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Limites em Integrais Iteradas∗ Arthur Mattuck Massachusetts Institute of Technology – MIT Para a grande maioria dos estudantes a parte mais dif´ıcil de calcular integrais iteradas e´ determinar os limites de integrac¸a˜o. Felizmente, para isso existe um procedimento bastante geral que pode ser aplicado em qualquer sistema de coordenadas. O procedimento comec¸a com um esboc¸o da regia˜o, sendo esse um passo indispensa´vel. 1 Integrais Duplas em Coordenadas Retangulares Vamos ilustrar esse procedimento no casa onde ele ocorre mais usualmente: integrais du- plas em coordenadas retangulares. Suponha que queremos calcular a integral∫∫ R f(x, y) dy dx onde R e´ a regia˜o entre x2 + y2 = 1 e x + y = 1, conforme figura acima. Suponha ainda que estamos integrando primeiro com relac¸a˜o a y. Nesse caso, para determinar os limites de integrac¸a˜o, 1. mantenha x fixo e deixe y aumentar (ja´ que estamos integrando com relac¸a˜o a y). A` medida que o ponto (x, y) se desloca, ele trac¸a uma reta vertical; ∗Traduc¸a˜o livre, por Mayra Madeira, do texto Limits in Iterated Integrals 1 1. Integrais Duplas em Coordenadas Retangulares 2 2. integre do valor de y onde a reta vertical entra na regia˜o R ate´ o valor de y onde ela deixa a regia˜o; 3. em seguida deixe x aumentar, integrando do menor valor de x para o qual a reta vertical intercepta R, ate´ o maior desses valores. Aplicando esse roteiro para a regia˜o R ilus- trada acima, a reta vertical entra em R em y = x− 1 e sai em y = √1− x2. As retas verticais que interceptam R sa˜o aquelas entre x = 0 e x = 1. Enta˜o obtemos como limites∫∫ R f(x, y) dy dx = ∫ 1 0 ∫ √1−x2 1−x f(x, y) dy dx Para calcular a mesma integral, iterando primeiro na varia´vel x, proceda como segue: 1. mantenha y fixo e deixe x aumentar (ja´ que estamos integrando pri- meiro com respeito a x). A` medida que o ponto (x, y) se desloca, ele trac¸a uma reta horizontal; 2. integre do valor de x onde a reta horizontal entra em R ate´ o valor de x onde ela a deixa a regia˜o; 3. escolha os valores de y que incluam todas as retas horizontais que in- terceptam R. Seguindo esse procedimento, a reta horizontal entra em R em x = y−1 e sai em x =√1− y2. As retas horizontais que interceptam R sa˜o aquelas entre y = 0 e y = 1. Segue-se que os limites sa˜o∫∫ R f(x, y) dx dy = ∫ 1 0 ∫ √1−y2 1−y f(x, y) dx dy, 2. Integrais Duplas em Coordenadas Polares 3 2 Integrais Duplas em Coordenadas Polares O mesmo procedimento funciona no caso de coordenadas polares. Supo- nha que queremos avaliar a integral∫∫ R dr dθ. onde R e´ a mesma regia˜o da sec¸a˜o anterior. Suponha ainda que estamos integrando primeiro com relac¸a˜o a r. Nesse caso, para determinar os limites, 1. mantenha θ fixo e deixe r aumentar (ja´ que estamos integrando primeiro com relac¸a˜o a r). A` medida que o ponto se move, ele trac¸a um raio partindo da origem; 2. integre do valor de r onde o raio entra em R ate´ onde ele sai da regia˜o. Com isso obtemos os limites de r; 3. integre do menor valor de θ para o qual o raio correspondente intercepta R ate´ o maior desses valores. Esse procedimento requer a equac¸a˜o da reta em coordenadas polares. Para isso, observe que x+ y = 1 ⇒ r cos θ + r sen θ = 1, ou r = 1 cos θ + sen θ . Este e´ o valor de r para o qual o raio entra na regia˜o; ele sai da regia˜o quando r = 1. Os raios que interceptam R ficam entre θ = 0 e θ = pi/2. Assim, a integral dupla iterada em coordenadas polares tem os limites∫∫ R dr dθ = ∫ pi/2 0 ∫ 1 1/(cos θ +sen θ) dr dθ. 3. Integrais Triplas em Coordenadas Retangulares e Cil´ındricas 4 3 Integrais Triplas em Coordenadas Retangulares e Cil´ındricas O procedimento agora e´ praticamente o mesmo das sec¸o˜es anteriores. Considere o caso em que integramos primeiro em relac¸a˜o a z na integral∫∫∫ D dz dy dx. Nesse caso, 1. mantenha x e y fixos e deixe z aumentar. Isso nos da´ uma reta vertical. 