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Atrac¸a˜o Gravitacional∗ Arthur Mattuck Massachusetts Institute of Technology – MIT A integral tripla pode ser usada para calcular a atrac¸a˜o gravitacional que um corpo so´lido V de massa M exerce sobre uma massa pontual situada na origem. Se o so´lido V e´ tambe´m uma massa pontual, enta˜o de acordo com a lei de gravitac¸a˜o de Newton a forc¸a que ele exerce e´ dada por F = GM |R|2 r (1) onde R e´ o vetor posic¸a˜o desde a origem ate´ o ponto V , e o vetor unita´rio r = R/|R| e´ sua direc¸a˜o. Entretanto, se o corpo so´lido V na˜o e´ uma massa pontual, temos que usar a integrac¸a˜o. Vamos nos concentrar em encontrar apenas a componente do eixo Oz da forc¸a gravitacional – de qualquer maneira, em todos os nossos exemplos o corpo so´lido estara´ posicionado simetricamente de tal forma que toda a forc¸a so´ tenha componente no eixo Oz. Para calcular a forc¸a, dividimos o so´lido V em pequenas regio˜es de volume ∆V e massa ∆m. Se a func¸a˜o densidade e´ δ(x, y, z), a massa da regia˜o contendo o ponto (x, y, z) e´ ∆m ≈ δ(x, y, z)∆V, (2) Pensando nessa pequena regia˜o como sendo essencialmente uma massa pon- tual em (x, y, z), a forc¸a ∆F que ela exerce na massa pontual da origem e´ dada por (1). Assim, indicando por rz e ∆Fz as componentes no eixo Oz de r e ∆F , temos que ∆Fz = G ∆m |R|2 rz, ∗Traduc¸a˜o livre, por Mayra Madeira, do texto Gravitacional Attraction 1 2 Em coordenadas esfe´ricas, e de acordo com a fi- gura, temos que rz = cosφ. Logo, usando (2), obtemos que ∆Fz = G cosφ ρ2 δ∆V = G δ∆V ρ2 cosφ. Se somarmos todas as contribuic¸o˜es das forc¸as de cada regia˜o de massa ∆m e passarmos o limite, teremos que a componente Oz da forc¸a gravitaci- onal e´ dada por Fz = G ∫∫∫ V cosφ ρ2 δ dV. (3) Se a integral esta´ em coordenadas esfe´ricas, enta˜o dV = ρ2 senφ dρ dφ dθ, e a integral se torna Fz = G ∫∫∫ V δ cosφ senφ dρ dφ dθ. (4) Exemplo 1 Encontre a atrac¸a˜o gravitacional da metade superior de uma esfera so´lida de raio a centrada na origem e densidade δ = √ x2 + y2. Soluc¸a˜o. A forc¸a sera´ na direc¸a˜o do eixo Oz, ja´ que a densidade e´ sime´trica em relac¸a˜o a ele, e por isso podemos usar (3) e (4). Como√ x2 + y2 = r = ρ senφ, a integral fica Fz = G ∫ 2pi 0 ∫ pi/2 0 ∫ a 0 ρ sen2 φ cosφ dρ dφ dθ que pode ser calculado rapidamente e e´ igual a pi Ga2/3. � Exemplo 2 Seja V a regia˜o cortada de uma esfera so´lida de raio a √ 2 por um plano a uma distaˆncia a do centro da esfera. Encontre a atrac¸a˜o gravitacio- nal de V em uma massa pontual no centro da esfera (considere a densidade igual a 1). 3 Soluc¸a˜o. Para aproveitar a simetria, localize a origem no centro da esfera e alinhe o eixo do so´lido com o eixo Oz (de forma que o lado plano do so´lido seja paralelo ao plano Oxy). Usaremos coordenada esfe´rica, e o principal problema e´ determinar os limites de integrac¸a˜o. Se fixamos φ e θ e deixamos ρ variar, obtemos um raio que entra em V pelo seu lado plano em z = a ou ρ cosφ = a, e deixa V no lado esfe´rico, ρ = a √ 2. Os raios que interceptam V dessa forma sa˜o aqueles para os quais 0 ≤ φ ≤ pi/4, como podemos ver na figura. Enta˜o, por (4), Fz = G ∫ 2pi 0 ∫ pi/4 0 ∫ a√2 a/ cosφ senφ cosφ dρ dφ dθ = 2pi G ∫ pi/4 0 a (√ 2− 1 cosφ ) senφ cosφ dφ = 2pi Ga ( 3 √ 2 4 − 1 ) . � Observac¸a˜o. Newton provou que uma esfera so´lida de densidade uni- forme e massa M exerce a mesma forc¸a numa massa pontual externa como se fosse uma massa pontual de massa M localizada no centro da esfera. Isso na˜o se generaliza para outros so´lidos uniformes de massa M – na˜o e´ verdade que a forc¸a gravitacional que eles exercem e´ a mesma que aquela exercida por uma massa pontual de massa M em seus centros de massa. Pois se fosse assim, uma massa de teste unita´ria colocada no eixo entre duas massas pontuais iguais, M e M ′, seria atra´ıda para o ponto me´dio, quando na verdade ela e´ atra´ıda para a mais pro´xima das duas massas.
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