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Manual Universitário de Electrodinâmica Clássica – Rogério Uthui Página 50 CAPÍTULO II CORRENTE CONTÍNUA § 21. Alguns conceitos fundamentais. Como foi dito anteriormente, o campo electrostático dá origem ao movimento de cargas livres no condutor (corrente eléctrica) até ao instante em que os campos das cargas, que se redistribuíram, se compensem mutuamente. Neste caso as cargas ocupam lugares definidos nos condutores. Daqui segue que para se garantir um movimento contínuo de cargas dentro de um condutor, deve existir um campo eléctrico. Esse campo, pela sua origem, já não é electrostático. Um campo eléctrico constante no tempo que causa uma corrente eléctrica constante (contínua) num condutor, chama-se campo estacionário. A existência de um campo estacionário num condutor é equivalente à manutenção de uma diferença de potencial (ddp) constante entre as extremidades do mesmo. Analisemos, por exemplo, o processo de estabelecimento de uma corrente eléctrica num circuito (figura 2.1a). Na parte superior do circuito, os fios estão carregados electricamente e existe um campo estacionário entre eles. Ao se ligar o interruptor, o campo eléctrico “espalha-se” por todo o condutor com velocidade muito próxima à velocidade da luz (figura 2.1b). Por causa disso as cargas começam um movimento ordenado quase ao mesmo tempo em todo o fio. Neste caso, os portadores reais de corrente nos metais (que são os electrões de condução) têm uma velocidade do movimento ordenado muito baixa (da ordem de milímetros por segundo - mm/s). Consideremos, para comparação, a velocidade média do movimento caótico (térmico) dos electrões que, para temperatura normal é de cerca de 1000 km/s! Passado um tempo suficiente, estabelece-se um campo eléctrico constante no tempo, isto é, um campo estacionário. Como foi dito, o campo eléctrico num circuito, deve ser mantido constante a partir de fora, ou, por outras palavras, para realizar trabalho de deslocar continuamente cargas, é necessário uma fonte constante de energia de origem diferente da electrostática (que pode ser de origem mecânica, térmica, Figura 2.1 a) e b). Processo de estabelecimento de uma corrente eléctrica contínua num condutor em circuito fechado. Manual Universitário de Electrodinâmica Clássica – Rogério Uthui Página 51 química, etc.). Nesta fonte de energia, deve ocorrer a transformação constante de uma espécie qualquer de energia em energia eléctrica. Este processo ocorre na fonte de forca electromotriz. As fontes de força electromotriz (f.e.m.) criam um campo de forcas externas, chamado campo externo que mantêm o regime estacionário no circuito. Dentro e fora dos condutores age um campo estacionário que move as cargas eléctricas tanto ao longo da superfície, como por toda a secção do condutor. A figura 2.2 mostra a distribuição das cargas superficiais e a configuração das linhas de força no campo da corrente. O circuito está representado sob a forma de um anel grosso com uma separação na qual se tem uma fonte de f.e.m. que mantém entre os contactos A e B uma ddp. Dentro do condutor as linhas de força têm o aspecto de círculos concêntricos com o condutor, enquanto que fora, as linhas estão dispostas sob um certo ângulo em relação ao condutor. Assim, o vector E tem componentes normal e tangencial à superfície do condutor. Para dois pontos quaisquer que não estejam na mesma secção transversal (por exemplo os pontos 1 e 2 na figura 2.2.) existe uma ddp φ1 – φ2 (voltagem U) que se descreve matematicamente como: ∫ ∫=−==− 1 2 2 1 21 ldEldEU l rrrrϕϕ Tendo em conta esta relação, escrevamos a lei de Ohm para essa parte do circuito na forma integral: (21.1) Onde I é a corrente eléctrica, R – a resistência activa (resistência óhmica) da parte do circuito entre os pontos 1 e 2. A expressão (21.1) é valida apenas para a parte do circuito onde actua um campo estacionário e na qual não haja fontes de f.e.m. Muitas vezes, porém, se encontram circuitos contendo fontes de f.e.m. Nesses casos, a lei de Ohm tem o seguinte aspecto: Figura 2.2. Distribuição do campo estacionário e do campo externo num condutor com corrente eléctrica. ∫ == 2 1 IRldEU l r Manual Universitário de Electrodinâmica Clássica – Rogério Uthui Página 52 R U extI ε−= (21.2), onde εext é a f.e.m. da fonte contida no circuito. No geral o sinal de εext pode ser (+) ou (-) e , por isso, R U extI ε±= (21.3). A f.e.m. εext está associada ao campo eléctrico externo com intensidade tal que: extE → (21.4) ∫∫ == → → l extl l extext ldEldE rrr ,ε Onde l é a parte do circuito em que actua a f.e.m. Considerando (21.4) e (21.1) podemos reescrever a lei de Ohm para a parte do circuito contendo uma f.e.m. (21.3) da seguinte maneira: ∫ += l extll ldEldEIR )( , rrrr (21.5) Analisemos a circulação do vectores → E e por um circuito fechado (contendo a fonte e a circuito externo). O campo estacionário criado pelas cargas é potencial e a sua circulação por um circuito fechado será zero. extE → A Lei de Ohm para todo o circuito, tendo em conta a resistência total R + r ( aqui, r é a resistência interna na fonte de f.e.m.), tem o seguinte aspecto: I(R + r) = ( ) ext L extlextll dlEdlEdlE ε==+ ∫ ,, L ∫ (21.6) Daqui segue a definição f.e.m., como a circulação do vector pelo circuito fechado ou como a queda total de potencial na resistência do circuito R e na da fonte r: extE → rR Ι+Ι=ε (21.7) Aqui, I.R = U é a voltagem nas extremidades da fonte e I.r - a perda da voltagem dentro da fonte. Como se sabe U depende da resistência total, i .e, do valor da corrente. § 22. Lei de Ohm na forma diferencial. Para aplicações práticas e para análise teórica usa–se, muitas vezes, o conceito de densidade de corrente (corrente que passa por unidade de área da secção transversal do condutor). Seja S0 a área de secção transversal do condutor (figura 2.3). Para uma corrente constante, distribuída uniformemente pelo condutor, a densidade de corrente é definida como: Manual Universitário de Electrodinâmica Clássica – Rogério Uthui Página 53 0S j Ι= rr (22.1) No caso mais geral, de distribuição não uniforme da corrente pela superfície , a densidade da corrente passa para a derivada: 0S 0dS dj Ι= rr (22.2) As fórmulas (22.1) e (22.2) dão-nos o valor numérico da densidade da corrente. O vector densidade de corrente tem um sentido que coincide com o sentido do movimento das cargas positivas. Se for o vector normal, unitário, dirigido ao longo de corrente e, por isso, perpendicular a , então: → j 0 → n 0S 0 0 →= n dS dI→j d(22,3) Imaginemos, em seguida, uma outra secção qualquer, com a normal à sua superfície . É claro que e, passando para a superfície elementar, d = e a expressão (22,2) pode-se reescrever da seguinte maneira: → n ⎟⎠ ⎞⎜⎝ ⎛⋅= →→ njSS ,cos0 0S ⎟⎠ ⎞⎜⎝ ⎛⋅ →→ njdS ,cos SdjnjjdSjdS n r r+⎟⎠ ⎞⎜⎝ ⎛==Ι →→,cos0 (22.4) O campo do vector densidade da corrente pode ser representado por linhas chamadas linhas de corrente. Em cada ponto destas linhas, o vector está dirigido tangencialmente. O conceito de densidade de corrente permite dar à Lei de Ohm uma forma nova. Escolhamos no campo de corrente (figura 2.4) um cilindro elementar de comprimento cujas bases → j ,lΔ 0SΔ são perpendiculares a . Se este cilindro for considerado como uma parte de um condutor com resistência → j ,RΔ então a Lei de Ohm pode ser escrita desta maneira: Figura 2.3. Ilustração da definição do conceito de densidade da corrente eléctrica. Manual