núcleo em torno do qual gravitam os direitos fundamentais. É ela que confere unidade e o caráter sistemático a esses direitos. Os D.F servem para proteger a Dignidade e para promover condições dignas de sobrevivência. 
D.F
D.F
Dignidade
 da Pessoa Humana
Existem derivações de 1º e de 2º grau.
D.F
D.F
D.F
D.F
- A consagração da Dignidade como um dos fundamentos do Estado brasileiro gera as seguintes consequências jurídicas: Dever de respeito, dever de proteção e dever promoção de condições dignas de vida. O dever de respeito são impostos não apenas aos poderes públicos, mas também aos particulares. Os demais deveres referem-se basicamente ao poder público.
Dever de Respeito: Exige basicamente uma abstenção, o seja, impede que o Estado e os particulares adotem medidas que possam violar a dignidade. Aqui a violação vem associada à chamada “Fórmula do Objeto” que em regra, haverá uma violação da dignidade quando o ser humano for tratado não como um fim em si mesmo, mas como mero instrumento para se atingir outras finalidades. Juntamente vêm a chamada “Expressão de Desprezo” onde a dignidade será violada todas as vezes em que o ser humano for tratado como um objeto e este tratamento for fruto de expressão de desprezo por aquele ser humano. 
Dever de Proteção: É efetivado através dos Direitos Fundamentais. Impõe ao legislador a criação de normas adequadas à proteção da dignidade (princípio da proibição de proteção insuficiente) e ao judiciário a utilização da dignidade como vetor interpretativo nos casos relacionados a Direitos Fundamentais. 
Dever de Promoção: Impõe aos poderes públicos a adoção de medidas que promovam o acesso a bens e utilidades indispensáveis a uma vida digna (mínimo existencial). 
Direitos Individuais em espécie
- Estão consagrados de forma sistemática no Art. 5º, em seus 78 incisos. Valores consagrados: Vida, liberdade, igualdade, propriedade e a segurança jurídica (garantias). Apesar de estarem sistematizados no Art. 5º, os Direitos Individuais não se restringem a ele.
- Destinatários dos Direitos Individuais: Brasileiros (pessoas físicas – natos e naturalizados) e aos estrangeiros residentes do país. Para José Afonso da Silva os estrangeiros não residentes teriam que recorrer aos Tratados Internacionais de Direitos Humanos, não podendo invocar os direitos fundamentais. Tanto o STF quanto a doutrina fazem uma interpretação extensiva deste dispositivo. Tendo o objetivo de incluir os estrangeiros não residentes. *STF HC 944043. Essa interpretação extensiva é feita a partir da Dignidade da Pessoa Humana, se a Dignidade é uma qualidade intrínseca de todo ser humano e se os direitos individuais existem para protegê-la de forma direta, logo não se pode negar a proteção desses direitos em virtude de uma condição específica do indivíduo.
 Quanto às pessoas jurídicas é possível que elas invoquem os direitos individuais, alguns deles, se for um ente estatal ou um ente público, hoje em dia admite-se que até essas pessoas podem invocaralguns desses direitos individuais, em particular, os de caráter procedimental. A fundamentação para essa argumentação é de que em Estado Constitucional Democrático, o exercício abusivo os arbitrário de uma autoridade não pode ser tolerado. 
Alguns conceitos: 
Âmbito de Proteção: Está relacionado ao bem jurídico constitucionalmente protegido 
Intervenção: No sentido de violação. Consiste na interferência indevida no âmbito de proteção de um direito. É ilegítima. 
Restrição: Consiste em uma intervenção constitucionalmente fundamentada no âmbito de proteção de um direito. É uma intervenção legítima.
Direito à vida: 
Âmbito de proteção: 
Dupla acepção: Segundo parte da doutrina, a acepção do direito a permanecer vivo e direito a uma vida digna. Não basta que a pessoa sobreviva, é necessário que a pessoa tenha uma vida digna. 
