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PESQUISA EM PSICOLOGIA 3 ARTIGO

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Escritas Implicadas, Pesquisadores implicantes: notas sobre os destinos da 
subjetividade nos desatinos da produção científica 1** 
 
 
 
 
Roberta Carvalho Romagnoli 2 
Simone Mainieri Paulon 3 
 
 
 
O artigo discute as relações entre as concepções de subjetividade que permeiam os 
diversos fazeres em psicologia e as correspondentes posições que os pesquisadores da área 
assumem a partir de suas visões de mundo. Debate o que o institucionalismo francês denominou, 
nas palavras de René Lourau, por "escândalo da implicação" para problematizar as perspectivas 
científicas que pretendam minimizar os efeitos das subjetividades dos pesquisadores sobre suas 
produções científicas. Finaliza questionando as atuais formas de produtivismo acadêmico que as 
políticas científicas do Brasil vêm induzindo a fim de interrogar se resta algum espaço para 
criação e produções singulares no que tem sido experimentado como uma espécie de "linha de 
montagem do conhecimento" mesmo entre as ciências humanas. 
 
 
Introdução 
 
A psicologia nasce como ciência no final do século XIX com todas as aspirações 
modernas do entorno na qual se encontrava. A modernidade trouxe consigo uma série de 
alterações no contexto das sociedades ocidentais, alterações que afetaram não só o 
homem, mas também seu meio ambiente, caracterizando-se por um avanço progressivo 
 
1 Este texto é parte de um diálogo que vimos estabelecendo através de nossos grupos de pesquisa e mais 
intensamente no grupo da Associação Nacional de Pesquisa e Pós Graduação em Psicologia - ANPEPP do 
qual participamos – GT Políticas de Subjetivação e Invenção do Cotidiano, diálogo este que foi disparado 
pelas leituras de artigos em que ambas problematizávamos questões próximas – Paulon (2005); Romagnoli 
(2009), que gerou uma 1ª publicação conjunta sobre o tema - Paulon e Romagnoli (2010), a qual aqui 
damos continuidade. 
2 Psicóloga, Professora do Programa de Pós Graduação em Psicologia da Pontifica Universidade Católica 
de Minas Gerais. E-mail para contato: robertaroma@uol.com.br 
3 Psicóloga, Professora do Programa de Pós Graduação em Psicologia Social e Institucional e do Programa 
de Pós Graduação em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. E-mail para contato: 
simone.paulon@ufrgs.br 
1. ** Romagnoli, R.C.; Paulon, S.M. Escritas Implicadas, Pesquisadores implicantes: notas sobre os 
destinos da subjetividade nos desatinos da produção científica. In: Psicologia em Pesquisa: cenários de 
práticas e criações. Magda Dimenstein e Jader leite (orgs.). Natal: Editora EDUFRN, 2014, pp. 23-42. 
 
