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ética - normas e leis

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2
IX CONVENÇÃO DE CONTABILIDADE 
DO RIO GRANDE DO SUL 
13 a 15 de agosto de 2003 – Gramado – RS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ÉTICA – ALGUMAS CONSIDERAÇÕES 
SOBRE O TEMA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
JORGE LUIZ ROSA DA SILVA 
Contador – CRCRS 36.261 
Rua São Francisco da Califórnia, 287/204 
90550-080 – Porto Alegre – RS 
(51) 3342-2614 – jrsilva@terra.com.br 
 3
RESUMO 
 
 
 
 Este trabalho trata da ética, um tema amplamente discutido nos últimos anos em nosso País 
e de importância relevante. A ética tem como objeto de estudo as atitudes dos seres humanos, suas 
ações, os costumes adotados, a moral. Alguns temas podem ser destacados como de interesse da 
ética, como a liberdade, a dignidade humana, a autonomia, a consciência. O relacionamento entre 
as pessoas, como indivíduos ou grupos, é foco central de atenção da ética e da moral. Poucos 
assuntos tem sido tão discutidos nas organizações, no mundo inteiro, quanto a ética corporativa. 
Entre outras coisas o que propiciou este cenário foi certamente os escândalos sobre fraudes 
contábeis que abalaram a economia americana em 2002, envolvendo a Enron e a WorldCom. A 
ética vem sendo colocada como requisito imponderável para a sobrevivência das organizações. Em 
decorrência disto, o governo americano agilizou mudanças em sua legislação, ampliando os 
poderes da SEC (Securities and Exchange Commission), aumentando a responsabilidade de 
administração das empresas, e introduzindo a regulamentação da profissão de auditor. A 
regulamentação das novas normas, bem como a supervisão de seu cumprimento, passa a ser de 
responsabilidade do Conselho de Supervisão de Assuntos Contábeis das Companhias Abertas 
(Public Company Acconting Oversight Board – PCAOB). 
 4
 
1. COMPORTAMENTO ÉTICO 
 
Questões de valores e explicitamente da ética, juntamente com outros temas em 
observação, debate e crítica referem-se ou não são resumidos como ‘questões do convívio 
humano’. Em especial, Handel (2001), nas grandes cidades, parece que a vida torna-se cada vez 
mais difícil. Da forma como a sociedade está organizada, os valores dominantes resultaram em 
atitudes que identificamos e acabamos por viver, como: desconfiança, defesa de interesses 
individuais ou de grupos específicos, violência – nas suas mais variadas formas - , ‘stress’ e, em 
muitos casos, sectarismo, intransigência, inflexibilidade. 
 
É importante ressaltar que a preocupação atual com moralidade das instituições, não é 
fenômeno apenas brasileiro. Outros países passam pelo mesmo processo. O exemplo mais 
emblemático dos últimos tempos diz respeito às fraudes contábeis ocorridas no ano passado, nos 
Estados Unidos, envolvendo grandes empresas e auditores independentes. Por quê as pessoas nos 
mais diferentes países começaram a preocupar-se com valores, com comportamento ético? Que 
tipo de ‘cultura’ os domina? A impunidade favorece, indiscutivelmente, comportamentos não 
éticos, praticados por pessoas ou organizações. Com ela se aprende que afinal, não dá nada 
mesmo... e assim fica estabelecida a confusão entre o que pode e o que não pode, entre fazer o bem 
e fazer o mal, entre o que é bom e o que é mau, para o ser humano. A impunidade reforça o dano 
geral, privilegiando interesses individuais ou de grupos. 
 
Segundo Vasquez (1989), ética é a teoria ou ciência do comportamento moral dos homens 
em sociedade. As situações vividas por nós, seres humanos, no dia a dia, determinam a necessidade 
de normas para orientar o comportamento. Elas devem ser consideradas apropriadas pelo conjunto 
da sociedade, caso contrário tem uma grande chance de não serem cumpridas. Em muitas situações 
da vida cotidiana temos problemas práticos e situações reais que exigem decisões e ações que 
atingirão uma ou mais pessoas, o que exige normas que sirvam de base, de diretriz. A moral são 
essas normas gerais que servem para pautar o comportamento humano. Este comportamento pode 
ser conhecido como prático-moral mesmo que sujeito a variações de uma época para outra ou de 
uma sociedade para outra. 
 
