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baccharis trimera monografia

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MONOGRAFIA PLANTA MEDICINAL
Baccharis trimera (Less) DC - ASTERACEAE
Profª Celi de Paula Silva
Farmacognosia - USCS
 
São Caetano do Sul	
Maio/2016			
Componentes do Grupo:				Matrícula
Baptistele, Solange					7028897
Bolignani, Ana Paula				409151
Silva, Grazielli					409292
Suemi, Bianca					409458
INTRODUÇÃO
O ser humano desde sempre buscou na natureza, soluções para os problemas de saúde. Desde os primórdios da humanidade, a utilização de plantas medicinais eram usadas na prevenção e tratamento das doenças. A ciência tem provas de que há mais de 60.000 anos atrás já utilizavam plantas para fins medicinais. (KARAN et al; 2013)
Cunha et al., (2003) afirma que durante milênios os fármacos de origem vegetal, correspondeu a aproximadamente 90% dos medicamentos utilizados para o alívio e cura das doenças. Até 1930, constata-se o predomínio das plantas como medicamento sob o ponto de vista cronológico. Quando do desenvolvimento das primeiras sulfamidas, na mesma época, ocorre o surgimento da geração da síntese orgânica de fármacos resultando num grande número de moléculas sintéticas. (KARAN et al; 2013)
No final do século XVIII, ocorre o isolamento e determinação da estrutura dos constituintes ativos dos produtos de origem natural com propriedades medicinais, com isso, adentra-se a uma nova fase de utilização científica de plantas medicinais, com a substituição progressiva destes e seus extratos, pelos compostos reconhecidos pela sua ação farmacológica. (KARAN et al; 2013)
As plantas medicinais no Brasil, são consideradas como remédios de baixo custo, que por sua vez, é visto como sinônimo de baixa qualidade. A maioria das plantas utilizadas pela população, não tem ação farmacológica comprovada através de estudos químicos nem toxicológicos, devido à falta de pesquisas, desenvolvimento e investimentos em controle de qualidade e padronização de produtos fitoterápicos. No entanto, há estudos que comprovam a atividade terapêutica de diversas espécies medicinais como por exemplo a carqueja, Baccharis trimera. (KARAN et al; 2013)
Vegetais de sabor amargo são comuns aos brasileiros, para uso na solução de problemas hepáticos ou relacionados a problemas digestivos, que faz da Baccharis trimera, conhecida popularmente como carqueja, uma das plantas mais procuradas nesta ocasião. (KARAN et al; 2013) 
NOME VULGAR E SINONÍMIA VULGAR
Carqueja, carqueja-do-mato, bacárida, bacórida, cacália, condamina, quina-de-condamine, tiririca-de-babado(BA), carqueja-amargosa, carqueja-amarga, bacanta, carque, cacália-amarga, cacáia-amarga, vassoura (RS), vassourinha. (LORENZI E MATOS, 2008)
NOME CIENTÍFICO E SINONÍMIA CIENTÍFICA
Baccharis trimera (Less.) DC.
Sin.: Molina trimera Less., Baccharis genistelloides var.trimera (Less.) Baker (LORENZI E MATOS, 2008)
Baccharis trimera (Less.) DC. – ASTERACEAE; 09896
A droga vegetal consiste de caules alados, dessecados e fragmentados contendo, mínimo, 1,7% de ácidos cafeicos totais, calculados como ácido clorogênico. (BRASIL; 2010)
FAMÍLIA BOTÂNICA DA PLANTA ESTUDADA
Asteraceae (Compositae) (LORENZI E MATOS, 2008)
Segundo Borela et al (2006), informa que o gênero Baccharis, incluído na tribo Astereae da família Asteraceae, constitui-se de aproximadamente 500 espécies, sendo a Baccharis trimera (Less.) DC., também denominada Baccharis genistelloides var. trimera (Less.) Baker, de grande utilização na medicina tradicional e produção de fitoterápicos. (KARAN et al; 2013)
DESCRIÇÃO MACROSCÓPICA DA PLANTA/DROGA 
"Ramos cilíndricos, trialados, de até 1 m de comprimento, áfilos ou com raras folhas sésseis e reduzidas nos nós. Alas verdes, glabras a olho nu, membranosas, com 0,5 cm a 1,5 cm de largura; alas dos ramos floríferos, mais estreitas do que as demais. Plantas dióicas, portanto, quando presentes ramos floridos, estes devem ser somente pistilados ou somente estaminados. Inflorescências, quando presentes, do tipo capítulo, branco-amareladas, numerosas, sésseis, dispostas ao longo dos ramos superiores, formando espigas interrompidas, com receptáculo plano, não paleáceo; flores com papus presente, piloso e branco. Capítulos estaminados com brácteas involucrais de 0,4 cm a 0,5 cm de comprimento, plurisseriadas, sendo as externas gradativamente menores, ovaladas e glabras; flores com corola tubulosa, pentâmera, com até 0,4 cm de comprimento e limbo dividido em lacínias longas, enroladas em espiral; estames cinco, epipétalos, sinânteros; pistilo atrofiado. Capítulos pistilados com brácteas involucrais de até 0,6 cm de comprimento, plurisseriadas, lanceoladas, glabras; flores com corola filiforme, pentadentada, com até 0,4 cm de comprimento; estilete bifurcado, mais longo do que a corola, linear-lanceolado, pubescente na face dorsal, com ramos divergentes; ovário ínfero, bicarpelar, gamocarpelar, unilocular, monospérmico; fruto do tipo aquênio, de até 0,2 cm de comprimento, com 10 estrias longitudinais." (BRASIL; 2010)
