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Aula 14 e 15 Defesa do Consumidor em Juízo

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DEFESA DO CONSUMIDOR EM JUÍZO – Tutelas: Individual e Coletiva
SEMANAS 14 E 15
Laís Rossiter de Moraes 
Estácio/ FAL
Importância das garantias processuais:
“ O direito ao acesso efetivo à justiça tem sido progressivamente reconhecido como sendo de importância capital entre os novos direitos individuais e sociais, uma vez que a titularidade dos direitos é destituída de sentido, na ausência de mecanismos para sua efetiva reivindicação. O acesso à justiça pode, portanto, ser encarado como requisito fundamental- o mais básico dos direitos humanos- de um sistema jurídico moderno e igualitário que pretenda garantir, e não apenas proclamar os direitos de todos” ( Cappelletti, Mauro. Acesso a Justiça)
TUTELA INDIVIDUAL:
 COMPETÊNCIA PELO DOMICÍLIO DO CONSUMIDOR: (Art. 101, I. CDC)
 “A jurisprudência , da primeira a mais elevada instância do Judiciário brasileiro, não admite foro de eleição nos contratos de consumo, quando este de alguma forma dificulte o acesso à justiça do consumidor.” Cavalieri
 A nulidade desta cláusula pode ser declarada de ofício, por se tratar de ordem pública.
 Coloca o consumidor em desvantagem exagerada!
 TUTELA ESPECÍFICA NAS OBRIGAÇÕES DE FAZER E NÃO FAZER: (Art. 84. CDC)- Ações Individuais e Coletivas
 O art. 84 atribui ao juiz poderes para conferir ao processo de consumo praticidade e aderência as peculiaridades do caso concreto.
 A tutela específica deverá ser o resultado alcançado ao final da lide, então pode o juiz tomar providências para se certificar que isto ocorra, como por exemplo:
A. Conversão em perdas e danos, só se o consumidor aceitar, ou se impossível a tutela específica.
B. O juiz tb pode conceder a antecipação da tutela, desde que relevante o fundamento da demanda. (verossimilhança e plausibilidade) e havendo justificado receio de ineficácia do provimento final.
 C. Multa diária (liminarmente ou por sentença)
1. O legislador não estipulou percentuais ou patamares para vincular o juiz. (Art. 461, parágrafo 6º do CPC)
2. O valor pode ultrapassar o valor da obrigação a ser prestada.
3. Pode ser arbitrada de ofício.
 DENUNCIAÇÃO DA LIDE:
 Nas relações de consumo, a denunciação , além de retardar o andamento do processo, aumenta a complexidade probatória com a introdução de novo fundamento.
O art. 88 do CDC, veda a denunciação da lide claramente.
 INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA: )- Ações Individuais e Coletivas
 Expressamente prevista no art.6 , inc. VIII, do CDC, pois é no campo da prova que o consumidor encontra as maiores dificuldades para fazer valer os seus direitos em juízo.
 1.Modalidades: Ope Judicis e Ope Legis.
2. Pré-requisitos: Verossimilhança ou hipossuficiência.
3. Momento da Inversão: Controvérsia!
A) Momento do despacho liminar de conteúdo positivo?
B) Saneamento?
C) Sentença?
1. Na ocasião do despacho ainda não foram definidos os pontos controvertidos sobre os quais recairão a instrução probatória.
 2. Em muitos procedimentos (Juizados, Rito Sumário), não há fase de saneamento.
 3. O fornecedor já sabe que há essa possibilidade da inversão nas lides de consumo.
 Cavalieri alega que são regras de julgamento e não de procedimento, portanto a melhor fase para ele é na sentença!
 No STJ ainda há divergência sobre o tema.
OBS.: Nada impede que o juiz no despacho saneador , na fase instrutória , ou em qq outro momento, inverta o ônus ou advirta as partes que isso poderá ocorrer no momento do julgamento final da causa, assim afastando qq alegação de cerceamento de defesa.
4. Custeio da Produção da Prova: Controvertida!
 No início o entendimento era de que pertencia ao fornecedor.
 Hoje em dia entendeu-se que inversão do ônus da prova não se confunde com a inversão do custeio da prova. No entanto, o fornecedor sofre as consequências processuais de sua não produção. (Resp. 466604/RJ, 3ª turma)
 “Não se trata de impor ao fornecedor o custeio da prova (honorários periciais), mas de transferir-lhe o onus probandi em sentido contrário. Se não quiser arcar com esse ônus, bastará deixar de realizar a prova. Nesse caso, entretanto, terá contra si a presunção de veracidade que milita em favor do consumidor.” (Cavalieri)
 DESCONSIDERAÇÃO DA PESSOA JURÍDICA:Art.28CDC- Ações Individuais e Coletivas
 Importante instrumento utilizado pelo CDC para assegurar o pleno ressarcimento dos danos causados aos consumidores por fornecedores, pessoas jurídicas. 
Busca-se o verdadeiro responsável pelo dano, como se a pessoa jurídica não existisse.
 Seu objetivo é evitar o abuso ou a fraude!
