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Direito Penal - Apostila LFG

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Direito Penal
101
Introdução ao Direito Penal
- Conceito: 
Formal: D. Penal é um conjunto de normas que qualificam certos comportamentos humanos como infrações penais, define os seus agentes e fixa as sanções a serem-lhes aplicadas. (ligada à lei e à disposição do sistema penal).
Sociológico: O D. Penal é mais um instrumento do controle social de comportamentos desviados, visando assegurar a necessária disciplina social, bem como a convivência harmônica dos membros do grupo. É norteado pelo Princípio da Intervenção Mínima. 
- Missão do D. Penal: Na atualidade a doutrina divide-se em dois.
Mediata: 
Controle social (disciplina social)
Limitação ao poder de punir estatal. 
ATT: Se de um lado o Estado controla o cidadão, impondo-lhe limites para a vida em sociedade, de outro lado é necessário também controlar seu próprio poder de controle, evitando abuso.
Imediata: A doutrina diverge 
1ª C: proteger bens jurídicos (Roxin – funcionalismo teleológico) 
2ª C: assegura o ordenamento, vigência da norma (Jacobs – funcionalismo sistêmico ou radical).
- Classificação doutrinária: 
Objetivo: conjunto de leis penais em vigor no país. O D. Penal é a expressão do punitivo do Estado.
Subjetivo: é o direito de punir do Estado. 
Atenção! O direito de punir é monopólio do Estado (não é transferido para o particular).
E a legítima defesa? O particular não pune, mas se defende.
E quanto a ação penal de iniciativa privada? O Estado transfere para o particular o direito de perseguir a pena, e não o direito de punir. 
Atenção! Hipótese em que o Estado tolera a punição privada paralela (art. 57, Est. do Índio) 
Tribunal Penal Internacional? O TPI tem competência subsidiária, consagrou-se no Princ. da Complementariedade, isto é, o TPI não pode intervir indevidamente nos sistemas jurídicos nacionais, salvo quando os Estados se mostrem incapazes ou não demonstrem efetiva vontade de punir. 
Substantivo: sinônimo de Direito Penal objetivo
Adjetivo: corresponde ao direito processual penal. Esta classificação é ultrapassada, época em que o processo penal não tinha autonomia.
- Fontes do Direito Penal: indica o lugar onde se criam normas penais (fonte material) e as formas de revelação (fonte formal). 
Material: fonte de produção: órgão encarregado da sua criação: UNIÃO (podendo transferir aos estados por LC quando se tratar de matéria específica), art. 22, I, CF.
Atenção! Art. 22 § único, CF. 
Formal: fonte de conhecimento, de revelação.
	Doutrina Tradicional
	Doutrina Moderna
	Fonte formal imediata: 
- lei
Fonte formal mediata:
- costumes
- princípios gerais do Direito
CF???
T.I.D.H???
Jurisprudência???
Princípios???
Complementos das Normas Penais em Branco???
	Fonte formal imediata:
- lei (única capaz de criar crime e cominar pena) 
- CF
- T.I.D.H
- jurisprudência
- Princípios
- Comp. das normas penais em branco
Fonte forma mediata: 
- doutrina
OBS: os costumes configuram fontes informais de Direito.
Fontes Formais Imediatas: doutrina moderna 
Lei: única capaz de criar crime e cominar pena.
Constituição Federal: apesar de não criar crime e cominar pena, fixa patamares mínimos (mandados constitucionais de criminalização: Art 5ª XLII, XLIII e XLIV), abaixo dos quais a intervenção penal não se pode reduzir. A CF é rígida, porém a sociedade muda o tempo todo, ocorreria uma petrificação do Direito Penal. 
*Pergunta de concurso: Existem mandados constitucionais de criminalização implícitos? Prevalece que sim, desdobramento lógico do dever de proteção eficiente do Estado (imperativos de tutela)
Tratados Internacionais de Direitos Humanos:
Aprovados com quórum comum: Supra legal ou infraconstitucional.
Aprovados com quórum de EC: Status constitucional.
OBS: Os T.I.D.H não criam crimes ou cominam penas para o Direito interno. Somente do âmbito internacional.
Lei 12.694/12:
	Antes 
	Depois
	- O Brasil não tinha lei definindo Organização Criminosa
- Valia-se da Convenção de Palermo
- O STF proibiu aplicar a Convenção na criação de crime e na cominação de penas.
	- Agora o Brasil tem lei definindo Organização Criminosa, com reflexos penais e processuais.
- Lei Irretroativa
 
Atenção! Não se confundem os Tratados firmados pelo país (“hard Law”, norma obrigatória e vinculante) com as recomendações internacionais (“Soft Law”, não vinculantes, porém importante instrumento de interpretação).
Jurisprudência: Apesar de não criar crime ou cominar pena, revela D. Penal, podendo inclusive assumir caráter vinculante (Súm. Vinculantes).
Princípios: Não criam ou cominam penas, mas servem para absolver, reduzir pena, ou na declaração de constitucionalidade ou inconstitucionalidade de uma lei penal.
Complemento de norma penal em branco
Fontes informais: assunto estudado na 3ª aula
- Interpretação da Lei Penal: 
Quanto ao sujeito que interpreta: origem
Autêntica ou Legislativa: Dada pela própria lei. Ex: Art. 327 CP (lei penal interpretando a si mesma)
Doutrinária ou Científica: Feita pelos estudiosos
Jurisprudencial: Fruto das decisões reiteradas dos nossos tribunais. 
Atenção! Pode ter caráter vinculante.
*Pergunta de concurso: A exposição de motivos no CP é qual espécie de interpretação qnt ao sujeito? A exposição de motivos do CP (diferente do CPP), por não ser lei, não caracteriza hipótese de interpretação autêntica, mas doutrinária sem caráter obrigatório. 
Quanto ao modo: 
Gramatical ou Literal: Leva em conta o sentido literal das palavras.
Teleológica: Indaga-se a origem da lei.
Histórica: Procura-se a origem da lei
Sistemática: A lei é interpretada com o conjunto da legislação ou até mesmo os princípios gerais de direito.
Progressiva/adaptativa/evolutiva: Atualização dos diplomas normativos com o avanço da ciência.
Quanto ao resultado:
Declarativa: A letra da lei corresponde exatamente àquilo que o legislador quis dizer, nada é suprimido ou adicionado.
Extensiva: Amplia-se o alcance da palavra para que corresponda a vontade do texto.
Restritiva: reduz-se o alcance da palavra.
*Pergunta de concurso: É possível interpretação extensiva contra o réu? 1ª C: no Brasil, diferente de outros países (Equador, por exemplo), não se proíbe a interpretação extensiva contra o réu. 2ª C: na dúvida, a interpretação deve ser favorável ao réu. Ver art. 22 do Est. de Roma, que criou o TPI. 3ª C: Zaffaroni admite exceção ao Princípio da interpretação estrita, quando da sua aplicação deriva um escândalo por sua notória irracionalidade.
Atenção: A jurisprudência brasileira trabalha com a interpretação extensiva contra o réu, com por ex. o art. 157 §2ª, I, CP. A expressão arma gera indisfarçável controvérsia. 1ª C: arma no sentido próprio, isto é somente os instrumentos fabricados com finalidade bélica (interpretação restritiva). 2ªC: arma no sentido impróprio, isto é, todo instrumento com ou sem finalidade bélica, que serve para o ataque. Ex: faca de cozinha é arma (interpretação extensiva).
	Interpretação Extensiva
	Interpretação Analógica
	Analogia
	- tem lei criada para o caso
- amplia-se o conceito legal
- ATT: não importa no surgimento de uma nova norma. Art 157 §2ª, I, CP.
	- tem lei criada para o caso
- depois de exemplos, a lei encerra o texto de forma genérica, permitindo ao intérprete alcançar outras hipóteses. Art 121, §2ª, I, III, IV CP.
	- não tem norma criada para o caso
- é regra de integração (pressupõe lacuna) e não de interpretação
- empresta-se norma criada para caso semelhante. 
 
