Buscar

Resumo do livro de Franz Kafka, O processo

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 6 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 6 páginas

Prévia do material em texto

O presente trabalho aborda a questão do acesso à justiça, seus obstáculos e os caminhos para a sua efetividade, fazendo uma análise da obra de Franz Kafka “O Processo", demonstrando ainda a importância da aplicabilidade dos princípios constitucionais ligados ao processo, a saber: do princípio da ação e do princípio da disponibilidade e da indisponibilidade, os quais restaram tolhidos no romance em epígrafe.
Josef K tinha o perfil de funcionário exemplar, trabalhava em um banco e tinha um cargo de responsabilidade, e o mesmo foi detido sem fazer mal algum, pediu esclarecimentos ao inspetor e aos policiais, mas sem sucesso algum pois os mesmos não sabiam o motivo de sua detenção. Contratou um advogado, mas logo dispensou, procurou o judiciário, onde também não teve sucesso, pois lutava contra um processo do qual ele nem conhecia. No desenrolar dessa história vê-se o desrespeito contra todos os princípios que garante os direitos fundamentais da pessoa humana.
No caso relatado no Livro O Processo é visto como os princípios são duramente infligidos e negligenciados, como o princípio da Ação de Jurisdição, este princípio possui inúmeras denominações, entre as quais se referem o princípio da demanda e princípio da iniciativa das partes e ele denota que o Poder Judiciário, incumbido de oferecer a jurisdição, regido por outro princípio (inércia processual), para movimentar-se no sentido de dirimir os conflitos intersubjetivos, depende da provocação do titular da ação, instrumento processual destinado à defesa do direito substancial litigioso.
No ordenamento jurídico brasileiro, se adota o sistema acusatório, que é o sistema processual penal de partes, em que o acusador e acusado se encontram em pé de igualdade; é, ainda, um processo de ação, com garantias da imparcialidade do juiz, do contraditório e da publicidade. A fase prévia representada pelo inquérito policial constitui procedimento administrativo, sem exercício da jurisdição, sem litigantes e mesmo acusado. Por isso, o fato de não ser contraditório não contraria a exigência constitucional do processo acusatório.
Por oportuno, esclarece-se que o processo inquisitivo, cuja característica é ser secreto, não-contraditório e escrito, é o processo em que o juiz instaura o processo por iniciativa própria, acabando ligado psicologicamente à pretensão, colocando-se em posição propensa a julgar favoravelmente a ela. 
Assim, via de regra, o juiz perde sua imparcialidade.
No processo penal, o fenômeno é semelhante e o que vincula o juiz, delimitando o seu poder de decisão, não é o pedido de condenação por uma determinada infração penal, mas a determinação do fato submetido à sua indagação.
Outro princípio ferido é o princípio da disponibilidade e da indisponibilidade, onde este garante o direito das partes de exercer ou não seus direitos por meio do acesso ao Poder Judiciário. Esse procedimento é denominado poder dispositivo a liberdade que as pessoas têm de exercer ou não seus direitos.
Em direito processual tal poder é configurado pela disponibilidade de apresentar ou não sua pretensão em juízo, da maneira que melhor lhes aprouver e renunciar a ela ou a certas situações processuais. Trata-se do princípio da disponibilidade processual.
Esse poder de dispor das partes é quase que absoluto no processo civil, mercê da natureza do direito material que se visa fazer atuar. As limitações a esse poder ocorrem quando o próprio direito material é de natureza indisponível, por prevalecer o interesse público sobre o privado.
O inverso acontece no direito penal, em que prevalece o princípio da indisponibilidade (ou da obrigatoriedade). O crime é sempre considerado uma lesão irreparável ao interesse público e a pena é realmente reclamada, para a restauração da ordem jurídica violada.
O artigo 125 incisos I e III diz que “I - assegurar as partes igualdade de tratamento; III- prevenir ou reprimir qualquer ato contrário à dignidade da justiça”, mas o que vemos tanto na história contada no livro como na atualidade é o desrespeito quanto ao que está elencado neste artigo, busca-se a denominada igualdade real ou substancial, onde se proporciona as mesmas oportunidades às partes, mas na história contada no livro o Josef K nem esse direito tinha já que nem mesmo sabia quem o acusava.
O livro inicia-se com a frase: “Alguém devia ter caluniado Joseph. K, pois sem que ele tivesse feito qualquer mal foi detido certa manhã”. Alguns estudiosos acreditam que nessa frase esteja o enredo do livro. As expressões “alguém”, pessoa incerta/indeterminada, “devia ter caluniado”, falsa imputação de fato criminoso a outrem, “detido” (Ser privado de liberdade) ilustram esse fato.
Ainda:
“(...)
... K. comprovou que o caminho era mais breve do que teria imaginado. Exatamente em frente do quarto partiu uma estreita escada de madeira que provavelmente se chegaria à água furtada e que, formando uma curva não permitia ver o lugar onde terminava.
(...)
- Contudo, hoje não é dia de sessão – disse o porteiro ao ver que K. se calara. ”