 TEORIAS MAIOR E MENOR: 
1. Teoria Maior- Caracterizada pela manipulação fraudulenta ou abusiva do instituto. (Regra geral do sistema jurídico brasileiro, art. 50 do CC)
 Teoria Maior Subjetiva – Há ato intencional dos sócios em fraudar terceiros com o uso abusivo da personalidade jurídica. (desvio de finalidade) 
 Teoria Maior Objetiva- Há confusão patrimonial, caracterizada pela inexistência, no campo dos fatos, de separação do patrimônio da pessoa jurídica e dos seus sócios.
 2.Teoria Menor: Utilizada apenas no CDC e Ambiental
Parágrafo 5º, Art.28 do CDC:
 “Também poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for, de alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores.”
 Inicialmente alguns doutrinadores condicionavam sua aplicação ao caput do artigo, mas se for observada a expressão em negrito acima, percebe-se a intenção clara do legislador em abrir mais uma opção no caso da desconsideração.
Incide com a mera prova de insolvência da pessoa jurídica para o pgto. de suas obrigações. Não exige confusão patrimonial ou desvio de finalidade. 
 Utilizada no caso da explosão do Shopping de Osasco! (Resp. 279273-SP, 3ª Turma)
 DESCONSIDERAÇÃO INVERSA: 
 Em vez do sócio se esconder atrás da sociedade, ocorre o inverso, o sócio se utiliza da sociedade para ocultar seus bens pessoais no patrimônio da sociedade e prejudicar terceiros.
 Ex. : Cônjuge que pretendendo se separar do outro, se empenha no esvaziamento do patrimônio do casal. 
TUTELA COLETIVA
Direitos de Terceira Geração, fundados no princípio da solidariedade universal.
Interesses Coletivos situam-se entre o interesse público e o interesse privado.
 Iniciou-se com a Lei Civil de Ação Pública em 1985, posteriormente a CF 1988, mas foi o CDC em 1990 que completou todo este trabalho legislativo.
 Divisão adotada pelo CDC:
Art. 81, I, CDC
Art. 81, II, CDC
Art. 81, III, CDC
Ação Coletiva para contra publicidade enganosa ou abusiva.
Ação Coletiva de pais contra aumento abusivo de mensalidade de determinada escola.
Ação Coletiva das vítimas de um mesmo acidente de consumo.
 O fator determinante dos interesses das demandas será o pedido:
 Exemplo: Medicamento que causa riscos para a gestante.
1.Pedido de retirá-lo do mercado, até que seja feita a advertência aos riscos – Interesse Difuso (Atinge a todos)
2.Pedido for para a inclusão dos riscos na bula – Interesse coletivo (Titular determinado)
3.Pedido de ressarcimento pelos danos causados pelo remédio – Interesse Individual Homogêneo
 LEGITIMADOS- ART. 82, CDC
 I – MP;
 II – A União, os Estados, os Municípios e o Distrito Federal;(Os consumidores lesados têm que ser do mesmo Estado ou Município)
 III – As entidades e órgãos da Administração Pública, direta ou indireta, ainda que sem personalidade jurídica, especificamente destinados a defesa dos interesses e direitos protegidos por este Código; (Tem que ser estabelecido por Lei, mesmo que não haja exclusividade!)
 IV – As associações legalmente constituídas há pelo menos 1 ano e que incluam entre seus fins institucionais a defesa dos interesses e direitos protegidos por este código, dispensada a autorização assemblear.
Obs. E a Defensoria Pública??? (Lei 11.448/07, que alterou o art. 15 da Lei 7.347/85)
 LEGITIMADOS- ART. 82, CDC
 I – MP;
 a) CF e Lei Orgânica do MP trazem a possibilidades legal dessa
atuação com interesses difusos e coletivos.
 b) Para direitos coletivos (stricto sensu) deverá haver a verificação se na causa há relevante interesse público ou social. (Ação Civil Pública sobre a legalidade de uma cláusula num contrato de saúde- Resp. 268.068/SC, 3ª turma)
 c) Individuais Homogêneos também deverá haver a verificação se na causa há relevante interesse público ou social. (Explosão do Shopping de Osasco- Resp. 279.273/SP)
C 
O
I
S
A
J
U
L
G
A
D
A
 OBSERVAÇÕES:
 1. A ação coletiva não inibe, nem prejudica a propositura da ação individual com o mesmo objeto, ficando o autor individual vinculado ao resultado da sua própria demanda, ainda que improcedente essa e procedente a coletiva.
 3. Competência para as ações coletivas. (Art. 93 CDC)
 2. A sentença genérica de procedência, servirá de título para a propositura da ação individual de cumprimento, pelo regime de representação, consistente de atividade cognitiva de liquidação por artigos, seguida de atividade executória desenvolvida pelo procedimento comum do CPC e em conformidade com a natureza da prestação devida.
 3. Os efeitos das sentenças produzem-se erga omnes, para além dos limites da competência territorial do órgão julgador. ( O CDC é Lei Especial em relação à Lei de Ação Civil Pública)

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