Universitário de Electrodinâmica Clássica – Rogério Uthui Página 54 RΔ=ΔΙ − 21 ϕϕ Consideremos que o campo seja homogéneo numa pequena parte ,lΔ do condutor . Conhecendo a fórmula para a resistência 0S lR Δ Δ=Δ ρ (definição da resistência eléctrica de um condutor com resistividade ρ, comprimento Δl e área de secção transversal ΔS0). Assim, a lei de Ohm ganha o seguinte aspecto: 0 0 Sj S E Δ= Δ Δ Δ⋅= l l ρ ΔΙ Que, depois das simplificações fica: EE γρ ==j (22.6) Onde γ =1/ρ é a condutibilidade eléctrica da substância que compõe o condutor. Nos meios isotrópicos, o vector densidade de corrente e o vector intensidade do campo eléctrico, coincidem na direcção e podemos passar para a forma vectorial: (22.7) →= Eγ→j → j Esta é a Lei de Ohm na forma diferencial. De facto, na sua expressão não existem diferenciais e o seu nome deve-se ao facto de ela estabelecer a ligação entre grandezas que se relacionam a um ponto dado do condutor. No caso mais geral, quando existe uma fonte de f.e.m. no circuito, a expressão (22.7) toma o seguinte aspecto: (22.8) ⎟⎠ ⎞⎜⎝ ⎛ += →→ extEEγ § 23. Outras leis da corrente contínua na forma diferencial. Muitas vezes torna-se necessário aplicar outras leis da corrente continua na sua forma diferencial. Encontremos, para ilustração, a forma diferencial de lei de Joule–Lenz. R URUm 2 2 =Ι=Ι=Q (23.1) Figura 2.4. Dedução da lei de Ohm na forma diferencial. Manual Universitário de Electrodinâmica Clássica – Rogério Uthui Página 55 Onde Qm é a quantidade de calor libertado pela corrente I num condutor com resistência R durante 1s. Seja qm a quantidade de calor libertado pela corrente por unidade de volume e unidade de tempo. É óbvio que V Qq mm = , sendo V o volume do condutor. No caso mais geral, ⎪⎪⎩ ⎪⎪⎨ ⎧ = = ∫ v mm m m dVqQ dV dQq (23.2) Calculemos a quantidade de calor QmΔ que se liberta num cilindro elementar de volume . De acordo com (23.1), temos: lΔ⋅Δ=Δ 0SV lΔΔ= ESjQm ,0Δ donde se obtem jE S ESj V Qmqm =Δ⋅Δ Δ⋅⋅Δ⋅=Δ Δ= l l 0 0 (23.3) Encontramos assim, a Lei de Joule–Lenz na forma diferencial que também se pode escrever como: γρργ 2 2 2 2 jjEEjEm =====q ∑ k (23.4) Para a passagem da forma integral (23.1) à diferencial, lembremos que o análogo de I é j, de U é E e o de R é ρ. A Lei de Joule–Lenz na forma diferencial refere–se a um volume unitário e não a um ponto. O calor libertado num ponto é zero. Passemos para a 1ª regra de Kirchoff muito usada para o cálculo de circuitos eléctricos: a soma algébrica das correntes em cada ponto de derivação (nodo ou nó) é igual a zero, isto é , . 0=kI Esta lei deriva da lei de conservação da carga eléctrica. Fixemos, no campo da corrente, uma superfície fechada. No volume delimitado por essa superfície, num dado intervalo de tempo, a quantidade de electricidade que entra é igual àquela que sai. Considerando a equação (22.5) podemos escrever a regra de Kirchoff como: ∫ S =dSnj 0rr (23.5) Manual Universitário de Electrodinâmica Clássica – Rogério Uthui Página 56 Onde a integração faz–se ao longo da superfície fechada S. Lembremo-nos que, pelo teorema de Gauss, dVjdivdSj S V n ⋅=∫ ∫ →rr (23.6 ) Esta equação é para qualquer volume e, por isso, podemos escrever para a expressão sob o sinal de integral (23.7) 0=jrdiv A expressão (23.7) é a 1ª regra de Kirchoff na forma diferencial. Ela é normalmente chamada equação da continuidade da corrente estacionária. Daqui segue que as linhas da corrente, no caso da corrente estacionária, não têm fontes, i.e., estão fechadas em si. A equação (23.7) é válida apenas para campos estacionárias. No caso de ligação, desligação ou, dum modo geral, variação do campo, ou ainda, casos de corrente alternada, ela não se usa uma vez que nesses casos há acumulação ou desaparecimento da carga. A corrente de descarga de um condensador qualquer, de acordo com a lei de conservação da carga , é igual ao decréscimo da carga por unidade de tempo: I = - dt dQ (23,8). Envolvamos este condensador (ou parte dele) por uma superfície S fechada e pensemos no caso geral de distribuição da carga .Durante a descarga, pela superfície S passa a corrente ∫= V dVQ ρ ∫= s ndSjI r Assim: ∫−= v n dVdt ddSj ρr∫ s ( 23.9) A parte esquerda, pelo teorema de Gauss pode ser transformada e teremos t jdiv ∂ ∂−=→ ρ (23.10 ) Que é a forma diferencial da equação de continuidade da corrente e que ao mesmo tempo é a lei de conservação da carga e que significa que a divergência da corrente a partir de um volume unitário é igual à diminuição da carga no interior desse volume por unidade de tempo. Manual Universitário de Electrodinâmica Clássica – Rogério Uthui Página 57 CAPÍTULO III CAMPO MAGNÉTICO DE CORRENTES CONSTANTES § 24. Campo magnético de correntes constantes lineares. Leis de Ampère e de Biot-Savart-Laplace Uma das conquistas da Física no séc. XIX foi o estabelecimento dos seguintes factos: da mesma maneira que uma carga em repouso num certo sistema cria um campo eléctrico, uma carga em movimento (num certo sistema referencial)cria um campo magnético que, por sua vez, exerce uma força sobre cargas em movimento. Cargas em repouso não causam campos magnéticos e nem experimentam nenhuma força por parte deste. O campo magnético de cargas em movimento foi descoberto por Oersted em 1820, quando notou na acção da corrente sobre uma agulha magnética. Biot–Savart e Laplace estabeleceram a ligação entre a intensidade da corrente e a intensidade do campo magnético por ela criado. Esta lei já conhecida do curso de Electricidade e Magnetismo, foi formulada para o caso de correntes lineares, isto é, correntes em condutores cujas dimensões lineares da secção (por exemplo o diâmetro) são menores que as distâncias até ao ponto de observação. Ampère descobriu a ligação entre a força com que um campo magnético actua num elemento de corrente de prova e a intensidade do campo. As duas leis (de Ampère e de Biot–Savart - Laplace) descobertas empiricamente, formam a base da teoria de campo magnético de campos constantes (campo magnético estacionário). Sabe–se, da experiência, que a força dF com a qual o campo magnético age sobre um elemento de corrente de prova, é proporcional à grandeza i.dl.sinα, onde α – é o ângulo entre a direcção de i ld r e da intensidade do campo → H . Segundo a regra do produto vectorial, é perpendicular ao plano no qual se encontram os vectores → dF ld r e → H e os três vectores formam um terno direito. A expressão completa para a intensidade do campo magnético é dada por: αμ idsen dF 0 1=H (24.1) μ - é um coeficiente de proporcionalidade. Daqui segue a expressão para a força elementar: 0 HxlidHxliddF rrr 00 μμ =⎥⎦ ⎤⎢⎣ ⎡= →→ (24.2) Manual Universitário de Electrodinâmica Clássica – Rogério Uthui Página 58 Esta é a Lei de Ampère. Ela pode ser usada para cálculos da interacção mecânica do campo magnético no elemento de corrente apenas quando se conhece o valor da intensidade do campo → H ( x,y,z). Este valor pode ser calculado a partir da distribuição das correntes no espaço e coordenados, usando a lei de Biot–Savart–Laplace na sua forma diferencial: 3r rxlIdkH → → =d r (24.3) Onde é a intensidade elementar do campo magnético criado pelo elemento de corrente → Hd ld rΙ num certo ponto de observação A, e → r , é o raio-vector com inicio no ponto M onde fica localizado o elemento da corrente e tem o fim no ponto de observação A( x, y, z). No sistema internacional a expressão pode ser escrita da seguinte maneira: ),,( 000 zyx 34 r rldiH →→ → ×=d π (24.4) e na forma escalar ( )24 ,.. r rlsendldH π rrΙ= (24.5) Onde as unidades de I = Ampere, r e - metros e H – Ampere/metro. A constante l 270 104 A Hx −= πμ (Henry por ampere ao quadrado). Para se obter o campo resultante criado por um condutor de comprimento , usa–se o principio de sobreposição. l ∫= l r rxld 34 1H rrr π (24.6) O que corresponde a três integrais escalares do tipo: ( ) ( )[ ]∫ −−−= e x r yydzzzdy 3 0000 4 1 πH e etc. Onde utilizamos ; Passando da força elementar que age no elemento de corrente ld rΙ para a força que actua em todo o condutor com corrente I, ( ) ( )000 000 .......).........