O comportamento prático-moral faz parte das nossas vidas ao longo de milênios. Assim 
passamos da prática moral para a teoria moral, estudada como dimensão do comportamento 
humano. Ética, é pois, objeto de reflexão, por parte de interessados no comportamento humano. O 
surgimento dos primeiros elementos sistematizados sobre o assunto, deu-se com Sócrates, na antiga 
Grécia, no ano de 399 antes de Cristo. Tratar de ética é tratar da parte essencial da vida humana 
 5
uma vez que ela é responsável pela compreensão e orientação dos aspectos fundamentais da 
convivência. Cada grupo humano organizado possui normas de ação que são aceitas pela maioria, 
para reger as formas de agir de todos os seus participantes (HANDEL, 2001). 
 
2. A ÉTICA E A TÉCNICA 
 
Quando se trata de examinar aspectos profissionais é mais fácil considerar aspectos 
técnicos do que aspectos envolvendo a prática da ética. Possivelmente, os próprios conceitos de 
técnica e ética possam começar a esclarecer estes questionamentos. Técnica, em uma profissão, 
refere-se a como fazer, diz respeito a procedimentos específicos, adequados à obtenção do 
resultado desejado. Cada profissão utiliza um conjunto de técnicas que determinam o modo de agir 
profissional e que caracterizam a profissão. Já quanto a ética, dois elementos são destacados: 
primeiramente, o comportamento, as atitudes humanas, o agir; depois, os valores que os embasam e 
o orientam. Ético vem de ethos que quer dizer caráter. É o que está conforme com os padrões de 
conduta, com as normas morais ou comportamentais do grupo. 
 
Na França, um cargo de nome estranho tem aparecido cada vez (COHEN, 2003) com maior 
freqüência nas Organizações: o Deontologista. Segundo o dicionário, Deontologia é o ‘estudo dos 
princípios, fundamentos e sistemas da moral’. Como definimos anteriormente, a moral é um 
conjunto de regras de conduta consideradas válidas para qualquer tempo ou lugar, grupo ou 
indivíduo. Portanto, o deontologista aparece como o guardião da ética na organização, instituindo 
regras para os funcionários e formalizando-as. Mantém-se sempre atento às ações judiciais que os 
consumidores impetram contra sua entidade, além de defensores de direitos humanos e 
ambientalistas. Esclarece os acionistas, quando interrogado, preocupados com o futuro moral das 
corporações nas quais investem seu dinheiro. 
 
Cohen (2003), afirma que a maioria dos deontologistas vem da magistratura, mas também 
podem ser ex-dirigentes ou funcionários aposentados. Trabalham normalmente com o 
departamento jurídico e/ou a equipe de gestão de riscos e respondendo diretamente à presidência. 
Essa prática iniciou no sistema financeiro francês, em 1997, quando o Conselho dos Mercados 
Financeiros (CMF), exigiu a presença de um deontologista em cada empresa do setor. Além da 
França, a Inglaterra é o único país europeu, onde a existência do deontologista financeiro 
(compliance officer) é obrigatória. 
 
Na prática, como saber o que é ético? 
 
 6
Blanchard & Peale apud Handel (2001), apresentam três critérios que auxiliam na 
determinação se um comportamento é ético ou não. Considerando que a ética fundamenta ações 
cotidianas, como saber se estamos sendo éticos? Quando dúvidas surgem, como esclarecê-las? 
Respondendo a questões básicas, pode-se ter idéia da correção ou se nosso comportamento está 
dentro da ética. 
 
I – em primeiro lugar, é preciso responder se o ato, comportamento ou ação é legal, se 
está de acordo com as normas do direito ou das normas da organização. Estas são normas gerais 
que promovem igualdade e justiça, que são boas “paratodos”. 
 
II – a segunda pergunta a ser respondida, é: é imparcial? Esta ação terá como 
conseqüência a justiça, ou alguém sairá prejudicado? 
 
III – Decisões ou ações que se preocupem com a ética precisam responder a uma outra 
questão: como me sentirei? Posso me orgulhar disso? Outros podem saber? Este comportamento 
é aceito como bom? 
 
