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FACULDADE DE ZOOTECNIA, VETERINÁRIA E AGRONOMIA – PUCRS CAMPUS URUGUAIANA CIRURGIA VETERINÁRIA – I Prof. Daniel Roulim Stainki 1 CIRURGIAS OCULARES: Muitos dos problemas oculares envolvem a perda de visão, o comprometimento da integridade do globo ocular ou a presença de dor intensa. Grande parte destes problemas é de origem traumática, exigindo pronta atuação por parte do veterinário. O atraso no tratamento das emergências oculares pode ocasionar cegueira ou perda do olho. 13) ENTRÓPIO. DEFINIÇÃO: É a inversão da pálpebra e dos cílios na direção da córnea. ETIOLOGIA: a. hereditária: caninos com menos de 6 meses de idade com entrópio, considera-se de origem hereditária, a menos que se encontre outro fator desencadeante; b. conformacional: é o entrópio de maior ocorrência nos pequenos animais, está relacionado as raças predisponentes como o Sharpei, Chow Chow, Rottweilers, Dog Alemão, Labrador e Bulldogs; c. adquirida: é a causa mais comum nas demais espécies, divide-se em dois principais, o entrópio cicatricial e o entrópio espástico. O entrópio cicatricial decorre de uma seqüela da cicatrização de um ferimento na pálpebra. O entrópio espástico geralmente resulta de um blefaroespasmo, e pode ser causado por problemas ciliares provocando dor corneal (triquíase, distiquíase, distriquíase), por corpos estranhos ou lesão corneal e pela conjuntivite; - triquíase: implantação normal dos cílios, só que dobrados em direção à córnea; - distiquíase: implantação ectópica do folículo piloso, com crescimento do cílio em direção à córnea; - distriquíase: folículo piloso ectópico, com crescimento dos cílios em direção à córnea, com a ocorrência de mais de um cílio por folículo piloso. OBS: Quando a irritação e a epífora estão associadas com os problemas ciliares, a aplicação de pomadas lubrificantes e a remoção manual dos cílios proporcionarão alívio temporário destes sinais clínicos; INCIDÊNCIA: a. cães: geralmente hereditário, mas pode ocorrer por blefaroespasmo ou por injúrias (lesões). Raças pré-disponentes: Rotwailler, Chow-Chow, Bull-dog, Setter Inglês, São Bernardo; Coocker, etc; b. gatos: incomum. Quando ocorre normalmente é de origem traumática; c. ovinos: normalmente provocados por conjuntivite (primavera); d. eqüinos: incomum. Pode ser encontrado em potros com menos de 2 semanas de idade; FACULDADE DE ZOOTECNIA, VETERINÁRIA E AGRONOMIA – PUCRS CAMPUS URUGUAIANA CIRURGIA VETERINÁRIA – I Prof. Daniel Roulim Stainki 2 e. bovinos: é raro. SINAIS CLÍNICOS: Os sinais clínicos podem incluir: epífora, blefaroespasmo, fotofobia, conjuntivites, ceratites, com ou sem a presença de úlcera de córnea. Quando a infecção bacteriana está presente, observa-se descarga ocular muco purulenta, opacidade de córnea e perda de visão. CONSIDERAÇÕES CIRÚRGICAS: O platô tarsal fibroso é uma estrutura anatômica da pálpebra muito importante, particularmente devido ao seu suporte físico para as margens palpebrais, e por ancorar e promover estabilidade as suturas palpebrais. Os abundantes suprimentos vasculares, encontrados nas pálpebras, as tornam susceptíveis ao edema, mas também permitem uma rápida cicatrização pós-traumática e proporcionam o reparo cirúrgico satisfatório, mesmo após vários dias da ocorrência da lesão. Além disso, devido ao excelente suprimento sangüíneo, as pálpebras são relativamente tolerantes aos insultos térmicos, permitindo o uso da criocirurgia e eletrocirurgia para o tratamento de desordens ciliares e de neoplasias palpebrais. TRATAMENTO: Baseia-se no reposicionamento da pálpebra para sua posição anatômica e no combate ao agente etiológico. Anatomia da pálpebra superior: a. septo orbital b. epiderme c. tecido