- Analogia no Direito Penal:
Pressupostos:
Certeza de que sua aplicação é favorável ao réu.
A Existência de uma efetiva lacuna a ser preenchida (a analogia pressupõe falha, omissão na lei).
1ª Hipótese: Art. 181 CP “Cônjuge”: é possível, por meio da analogia, abranger à união estável. 
2ª Hipótese: Art. 155, §2ª, CP “Privilégio” / Art. 157 (não tem a figura do privilégio): Neste caso, não se pode aplicar a analogia (o privilégio do furto ao roubo), pois é pura Política Criminal, vontade do legislador.
Princípios- Princípios relacionados com a missão fundamental do Direito Penal: 
Princípio da Exclusiva Proteção de Bens Jurídicos: Nenhuma criminalização é legítima se não visa evitar a lesão ou perigo de lesão a um bem jurídico determinado. 
Bem Jurídico: Todos os dados que são pressupostos de um convívio pacífico entre os homens, fundado na liberdade e na igualdade. Ex: Crimes contra ávida, crimes contra o patrimônio, crimes contra a dignidade sexual.
Atenção! O Princípio da Exclusiva Proteção de Bens Jurídicos impede o Estado valer-se do Direito Penal para a proteção de bens ilegítimos (bens que não são pressupostos para o convívio pacífico entre os homens). Ex: o Direito Penal proteger determinada religião não é legítimo, mas proteger a liberdade religiosa sim.
*Pergunta de Concurso: O que vem a ser Espiritualização/ Desmaterialização/Dinamização ou Liquefação do bem jurídico? O Direito Penal tutelando novos bens jurídicos de caráter coletivo e difuso. Ex: O Meio Ambiente, a Ordem Tributária, Ordem Econômica etc. 
- Crítica a essa Espiritualização do Bem Jurídico: Tem doutrina sustentando que o Direito Penal, no caso dos interesses difusos e coletivos, não mais protege bem jurídico, mas funções, consistentes em objetivos perseguidos pelo Estado ou, ainda, condições prévias para fruição de bens jurídicos individuais. 
Princípio da Intervenção Mínima: O Direito Penal só deve ser aplicado quando estritamente necessário, mantendo-se subsidiário (a sua intervenção fica condicionada ao fracasso das demais esferas de controle) e fragmentário (observa somente os casos de relevante lesão ou perigo de lesão ao bem juridicamente tutelado). 
*Pergunta de Concurso: O Princípio da Insignificância é um desdobramento da Subsidiariedade ou da Fragmentariedade? Fragmentariedade. 
 Desejados 
 Humanos Indesejados (Princípio da Intervenção Mínima)
Fatos Natureza a)Subsidiário (aguardo o fracasso dos demais ramos)
				 b) Fragmentário (Princ. da Insignificância)
Princípio da Insignificância: Exclui a tipicidade material do fato. Estabelece quatro requisitos: 
P/ o STF e STJMínima Ofensividade da conduta do agente
Nenhuma periculosidade social da ação
Reduzido grau de reprovabilidade do comportamento
Inexpressividade da lesão jurídica provocada
STF x STJ:
É aplicável este princípio para o reincidente? Prevalece no STF/STJ que não. Reconhecida a reincidência, a reprovabilidade do comportamento é agravada de modo significativo. Atenção: Existem decisões dos Tribunais Superiores admitindo. P/ LFG, negar Princípio da Insignificância para o reincidente é resquício de Direito Penal do autor. 
É aplicável este princípio para furto qualificado pelo rompimento de obstáculo ou mediante abuso de confiança ou fraude? De acordo com o STF e STJ, não, pois, o comportamento mostra-se reprovável. 
É aplicável este princípio no roubo ou em qualquer outro crime patrimonial mediante violência ou grave ameaça? Está consolidado nos Tribunais Superiores o entendimento de que não se aplica. 
É aplicável este princípio nos delitos contra a previdência social (Art. 168-A, 337-A etc)? Prevalece no STF e no STJ não ser aplicável, pois atinge bem jurídico supraindividual. Atenção: tem decisões no sentido contrário.
É aplicável este princípio nos delitos contra fé pública? De acordo com o STF e o STJ não é aplicável. 
É aplicável nos delitos praticados por funcionários públicos contra Administração em geral? O STF aplica já o STJ não aplica por conta do bem jurídico “moralidade administrativa”.
É aplicado nos delitos praticados por particulares contra a Administração em geral? O STF aplica. Tem decisões no STJ também aplicando (contrabando e descaminho). O CESPE tem defendido não ser aplicável. 
- Princípios relacionados com o fato do agente:
Princípio da Exteriorização ou Materialização do Fato: O Estado só pode incriminar condutas humanas voluntárias (fato). Cuidado! Ninguém pode ser castigado por seus pensamentos, desejos, cogitações ou estilo de vida. Direito Penal do Fato
 Desejados 
 Humanos Indesejados (Princípio da Intervenção Mínima)
Fatos Natureza a)Subsidiário (aguardo o fracasso dos demais ramos)
				 b) Fragmentário (Princ. da Insignificância)
	Direito Penal do Fato
	Direito do Autor
	Direito Penal do Fato que considera o autor
	- As leis penais só devem punir fatos
	- Punição de pessoas que não tenham praticado nenhuma conduta.
Ex: Art. 60 da Lei de Contravenções Penais (foi revogado). 
	- As leis penais só devem punir fatos, mas considera o autor no instante da individualização da pena.
Art. 59 do CP
Princípio da Ofensividade: Também chamado de Princípio da Lesividade. Para que ocorra o delito, é imprescindível a efetiva lesão ao perigo de lesão ao bem jurídico tutelado. 
*Pergunta de Concurso: É possível crime de perigo abstrato? 
Lembrando: 
Crime de Dano: A consumação pressupõe efetiva lesão ao bem jurídico tutelado. Ex: 121, 155, 156, 213 etc.
Crime de Perigo: Basta para a consumação o perigo de lesão ao bem jurídico tutelado. Ex: Art. 130, 131, 132, 133 etc.
Concreto: O perigo de lesão deve ser comprovado
Abstrato: O perigo de lesão é presumido por lei. Ex: tráfico de drogas, embriaguez ao volante (de acordo com o STF e STJ). O STF, em casos excepcionais, admite a criação de crimes de perigo abstrato, não representando, por si só, comportamento inconstitucional por parte do legislador (HC 104410/RS). 
Atenção! Para a Defensoria Pública, devemos defender a tese da inconstitucionalidade dos crimes de perigo abstrato, por violarem o princípio da Ofensividade e Ampla Defesa. 
- Princípios relacionados com o agente do fato: 
Princípio da Responsabilidade Pessoal: Proíbe o castigo penal pelo fato de outrem. Não existe no Direito Penal responsabilidade Coletiva (Razão pela qual o MP na denúncia deve individualizar comportamentos).
Princípio da Responsabilidade Subjetiva: Não basta que o fato seja materialmente causado pelo agente, só podendo ser responsabilizado se o fato foi querido, aceito ou previsível. Não há responsabilidade penal sem dolo ou culpa. 
*Pergunta de Concurso: Exceções ao Princípio da Responsabilidade Penal Subjetiva? (hipóteses de responsabilidade objetiva, isto é sem dolo ou culpa). 
1ª hipótese: Rixa qualificada pela lesão grave ou morte (todos os rixosos respondem por crime qualificado, independentemente de se apurar o autor do resultado). 
2ª hipótese: Embriaguez voluntária e completa. (assunto que será aprofundado no tema “Culpabilidade”)
Princípio da Culpabilidade: Postulado limitador do direito de punir. Só pode o Estado punir agente imputável, com potencial consciência da ilicitude quando dele exigível conduta diversa. Este princípio é só lembrarmos dos elementos da culpabilidade.
Princípio da Igualdade ou Isonomia: Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza. Atenção: Essa Igualdade é material e não formal (tratar os iguais de maneira igual e os desiguais de forma desigual na medida de suas desigualdades) admitindo-se distinções justificadas. 
Princípio da Presunção de Inocência: 
- Esclarecimentos: 
	1ª Corrente
	2ª Corrente
	3ª Corrente
	- Princípio da Presunção de Inocência é sinônimo de Princípio da Presunção de Não Culpa. 
- Essa corrente é a seguida pelo STF. 
	- A CF /88 adotou o Princípio da Presunção de Não Culpa.
Art. 5º, LVII
	- O Princípio da Presunção de Não Culpa é de origem nazista, onde não se presumia ninguém inocente. A CF/88, seguindo a Convenção Americana de Direitos Humanos (art. 8.2) adotou a Presunção de Inocência. 
- Conclusões:
Qualquer restrição á liberdade do acusado somente se admite após sua condenação definitiva. Atenção: Não afasta a possibilidade deprisão provisória, desde que imprescindível (não combina com mera conveniência). O Art. 312, CPP viola o Princípio da Presunção de Inocência. 
Cumpre à acusação demonstrar a responsabilidade do réu e não a este comprovar a sua inocência. 
A condenação deve derivar da certeza do julgador. 
Estão umbilicalmente ligados ao Princípio da Dignidade da Pessoa Humana
. Art. 5ª da 
C.A.D.
H- Princípios relacionados com a pena: 
Princípio da Proibição da Pena Indigna: A ninguém pode ser imposta pena ofensiva à dignidade da pessoa humana. 
Princípio da Humanização das Penas: Nenhuma pena pode ser cruel, desumana ou degradante. 
Princípio da Proporcionalidade: Desdobramento do Princípio da Individualização da Pena. Tem dupla face: 
1ª – Evitar excesso, isto é, impedir a hipertrofia da punição. É um garantismo negativo (proteção do cidadão contra a ação do Estado). 
2º - Impedir, evitar a proteção deficiente do Estado (imperativo de tutela). É o garantismo positivo (instrumento do cidadão contra a omissão do Estado). 
De acordo com o STF, pode-se dizer que os Direitos Fundamentais expressam não apenas uma proibição de excesso, como também podem ser traduzidos como proibições de proteção insuficiente ou imperativos de tutela. 
Princípio da Pessoalidade da Pena: A pena não pode passar da pessoa do condenado. Art. 5ª. XLV CF. Atenção: Prevalece que esse princípio é absoluto, não admitindo, exceções, a responsabilidade penal é intransferível (mesmo a pena de multa executada como dívida de valor na Fazenda Pública, não perde o caráter penal, não passa da pessoa do condenado). 
Princípio da Vedação do Bis In Idem: É um princípio constitucional implícito, porém explícito no “Estatuto de Roma”, Art. 20. Possui três significados:
Processual: Ninguém pode ser processado 2X pelo mesmo crime. 
Material: Ninguém pode ser condenado pela segunda vez em razão do mesmo fato. 
Execucional: Ninguém pode ser executado 2X por condenações relacionadas ao mesmo fato. 
*Pergunta de Concurso: ”A” praticou um roubo, em razão deste roubo foi instaurado o processo 1 (10/01/00), porém em razão desse mesmo roubo foi instaurado o processo 2 (15/02/00) . O processo 1 teve uma pena de 5 anos e 4 meses, já o processo 2 a pena foi de 4 anos. Estamos diante de um Bis in Idem, duas condenações pelo mesmo fato. 
1ªC: Presente o Bis In Idem, deve prevalecer à condenação mais favorável.
2ªC: Deve prevalecer a condenação do primeiro processo, pois a ação instaurada posteriormente jamais poderia ter existido, não tendo validade no mundo jurídico. 
Princípio da Legalidade
Art. 1º do Código Penal: Não há crime sem lei que anterior o defina. Não há pena sem prévia cominação legal. O Princípio da Legalidade constitui uma real limitação ao poder estatal de interferir na esfera de liberdades individuais. Princípio basilar do Garantismo Negativo. 
CF Art. 5º, XXXIX (garantia contra o Estado). 
Convenção Americana de Direitos Humanos Art. 9º. 
Estatuto de Roma Art. 22
Convênio para a proteção dos Direitos Humanos e Liberdades Fundamentais Art. 7º, §1º (Roma, 1950). 
Princípio da Legalidade = Reserva Legal + Anterioridade
- Reserva: Não há crime ou cominação de pena sem lei.
- Anterioridade: Lei anterior, prévia cominação.
- Fundamentos do Princípio da Legalidade: 
Político: Exigência de Vinculação do Executivo e do Judiciário a leis formuladas de forma abstrata. Impede o poder punitivo com base no livre-arbítrio. 
Democrático: Respeito ao Princípio da Divisão de Poderes. O parlamento, representante do povo deve ser o responsável pela criação de crimes. 
Jurídico: Uma lei prévia e clara produz importante efeito intimidativo. Prevenção geral de crimes. A lei penal trabalhando na prevenção. 
- Princípio da Legalidade X Contravenção Penal: O Princípio da Legalidade é uma conquista do indivíduo contra o poder de polícia do Estado, valendo também, para as Contravenções Penais. 
- Princípio da Legalidade X Medida de Segurança: A doutrina diverge:
1ªC: Considerando que Medida de Segurança não é pena, considerando que Medida de Segurança não tem finalidade punitiva (mas curativa), não se submete ao Princípio da Legalidade. Adepto a essa corrente Francisco Assis Toledo
2ªC: Não se pode negar caráter punitivo à Medida de Segurança, tanto que é espécie de sanção penal, submete-se ao Princípio da Legalidade. É a corrente que prevalece. 
OBS: O Art. 3ª do CPM respeita a Reserva Legal (exige lei), mas ignora a anterioridade. Este Art. não foi recepcionado pela CF. 
- Princípio da Legalidade: 
Não há crime sem lei: A expressão “lei” deve ser tomada no seu sentido restrito (abrangendo basicamente lei ordinária, pode ser encontrado na doutrina lei complementar incriminadora). 
Cuidado: Medida Provisória, não sendo lei, mas ato do Executivo com força normativa, não pode criar crime ou cominar pena. 
*Pergunta de Concurso: Medida Provisória pode versar sobre direito penal não incriminador? Pode Medida Provisória, criar causa extintiva da punibilidade? 
EC 32/01
	Antes
	Depois
	- O Art. 62 da CF não proibia expressamente Medida Provisória versar sobre direito penal. 
- O Art. 1º do CP impedia Medida Provisória, criando crime, cominando pena.
- STF RE 254818/PR, admitiu a Medida Provisória 1571/97, que previu o parcelamento de débitos tributários e previdenciários com efeitos extintivos da punibilidade. 
	- O Art. 62, §1, I, “b” da CF/88, proíbe expressamente Medida Provisória versar sobre direito penal. 
- Proibiu Medida Provisória versando sobre direito penal não incriminador? Ou alcança apenas o direito penal incriminador? 
1ªC: com o advento da EC 32/01, está proibido, também, Medida Provisória versar sobre direito penal não incriminador.
2ªC: a vedação trazida pela EC 32/01 não alcança direito penal não incriminador. 
OBS: A Medida Provisória 417/08 convertida da Lei 11.706/08, autorizou a entrega espontânea de armas de fogo a Polícia Federal afastando a ocorrência do crime de porte de arma. É um caso evidente de MP versando sobre direito penal não incriminador em que todo mundo aceitou, até o STF. 
Não crime sem lei anterior: Princípio da Anterioridade (proíbe-se a retroatividade maléfica, e não a retroatividade). A Retroatividade benéfica é garantia do cidadão. 
Não há crime sem lei escrita: Exclui do direito penal os costumes para criação de crime ou cominação de pena. Não quer dizer que o costume não possa ser usado no direito penal, é plenamente possível o costume interpretativo (auxiliando para aclarar a interpretação de texto). O costume é fonte informal do Direito Penal. Ex: Art. 155, §1 do CP “período noturno” é um costume. 
*Pergunta de Concurso: Costume revoga infração penal? Lembrando o que significa costumes: Comportamentos uniformes e constantes pela convicção de sua obrigatoriedade e necessidade jurídica. 
1ªC: Admite-se costume revogar infração penal nos casos em que o comportamento típico não mais repercute negativamente na sociedade. Para essa corrente ocorre uma revogação formal e material do tipo (supressão da figura criminosa).
2ªC: O costume revoga materialmente um tipo penal quando o fato não mais contraria os interesses da sociedade. Apesar de formalmente típico o comportamento, o costume evita a aplicação da lei aguardando a sua revogação pelo Congresso Nacional. 
3ªC: Enquanto não revogada por outra lei, o tipo penal tem plena vigência e eficácia. D acordo com a LIDB, uma lei só pode ser revogada por outra lei. Essa corrente é a que prevalece.
Não há crime sem lei estrita: Proíbe-se a utilização da analogia para criar crime ou cominar pena, a chamada Analogia Incriminadora (analogia in malam partem). Atenção: Permite-se Analogia não incriminadora (analogia in bonam partem). 
*Pergunta de Concurso: Art. 155, §3ª, abrange sinal de TV a cabo? A 2ª turma do STF entendeu que o sinal de TV a cabo não se equipara à coisa alheia móvel, pois conclusão contrária resulta em analogia in malam partem.
Não há crime sem lei certa: Exige-se dos tipos penais clareza, é o Princípioda Taxatividade ou da Determinação, não deve deixar margens a dúvidas, a população em geral deve ter pleno entendimento do tipo penal. 
Não há crime sem lei necessária: É um desdobramento lógico do Princípio da Intervenção Mínima. 
	