Em resumo, podemos identificar como características (HANDEL, 2001) do 
comportamento ético: 
 
a) estar de acordo com as normas de boa ação; 
b) ser bom para os outros e para si mesmo, não causar danos a si mesmo ou a outros; 
c) ser justo, imparcial, não servir para tirar vantagem em prejuízo de outros; 
d) isto me faz sentir bem, sentir orgulho, sentir o dever cumprido, poder olhar para os 
outros ‘de cara limpa’, poder ver esta ação mencionada na primeira página dos jornais. 
 
3. A ÉTICA E O EXERCÍCIO PROFISSIONAL 
 
Compete à ética responder, em que consiste o bem? E compete à ética profissional 
responder, em que consiste o bem, nesta profissão? A ética dando sentido à vida humana, também 
o dá ao exercício profissional. A ética profissional é importante, segundo Handel (2000), por ter 
como objetivo o relacionamento do profissional com seus clientes, colegas e sociedade em geral, 
tendo em vista valores como a dignidade humana, auto-realização e sociabilidade. De maneira 
geral a ética profissional baseia-se em: 
 
a) responsabilidade – responder a seus deveres com respeito a si mesmo, e aos outros, no 
uso da liberdade; 
 7
b) igualdade – considerar que as pessoas são iguais em direito e dignidade; 
c) verdade – agir de acordo com a natureza daquilo que se conhece, sem deturpar pela 
mentira, injúria, calúnia, hipocrisia); 
d) justiça – considerando-se direitos e deveres; 
e) solidariedade – obedecendo ao princípio da interdependência entre os membros de um 
grupo, realizando intercâmbio de compreensão e apoio. 
 
Ainda segundo Handel (2000), o ser humano, para agir com segurança e coerência no seu 
meio sócio-cultural e no exercício de sua profissão precisa ter, muita clara, uma concepção de vida; 
primeiramente, entender o que ele é como ser humano. Compreender para quê ele vive, para quê é 
o profissional que é, o que significa ser um profissional do ponto de vista do social. Além disso e 
como conseqüência disso, precisa estar consciente da importância do “como agir”, que se traduz na 
hierarquia de valores, que resume o que definimos como bem. 
 
A concepção do que é a vida, a concepção do que seja sua profissão, a concepção sobre 
quem se é, são básicas para que se possa cumprir com os deveres, defender direitos, compreender 
com clareza o que é o certo e o errado, o aceitável e o inaceitável, o elogiável e o reprovável. 
Considerando-se que o ‘fazer’, que diz respeito à competência, à eficiência no exercício 
profissional, e o ‘ser/agir’ que se refere à conduta profissional, ao conjunto de atitudes que se deve 
assumir no desempenho da profissão, é indissociável, pois a ética profissional refere-se tanto a 
aspectos técnicos quanto comportamentais. A ética profissional diz ao homem como deve ser sua 
atitude e dentro de que parâmetros ele deve agir. Assim, quando um profissional reflete, examina, 
julga a necessidade, a importância de assumir determinados comportamentos com relação às outras 
pessoas, como os aspectos relacionados ao sigilo, ao zelo no exercício da profissão, a eqüidade, 
aspectos estes que terão conseqüências para um indivíduo ou grupo, atingindo de alguma forma 
suas vidas, está tratando de aspectos da ética profissional. 
 
 Com a reforma do Código Civil, a caracterização da ética do profissional da contabilidade 
passa a merecer especial atenção. O Balanço, pelas novas regras, transformou-se numa peça capaz 
de enquadrar criminalmente o contador, além do gestor e dos sócios. Por determinação legal, eles 
passam a responder pelos prejuízos decorrentes de fraudes, que causarem a terceiros, com seus 
bens pessoais. Com base na nova legislação, uma empresa sem contabilidade não pode prestar 
contas a seus sócios. Mas qualquer sócio, mesmo tendo apenas uma cota, pode exigir prestação de 
contas, sob pena de questionar os atos dos administradores, e recorrer à Justiça, acionando 
inclusive o contabilista responsável. Especialistas da Harvard Business School, nos Estados 
Unidos, dizem que os contadores devem – e no Brasil vai acontecer a partir do novo Código Civil – 
assumir muito mais funções que as envolvidas com a elaboração de boletins de resultados de uma 
 8
organização. Segundo os especialistas da área, o novo Código Civil dá condições ao profissional da 
contabilidade de superar a inibição de exercer suas funções com firmeza e, de dizer não ao patrão 
se ele quiser de alguma forma burlar a lei. Esse progresso implica a melhoria da qualidade das 
informações de negócio, promovendo mais transparência ao se aderirem linguagens contábeis 
universais, beneficiando os controles internos da organização. Propiciar maior confiança nos 
negócios é altamente saudável. Empresas mais transparentes atraem mais investimentos, 
conseqüentemente, tornam-se mais eficientes, crescem mais e geram mais e melhores empregos. 
 
