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Aula 12 Direito Penal p/ Procurador da Fazenda Nacional (PGFN) - 2015 (com videoaulas) Professor: Renan Araujo 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 12 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 1 de 47 AULA 12: CRIMES CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL (LEI 7.492/86). SUMÁRIO PÁGINA Apresentação da aula e sumário 01 I ± Dos Crimes contra o Sistema Financeiro 02 Questões para praticar 18 Questões comentadas 26 Gabarito 47 Olá, meus amigos concurseiros! Hoje vamos estudar os crimes contra o Sistema Financeiro Nacional (Lei 7.492/86). Meus amigos, muita atenção à aula de hoje, pois há algumas decisões recentes do STJ que são importantíssimas para a preparação de vocês! Bons estudos! Prof. Renan Araujo 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 12 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 2 de 47 I ± CRIMES CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO A) Considerações iniciais A Lei de Crimes contra o Sistema Financeiro surgiu para regulamentar, criminalmente, determinadas condutas atentatórias ao bom funcionamento do mercado financeiro do país. Ressalto a vocês que a lei fora editada em 1986, ou seja, num período de extrema turbulência econômica e inflacionária do país, o que, provavelmente, gerou a necessidade de se combater, de forma rigorosa, determinadas condutas. Os crimes em espécie estão previstos no art. 2° a 23 da Lei, totalizando, portanto, 22 tipos penais diversos, afora os tipos equiparados e qualificados, contidos nos parágrafos dos artigos, o que aumenta ainda mais o número de tipos penais. Vou abordar a Lei de Crimes Contra o Sistema Financeiro de forma resumida e objetiva, considerando que vocês têm outras ³WURFHQWDV´�PDWpULDV�SDUD�HVWXGDU��FDVR�FRQWUiULR��QRVVD�DXOD�ILFDULD�PXLWR� extensa. É necessária a leitura dos tipos penais, por uma questão de precaução em razão da possível cobrança da literalidade da lei. Para facilitar a vida de vocês, vou transcrever a Lei na nossa aula. Ao final, vou fazer as observações necessárias e que costumam ser abordadas nas provas, de forma que não abordarei tipo penal por tipo penal dizendo: ³HVWH� FULPH� p� SUySULR�� GH� PHUD� FRQGXWD�� HWF�´�� 9RX� DERUGDU� GH� IRUPD� JHUDO��SRU�H[HPSOR��³7RGRV�RV�FULPHV�VmR�FRPXQV��j�H[FHomR�GR�FULPH�;�� <�H�=´� Creio que assim eu facilito a já corrida vida de vocês, eis que é desnecessário e cansativo ler a explicação de cada um dos tipos penais quando, na maioria das vezes, todos possuem elementos idênticos (são 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 12 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 3 de 47 sempre dolosos, formais, comuns, etc.). É mais produtivo fazer da forma como já levantei aqui pra vocês. Vamos lá? B) Lei 7.492/86 Art. 1º Considera-se instituição financeira, para efeito desta lei, a pessoa jurídica de direito público ou privado, que tenha como atividade principal ou acessória, cumulativamente ou não, a captação, intermediação ou aplicação de recursos financeiros (Vetado) de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira, ou a custódia, emissão, distribuição, negociação, intermediação ou administração de valores mobiliários. Parágrafo único. EQUIPARA-SE À INSTITUIÇÃO FINANCEIRA: I - a pessoa jurídica que capte ou administre seguros, câmbio, consórcio, capitalização ou qualquer tipo de poupança, ou recursos de terceiros; II - a pessoa natural que exerça quaisquer das atividades referidas neste artigo, ainda que de forma eventual. DOS CRIMES CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL Art. 2º Imprimir, reproduzir ou, de qualquer modo, fabricar ou pôr em circulação, sem autorização escrita da sociedade emissora, certificado, cautela ou outro documento representativo de título ou valor mobiliário: Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa. Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem imprime, fabrica, divulga, distribui ou faz distribuir prospecto ou material de propaganda relativo aos papéis referidos neste artigo. Art. 3º Divulgar informação falsa ou prejudicialmente incompleta sobre instituição financeira: 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 12 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 4 de 47 Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. Art. 4º Gerir fraudulentamente instituição financeira: Pena - Reclusão, de 3 (três) a 12 (doze) anos, e multa. Parágrafo único. Se a gestão é temerária: Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa. Art. 5º Apropriar-se, quaisquer das pessoas mencionadas no art. 25 desta lei, de dinheiro, título, valor ou qualquer outro bem móvel de que tem a posse, ou desviá-lo em proveito próprio ou alheio: Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. Parágrafo único. Incorre na mesma pena qualquer das pessoas mencionadas no art. 25 desta lei, que negociar direito, título ou qualquer outro bem móvel ou imóvel de que tem a posse, sem autorização de quem de direito. Art. 6º Induzir ou manter em erro, sócio, investidor ou repartição pública competente, relativamente a operação ou situação financeira, sonegando-lhe informação ou prestando-a falsamente: Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. Art. 7º Emitir, oferecer ou negociar, de qualquer modo, títulos ou valores mobiliários: I - falsos ou falsificados; II - sem registro prévio de emissão junto à autoridade competente, em condições divergentes das constantes do registro ou irregularmente registrados; III - sem lastro ou garantia suficientes, nos termos da legislação; IV - sem autorização prévia da autoridade competente, quando legalmente exigida: Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa. 