subcutâneo d. músculo orbicular e. cílios f. glândula Meibomian g. platô tarsal h. conjuntiva i. músculo de Muller j. músculo elevador palpebral superior k. gordura orbital FACULDADE DE ZOOTECNIA, VETERINÁRIA E AGRONOMIA – PUCRS CAMPUS URUGUAIANA CIRURGIA VETERINÁRIA – I Prof. Daniel Roulim Stainki 3 TÉCNICA DE HOTZ-CELSUS (blefaroplastia): O entrópio crônico ou recorrente necessita de correção cirúrgica definitiva. O procedimento cirúrgico mais comum é baseado na remoção localizada da pele palpebral, denominado de procedimento de Hotz-Celsus. Prenda uma porção de pele com uma pinça Halsted mosquito curva, o suficiente para que a pálpebra volte à posição anatômica normal. A quantidade de pele a ser removida deve ser medida individualmente para cada caso. A prega de pele é feita logo abaixo da margem palpebral (3 a 5 mm), depois de feita a marcação da pele com as pinças mosquitos, a porção excedente é removida com uma tesoura de Mayo curva, retirando toda a parte que foi pinçada. A ferida da pele é, então, fechada com pontos isolados simples (mononylon 4.0 a 5.0), mantendo a pálpebra na sua posição anatômica normal. PÓS-OPERATÓRIO: Curativo local, remoção dos pontos com 14 dias. Se for adquirida deve-se tratar a causa. 14) ECTRÓPIO. DEFINIÇÃO: É a eversão da pálpebra inferior, com exposição da superfície conjuntival, sendo comum em cães e raro em gatos e nos grandes animais. ETIOLOGIA: a. congênita: encontrada principalmente em cães que apresentam a pele da face solta. Ex: Cocker, Basset, São Bernardo, Fila, etc; b. fadiga dos músculos faciais: visto principalmente nos cães de caça que pela manhã estão normais, porém ao final da tarde apresentam ectrópio. Não devemos tratar cirurgicamente este tipo de ectrópio, pois a correção cirúrgica pode acarretar em entrópio; c. paralítica: ocorre devido à lesão dos ramos do nervo facial (ventral e dorsal), que suprem o músculo orbicular do olho; d. traumática: reação cicatricial após lesão da pálpebra inferior; e. iatrogênica : correção exagerada do entrópio SINAIS CLÍNICOS: a. conjuntivite crônica (olho com aparência avermelhada, secreção abundante); b. epífora (excesso de lágrima). FACULDADE DE ZOOTECNIA, VETERINÁRIA E AGRONOMIA – PUCRS CAMPUS URUGUAIANA CIRURGIA VETERINÁRIA – I Prof. Daniel Roulim Stainki 4 TRATAMENTO: O tratamento cirúrgico consiste no encurtamento da pálpebra inferior, por meio da ressecção de um triângulo palpebral no canto lateral do olho. TÉCNICA CIRÚRGICA: O excesso do comprimento da pálpebra é estimado, marcando a quantidade de pálpebra a ser removida. A borda da pálpebra inferior é pinçada 3 a 4 mm do canto temporal com uma pinça hemostática Hasted mosquito reta, para a delimitação da mesma. É feita uma marca inferior projetando a formação de um triângulo, sendo que os lados desse triângulo deverão medir de 2 a 3 vezes o comprimento de sua base. Depois de feita as delineações da porção palpebral em excesso, o triângulo de pele e conjuntiva palpebral são seccionados com uma tesoura de Mayo oftálmica. A sutura da ferida é feita com um mononylon 5.0 e 6.0, com pontos isolados simples, sendo que o primeiro ponto deve ser feito na borda palpebral. PÓS-OPERATÓRIO: Curativo local com pomadas oftálmicas ou colírios, e a retirada dos pontos com 15 dias de pós-operatório. O uso do colar Elizabethano evita a auto-mutilação. 15) CIRURGIAS DA GLÂNDULA DA TERCEIRA PÁLPEBRA (NICTITANTE). Devido à contribuição da terceira pálpebra na produção e distribuição do fluido lacrimal pré-ocular, deve-se fazer todo o esforço possível para a preservação de sua integridade. Além do mais, a terceira pálpebra ocupa um espaço substancial na órbita ventro-medial, e sua remoção nos pequenos animais promove um espaço que