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Fenomenologia: Fundamentos e História

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Fenomenologia
Fundamentos epistemológicos e principais 
conceitos
Antecedentes Históricos 
Séc. XIV e XV: passagem do sistema feudal para o 
capitalismo 
Séc XVIII e XIX: Revolução Industrial na 
Inglaterra e Revolução Burguesa na França 
Final do séc XIX: disseminação da Revolução 
Industrial por toda a Europa. 
Nascimento da ciência moderna: conhecimento 
empírico e experimental
Antecedentes Históricos 
Na Alemanha, berço da fenomenologia, a Revolução Industrial foi 
tardia. 
Até meados do séc XVIII 
Característica de sociedade feudal 
Problema para unificar-se (confederação germânica) 
Demora para entrar no mercado mundial 
Processo de formação do Estado alemão foi diferente da França e da 
Inglaterra. 
Otto Eduarda abismara foi o articulados da unificação dos estados 
da confederação germânica. (Organizada na época em 39 estados)
Antecedentes Históricos 
1834: Após conflitos com a Áustria, e a implantação da 
Zollverrein ( união aduaneira) o capitalismo foi iniciado na 
Alemanha. 
Incentivo ao avanço científico para alcançar os outros 
países da Europa. 
1848: Movimento Revolucionário, de igual influência que a 
Revolução Industrial e Revolução Francesa. Criação de 
legislação trabalhista. 
1871, a Alemanha foi reorganizada em 25 estados - 
fundação do II Reich.
Antecedentes Históricos 
O crescimento industrial alemão foi 
acompanhado de extensa legislação trabalhista, o 
que tornou a Alemanha o pais mais avançado do 
mundo neste sentido. 
Pensamento filosófico alemão está diretamente 
ligado ao movimento social, político e econômico 
vivido neste período.
Fundamentos Epistemológicos
Husserl desenvolverá a fenomenologia a partir do que considerou 
limites das propostas filosóficas de Descartes, Kant e Hegel. 
O conhecimento só é possível através de uma redução Fenomenológica: 
despojar-se de todas as pré-concepções: 
"O que um sujeito conhece refere-se àquilo que que apreendeu do 
objeto a partir de sua vivência e pressupostos. 
Redução Fenomenológica único Meio de chegar a essência do objeto e 
não apenas à aparência. 
Consciência intencional: o sujeito constitui o objeto, a consciência 
sempre será consciência de alguma coisa e o objeto sempre um objeto 
para uma consciência.
René Descartes 
1596-1650: 
Problematizou a 
dicotomia corpo e mente. 
Propôs o retorno as 
coisas mesmas 
Husserl diz que Descartes 
 não explorou os pressupostos 
transcendentais da experiência 
empírica: retornou à dúvida 
sistemática que o levou ao 
cogito.
Para Husserl: é a subjetividade 
da consciência a única fonte 
transcendental de todo o 
conhecimento absolutamente 
válido 
Descartes X Husserl
Kant X Husserl
Immanuel Kant (1724-1804): 
impõe limites ao conhecimento 
humano, pois nem tudo pode 
passar pela intuição sensível. Os 
objetos são percebidos e 
apreendidos conforme a maneira 
pela qual são percebidos pelos 
sentidos, condição a priori de 
sensibilidade, espaço e tempo
Kant: o mundo é dividido em 2 níveis: 
Aparência ou dos fenômenos: são as 
propriedades dos objetos existentes 
Essência ou "coisa em si": impossível de 
atingido pela razão pura, impossível de 
ser conhecido 
Assim não conhecêssemos as coisas em si 
mesmas, mas somente o modo pelo qual 
ela nós aparecem (fenômeno)
Husselr: é contrário a concepção kantiana de mundo, de homem e de 
conhecimento. Para Husserl a relação do sujeito e objeto é permeada pela 
intencionalidade que possibilita a apreensão da essência dos fenômenos.
Hegel X Husserl
Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770-1831): rompe com a proposta de Kant 
em separar aparencia e essência. Propõe uma unidade contraditória entre real 
e racional (A fenomenologia do espírito em 1807).
Para Kant: o absoluto ou ser é cognoscível e a Filosofia é uma retomada 
paciente do caminho que o Espírito percorre no desenvolver da História. Ele 
está presente em cada momento da experiência humana.
Dialética proposta por Hegel: o fenômeno e a essência são momentos distintos 
neste movimento contraditório 
Husserl discorda de Hegel nesta unidade ser fenômeno. Para ele, o sentido do 
ser e do fenômeno são distintos mas não podem ser dissociados e, portanto, 
podem ser apreendidos.
A dialética hegemonia será incorporada na Fenomenologia pelos 
seguidores de Husserl ( Heidegger, Biswanger, Sartre) 
Fundamentos Epistemológicos
Existencialismo surge contemporaneamente a 
Fenomenologia. 