Garantismo como modelo de direito:
	Negativo: Busca impedir o excesso, evitar a hipertrofia da punição, é uma garantia do cidadão contra a ingerência arbitrária do Estado. 
	Positivo: Busca evitar a proteção deficiente do Estado, é um Imperativo de Tutela, o Estado tem que tutelar eficazmente garantias. 
O Princípio de Legalidade é o ponto central do Garantismo Negativo
	Poder Punitivo
	 - Não há crime sem lei 
 Lei Anterior 
 Lei escrita
 Lei Estrita 
 Lei Certa 
 Lei Necessária 
	Legalidade Formal
- Obediência ao devido processo legislativo
- Lei Vigente
	Legalidade Material
- A Lei respeita as garantias e direitos do cidadão
- Lei Válida
*Pergunta de Concurso: Exemplo de Lei vigente, mas não válida: Regime Integral Fechado (Art. 2º, §1ª da Lei 8.072/90.)
Lei Penal
- Espécies: 
Lei Penal Completa: Dispensa complemento normativo (dado por outra norma) ou valorativo (dado pelo juiz). Ex: Art. 121, CP. 
Lei Penal Incompleta: Depende de complemento normativo (norma penal em branco) ou valorativo (tipo aberto). 
Norma Penal em Branco: Também chamada de “Norma Cega”. Espécie de lei penal incompleta, que depende de complemento normativo. Uma lei composta de um preceito primário (descrição da conduta – Indeterminada) e um preceito secundário (sanção penal). O que está indeterminado pelo preceito primário vai ser complementado por outra norma. Espécies: 
	Norma Penal em Branco Própria – Heterogênea
	Norma Penal em Branco Imprópria - Homogênea
	- O Complemento normativo não emana do legislador.
- Lei complementada por espécie normativa diversa da lei. Ex. Portaria
A Lei de Drogas é complementada pela Portaria 344/98 no Min. da Saúde.
	- O complemento normativo emana do legislador.
- Lei complementada por outra lei. 
	
	Homovitelina ou Homóloga
	Heterovitelina ou Heteróloga
	
	- Lei complementada por outra lei e as duas de natureza penal (mesma estância legislativa).
 Ex: Peculato praticado por Funcionário Público. Art. 312 – 327 CP. 
	- Lei complementada por outra lei, porém emana de instâncias legislativas diversas. 
Ex: Tipo penal complementado pelo CC. Art. 237 CP – CC (impedimentos para o casamento)
*Pergunta de Concurso: O que significa norma penal em branco ao revés (inversa ou ao avesso)? Nesse caso o complemento normativo diz respeito à sanção e não ao conteúdo proibido. Atenção: Na Norma Penal em Branco Inversa o complemento do preceito sancionado só pode ser lei! 
	Norma Penal em Branco
	Norma Penal em Branco Inversa
	- Lei penal: 
Preceito primário (indeterminado). Depende de complemento.
Preceito Sancionador (determinado)
	- Lei penal: 
Preceito Primário (determinado)
Preceito Sancionador (indeterminado). Esse é que depende de complemento.
Tipo Aberto: Espécie de Lei Penal Incompleta dependendo de complemento valorativo dado pelo juiz na análise do caso concreto. Ex: Tipos culposos (o tipo não descreve os comportamentos negligentes, cabendo ao juiz, na análise do caso concreto, concluir pela sua ocorrência).
*Pergunta de Concurso: Exemplo de tipo penal em que o legislador se antecipando ao juiz, descreve os comportamentos considerados negligentes? Ex: Art. 180, §3º do CP. 
*Pergunta de Concurso: Será que Norma Penal em Branco Própria ou Heterogênea viola/ofende o Princípio da Legalidade? 
1ªC: Para Rogério Greco, a NPBP é inconstitucional, pois ofende o Princípio da Reserva Legal, visto que o seu conteúdo pode ser modificado sem que haja uma discussão amadurecida da sociedade a seu respeito, como acontece com os Projetos de Lei. Fere o fundamento democrático do Princ. da Legalidade.
2ªC: Na NPBP temos um tipo penal incriminador traduzindo os requisitos básicos do delito e um complemento normativo. Não é inconstitucional. O legislador descreve as elementares essenciais, deixando por conta da autoridade administrativa a explicação de um dos requisitos típicos. Essa corrente é a do STF. 
Eficácia da Lei Penal no Tempo
Quando no tempo um crime de considera praticado? Temos três teorias:
Teoria do Resultado/Evento/Efeito: Considera-se praticado o crime no momento do resultado, não importando o momento da conduta. 
Teoria Mista (ubiquidade): Considera-se praticado o crime no momento da conduta ou do resultado, tanto faz. 
Teoria da Atividade: Considera-se praticado o crime no momento da conduta (ação ou omissão), ainda que outro seja o momento do resultado. Art. 4º, CP. 
Aplicação prática: 
Constatação da (in)imputabilidade do agente
	Momento da Conduta
	Momento do Resultado
	- o agente era menor de 18 anos
- aplica-se o ECA
- O CP adota a Teoria da Atividade, respondendo o agente então pelo ECA
	- o agente atingiu a maioridade penal
- Aplica-se o CP
Constatação de condições pessoais da vítima: 
Homicídio Doloso:
	Momento da conduta
	Momento do resultado
	- Vítima menos de 14 anos 
- Incide a majorante do Art. 121, §4ª do CP. 
	- Vítima maior de 14 anos 
	- Vítima menor de 60 anos
- Não incide a majorante do Art. 121, §4º do CP.
	- Vítima maior de 60 anos
Sucessão de leis penais no tempo: Como decorrência do Princípio da Legalidade, aplica-se, em regra, a lei penal vigente ao tempo da realização do fato criminoso, ou seja, as leis penais, em princípio, regram os fatos praticados a partir do momento em que passam a ser leis penais vigentes (“tempus regit actum”).
	Tempo da realização do fato
	Lei posterior
	- Fato Atípico
	- Cria o crime (Não retroage – Art. 1º, CP)
	- Era crime
	- Aumenta a pena (Não retroage – Art. 1º, CP)
	- Era crime
	- Supressão da figura criminosa (Retroage – Art. 2º, caput, CP)
	- Era crime
	- Diminui a pena (Retroage – Art. 2º, §único do CP)
# Art. 2º, caput do CP: Abolitio Criminis (supressão da figura criminosa, o fato deixa de ser punível). Atenção: Excepciona a regra da irretroatividade da lei penal alcançando os fatos pretéritos. 
- Consequências: 
a) “cessando em virtude dela a execução”, ou seja, extingue a punibilidade a qualquer tempo. Lei abolicionista não respeita coisa julgada. E o Art. 5, XXXVI da CF? O Art. 2º, caput do CP não viola o inc. XXXVI, pois o mandamento constitucional tutela a garantia individual e não o direito de punir do Estado. 	
b) ”cessando em virtude dela os efeitos penais da sentença condenatória”, ou seja, os efeitos extra penais permanecem. Art. 91 e 92 do CP (efeitos extra penais). 
*Pergunta de Concurso: O que vem a ser Abolitio Criminis temporária? Uma situação interessante surgiu com a Lei 10.826/03 (Estatuto do Desarmamento) ao estabelecer um prazo para que os possuidores e proprietários de arma de fogo entregassem ou regularizassem o registro do instrumento. Durante esse prazo, não houve a incidência do crime de posse de arma de fogo. Esse período foi rotulado por parte da doutrina como Abolitio Criminis temporária. 
Delito de rapto:
	Antes da Lei 11.106/05
	Depois da Lei 11.106/05
	- Rapto violento (Art. 219, CP)
	- O conteúdo criminoso migrou para o Art. 148, §1º, V, revogando-se formalmente o Art. 219 CP. Traz o Princípio da Continuidade Normativo-Típica. 
	- Rapto Consensual (Art. 220, CP)
	- O fato deixa de ser crime Abolitio Criminis
	Abolitio Criminis
	Princípio da Continuidade Normativo-Típica
	 - Supressão da figura criminosa
- Revogação formal e material do crime
- O fato deixa de ser punível
	- Migração do conteúdo criminoso para outro tipo- Revogação Formal
- O fato permanece punível em outro tipo.
	