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 12 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 5 de 47 Art. 8º Exigir, em desacordo com a legislação (Vetado), juro, comissão ou qualquer tipo de remuneração sobre operação de crédito ou de seguro, administração de fundo mútuo ou fiscal ou de consórcio, serviço de corretagem ou distribuição de títulos ou valores mobiliários: Pena - Reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. Art. 9º Fraudar a fiscalização ou o investidor, inserindo ou fazendo inserir, em documento comprobatório de investimento em títulos ou valores mobiliários, declaração falsa ou diversa da que dele deveria constar: Pena - Reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa. Art. 10. Fazer inserir elemento falso ou omitir elemento exigido pela legislação, em demonstrativos contábeis de instituição financeira, seguradora ou instituição integrante do sistema de distribuição de títulos de valores mobiliários: Pena - Reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa. Art. 11. Manter ou movimentarrecurso ou valor paralelamente à contabilidade exigida pela legislação: Pena - Reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa. Art. 12. Deixar, o ex-administrador de instituição financeira, de apresentar, ao interventor, liqüidante, ou síndico, nos prazos e condições estabelecidas em lei as informações, declarações ou documentos de sua responsabilidade: Pena - Reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. Art. 13. Desviar (Vetado) bem alcançado pela indisponibilidade legal resultante de intervenção, liqüidação extrajudicial ou falência de instituição financeira. Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. Parágrafo único. Na mesma pena incorra o interventor, o liqüidante ou o síndico que se apropriar de bem abrangido pelo caput deste artigo, ou desviá- lo em proveito próprio ou alheio. 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 12 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 6 de 47 Art. 14. Apresentar, em liquidação extrajudicial, ou em falência de instituição financeira, declaração de crédito ou reclamação falsa, ou juntar a elas título falso ou simulado: Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa. Parágrafo único. Na mesma pena incorre o ex-administrador ou falido que reconhecer, como verdadeiro, crédito que não o seja. Art. 15. Manifestar-se falsamente o interventor, o liqüidante ou o síndico, (Vetado) à respeito de assunto relativo a intervenção, liquidação extrajudicial ou falência de instituição financeira: Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa. Art. 16. Fazer operar, sem a devida autorização, ou com autorização obtida mediante declaração (Vetado) falsa, instituição financeira, inclusive de distribuição de valores mobiliários ou de câmbio: Pena - Reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. Art. 17. Tomar ou receber, qualquer das pessoas mencionadas no art. 25 desta lei, direta ou indiretamente, empréstimo ou adiantamento, ou deferi-lo a controlador, a administrador, a membro de conselho estatutário, aos respectivos cônjuges, aos ascendentes ou descendentes, a parentes na linha colateral até o 2º grau, consangüíneos ou afins, ou a sociedade cujo controle seja por ela exercido, direta ou indiretamente, ou por qualquer dessas pessoas: Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem: I - em nome próprio, como controlador ou na condição de administrador da sociedade, conceder ou receber adiantamento de honorários, remuneração, salário ou qualquer outro pagamento, nas condições referidas neste artigo; II - de forma disfarçada, promover a distribuição ou receber lucros de instituição financeira. 