Criador: Sören Aabye Kierkegaard (1813-1855) que terá 
grande influênciano pensamento de Heidegger, 
discípulo de Husserl, que desenvolverá a Daseinanalyse. 
Kierkegaard critica o sistema hegeliano (a unidade real e 
racional unifica o interno e o externo, elimina a 
distinção entre Deus, mundo e indivíduo , dado que 
tudo se íntegra numa essência única, que é o Espírito 
Absoluto.
Existencialismo de 
Kierkegaard 
O indivíduo , o sujeito, é uma categoria essencial da existência. A verdade é 
uma apropriação subjetiva, pois sua raiz está na existência concreta e 
integrada de cada indivíduo particular.
Há um abismo entre o Indivíduo, em sua singularidade, e o Espírito Absoluto, 
entreo tempo disponível para realizar suas potencialidades e a eternidade que é 
o próprio Indivíduo Absoluto. 
Questiona a busca da verdade objetiva: o importante é introduzir a verdade na 
existência e não tanto conece-la
Dialética: exige que o Indivíduo se aprofunde no autoconhecimentonda sua 
existência que se apresenta como posições dos extremos . O eu não é dado, 
somente sua possibilidade de existir. O que Heidegger regateara na sua crítica a 
Husserl sobre a consciência transcendental.
Fundamentos e Conceitos da 
Fenomenologia
Propõe à descrição da estrutura dos fenômenos. 
Husserl busca um método universal que possa reger o 
pensamento de modo que se atinja o conhecimento universal 
e verdadeiro. 
Deve-se considerar tudo aquilo relacionado ao ato de 
conhecer, como, por exemplo, a subjetividade. 
Propõe criar bases da verdadeira fundamentação da Filosofia. 
Estabelece algumas exigências que deveria conter esta 
fundamentação. 
1- deve ser a priori: independente da experiência, uma vez que uma ciência 
teórica e absoluta prescinde da experiência, sempre contingência e particular/ 
singular
As características da verdadeira 
fundamentação 
2-ausência de pressupostos: inteira liberdade, sem nós deixarmos influenciar 
por qualquer opinião dominante.
3-o fundamento radical tem que ser evidente por si mesmo, isto é, 
autojustificavel, 
Pois possui um caráter imediato e plenamente reflexo
Intenção X Intuição: existe uma intuição significativa quando significamos 
intencionalmente o objeto, sem considerar sua presença. A intenção pode ser 
preenchida pela presença do objeto, neste caso tem-se a intuição. A intuição é o 
preenchimento de uma intenção. A evidência é a consciência da intuição.
Husserl distingue as evidências a partir do objeto e não do sujeito. 
Intuição sensível refere-se a uma singularidade empírica - objeto diante de 
mim
Todo conhecimento seria o retorno à "coisa mesma". "Coisa mesma" é 
entendida não como realidade existindo em si, mas como fenômeno; fenômeno 
este se dá a nós por intermédio dos sentidos dotados de uma essência 
A essência de um fenômeno é intuída. Intuir significa identificar o fato e ver o 
sentido ideal que cada pessoa atribui a ele ao percebê- lo. Todo fenômeno tem 
uma essência, o que se traduzirá pela possibilidade de designá-lo, nomeá-lo, e 
ele sempre estará vinculado a um sentido para quem percebe.
Verdade: para obter uma verdade é descobrir o fenômeno, com o objetivo de 
atingir a sua essência, "matéria" da qual se constituem todas as coisas.
No processo das coisas mesmas deve haver um despojamento de pré-
concepçõese pré-juízos antes deste ser percebido. Passos para constituir a 
essência "das coisas mesmas":
1 - epoché e redução : "atitude natural" consideramos as coisas como exteriores, 
o mundo como existente em si, independente da nossa consciência. Há algo mais 
evidente que o objeto exterior: é a própria consciência do objeto exterior. Em 
relação às coisas enquanto existentes exteriormente, o filósofo deve "suspender" 
o seu juízo. Tal suspensão recebe o nome de epoché. Não se põe em questão o 
mundo exterior, mas apenas se "reduz" à consciência.
De um lado tem-se a realidade transcendente que corresponde às coisas 
enquanto existentes fora ou para além da consciência, por outro, a realidade 
transcendental que se aplica às "coisas" enquanto reduzidas à consciência. 
Ambos os mundos são reais.
2 - Redução psicológica e redução transcedental: redução 
psicológica significa suspender todos os juízos relativos a tudo 
que é exterior ao sujeito. É preciso fazer uma redução 
transcendental - epoché a essas existências psicológicas.
Consciência pura ou transcendental nos elevamos pela redução 
psicológica/transcedental: as vivências perdem inteiramente o 
seu caráter psicológico e existencial para conservarem apenas a 
relação pura do sujeito plenamentepurificado ao objetivo 
enquanto consciente, que é o objeto meramente significado.