 
2 
 
da ação do primeiro sobre a natureza, possibilitado pela primazia da razão em detrimento 
de outros saberes. Segundo Jeannière (1990), a idade moderna é fruto de quatro 
revoluções, a saber, revolução científica, revolução política, revolução cultural e 
revolução industrial. Movimentos que insistiam na ideia de progresso e na valorização do 
indivíduo. Nesse contexto, a emergência da ciência possibilitou a migração do polo 
religião para o polo razão. Nesse deslocamento, a ciência, criada pelo homem, 
determinista e matematizada, com suas leis universais, apropriava-se do lugar de Deus. 
Baseada em esquemas de eficácia e rendimento, a ciência conquista um espaço absoluto, 
se impondo como força hegemônica na cultura ocidental moderna, relegando ao 
descrédito e ao esquecimento todos os outros saberes que não estão em consonância com 
seus pressupostos básicos: objetividade, causalidade, sistematização e produtividade. 
Dessa maneira, o paradigma da ciência moderna encontra-se calcado na razão, na 
busca da verdade, no progresso e na totalidade do mundo. E a pesquisa, oriunda dessa 
“vontade de saber” virá fundamentar seus pressupostos metodológicos na objetividade 
dos fenômenos e na neutralidade dos investigadores. No intuito de abordar a natureza 
essencial das “coisas” tal perspectiva científica se sustenta na noção de uma verdade 
última dos fatos a ser perseguida, com forte mitificação da racionalidade. 
Vale lembrar que o campo da Psicologia não ficou ileso a esta promessa das 
ciências emergentes e sua tão sedutora ilusão. Mantém-se, para os seguidores do desejo 
de verdade, uma grande mitificação da racionalidade, seja de maneira estritamente 
objetiva, como nas pesquisas experimentais; seja pela consciência que persegue certa 
essência, como nas pesquisas fenomenológicas; seja pelo conhecimento das 
multideterminações sociais, para se chegar à desalienação, como na pesquisa-ação. 
Guardadas as devidas diferenças, que não são poucas, essas vertentes de pesquisas 
buscam a explicitação de verdades acerca do seu objeto de estudo, embora operem, de 
fato, diferentes recortes acerca da realidade sobre a qual se debruçam e produzam diversos 
reducionismos justificados pela corrente teórica e metodológica em que se amparam. 
Embora ainda hegemônicos no campo da pesquisa em psicologia, esses 
reducionismos se distanciam sinistramente da realidade e da vida, e camuflam relações 
de poder inerentes ao saber contido nas práticas discursivas da ciência, sustentando uma 
política de produção do conhecimento que só faz retroalimentar as verdades já instituídas. 
Buscando analisar a relação desse homem com o que o filósofo Friedrich 
Nietzsche referiu por “vontade de saber”, não a partir de uma análise interior ao 
conhecimento, mas a partir da exterioridade da história, o filósofo Michel Foucault, 
3 
 
persegue em sua obra os processos históricos segundo os quais as estruturas de 
subjetivação se associaram a discursos da verdade. Nessa trajetória, evidencia os 
procedimentos através dos quais os discursos de verdade transformam, alienam e 
informam as subjetividades, que, por sua vez, se constroem e fazem movimentos de 
modificação de si mesmos a partir de prática discursivas, de um “dizer verdadeiro”. Ou 
seja, “(...) em sua genealogia do poder, mostra como os sistemas de poder e de verdade 
fabricam sujeitos, produzindo os indivíduos normais das Ciências Humanas e 
Biomédicas, como efeitos do poder disciplinar que os tornam úteis e dóceis, normalizando 
as condutas.” (Portocarrero, 2006, p. 282). Nesse raciocínio, a pretensa neutralidade da 
ciência em suas intenções objetificantes não se sustenta, pois todo saber, como formação 
discursiva e sua respectiva prática, possui como função, o controle. O saber corresponde 
a um conjunto de regras que delimitam os objetos possíveis e a posição do sujeito em 
relação a eles, definindo conceitos e problemas da subjetividade com pretensões de 
abarcar a totalidade. 
Contra esta lógica, o método genealógico proposto por Foucault (2004) ressalta a 
importância das críticas locais e particulares, operando na micropolítica do cotidiano. 
Para tal ressalta que a teoria não tem que concordar com o sistema comum e hegemônico 
e que seria preciso uma insurreição dos saberes dominados efetuando uma junção do saber 
erudito com o saber das pessoas comuns. Critica assim a ciência em seu exercício 
constante de desqualificação do saber que, em sua forma dominante, ela deixa de 
produzir. Nesse contexto, podemos nos perguntar se há lugar para a subjetividade, para o 
desejo dos homens entre as ciências que os estudam, sobretudo no contexto de 
produtivismo acadêmico no qual nos encontramos. 
 
 
Pesquisadores implicados, pesquisas rigorosas: uma composição possível? 
 
 
Fazer a análise das implicações indica que vínculos (afetivos, históricos, 
sexuais, profissionais) estão sendo postos em jogo numa determinada situação. 
Mais ainda, cria passagem, através de sua historicização, para as virtualidades 
já presentes,mas invisíveis aos sujeitos. Dessacraliza-se, desta forma, os 
rituais instituídos e de puro domínio do analista. Coletiviza-se a análise. 
Singulariza-se, por outro lado, cada situação em análise. (Benevides, 2013, s/p) 
 
No nosso entender, e concordando as ideias que Regina Benevides expõe acima, 
pesquisa pode conjugar implicação do(s) pesquisador(es) e rigor científico. E o rigor, 
4 
 
como aqui o entendemos, está justamente na sustentação da complexidade atinente ao 
humano, no enfrentamento dos discursos de verdade que o constituem, imbricados nas 
relações de poder, prenhes de circunstancialidade. 
Debatendo questões equivalentes às que aqui desenvolvemos, pesquisadores da 
Universidade Federal da Bahia defendem perspectiva semelhante no que tange à 
compreensão do que tem valor de ciência. 
 
