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Mariana Sarlo Silva | FCMS – Faculdade de Ciências Médicas de Santos Tema: Neurolépticos (Espectro da Esquizofrenia e Psicoses) Introdução o Problema de Saúde Pública; o 4 hipóteses correlacionadas com a origem fisiopatológica; o Região mesolímbica e mesocortical são afetadas, bem como neurotransmissores; o Alguns quadros de intoxicação mimetizam a esquizofrenia. o Definição: transtorno mental caracterizado por um ou mais episódios de psicose. Morrison, 8ª ed., Psychiatrics Sintomas (Positivos e Negativos) Positivos Pensamentos e comportamentos anormais – hiperatividade mesolímbica Negativos Ausência de pensamentos e comportamentos normais – hipoatividade mesocortical 1 – Alucinações, ilusões ou pseudo-ilusões auditivas, visuais, etc. 1 – Distanciamento afetivo que pode chegar a total embotamento afetivo. 2 – Ideias delirantes. 2 – Retração social. 3 – Comportamento bizarro. 3 – Empobrecimento da linguagem e da função cognitiva. 4 – Agitação psicomotora. 4 – Hipopragmatismo. Incapacidade de iniciar tarefas (inclusive, aquelas mais simples). 5 – Ideias bizarras, não necessariamente delirantes. 5 – Negligência quanto a si mesmo. Higiene, aparência... 6 – Neologismos e parafasias. 6 – Lentificação e empobrecimento psicomotor. Dalgalarrondo, 2ª ed. Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos Mentais Epidemiologia o Prevalência de 0,5 a 1%. o Idade de Início: 15 a 35 anos o No Brasil, aparecem cerca de 75.000 novos casos desse transtorno por ano, o que representa 50 casos para cada 100.000 habitantes (OLIVEIRA, 2012, p.310). OBS.: Os fatores genéticos e interação de gene/ambiente podem contribuir com mais de 80% da responsabilidade de desenvolver esquizofrenia (BORELLA, 2013 p.16-17) Hipóteses Bioquímicas para gênese das Psicoses o Deficiência de noradrenalina (menos aceito); o Anormalidades da serotonina (LSD – sintomas psicóticos); o Hipofunção Glutamatérgica central; o Hiperfunção Dopaminérgica Central * (mais aceita – principalmente na região mesolímbica). Hipótese da hiperfunção dopaminérgica central Fonte: Angeli, J.K OBS.: Densidade de receptores dopaminérgicos está aumentada em esquizofrênicos não tratados ou tratados em relação ao não esquizofrênico. Outras Hipóteses – Abordagem Neuroanatômica o Tamanho ventricular; o Córtex pré-frontal e hipocampo - diminuição do tamanho do neurônio; o Cérebros de esquizofrênicos - 30 - 50% de diminuição na expressão de mielina no córtex pré-frontal e hipocampo. Consequências do Tratamento tardio o Recuperação mais lenta e menos completa; o Risco aumentado de depressão e suicídio; o Interferência no desenvolvimento psicológico e social; o Enfraquecimento das relações interpessoais; o Estresse e aumento dos problemas psicológicos na família; o Desestruturação das atividades escolares e profissionais; o Uso abusivo de substâncias; o Atos violentos e criminais; o Hospitalização desnecessária; o Perda de auto-estima e auto-confiança; o Aumento dos custos do tratamento. Tratamento Farmacológico I. Neurolépticos Típicos (1ª Geração) II. Neurolépticos Atípicos (2ª Geração) o Neurolépticos Típicos o Alta Potência; o Baixa Potência. Mesmo mecanismo de ação, porém afinidades diferentes ao receptor. Neurolépticos típicos: baseiam-se na hipótese de hiperfunção dopaminérgica central, melhoram os sintomas positivos e bloqueiam os receptores dopaminérgicos (especialmente, D2). No entanto, também bloqueiam receptores α1, H1 e M1. o Baixa Potência: Clorpromazina * Proclorpromazina; Prometazona; Tiodazina. o Alta potência: Haloperidol; Flufenazina; Pimozida; Tiotixeno. Efeitos-colaterais dos Neurolépticos Típicos: o Efeitos extra-piramidais Distonias; Discinesia (sensibilização de D2 e D4 irreversível – trocar por fármaco atípico). o Sd. Maligna Neuroléptica EFEITO ADVERSO MAIS GRAVE DOS NEUROLÉPTICOS TÍPICOS, uma síndrome rara, porem potencialmente fatal, caracterizada por: Os neurolépticos de alta potência apresentam, contudo, maior especificidade e afinidade por D2 em relação aos outros receptores (α1, H1 e M1). Isso significa que os neurolépticos de alta potência apresentam efeitos colaterais