( ............................. ........................................ zzyyxx dzdydx kji rld −−− =×→→ ( ) ( 0000)( yydzzzdyrxld x −−−= )rr ( ) ( 0000)( zzdxxxdzrxld y −−−= )rr ( ) ( 0000)( xxdyyydxrxld z −−−= )rr Manual Universitário de Electrodinâmica Clássica – Rogério Uthui Página 59 HxldI e F rr∫= 0μ→ F (24.7) Esta forma tem um formato mais fácil parta o caso de um campo homogéneo de uma corrente recta: ),(..0 HllsenHI rrr μ= (24.8) § 25. Campo magnético de correntes volumétricas e superficiais. O conceito de correntes lineares introduzido até agora corresponde a uma situação ideal. Na prática, todas as correntes são volumétricas. Transformemos um elemento da corrente linear num elemento de corrente volumétrica. Escolhamos no campo da corrente volumétrica um cilindro recto elementar de comprimento dl com base dS, perpendicular à corrente dI, que passa através deste cilindro. Uma vez que a secção dS é um infinitésimo, pode-se considerar ld rΙ como um elemento de corrente linear. Partindo da igualdade dI = j.dS, obtemos: dVjljdSdld →==Ιd rr (25.1) Onde o sinal de vector passou de ld r para . A expressão j.dV é um elemento da corrente volumétrica. → j Usando esta mudança, reescrevemos a expressão (24.4) para uma corrente volumétrica: dV r rxjH 34 d π →→ → = (25.2) Figura 3.1 Corrente linear Figura 3.2 Corrente superficial Figura 3.3 Corrente Volumétrica Para calcular a intensidade de campo magnético criado pela corrente que flui no volume V, devemos integrar por todo o volume: Manual Universitário de Electrodinâmica Clássica – Rogério Uthui Página 60 dV r rxj v ∫= 341H rrr π (25.3) Às vezes temos que analisar uma corrente superficial e, correspondentemente, a densidade superficial da corrente. Imaginemos que o campo fluí pela superfície S. Por definição, a densidade superficial da corrente é o vector cujo sentido coincide com o da velocidade das cargas positivas e é numericamente igual à corrente que flui através de um segmento de comprimento unitário, perpendicularmente ao sentido do movimento das cargas: → i n dh d ri r Ι= (25.4) Onde é um vector unitário perpendicular a dh. Transformemos o elemento de corrente linear em elemento de corrente superficial nr dSi dh dhlddld r d rr =⋅⋅Ι=Ι. (25.5) (O sinal de vector passou de ld r para i r ); rescrevamos a expressão (24.4 ) para o campo do elemento de corrente superficial: dS r rxiH 34πd rrr = (25.6) e, daqui, o campo resultante: dS r rxi S ∫= 341H rrr π (25.7) Nestas variantes da lei de Biot–Savart – Laplace, não entra explicitamente o valor da permeabilidade magnética μ, isto é, elas podem ser usadas para o cálculo do campo magnético tanto para o vácuo como para uma substância. § 26. Lei da corrente total. Equação diferencial do campo magnético de corrente constante ( 1ª equação de Maxwell). O método de cálculo da intensidade do campo magnético de uma corrente com base da Lei de Biot– Savart – Laplace não é o único. Mais abaixo iremos mostrar outros métodos de resolução desta questão e que permitem demonstrar propriedades importantes dos campos magnéticos de correntes eléctricas. Manual Universitário de Electrodinâmica Clássica – Rogério Uthui Página 61 Seja I a corrente num fio condutor longo e recto (figura 3.4). Analisemos a circulação do vector → H através da linha de força L (circunferência de raio R ) a projecção Hl na tangente à linha de força do campo magnético, é igual à intensidade determinada para o caso de um fio condutor infinito R I π2 . Por isso, a circulação de → H será: Ι=== ∫∫→→ dlRIdlHdlH LlL π2∫L (26.1) Daqui segue que a circulação não depende do raio da linha de força escolhida. Pode-se demonstrar que ele também não depende nem da forma do condutor, nem da forma do circuito à volta do qual se faz o contorno. Usando a definição da magnetostática clássica, de que a intensidade do campo magnético H é igual à força com a qual o campo actua num pólo magnético unitário, então a circulação pode ser tratada como trabalho para mover um pólo unitário por um caminho fechado. (Há uma certa semelhança com a circulação). 3 I1 Analogamente ao caso do circuito eléctrico, onde a circulação do vector eléctrico é o trabalho para mover uma carga unitária ao longo de um circuito fechado e que se chama força electromotriz, então a circulação do vector → H chamar-se-á força magnetomotriz. Ι== →→∫ dlH L mε (26.2) Figura 3.4 Circulação do vector intensidade do campo magnético Figura 3.5. Lei da corrente total, Manual Universitário de Electrodinâmica Clássica – Rogério Uthui Página 62 Seja S, a superfície delimitada pela linha L (figura 3.5.) e na qual passam correntes I1, I2, I3, ….etc. Por força das propriedades acima indicadas do vector H r a expressão (26.2) pode ser generalizada para: k kL m dlH Ι== ∑∫ →→ε (26.3) Onde ΣIk - é a soma algébrica das correntes que atravessam a superfície S. A equação (26.3) chama se normalmente Lei da Corrente Total. Para o caso particular em que temos N correntes iguais passando através da superfície S. NIdlH L m .== →→∫ε (26.4 ) Nas equações de (26.1) até (26.4 ) fala-se de correntes lineares. É claro que a lei da corrente total (26.3) pode ser generalizada mesmo para o caso da corrente volumétrica, substituindo ∫∑ = dSjI n ∫= s nl dSjdlH∫ L ∫ s (26.5) Daqui vem a principal diferença entre o campo electrostático e o campo magnético estacionário: no primeiro caso a circulação do campo eléctrico é igual a zero, enquanto que para o segundo caso, isto é para o campo magnético, a circulação pode ser diferente de zero. Transformemos a parte esquerda de (26.5 ) usando o teorema de Stokes: (26.6) ∫=→ s n SdjSdHrot rrrr . Esta expressão é válida para quaisquer tamanhos e orientações dos circuitos no espaço e, por isso, as expressões sob o sinal de integral podem se igualar: ou nn jHrot rr = jHrot rr = (26.7) Esta é a expressão da 1ª equação de Maxwell para o campo magnético de correntes constantes. As equações (26.5) e (26.7) expressam a propriedade fundamental do campo magnético das correntes, o seu carácter rotacional. O campo eléctrico → E é causado por fontes (cargas) enquanto que o campo magnético estacionário é causado pela corrente e o campo magnético de correntes é devido ao rotacional. As linhas do campo Manual Universitário de Electrodinâmica Clássica – Rogério Uthui Página 63 magnético de correntes são fechadas; elas não têm início nem fim. Por outras palavras, não existem fontes ou cargas magnéticas. Isso expressa-se matematicamente da seguinte maneira: (26.8 ) 0= → Hdiv Assim, para o campo magnético estacionário de correntes num meio homogéneo, é válido o seguinte sistema de equações: ⎪⎪⎩ ⎪⎪⎨ ⎧ == = ⇔⎪⎩ ⎪⎨ ⎧ = = ∫ ∫ ∫ ∫ v s n L s n n dSHdVHdiv dSjldH Hdiv jHrot 00 r rr r r (26.9) § 27. Potencial vectorial de campos magnéticos estacionários longe de materiais magnéticos. Ficou demonstrado acima que o cálculo