2. Integre do valor de z que a reta vertical entra na regia˜o D ate´ o valor onde ela deixa essa regia˜o. 3. Procure os limitantes restantes (em coordenadas cartesianas ou em coordenadas polares) de forma a incluir todas as retas verticais que interceptam D. Esses limites correspondem a` projec¸a˜o R da regia˜o D sobre o plano Oxy. Por exemplo, se D e´ a regia˜o que fica entre os dois parabolo´ides z = x2 + y2 e z = 4− x2 − y2, seguindo os passos 1 e 2 obtemos∫∫∫ D dz dy dx = ∫∫ R ∫ 4−x2−y2 x2+y2 dz dA onde R e´ a projec¸a˜o de D sobre o plano Oxy. Para terminar, devemos determinar essa projec¸a˜o. Da figura, o que devemos determinar e´ a curva no plano Oxy sobre a qual as duas superf´ıcies se interceptam. Encontramos a curva eliminando z das duas equac¸o˜es, obtendo x2 + y2 = 4− x2 − y2 de onde segue-se que x2 + y2 = 2. Assim a curva que limita R e´ o c´ırculo no plano Oxy com centro na origem e raio √2. 4. Coordenadas Esfe´ricas 5 Isso torna natural introduzir as coordenadas polares na regia˜o R, como indicado a seguir.∫∫∫ D dz dy dx = ∫ 2pi 0 ∫ √2 0 ∫ 4−x2−y2 x2+y2 dz dr dθ; Observe que os limites em z devem ser substitu´ıdos por r2 e 4− r2 quando a integral for efetuada. 4 Coordenadas Esfe´ricas O mesmo procedimento pode ser usado tambe´m em coordenadas esfe´ricas. Para calcular os limites de integrac¸a˜o em uma integral iterada ∫∫∫ D dρ dφ dθ, suponha que estamos integrando primeiro com res- peito a ρ. Nesse caso, o procedimento e´ como segue: 1. mantenha φ e θ fixos e deixe ρ aumentar. Isso nos da´ um raio saindo da origem; 2. integre do valor de ρ onde o raio entra na regia˜o D ate´ o valor onde o raio sai da regia˜o. Isso nos da´ os limites em ρ; 3. mantenha θ fixo e deixe φ aumentar. Isso nos da´ uma famı´lia de raios, que formam uma espe´- cie de leque. Integre sobre os valores de φ para os quais o raio intersecta a regia˜o D; 4. finalmente, encontre os limites de θ de tal forma que inclua todos os leques que interceptam a regia˜o D. Por exemplo, suponha que o c´ırculo no plano Oyz, de raio 1 e centro em (1, 0), seja rotacionado ao redor do eixo Oz, e que a regia˜o D seja a parte desse so´lido que esta´ no primeiro octante. 4. Coordenadas Esfe´ricas 6 A figura ao lado ilustra as coordenadas ρ e φ restritas ao plano Oyz. Para ver a relac¸a˜o en- tre essas coordenadas quando P esta´ no c´ırculo, observe que φ = OÂP , uma vez que tanto φ como o aˆngulo OÂP sa˜o complementares do aˆn- gulo AÔP . Do triaˆngulo da direita obtemos que senφ = ρ/2, e portanto ρ = 2 senφ. Conforme o c´ırculo gira ao redor do eixo z, a relac¸a˜o entre ρ e φ permanece a mesma, e portanto ρ = 2 senφ e´ a equac¸a˜o de toda a superf´ıcie. Para determinar os limites de integrac¸a˜o, quando φ e θ sa˜o fixos, o raio correspondente entra na regia˜o quando ρ = 0 e a deixa quando ρ = 2 senφ. A` medida que φ aumenta, com θ fixo, os raios que interceptam D sa˜o aqueles entre φ = 0 e φ = pi/2, ja´ que estamos considerando somente a porc¸a˜o da superf´ıcie que esta´ no primeiro octante (e portanto acima do plano Oxy). Mais uma vez, como D esta´ no primeiro octante, os valores de θ va˜o de θ = 0 ate´ θ = pi/2. Finalmente, a integral iterada e´ dada por∫ pi/2 0 ∫ pi/2 0 ∫ 2 senφ 0 dρ dφ dθ. 1 Integrais Duplas em Coordenadas Retangulares 2 Integrais Duplas em Coordenadas Polares 3 Integrais Triplas em Coordenadas Retangulares e Cilíndricas 4 Coordenadas Esféricas
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