Espécies do gênero Baccharis apresentam porte arbustivo, com altura entre 0,5 e 4,0 metros, bastante ramificado na base possuindo caules e ramos verdes com expansões trialadas, inflorescências do tipo capítulo, dispostas lateralmente nos ramos, de cor esbranquiçada conforme figura 1 (Lorenzi e Matos, 2008). Apresenta ampla dispersão nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo, conforme descrito em Verdi et al, 2005. (KARAN et al; 2013)
Subarbusto perene, ereto, muito ramificado na base, de caules e amos verdes com expansões trialadas, de 50 a 80 cm de altura. (LORENZI E MATOS, 2008)
FIGURA 1. Plantas de Baccharis trimera em estádio vegetativo (A) e reprodutivo (B), ramo de inflorescência (C) e detalhe dos frutos aquênios (D) (adaptado de Carreira, 2007). (KARAN et al; 2013) 
Dissertação de mestrado, descreve a carqueja como subarbusto ereto ramificado, caules lenhosos áfilos, trialados, alas na base do caule até a altura mediana atingem 1,2 cm de largura, diminuindo para o ápice dos ramos superiores até 0,2 cm de largura, em suas extremidades. As ramificações intermediárias do caule formam panículas congestas de espigas de glomérulos, de 2 a 5 capítulos nos nós dos ramos superiores, podendo também ocorrer capítulos isolados nos ramos inferiores. Capítulos de flores pistiladas com invólucro campanulado de 0,3 cm de diâmetro base e 0,2 cm no ápice e 0,6 cm de altura. Floresce e frutifica de janeiro a março. (PIRES; 2004)
A correta identificação botânica é decisiva para a obtenção de produtos industrializados de qualidade, visto que somente Baccharis trimera destacou-se por apresentar concentrações elevadas (68%) de acetato de carqueja em seu óleo volátil, em detrimento às demais espécies de Caulopterae. O composto acetato de carqueila encontrado apenas no óleo volátil de B.Trimera, é sugerido como um marcador químico para essa matéria prima vegetal, diferindo-a em relação às demais espécies. (PIRES; 2004)
DESCRIÇÃO MICROSCÓPICA DA PLANTA/DROGA
"O caule apresenta três alas ou expansões caulinares divergentes, com as costelas pronunciadas entre cada ala. A epiderme é uniestratificada, com células retangulares cobertas por uma cutícula estriada. Em vista frontal, as células epidérmicas mostram-se poligonais com paredes sinuosas. Ocorrem poucos estômatos e alguns tricomas, esses últimos formados por 2 células basais e a cabeça com 2 séries de 4 células cada uma. As células do clorênquima são elípticas a circulares, frouxamente distribuídas e dispostas radialmente em 3 ou 4 camadas, interrompidas na região do colênquima e dos canais secretores esquizógenos. O colênquima, que se intercala ao clorênquima, modifica-se de acordo com a idade do caule. Nos caules jovens, isto é, até o quinto nó, estende-se da epiderme até os canais secretores, envolvendo-os parcialmente, enquanto que nas regiões entre os canais pode ocorrer sob a forma de uma camada contínua e subepidérmica. Nos caules maduros, ou seja, a partir do quinto nó, distribui-se em zonas opostas aos canaissecretores, podendo as células do colênquima transformar-se, parcial ou totalmente, em fibras agrupadas em até 3 camadas; nas zonas afastadas dos canais secretores, a camada de colênquima não sofre modificações. Os canais secretores, sempre acompanhados de colênquima, situam-se externamente à endoderme, ocorrendo, predominantemente, opostos às fibras do protofloema. O número de canais secretores varia de 3 a 10, com epitélio de 3 a 14 células de paredes delgadas. Internamente ao clorênquima existe uma camada contínua de endoderme com estrias de Caspary. O sistema vascular é colateral, apresentando caráter secundário já nos ramos jovens. Os cordões de fibras do protofloema, em número de 9 a 20, são formados por até 7 camadas de células de paredes grossas e lignificadas. Internamente ao xilema ocorre uma faixa de fibras quase contínua e de espessura variável, localizada junto ao parênquima medular. A medula é relativamente ampla, com células grandes, esféricas ou elípticas, de