Dimensão Subjetiva e Objetiva: A dimensão subjetiva consiste na proteção do direito é pensada sob a perspectiva do indivíduo que o titulariza. Ex: Voto do Min. Ayres Brito na ADI 3510. A dimensão objetiva consiste na proteção do direito sob o ponto de vista da comunidade. Ex: Voto do Min. Lewandovisk na ADI 3510. 
Inviolabilidade X Irrenunciabilidade: A inviolabilidade consiste na proteção do direito contra violações por parte do Estado ou por terceiros. A Irrenunciabilidade protege o direito em face do seu próprio titular, pois no caso do direito a vida, essa renúncia não seria possível, como a controvérsia acerca da Eutanásia, e das Testemunhas de Jeová. 
Restrições: São intervenções legítimas, que encontram fundamentação no texto constitucional. 
A primeira hipótese seria no caso da pena de morte em guerra declarada (Art. 5ª, LXVII, “a” da CF também prevista no Art. 56 do CPM). A restrição ao direito à vida será considerada legítima quando imposta para proteger o mesmo direito titularizado por terceiros ou outros direitos de peso relativo igual ou maior (é o peso do direito no caso concreto e não em abstrato). 
A segunda hipótese seria o Aborto (tanto o necessário quanto o sentimental, Art. 128, I e II do CP). 
 A terceira hipóteses seria a da ADPF 54 (anencefalia), o STF declarou a inconstitucionalidade da interpretação segundo a qual a interrupção da gravidez de feto anencéfalo seria conduta tipificada como aborto pelo CP. 
A quarta hipóteses está prevista na Lei de Biossegurança (Lei 11.105/05) que fora discutida na ADI 3510, que de acordo com o entendimento adotado pelo STF a intervenção no direito a vida do embrião resultante das pesquisas com células tronco embrionárias é constitucionalmente fundamentada por outros direitos, tais como a vida e a saúde das pessoas beneficiadas com o resultado das pesquisas. 
Aborto: 
Argumentos contrários a não criminalização: A inviolabilidade do direito à vida deve ser protegida desde a concepção e qualquer medida que não seja a criminalização do aborto será insuficiente para proteger este direito de modo adequado (Princípio da Proibição de Proteção Insuficiente). A não criminalização aumentaria o número de casos de aborto, seria outro argumento invocado. 
Argumentos favoráveis a não criminalização: O primeiro de grupo é de argumentos ligados a Direitos Fundamentais seria a autonomia reprodutiva e a liberdade de escolha da mulher, pois não há método contraceptivo 100% seguro, um segundo argumento seria de que a dignidade da pessoa humana abrange a autodeterminação sem interferência do Estado; um terceiro argumento estaria ligado ao direito à igualdade (teoria do impacto desproporcional) que permite o reconhecimento da inconstitucionalidade de normas que embora aparentemente regulares causam um ônus desproporcional em determinados grupos que estejam em situação de inferioridade; a criminalização do aborto causam um impacto desproporcional nas mulheres, sobretudo nas mais pobres. O terceiro e último argumento seria com base no direito à privacidade, no sentido de que o direito à privacidade é amplo o suficiente para permitir que a mulher decida sobre a interrupção ou não de sua gravidez. 
Direito à Igualdade: 
Âmbito de proteção: Distinção entre a igualdade formal (civil, perante a lei ou jurídica) e material (real ou fática). 
Igualdade formal: Consiste no tratamento isonômico conferido a todos os seres de uma mesma categoria essencial. Art. 5ª, caput da CF.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
Igualdade Material: Consiste em um tratamento diferenciado conferido com a finalidade de igualização dos desiguais, por meio da concessão de certos direitos substanciais. Art. 3º, III e Art. 6º da CF. 
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;
- Critério de Justiça de Aristóteles: Consiste no tratamento igual aos iguais e desigual aos desiguais, na medida de suas desigualdades. Este critério originariamente está relacionado a igualdade formal. 
Igualdade perante a lei: Refere-se ao momento de aplicação da lei pelo judiciário e pelo executivo. 