	Antes da Lei 12.015/09
	Depois da Lei 12.015/09
	
	- 213 CP
- 214 CP
	213 CP
Houve a incidência do Princípio da Continuidade normativo-típica.
*Pergunta de Concurso: Qual é a natureza jurídica da Abolitio Criminis? 
1ªC: Causa da extinção da punibilidade. Art. 107, III do CP
2ªC: Causa de extinção da tipicidade e consequentemente a extinção do direito de punir do Estado.
# Art. 2º, §único do CP: Lex Mitior (Lei penal posterior, ainda que não descrimine o fato favorece de qualquer modo o agente). Ex: Diminuição de pena. Atenção: Também não respeita coisa julgada, ainda que decidido por sentença condenatória transitada em julgado. 
*Pergunta de Concurso: Depois do trânsito em julgado, quem aplica a lei mais benéfica? Prova objetiva: É o juiz da execução (Súm. 611 do STF). Prova Subjetiva: 
1ªC: Se de aplicação meramente matemática (diminuição da pena em razão da idade do agente, por exemplo) é o juiz da execução (Súm. 611 STF); se exigir juízo de valor (diminuição da pena em razão do pequeno prejuízo causado, por exemplo) depende de Revisão Criminal. 
2ªC: Sendo ou não de aplicação meramente matemática, é o juiz da execução (Súm 611 do STF). A Lex Mitior não está entre as hipóteses que autoriza a Revisão Criminal (as hipóteses são taxativas). 
*Pergunta de Concurso: É possível retroagir lei benéfica, ainda durante a sua “vacatio”? Ex: Posse de drogas para uso próprio.
	Lei 6.368/76
	Lei 11.343/06
	Art. 16
Pena: de 6 meses a 2 anos
OBS: na pratica, os juízes suspenderam os processos por 90 dias, para poderem aplicar a lei nova. 
	- Art. 28
Pena: restritiva de direitos
Essa lei teve uma vacatio de 90 dias. Pode retroagir na vacatio? 
1ªC: A vacatio legis tem como fim principal tornar a lei promulgada conhecida de todos. Não faz sentido que aqueles que já te inteiraram do teor da lei nova mais benéfica fiquem impedidos de lhe prestar obediência, desde logo. 
2ªC: Lei na vacatio não tem eficácia jurídica ou social, tendo, nesse período, plena aplicabilidade à lei antiga. Prevalece. 
 