4. A BUSCA PELA ÉTICA 
 
Segundo Whitaker (2003), a fonte da ética é a própria realidade humana, o ambiente em 
que vivemos. Assim, o ambiente de trabalho no qual passamos grande parte do nosso dia, se 
desenvolve em uma vasta gama de escolhas e de prática de virtudes, que nada mais são do que 
valores transformados em ação. “De modo muito simples, podemos afirmar que é ético, aquele que 
podendo escolher livremente, elege o bem e não o mal e age assim de modo constante”. É crescente 
o número de empresas que vem estabelecendo o seu código de ética, que vem a ser um instrumento 
de realização da filosofia da empresa, sua visão, missão e valores. 
 
Entre as razões para a elaboração de um código de ética, pelas empresas, Whitaker (2003), 
destaca que este documento tem o poder de: 
 
Ø fornecer critérios ou diretrizes para que as pessoas se sintam seguras ao adotarem 
formas éticas de se conduzir; 
Ø garantir homogeneidade na forma de encaminhar questões específicas; 
Ø aumentar a integração entre os funcionários da empresa; 
Ø favorecer ótimo ambiente de trabalho que desencadeia a boa qualidade da produção, 
alto rendimento e por via de conseqüência, ampliação dos negócios e maior lucro; 
Ø criar nos colaboradores maior sensibilidade que lhes permita procurar o bem estar dos 
clientes e fornecedores e, em conseqüência, sua satisfação; 
Ø estimular o comprometimento de todos os envolvidos, no documento; 
Ø proteger interesses públicos e de profissionais que contribuem para a organização; 
Ø facilitar o desenvolvimento da competitividade saudável entre os concorrentes; 
Ø consolidar a fidelidade e lealdade do cliente; 
Ø atrair clientes, fornecedores, colaboradores e parceiros, que se conduzem dentro de 
elevados padrões éticos; 
Ø agregar valor e fortalecer a imagem da empresa e, 
Ø garantir a sobrevivência da empresa. 
 9
 
De fato, vários estudos sugerem que o compromisso ético traz, segundo Cohen (2003) 
resultados financeiros positivos para a empresa. Uma pesquisa com 300 empresas feita pela 
Universidade Católica DePaul, de Chicago, em 1999, concluiu que as que tinham compromisso 
ético proporcionavam aos acionistas um retorno duas vezes superior aos das demais. Muitas vezes, 
esse compromisso ético está vinculado a ações sociais que beneficiem os vários públicos afetados 
pela empresa. No entanto, o pesquisador Cláudio Pinheiro Machado Filho, da USP, afirma que essa 
noção deve ser avaliada com muita cautela, por dois motivos: primeiro, pela dificuldade 
metodológicade qualificar as ações de responsabilidade social. Segundo, porque é difícil 
estabelecer uma relação de causa e efeito entre postura ética e lucratividade. 
 
É indiscutível o movimento de setores da sociedade, em nível mundial, na busca da ética, 
como podemos ver a seguir: 
 
¨ em 2000 foi criada a Social Accountability Internacional (SAI), para implementar o 
selo AS 8000, que certifica a conduta ética das empresas em relação aos trabalhadores 
e o respeito aos direitos humanos, nos moldes das normas ISO 9000 e da ISO 14000. 
Outra organização, a AccountAbility, com sede no Reino Unido, lançou há dois meses 
seu certificado de comportamento ético, o AA 1000. 
 