paredes pouco espessadas, com poucos espaços intercelulares, contendo cristais prismáticos de oxalato de cálcio, de formas variadas, como cristais aciculares, retangulares e octaédricos, dispostos predominantemente em zonas próximas ao xilema. Em secção transversal, as alas exibem estrutura dorsiventral com parênquimas paliçádico e esponjoso. A epiderme é uniestratificada, com características semelhantes àquelas descritas para o caule. Ocorrem estômatos anomocíticos e anisocíticos, distribuídos em ambas as faces da epiderme. Os tricomas ocorrem predominantemente na região dos bordos das alas e na junção destas com o eixo do caule. São de 4 tipos fundamentais: a: multicelular, unisseriado, ereto, com 3 células no corpo e uma apical cônica, ereta ou inclinada, b: multicelular, unisseriado, ereto, com 5 células no corpo e uma célula apical cônica, com sua base dilatada, c: multicelular, unisseriado, com 1 a 3 células no corpo e célula apical arredondada, globosa, podendo às vezes ser recurvado, d: multicelular, unisseriado, recurvado, com 3 células no corpo e uma célula aplical globosa, esta com paredes espessadas. O parênquima paliçádico é formado por células elípticas, dispostas em 3 a 5 camadas na porção mediana-superior e na mediana-inferior de cada ala, com seus eixos maiores orientados anticlinalmente. Ocorrem até 18 feixes condutores colaterais em cada ala, dispostos linearmente, alternando-se em grandes e pequenos, acompanhados de poucas fibras e rodeados por uma bainha parenquimática. Cada feixe está acompanhado por 1 ou 2 canais secretores esquizógenos de grande tamanho, com epitélio de 4 a 14 células, de paredes não espessadas. O colênquima está restrito a apenas uma camada subepidérmica junto à nervura do bordo da ala; abaixo dele ocorre um grupo de fibras de paredes fortemente espessadas, que envolvem 3 canais secretores de diferentes tamanhos." (BRASIL, 2010)
Figura 2: Aspectos macroscópicos e microscópicos em Baccharis trimera (Less.) DC
Legenda: A - esquema representativo do caule com três alas, em secção transversal. B - detalhe da margem da ala; endoderme (e); canal esquizógeno (sd). C - detalhe de uma porção do caule em secção transversal, indicado em A; endoderme (e); canal esquizógeno (sd). D - detalhe da epiderme da ala com cutícula estriada e estômatos anisocíticos. E - tricoma glandular. F - cristais de oxalato de cálcio em forma de prismas octaédricos e prismas retangulares.
Trabalho realizado por Filla et.al. (2007), objetiva determinar a umidade, cinzas totais e o perfil fitoquímico dos extratos alcoólico, aquoso por maceração e decocção e do óleo essencial da carqueja. Ensaios preliminares, determinaram 7,4% de umidade da amostra e 6,5% de cinzas totais, na utilização de extrato aquoso e alcoólico obtidos por maceração e decocção, conforme tabela.
O resultado da determinação do perfil fitoquímico dos extratos foram positivos para a maioria dos testes realizados, obtendo resultados dentro dos limites conforme especificado na Farmacopéia Brasileira IV Edição na determinação de umidade e cinzas totais. (FILLA et al.; 2007)
HABITAT
Nativo do Sul e Sudeste do Brasil, principalmente nos campos de altitude. (LORENZI E MATOS, 2008)
Segundo Simões et al.(1998), a carqueja, também chamada de carqueja-amarga, cresce espontaneamente em quase todo o país, ocorrendo abundantemente em campos, pastagens, beira de estradas, linhas de cercas, terrenos baldios, terrenos secos e pedregosos, também em lugares úmidos, ribanceira de rios, entre outros. (PINHO et al.; 2010)
Mais de 400 espécies de carqueja, exclusiva das Américas, distribuídas desde o sul dos Estados Unidos da América até o extremo austral da Argentina e Chile. No Brasil, há 120 espécies sendo a Baccharis trimera (Less.) DC nativa do Sul e Sudeste do país, até 2.800 metros de altitude, preferindo condições de pleno sol para seu crescimento. (PALÁCIO et al.; 2007)
Mais de 400 espécies de carqueja, exclusiva das Américas, distribuídas desde o sul dos Estados Unidos da América até o extremo austral da Argentina e Chile. No Brasil, há 120 espécies sendo a Baccharis trimera (Less.) DC nativa do Sul e Sudeste do país, até 2.800 metros de altitude, preferindo condições de pleno sol para seu crescimento. (PALÁCIO et al.; 2007)
Experimento realizado por Palácio et al. (2007), conclui que a espécie Baccharis trimera (Less.) DC. não responde à adubação nitrogenada orgânica nem mineral, quando as condições de fertilidade do solo são altas, obtendo alto rendimento de matéria seca e óleo essencial.