- Sucessão de leis penais no tempo X Crime Continuado: Súm. 711 do STF. Aplica-se a última lei vigente na cadeia criminosa, ainda que mais grave. Tem doutrina criticando a súmula 711 por ter equiparado o crime continuado (cada crime integrante da continuidade delitiva é chamado de “crimes parcelares”) ao crime permanente em prejuízo do réu (analogia in malam partem). 
- Combinação de leis penais: 
	Momento da conduta
	Momento da sentença
	- Lei “A”
Pena: 1 a 4 anos + 100 dias multa
	- Lei “B”
Pena: 2 a 5 anos + 10 dias multa
*Pergunta de Concurso: Poderia o juiz combinar as duas leis no que for mais benéfico? 
1ªC: não se admite a combinação de leis penais, pois o juiz, assim agindo, eleva-se a legislador, criando uma terceira lei. Nelson Hungria e prevalece no STF, porém a questão não está consolidada. 
2ªC: se o juiz pode aplicar o “todo” de uma lei ou de outra para favorecer o agente, pode também, escolher parte de uma e de outra para o mesmo fim. Basileu Garcia e a maioria da doutrina moderna. 
# Art. 3ª do CP: Vai ser cobrado na sua prova. 
- Lei Temporária (temporária em sentido estrito): É aquela que tem prefixado no seu texto o tempo de sua vigência. Ex: Lei “A” com vigência do dia 1/1/10 ao dia 1/7/09. 
- Lei Excepcional (temporária em sentido amplo): É aquela que atende a transitórias necessidades estatais. Perdura por todo o tempo excepcional Ex: guerras, calamidade, epidemia etc. Ex: Lei “A” que nasce no dia 1/1/10 e vai perdurar enquanto não cessada a epidemia. 
Aplica-se aos fatos praticados até a sua vigência. São leis ultrativas. Estas leis são ultrativas, pois, se assim não fossem, se sancionaria o absurdo de reduzir as suas disposições a uma espécie de ineficácia preventiva em relação aos fatos por elas validamente vetados. Ex: Lei 12.663/12 criou crimes temporários no Brasil (Art. 36):
Crimes que ofendem o patrimônio material/imaterial da FIFA
Crimes de menos potencial ofensivo (competência do JECRIM)
Crimes de A.P.P.Condicionada à representação da FIFA
Trata-se de lei temporária. Tem vigência até 31 de dezembro de 2014. 
*Pergunta de Concurso: O Art. 3º do CP foi recepcionado pela CF/88? 
1ªC: Percebendo que a CF/88 não traz qualquer exceção à proibição da ultratividade maléfica, Zaffaroni entende que o Art. 3ª do CP não foi recepcionado. 
2ªC: Predomina na doutrina que a ultratividade das leis temporárias ou excepcionais não viola a CF, pois não há duas leis em conflito no tempo, tendo em vista que as leis temporárias ou excepcionais versam matérias distintas, trazem no tipo dados específicos. A questão relaciona-se com a tipicidade e não com o direito intertemporal. 
OBS: Frederico Marques entende que essas leis não são ultrativas, pois continuam em vigor após o prazo anunciado, não se aplicando aos fatos futuros.
- Sucessão de complementos de norma penal em branco: Lei “A” é complementada pela norma “X”, essa lei “X” é alterada pela norma “Y”,a norma “Y” retroage ou não? 
1ªC: A alteração de complemento da Norma Penal em Branco, se benéfica, deve sempre retroagir. (Paulo José da Costa Júnior)
2ªC: A alteração da Norma Penal em Branco complementadora, mesmo que benéfica, tem efeitos irretroativos, pois não revogou a norma principal, que descreve o criminoso. (Frederico Marques)
3ªC: Só tem importância a variação da norma complementadora se provocar real modificação da figura criminosa abstrata, não importando simples adaptação à realidade. (Mirabete)
4ªC: A alteração benéfica de um complemento de Norma Penal em Branco homogênea (lei complementando lei) sempre terá efeito retroativo; quando a legislação complementar não for lei (heterogênea) e revestir-se de excepcionalidade não retroage. (STF)
Art. 237 CP: “contrair casamento conhecendo a existência de impedimentos”. Norma Penal em Branco Homogênea (complementada pelo CC). O CC é alterado abolindo certos impedimentos. Ex: fulano está sendo processado por ter casado conhecendo impedimento abolido pela alteração. Fulano vai ser beneficiado pela alteração? 1ªC: retroage/ 2ªC: não retroage/ 3ªC: retroage/ 4ªC: retroage
Art. 33 da Lei de drogas: Lei complementada por uma portaria, onde essa portaria foi alterada (supressão de algumas substâncias). Ex: Fulano está sendo processado por tráfico de drogas da substância “X” abolida da portaria por norma superveniente. Fulano será beneficiado? 1ªC: retroage/ 2ªC: não retroage/ 3ªC: retroage/ 4ªC: retroage (pois não se reveste de excepcionalidade). 
Art. 2º da Lei de Economia Popular: “transgredir tabelas oficiais de preços”. Uma lei complementada por uma tabela oficial (portaria). Essa tabela é atualizada em razão da inflação. Ex: Fulano vendeu carne acima da tabela oficial, quando a tabela Foi atualizada em razão da inflação, o preço vendido por fulano, ficou abaixo. Fulano será beneficiado? 1ªC: retroage/ 2ªC: não retroage/ 3ªC: não retroage/ 4ºC: Art. 3º do CP não retroage (revestido de excepcionalidade)
Eficácia da Lei Penal no Espaço
	Sabendo que um fato punível pode, eventualmente, atingir os interesses de dois ou mais Estados igualmente soberanos, o estudo da lei penal do espaço busca definir qual o âmbito territorial da lei penal brasileira, bem como de que forma o Brasil se relaciona com outros países em matéria penal. 
- Na solução de possíveis conflitos seis princípios são utilizados: 
Princípio da Territorialidade: aplica-se a lei penal do local, do território do crime. ATT: não importa a nacionalidade dos sujeitos ou do bem jurídico tutelado. 
Princípio da Nacionalidade Ativa: Aplica-se a lei penal do país de origem do agente. ATT: não importa o local do crime ou a nacionalidade da vítima ou do bem jurídico tutelado. “onde você está no mundo, você leva a lei penal do seu país junto”.
Princípio da Nacionalidade Passiva: Cuidado, a doutrina diverge: 
1ªC: Aplica-se a lei penal do país de origem doagente quando o crime, quando o crime atinge bem jurídico do seu Estado ou de um concidadão. ATT: não importa o local do crime, mas a nacionalidade da vítima ou do bem jurídico importam. 
2ªC: Aplica-se a lei penal do país de origem da vítima (oposto da nacionalidade ativa). ATT: não importa o local do crime ou a nacionalidade do agente. “a lei te acompanha enquanto você for vítima”. Luiz Flávio Gomes, Flávio Monteiro de Barros e Bittencourt. Doutrina Moderna. 
Princípio da Defesa (ou Real): Aplica-se a lei na nacionalidade do bem jurídico tutelado. OBS: Para a 2ªC no princípio anterior, bem jurídico tutelado não se confunde com pessoa ofendida. ATT: não importa o local do crime ou nacionalidade do agente. 
Princípio da Justiça Universal (ou Cosmopolita): O agente fica sujeito à lei penal do país onde for encontrado. ATT: não importa o local do crime, a nacionalidade dos sujeitos ou do bem jurídico tutelado. “o que importa o local onde ele é preso, encontrado”. 
Princípio da Representação (ou da Subsidiariedade): A lei penal nacional aplica-se aos crimes praticados em aeronaves e embarcações privadas, quando no estrangeiro e aí não sejam julgados. ATT: não importa a nacionalidade dos sujeitos ou do bem jurídico, devendo o crime ser praticado no estrangeiro. 
O Brasil adota o Princípio da Territorialidade (relativa, temperada) como regra, e os demais de forma excepcional.
Crime do território brasileiro: A regra é o Princípio da Territorialidade. Art. 5ª do CP. 
Crime do estrangeiro: Demais princípios. 
- Princípio da Territorialidade: Art. 5ª, CP.
	Territorialidade
	Extraterritorialidade
	Intraterritorialidade
	- Local do crime: Brasil
- Lei aplicável: Brasil
	- Local do crime: estrangeiro
- Lei aplicável: Brasileira, é aplicada pela justiça brasileira.
	- Local do crime: Brasil
- Lei aplicável: estrangeira. É aplicada pela justiça estrangeira.
Ex: Imunidade diplomática. 
OBS: Diversamente do que ocorre no Direito Civil, em nenhuma hipótese, o juiz criminal brasileira pode aplicar legislação penal estrangeira. No caso de imunidade diplomática (hipótese de intraterritorialidade), o agente fica sujeito à lei penal do seu país de origem, aplicada pela justiça que representa. O Art. 5ª adotou a territorialidade (aplica-se a lei brasileira ao crime cometido no território nacional) temperada pela intraterritorialidade (sem prejuízo de convenções, tratados e regras...). 
- Território brasileiro = É o espaço geográfico + Espaço jurídico (por ficção/extensão ou equiparação, Art. 5ª, §1ª do CP). 
Da combinação dos §§1ª e 2ª do Art. 5ª, conclui-se: 
Quando os navios ou aeronaves brasileiros forem públicos ou estiverem a serviço do governo brasileiro, são considerados parte do nosso território, quer se encontrem em território nacional ou estrangeiro.
Se privados, quando em alto mar ou especo aéreo correspondente, seguem a lei da bandeira que ostentam. OBS: O conceito de liberdade em alto mar está no Art. 87 da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (1982). 
Quanto aos estrangeiros em território brasileiro, desde que públicos, não são considerados parte de nosso território (Princípio da Reciprocidade). 
OBS: Embaixada não é extensão do território que representa apensar de as embaixadas serem invioláveis. 
Na dúvida, aplica-se a lei da nacionalidade do agente.
- Lugar do crime: três teorias que explicam:
Teoria da atividade: considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a conduta. 
Teoria do resultado (do efeito ou do evento): considera-se praticado o crime no lugar onde ocorreu o resultado. 
Teoria Mista (ou da ubiquidade): considera-se praticado o crime no lugar onde ocorreu a conduta bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado. O Brasil adotou essa teoria. Art. 6ª do CP. 
LUTA- Tempo do Crime: Teoria da Atividade
- Lugar do Crime: Teoria da Ubiquidade
OBS: Cuidado! Se em território brasileiro ocorre unicamente o planejamento ou a preparação do crime, em regra, o fato não interessa ao direto brasileiro. 
OBS: De acordo com o Art. 5ª, §2ª do CP, aplica-se a lei brasileira. Lei posterior (8.617/93, Art. 3ª) ressalva a hipótese em que a embarcação usa o nosso mar territorial brasileiro apenas como passagem necessária para chegar ao seu destino, caso em que não incide a lei nacional (passagem inocente). 
	Crime à distância ou Espaço máximo
	Crime em trânsito
	Crime Plurilocal
	- O fato punível envolve dois países soberanos. 
- Gera um conflito internacional de jurisdição
- Art. 6ª do CP, para definir qual lei vai ser aplicada.
	- O fato punível envolve mais de dois países soberanos. 
- Gera um conflito internacional de jurisdição
- Art. 6ª do CP. 
	- O fato punível envolve um país soberano (crime percorre vários territórios do mesmo país). 
- Gera um conflito interno de competência.
- Art. 70 do CPP para definir o território competente.
- Extraterritorialidade: Art. 7ª do CP. 
	Inc. I: hipóteses de extraterritorialidade incondicionada. 
Princípio da Defesa ou Real
Princípio da Defesa ou Real
Princípio da Defesa ou Real
Princípio da Justiça Universal. Tem doutrina ensinando ser o Princípio da Defesa
Inc. II: hipóteses de extraterritorialidade condicionada.***
Princípio da Justiça Universal
Princípio da Nacionalidade Ativa
Princípio da Representação
§3ª: Aplica-se a lei brasileira em crime cometido por estrangeiro contra brasileiro. 1ªC: Princípio da Defesa ou Real. 2ªC: Princípio da Nacionalidade Passiva. Hipótese de Extraterritorialidade Hipercondicionada (além das condições do §2º, ainda tem mais duas). 
- Extraterritorialidade Condicionada: 
Caso: crime praticado por brasileiro no estrangeiro. Brasileiro mata um cidadão português em Lisboa. 
Aplica-se alei brasileira? Sim, desde que reunidas as condições do Art. 7ª, §2ª do CP. 
Entrar o agente no território nacional – basta entrar, mesmo que aqui não permaneça. Território nacional abrange o espaço jurídico.	
Ser o fato punível também no país em que foi praticado 
Estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição – coincidência de crimes 
Não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido pena – 
Não pode ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade segundo a lei mais favorável. 
De que é a competência para o processo e o julgamento? Em regra, justiça estadual, salvo se presentes as hipóteses do Art. 109 da CF.
Qual território competente para o processo e julgamento? Art. 88 do CPP. Onde o acusado tenha residido por último no Brasil, se nunca houver residido no Brasil (na capital do estado), será competente a Capital da República, justiça do DF. 
- Extraterritorialidade Incondicionada: “... o agente é punido segundo a lei brasileira ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro”. E o Bis in Idem? Art. 8ª, CP. O Art. 8ª, do CP, não impede o Bis in Idem (inevitável para assegurar a soberania nacional), mas atenua a dupla punição no momento do cumprimento da pena (permite compensações). 
Teoria Geral do Crime
 
 Fatos Humanos Desejados Fato Típico 
 		 Natureza Indesejado 1) Conduta
Fato TípicoPrincípio da Exteriorização do Fato Intervenção Mínima: 2) Resultado
 (Direito Penal do Fato) - Subsidiário 3) Nexo Causal
 - Fragmentário 4) Tipicidade Penal
 