¨ um estudo de 1999, envolvendo 124 empresas de 22 países, produzido pela Conference 
Board, uma organização não lucrativa que promove estudos sobre gestão, concluiu que 
78% dos Conselhos de Administração das companhias americanas estavam 
disseminando padrões éticos (em 1991, eram 41% e, em 1987 apenas 21%). 
 
¨ no Brasil, o Instituto Ethos tinha apenas 11 sócios em 1998, quando foi fundado. Esse 
número já ultrapassou a casa dos 750, formado por empresas que respondem por 30% 
do PIB do país. 
 
¨ criada em 1992, com cerca de 50 empresas a organização americana Business for 
Social Responsability (Negócios pela Responsabilidade Social), reúne hoje mais de 
1400 filiadas, que faturam em conjunto mais de 2 trilhões de dólares por ano. 
 
¨ também fundada em 1992, a Ethics Officer Association (associação que busca orientar 
o trabalho dos diretores de ética nas empresas), contava apenas com 12 membros. Tem 
hoje 890 sócios (cerca de 150 se filiaram depois dos escândalos das fraudes contábeis 
 10
nos Estados Unidos), e a freqüência das reuniões aumentou 50%, segundo seu diretor 
Ed Petry. 
As evidências são irrefutáveis. Nota-se claramente que as organizações terão que fazer, a 
curto prazo, opção pela ética, como solução de continuidade para seus negócios. Segundo pesquisa 
publicada em agosto/2002, pela CFO Magazine, publicação dirigida a executivos financeiros, nos 
Estados Unidos, quase um em cada seis diretores financeiros afirma ter sido pressionado a falsificar 
números da empresa, nos últimos cinco anos. Quase um terço deles afirmou que sua empresa 
camuflava dívidas para causar boa impressão na Bolsa de Valores, geralmente com truques 
similares aos utilizados pela Enron. 
 
Outro estudo, feito em 1998 pelo Institute of Business Ethics, da Grã-Bretanha, com 178 
empresas, concluiu que muitas companhias tinham códigos de ética “para inglês ver”: 30% não 
possuíam nenhum mecanismo que possibilitasse denúncias de atos antiéticos; 30% não davam 
cópia do código de conduta a todos os funcionários e só um terço divulgava seus códigos 
publicamente. 
 
Por quê se percebe tanta diferença entre o discurso e a prática quando se trata de ética? 
Segundo Cohen (2003), uma primeira explicação é que o discurso, por habitar o mundo das idéias, 
é mais fácil de mudar do que a prática, sujeita a atritos e obstáculos. Outra ótica, mais pessimista, é 
que o discurso está dissociado da prática. É como vender o ‘paraíso’ – se uma empresa for ética, 
seus funcionários ficarão contentes em dar seu sangue por ela, os fornecedores se transformarão em 
parceiros estratégicos, os consumidores darão preferência aos seus produtos e, a comunidade que a 
abriga será mais compreensiva diante de eventuais deslizes. Na realidade sabemos que não 
funciona bem assim. “A evolução do discurso é um problema”, afirma a socióloga Rosa Maria 
Fischer. “Se de um lado propiciou que as empresas acordassem, de outro criou uma cortina de 
fumaça que dificulta enxergar a prática real da responsabilidade”. 
 
Sentindo a crescente pressão da sociedade, grande parte das empresas querem passar uma 
imagem de praticantes dos preceitos éticos. Segundo Cecília Arruda, coordenadora do Centro de 
Estudos de Ética nas Organizações, da FGV, “ações de responsabilidade social vêm sendo usadas 
como esforço de propaganda, e as verbas saem do departamento de marketing”. Normalmente as 
companhias pedem treinamento ético para a gerência, mas constata-se que o problema está nos 
mais altos escalões. Muitas empresas tem conflitos éticos, quando seu objetivo de maximizar lucros 
colide com os objetivos dos funcionários de obter a maior remuneração possível. Recentemente 
veio a público que muitos CEO’s recolheram remunerações exorbitantes, através de bônus e stock 
options, a despeito de prejuízos e queda das ações das empresas que dirigiam. Mas tomar decisões 
éticas, muitas vezes representa um dilema e eles estão presentes em todo o tipo de organização. No 
 11
Brasil, as pequenas empresas ficam tentadas a seguir o caminho da sonegação fiscal, em 
decorrência da alta carga de impostos a que estão submetidas. O ´ambiente de sonegação´ torna o 
procedimento de pagar impostos uma desvantagem competitiva, neste mercado acirrado. 
 
