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Questões sobre Durkheim

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Como o conceito de coerção está articulado ao conceito de fato social?
Ao definir o objeto de estudo da Sociologia, Durkheim trabalha primeiramente dissociando os fatos sociais dos psíquicos e dos orgânicos. Além do uso de exemplos para conceituar fato social, o autor explica que este, para ser considerado social, um fato precisa, necessariamente, acontecer por meio da coerção:
“consistem em maneiras de agir, de pensar e de sentir exteriores ao indivíduo, dotadas de um poder de coerção em virtude o qual de lhe impõem. (...) é a eles que deve ser dada a qualificação de sociais.” (DURKHEIM, 1974, p. 3)
“Esses tipos de conduta ou de pensamento não são apenas exteriores ao indivíduo, são também dotados de um poder imperativo e coercitivo, em virtude do qual se lhe impões, quer queira, quer não.” (DURKHEIM, 1974, p. 2) 
	A escrita de Durkheim é muito clara e ao mesmo tempo autocrítica. É como se ele previsse as objeções que seriam feitas e já na publicação tentasse derruba-las. Ele sabia que suas postulações sobre o fato social, em especial a ideia de coerção encontraria a resistência daqueles que defendem a autonomia do indivíduo, pois já considera que somos fruto mais dos meio do que de nós mesmos, como demonstram os fragmentos a seguir:
“É verdade que o termo coerção (...) corre o risco de amedrontar os zelosos partidários de um individualismo absoluto. Como professam que o indivíduo é inteiramente autônomo, parece-lhes que o diminuímos todas as vezes que fazemos sentir que não depende apenas de si próprio.” (DURKHEIM, 1974, p. 3)
Explique o conceito de “corrente” segundo o autor.
As correntes sociais possuem a mesma objetividade e a mesma capacidade coercitiva sobre o indivíduo, o que as diferencia, é que não acontecem em organizações definidas e cristalizadas, que foram citadas como exemplo de fato social: regras jurídicas e morais, sistemas financeiros, entre outros.
Portanto, permanece atrelado ao conceito de corrente a premissa de coerção:
“aparece essa pressão desde que se lute contra elas. (...) se esse poder de coerção externa se afirma com tal nitidez nos casos de resistência, é porque, mesmo inconsciente, existe também nos casos contrários.” (DURKHEIM, 1974, p. 4)
Quais são as noções vulgares do conceito de sociedade enunciado por Spencer e criticado por Durkeim?
A generalidade seria, para Spencer, a característica fundamental de um fenômeno sociológico. Este autor chegou a elaborar ou teoria pedagógica bastante ousada, que deveria permitir à criança agir com plena liberdade. Spencer repudiava, por este motivo, que a educação seja, no fundo, coercitiva e adaptacionista. Durkheim defende-se desta possível objeção, explicando que:
“A pressão de todos os instantes que sofre a criança é a própria pressão do meio social tendendo a moldá-la à sua imagem, pressão que tanto os pais quanto os mestres não são senão representantes e intermediários. Desse modo, não pode a generalidade servir para caracterizar os fenômenos sociológicos. Um pensamento encontrado em todas as consciências particulares, um movimento que todos os indivíduos repetem, não são por isso fatos sociais”. (DURKHEIM, 1974, p. 5 e 6)
	Analisando em um nível mais psicológico e atual, é possível inferir que Durkheim poderia defender que aquilo que nós julgamos que pensamos por nossa própria razão não seria nada senão representações internas dos modelos impostos pelo meio, mas isso se constitui em manifestações privadas, chamadas por Durkheim de “sociopsíquicas” e que o autor faz questão de esclarecer que não constituem fato social, embora interessem ao sociólogo.
Qual a crítica que Durkheim faz aos economistas sobre a noção de “valor”?
A crítica de Durkheim aos economistas centraliza-se na teoria do valor, especificamente no método utilizado, que concebe o valor pela sua ideia, e não pele que ele realmente é. Esse método é por vezes criticado escrachadamente nos usos em que se nota sua invalidação pelo passar do tempo, como o exemplo citado por Durkheim das ciências naturais e da medicina na idade média:
“Zombamos hoje dos raciocínios originais que os médicos da Idade Média construíram com as noções de quente, frio, úmido, seco, etc., e não percebemos que continuamos a aplicar o mesmo método a ordens de fenômenos que menos ainda o comportam, em razão de sua extrema complexidade.” (DURKHEIM, 1974, p. 20)
	Portanto, pela complexidade do estudo de ciências humanas e sociais, muitas vezes utilizam-se noções vulgares, que não estão fundamentadas em conceitos reais. Nota-se, nesta crítica, a visão positivista de Durkheim sobre a ciência, e isso, por sua vez, revela a necessidade que o autor teve em definir o fato social. A crítica conota a necessidade de trabalhar com a realidade, e construir conhecimentos que se firmem e provem na mesma:
“Se o valor fosse estudado como uma realidade, ver-se-ia o economista, em primeiro lugar, indicar segundo que traços reconhecer a coisa que responde por este nome, classificar-lhe as espécies, procurar por meio de induções metódicas as causas em função das quais variam, comparar finalmente esses diversos resultados para chegar a desvendar uma formulação geral” (DURKHEIM, 1974, p. 22)
Para Durkheim, o que significa tratar o fato social como coisa?
Como comentado na questão anterior, a forte influência positivista de Durkheim se revela na necessidade de constituir verdades que possam ser comprovadas por e pela realidade. Precisa-se trabalhar com coisas “palpáveis”. A coisificação do fato social deve ser encarada como um meio de garantir que o método de estudo e investigação sociológico mantenha um padrão científico (positivista). Durkheim afirma, categoricamente que:
“os fenômenos sociais são coisas e devem ser tratados como coisas. (...) Tratar fenômenos como coisas, é tratá-los na qualidade de ‘data’ que constituem o ponto de partida da ciência. Os fenômenos sociais apresentam incontestavelmente tal caráter.” (DURKHEIM, 1974, p. 24)
	Infiro que o termo “data” refere-se a expressão do Latim “datum” (também citada do texto), referindo-se à dado.
	