(Consequência Jurídica – Punibilidade)
- Fato Típico: 
Conceito Analítico: O Fato Típico é o primeiro substrato do crime. (só aponta aonde enquadrar o fato típico no crime)
Conceito Material: Fato humano indesejado, norteado pelo Princípio da Intervenção Mínima, consistente numaconduta produtora de um resultado e com ajuste material e formal à um tipo penal (tipicidade). 
- Elementos: 
Resultado
Nexo Causal 
Tipicidade 
Conduta:
Cuidado! Tipicidade penal não se confunde com tipo penal. Tipicidade penal é operação de ajuste fato/tipo. Já o tipo penal é modelo de conduta proibida (norte para a tipicidade). 
Tipo penal: Para descrever a conduta proibida, o legislador trabalha com elementos (objetivos e/ou subjetivos). 
Elementos Objetivos: Relacionados aos aspectos materiais e normativos. Dividem-se em: 
Elementos objetivos descritivos: descrevem os aspectos materiais da conduta (relacionados aos objetos, animais, coisa, tempo, lugar, forma de execução etc.)
Elementos Normativos: descrevem aspectos que demandam juízo de valor. Precisam ser valorados. 
Elementos Subjetivos: Indicam a finalidade especial que deve animar o agente (Dolo + Finalidade Especial – essa finalidade vai além do dolo). ATT: a doutrina moderna reconhece a existência de elementos científicos do tipo (não há juízo de valor a ser considerado, mas apenas o recorrer-se ao significado do termo hermético de determinada ciência natural)
O conceito de Conduta varia conforme a Teoria do Crime que se adota.
Teoria Causalista: Adeptos (Von Liszt, Beling). 
Crime é: tripartite
Fato Típico: 
Conduta: Ação humana, voluntária, causadora de modificação no mundo exterior. Teoria mecanicista. OBS 1: O fato típico é objetivo. OBS 2: O dolo e a culpa são analisados na culpabilidade (4 espécies). OBS 3: O tipo penal só admite elementos objetivos. 
Os Causalistas classificam os tipos penais em duas espécies: Tipo normal (composto somente de elementos objetivo. Ex. Art. 121, CP). Tipo anormal (composto de elementos não objetivos – subjetivos. Ex: Art. 299, CP).
Ilicitude 
Culpabilidade: é uma culpabilidade subjetiva
Pressuposto: imputabilidade
 Espécies: dolo e culpa
Críticas:
 É um erro analisar o dolo e a culpa somente na culpabilidade, ficando impossível o estudo da tipicidade, diferenciar, por exemplo, tentativa de homicídio de lesão corporal.
Conceituando conduta como “ação humana”, ignora a existência de crimes omissivos.
Não se pode ignorar a existência de elementos não objetivos do tipo. 
Teoria Neokantista: Tem base causalista. Adeptos (Rickert e Lask)
Crime é: tripartite
Fato típico: 
Conduta: Comportamento humano voluntário (dominável pela vontade) causador de modificação no mundo exterior. OBS 1: o conceito de conduta abrange a omissão. OBS 2: o delo e a culpa permanecem na culpabilidade (com pressupostos). OBS 3: admite elementos não meramente descritivos no tipo. 
Ilicitude 
Culpabilidade:
Pressuposto: imputabilidade, exigibilidade de conduta diversa, dolo e culpa (não sendo mais espécies). 
Críticas: 
Dolo e culpa na culpabilidade. 
Partindo de bases causalistas, ficou contraditória quando reconheceu normal elementos normativos e subjetivos no tipo. 
Teoria Finalista: idealizador (Hans Welzel)
Crime é: tripartite
Fato Típico:
Conduta: Comportamento humano voluntário, psiquicamente dirigido a um fim ilícito. Eliminou a expressão ilícita, para abranger a culpa. OBS 1: dolo e culpa migram da culpabilidade para o fato típico (causalismo é cego, o finalismo é vidente). 
Ilicitude: 
Culpabilidade: Normativa pura
Pressupostos: imputabilidade, exigibilidade de conduta diversa e potencial consciência da ilicitude. 
Críticas:
A Teoria Finalista foi criticada logo no início, pois conceituando conduta como comportamento psiquicamente dirigido a um fim ilícito, não abrangia os crimes culposos. 
Centralizou a teoria no desvalor da conduta, ignorando o desvalor do resultado, não aplicando, por exemplo, o Princípio da Insignificância. 
Teoria Finalista Dissidente: Ariel Dotti. A culpabilidade não integra o crime, é um juízo de censura que não recai sobre o autor do crime, é um pressuposto de aplicação da pena. 
Crime é: 
Fato Típico: é igual a finalista. 
Ilicitude:
Crítica: Reconhecendo como crime fato típico + ilicitude, quando não for culpável, haverá, portanto, um crime sem reprovação, sem censura, e isso é um absurdo. 
Teoria Social da Ação: Wessls e Mezser
Crime é: tripartite
Fato Típico:
 Conduta: É comportamento humano voluntário socialmente relevante. OBS 1: dolo e culpa estão no fato típico. OBS 2: trabalha com desvalor da conduta e do resultado. OBS 3: dolo e culpa voltam a ser analisados no momento da pena. 
Ilicitude
Culpabilidade: volta a ser substrato do crime.
Pressupostos: imputabilidade, exigibilidade de conduta diversa e potencial consciência da ilicitude. 
Crítica: Não há clareza no que significa fato socialmente relevante. 
Teorias Funcionalistas: Surgiu na Alemanha (1970). Busca submetera dogmática penal aos fins específicos do Direito Penal. Traduzindo, a construção da doutrina penal deve ser conformada pela missão do Direito Penal. O conceito de conduta deve observar a missão do Direito Penal. Duas correntes funcionalistas discutindo a missão do direito penal:
1ªC – Funcionalista Teleológica: (Roxin) Também chamada de Moderada. A missão do Direito Penal é tutelar bens jurídicos indispensáveis para a harmônica convivência em sociedade. 
Crime é: tripartite
Fato Típico:
Conduta: Deve ser construída de acordo com a missão do Direito Penal. É comportamento humano voluntário, causador de relevante intolerável lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado. 
Ilicitude: 
Reprovabilidade: É imputabilidade, exigibilidade de conduta diversa, potencial consciência da ilicitude e a necessidade da pena. Para Roxin, o perdão judicial, exclui crime e não a punibilidade. A culpabilidade é limite da pena, é a chamada culpabilidade funcional. 
Crítica: A doutrina critica a retirada da culpabilidade como substrato do crime. Aliás, Roxin não explica o que é culpabilidade, mas apenas pra que serve (limite da pena).
2ªC – Funcionalista Sistêmica: (Jakobs) Também chamada de Radical. A missão do Direito Penal é resguardar o sistema (o império da norma). 
Crime é: tripartite
Fato típico:
Conduta: Deve ser construída de acordo com a missão do Direito Penal. É comportamento humano, voluntário violador do sistema, frustrando as expectativas normativas. 
Ilicitude:
Culpabilidade: Imputabilidade, exigibilidade de conduta diversa e potencial consciência da ilicitude. 
Para Jakobs, quando a pena é aplicada, ela faz um exercício de fidelidade ao Direito, e comprova que o Direito é mais forte que a sua infração (perpetua o sistema). 
OBS: Foi no Funcionalismo Radical que volta a se falar em Direito Penal do Inimigo. O sujeito que viola o sistema deve ser tratado como inimigo. ATT: O inimigo da contemporaneidade é, para Jakobs, o terrorista, o traficante de drogas, de armas e de seres humanos, os membros de organizações criminosas transnacionais. Para os autores desses crimes, o Estado deve reduzir direitos e garantias fundamentais. 
Direito Penal do Inimigo: 
Antecipação da punibilidade com a tipificação de atos preparatórios. Não se aguarda início da execução.
Criação de tipo de mera conduta e de tipo de perigo abstrato.
Direito Penal de 3ª VelocidadeFlexibilização de princípios. Ex: legalidade, ofensividade, exteriorização do fato. 
Preponderância do direito penal do autor. Pune a pessoa pelo estilo de vida, pelo o que ela pensa, pelas intenções.
Desproporcionalidade das penas. 
Surgimento das chamadas “Leis de Luta ou de Combate”. Ex: Lei dos Crimes Hediondos. 
Endurecimento da execução penal. Ex: RDD
Restrição de garantias penais e processuais. Ex: interceptação telefônica (pré delitual) 
Lembrando Velocidades do Direito Penal: 
	1ª Velocidade
	2ª Velocidade
	3ª Velocidade
	- Enfatiza penas privativas de liberdade.
- Procedimento mais demorado, observando todas as garantias penais e processuais. 
	- Enfatiza penas restritivas de direitos. 
- Flexibiliza garantias para possibilitar punição mais rápida, mais célere. 
	- Enfatiza penas privativas de liberdade.
- Flexibiliza garantias para possibilitar rápida punição.(Direito Penal do Inimigo)
Conclusão: Prevalece que o Código Penal, reformado em 84, seguiu a Teoria Finalista (não dissidente). A doutrina moderna segue os ensinamentos de Roxin, salvo a característica da reprovabilidade. O Código Penal Militar, da década de 60, é Causalista (ler Art. 33, CPM). 
- Hipóteses de exclusão da conduta: Lembrando que conduta não importa a teoria é um comportamento humano voluntário (vontade de realizar a conduta). É um denominador comum. Somente o homem pode realizar conduta, os animais podem ser instrumentos do homem. 
Caso fortuito ou força maior: movimentos imprevisíveis ou inevitáveis. Não dominados ela vontade. Não há crime por que não há conduta, não há conduta por que não há voluntariedade. 
OBS: Para Zaffaroni, caso fortuito deve ser considerado como uma situação de atipicidade e não de ausência de conduta. Ele se refere somente ao caso fortuito e não da força maior. 
Estados de inconsciência (completa): apesar de existir movimento humano, não é voluntário dominável pela vontade, logo também não há conduta.
Sonambulismo
Hipnose
Movimentos Reflexos: Movimentos impulsionados simplesmente por ação corporal, desprovidos do elemento voluntariedade. 
	Movimentos Reflexos
	Ação em curto-circuito
	- Impulso completamente fisiológico, provocado pela excitação de um só órgão. 
- Exclui conduta
	- Movimento relâmpago, provocado pela excitação de diversos órgãos, acompanhado de um elemento psíquico. 
- Vontade obcecada. O agente não perde a consciência. 
- Não exclui conduta, sequer pode ser considerada exigibilidade de conduta diversa. 
Coação física irresistível: O agente é impossibilitado de determinar sua conduta de acordo com a vontade. ATT! Coação moral irresistível não exclui conduta, mas culpabilidade. 
- Espécies de Conduta: 
A voluntariedade no crime apresenta as formar de dolo ou de culpa. Na teoria geral do crime, de acordo com a corrente tradicional, dolo e culpa estão incluídos na culpabilidade. Com o finalismo, tanto um quanto o outro são elementos implícitos do tipo, integrando a conduta. A conclusão é: inimputável tem dolo, age com culpa (tem consciência e vontade dentro do seu precário mundo valorativo). 
Crime Doloso: 
Previsão legal: Art. 18, I do CP. 
Conceito: dolo é vontade consciente dirigida a realizar ou aceitar realizar a conduta prevista no tipo penal incriminador. ATT! Dolo não se confunde com desejo:
 