do campo eléctrico pode ser muito facilitado às vezes, com a introdução do potencial eléctrico escalar ϕ e posterior uso da sua ligação com a intensidade →E : ϕgradE −=r Uma dependência análoga de um potencial escalar magnético mϕ da intensidade Hgrad m r−=ϕ não tem nenhum sentido uma vez que esta dependência iria pressupor a existência de campos potenciais e, por conseguinte de fontes de campo (cargas magnéticas). Para o cálculo da intensidade do campo magnético de correntes introduz-se um potencial vectorial. Para este fim, transformemos a expressão sob o sinal de integral de uma das Leis de Biot-Savart - Laplace: (por exemplo, a fórmula (25.3)), Tendo em conta a igualdade demonstrada no §11, 3 1 r r r grada r −=⎟⎠ ⎞⎜⎝ ⎛ , então podemos escrever: ⎥⎦ ⎤⎢⎣ ⎡ ⎟⎠ ⎞⎜⎝ ⎛=⎥⎦ ⎤⎢⎣ ⎡−= j r grad r gradj r rxj aa rrrr 11 3 O índice a significa que o ponto onde se encontra a fonte considera-se que está em repouso enquanto que o ponto de observação, está em movimento. Usando uma fórmula conhecida da análise vectorial, ( ) [ ] arotagradarot rrr ... ϕϕϕ += E considerando ,1 jae r rr ==ϕ obteremos: Manual Universitário de Electrodinâmica Clássica – Rogério Uthui Página 64 jrot r j r grad r jrot aaa r11 +⎥⎦ ⎤⎢⎣ ⎡ ⎟⎠ ⎞⎜⎝ ⎛= → → Uma vez que o valor do vector j no elemento dV não depende da deslocação do ponto de observação, então 0=jrota r , o que é fácil demonstrar através da decomposição do operador rotacional pelas suas componentes: ( ) ( ) ( ) 0,,,, 000000 =∂∂−∂∂= z zyxjy zyxjjrot yzxa r e etc. Assim: 3 1 r rxjj r grad r jrot aa rrrr =⎥⎦ ⎤⎢⎣ ⎡ ⎟⎠ ⎞⎜⎝ ⎛=⎟⎟⎠ ⎞ ⎜⎜⎝ ⎛ (27.1) E (25.3) pode-se transformar para dV r jrotH v ⎟⎟⎠ ⎞ ⎜⎜⎝ ⎛= ∫→ r π4 1 (27.2) Uma vez que a diferenciação para o cálculo de rotacional faz-se pela coordenada do ponto de observação e a integração pelo volume do condutor com corrente, podemos trocar a sequência das operações rotacional e integral: ⎟⎟⎠ ⎞ ⎜⎜⎝ ⎛= ∫ dVrjrotH v rr π4 1 (27.3) Introduzindo a grandeza dV r jA v o ∫= rr π μ 4 (27.4) A equação (27.3) tomaa seguinte forma: ArotH rr 0 1 μ= (27.5) → A é o potencial vectorial ou “vector potencial do campo magnético”. O índice sob a operação rotacional pode ser retirado uma vez que A é sempre função das coordenadas do ponto de observação. Assim a intensidade do campo pode ser imaginada como um rotacional de um certo campo vertical A , chamado potencial vectorial ou vector potencial de campo magnético. Manual Universitário de Electrodinâmica Clássica – Rogério Uthui Página 65 Diferentemente do potencial escalar φ que é introduzido com base nas relações energéticas, o potencial vectorial é introduzido formalmente a partir de definições matemáticas. Analogamente, podem se escrever os potenciais vectoriais para uma distribuição linear e superficial de correntes: dS r iA s ∫ → → = π μ 4 0 (27.6) dl r eA l ∫ → → = π μ 4 0 (27.7) A cada um dos integrais (27.4), (27.6) e (27.7) correspondem três componentes escalares do tipo . Comparando as expressões para o potencial vectorial (27.4), (27.6) e (27.7) com a equação para a intensidade do campo magnético (25.3), (25.7) vê-se que as primeiras são as mais simples. Por isso, para resolver problemas de cálculo da intensidade do campo de correntes, procede-se da seguinte maneira: determina-se primeiro o potencial vectorial de onde se passa para a intensidade do campo magnético. Da expressão r jdVAd → → = π μ 4 0 segue que o vector potencial é paralelo à corrente. § 28. Equação de Poisson – Laplace para o potencial vectorial longe de substâncias magnéticas. Às vezes a questão de determinação do potencial resolve-se mais facilmente se se partir da equação diferencial de Poisson-Laplace. Obtenhamos, pois, esta equação usando a definição do potencial vectorial (27.5) e a equação diferencial do campo correntes constantes (26.7). Colocando esta última equação obtemos: jArotrot rr 0μ= (28.1) Usemos a fórmula da análise vectorial: (28.2) →→→ Δ−= AAgraddivArotrot Onde zyx AkAjAiA Δ+Δ+Δ=Δ →→→ r dV r dxA v x ∫= πμ4 0 Manual Universitário de Electrodinâmica Clássica – Rogério Uthui Página 66 sem nenhumas limitações podemos considerar (28.3) 0= → Adiv de onde segue que 0=Agraddiv r e a equação (28.1) pode se reescrever como: jA rr 0μ−=Δ (28.4) Esta é a equação de Poisson que se aplica para pontos com corrente. Quando não se tem corrente nos pontos, esta equação chama-se equação de Laplace que tem o seguinte aspecto: 0=ΔA r Sintetizando: dV r rE v ∫= 3 0 . 4 1 rr ρ πεε ∫ ×= v dVr rjH 34 1 r rr π (28.5) ϕ ∫= v dV r ρ πεε 04 1 ∫= v dV r jA rr π μ 4 0 (28.6) 0εε ρϕ −=Δ jA rr 0μ−=Δ (28.7) ϕgradE −= → ArotH rr 0 1 μ= (28.8) As equações (28.5), (28.6) e (28.7) para o campo electrostático são para meios dieléctricos homogéneos. Para o vácuo, a permeabilidade relativa ε desaparece no denominador. Analogamente, as equações para o campo magnético (28.5 ) são para um meio homogéneo e (28.6) - (28.7) para o vácuo. § 29. Campo magnético de correntes constantes em materiais magnéticos homogéneos. Vector indução magnética ܤሬሬሬറ Nos parágrafos anteriores estudou-se o campo magnético de correntes na ausência de materiais magnéticos, isto é, no vácuo, para o qual µ = 1. Para a maior parte das substâncias, no entanto, o valor da permeabilidade magnética relativa µ, difere de 1 em muito pouco e, por isso, numa primeira aproximação, as fórmulas são também válidas para esses casos. Manual Universitário de Electrodinâmica Clássica – Rogério Uthui Página 67 Quando no campo se introduz um ferromagnético, não é possível desprezar a sua influência. Neste capítulo, analisam-se apenas campos magnéticos de correntes constantes que, como se sabe, são linhas fechadas. Lembremos os conceitos relacionados com o campo magnético de uma corrente circular fechada. As suas propriedades magnéticas caracterizam-se pelo momento magnético റm: റm = IS ሬ݊റ ሺ29.1ሻ Onde I - é a corrente linear do circuito plano, S – a superfície delimitada pelo circuito e ሬ݊റ െ um vector unitário normal, no cento desta superfície. O sentido desta normal está relacionado com o sentido da corrente pela regra do parafuso direito. Ampère pela primeira vez afirmou que os portadores elementares das propriedades magnéticas das substâncias são as correntes intramoleculares. Do ponto de vista moderno, os portadores elementares das propriedades magnéticas das substâncias são os momentos magnéticos orbital e spínico do electrão atómico റml e റms. O momento magnético resultante do átomo, ሬሬሬറma = ∑ ሺ ሬܲറ റ௦ሻ (29.2) é a soma algébrica dos momentos magnéticos de todos os electrões. O campo magnético criado pelo momento magnético a uma distância r, muito maior que as dimensões lineares do circuito, pode ser, também calculado como o campo do dipolo eléctrico (§ 11). O momento de força que age sobre o momento magnético externo, depende do momento magnético da corrente fechada. Para o momento de força é válida a equação: ܭሬሬറ = റ ൈ μ0ܪሬሬറ (29.3) Que é análoga à expressão do momento das forças que actuam num momento dipolar eléctrico. Como no caso electrostático, pode-se escrever a energia do momento magnético num campo externo homogéneo. Figura 3.6. Manual Universitário de Electrodinâmica Clássica – Rogério Uthui Página 68 Suponhamos que no campo da corrente que flui por um selenóide se introduz uma substância magnética. Sob a acção do campo magnético ela se magnetiza. O mecanismo deste fenómeno de magnetização consiste na orientação dos momentos magnéticos microscópicos ao longo do campo externo. O