IMPERICIA E REGRA TECNICA

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FACULDADES INTEGRADAS DO TAPAJOS-FIT
DIREITO PENAL III
DIREITO-5DIV1
MOTA
Acadêmico
Inobservância de regra técnica de Profissão, Arte ou Oficio em Confronto com a Imperícia.
SANTARÉM-PA
2016
INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem por finalidade apresentar brevemente uma analise da causa de aumento de pena prevista para o homicídio culposo na modalidade de Inobservância da Regra Técnica de Profissão, Arte ou Oficio e sobre a Imperícia. 
A analise se justifica em função de divergências doutrinarias e jurisprudências quanto à aplicação do Art. 121, paragrafo 4º do CP em casos que para alguns existem posicionamentos diversos a respeito.
Ao pesquisar sobre o assunto percebesse que por mais que os conceitos de ambas sejam claros ainda existem muitas discussões quanto à aplicação da agravante de Inobservância, tendo em vista que esta é mais prejudicial a pena do agente e que para alguns sua aplicação seria o caso de “bis in idem”. 
O conceito dessas duas modalidades se faz necessário para melhor entendimento quanto às diferenças que norteiam essas duas modalidades distintas e que não se confundem. A questão então é: Quando seria um caso apenas de imperícia e quando caberia a agravante de inobservância de regra técnica?
IMPERICIA, UM BREVE CONCEITO. 
Pelo dicionário Jurídico:
É a modalidade de culpa decorrente da inaptidão técnica no exercício de arte, ofício ou profissão. Configura-se a imperícia quando o agente causa dano a outrem por falta de conhecimentos técnicos, isto é, por não possuir o conhecimento que deveria, em virtude de qualificação profissional. Exemplo de imperícia dá-se quando o médico, exercendo sua profissão, causa dano ao paciente, que poderia ter sido evitado caso ele apresentasse melhor aptidão técnica.
Pelo Código Penal Brasileiro:
Imperícia é um dos três casos (os demais sendo imprudência e negligência) que caracterizam o crime culposo, diferente do crime doloso, em que o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo.
Fundamentação:
Art. 617 e 951 do CC
Art. 18, II do CP
INOBSERVANCIA DE REGRA TÉCNICA DE PROFISSÃO, ARTE OU OFICIO.
A inobservância de regra técnica é uma causa especial de aumento de pena e pertence ao terreno da culpabilidade, diferentemente da negligencia, imprudência e imperícia que são elementos subjetivos do homicídio culposo e integram o tipo penal.
Na inobservância o agente detém os conhecimentos técnicos necessários, mas por alguma razão deixa de emprega-los. Diferente da imperícia, onde o agente não possui os conhecimentos técnicos necessários. Dai surgem muitas discussões sobre o tema, alguns juristas entendem que ao considerar certas condutas como inobservância de regra técnica seria o mesmo que cair em “bis in idem”, ao passo que para outros isso não passa de mero equivoco.
O que dispõe a Lei:
CP - Decreto Lei nº 2.848 de 07 de Dezembro de 1940 
Art. 121. Matar alguém: 
§ 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos. (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003)
"No homicídio culposo, a inobservância de regra técnica faz com que a pena aplicada ao agente seja majorada em um terço. Esse substancial aumento se deve ao fato de que o agente, mesmo tendo os conhecimentos das técnicas exigidas ao exercício de sua profissão, arte ou ofício, não os utiliza por leviandade, sendo maior, portanto, o juízo de reprovação que deve recair sobre o seu comportamento." (ROGÉRIO GRECO, in Curso de Direito Penal – Parte Especial, v. II, p. 202, Impetus, Rio de Janeiro, 2005).
INOBSERVANCIA DE REGRA TECNICA E O BIS IN IDEM 
Muitas vidas são perdidas atribuídas à falta de submissão de profissionais as regras técnicas exigidas ao exercício de suas funções, a esses profissionais é atribuído o “dever de cuidado”.
 Segundo FRAGOSO o aumento de pena previsto no art. 121, § 4º, do Código Penal deve ser aplicado somente ao profissional, “pois somente em tal caso se acresce a medida do dever de cuidado e a reprovabilidade da falta de atenção, diligência ou cautela exigível” (Lições de Direito Penal — Parte Especial). 
Exemplo: "Se alguém constrói um muro divisório de seu terreno e se tal muro vem a ruir causando a morte, por ter sido edificado com a inobservância de regras técnicas, parece evidente que uma culpa agravada só poderia ter um técnico na construção de muros”.
Em alguns casos o juiz aplica o aumento referente à inobservância mesmo quando essa circunstancia já fora considerada para fixação de pena-base, ou seja, condena o agente duas vezes pelo mesmo fato, configurando assim o caso de “bis in idem”.
No julgamento do RHC 22.557, o desembargador convocado Haroldo Rodrigues afirmou que, “embora a causa de aumento de pena referente à inobservância de regra técnica de profissão se situe no campo da culpabilidade, demonstrando que o comportamento do agente merece uma maior censurabilidade, não se pode utilizar do mesmo fato para, a um só tempo, tipificar a conduta e, ainda, fazer incidir o aumento de pena”.
Isso não quer dizer que não existam casos em que a defesa de um agente, que responde pelo art. 121, paragrafo 4º, alega o “bis in idem” equivocadamente ou astutamente para beneficiar o agente e evitar que recaia sobre o mesmo a causa de aumento de pena.
REFERENCIA
ROGÉRIO GRECO, in Curso de Direito Penal – Parte Especial, v. II, p. 202, Impetus, Rio de Janeiro, 2005
MIRABETE, Julio Fabbrini. Manual de Direito Penal - Parte Geral. 22ª ed. São Paulo: Editora Atlas, 2005.
Site: DIREITO NET http://www.direitonet.com.br/dicionario/exibir/723/Impericia. Visto em 03/09/2016
Site: SECUNDUM IUS http://.blogspot.com. br/2011/05/ direito-penal- inobservancia -de-regra.html. Visto em 03/09/2016
Site: AMBITO JURIDICO http://www. Âmbito juridico.com .br/site index.php/ mnt/?n_link =visualiza_ noticia&id_caderno=20&id_noticia=14404 . Visto em 03/09/2016