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Analise do filme Babel

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Analise do filme Babel
Alejandro González Iñárritu é hoje um nome de referência no mundo do cinema. Realizou até à data, três longas-metragens, todas elas apreciadas em todo o mundo. Estas três obras formam no seu conjunto, a “Trilogia da Morte”. Sendo que a primeira parte da trilogia pertence a «Amor Cão» (2000), a segunda parte a «21 Gramas» (2003) e a terceira parte a «Babel» (2006). Estes filmes têm em comum três aspectos: a estrutura narrativa binária (existência de mais do que uma linha narrativa, neste caso são quatro), a sua temática dramática e a fragilidade das nossas acções na vida real.
 A acção passa-se em três continentes diferentes, com quatro grupos de personagens, quatro histórias, quatro raças e quatro culturas. Richard e Susan (Brad Pitt e Cate Blanchett), um casal de norte-americanos de férias em Marrocos; Amelia (Adriana Barraza), a ama mexicana dos filhos daqueles, tem de se deslocar, com o sobrinho Santiago (Gael García Bernal) ao seu país-natal para o casamento do filho; Chieko (Rinko Kikuchi) uma adolescente japonesa surda-muda está em conflito consigo mesma e com o pai (Kôji Yakusho); dois jovens pastores de cabras no deserto marroquino. Estes, ao brincarem com uma caçadeira, os dois marroquinos atingem, por acidente, um autocarro de turistas e ferem Susan. Richard faz tudo para a tentar salvar. Enquanto, a ama das suas crianças, decide levá-las ilegalmente para o México, para não faltar ao casamento de seu filho. Entretanto, a jovem japonesa descobre que a polícia anda à procura do pai.
 O título do filme é muito curioso e não foi escolhido ao acaso. Segundo a narrativa da Bíblia, a torre de Babel foi construída pelos homens (descendentes de Noé) com o objectivo de chegar aos céus, para estarem mais próximos de Deus. Este não gostou da ideia e proibiu a sua construção. Assim Deus confundiu as linguas dos homens. Estes deixaram de se compreender entre si, pois cada povo passou a usar palavras diferentes. A torre de Babel ficou inacabada e os homens separaram-se, cada povo foi viver na sua própria terra.
 No filme de Iñárritu temos quatro línguas diferentes, inglês, japonês, árabe e espanhol. São quatro grupos de personagens que não se conhecem, vivem em locais longinquos uns dos outros. As suas acções na vida tem efeitos nas outras pessoas, mas eles não se apercebem. A grande mensagem deste filme é a de que nós não estamos sozinhos no mundo. Estamos todos ligados no mundo em que vivemos. As nossas acções têm repercussões muito grandes, pois continuamos a depender de outras pessoas para sobreviver. Quer seja de um amigo, familiar ou de um estranho que, numa determinada altura pode modificar a nossa vida para sempre.
 Os osbtáculos de comunicação não são as línguas, não é um problema de língua. Mas sim de preconceitos. O preconceito do terrorismo (quando Susan é baleada, todos pensam que foi um acto terrorista); o preconceito da raça (a polícia americana tenta arranjar qualquer provocação aos mexicanos para os prender); o facto de Chieko ser surda-muda impede-a de poder arranjar um namorado e fazer novas amizades. Iñárritu diz, que por muito diferentes que sejamos, todos sentimos a dor da mesma maneira. Tem sido esta a temática em todos os seus filmes.
 É de referir ainda que o argumento foi escrito por Iñárritu e Guillermo Arriaga. Esta dupla trabalhou em conjunto na “trilogia da morte”, tendo criado obras fenomenais. «Babel» foi nomeado para sete Óscares da Academia, tendo ganho apenas um, o de Melhor Banda Sonora. Iñarritu recebeu ainda um prémio em Cannes, o de Melhor Realizador. Um dos pontos fortes do filme, é também, o seu elenco, com interpretações fantásticas.
 «Babel» não é um filme fácil de se ver, pela sua complexa estrutura narrativa. Tanto estamos numa história, como de repente estamos noutra. O que obriga ao espectador a estar muito atento ao desenrolar da história. «Babel» é um filme muito intenso, muito realista e muito humano. É um filme obrigatório!

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