estado magnético da substância é caracterizado pelo vector magnetização – soma geométrica dos momentos magnéticos dos átomos (ou moléculas) por unidade de volume. ܬറ = ∑റ (29.4) Onde ܬറ - é o análogo magnético do vector polarização റ. Como foi visto antes, a intensidade do campo das correntes ܪሬሬറ não muda quando o campo é preenchido por um magnético homogéneo. Isto é assim, porque na lei de Biot – Laplace não entra a grandeza µ e deve-se ao facto de o campo do vector ܪሬሬറ ser devido apenas às correntes macroscópicas (chamadas correntes de condutividade). O caso de um magnético homogéneo preenchendo todo o campo é fácil de realizar com o auxílio de uma argola com um enrolamento condutor, com corrente(figura 3.7). Neste caso, a fórmula de intensidade do campo do solenóide (ܪ ൌ ூ , ݊݀݁ ݈ െ ݈݄݅݊ܽ ݉é݀݅ܽ ݀ܽ ܽݎ݈݃ܽ) é exacta. O campo da toróide é homogéneo e está todo localizado dentro do volume da argola. Na presença de um núcleo magnético, ao campo primário ܪሬሬറ das correntes macroscópicas nos condutores do enrolamento, soma-se o campo adicional H’ሬሬሬറ das correntes moleculares ordenadas. A soma algébrica de ܪሬሬറ e ܪሬሬറ ’ é o vector indução magnética do campo ܤሬറ: ܤሬറ ൌ ܪሬሬറ + H’ሬሬሬറ (29.5) Desta maneira, no sistema CGS, os vectores ܤሬ റ e ܪሬሬറ têm a mesma unidade e a constante que os liga não tem unidades: ܤሬറ = µܪሬሬറ (29.6) No sistema CGS, [ܤሬറ] mede-se em Gauss; para H0 = 1 ሷܱ e (1 Oersted), a indução é 1µGs. No sistema SI a ligação é outra: Figura 3.7. Manual Universitá d mica Cl a – R rio Ut i Página 69 rio e Electrodinâ ássic ogé hu ܪሬሬറ + ’ Hሬሬሬറ = ሬറ ஜబ (29.7) ܤሬറ = µμܪሬሬറ (29.8) No vácuo, ܤሬറ = μܪሬሬറ. Com se disse antes, μ = 4ߨ ൈ 10ି Henry/metro, µ - não tem unidades; [B] – Tesla, [H] – Ampere/metro. 1 Tesla = 10ସ Gauss. o Assim, o campo do vector ܪሬሬറ é criado pelas correntes de condução, que se caracterizam pela densidade volumétrica ଔറ e densidade superficial ଓറ; o campo H’ሬሬሬറ é criado pelas correntes de cargas ligadas nos átomos e moléculas (correntes moleculares) que são caracterizadas pela densidade volumétrica ܬറ e densidade superficial ଓറ, enquanto que o campo do vector ܤሬറ é criado tanto por umas como por outras correntes. Da mesma maneira introduzem-se potenciais vectoriais ܣറ – potencial vectorial na ausência do magnético, A’ሬሬറ - potencial vectorial do campo criado pelas correntes moleculares ordenadas e ܣറ-vector- potencial do campo causado por estas e aquelas correntes: ܣറ = ܣറ + A’ሬሬറ (29.9) Nas fórmulas no § 27 referimo-nos ao campo no vácuo, cujo vector potencial representamos agora por ܣറ. Para ele foi escrito que: [veja (27.4) e (27.6)]. ܣറ = ஜబ ସగ ఫറ ௩ ݀ݒ + ஜబ ସగ పറ ௦ ݀ݏ (29.10) Onde ଔറ e ଓറ - são as densidades volumétrica e superficial, respectivamente, das correntes de condução. Analogamente, A’ሬሬറ = ஜబ ସగ റ ௩ ݀ݒ + ஜబ ସగ పറ ௦ ݀ݏ (29.11) E vem o vector – p tencial resultante:o ܣറ = ஜబ ସగ ሺఫറ ା റሻ ௩ ݀ݒ + ஜబ ସగ ሺ పറ ା పሬሬറሻ ௦ ݀ݏ (29.12) Reescrevamos a fórmula (27.5) tend m conta estas igualdades: o e ܪሬ ሬറ = ଵ ஜబ rot ܣറ e H’ሬሬሬറ = ଵ ஜబ rot A’ሬሬറ Donde se obtém eq aç o ܤሬ a u ã para റ: ܤ ሬሬሬറ= μ(ܪሬሬറ H’ሬሬሬറ ) = rot ܣറ + rot A’ሬሬറ = rot ܣറ (29.13) Manual Universitário de Electrodinâmica Clássica – Rogério Uthui Página 70 Onde a contribuição das correntes moleculares é tida em conta através de H’ሬሬሬറ (e não através de µ). Em (28.4), obtivemos a equação diferencial do potencial a partir da equação diferencial do campo de correntes, colocando div ܣ = 0. Assim, റ rot ܪሬሬറ = ଵ బ ஜ rot rot = ܣറ െ ଵ ஜబ = ; ∆ ܣ െ μ∆ܣറ ଔറ റ= 0ଔറ; rot H’ሬሬሬറ = ଵ ஜబ rot rot A’ሬሬറ = െ ଵ ஜబ ∆ A’ሬሬറ = ଔറmol; ∆ A’ሬሬറ = െ μ0ଔറmol; usando (29.8) e (29.13) obtemos: ܤ ሬ rot ሬሬറ = r ∆ܣറ = െµµ0ଔറ (29.15) rot ot ܣറ = െ∆ܣറ = μ0 (ଔറ ܬറ) = µµ0ଔറ (29.14) isto é: Antes foi demonstrada a semelhança entre os vectores ܦሬ ሬറ e ܪሬሬറ .: o campo do vector ܦሬሬറ é devido às cargas livres e o campo do vector ܪሬሬറ , ao movimento de cargas livres. Por outro lado, o campo do vector ܧሬറ é devido tanto às cargas livres como ligadas, e o campo do vector ܤሬറ também ao movimento das cargas livres e ligadas. Desta maneira não há uma correspondência na escolha dos nomes de ܪሬሬറ e ܤሬറ , devido a questões históricas. A nomenclatura mais lógica seria ܤሬറ – vector intensidade e ܪሬሬറ - indução do campo magnético. Para o vector ܤሬറ é válida a equação: div ܤሬറ = 0 (29.16) Passemos à forma integral das equações (29.14) e (29.16): ௦ n ܤሬݎݐ റdS = ldl = μ0 ሺଔറ ܬറሻௌ dS (29.17) ׯ ܤ ݀݅ݒ ܤሬറdV = ׯ ܤௌ ndS = 0 (29.18) Na fórmula (29.18) figura uma grandeza importante, o fluxo da indução magnética através de uma superfície fechada. ׯ ܤௌ ndS ؠ ܤሬ റௌ d റܵ = (29.19) O fluxo do vector ܤሬറ mede-se em Webber. 1 Webber = 1 Tesla x m2. No sistema de Gauss, o fluxo da indução magnética mede-se em Maxwell (Mx); 1Mx = 1Gs x 1 cm2. Manual Universitário de Electrodinâmica Clássica – Rogério Uthui Página 71 Uma vez que 1 Tl = 104Gs, então 1 Wb = 104Gs כ 104cm2 = 108 Mx. Notemos, para terminar, que a força com a qual o campo magnético actua num fio com corrente num campo magnético homogéneo, é determinado pelo vector ܤሬറ. Pela lei de Ampere, dܨറ = µµ0Idറ݈ ൈ ܪሬሬറ = Idറ݈ ൈ ܤሬറ E para as correntes volum ricas, ét dܨറ = µµ0ܬറ ൈ ܪሬ ሬറ dV= ܬറ ൈ ܤሬറ dV (29.20) § 30. Sistema completo das equações de Maxwell para campos magnéticos estacionários em substâncias magnéticas. Condições de fronteira dos vectores H e B. Resumamos os principais conceitos sobre o campo magnético estacionário em substâncias magnéticas. O campo do vector ܪሬሬറ é determinado pelo rotacional que é a corrente de condução. O campo do vector ܤሬറ não tem fontes. As equações de Maxwell para os campos magnéticos destes campos são: ቊݎݐ ܪ ሬሬറ ൌ ܬറ div ܤሬറ ൌ 0 (30.1) E a respectiva equação de ligação é: ܤሬറ = µµ0ܪሬሬറ . Na forma integral as fórmulas (30.1) têm o seguinte aspecto: e e de auss: no sist ma G ൞ ݎݐ ܪ ሬ ሬሬሬറ ൌ ସగ ܬറ ݀݅ݒ ܤሬറ ൌ 0 ܤሬറ ൌ ܪ ሬሬሬሬറ (30.2) a) Comportamento de vector indução magnética na fronteira entre dois meios. Em analogia ao que foi feito no §17, escolhamos na superfície de separação entre dois magnéticos quaisquer, uma superfície elementar ∆ܵ e construamos nele um prisma rectangular. O fluxo Φ do vector indução através deste prisma é composto pela parte do fluxo através das bases e pelo fluxo ᇱ através dos lados. Analogamente a (17.4) teremos: = ׯ ܤௌ ndS = (B2n െ B1n) ∆ܵ + ᇱ= 0 Manual Universitário de Electrodinâmica Clássica – Rogério Uthui Página 72 Comprimindo o prisma sem limites até ao plano, a componente do fluxo pelas faces laterais ᇱ ՜ 0 tende para zero, de onde segue B2n െ B1n = 0 , isto é: B2n = B1n (30.3) A componente normal do vector indução magnética na fronteira entre dois meios é contínua. b) comportamento do vector intensidade do campo magnético na fronteiraentre dois meios. O comportamento da componente normal do vector ܪሬሬറ, na fronteira entre dois meios segue da equação (30.3). Colocando, nesta fórmula, Bn= µµ0Hn, obteremos: µ µ0H = µ2 µ0H2n ou 1 1n ுమ ுభ = ஜଵ ஜଶ (30.4) Isto é, a componente normal do vector intensidade ܪሬሬറ, na fronteira entre dois meios, sofre um salto, cuja magnitude depende da relação entre as permeabilidades relativas dos dois meios. Analogamente ao §17 demonstra-se que a componente tangencial do vector intensidade também experimenta um salto. H2߬ – H1߬ = in (30.5) Manual Universitário de Electrodinâmica Clássica – Rogério Uthui Página 73 Figura 4.1. CAPÍTULO IV CAMPO MAGNÉTICO QUASE ESTACIONÁRIO § 31. Condições de quase estacionariedade Prestemos atenção