Objeto intencional : é a constituição doobjeto pensado, produto 
da relação sujeito-objeto, portanto conhecimento produzido.
Intencionalidade da consciência: enquanto ato, é sempre consciência de 
alguma coisa. É a descrição das diferentes formas de relação do sujeito e 
o mundo. Ela é mediadorada relação do sujeito com o mundo.
No processo de redução Fenomenológica para chegar a Verdade utiliza-se 
da consciência que envolve três dimensões:intencionalidade, 
temporalidade e horizonte.
Temporalidade da consciência: toda consciência intencional é uma síntese 
no tempo. " a percepção do objeto supõe a percepção de sua identidade ao 
longo do tempo de uma sucessão de imagens. O significado do objeto 
depende do que recordamos dele."
Horizonte da consciência: a consciência intencional envolve uma atualidade 
explícita (consciência de algo) e uma potencialidade implícita, que se refere 
ao conjunto de estados passados, antecipados, sugeridos, suspeitos, 
assemelhados ...em relação ao qual o objeto tematizado adquire um 
significado para o sujeito. Os horizontes são na experiência pré reflexiva 
inconscientes, passando desapercebidos. Uma das tarefas das análises 
fenomenologicas é justamente esclarece-las.
Consciência para Husserl 
A consciência é constituída por "atos intencionais". , que são a 
percepção, a memória, especulação, paixão, imaginação...
A consciência é dada a priori, de forma a garantir a possibilidade 
de conhecer, caracterizando-se como Consciência Transcedental.
Os noesis são atos intencionais que se dirigem para e visam algo. Os noemas 
são os objetos em sua essência ou com significados aos quais os noesis se 
direcionam. A consciência não visa seus objetos da mesma forma, nem 
esteslhe são apresentados da mesma maneira.
A relação entre sujeito (noesis) e o objeto (noemas) é chamada 
intencionalidade. Há um movimento tal entre sujeito e objeto que um se 
dirige ao encontro do outro.
A Fenomenologia é a busca empática que estabelece ligações entre sujeito 
e o objeto através dos atos intencionais, da possibilidade de comunicação, 
seja pela fala ou pela escuta, e da expressividade. " cabe a Fenomenologia: 
"distinguir, revelar o que há de essencial na percepção, recordação, 
imaginação".
Em função do sentimento interior (intropia-Einfühlung) constitui-se outros-
eu na consciência transcendental, como sujeitos cognoscentes, idênticos. O 
sujeito Fenomenológico atinge um grau superior constituindo-se como um 
entre muitos.
Heidegger 
O pensamento de Heidegger se desenvolverá pós Husserl: foi aluno de Husserl.
O homem existe compreendendo, especializando e 
temporalidade o seu existir no mundo.
Critica aos preconceitos metafísicos existentes no conceito de SER
O ser é indefinível, evidente por si só é de entendimento universal:"todo ser 
humano sabe o que é o ser e sabe o que é o não-ser.
O ser tem em si a possibilidade de não-ser, uma vez que, ao mesmo tempo que é 
algo, também é o contrário deste algo. Todo ser ser é um vir-a-ser. O que denota 
a dialética hegeliana.
A unidade dos contrários é o ponto fundante do ser. A identidade surge a 
partir do que não somos, ou seja, nossa alternador, o outro.
Heidegger 
O ser é um ser em relação: ser-mundo. O ser dá sentido ao mundo, significa-o, 
de modo que o mundo possa existir.
O Eu torna-se Eu. Apenas possui identidade, quando em relação com Tu, que 
é o mundo, a alteridade, o outro. O ser é responsável pelos sentidos e 
significados do mundo.
A compreensão do mundo trata da compreensão de si próprio. A relação pode 
se dar de duas maneiras: o Eu-Isso e o Eu-Tu. O Isso é visto como objeto de 
experiência. Na relação Eu-Tu há recíprocidade na relação, nela há colocado 
limites ao ser, o qual percebe a existência do outro, ou de sua alteridade.
A significação do mundo se da dentro da temporalidade e do espaço. No 
passado está a memória dos fatos aos quais são atribuídos significados no 
presente. O futuro contém o vir a ser
A atuação clínica objetiva os sentidos e significados que o paciente/cliente 
atribui no momento vivido, aos fatos passado de sua vida.
Heidegger 
O espaço é o local onde o ser atua. O ser caminha sua atuação em direção à 
morte o que causa o sentimento de Angústia. Esta diante do nada que o leva a 
reflexão do seu sentido no mundo, da sua existência. A Angústia diante da 
morte dá ao ser a possibilidade de refletir sobre si mesmo no mundo e obter 
respostas sobre seu sentido e o sentido do mundo ao seu redor. 
Dasein: "ser-aí" a "ser-no-mundo". A oportunidade do ser exercer o poder 
de escolhas, assim é uma possibilidade de ser. O ser humano é inacabado, é 
um constante "vir-a-ser".

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