Os estudos implicacionais têm seus etnométodos, com os quais 
conquistam também o rigor. Ademais, levando em conta as inspirações prag- 
matistas disseminadas por Dewey, e assimiladas por este tipo de pesquisa, onde 
uma ética da participação move do início ao fim as compreensões e decisões 
do pesquisador no seu processo de produção do conhecimento, a etnopesquisa-
ação proporciona aos meios científicos e acadêmicos uma oportunidade ímpar 
de transformar com, de aprender com, e de ensinar com, possibilitando que a 
pesquisa implique-se no social, sem que exerça uma moral parasitária que há 
muito algumas pesquisas exercem conscientes ou não. Para etnopesquisa-ação, 
os atores sociais constroem teorias, instituem inteligibilidades importantes 
para se compreender as ordens sociais e intervir de forma partilhada. (Macedo, 
2009, p.116) 
 
 
Pode daí depreender-se, o quanto o debate acerca do “rigor científico” encontra-
se estreitamente vinculado ao feixe de relações de poder que forjam a subjetividade, como 
sustenta a leitura foucaultiana. Na mesma perspectiva, Lourau (2004) aponta para a 
necessidade de que nos indaguemos permanentemente acerca dos instituídos cristalizados 
nos campos de investigação/intervenção, pois não há possibilidade de se efetuar uma 
análise apolítica de qualquer instituição. Nesse sentido, a crítica do autor à ciência 
instituída fundamentada no paradigma moderno vai ao encontro do que o antropólogo 
supra citado também afirma: “Se o ethos cartesiano separou para compreender e intervir 
no mundo, visando o domínio, aqui, a condição é relacionar, englobar, para compreender 
e co-transformar.” (Macedo, 2009, p.109) 
Trata-se, portanto, de uma crítica à pretensa neutralidade de intelectuais que 
analisam as instituições de “fora”, como se não fossem atravessados todo o tempo por 
elas. Interrogando-nos, de outro prisma, sempre acerca dos instituídos cristalizados nos 
campos de investigação, podemos agregar conhecimentos à realidade que é sempre mais 
múltipla e plural do que nossas mais diversas e acuradas metodologias possam supor, 
acrescentando a elas o equipamento sensorial do observador que investiga e sabe que suas 
posições éticas, políticas, morais, libidinais, fazem parte da realidade investigada. 
Voltemos então nosso olhar para as instituições que nos atravessam e que, no caso 
de pensarmos a pesquisa em psicologia, não são poucas. Algumas delas: a universidade, 
5 
 
a ciência, a educação, a psicologia, o Estado, as várias políticas públicas que estudamos 
e que usamos ou não usamos. Voltemos também nosso olhar para os emaranhados dessas 
linhas complexas, não nos esquecendo de que não se trata de busca da verdade, mas, ao 
contrário, justamente de perspectivar àquilo que aparece posto como verdade, criar outros 
mundos possíveis, sustentar outras dimensões, produzindo, para tanto, conhecimentos 
variados, olhares diversos, muitas entradas possíveis... 
A ênfase dada por René Lourau ao que ele designa por “escândalo da implicação” 
é justamente a torção ético-política no modo de se produzir conhecimentos que faz uma 
linha divisória com a ciência instituída (Lourau, 1993). Nesse sentido, esse autor pontua 
que 
 
Uma vez mais, quero afirmar que a Análise Institucional não pretende fazer 
milagres. Apenas considera muito importante, para a construção de um novo 
campo de coerência, uma relação efetiva, e nítida, com a libido e com os 
sentimentos em geral. A teoria da implicação, nós veremos, tem qualquer coisa 
que flerta com a loucura. (Lourau, 1993, p. 19) 
 