ao facto de que em todas as equações acima analisadas para vectores e potenciais de campo, não entra o tempo de forma explícita. O facto de φ, ܧሬറ, ܣറ, ܪሬሬറ não dependerem do tempo significa que são estacionários. O significado físico disto é que os vectores dos potenciais e campos (bem como das outras grandezas com eles relacionados como força, fluxo de vectores, etc.) num dado momento, depende apenas da distribuição das cargas e correntes: δ, σ ଔറ e ଓറ. Esses campos estacionários são causados por cargas em repouso e correntes constantes (estacionárias). Para correntes variáveis, quando as densidades de cargas e correntes variam continuamente, devemos determinar como irá variar o campo causado por eles: sincronizadamente, com adiantamento ou atraso em relação a corrente que o criou. Imaginemos que num intervalo de tempo infinitamente pequeno dt, no ponto M do condutor a densidade da corrente muda em dଔറ (figura 4.1). Como esta mudança da corrente está associada uma mudança do campo à volta. Mas essa variação do campo irá ocorrer antes, ao mesmo tempo, ou depois da variação da corrente que o causa? É claro que não pode haver um adiantamento, se assumirmos que existe um nexo causa e – efeito entre o campo e a corrente que o gera. Na primeira metade do séc. XIX, ficou aceite em geral que a mudança do campo ocorria simultaneamente com a mudança da corrente que a causa, isto é, há uma transmissão instantânea das variações do ponto M ao ponto A sem participação do meio. Essa variação a distância assim se chamava “action in distans” . Outros cientistas partilharam do ponto de vista da teoria da acção à curta distância (isto é, transmissões das variações com velocidade finita) Maxwell teve um papel muito importante nisto, ao introduzir o conceito de grandezas e processos locais, relacionados com volumes infinitamente pequenos, pontos. De acordo com Faraday e Maxwell (que Manual Universitário de Electrodinâmica Clássica – Rogério Uthui Página 74 encontram a formulação matemática das descobertas do primeiro), a mudança da corrente no ponto M causa a mudança do campo nos pontos vizinhos o que permite uma transmissão no espaço de forma parecida com a de uma onda. A acção do processo dum ponto sobre o processo do ponto vizinho, isto é, a transmissão do sinal ocorre com uma velocidade finita v e, por isso, a mudança do campo no ponto A ocorre depois do que a sua causa. O tempo de atraso ∆ݐ ൌ ௩ . Hertz (1857 - 1894) demonstrou pela primeira vez o atraso na transmissão dos sinais, usando correntes que variavam rapidamente (correntes de altas frequências). Do que foi dito segue que, num campo variável, os valores dos potenciais e dos vectores do campo num momento dado t, são definidos pela distribuição das grandezas δ, σ ଔറ e ଓറ que existiam num certo instante anterior t - ∆ݐ = t - ௩ . Todavia, existem campos variáveis que a primeira aproximação podem-se descrever com as leis dos campos estacionários. Esses campos são quase-estacionários. condições de quase – estacionariedade 1. Os campos variáveis devem, em cada instante, ter o mesmo valor em todos os pontos de um circuito não ramificado, isto é, as oscilações da corrente em todos os pontos da linha devem coincidir em fase. Isso significa que o comprimento das linhas de transmissão da corrente deve ser menor quando comparado com o comprimento de onda λ da onda electromagnética que se propaga com velocidade da luz com a linha. Para uma frequência f = 50 Hz, por exemplo, λ = = ଷ כ ଵ ఴ ହ = 6 כ 106 = 6000 Km. Para linhas dentro de uma cidade, por exemplo, esta condição cumpre-se. Em linhas muito longas (Cahora Bassa por exemplo) pode haver uma deslocação na fase de 600 entre a corrente no início e a corrente no final da linha. 2. O ponto de observação deve distar das linhas em valores menores que λ. Assim podemos desprezar este atraso e considerar que a mudança no campo e na corrente ocorrem sincronicamente. § 32. Lei de indução electromagnética na forma diferencial (II Equação de Maxwell) Faraday (1791-1863) descobriu em 1831 a indução electromagnética. Este é um dos processos mais fundamentais na física. Ela está relacionada com a geração industrial de correntes e 1831 considera-se o ano do nascimento da electrotecnia. Manual Universitário de Electrodinâmica Clássica – Rogério Uthui Página 75 Faraday descobriu que qualquer mudança no fluxo da indução magnética através de um circuito, nele se induz uma f.e.m, que por sua vez produz uma corrente induzida. Seja L um circuito de um fio que abarca uma superfície S, avessada por um fluxo variável , cujo valor instantâneo é: atr = ∫ BndS. S Como se sabe a f.e.m induzida ε é proporcional a velocidade da mudança do fluxo. ε = - dt dΦ (32.1) O sinal (-) nesta lei, expressa a regra de Lenz: “a corrente induzida tem um sentido que, com o seu campo magnético contraria a causa que o fez aparecer”. Maxwell explicou extraordinariamente a lei de indução electromagnética. Uma vez que qualquer corrente é criada por um campo eléctrico, então a corrente induzida no circuito é também causada por um campo eléctrico, criado por sua vez pelo fluxo variável da indução magnética. Independentemente da existência ou não, no local, do circuito do fio. Este, serve apenas para “visualizar” e utilizar na prática o campo eléctrico. Assim, segundo Maxwell, qualquer fluxo variável da indução magnética cria um campo eléctrico cujas linhas são fechadas e circundam o fluxo magnético. Analisemos a circulação do vector E num circuito fechado, abarcado por um fluxo variável . ε = ∫ L E l dl = - dt dΦ (32.2) Introduzindo a fórmula do definido acima em (32.2), teremos: ∫ L E l dl = - dt d ∫ S BndS (32.3) Transformemos a parte esquerda da equação (32.3) pelo teorema de Stokes ∫ S rotn E Ds = - ∫ S t Bn ∂ ∂ dS (32.4) Manual Universitário de Electrodinâmica Clássica – Rogério Uthui Página 76 A passagem para a derivada parcial em (32.4) expressa o facto de que estamos a falar da mudança do vector B num ponto dado do espaço. Uma vez que (32.4) é válido para qualquer superfície S, podemos igualar as expressões sob o sinal do integral. rot E = - t B ∂ ∂ (32.5) Esta é a segunda equação de Maxwell na sua forma diferencial. Tendo emconta que o rotacional é uma operação deferencial pelas coordenadas, esta equação de Maxwell significa que: a mudança do vector B com o tempo causa mudança do vector E no espaço. § 33. Primeira equação de Maxwell No § 26 foi obtida a equação diferencial para o campo magnético de correntes constantes: rot ܪሬሬറ = ଔറ Maxwell complementou esta equação com um novo tipo de corrente, não relacionada com o movimento de cargas ao longo do circuito. Imaginemos que o circuito de corrente variável está ligado um condensador C. Como se diz em electrotecnia, “um condensador não é uma interrupção no circuito de corrente variável, embora o campo de condução se interrompa de facto”. De acordo com Maxwell, no espaço entre as placas do condensador aparece um novo tipo de campo que fecha o circuito da corrente de condução. Maxwell chamou a esta corrente de deslocamento. Entre as placas do condensador existe um campo eléctrico variável e uma polarização do dieléctrico, causado por aquele. Estas é que são correntes de deslocamento. Para determinar a corrente de deslocamento, Maxwell usou a primeira regra de Kirchoff para as correntes de condução e de deslocamento. Olhemos para o circuito com condensador: no primeiro meio período a corrente de condução flúi