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Psicologia da saúde - a estruturação de um novo campo de saber Busca explorar os contornos possíveis de um campo de pesquisa e prática ancorado na perspectiva da psicologia social crítica. - Mudanças recentes na forma de inserção dos psicólogos na saúde e a abertura de novos campos de atuação vêm introduzindo transformações qualitativas na prática que requerem, por sua vez, novas perspectivas teóricas. O que determina o surgimento de condições apropriadas para a estruturação de uma psicologia da saúde: É o saber acumulado na prática; A necessidade de contextualizar esta prática; A ampliação no número de psicólogos envolvidos nesta área. A psicologia chega tardiamente à área da saúde... buscando ainda definir seu campo de atuação, sua contribuição teórica efetiva e as formas de incorporação do biológico e do social ao fato psicológico, procurando abandonar os enfoques centrados em um indivíduo abstrato e a-histórico. A emergência da psicologia da saúde, como campo de saber, está intimamente relacionada com as transformações que vêm ocorrendo na inserção do psicólogo na saúde. A atuação da psicologia se resumia a duas vertentes: As atividades exercidas em consultórios particulares, restritas a clientela mais abastadas. Uma atividade exercida de forma autônoma, não inserida no contexto dos serviços de saúde. As atividades exercidas em hospitais e ambulatórios de saúde mental - até recentemente, subordinada aos paradigmas da Psiquiatria – predominando a internação e medicação. Na área clínica, os psicólogos, trabalhavam de forma isolada - adotava a perspectiva médica. Sua inserção na equipe era como facilitador do processo de tratamento. Nesta perspectiva, caberia aos psicólogos preparar o paciente para a cirurgia e outras intervenções e, de modo geral, segurar a barra quando o paciente expressasse suas emoções, restituindo-o ao papel de agente passivo. À inserção dos psicólogos nos serviços de saúde (a grande virada) São Paulo 1982 - adoção de uma política explícita, por parte da Secretaria da Saúde, de desospitalização e de extensão dos serviços de saúde mental à rede básica. Teve suas origens na divulgação do trabalho de Franco Basaglia na Itália. A política adotada a partir daí pela então Coordenadoria de Saúde Mental levou à criação de equipes de saúde mental: psiquiatra, assistente social e psicólogo, que passaram a atuar nos centros de saúde do Estado. Constituía-se, assim, uma rede de serviços teoricamente integrados com atuação nos níveis primário, secundário e terciário. À inserção dos psicólogos nos serviços de saúde (a grande virada) Algumas dificuldades de inserção e constituição dessas equipes nos centros de saúde: Resistência por parte dos demais profissionais que não compreendiam o papel atribuído aos membros dessas equipes. Faltava o embasamento teórico-prático necessário - que fugia aos parâmetros da atuação tradicional dos profissionais que as integravam. Daí se inicia um processo de delineamento de novos campos de atuação do psicólogo nos serviços de saúde - um campo específico de saber. As possíveis dificuldades... Na estruturação de um marco teórico da psicologia da saúde. 1. O predomínio do modelo psicodinâmico na formação dos psicólogos, ênfase nas aplicações clínicas na área da saúde mental e total ausência das temáticas relacionadas à saúde pública. 2. A predominância dos enfoques em que o indivíduo é tratado como ser abstrato e a-histórico, desvinculado de seu contexto social. 3. A hegemonia do modelo médico na definição do objeto de investigação/intervenção e a ausência de paradigmas verdadeiramente psicológicos para o estudo do processo saúde/doença. O modelo médico está embasado nos conhecimentos derivados empiricamente. Nessa perspectiva o comportamento do paciente passa a ser avaliado, em função de sua adequação ao saber médico – se o paciente não segue o tratamento é tido como rebelde ou ignorante. A hegemonia reflete: A aceitação da autoridade do profissional na relação com o paciente - fruto da formação clínica predominante entre os psicólogos. A crença na verdade absoluta das ciências naturais – a variância e o desvio da norma deverão ser buscados no paciente. A forma de inserção do psicólogo no setor saúde - predominantes a falta de autonomia e a subordinação ao médico - o que não encoraja um saber independente. As possíveis dificuldades... A medicina social como campo de saber - anos 50 Fruto da crise da medicina oficial nos anos pós- guerra e da constatação de que seria preciso formar um profissional mais compatível com a situação de saúde vigente nos países do Terceiro Mundo. O processo de constituição dessa área se concretizou por ocasião da reunião de Cuencas, no Equador, em 1972. Psicologia da saúde - a estruturação de um novo campo de saber As três dimensões a serem incorporadas na busca de um embasamento mais globalizante para a psicologia da saúde - tendo por eixo central a explicação do processo saúde/doença. o saber oficial; o saber popular (ou do senso comum); a sociedade. As representações são formas de conhecimento social que orientam a ação, individual ou institucional, para a prevenção da doença e a promoção ou recuperação da saúde. Psicologia da saúde - a estruturação de um novo campo de saber Amplitude dos temas possíveis 1) A compreensão da doença como fenômeno coletivo, ou seja, privilegiando o discurso de uma dada sociedade sobre as enfermidades e os enfermos. 2) A construção do saber leigo, (senso comum) ou seja, os modelos explicativos que embasam as diferentes interpretações das doenças e a busca de alternativas terapêuticas. 3) A interface entre o saber oficial- mediado pela constituição do campo da prática médica e das instituições médicas - e a representação da doença prevalecente em determinadas épocas e/ou grupos. Psicologia da saúde - a estruturação de um novo campo de saber Resumo do texto: SPINK, Mary Jane P. Psicologia da saúde: a estruturação de um novo campo de saber,em: Psicologia social e saúde: práticas, saberes e sentidos. 3ª ed. Petrópolis: Vozes, 2003.
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