Igualdade na lei: Refere-se também ao momento de elaboração da lei pelo poder legislativo. Não basta que a aplicação da lei seja igual para todos, mas que também ela trate todas as pessoas de forma igual. 
OBS: Apesar de o texto constitucional de 1988 fazer referência à igualdade perante a lei, é inquestionável que a igualdade se dirige a todos os poderes públicos, inclusive ao legislador. *STF AI 360461-AgR. Hoje todos os Direitos Fundamentais vinculam todos os poderes, em consequência se tem a eficácia vertical e horizontal.
Restrições: Intervenções legítimas.
Editais de concursos públicos: Regra geral (Art. 7º, XXX), a exceção para ser estabelecida deve atender a dois requisitos: Previsão legal – requisito formal (STF RE 307112); razoabilidade da exigência decorrente da natureza das atribuições do cargo a ser estabelecido – requisito material (STF Súm. 683). 
Art. 7º XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil; O STF aplica esse dispositivo também aos servidores públicos. 
Súm. 683 do STF - O limite de idade para a inscrição em concurso público só se legitima em face do art. 7º, XXX, da, quando possa ser justificado pela natureza das atribuições do cargo a ser preenchido.
Direito à diferença: “Uma democracia constitucional exige um tratamento de todos com igual respeito e consideração, o que só é possível quando reconhecido o direito de ser diferente e de ser tratado de acordo com esta diferença” Ronald Dworkin. “Temos o direito de ser iguais quando a diferença nos inferioriza; temos o direito de ser diferentes quando a igualdade nos descaracteriza”. Boaventura de Souza Santos. 
Ações Afirmativas ou Discriminações positivas: Consistem em políticas públicas ou programas privados em geral, de caráter temporário, desenvolvidos com a finalidade de reduzir as desigualdades decorrentes de discriminações ou de uma hipossuficiência, por meio da concessão de algum tipo de vantagem compensatória de tais condições. Seu fundamento é a igualdade material. 
- Sistemas de cotas - Argumentos contrários: 
Viola o mérito que é um critério republicano. Art. 208, V da CF. 
Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de:
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um;
Viola a igualdade formal por criar uma discriminação reversa. Deve haver um equilíbrio para o número de cotas, não deve ser um número muito elevado. 
Trata-se de uma medida imediatista e inapropriada. Não resolve o problema na sua origem, mascara um problema existente. 
Fomenta o ódio e o racismo.
Favorece negros de classe média e classe alta.
Inexistência de critérios objetivos.- Sistema de cotas – Argumentos favoráveis:
Justiça compensatória: A ação é baseada na retificação de injustiças ou falhas cometidas no passado pelo governo ou por particulares. 
Justiça distributiva: consiste na promoção de oportunidades para aqueles que não conseguem se fazer representar de forma igualitária. Está ligado à concretização da igualdade material, pois neste argumento, a ideia é que, aquelas pessoas que não conseguem se fazer representar se promovam certas medidas para reduzir uma desigualdade fática existente. 
Promoção da diversidade: Argumento adotado pela Suprema Corte norte americana, em um caso envolvendo a Universidade de Michigan. O sistema de cotas pode ser considerado constitucional quando contribuir para o surgimento de uma sociedade mais aberta, diversificada, tolerante, miscigenada e multicultural. 
Igualdade entre homens e mulheres: Art. 5º, I da CF. A intervenção do legislador ordinário deve ser fundamentada na igualdade material. 
Art. 5º, I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição; A lei pode estabelecer distinções desde que seja com o objetivo de atenuar desníveis ou reduzir desigualdades. 
Direito à Privacidade: 
Inviolabilidade da vida privada, intimidade, honra e imagem das pessoas: Art. 5º, X: 
Art. 5º, X - são invioláveis (prima facie) a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação; A inviolabilidade prima facie significa que em determinados casos esses direitos poderão ser restringidos em razão de Direitos Fundamentais de terceiros ou de interesses coletivos que forneçam razões mais fortes.