	Dolo
	Desejo
	- No dolo o agente quer o resultado como consequência de sua própria conduta
- É punível
	- O agente espera o resultado desejado como consequência alheia a sua conduta.
- Não é punível
Elementos do dolo: “é a vontade consciente”.
Volitivo: vontade
Intelectivo: consciência da conduta e do resultado 
Cuidado! 
1ª: Dolo, vontade *livre e consciente. Porém essa *liberdade não é elemento do dolo.
2ª: Dolo, vontade consciente. Definição correta. A liberdade não figura entre os elementos do dolo, a liberdade (ou não) é matéria afeta ao exame da culpabilidade. 
Teoria do Dolo: 
Teoria da Vontade: Dolo é a vontade consciente de querer praticar a infração penal. 
Teoria da Representação: Fala-se em dolo sempre que o agente tiver a previsão do resultado como possível e ainda sim, decide continuar a conduta. ATT! Acaba confundindo dolo com culpa consciente. 
Teoria do Consentimento ou Assentimento: Essa teoria corrige a segunda. Fala-se em dolo, sempre que o agente tiver a previsão do resultado como possível e ainda assim, decide continuar com a conduta, assumindo o risco de produzir o evento. ATT! Exclui do dolo a culpa consciente.
	Diz-se o crime doloso
	Dolo
	Teoria
	- Quando o agente quis o resultado
	Direito
	Teoria da Vontade
	- Quando o agente assumiu o risco de produzi-lo
	Eventual
	Teoria do Consentimento ou Assentimento
Espé
Espécies de Dolo:
Dolo Normativo/Híbrido: 
Teoria Neokantista: Define o crime como fato típico, ilicitude e culpabilidade, diz que a culpabilidade é formada de: imputabilidade, exigibilidade conduta diversa, culpa e dolo. O dolo é formado de consciência, vontade e consciência atual da ilicitude (elemento normativo do dolo). “Saber o que faz, querer fazer e saber que o que faz é ilícito”.
Conclusão: Adotado pela Teoria Neokantista, essa espécie de dolo integra a culpabilidade, trazendo a par dos elementos consciência e vontade, também a consciência atual da ilicitude (elemento normativo). ATT! Existe doutrina chamando o dolo normativo de dolus malus. 
Dolo Natural/Neutro: 
Teoria Finalista: Define crime como fato típico, ilícito e culpável, porém, o dolo e a culpa estão no fato típico. O dolo é formado somente de consciência e vontade, despido de qualquer elemento normativo. Por isso é chamado de dolo natural. 
Conclusão: É o dolo componente da conduta (situado no fato típico), despido da consciência da ilicitude, adotado pela teoria finalista. O dolo pressupõe apenas consciência e vontade. ATT! Temos doutrina chamando o dolo natural de dolus bonus. 
Dolo Direito (ou determinado ou intencional ou imediato ou incondicionado): Configura-se quando o agente prevê determinado resultado dirigindo a sua conduta na busca de realiza-lo. 
Ex: prevê a lesão corporal (art. 129, CP) e dirige a sua conduta na busca de realizar essa lesão.
Pode ser de 1º e de 2º grau. 
Dolo Indireto ou indeterminado: o agente com a sua conduta, não busca resultado certo e determinado. Possui duas formas: 
Dolo alternativo 
Dolo Eventual
	Dolo Alternativo
	Dolo Eventual
	- Ocorre quando o agente prevê pluralidade de resultados, dirigindo a sua conduta na busca de realizar qualquer um deles. 
Ex: o criminoso previu lesão corporal ou homicídio, dirigindo a conduta para realizar lesão corporal ou homicídio, tanto faz. Ele tem 100% de vontade de cometer qualquer um dos crimes.
	- O agente prevê pluralidade de resultados, dirigindo a sua conduta na busca de realizar um dele, assumindo o risco de realizar os demais. 
Ex: o criminoso previu uma lesão corporal e um homicídio, dirigindo a conduta na busca de realizar a lesão corporal, ele tem 100% de vontade na lesão corporal, porém, aceita o resultado morte. 
Dolo Cumulativo: O agente pretende alcançar dois resultados em sequência. O agente que ferir e após a lesão, quer causar a morte da vítima. Estamos diante de uma Progressão Criminosa. 
Dolo de Dano: A vontade do agente é causar efetiva lesão ao bem jurídico tutelado. Ex: Quer matar (Art. 121, CP).
Dolo de Perigo: O agente atua com a intenção de expor a risco o bem jurídico tutelado. Ex: quer periclitar a vida ou a saúde de outrem (Art. 132, CP). 
Dolo Genérico: O agente tem vontade de realizar a conduta descrita no tipo penal sem um fim específico. É um dolo sem finalidade especial. Ex: Homicídio. Está em desuso. 
Dolo Específico: O agente tem vontade de realizar a conduta descrita no tipo penal com um fim específico. É um dolo com finalidade especial. Ex: Sequestro, com o “fim de obter vantagem”. (Art. 159, CP) Essa classificação está em desuso, pois esse “com o fim de obter vantagem” é o elemento subjetivo do tipo que deve ser alcançado pelo dolo. 
Dolo Geral: vamos estuda-lo no “erro de tipo acidental”. 
Dolo de 1ª grau: Compreende o resultado ou resultados que o agente persegue diretamente.
Dolo de 2º grau: Também chamado de “ou consequências necessárias”. Todas as consequências, mesmo que não perseguidas diretamente ou até mesmo lamentadas, o prevê como inevitáveis. Ex: quero matar o meu desafeto que logo embarcará no voo para Londres. Para tanto, coloco bomba para explodir o avião quando nas alturas. Mato o meu desafeto e os demais passageiros. Com relação ao desafeto, o dolo é de 1º grau, já os demais passageiros o dolo é de 2º grau. 
Cuidado! Não se confunde dolo de 2º grau com dolo eventual. 
	Dolo de 2ª Grau
	Dolo Eventual
	- O resultado paralelo é certo e inevitável, necessário.
	- O resultado paralelo é incerto, evitável, não é necessário. 
Dolo antecedente, concomitante esuperveniente:
	Dolo Antecedente
	Dolo Concomitante
	Dolo Superveniente
	- É o dolo anterior à conduta. 
- Em regra, esse dolo não interessa para o Direito Penal. 
Cuidado: Na embriaguez não acidental completa, o dolo analisado é o antecedente. 
	- É o dolo existente no momento da ação ou da omissão. 
	- É o dolo posterior à conduta.
- Esse dolo não interessa para o Direito Penal.
Crime Culposo: 
Previsão legal: Art. 18, II do CP. Art. 33, II do CPM (é causalista). 
Conceito: O crime culposo consiste numa conduta voluntária que realiza um fato ilícito não querido pelo agente, mas que foi por ele previsto (culpa consciente) ou lhe era previsível (culpa inconsciente) e que podia ser evitado se o agente atuasse com o devido cuidado. 
Elementos: 
Conduta humana voluntária (a vontade circunscreve-se à realização da conduta, e não à produção do resultado). O resultado não é querido, aceito pelo agente. 
Violação de um dever de cuidado objetivo. O agente atua em desacordo com o que esperado pela lei e pela sociedade. A violação desse dever pode se manifestar de diversas formas: 
Modalidades de culpaImprudência: o agente atua com precipitação, afoiteza.
Negligência: ausência de precaução. 
Imperícia: Falta de aptidão técnica para o exercício de arte, ofício ou profissão. 
OBS: Se houver uma mudança na forma de violação de dever de cuidado objetivo deve haver a Mutatio Libeli. 
Resultado: em regra, os crimes culposos são matérias, exigem produção de resultado naturalístico. Não basta a falta de cuidado, é preciso resultado. ATT! Existem crimes culposos não materiais (não dependem de resultado naturalístico). Ex. Art. 38 da lei 11.343/06 (prescrever), Art. 13 do Estatuto de Desarmamento. 
Nexo Causal entre conduta e resultado
Previsibilidade: continuamos na próxima aula. 
Crime Culposo:
Elementos da culpa:
Previsibilidade: Possibilidade de o agente conhecer o perigo. Não se confunde com previsão
	Previsibilidade
	Previsão
	 - É possível conhecer o perigo.
- Para a culpa basta a previsibilidade. Não significa que a previsão exclui a culpa. A previsão por si só, não indica dolo, podendo configurar a chamada culpa consciente. 
- Culpa Inconsciente
	- O perigo é conhecido
- Culpa Consciente
- A previsibilidade subjetiva, possibilidade de conhecimento do perigo analisada sob o prisma subjetivo do autor, levando em consideração seus dotes intelectuais, sociais e culturais, não é elemento da culpa, mas será considerada pelo magistrado no juízo da culpabilidade. 
Tipicidade: Art. 18, §único do CP. 
Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente.
Ex: No CP “dano culposo” é fato atípico, já no CPM é crime, tem previsão expressa. 
Relembrando! Crime culposo está descrito em tipo aberto, depende de complementação do juiz no caso concreto. Não descreve negligência, imprudência ou imperícia. Ex: Art. 121, §3º do CP. Temos um caso excepcional de crime culposo em que o legislador se antecipa ao magistrado, descrevendo, desde logo, comportamentos que indicam a negligência. Ex: Art. 180, §3º - receptação culposa. 
§ 3º - Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela desproporção entre o valor e o preço, ou pela condição de quem a oferece, deve presumir-se obtida por meio criminoso:
OBS: Temos aqui, comportamentos indicando negligência em sentido amplo. 
Espécies de Culpa:
Culpa consciente: Também chamada de culpa com previsão ou ex lascívia. O agente prevê o resultado, mas espera que ele não ocorra supondo poder evitá-lo, com a sua habilidade ou com a sorte. 
Culpa inconsciente: Também chamada de culpa sem previsão ou ex ignorantia. O agente não prevê o resultado que, entretanto era previsível, qualquer pessoa naquelas circunstâncias poderia prever a ocorrência daquele resultado. 
	Voluntariedade
	Consciência
	Vontade
	Dolo Direto
	Tem previsão
	
“Foda-
se”Vontade = Querer
	Dolo Eventual
	Tem previsão
	Vontade = Aceitar o resultado
	Culpa Consciente
	Tem previsão
	