 
Loucura ou não, falar das instituições que nos percorrem é sustentar uma dimensão 
de atravessamentos e transformações nas formas subjetivas e objetivas, com a certeza de 
que “(...) o observador já está implicado no campo de observação, de que sua intervenção 
modifica o objeto de estudo, transforma-o” (Lourau, 2004b, p. 82). Assim, o importante 
para o pesquisador é o que lhe é dado a perceber/intervir por suas relações sociais e 
coletivas, na rede institucional. Seu objeto de estudos sempre produz efeitos no 
pesquisador e “(...) a aproximação com o campo inclui, sempre, a permanente análise do 
impacto das cenas vividas/observadas têm sobre a história do pesquisador e sobre o 
sistema de poder que legitima o instituído, incluindo aí a próprio lugar de saber e o 
estatuto de poder do perito pesquisador (Paulon, 2005). 
Um detalhe que não é menor para um trabalho investigativo na perspectiva aqui 
defendida, é que a implicação não diz respeito à noção de comprometimento ou relação 
pessoal com o campo, ao contrário, a análise de implicação fala do coletivo em nós, do 
impessoal se desgarrando do sujeito e sua história individual na relação com o campo de 
pesquisa. Assim compreendida, a análise das implicações não pode ser confundida, como 
não raro o é, com uma espécie de “confissão egóica”, para usar uma expressão de Luis 
Antônio Baptista 4. Longe disso, a implicação denuncia que aquilo que a instituição 
 
4 O referido pesquisador, também membro do GT Políticas de Subjetivação e Invenção do Cotidiano 
referiu-se a isto em algumas bancas de defesa de dissertações no Programa de Pós-Graduação de Psicologia 
6 
 
deflagra em nós é sempre efeito de uma produção coletiva, de valores, interesses, 
expectativas, desejos, crenças que estão imbricados nessa relação. Como esclarece 
Heckert (2007, p. 209): 
 
(...) a implicação não deve ser uma espécie de verificação, constatação, 
tampouco deveria significar a compreensão do envolvimento pessoal e 
individual do pesquisador, dos trabalhadores sociais, com o campo de 
intervenção. É desse modo que será afirmada a importância não de constatar 
implicações, mas de operar a análise das implicações com as instituições 
(práticas sociais) que atravessam um dado campo, uma dada prática. A análise 
de implicação nos permite incluir os efeitos analisadores dos processos de 
intervenção, analisando a posição do profissional (pesquisador) nas relações 
sociais, na trama institucional. 
 
 
Daí, cabe a pergunta: o que a instituição acadêmica está deflagrando em nós e em 
nossas pesquisas? Qual mesmo tem sido a capacidade de análise dos pesquisadores 
psicólogos acerca das posições que têm ocupado na trama institucional que reúne 
psicologia, ciência, produção, academia, saúde, estado, políticas públicas... ? 
 
 
Criação e produtivismo acadêmico 
 
Pois é, não é mesmo tão bom falar e pensar sem esforço? O lugar – comum é 
a base da sociedade, a sua política, a sua filosofia, a segurança das instituições. 
Ninguém é levado a sério com ideias originais. (Quintana, 1987, p.40) 
 
 Esta irônica passagem do poeta Mario Quintana faz-nos lembrar algo que há dez 
anos, Zanella (2004) já denunciava em relação à produção acadêmica. Debatendo as 
pressõesinstitucionais já naquela época crescentes em relação à produção científica, a 
pesquisadora elencava alguns dos fatores estressantes que colocariam em risco a 
qualidade dos trabalhos daí resultantes: pressão com os prazos de defesa das teses e 
dissertações, pressão dos órgãos de fomento sobre o programa e seus professores no que 
se refere a resultados numéricos, exigência de publicações cada vez maior, com parcerias 
diversificadas, preenchimento de uma gama de informações sobre o programa, dentre 
outros. Em contundente participação apresentada na Mesa-Redonda “Políticas 
Científicas”, no XIII Encontro Nacional da ANPEPP, realizado em junho de 2010 em 
 
Social da UFRGS e temos feito amplo uso desta precisa expressão, motivo pelo qual devemos honrar a 
devida autoria. 
7 
 