Teorias das esferas: Esfera da publicidade (a mais ampla de todas), esfera da vida privada (mais ampla) e esfera da intimidade (mais próxima do indivíduo). Esfera da privacidade: Declarações de imposto de renda, informações bancárias, dados de um computador. Esfera da intimidade: Segredos, informações pessoais etc. 
- Hipóteses de restrições legítimas à intimidade: 
Gravações clandestinas: É a captação de uma conversa telefônica pessoal ou ambiental feita por um dos interlocutores sem o conhecimento dos demais. As gravações clandestinas não são consideradas necessariamente ilícitas. Elas só não são admitidas quando não houver justa causa ou quando houver violação de causa legal específica de sigilo. *STF AI 560223-AgR.
Quebra de sigilo: Consiste no acesso a informações constantes de um registro bancário, fiscal, telefônico ou informático. Pode ser determinada pelo juiz, CPI federal e estadual (Art. 58, §3º da CF *STF ACO 730), o MP em regra não pode determinar a quebra diretamente (*STF MS 20729), TC também não pode quebrar sigilo, autarquias fazendárias (STF RE 389808) o qual deve ser feita uma interpretação conforme da lei para permitir a requisição apenas com ordem judicial. 
Inviolabilidade de domicílio: Art. 5º, XI 
Art. 5º, XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial; 
Âmbito de proteção: Conceito de casa para fins de proteção constitucional – Deve ser entendido de forma ampla abrangendo inclusive espaços privados não abertos ao público onde alguém exerça sua atividade profissional. *STF HC 93050 (Art. 150, §4º do CP) 
 - Hipóteses de restrições legítimas ao domicílio: 
Durante o dia: Critério cronológico (6h às 18h); critério físico-astronômico (da aurora ao crepúsculo). Razões – noite é considerado período de descanso e para permitir uma maior fiscalização do cumprimento. Poucos autores admitem o prolongamento após o anoitecer. Deve-se analisar cada caso concreto, por exemplo, ações de grande complexidade poderiam justificar de forma excepcional o prolongamento. 
Direito à Privacidade:
- Hipóteses de restrições legítimas:
Interceptação Ambiental: Um terceiro faz a gravação sem o conhecimento dos interlocutores. Ex: câmeras de segurança. Em regra a interceptação ambiental é lícita, no entanto, quando houver expectativa de privacidade; também quando houver violação de confiança decorrente de relações pessoais ou profissionais. Ex: conversa de um advogado com seu cliente. Lei 9034/95 em seu Art. 2º, IV trata de uma possibilidade de interceptação ambiental. *STF Inq 2424, o STF decidiu que a interceptação ambiental em escritório de advocacia durante o período noturno passa pelo teste da proporcionalidade mesmo por que se realizado durante o dia provavelmente seria infrutífero. Reserva de Jurisdição (em determinados temas cabe apenas ao Poder Judiciário dar não só a última palavra, mas também, a primeira). STF MS 23452
Art. 5º, XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial; (nem uma outra autoridade pode autorizar a violação de domicílio) 
Além da inviolabilidade do domicílio, a interceptação das comunicações telefônicas (Art. 5º, XII), a prisão (Art. 5º, LXI), sigilo imposto a processo judicial (MS 27483, Art. 5º, LX c/c 69 da CF) há outras hipóteses de “Reserva de Jurisdição”. 
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal; 
LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei;
Autoridades Fazendárias – Autoexecutoriedade: STF HC 103325-MC. O atributo da autoexecutoriedade não pode prevalecer sobre a regra constitucional que garante a inviolabilidade do domicílio. 
Direitos de Liberdade: A liberdade é divida pela doutrina em duas, por Benjamin Constant na Revolução Francesa. As duas definições são dadas por Norberto Bobbio.
Liberdade Negativa (ou Liberdade Civil ou Liberdade de agir ou Liberdade dos Modernos): É a situação na qual um sujeito tem a possibilidade de agir sem ser impedido ou de não agir sem ser obrigado por outros. Significa uma ausência de impedimento ou de constrangimento. 