Auler, Battistin e Reis (2006), descrevem que a B.trimera, é uma planta herbácea, perene e ereta que ocorre em todo o Brasil, desde o nível do mar até 2.800 metros de altitude, desenvolvendo-se em solos ácidos e pobres em nutrientes e matéria orgânica nos campos nativos, com solos de textura média e bem drenados. Em solos férteis e úmidos desenvolve-se de forma exuberante apresentando resistência à geadas. Espécie dióica, propaga-se tanto vegetativamente como por sementes. A multiplicação vegetativa acontece por rizomas, formando touceiras que vão aumentando de tamanho. É uma planta muito visitada por abelhas durante sua floração, sendo de importância ecológica na manutenção de polinizadores para outras espécies de seu ecossistema, podendo ser utilizada também na apicultura. A destruição da flora nativa causada pela expansão agrícola, exploração madeireira e o extrativismo predatório, representa uma grande ameaça a essa espécie de planta medicinal, entre outras.
PRINCÍPIOS ATIVOS CONHECIDOS
Em Lorenzi e Matos (2008), cita ser a carqueja muito utilizada na medicina caseira, hábito herdado de nossos indígenas. O primeiro registro do uso de Baccharis trimera, é de 1931, através do emprego da infusão das folhas e ramos para tratamento da esterilidade feminina e da impotência masculina, atribuindo propriedades tônicas, febrífugas e estomáquicas. 
O uso dessa planta vem sendo amplamente empregado para resolver problemas hepáticos (remove a obstruções da vesícula e do fígado), fortalece a digestão, e atua no intestino agindo como vermífugo. (LORENZI E MATOS, 2008)
Propriedades hepatoprotetoras, foram validadas num estudo farmacológico com animais em 1986, usando o extrato aquoso cru dessa planta. Foram validados também seus efeitos digestivos, antiúlcera, antiácido, analgésico, anti-inflamatório, hipoglicemiante. (LORENZI E MATOS, 2008)
Perfil fitoquímico e estudo do óleo essencial de Baccharis trimera (carqueja) realizado por Filla et al. (2007), constata que dentre os principais constituintes químicos, destacam-se os flavonóides, cujas propriedades antivirais já foram relatadas, hepatoprotetora e antimutagência. 
AÇÕES FARMACOLÓGICAS CIENTIFICAMENTE COMPROVADAS
Como ações farmacológicas e diferentes propriedades atribuídas à carqueja na medicina tradicional, algumas foram validadas após estudos. O efeito hipoglicemiante foi validado com extrato de B.trimera. Utilizando extrato aquoso cru da planta em animais, Soicke e Leng-Peschlow (1987), validaramsuas propriedades hepatoprotetoras. Propriedades digestiva, antiúlcera e antiácidas, foram comprovadas em estudos com cobaias, ao evidenciar que extratos da planta reduziram a secreção gástrica e proporcionou efeito analgésico (Gamberini et al., 1991) e anti-inflamatório (Gené et al.,1992). Bara e Vanetti (1997), comprovaram que os extratos alcoólicos de carqueja apresentam potencial antimicrobiano e, Avancini et al. (2000) reafirmaram in vitro essa atividade, a partir do decocto da planta. (KARAN et al; 2013)
Das 120 espécies estudadas quimicamente, 30 tiveram sua atividade biológica estudada, destacando-se as atividades alelopáticas, analgésica, antidiabética, antifúngica, anti-inflamatória, antileucêmica, antimicrobiana, antimutagênica, antioxidante,antiviral, citotóxica, espasmolítica, gastroprotetora, hepatoprotetora, inseticida e vasorrelaxante. (KARAN et al; 2013)
Alonso e Desmarchelier (2006) destacam que algumas atividades farmacológicas da carqueja, dentre as quais a atividade hepática através dos flavonóides, em especial a hispidulina que possui ação hepatoprotetora e antioxidante. Lactonas sesquiterpênicas evidenciam atividade antimicrobiana e inseticida apresentando ação inibitória frente as cercárias de Schistossoma mansonii e do crescimento do Trypanosoma cruzi. actonas diterpênicas e flavonas, em especial eupatorina, demonstram atividade molusquicida sobre Biomphalaria glabrata. Os diterpenóides exercem atividade repelente frente às larvas de Tenebrio molitor. Na oncologia experimental, a hispidulina, gencavanina, cirsimaritina e apigenina apresentaram ação redutora da mutagenecidade no teste de Salmonella typhimurium. Foi relatada ação anti-hipertensiva através da ação diurética resultando em hipotensão arterial. Ação antiulcerativa no sistema digestivo através da infusão da planta inteira. Uma mistura de diterpenos obtida do extrato clorofórmico da parte aérea demonstrou ser antiespasmódica ao bloquear as contrações induzidas pelo cálcio. (KARAN et al; 2013)
Avaliação de Carvalho et al. (2013) mostrou que as bactérias Gram-negativas apresentaram inibição (CIM >1250µg/mL), sendo que as Gram-positivas apresentaram maior sensibilidade indicando que a carqueja possui ação antimicrobiana seletiva à estrutura bioquímica da parede celular bacteriana. Talvez isso possa estar relacionado ao fato da parede celular das bactérias Gram-positivas, serem mais simples, com menor teor de lipídeos e ausência de membrana externa quando comparadas às Gram-negativas. Estes resultados subsidiam futuros estudos para uso de compostos isolados de Baccharis trimera como agente antimicrobiano.