5. A LEI SARBANES-OXLEY 
 
Os efeitos da Lei Sarbanes-Oxley serão bastante significativos, não somente nos Estados 
Unidos, mas também atingirão os mercados em escala global. A legislação determina que as 
empresas que não são norte-americanas (KPMG, 2003), mas que possuem cotação secundária em 
uma Bolsa de Valores norte-americana, devem também seguir as novas leis, assim como seus 
auditores. Atualmente existem mais de 30 empresas brasileiras com registro na Securities and 
Exchange Commission (SEC), com suas ações cotadas em Bolsa norte-americana, e várias outras 
planejam seus registros para os próximos anos. Apesar da regulamentação da lei não estar 
completa e muitas regras ainda não serem claras, mudanças profundas serão necessárias nas 
práticas da chamada governança corporativa dessas empresas. Dentre essas mudanças, destacam-se 
as seguintes: 
 
· responsabilidade do presidente (CEO) e do diretor-financeiro (CFO) na 
´certificação´ das demonstrações financeiras; 
 
· transferência para um Comitê de Auditoria, composto de membros não executivos 
do Conselho de Administração, de muitos poderes e responsabilidades que eram 
anteriormente dos diretores-executivos; 
 
· maior transparência na divulgação das informações financeiras e dos atos da 
administração. 
 
Empresas brasileiras subsidiárias de empresas com registro na SEC são parte do sistema de 
controle interno da matriz, e, por essa razão, é provável que a matriz exija da administração local 
também uma certificação quanto aos assuntos que compõem o certificado dos executivos da matriz 
(CEO) e (CFO). Aquelas empresas de auditoria que operam em território brasileiro e que desejem 
ver seu parecer de auditoria aceito pela SEC, precisam cadastrar-se no Public Company Acconting 
Oversight Board – PCAOB e aceitar a revisão de seus trabalhos e as regras de independência 
estabelecidas por esse Conselho. As referidas regras de independência incluem uma lista de 
serviços proibidos por estarem fora do escopo de auditoria e, a necessidade de obter aprovação 
prévia do comitê de auditoria para outros serviços que não fazem parte da auditoria. Os poderes e 
responsabilidades do comitê de auditoria, são apresentados a seguir: 
 12
 
· nomear os auditores externos. 
· aprovar ou não os serviços a serem contratados dos auditores externos. 
· Receber relatórios periódicos do auditor externo sobre as políticas contábeis mais 
significativas; alternativas à utilização de um princípio contábil, e; discussões 
relevantes com a diretoria. 
· Resolver disputas entre os auditores externos e a diretoria. 
· Estabelecer procedimentos a serem informados e o tratamento a ser dado às 
eventuais denúncias contra a administração (o comitê deve ter a autoridade e os 
fundosnecessários para contratar advogados e consultores, independentemente da 
diretoria. 
 
O presidente e o diretor-financeiro, em observância às seções 302 e 404, terão que 
fornecer, por escrito, os seguintes certificados sobre os relatórios que contém demonstrações 
financeiras afirmando que: 
 
a) sujeito às sanções criminais em caso de afirmações conhecidamente falsas, 
os relatórios arquivados na SEC cumprem com todos os requisitos da lei e as 
demonstrações financeiras apresentam adequadamente, em todos os aspectos 
relevantes, a situação financeira e os resultados das operações da empresa. 
 
b) sujeito às sanções da SEC em caso de afirmações conhecidamente falsas, o 
que segue: 
 
I – as pessoas que assinam revisaram o relatório com base no melhor de 
seus conhecimentos. 
 
II – o relatório não contém nenhuma afirmação falsa ou omite qualquer 
fato relevante. 
 
III – as demonstrações financeiras apresentam adequadamente, em todos os 
aspectos relevantes, a situação financeira e os resultados das operações da 
empresa. 
 