Qual a natureza da objetividade do fato social em relação à vontade individual?
Durkheim quer provar que o fato social existe, e ele faz isso, em parte, mostrando que podemos tanto sermos conduzidos por ele ou se, pelo contrário, resolvermos nos opor à tudo o que foi definido como fato social, sentiremos a coerção que estamos sofrendo. Portanto, ele não nega que exista a vontade individual, muito antes pelo contrário, ele usa essa premissa como argumento. Contudo, mesmo o que julgamos ser uma vontade individual, esta foi, de certa forma, influenciada pelo meio. Vejamos um fragmento:
“Longe de ser um produto de nossa vontade, eles [fatos sociais] determinam a partir do exterior; constituem como que moldes dentro dos quais somos obrigados a plasmar nossas ações. Esta necessidade é muitas vezes de tal ordem que não temos jeito de escapar a ela. Mas, ainda que chegássemos a triunfar, a oposição encontrada ainda seria suficiente para nos advertir de que estamos em presença de algo que não depende de nós.” (DURKHEIM, 1974, p. 25)
Explique o primeiro corolário da primeira regra.
O primeiro corolário nos diz que “É preciso afastar sistematicamente todas as prenoções” (DURKHEIM, 1974, p. 27) e explicita, novamente, a intenção de transformar as ciências sociais em uma ciência “de verdade”, com moldes positivistas.
Assim como quando Durkheim critica a teoria do valor (ver questão 4), o problema dos equívocos cometidos nas investigações e estudos nas ciências sociais está no ponto de partida que se toma para estes estudos. É como se fossemos construir um edifício em cima da lama e sem uma fundação (alicerce) adequada. Começar sem uma base sólida é uma condenação à todo o estudo.
Especificamente entre as páginas 13 e 27 (DURKHEIM, 1974), o autor desenvolve seus argumentos, já prevendo contra-argumentos e replicando-os, deixando bem claro que para que os conhecimentos obtidos sejam seguros, é preciso começar com em um ponto que não sejacontingente, imparcial, com senso vulgar ou moral.
Explore o conceito de “noção vulgar” ou “noção moral” a partir dos exemplos criticados por Dukheim em relação à criminologia de GAROFALO e a monogamia de SPENCER.
Os dois conceitos referem-se à problemas nos métodos de investigação usados pelos referidos autores. Com
Garofalo, para Durkheim, teria sido imparcial em seus estudos, por ter usado um senso (assim como uma noção) moral para desenvolver sua teoria. Isso teria tornado sua teoria válida apenas dentro de um determinado ponto de vista, observe o trecho abaixo:
“GAROFALO, no início de sua Criminologie, demonstra muito bem que o ponto de partida deve ser a ‘noção sociológica do crime’. No entanto, para construir essa noção não compara indistintamente todos os atos que, em diferentes tipos de sociedade são reprimidos por punições regulares, mas somente alguns entre eles, isto é aqueles que ofendem a parte média e imutável do senso moral.” (DURKHEIM, 1974, p. 34)
	A noção moral é imparcial, é tida a partir do senso moral, portanto, não pode ser considerada verdade, aos moldes positivistas. A moralidade não é universal
	A noção vulgar, por sua vez, apresenta problemas no ponto de partida da investigação, e acaba por ferir, especificamente o primeiro corolário de Durkheim (discutido na questão 7). SPENCER foi criticado diversas vezes durante o texto, mas é em uma crítica indireta que encontro uma definição que aponta claramente uma de suas falhas, como vemos:
“se procurarmos distinguir diferentes tipos de família segundo as descrições literárias fornecidas por viajantes e, algumas vezes, por historiadores, nos estaremos expondo a confundir espécies diferentes, a aproximar, uns dos outros , tipos os mais diversos” (DURKHEIM, 1974, p. 39)

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