para a placa do condensador e acumulam-se cargas. No semi- período seguinte, a corrente flui da placa e as cargas dissipam-se e a corrente de condução flui no Manual Universitário de Electrodinâmica Clássica – Rogério Uthui Página 77 sentido contrário. Se envolvermos parte do espaço por uma superfície fechada S então, de acordo com a lei da conservação das cargas eléctricas, teremos: ∫∫∑ −=−== V S S n dVdt d dt dQDjI ρ (33.1) Este caso já vimos em § 23 e conduziu a: divଔറ= - dt ρ∂ Introduzamos o conceito da corrente total como soma das correntes de condução e de deslocamento. Ao analisarmos a corrente alternada num circuito com um condensador, admitimos que as correntes de condução e de deslocamento tinham um caracter local (a primeira nos condutores – fios, e a segunda, no espaço entre as placas do condensador). No qual, estas correntes podem fluir nas mesmas partes do espaço e, por isso, introduz-se o conceito de densidade da corrente total J total, como a soma geométrica das densidades da corrente de condução J e da corrente de deslocamento J desl. J total = J + J desl. (33.2) Com forme como foi visto antes, a primeira regra de Kirchoff é válida para a corrente total: div J total = div ( J + J desl) = 0 (33.3) isto é, as linhas de corrente total devem ser contínuas. Daqui, segue que: div J = - div J desl. Esta igualdade significa que em cada instante a corrente de condução que entra para dentro de um volume unitário é igual à corrente de deslocamento que dele sai e vice – versa. Tendo em conta a equação de continuidade para a densidade de corrente, é válida a igualdade: div J desl = dt ρ∂ (33.4) derivemos a relação entre a corrente de deslocamento e o vector indução eléctrica D , que caracteriza o estado do meio no qual se observa a corrente de deslocamento. Como se sabe, div D = ρ, donde: Manual Universitário de Electrodinâmica Clássica – Rogério Uthui Página 78 dt ρ∂ = div t D ∂ ∂ Introduzindo esta equação em (33.4), obtemos: div J desl = div t D ∂ ∂ da igualdade entre as divergências, passemos à igualdade entre os vectores: J desl = t D ∂ ∂ = t∂ ∂ (εε0 E ) (33.5) Isto é, a densidade de corrente de deslocamento é proporcional à taxa de variação do vector indução D . Esclareçamos, agora, a natureza física da corrente de deslocamento, a partir de (33.5). No § 13 introduziu-se a relação entre os vectores D , E e a polarização P . D = ε0 E + P . Colocando esta expressão na equação (33.5) temos: J desl = ε0 t E ∂ ∂ + t P ∂ ∂ (33.6). Assim a corrente de deslocamento consiste de duas partes. O primeiro termo ε0 t E ∂ ∂ . É o campo eléctrico variado. É claro que, para o caso do vácuo, o segundo termo anula-se, uma vez que no vácuo, não existindo a substância polarizada, P = 0. Nesse caso, a corrente de deslocamento é a variação do campo eléctrico e não está ligada a movimentação das cargas. O segundo termo t P ∂ ∂ chama-se corrente de polarização num campo eléctrico variado. Este termo é responsável pelo movimento das cargas ligadas: se no dieléctrico tivermos um mecanismo electrónico de polarização, então as cargas positivas e negativas dentro da molécula trocam de lugar durante meio período de oscilação do campo; se for um mecanismo polar/de orientação, então ocorre uma reorientação dos dipolos. Nos metais a corrente de deslocamento é sempre muito pequena e por isso não se considera. Nos dieléctricos e nos semicondutores, a corrente de deslocamento pode ser da mesma ordem ou ser maior que a corrente de condução. Manual Universitário de Electrodinâmica Clássica – Rogério Uthui Página 79 A corrente de deslocamento, em relação às propriedades magnéticas, é equivalente à corrente de condução. Maxwell generalizou a equação diferencial de campos de correntes constantes, tendo em conta que o rotacional do vector H dependendo tanto das correntes de condução como das de deslocamento: rot H = J total = J + J desl. Colocando a equação (33.5) teremos a primeira equação de Maxwell na forma diferencial rot H = J + t D ∂ ∂ (33.7) Deste modo, o campo magnético é criado não só pelo movimento de cargas, mas também, pela variação do campo eléctrico. Para obter esta equação na sua forma integral, devemos multiplicar a componente normal dos vectores na equação (33.7) por dS e passar ao integral: dSHrotn S ∫ = dSJ n S ∫ + dSDdtd S r∫ A parte esquerda pode ser transformada de acordo com o teorema de Stokes: ∫∫∫ += SS n L l DdSdt ddSJdlH (33.8) Que é a primeira equação de Maxwell na forma integral. Deve-se sublinhar que a equivalência entre a corrente de deslocamento e de condução só é válida para efeitos magnéticos. Por exemplo, para uma corrente de deslocamento pura, não ocorre o efeito de aquecimento de Joule. § 34. Função potencial da corrente num campo magnético Calculemos o trabalho do campo magnético durante o deslocamento de um circuito fechado linear L com com corrente I, constante. (veja a figura 4.). Suponhamos que cada elemento dl do circuito L, pode experimentar um deslocamento infinitamente pequeno q , podendo, até, se deformar. Pela lei de Ampere, sobre o elemento de corrente I dl no campo magnético externo com indução B , age uma força d F que realiza um trabalho: Manual Universitário de Electrodinâmica Clássica – Rogério Uthui Página 80 q d F = I q [ dl B ] = d q [ q dl ]. Transformemos [ q dl ] = n dS, onde dS – elemento de superfície descrito pelo elemento do circuito dl ao se mover em q ; n éo vector normal unitário, viredo para fora. q d F = I B n dS = IBnDs O trabalho total: ∫= qAδ d F ∫ Δ δ I = I dSB S n Podemos escrever esta expressão sob a forma de uma diferença: - dSBIA SS n∫ Δ+ = φφφ Δ=−=∫ IIdSB S n )( ' Onde S é a superfície assente no circuito L e S + ΔS – no circuito L’; φ e φ′ são os fluxos através daquelas superfícies. φ = ; dSBn S ∫ φ′ = dSB S n∫ Δ O valor do fluxo depende apenas da colocação do circuito L e não da forma da superfície S. Isto segue da definição B = rot A e do teorema de Stokes: φ = = dSB S n∫ Arot S n∫ Ds = ∫ L A d l = dlA L l∫ (34.1) Assim, o fluxo magnético através da superfície S pode ser calculado como a circulação do potencial vectorial A pelo circuito L, que delimita esta superfície. Assim, φδ Δ= IA (34.2) Ou seja o trabalho do campo magnético para mover um circuito com corrente é igual ao produto da corrente pela variação do fluxo magnético através deste circuito. Introduzindo: U = I φ× (34.3) a equação (34.2) pode ser escrita: IUA )(δδ −= (34.4) Manual Universitário de Electrodinâmica Clássica – Rogério Uthui Página 81 O índice significa corrente contínua (constante). Desta maneira o trabalho das forças do campo magnético é igual à diminuição da função U, a qual joga o papel de função potencial ou de força da corrente num campo magnético. § 35. Energia de interacção das correntes. Coeficiente de indução mútua Tem-se dois circuitos lineares imóveis, 1 e 2. Sejam B 1 e A 1 os vectores do campo do primeiro circuito com corrente I1; correspondentemente B 2 e A 2 são os vectores do campo da corrente I2. Uma parte do fluxo magnético criado pela corrente I1 do circuito 1, passa através do circuito I2 (diz-se que estes circuitos estão indutivamente ligados). Indiquemos por 12φ esse fluxo. O seu valor, depende da forma complicada, da forma e das dimensões de ambos os circuitos, da sua posição mútua, propriedades magnéticas do meio e da corrente I2. O fluxo 12φ e a corrente I1 estão ligados pela fórmula: 12φ = L12I1 (35.1) Onde L12 é o coeficiente da indução mútua que depende