Liberdade Positiva (ou Liberdade Política ou Liberdade de querer ou Liberdade dos antigos): É a situação na qual um sujeito tem a possibilidade de orientar o seu próprio querer no sentido de uma finalidade sem ser determinado pelo querer dos outros. Está ligada a autodeterminação, a autonomia da vontade. 
Liberdade de Manifestação do pensamento: É uma liberdade Prima Facie
Âmbito de proteção. Art. 5º, IV da CF.
 Art. 5º, IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato; (não só o pensar, mas também, o manifestar).
- Restrições à liberdade de pensamento:
Vedação do anonimato: possui basicamente duas finalidades, uma preventiva (evitar manifestações abusivas do pensamento); a outra finalidade é repressiva (permitir a responsabilização – Art. 5º, V).
Art. 5ª, V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem; 
Denúncias anônimas ou Bilhetes Apócrifos (sem assinatura): Em regra, denúncias anônimas ou bilhetes apócrifos não podem ser utilizados como fundamento para instauração de inquérito policial ou como prova processual lícita (STF Inq. 1957). A finalidade do disque denúncia levar ao conhecimento da autoridade (notitia criminis Inqualificada) determinados fatos criminosos, a investigação é considerada autônoma em relação à denúncia (STF MS 24369). A prova obtida na investigação não é contaminada pela ilicitude da denúncia. No case de bilhetes apócrifos, dois casos são admitidos como prova, a primeira quando produzido pelo próprio acusado e a segunda quando constituir o próprio corpode delito do crime. 
Liberdade de Consciência, de crença e de culto: 
Âmbito de proteção: Art. 5º, VI
Art. 5º, VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias; 
OBS: A liberdade de consciência é a mais ampla de todas. Consiste na adesão a certos valores morais ou espirituais independentemente de qualquer aspecto religioso. Uma parte da liberdade de consciência está a liberdade de crença (recebe proteção em ambientes de interação – Art. 5º, VII). A liberdade de culto (em ambientes reservados ou públicos) é uma forma de exteriorização da liberdade de crença. Art. 150, VI, “b” (imunidade tributária). 
- Objeção de consciência: bem conhecido como Imperativo ou Escusa de consciência (Art. 5º, VIII). A objeção de consciência deve ser baseada em convicções seriamente arraigadas que causam um grave tormento moral, segundo a corte Europeia de Direitos Humanos a objeção deve surgir de um pensamento suficientemente estruturado coerente e sincero. 
Art. 5º, VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei; (A prestação alternativa não tem cunho sancionatório, porém se se recusa a prestar, ocorrerá a suspensão ou perda dos direitos políticos). Art. 15, IV da CF.
Art. 15, IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII;
	Distinção conforme o tipo de obrigação que o Estado pretende impor. Uma violação absoluta e outra relativa. 
Absoluta: É aquela que obriga a pessoa a assumir uma determinada conduta sob pena de perda da liberdade ou de determinados direitos. Ex: voto e serviço militar. Art. 143, §1º. 
Art. 143. O serviço militar é obrigatório nos termos da lei. § 1º - às Forças Armadas compete, na forma da lei, atribuir serviço alternativo aos que, em tempo de paz, após alistados, alegarem imperativo de consciência, entendendo-se como tal o decorrente de crença religiosa e de convicção filosófica ou política, para se eximirem de atividades de caráter essencialmente militar. Em tempo de guerra, não pode ser alegada a objeção de consciência.
Relativa: Ocorre quando o comportamento objetado é condição para obter um benefício ou evitar um prejuízo. 
Ex: *STF STA 389 Designar uma data alternativa apenas para um determinado grupo religioso viola o Princípio da Isonomia e dever de neutralidade do Estado. 
- Dever de neutralidade do Estado: A República exige o uso público da razão, e normalmente se mostra um Estado laico (ou secular ou não confessional). Art. 19 da CF. Devemos saber que o Brasil não é um país antirreligião. Há três situações distintas que não se confundem: 
Laicidade (dever de neutralidade do Estado em relação a todas as concepções religiosas é uma forma de se respeitar o pluralismo religioso); 
Laicismo (tem uma conotação antirreligiosa, há uma espécie de preconceito pelo Estado em algumas religiões); 
Ateísmo (nega a existência de Deus).
Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público; 
OBS: Símbolos religiosos em locais públicos: O CNJ decidiu que os crucifixos são símbolos da cultura brasileira e sua colocação em espaços públicos não viola o dever de neutralidade do Estado. 
Liberdade de Comunicação Pessoal: Art. 5º, XII da CF.
Âmbito de Proteção: 
Art. 5º, XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados (dados informáticos) e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual pena; 
OBS: STF - que o Art. 5º, XII protege não são os dados em si, mas apenas a sua comunicação *STF MS 20729 
Restrições: 
Liberdade de Correspondência: Essa inviolabilidade é apenas Prima Facie. Por razões de segurança pública (STF HC 70814) “O sigilo epistolar não pode servir como escudo protetivo para salvaguardar práticas ilícitas”. Pode ser restringido durante o estado defesa (Art. 136, §1º, I, “b”) e também durante o estado de sítio (Art. 139, III). 
Interceptação Telefônica: Consiste na interceptação feita por um terceiro sem o conhecimento de um ou de ambos dos interlocutores. A CF exige três requisitos: Ordem judicial (Cláusula da Reserva de Jurisdição), na forma da lei (Lei 9296/96) e para fins de investigação criminal ou instrução processual penal (STF Inq QO QO 2424) - a interceptação telefônica legitimamente autorizada para fins de investigação criminal ou instrução processual penal pode ser utilizada em um PAD não apenas contra o mesmo servidor, mas também em relação a outros servidores.
Direito de Propriedade: 
Âmbito de proteção: Art. 5º, XXII da CF – “é garantido o direito de propriedade” é uma garantia Prima Facie. O regime do direito de propriedade é um regime de direito público (posição de José Afonso da Silva). A estrutura do direito de propriedade está consagrada na Constituição, o que o CC disciplina são as relações civis decorrente do direito de propriedade. 
Restrições: 
Função social da propriedade Art. 5º, XXIII – “a propriedade atenderá a sua função social”. 
Interpretação de José Afonso da Silva: o direito de propriedade só é assegurado pela CF quando ela cumpre a sua função social. A função social é considerada parte integrante da própria estrutura do direito de propriedade. ADI 2213-MC. O posicionamento do STF é de que o não cumprimento da função social não autoriza invasões de terras por movimentos sociais organizados e nem a retirada arbitrária deste direito. 
Interpretação: A proteção conferida à propriedade que não cumpre sua função social possui um peso menor do que a conferida àquela que cumpre. Quando a propriedade cumpre a sua função social exige-se um ônus argumentativo maior para que a proteção a este direito, seja afastada em nome de outros interesses. 
- Função Social da propriedade urbana. Art. 182, §2º da CF – “A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor”. O plano diretor só é obrigatório para cidades que tenham mais de 20 mil habitantes. 
- Função Social da propriedade rural: Art. 186 da CF. Há uma preocupação maior pelo Estado, pois é através da propriedade rural que se tem alimentos e outros produtos de grande importância para a sociedade. 
Art. 186 - A função social é cumprida quando a propriedade rural atende simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos: Norma de eficácia limitada na classificação de José Afonso da Silva. Para Robert Alexy seria um princípio. 
I - aproveitamento racional e adequado;
II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente;
III - observância das disposições que regulam as relações de trabalho;
IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores. 
A propriedade que não atende a sua função social ela poderá sofrer uma desapropriação sanção (é uma forma de penalidade). Para a propriedade urbana (Art. 182, §4º, III da CF); para a propriedade rural (Art. 184 da CF). Para fins de reforma agrária.
Art. 182, §4º - É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área incluída no plano diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de:
I - parcelamento ou edificação compulsórios;
II - imposto sobre a propriedade predial e territorial

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