Fortaleza, a pesquisadora Lucia Rabello de Castro da Universidade Federal do Rio de 
Janeiro ratificou tais argumentos demonstrando os efeitos nefastos da crescente lógica de 
mercado injetada no ambiente acadêmico. “Ao discutir políticas científicas, corremos o 
risco de nos atermos somente às questões que temos que resolver para executar o dever 
de casa. Ou melhor, questões que temos que resolver para melhor adequar nossas 
atividades aos produtos e tecnologias demandados pelos governos que se insiram na 
lógica de reprodução do capital.” (Castro, 2010, p.625) 
 Nas universidades, e, sobretudo na pós-graduação ainda há uma tendência dos 
Programas, de seguirem essa lógica produtivista e quantitativa, sem avaliar os efeitos 
dessa geração de conhecimento, em detrimento inclusive de uma discussão política. Sem 
contar, é claro, os efeitos diretos na qualidade da produção e na saúde dos docentes 
decorrente deste modo taylorista de trabalhar.5 
De novo, a forma dominante de fazer ciência enlaça seus produtores, mantendo a 
associação entre produção de conhecimento e neutralidade, sobretudo no que se refere à 
discussão das Políticas Científicas que se hegemonizam em nosso país. O esvaziamento 
da discussão coletiva acerca das demandas de produtivismo tem se expressado, no meio 
acadêmico, em uma espécie de queixume-conformista e privatização da discussão, como 
bem denuncia Rocha (2004, p. 22) ao elencar os “efeitos da lógica empresarial 
atravessada nas intrincadas concepções de eficiência, produtividade e autonomia” da 
universidade brasileira da atualidade: 
 
[...] a produtividade, ligada à burocracia funcional, está implicada 
com a aceleração na execução das tarefas, elevando a quantidade de 
mercadorias produzidas. Na prática, o estímulo à competitividade e à 
racionalização do processo vem acarretando o estresse e a perda do sentido do 
trabalho, já que o cotidiano fica reduzido à contabilização dos produtos no 
estabelecimento do ranking dos que mais publicam, dos que mais orientam, 
dos que são mais citados, enfim, dos que mais se destacam; 
 
 
 
5 O Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior – ANDES - publicou notícia que 
discute a temática da saúde do docente pesquisador brasileiro com o sugestivo título de “Produtivismo 
acadêmico está acabando com a saúde dos docentes”. A reportagem, além de divulgar debate realizado 
sobre o tema, divulgou resultados de estudo realizado pela professora Janete Luzia Leite da UFRJ, no qual 
ela faz a seguinte afirmação: “Há, também, um assédio moral subliminar muito forte, que ocorre, 
principalmente, quando o docente não consegue publicar um artigo, ou quando seus orientandos atrasam 
na conclusão do curso. (...) O resultado é que os docentes estão consumindo mais álcool, tonificantes e 
drogas e estão propensos à depressão e ao suicídio. É um quadro parecido com a Síndrome de Burnout, em 
que a pessoa se consome pelo trabalho. Ocorre como uma reação a fontes de estresses ocupacionais 
contínuas, que se acumulam”. (Apud ANDES, 2011, s/p) 
8 
 
Neste contexto massificador, forças instituintes ou, ao menos, movimentos de 
resistência a isto, sequer parecem ganhar qualquer força. Na queixa circular e repetitiva a 
potência instituinte parece diluir-se na exaustão do “cada um por si e pelo seu Lattes” que 
se naturalizou no cotidiano acadêmico. A individualização torna-se outro sustentáculo 
dessa postura, com a forte sensação de que fazemos parte de uma instituição que existe 
independente de nós e que vivenciamos uma situação em que nada podemos fazer, 
somente nos adaptar. “Isolados nos afazeres, individualizados no sofrimento, cada vez 
menos nos dispomos a questionar sobre o lugar que o pesquisador e o professor podem e 
devem ocupar na sociedade...” (Castro, 2010, p. 624). Lugar que começa pela própria 
sustentação da complexidade, da sua implicação em seus próprios estudos, para também 
se agenciar “produtivamente” em uma esfera pública com um compromisso ético, 
estético, político. 
Refletindo acerca das transformações da universidade e apresentando um dossiê 
que trata exatamente sobre essa temática, Ema, Molina, Arribas e Cano (2013) também 
enfatizam a necessidade de uma postura política e mais crítica, para além da resignação, 
da vitimização, da desconexão responsabilizadora e da auto complacência. Sem dúvida, 
o que vem ocorrendo com a universidade, lugar por excelência na qual se dão as pesquisas 
em psicologia em nosso país, está em consonância como uma lógica global, que se 
inserem em uma lógica neoliberal, sustentada por critérios empresariais, tais como a 
gestão, a produção, a competitividade, a rentabilidade econômica, dentre outros. Essa 
lógica gera assíduas tensões entre as demandas macrossociais e o que ocorre no cotidiano, 
nas pequenas práticas de pesquisa, de ensino, de orientação, de leituras e escrituras. Nesse 
contexto, não é possível qualquer posição de neutralidade sem que essa se incida em uma 
cumplicidade com essa lógica dominante. Nesse sentido, vale, reforçar o alerta de Castro: 
 