O uso da carqueja dá-se especialmente como colagoga e protetora hepática, tradicionalmente administrada como infusão empregada para analgésica, diurética e para doenças renais, estomacais e intestinais, para o tratamento de reumatismo e também em casos de hipertensão e diabetes. Os princípios ativos amargos, estimulam o pâncreas a produzir mais insulina e ajudando a normalizar a glicemia nos portadores de diabetes tipo II. Usada também para promover a fertilidade feminina e para o tratamento de impotência masculina. Outros usos tradicionais são a atividade antihelmíntica, antiviral, antifebril, analgésica e no tratamento da lepra. No Uruguai é utilizada pela população rural como regulador da fertilidade e abortiva. (PINHO et al.; 2010)
Atividade antimicrobiana in vitro do decocto de B.trimera por testes-padrão internacionais foi verificada por Avancini et al. (2008) e concluiram ter a carqueja ação como desinfetante e anti-séptica, que pode estar relacionado à constatação de que as infusões desta, inibem a divisão celular de células de Allium cepa. (PINHO et al.; 2010)
Em Castro e Ferreira (2000), consta que na medicina popular a carqueja é usada como diurética, tônica digestiva, protetora e estimulante do fígado, antianêmica, anti-reumática, depurativa, para o controle da obesidade, diabetes, hepatite e gastroenterites e cura de chagas ulceradas da pele. Também utilizada na indústria de cervejaria como substituto do lúpulo e na aromatização de refrigerantes e de licores. (PALÁCIO et al.; 2007)
EFEITOS ADVERSOS
Apresenta propriedades alelopáticas, retardando a velocidade na germinação de sementes, inibindo o crescimento micelial de fungos e de raízes de trigo. (PALÁCIO et al.; 2007)
 
TOXICIDADE
Veiga et al. (2005) fala sobre o consumo de plantas medicinais da flora nativa com pouca ou nenhuma comprovação de suas propriedades farmacológicas em geral, distribuídas por usuários ou comerciantes. Plantas medicinais usadas indiscriminadamente, constituem-se um problema de saúde pública no Brasil pela toxicidade e efeitos adversos dos fitomedicamentos, adulterações que aumentam a toxidez, bem como a interação com outras drogas. Pesquisas sobre avaliação do uso seguro das plantas medicinais e fitoterápicos ainda são incipientes, como também o controle da comercialização pelos órgãos oficiais em feiras livres, mercados e lojas de produtos naturais. (PINHO et al.; 2010)
Citando Corrëa et al. (2005), cada planta apresenta propriedades medicinais, comparando-se a um frasco que contém diversos medicamentos juntos. Seres vivos que são, produzem substâncias químicas capazes de produzir reações no organismo humano, ajudando a manter a homeostasia ou não, podendo causar efeitos indesejáveis ou tóxicos. Princípios ativos das plantas, são componentes químicos que conferem ação peculiar, que in natura agem como defesa contra infecções, insetos e herbívoros, podendo desencadear efeitos deletérios que por sua vez, podem resultar num quadro clínico severo ou até fatal. Em 1999, foram registrados 66584 casos de intoxicação humana por plantas no Brasil. (PINHO et al.; 2010)
Rodrigues (1994) concluiu que nenhum efeito tóxico-colateral foi evidenciado ao chá de carqueja na concentração utilizada popularmente. (PIRES; 2004) 
Peron et al. (2008), pondera que, devido ao considerável potencial terapêutico da infusão de carqueja e a falta de estudos que avaliem sua ação tóxica, desenvolveu um trabalho objetivando investigar por análise citogenética este efeito. Foram feitos tratamentos com duas concentrações da infusão de B.Trimera, e através dos testes realizados não verificou-se ação citotóxica após 24 h de tratamento em células de medula óssea de ratos tratados via gavagem, indicando segurança maior de uso desta planta pelo homem. (LOSQUI et al.; 2009) 
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS
Evitar o uso concomitante com medicamentos para hipertensão e diabetes. O uso pode causar hipotensão (RDC 10/10) (BRASIL; 2011)