“
Fodeu
ӄ quer, nem aceita o resultado, acredita poder evitar.
	Culpa inconsciente
	Não tem previsão e sim previsibilidade
	Ñ quer, nem aceita o resultado.
ATT! Se não há previsibilidade, o fato é atípico.
De acordo com o STF, embriaguez ao volante (com morte) indica culpa consciente, salvo se comprovada a presença da vontade quanto ao resultado. Já com relação ao “raxa”, há indícios de dolo eventual, devendo o caso ser julgado pelo júri popular. 
Culpa Própria ou propriamente dita: É aquela que o agente não quer e nem aceita o resultado. Tem como espécies: a culpa consciente e inconsciente. 
Culpa Imprópria ou por assimilação, extensão ou equiparação: É aquela em que o agente, por erro evitável, imagina certa situação de fato, supondo estar agindo acobertado por uma excludente de ilicitude (descriminante putativa), e, em razão disso, provoca intencionalmente um resultado ilícito. Apesar de a ação ser dolosa, o agente responde por culpa por razões de política criminal. Art. 20, §1º, CP. 
Descriminante Putativa art. 20, § 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo. 
Sendo dolosa a estrutura do crime, para muitos é a única modalidade de culpa que admite tentativa. 
Culpa Presumida ou in re ipsa: Tratava-se de modalidade de culpa admitida pela legislação penal antes de 1940 e consistia na presunção de culpa pela simples inobservância de uma disposição regulamentar. Hoje a culpa deve ser comprovada, não se admite presunção de culpa no Direito Penal. Não é trabalhada no Direito Penal. 
Observações finais acerca de culpa: 
A compensação de culpas, que existe no direito privado, é incabível no Direito Penal. 
É possível, portanto, a concorrência de culpas, respondendo todas pelo ilícito.
A culpa concorrente da vítima pode levar a uma atenuação da pena. Art. 59 do CP. 
Não se imputa o resultado ao agente na culpa exclusiva da vítima. 
Crime Preterdoloso: 
- Delitos agravados pelo resultado. 
Crime doloso agravado dolosamente: 
Ex: homicídio qualificado
Crime culposo agravado culposamente:
 Ex: incêndio culposo agravado pela morte culposa. 
Crime culposo agravado dolosamente: 
Ex: homicídio culposo agravado pela omissão de socorro 
Crime doloso agravado culposamente: Somente esta espécie é considerada um delito preterdoloso. O crime doloso é uma espécie de crimes agravados pelo resultado. Dolo no antecedente e culpa no consequente. No crime preterdoloso, o agente pratica um crime distinto do que havia projetado cometer, advindo o resultado mais grave, decorrência de negligência, imprudência ou imperícia. Cuida-se de espécie de crime qualificado pelo resultado (Art. 19, CP), havendo verdadeiro concurso de dolo e culpa no mesmo fato (dolo no antecedente – conduta; e culpa no consequente – resultado). Estamos diante de uma figura híbrida. Ex: lesão corporal seguida de morte. 
Elementos: 
Conduta dolosa visando determinado resultado.
Resultado culposo mais grave do que o projetado. 
Nexo causal entre conduta e resultado
ATT! Quando o resultado mais grave advém de caso fortuito ou força maior não é imputado ao autor da conduta. 
Crime Comissivo: O agente, com a sua conduta infringe um tipo proibitivo. Crime praticado por ação. 
- “Tipo Proibitivo”: O Direito Penal protege bens jurídicos proibindo condutas desvaliosas. 
- “Ação”: conduta desvaliosa proibida pelo tipo penal. 
Crime Omissivo: O agente, com a sua conduta infringe um tipo mandamental, não fazendo o que a lei determina. Omissão.
- “Tipo Mandamental”: O Direito Penal protege bens jurídicos determinando a realização de condutas valiosas. 
- “Omissão”: conduta valiosa que o agente deixa de realizar, desobedecendo mandamento legal. 
	Ação
	Omissão
	- Tipo proibitivo
- Condutadesvaliosa
- Fazer
	- Tipo mandamental
- Conduta valiosa não realizada
- Não fazer 
A norma mandamental (que manda agir) pode decorrer: 
Do próprio tipo penal: A omissão (não fazer) está descrita no próprio tipo penal. Art. 135, CP, Art. 269, CP. Omissão Própria 
 Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública.
Art. 269 - Deixar o médico de denunciar à autoridade pública doença cuja notificação é compulsória.
De uma Cláusula Geral: Norma geral anuncia quando a imissão é penalmente relevante. Art. 13, §2º, CP. Omissão Imprópria – o agente responde por crime omissivo (como se tivesse agido). 
§ 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem: 
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; (trata-se de dever legal, presente, por exemplo, na relação entre pais e filhos. Mãe que deixa de alimentar o filho, ocorrendo o resultado morte, responde por homicídio – doloso ou culposo; pois não evitou o resultado a que estava obrigada. É equiparada ao causador.) 
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; (trata-se da figura do garante ou do garantidor, como, por exemplo, a professora que assume a responsabilidade pelos alunos num passeio fora da escola. Se algum aluno morrer, pode a professora ser responsabilizada pela morte, respondendo por homicídio – doloso ou culposo. Omissão do dever de evitar o resultado). 
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado. (temos aqui a chamada “ingerência na norma”. A doutrina cita como exemplo a pessoa que empurra outra na piscina, que por não saber nadar, morre afogada. Quem empurrou pode responder por homicídio – doloso ou culposo. Tinha o dever de evitar o resultado). 
Omissão Própria:
 Não fazer Omissão descrita no tipo penal (responde por crime omissivo)
Omissão Imprópria:
Não fazer Responde como se tivesse agido (responde por tipo proibitivo)
Situações: 
A mãe mata o filho. Responderá por homicídio ou infanticídio
A mãe deixa de alimentar o filho de terna idade, querendo sua morte. Omissão Imprópria
3º pessoa, percebendo que a vítima estava em perigo não lhe presta socorro. Omissão Própria
	Omissão Própria
	Omissão Imprópria
	- O agente tem dever genérico de agir.
- Atinge a todos indistintamente
- A omissão está descrita no tipo
- Não admite tentativa
	- O agente tem o dever jurídico de evitar o resultado. 
- É endereçado a personagens especiais. Art. 13, §2º do CP. 
- O omitente vai responder como se tivesse agido, causado o resultado (tipo proibitivo). 
- Admite tentativa
Ex: Fulano percebendo que Beltrano precisava de socorro, não lhe presta assistência. Beltrano morre. Fulano praticou qual crime? Fulano se presentes as hipóteses do Art. 13, §2º, CP (pai e filho, por exemplo), responderá por homicídio. Se ausentes as hipóteses do Art. 13,§2º, CP (fulano não conhece beltrano, por exemplo), responderá por omissão de socorro. 
 - Crime de conduta mista: Crime composto de ação no antecedente e omissão no consequente. Ação seguida de omissão. Ex: Art. 169, §único, II do CP. 
II - quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total ou parcialmente, deixando de restituí-la ao dono ou legítimo possuidor ou de entregá-la à autoridade competente, dentro no prazo de quinze dias. b
- Conceito de Crime: Fato típico, antijurídico e culpável. 
Crime é diferente de fato punível: O fato punível tem três requisitos, fato típico, antijurídico e ameaça de pena. Essa última é uma exigência específica.
Crime é diferente de fato punível e culpável: O fato punível e culpável tem quatro requisitos, fato típico, antijurídico, ameaça de pena e culpabilidade. 
- Tipicidade: 
	Causalismo
	Neokantismo
	Finalismo
	- Final do séc. XIX e início do séc. XX. 
- Von Liszt e Beling
Causalismo: relação de causa e efeito.
- A tipicidade é objetiva e neutra. Neutra no sentido de ser mera descrição abstrata do crime. 
- Requisitos: 
Conduta humana voluntária
Resultado naturalístico (crime materiais)
Nexo de causalidade 
Adequação típica 
	- Vai de 1900 até 1933. 
- Mezger
- Por que Neokantismo? Recupera a teoria dos valores de Kant. O Direito é valorativo.
- A tipicidade é objetiva e valorativa. 
- Requisitos:
Conduta humana
Resultado naturalístico
Nexo de causalidade
Adequação típica
Os requisitos são iguais, mas por detrás está o valor. 
Fato típico: é o fato valorado negativamente pelo legislador. 
	- Vai de 1945 até 1960. 
- Welzel 
- A tipicidade é objetiva e subjetiva. 
Na parte objetiva não muda os antigos requisitos. 
Conduta humana
Resultado naturalístico
Nexo de causalidade
Adequação típica
Na parte subjetiva há dois requisitos: 
Dolo (está na cabeça do réu) 
Culpa (é juízo de valor do réu)
A Tipicidade agora é objetiva e subjetiva: STF HC 84412. Roxin, 1970 
Objetiva: 
Tipicidade formal: continua com os 4 requisitos de sempre, a conduta, nexo causal, resultado e adequação típica.
Tipicidade material: 
Fato juridicamente relevante ou valoração da conduta: conduta tem que ser valorada, é relevante ou não? Com base em que critério que o juiz vai valorar? No risco proibido relevante (imputação objetiva). O juiz vai analisar se aquela conduta que gerou o resultado foi praticada no contexto de um risco proibido ou permitido. Ex: dar um tiro na cabeça de alguém é um risco proibido; já um risco permitido seria dirigir corretamente, gera um risco, mas é permitido. Uma coisa é matar outra coisa é cometer homicídio, o risco proibido converte a morte em homicídio. Essa diferença é muito importante. STJ HC 46525
O primeiro critério da imputação objetiva é o Risco Proibido Relevante. Imputação objetiva, Tipicidade conglobante e tipicidade material significam a mesma coisa. 
Fato juridicamente ofensivo ao bem jurídico: se a conduta for formalmente típica e não afetar juridicamente o bem jurídico não há tipicidade. Ex: Acórdão do Celso de Mello: STF HC 84412. Neste caso foi reconhecida a tipicidade formal, porém aplicou-se o Princípio da Insignificância por não haver tipicidade material. 
E o perigo abstrato? Pois neste caso não há ofensa concreta, a ofensa é presumida. É admitida no direito brasileiro, como exemplos: no caso do tráfico de drogas, direção embriagada. 
OBS: Teoria da Confiança: quem pratica uma atividade seguindo as regras da atividade pode confiar que os outros também observarão a regra. Ex: o medico que opera, confia que o anestesista tenha feito o seu trabalho corretamente. Porém não é absoluta, por exemplo, não pode se esperar que uma criança correndo atrás da bola vá parar. 
OBS: Quem atua para diminuir o risco não responde, ainda que gere resultados nefastos. Ex: causar uma lesão corporal para evitar uma morte. Afasta a tipicidade material. 
OBS: O fato fora do domínio do agente não responde, afasta a tipicidade material. Ex: do sobrinho, que manda o tio para a floresta negra para que ele possa morrer atingido por um raio e ele ficar com a herança dele. 
OBS: Auto colocação da vítima em perigo em razão da própria conduta: neste caso o réu não responde por nada, ninguém responde. Ex: comissão de formatura de Cuiabá. 
	Cooperação para auto colocação em risco, a conduta homicida não foi do jornalista, a vítima se colocou em situação de risco. O jornalista chefe cooperou para o risco permitido. 
Subjetiva: será estudado pelo Rogério. 
Dolo
Erro de Tipo
- Conceito: Falsa representação da realidade. É o erro que recai sobre as elementares, as circunstâncias ou qualquer dado agregado ao tipo penal. O agente não tem consciência ou não tem plena consciência da sua conduta. Ex: Mulher que sai às pressas da sala de aula e, por engano, leva a bolsa de sua

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