Esses trechos demonstram a ideia de que a justiça se fechou para Joseph K. Por mais que o bancário tentasse ter acesso a ela, ele não conseguiu êxito. Logo, a justiça não é para todos.
Há outra crítica ao sistema Judiciário que está presente no seguinte trecho:
“... talvez nenhum de nós tenha o coração duro; talvez todos nós apreciemos socorrer os acusados; apenas que como funcionários da justiça muito facilmente assumimos a aparência de ter o coração duro e de não querer ajudar ninguém. Aí está algo que lamento muito. ”
Nessa parte é demonstrada a forma que a sociedade vê a justiça como algo severo, protelatório, drástico e não tem como escopo a intenção real de ajudar as partes litigantes. K. passa por audiências e cartórios, sem que ele nunca saiba de que crime é acusado.
Pode-se evidenciar nesse caso o ferimento ao princípio do devido processo legal, que estabelece, atualmente, que ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal, em concorrência com a ampla defesa e o contraditório (art. 5º, LIV-LV, CR).
Destarte, para o fato de que ao longo de um ano que transcorreu o processo, K. tentou inúmeras vezes falar com o juiz responsável pela causa (direito de audiência). E, essa tentativa sempre foi frustrada porque ao procurar o responsável por sua detenção ele se deparou com um estudante de direito, porteiro, secretária, secretário de informação, advogado, inspetor, fiscal entre outros, uma vez que isto demonstra a dificuldade de acesso à justiça e às informações processuais. Tanto o direito como o processo existem nessa obra literária, mas sem a aplicação de justiça, ou seja, não são justos.
Essas passagens demonstram a dificuldade de acesso à justiça e a desconsideração de princípios fundamentais no caso do romance de Kafka, de modo que o que vai determinar o destino do acusado é a influência que ele exerce sobre os servidores da justiça.
Os inquéritos, como já foi dito, eram secretos e o eram também para os funcionários hierarquicamente inferiores. O acusado não podia em hipótese alguma trocar de advogado, tinha que ficar com o que escolheu independente de qualquer coisa. Porém, o processo podia tomar rumos nos quais o advogado não mais pudesse seguir seu cliente.
A sentença de Josef K. chegara na véspera de seu aniversário quando completaria 31 anos, entram na casa de K. dois senhores que o carregaram pelos braços, ele ainda tenta empreender fuga, mas é detido pelos dois homens que o levam a uma pedreira e lá golpeiam-no no coração com uma faca. A ele foi, então, imposta a pena de morte por um crime jamais informado.
Vê-se que fora aplicado à K. pena de morte instituto abolido pelo ordenamento jurídico vigente no Brasil. A obra de Franz Kafka possui várias interpretações, todas com alto nível de complexidade. As ideias aqui expostas são apenas uma linha de pensamento que se pode obter dessa ilustre obra
CONCLUSÃO
Em harmonia com o exposto e por tudo mais que consta da obra denota-se que o acesso à Justiçae a efetividade da tutela jurisdicional são princípios violados pela sistemática judiciária descrita por Kafka, os princípios do devido processo legal, da ampla defesa e do contraditório, da publicidade, da presunção de inocência, são garantias formais que na prática do processo em análise foram suprimidas pelo sistema judiciário da época o que não se permite que aconteça hoje posto que vivemos num Estado Democrático de Direitos onde são ou pelo menos devam ser respeitados tais princípios constitucionais.
Os princípios trazem a força normativa necessária para servir de fundamento para a decisão judicial no caso concreto, muitos doutrinadores consideram a violação de princípios uma grave transgressão, muito mais que a violação de uma norma, eles são responsáveis pela coesão entre as leis de um ordenamento jurídico, dão estabilidade e norteiam o trabalho legal, administrativo e jurisdicional. Os princípios podem ser classificados em princípios informativos, que orientam na busca da melhoria da máquina judiciária, e princípios fundamentais ou gerais do processo civil, constituindo todo alicerce de todo o sistema jurídico.
Apesar de existirem outros fatores, como a morosidade do judiciário; a burocracia e a influência da mídia, o que vai determinar o desfecho de um processo, na maioria das vezes é a produção de provas durante a instrução de um devido processo legal, respeitando a todos os direitos do réu.
Esse romance de Franz Kafka constitui uma grande crítica a todos os mecanismos jurídicos demonstrando os aspectos obscuros e incompreensíveis à administração da justiça, sendo de grande valia em nossa atualidade tendo em vista que ainda hoje, devem existir diversos "Josef k", andando feito fantoches sob as incertezas e injustiças na nossa justiça. Certamente, essa obra de Kafka ainda rendará muitas indagações e nos proporcionará uma indispensável reflexão sobre nossa vulnerabilidade diante dos atos jurídicos do Estado, que frequentemente afronta seus cidadãos.
REFERÊNCIAS
ÁVILA, Humberto. Teoria dos princípios – da definição à aplicação dos princípios jurídicos. 4ª ed.2ª tir. São Paulo: Malheiros, 2005. 
BRASIL. Código de Processo Civil. São Paulo: Saraiva. 2004.
KAFKA, Franz. O Processo. Trad. Torrieri Guimarães. ed. São Paulo: Martin Claret Ltda, 2009.

Outros materiais