Alonso e Desmarchelier (2006) recomendam que pacientes hipertensos que estejam em tratamento com anti-hipertensivos, devem evitar a ingestão do medicamento simultaneamente à ingestão de extratos que contenham carqueja, devido ocorrer sinergismo entre estes, elevando o efeito do fármaco, havendo necessidade de ajuste de dose. O uso da carqueja junto com inibidores de síntese protéica como tetraciclina, cloranfenicol e netilmicim, também acarreta uma ação agonista. (KARAN et al; 2013)
CONTRAINDICAÇÕES
Não utilizar em grávidas (BRASIL; 2011)
A carqueja é contraindicada durante a gestação e a lactação avisa Peron et al. (2008), por via oral apresenta baixa toxicidade, porém, moderada toxicidade por via intraperitoneal foi observada em estudo com a administração do extrato em ratas, que apresentou efeito abortivo. (KARAN et al; 2013)
FORMAS FARMACÊUTICAS EXISTENTES
Infusão com água fervente numa xícara de chá contendo uma colher de sopa de suas hastes e folhas picadas. (LORENZI E MATOS, 2008)
Extrato aquoso cru. (LORENZI E MATOS, 2008)
Destinada ao comércio nacional e internacional como planta seca, sendo encontrada também em cápsulas, comprimidos, tinturas e saches entre outras. Em sua maioria, provém de práticas extrativistas que ameaçam as populações naturais. (PALÁCIO et al.; 2007)
POSOLOGIA
Uma xícara de chá 3 vezes ao dia, trinta minutos antes das refeições. (LORENZI E MATOS, 2008)
Acima de 12 anos -Tomar 150 mL do infuso, logo após o preparo, 2 a 3 vezes ao dia. (BRASIL; 2011)
Estudo realizado por Pinho et al. (2010) sobre atividade mutagênica da infusão de Baccharis trimera, concluiu-se que em células de allium cepa a dose usual do chá (20 gL), aumentou o número de anomalias do ciclo mitótico e, a dose 10 vezes mais concentrada (200 gL), inibiu a divisão celular de ambas as concentrações, aumentando o número de anomalias interfásicas. Nos lnfócitos humanos não ocorreu a inibição da divisão celular, havendo aumento da dose-dependente de anomalias cromossômicas, numéricas e estruturais, evidenciando efeito mutagênico do chá em células vegetais e em células humanas cultivadas. Isso demonstra que o efeito é dependente da dose, reforçando o consumo com moderação do chá de carqueja. 
PROCEDÊNCIA DA AMOSTRA ADQUIRIDA PARA ANÁLISE (180G)
Figura 3: Amostra droga vegetal adquirida
A amostra de Baccharis trimera (Less.) DC., foi adquirida na praça de São Caetano do Sul - S.P., cujo fabricante é Qualy Ervas Indústrial e Comércio Ltda., lote 170, na quantidade de 180 gramas, em fevereiro de 2016.
CONTROLE DE QUALIDADE DA AMOSTRA 
Em Formulário de Fitoterápicos Farmacopéia Brasileira (2011), preconiza que na etapa do controle de qualidade deverão ser realizados testes de verificação da autenticidade através de análise organoléptica ou sensorial, características botânicas macro e microscópicas, identificação de constituintes químicos característicos e prospecção fitoquímica ou CCD. A verificação da pureza através da pesquisa de elementos estranhos, determinação do teor de umidade e de cinzas, pesquisa de metais pesados e de contaminantes microbiológicos. Granulometria conforme Farmacopéia Brasileira (RDC 10/10). 
Verificamos a qualidade da droga vegetal adquirida através de análises organolépticas (cor, odor e sabor), Foram realizadas análises de identificação botânica macroscópica e microscópica, determinação de pureza da amostra, teor de água e de cinzas, efetuadas de acordo com a determinação constante na Farmacopéia Brasileira (2010)
Para que as análises fossem feitas, a droga vegetal B.trimera adquirida, foi pulverizada com o auxílio de um liquidificador, higienizado previamente com álcool 70%, pesado em balança analítica, foi tamisada em tamis com abertura de 1,70 mm, malha 10 ty, caixilho em inox 8, para a padronização das partículas no mesmo grau de cominuição.A droga vegetal foi pulverizada para que as partículas tenham a maior superfície de contato com o líquido extrator, tornando a operação mais eficiente.