Os níveis de exigência crescentes que se tem estabelecido para a 
pesquisa/ pesquisador, mas também, por outro lado, a quantidade crescente e 
fabulosa de recursos que é distribuída para aqueles que conseguem cumprir 
tais exigências parecem ser um prenúncio do que está se tornando a rationale 
do mundo acadêmico do século XXI: grupos seletos de excelentes e massas de 
sobrantes... (2010, p.627) 
 
Retornando ao compromisso ético, estético, político, podemos pensar do que se 
trata, então, na lógica produtivista prevalente em nosso meio científico a tal cumplicidade 
a que estamos nos referindo. Guattari (1993) ao definir uma subjetividade complexa da 
qual faz parte não somente o sujeito e sua história familiar, mas também e, sobretudo, 
agenciamentos constantes com instâncias sociais, institucionais e materiais, propõe 
9 
 
abordá-la em contraponto a uma concepção essencialista de sujeito, própria ao paradigma 
cientificista. Trata-se, por isto aqui, de sustentarmos um paradigma que é ético, por 
referir-se ao exercício do pensamento que busca situações e acontecimentos como 
potencializadores ou não da vida. É estético porque busca apreender a subjetividade em 
sua dimensão de criatividade processual, e não de forma dada, “apreensível” por métodos 
cientificistas. E é um paradigma político no sentido de reportar-se ao mapeamento dos 
planos de forças presentes nas situações da vida, analisando os efeitos produzidos, os 
sentidos que ganham forma nos agenciamentos. 
Esse deve ser o compromisso da pesquisa e seu rigor e precisão localizando-se 
exatamente na sustentação das pressões exercidas pelas forças que nos habitam e habitam 
nosso objeto de estudo, forças que endurecem e forças que potencializam,sabendo da sua 
imanência. 
Algumas dessas forças que nos endurecem no espaço acadêmico dizem respeito à 
própria busca da verdade calcada em uma racionalidade que discutimos no início desse 
texto. Em artigo dedicado ao exame das mesmas consequências danosas que uma política 
de pesquisa pautada pelo quantitativo e sustentada numa perspectiva cartesiana de saber 
impõe, encontramos a seguinte crítica: 
 
Por esta razão, pesquisar no Brasil hoje se torna também um enfrentamento do 
instituído não somente no âmbito da produção inventiva de conhecimento e de 
subjetivação, mas também no desenvolvimento de estratégias e táticas no 
manejo desse “júri de especialistas”, entendido como um sistema de saberes e 
poderes institucionais que estabelecem os critérios de avaliação e 
financiamento de pesquisas. (Ferreira Neto, 2008, p. 540) 
 
Nesse sentido, caberia também retomar as reflexões acima trazidas por Zanela 
(2004) que em tom de desabafo, comenta sua experiência na coordenação de Programa 
de Pós-Graduação: “Essa é a realidade que enfrentamos e ao mesmo tempo precisamos 
transformar. Haja criatividade, polivalência, flexibilidade!” A pergunta colocada pela 
colega pesquisadora produz efeitos que aqui interessa-nos especialmente compartilhar: 
“É possível investir em uma formação estética dos pós-graduandos? Como?” 
Prazos exíguos e exigências crescentes de publicações cada vez mais rápidas (com 
tempos de aprovação, por consequência cada vez mais longos), demandas infindáveis de 
prestações de contas e acúmulos de trabalhos administrativos, manutenção das tarefas 
ordinárias de ensino, supervisão, extensão que sempre tivemos – e do qual, é bom frisar, 
não queremos abrir mão!! – disputas progressivamente maiores por verbas públicas para 
projetos que, pela escassez de financiamentos, tornam- se também mais e mais 
10 
 