da geometria dos circuitos e das propriedades magéticas do meio. De acordo com (34.1) podemos reescrever: 12φ = L12I1 = ∫ 2l A dl Onde a integração se faz pelo segundo circuito de comprimento l2. Utilizando a fórmula (27.7) e considerando que existe um meio com permeabilidade μ , podemos escrever a equação para o vector potencial nos pontos do segundo circuito: ∫= 2 10 1 4 l r dlIA π μμ Donde 12φ = ∫ 2l A 1 dl 2 = ∫ 1 4 0 lπ μμ ∫ 2 21 l r dldlI (35.2) (r é a distância entre os elementos dl1 e dl2) Manual Universitário de Electrodinâmica Clássica – Rogério Uthui Página 82 Se a corrente for constante, entaão I1 pode-se tirar para fora do sinal de integral e, tendo em conta (35.1), pode-se obter a expressão para o coeficiente de indução mútua: L12 = ∫ 1 4 0 lπ μμ ∫ 2 21 l r dldl (35.3) De forma análoga: 22121 IL=φ . Fazendo a mesma análise, podemos nos convencer de que: L12 = L21 (35.4) Imaginemos que a corrente I1 varia e que, seguindo-lhe varia também o fluxo 12φ , o que lleva ao surgimento de uma f.e.m de indução: )( 112 12 12 ILdt d dt d −=−= φε (35.5) Caso ambos os circuitos sejam imóveis, as propriedades magnéticas do meio não variam, então L12 = const. e obtemos: dt dIL 11212 −=ε (35.6) Se a corrente variar no segundo circuito, então surge uma f.e.m no primeiro circuito. O fenómeno de indução mútua está na base de funcionamento de um transformador. O núcleo de ferro do transformador serve para aumentar a ligação indutiva. Por sua causa ambos os enrolamentos são atravessados pelo mesmo fluxo. A energia magnética da corrente I2 no campo de corrente I1 é igual a: W12 = -U12 = I2φ 12 = L12I1I2 (35.7) A energia magnética da corrente I1 no campo de corrente I2 expressa-se da mesma maneira: W21 = -U21 = I1φ 21 = L21I2I1 Caso as correntes I1 e I2 não sejam lineares então introduz-se as densidades volumétricas dos campos 1J (no elemento do volume dV1 do primeiro circuito) e 2J . De acordo com a expressão (34.8), Manual Universitário de Electrodinâmica Clássica – Rogério Uthui Página 83 W12 = - U12 = 221 2 dVJA V ∫ ; W21 = - U21 = 112 1 dVJA V ∫ (35.8) Nestas equações podemos introduzir as expressões para os potenciais vectoriais 1A e 2A dos campos das correntes 1J e 2J . 1A = ∫ 1 110 4 V r dVJ π μμ ; 2A = ∫ 2 220 4 V r dVJ π μμ , Obtemos: 2121 21210 1212 1 2 4 WU r dVdVJJUW V V −=−==−= ∫ ∫πμμ (35.9) 36. Coeficiente de auto-indução. Energia de um sistema de correntes. Densidade de energia do campo magnético de correntes. A auto indução é um processo no qual as variações da corrente e de parâmetros de circuito conduzem à variação do fluxo de indução através desse mesmo circuito e, como consequência, ao aparecimento da f.e.m de indução. Normalmente o processo começa com a variação da corrente. Imaginemos que uma corrente volumetria I fluí através de um condutor de secção finita (veja fig...). dividamos este condutor em fios de corrente de comprimento o fluxo geral é a soma dos fluxos elementares de um fio de corrente através do circuito do outro fio. É claro que ,..., 21 dIdI ,..., 2l1l 11Φ ∑= dII e o fluxo geral 11Φ é proporcional a corrente I total IL1111 =Φ (36.1) Onde é o coeficiente de auto indução (indutividade) do condutor, que depende da forma e do tamanho do circuito, bem como das características magnéticas do circuito do meio circundante. 11L Seja Uδ a função potencial do fio de corrente dI. De acordo com a formula (34.3) obtêm-se: dIU 11Φ−=δ (36.2) Manual Universitário de Electrodinâmica Clássica – Rogério Uthui Página 84 E somando por todos os fios, chegamos a expressão: 21111111111 2 1 2 1 2 1 ILIdIUW =Φ=Φ=−= ∑ ... (36.3) O coeficiente 2 1 antes da fórmula tem em conta o facto de que a interacção entre dois fios só deve ser somada uma vez. A fórmula mais geral, a corrente volumétrica I é dividida em pares de elementos 11dVj e 22dVj for força do que a função a potencial da corrente pode serexpressa como um certo potencial de correntes volumétricas. (34.8) 1111111 2 1 dVjAUW ∫=−= (36.4) Colocando aqui, a expressão do potencial vectorial A : ∫= V o r dVjA 21 4π μμ , Onde 1A tem em conta a acção sobre o elemento de todos os restantes elementos de corrente . Então a equação para a energia magnética da corrente I ganha a seguinte forma: 11dVj 22dVj ∫ ∫=−= V V o r dVdVjjUW 21211111 8π μμ ... (36.5) Onde a integração deve ser feita em todo volume V com a corrente I (ou seja, deve-se somar as expressões sob o sinal do integral para todos os pares possíveis dos elementos do volume V ; −r distancia entre os elementos e ). De acordo em a formula (36.3), temos: 1dV 2dV ∫ ∫ ==−= V V o IL r dVdVjjUW ... (36.6) 21121211111 2 1 8π μμ Donde se obtêm a expressão para a indutividade: ∫ ∫= V V o r dVdVjj I 2121 211 4π μμL ... (36.7) Manual Universitário de Electrodinâmica Clássica – Rogério Uthui Página 85 O cálculo da indutividade é, normalmente muito difícil. Por isso, na pratica ala se obtêm experimentalmente. Vamos calcular a indutividade de um solenóide toroidal de comprimento , para o qual a fórmula da intensidade do campo magnético l l nIH ⋅= se verifica com muita exactidão. Se o campo estiver preenchido por uma substância com permeabilidade μ , então a indução l I n oμμ=B ; Sl In oμμ=Φ Onde é a secção recta do toróide. Para o caso do solenóide com espiras, na fórmula (36.1) entrara não o fluxo apenas mas uma nova grandeza chamada −S n fluxo de ligação 1Φn que tem em conta o numero de vezes que as espiras atravessam as linhas de indução. IL11n =Φ Daqui a indutividade do solenóide toroidal l Sn o 2 μμ=L Quando o fluxo no seu próprio circuito varia, aparece uma f.e.m de auto indução: 11Φ ( ) ⎟⎠ ⎞⎜⎝ ⎛ +−=−=Φ−= dt dLI dt dILIL dt d dt d 11 1111 11 11ε (36.9) Se for constante então: 11L dt dIL1111 −=ε A indutividade no sistema SI mede-se em Henry ( A WbH 11 = ) e no sistema CGS, em cm .101 9 cmH = A função potencial total U de duas correntes é igual à soma das energias da sua interacção ( )2112 UU = e das energias potenciais próprias e : 11U 22U ⎟⎠ ⎞⎜⎝ ⎛ ++=++= 222221122111221211 2 1 2 1 4 ILIILILUUUU ; oπ μμ Ou tendo em conta que ; 2112 LL = ( ) ∑−=+++−= kiikoo IILILIILIILILU μμμπμμ 88 2222122121122111 (36.10) A função potencial total de um sistema de correntes pode ser expressa através da densidade das correntes e do potencial vectorial do campo das correntes usando as expressões (veja (34.8) e (35.8)) ( ) ∫∫ −−=+= VV dVjAdVjAUUU 1221211212 2 1 2 1 2 1 e se introduzirmos o potencial vectorial do campo resultante de ambos os campos, obtemos: ∫−= V dVJAU 2 1 , isto é: ∫= V dVJAW 2 1 (36.11) Esta formula é valida para qualquer sistema de correntes. Expressando j através de Hrot , obtemos. ∫= V dVHrotAW 2 1 (36.12) Prossigamos usando a fórmula da análise vectorial [ ]HAdivArotHHrotA += e a definição ArotB = para obtemos: [ ]AHdivBHHrotA += Passando esta expressão sob o sinal do integral e usando o teorema de Gauss, a expressão para a energia passa a ter o seguinte aspecto: [ ] [ ]∫∫ ∫∫ +=+= S n V VV dSAHdVBHdVHAdivdVBHW 2 1 2 1 2 1 2 1 (36.13) Para grandes distancias, a superfície S cresce proporcionalmente a 2r e o produto AH decai mais rapidamente ⎟⎠ ⎞⎜⎝ ⎛ 5 1~ r . Por causa disso, dVBHW (36.14) V ∫= 21 Esta fórmula pode ser interpretada da seguinte maneira: a energia magnética é localizada no campo e distribui-se pelo seu volume com densidade volumétrica: 22 2HBH o m μμ==ω (36.15). Manual Universitário de Electrodinâmica Clássica – Rogério Uthui Página 86
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