Figura 4: Droga pulverizada - Baccharis trimera (Less.) DC.
Na Farmacopéia Brasileira 5ª edição, volume 2, orienta que a droga vegetal deve ser embalada em recipiente de vidro, bem fechada e ao abrigo da luz, conforme efetuado.
Análise para obtenção do certificado de Controle de qualidade para a droga Baccharis Trimera realizado em 14/03/16 pelo nosso grupo, apresentando o seguinte resultado:
Nome do Fabricante:		Qualy Ervas Indústrial e Comércio Ltda.
Nome da amostra:			Baccharis trimera (Less.) DC.
Quantidade da amostra:		180 g
Lote:					170
	Análise
	Especificação (*)
	Resultado
	Material estranho (%)
	2
	2,27
	Análise Macroscópica
	(*)
	Passa o teste
	Análise Microscópica
	(*)
	Passa o teste
	Odor
	Característico
	Característico
	Sabor
	Amargo
	Amargo
	Umidade (%)
	10
	2,89
	Cinzas (%)
	8
	4,25
(*) Farmacopéia Brasileira, 5ª Edição, 2010 - Volume 2
EXTRATOS PRODUZIDOS 
Para obtenção de tintura, foi utilizado o método à frio, para que os compostos químicos da droga vegetal em questão fossem selecionados através da maceração e preparação de extratos fluidos por percolação. Os materiais utilizados foram, álcool 70%, água, proveta, vidro âmbar, erlenmeyer, béquer, funil de separação, bolinhas de gude, papel filtro, algodão, papel alumínio, chapa de aquecimento e suporte. A tintura foi obtida por maceração a 10%, tendo como resultado, cor verde musgo e odor amargo. Obtivemos também o extrato fluído por percolação na cor verde musgo quase marrom escuro, de odor amargo que é característico da carqueja. O processo da percolação é mais exaustivo.
Figura 5: Tintura por maceração B.trimera
ESTUDO FITOQUÍMICO DA PLANTA
Identificados quimicamente os seguintes heterosídeos flavônicos em Baccharis trimera (Less.) DC.:
	Reação
	Resultado
(Cor = Grupos de Flavonóides)
	Branco (somente o extrato)
	Verde oliva
	Shinoda
	Levemente alaranjado
	Hidróxido de Sódio
	Levemente alaranjado
	Cloreto Férrico
	Azul escuro sedimentado
Figura 6: Identificação química de heterosídeos flavônicos
Foram pesadas 2 g, utilizando álcool 80% para extração dos flavonóides por ser um solvente polar, já que o açúcar que é polar presente, dissolve-se em água ou solvente polar. A cor alaranjada identificada, indica que a droga possui flavona. 
Fizemos a verificação da identificação química de taninos na amostra adquirida, utilizando aproximadamente 1g da droga, béquer, 20 ml de água destilada, placa de aquecimento, bico de bunsen, tubos de ensaio e reagentes, obtendo os seguintes resultados:
	Reação
	Resultado
	Conclusão
	Branco
	Cor castanho claro turvo
	-
	Solução de gelatina a 2%
	Precipitou
	Tanino
	Solução de sulfato de quinina a 1%
	Precipitou
	Tanino
	Solução de acetato ácido de chumbo a 10%
	Precipitou
	Tanino
	Solução de acetato de cobre a 4%
	Precipitou e escureceu
	Tanino condensado
	Cloreto férrico a 2%
	Preto esverdeado
	Tanino condensado
	Sabor 
	Adstringente
	Levemente adstringente
Figura 7: identificação química de taninos
Na identificação química de antraderivados na droga vegetal, foram realizados procedimentos para que fossem verificadas a presença ou não de antraquinonas livres, ligação C-O e ligação C-C, cujos resultados abaixo demonstram:
	Reação
	Resultado
	Antraquinonas livres
	Negativo
	Ligação C-O
	Negativo
	Ligação C-C
	Negativo
Figura 8: identificação química de antraderivados na droga vegetal
Índices afrosimétricos para determinação semiquantitativa do índice de espuma, ou, glicosídeos saponínicos em droga vegetal em questão foi realizado, conforme demonstrado a seguir: 
			Tubos
		I
	II
	III
	IV
	V
	VI
	VII
	VIII
	IX
	X
	Solução extrativa (mL)
	1
	2
	3
	4
	5
	6
	7
	8
	9
	-
	Água destilada (mL)
	9
	8
	7
	6
	5
	4
	3
	2
	1
	-
No tubo número VI, verificou-se a formação de 1 cm de espuma persistente , após agitação e repouso por 15 segundos, caracterizando a presença de saponinas obtendo I.A.² = 166,67 na amostra de Baccharis trimera. 