complexos, garimpagem diária de subsídios para sustentação do próprio trabalho 
(equipamentos em universidades públicas, por exemplo, são basicamente encargos que 
professores devem buscar concorrendo a financiamentos de editais que disputam com 
seus próprios colegas de universidade pública?!?!?!) etc, etc, serão processos de trabalho 
compatíveis com a produção minimamente criativa de conhecimento? 
Embora o cenário não seja promissor, acreditamos que fazer ciência e pesquisar 
se dá na transversalização da dimensão macropolítica e da dimensão micropolítica como 
assinalam Deleuze & Guattari (1996). E, é exatamente nessa transversalização que o 
cotidiano da pesquisa e da academia se sustenta. Cotidiano de forças imanentes, composto 
de linhas duras e flexíveis, e também de agenciamentos que podem trazer deslocamentos. 
A macropolítica opera através do instituído, que apresentamos nesse texto, das lógicas 
dominantes e quantitativas, da insistência na racionalidade que reduz a vida ao que se 
conhece. A micropolítica, por sua vez insiste no que escapa a essa captura, podendo atuar 
tanto para oprimir, nos microfascismos, quanto para inventar nas conexões com outras 
forças da produção de conhecimento. Desse modo, a dimensão micropolítica se constitui 
na maneira como nos debatemos entre os endurecimentos e assujeitamentos e os 
movimentos de resistência e expansão da vida no espaço acadêmico. Os embates entre 
essas duas dimensões geralmente são experimentados em grandes tensionamentos que 
tentamos explicitar nesse artigo. 
Assim, acreditamos que é possível, em meio ao produtivismo acadêmico, também 
criar dispositivos, linhas de fuga do desejo, que permitam acompanhar a processualidade 
de nossos objetos de estudos com os quais estamos, sem dúvida, implicados. Essa 
possibilidade envolve sustentar um plano de indagação que provoque o pensar, uma dobra 
sobre si mesmo que agencie a vida de maneira processual e singular em conexão com o 
ato de pesquisar. E o desafio está em desarticular as dimensões macro e micropolíticas 
que reforcem os costumes e discursos instituídos, dando passagem ao que não se encaixa 
e sustentando os bons encontros que nos potencializam, sejam com os autores que 
estudamos, com os colegas que podemos dialogar, com os alunos que tentamos formar, 
com as comunidades com as quais nos agenciamos, pois é nesse jogo que se dá a 
construção do conhecimento. Nesses agenciamentos de enunciação de um outro modo de 
pesquisar-intervir, que, nunca é demais lembrar, são sempre coletivos. 
 
 
Considerações Finais 
11 
 
 
É preciso, neste momento de reexistência ao obscurantismo 
universitário, macropontuar com nossas diferenças, a nossa crença aqui 
argumentada num “rigor outro”, levando em conta o modelo de universidade 
que caminha para se oficializar, para se normatizar. (Remi Hess, 2009, p. 11) 
 