com menor proeminência (exceto do Parkinsoniano) Catatonia, Estupor, Febre e instabilidade autônoma, Aumento da creatinina quinase (mioglobinemia) e Morte em cerca de 10% dos casos. Tratamento: Suspender fármaco Dantrolene: também utilizado no tto. da Sd. da Hipertemia Maligna (bloqueia os canais de Ca2+ do Retículo Sacoplasmático) BDZ: tônus vascular Bromocriptina: agonista dopaminérgico, compete pelo sítio ativo do receptor. Outros efeitos adversos: o Boca seca, obstipação, dificuldade de micção e perda da acomodação visual. [Receptores Muscarínicos] o Hipotensão ortostática, nos homens ausência de ejaculação. [Receptores adrenérgicos] o Aumento de Peso (Obesidade), apetite. (Meduloperiventricular) [Receptores histaminérgicos] o Amenorréia, galactorréia e teste falso-positivo para gravidez em mulheres e resultando em ginecomastia e diminuição da libido em homens. [Receptores dopaminérgicos na região túbero-infundibular da hipófise] OBS.: Efeitos Colaterais da Clorpromazina Leucopenia (1:10 000); Urticária e dermatite (5%). Aproximadamente, 50% dos pacientes com esquizofrenia interrompem a medicação após 4 a 6 meses de tratamento (principalmente, em decorrência dos efeitos colaterais.) o Neurolépticos atípicos Propiciam uma melhora dos sintomas positivos e negativos da esquizofrenia. o Mecanismo de Ação: Bloqueiam receptores dopaminérgicos (controle dos sintomas positivos); Bloqueiam receptores serotominérgicos (controle dos sintomas negativos); Também bloqueiam α1, H1 e M1 (efeitos colaterais). Importante: Na verdade, há menos receptores dopaminérgicos sendo bloqueados pelos Neurolépticos atípicos em relação aos Neurolépticos típicos. (Portanto, atípicos apresentam + afinidade). Logo, Neurolépticos atípicos apresentam: Parkinsonismo; Ginecomastia, galactorreia. Alguns pacientes não apresentam os efeitos colaterais acima. Efeitos colaterais – Atípicos: Ganho de massa gorda acentuada; Sd. neuroléptica maligna (menor Risco Relativo em relação aos típicos); RR para diabetes mellitus (pode evoluir para tipo 1); Dislipidemias. OBS.: Efeitos Colaterais – Clorzapina Agranulocitose (1-2%); 50 a 80% dos casos de neutropenia/agranulocitose ocorrem nas primeiras 18 semanas. Farmacocinética de Neurolépticos (Geral) o Via de adm.: oral, intra-muscular; o Distribuição: Lipossolubilidade, Ligação às proteínas plasmáticas (92-99%) OBS.: Leite materno o Metabolização: citocromo P450 (Enzimas diferentes) lanzepina - CYP1A2 fenotiazinas - CYP2D6 risperidona - CYP2D6 quetiapina - CYP3A4 o Excreção: renal* e biliar Os Neurolépticos apresentam alguma tolerância, porém pouca dependência física. Também apresentam alto índice terapêutico, isto é, a dose terapêutica é distante da dose letal. o Interações medicamentosas BZD, Anti-histaminico: Potencializam sedação Anti-adrenérgicos (α) e anticolinérgicas:Potencializam hipotensão postural, xerostomia, alteração visual, dificuldade de micção e ejaculação. Anticonvulsivante: diminuição da eficácia. Anfetamina, Levodopa: Eficácia Reduzida dos antipsicóticos. Propanolol (e outros β-bloqueadores): Efeito Anti- hipertensivo acentuado o Outros usos clínicos dos anti-psicóticos: Doença de Hungtington: (coreia) bloqueio dos movimentos involuntários; Tratamento de soluços intratáveis (clorpromazina); PRÉ-MEDICAÇÃO CIRÚRGICA (BDZ são preferidos) ; COMPORTAMENTO DE VIOLÊNCIA IMPULSIVA AUTISMO; SÍNDROME DE TOURRETE (pimozida); Distúrbios de comportamento na demência senil; Controle das náuseas e vômitos (drogas) – apenas típicos. A maioria dos Neurolépticos tem efeitos anti-eméticos, os quais são mediados pelo bloqueio do receptor D2 da zona quimiorreceptora disparadora bulbar. Lembrar que: a tentativa de modificação molecular produziu a METOCLOPRAMIDA (Plasil®) (ação antiemética e não antipsicótica). Pespectivas de novos fármacos Pó-de-anjo: bloqueia receptor NMDA e causa alucinações (humanos) e isolamento social (ratos). Considerações Gerais o Tratamento eficaz, porém insuficiente; o 20-50% apresentam menor gravidade dos sintomas; o Efeitos terapêuticos: Sintomas + : poucos dias; Sintomas - : semanas a meses.
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