Figura 9: índice de afrosimétrico (determinação semiquantitativa do índice de espuma)
Verdi et al (2005) informa que mais de 150 compostos químicos já foram isolados e identificados dentro da fitoquímica do gênero Baccharis, que vem sendo exaustivamente estudada, sendo que dessas, 120 espécies foram estudadas quimicamente, apresentando om maior frequência os flavonóides e os terpenóides, como monoterpenos, sesquiterpenos, diterpenos e triterpenos. (KARAN et al; 2013)
A composição química da carqueja pode ser considerada regio-seletiva, conforme Alonso e Desmarcheller (2006), já que na parte aérea são encontrados principalmente flavonóides, diterpenos, lactonas diterpênicas do tipo trans-clerodano, estigmasterol, óleo essencial e uma saponina. no sistema radicular diésteres terpênicos relacionados com o carquejol são encontrados. (KARAN et al; 2013)
Marques (2008), afirma que os flavonóides estão entre os metabólitos secundários encontrados em maior quantidade na Baccharis trimera, apresentando maior atividade terapêutica. De acordo com o grau de oxidação e insaturação do heterociclo, ocorrem flavonóis, flavonas, isoflavonas, flavanonas, antocianidinas, flavanóis e as proantocianidinas, ou taninos condensados, que são flavonóis poliméricos. Nos flavanóides, o anel A é formado via acetato, enquanto que o anel B resulta da via chiquimato e os trêsátomos de carbono que ligam o anel A do B derivam do fosfoenolpiruvato. (KARAN et al; 2013)
Os efeitos analgésico e anti-inflamatório observados no uso da carqueja, devem-se principalmente ao complexo de saponinas que contêm majoritariamente, o ácido equinocístico, descrevendo o efeito gastroprotetor, a baixa toxicidade e o aumento da motilidade intestinal. (DIAS et al; 2009)
Nakasugi e Komai (1998), descrevem efeitos antimutagênicos de B.trimera, a partir da fração metanólica purificada. Efeitos vasodilatador e relaxante da musculatura lisa foram descritos para diterpenos. Extratos e frações apresentaram resultados sugestivos de atividade antidiabética. (DIAS et al; 2009)
Uma substância oxidante é a que inibe o processo de oxidação, protegendo os sistemas biológicos contra os efeitos nocivos dos processos ou reações que promovem a oxidação de macromoléculas ou estruturas celulares. Geralmente são compostos fenólicos ou aminas aromáticas. Neste experimento a atividade antioxidante foi detectada. Comparando-se os resultados das amostras com as do padrão da vitamina E, ocorre atividade antioxidante bastante evidente, não havendo sinais de toxicidade aguda no modelo em questão. (DIAS et al; 2009)
A fração hidrossolúvel do extrato aquoso de B.trimera, quando adminstrada previamente a betanecol e pentagastrina, inibiu a acidez gástrica, bloqueando a ação dos agonistas fisiológicos da secreção gástrica, sugerindo que o mecanismo de ação esteja relacionado à mobilização do cálcio intracelular. (PIRES; 2004)
A carqueja, Baccharis trimera tem como constituintes taninos, lactonas, saponinas, óleos essenciais, diterpenos, sesquiterpenos, lignina, alfa e beta pinemo, esteróides, polifenóis, beta cardineno, calameno, cânfero, ledol, acetato de carquejila, alcoóis sesquiterpênicos, nerotidol, hispirulina, campferol, esqualeno, glicosídeos flavonóides e muitos outros, sendo o principal componente o óleo essencial, carquejol (2-isopropenil-3-metilfenol), que é seu principal constituinte ativo (74% do óleo). Neste sentido este trabalho objetivou avaliar o efeito inseticida e repelente do óleo essencial de B.trimera (Less.) DC. no controle de insetos (Acanthoscelides obtectus) em grãos de feijão armazenados, apresentando como resultado, efeito inseticida sem diferença significativa nas doses testadas, todas apresentando 100% de mortalidade em 6 horas. (MOSSI et al.; 2014)
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
KARAM, T.K.; DALPOSSO, L.M.; CASA, D.M.; DE FREITAS, G.B.L.; Carqueja (Baccharis trimera): utilização terapêutica e biossíntese; Rev. Bras. Pl. Med., Campinas, v.15, n.2, p.280-286, 2013. Disponível em: < file:///C:/Users/User/Downloads/karan%20et%20a.pdf> Acesso em: 07/05/16
LORENZI, H.; MATOS, F.J.DE A.; Plantas Medicinais no brasil - Nativas e Exóticas; 2a Edição; Nova Odessa - SP; Instituto Plantarum, 2008; 142 -3 p.

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