Como já dizia Lourau (1993), refletir acerca da oferta de trabalho é examinar a 
criação da demanda por parte dos cientistas nos leitores. O que andamos oferecendo com 
os produtos de nossas pesquisas? Que necessidades estão sendo criadas em quem nos 
leem? Como os conselhos editoriais e os pareceristas, peças chave do processo editorial, 
estão lidando com os efeitos ético-políticos do que está sendo produzido, para além do 
sadismo e das certezas da totalidade de seu conhecimento? Ou a pergunta que Castro 
(2010, p.622) lançou na abertura do debate sobre políticas científicas aos pesquisadores 
psicólogos: “Com que pluralidade de ideias – e de ideais – temos podido ampliar a 
compreensão de um fazer na universidade hoje?” Dar visibilidade a essas relações é 
repensar a própria academia e as pesquisas que são produzidas a partir dela, bem como 
sua a relação com a vida, transversalizando conjunturas históricas e sociais. 
A fim de dar passagem a algumas das problematizações que tais questões 
suscitam, já que não se trata de respondê-las, claro, mas de fazê-las reverberar, 
gostaríamos de retomar, aqui, a questão em que Zanela pontuava a (im)possibilidade de 
uma formação estética em nível de pós-graduação. Pensar acerca de uma perspectiva 
ético-estética para a produção de conhecimentos em psicologia no Brasil significa, de 
algum modo, em nosso entendimento, pensarmos, afinal, quais os espaços de criação que 
nossos cotidianos de pesquisadores, que nossos processos de trabalho docente, que nossas 
práticas investigativas têm nos permitido. Dito de outra forma, mas seguindo alinhadas 
ao pensamento institucionalista, isto equivale a colocarmos em análise não apenas a 
instituição da pesquisa – como aqui exercitamos brevemente – mas também a instituição 
psicologia, a instituição pedagógica, a instituição da avaliação (a que somos submetidos 
nos Programas de pós-graduação, mas sem esquecer que também somos avaliadores e 
“aplicamos” a mesma avaliação, muitas vezes a nossos alunos e pares...), a instituição do 
capitalismo, ... Equivale a dizermos, assumindo o risco da tautologia, que se “implicados 
estamos sempre”, como aprendemos com Lapassade e Lourau, não há exercício criativo, 
desejante, pulsante, instituinte que possa prescindir da análise de nossas implicações com 
todas essas instituições que nos atravessam. 
12 
 
Nesse exercício, sempre e necessariamente coletivo, novos agenciamentos podem 
produzir-se, novos discursos vão-se forjando e velhas palavras podem até revestir-se, 
lentamente, de novas significações. Assim, Rocha sugere, ao concluir sua crítica ao 
mercantilismo acadêmico, que as tão desgastadas eficiência e a produtividade, por 
exemplo, poderiam desatrelar-se de sua lógica associada à garantia de qualidade (total) e 
passar a ser entendidas como compromisso com melhores condições de trabalho ou busca 
de ampliação possível da produção. E ela conclui que a autonomia, por sua vez, poderia 
passar a ser compreendida“(...)como uma construção coletiva que, pelo exercício ético-
político nas práticas, cria sentidos comuns para o fazer.” (Rocha, 2004, p. 34), 
Nessa direção, apostamos na possibilidade da ciência contribuir não somente com 
o espaço acadêmico, mas principalmente com as demandas sociais e as práticas reais que 
se efetuam e a têm como sustentação. Para isso, repensar as relações pesquisador e campo 
de pesquisa, teoria e prática, complexidade e processos, como debatemos em trabalho 
anterior (Paulon e Romagnoli, 2010), faz-se essencial a fim de contribuir com a expansão 
da vida. Já afirmávamos, ao discutir os meandros metodológicos da cartografia e 
pesquisa-intervenção, que 
Ao pesquisador que conceba a subjetividade à luz de um paradigma 
ético-estético, que se proponha a observar os efeitos dos processos de 
subjetivação de forma a singularizar as experiências humanas e não a 
generalizá-las, que tenha compromisso social e político com o que a realidade 
com a qual trabalha demanda de seu trabalho científico, não é dada outra 
perspectiva de investigação que não a pesquisa-intervenção. (2010, p. 92) 
 
Ser pesquisador, portanto, na perspectiva aqui defendida, é ser, também, um 
intercessor no sentido dado por Deleuze (1992) que aposta no “entre” como espaço de 
criação e invenção a partir de agenciamentos com o que não conhece. Intercessor que dá 
passagem a essas forças, abstendo-se de uma obediência ao dominante, às teorias e 
metodologias instituídas, deixando, dessa maneira, a heterogeneidade comandar o 
processo, a fim de se descobrirem novas engrenagens, novas dimensões. 
 Pois só assim estaríamos fazendo jus à dimensão rigorosamente ética do pesquisar 
de que Michel Foucault (1984, p. 13). nos falou tão concisa e contundentemente: “[...] de 
que valeria a obstinação do saber se ele assegurasse apenas a aquisição dos conhecimentos 
e não, de certa maneira, e tanto quanto possível, o descaminho daquele que conhece?” 
 
13 
 
 
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