IV – as pessoas que assinam: são responsáveis pelo estabelecimento e pela 
manutenção dos controles internos; estabeleceram controles internos para 
assegurar que a informação material relativa à empresa e as suas 
 13
subsidiárias consolidadas foram fornecidas por outras, dentro dessas 
empresas, às pessoas que assinam, especialmente durante o período em que 
os relatórios estão sendo preparados; avaliaram a eficácia do sistema de 
controles internos da empresa, até uma data não superior a 90 dias da data 
do relatório, e; apresentaram, no seu relatório, suas conclusões acerca da 
eficácia dos controles na data da sua avaliação. 
 
V – as pessoas que assinam divulgaram aos auditores e ao comitê de 
auditoria: todas as deficiências materiais no desenho e na operação dos 
controles internos que poderão ter um impacto sobre a capacidade da 
empresa de captar, processar, totalizar e reportar dados financeiros e 
identificaram aos auditores, quaisquer falhas materiais nos controles 
internos, e; qualquer fraude, seja material ou não, que envolva pessoas do 
nível da administração ou outros funcionários que façam parte, de forma 
significativa, dos controles internos. 
 
VI – as pessoas que assinam indicaram no seu relatório, quaisquer 
mudanças significativas nos controles internos ou outros fatores que 
poderão ter um impacto significativo sobre os controles internos 
subseqüentes à data da sua avaliação, incluindo quaisquer ações corretivas 
com relação a deficiências significativas ou falhas materiais. 
 
Tudo isso visa fundamentalmente trazer mais transparência aos processos envolvendo 
empresas e auditores independentes, fiscalizados por órgãos reguladores, no interesse do bem 
comum. Destacam-se, a divulgação imediata de fatos relevantes; maior transparência no que se 
refere a transações off-balance sheet; divulgação sobre a existência de um código de ética ou 
explicações sobre a razão da sua não-existência, e; regras adicionais exigidas pela NYSE e pela 
NASDAQ. 
 
Complementarmente, cabe informar os serviços que são proibidos ao auditor externo, 
responsável pela auditoria das demonstrações financeiras, desde que realizados simultaneamente à 
própria empresa, como: 
 
· contabilidade ou outros serviços relacionados à preparação dos registros 
contábeis ou das demonstrações financeiras. 
 
· Desenho e implementação de sistemas de informação financeira. 
 14
 
· Serviços de avaliação ou fairness opinions. 
 
· Serviços atuariais. 
 
· Terceirização de auditoria interna. 
 
· Funções da Gerência ou de Recursos Humanos. 
 
· Serviços do tipo prestados pelos Bancos de Investimento (Corporate 
Finance). 
 
· Serviços legais e outros serviços, normalmente prestados por um expert, 
não relacionados à auditoria, e; 
 
· Qualquer outro serviço que o Public Company Acconting Oversight Board 
– PCAOB, venha a proibir. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 15
 
 
 
CONCLUSÃO 
 
 
 Tem-se ainda um longo caminho pela frente. Apesar da ética, como citado neste 
texto, ter sua origem com Sócrates, na Grécia, no ano 399 antes de Cristo, ainda há muito por fazer. 
Faz-se necessário teorizar menos e praticar mais, criando as condições para uma sociedade mais 
justa, mais humana, mais calcada em bons valores e comprometida com a verdade. Fala-se em 
ética, em crise de valores, em necessidade de mudança, de moralização, entre outros assuntos 
relacionados ao tema. Os cidadãos talvez tenham dificuldades em praticar a ética, procurar ter um 
comportamento ético, por saber que vão ter que abrir mão de algumas coisas. Isto, naturalmente, 
também vale para a ética profissional. A ética depende de convicções, depende da introjeção de 
valores e da vivência de valores aprendidos, escolhidos e exercitados. A ética depende de atitude. 
O que se verifica neste início de século, é uma mudança em termos de atitude para com um 
conjunto de situações bem conhecidas por todos nós. As exigências estão aumentando em direção a 
comportamentos mais confiáveis, mais éticos. 
 
 O caminho do aperfeiçoamento de nossa vida, mesmo que não tenhamos 
consciência plena, ocorre com base em algum modelo, em algo que serve de referência, algo que 
nos orienta. Quanto maior for a clareza a respeito das razões que orientam nossas ações, certamente 
melhores e mais efetivas serão elas. Melhores e mais significativos serão seus resultados. Somente 
a consciência seus atos, a compreensão de si mesmo, à sua própria humanidade, levará o ser 
humano a consolidar-se como um ser ético. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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