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 12 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 7 de 47 Art. 18. Violar sigilo de operação ou de serviço prestado por instituição financeira ou integrante do sistema de distribuição de títulos mobiliários de que tenha conhecimento, em razão de ofício: Pena - Reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. Art. 19. Obter, mediante fraude, financiamento em instituição financeira: Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. Parágrafo único. A pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é cometido em detrimento de instituição financeira oficial ou por ela credenciada para o repasse de financiamento. Art. 20. Aplicar, em finalidade diversa da prevista em lei ou contrato, recursos provenientes de financiamento concedido por instituição financeira oficial ou por instituição credenciada para repassá-lo: Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. Art. 21. Atribuir-se, ou atribuir a terceiro, falsa identidade, para realização de operação de câmbio: Pena - Detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, para o mesmo fim, sonega informação que devia prestar ou presta informação falsa. Art. 22. Efetuar operação de câmbio não autorizada, com o fim de promover evasão de divisas do País: Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, a qualquer título, promove, sem autorização legal, a saída de moeda ou divisa para o exterior, ou nele mantiver depósitos não declarados à repartição federal competente. Art. 23. Omitir, retardar ou praticar, o funcionário público, contra disposição expressa de lei, ato de ofício necessário ao regular funcionamento do sistema financeiro nacional, bem como a preservação dos interesses e valores da ordem econômico-financeira: 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 12 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 8 de 47 Pena - Reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. Art. 24. (VETADO). DA APLICAÇÃO E DO PROCEDIMENTO CRIMINAL Art. 25. São penalmente responsáveis, nos termos desta lei, o controlador e os administradores de instituição financeira, assim considerados os diretores, gerentes (Vetado). § 1º Equiparam-se aos administradores de instituição financeira (Vetado) o interventor, o liqüidante ou o síndico. § 2º Nos crimes previstos nesta Lei, cometidos em quadrilha ou co-autoria, o co-autor ou partícipe que através de confissão espontânea revelar à autoridade policial ou judicial toda a trama delituosa terá a sua pena reduzida de um a dois terços. (Incluído pela Lei nº 9.080, de 19.7.1995) Art. 26. A ação penal, nos crimes previstos nesta lei, será promovida pelo Ministério Público Federal, perante a Justiça Federal. Parágrafo único. Sem prejuízo do disposto no art. 268 do Código de Processo Penal, aprovado pelo Decreto-lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941, será admitida a assistência da Comissão de Valores Mobiliários - CVM, quando o crime tiver sido praticado no âmbito de atividade sujeita à disciplina e à fiscalização dessa Autarquia, e do Banco Central do Brasil quando, fora daquela hipótese, houver sido cometido na órbita de atividade sujeita à sua disciplina e fiscalização. Art. 27. Quando a denúncia não for intentada no prazo legal, o ofendido poderá representar ao Procurador-Geral da República, para que este a ofereça, designe outro órgão do Ministério Público para oferecê-la ou determine o arquivamento das peças de informação recebidas. Art. 28. Quando, no exercício de suas atribuições legais, o Banco Central do Brasil ou a Comissão de Valores Mobiliários - CVM, verificar a ocorrência de crime previsto nesta lei, disso deverá informar ao Ministério Público Federal, enviando-lhe os documentos necessários à comprovação do fato. 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 12 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 9 de 47 Parágrafo único. A conduta de que trata este artigo será observada pelo interventor, liqüidante ou síndico que, no curso de intervenção, liqüidação extrajudicial ou falência, verificar a ocorrência de crime de que trata esta lei. Art. 29. O órgão do Ministério Público Federal, sempre que julgar necessário,poderá requisitar, a qualquer autoridade, informação, documento ou diligência, relativa à prova dos crimes previstos nesta lei. Parágrafo único O sigilo dos serviços e operações financeiras não pode ser invocado como óbice ao atendimento da requisição prevista no caput deste artigo. Art. 30. Sem prejuízo do disposto no art. 312 do Código de Processo Penal, aprovado pelo Decreto-lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941, a prisão preventiva do acusado da prática de crime previsto nesta lei poderá ser decretada em razão da magnitude da lesão causada (VETADO). Art. 31. Nos crimes previstos nesta lei e punidos com pena de reclusão, o réu não poderá prestar fiança, nem apelar antes de ser recolhido à prisão, ainda que primário e de bons antecedentes, se estiver configurada situação que autoriza a prisão preventiva. Art. 32. (VETADO). § 1º (VETADO). § 2º (VETADO). § 3º (VETADO). Art. 33. Na fixação da pena de multa relativa aos crimes previstos nesta lei, o limite a que se refere o § 1º do art. 49 do Código Penal, aprovado pelo Decreto-lei nº 2.848, de 7 de dezembro de.1940, pode ser estendido até o décuplo, se verificada a situação nele cogitada. Art. 34. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação. Art. 35. Revogam-se as disposições em contrário. 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 12 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 10 de 47 Os crimes são, em regra, comuns, ou seja, podem ser praticados por quaisquer pessoas, EMBORA EXISTAM MUITAS EXCEÇÕES. Na verdade, fica bem dividido o número de crimes comuns (podem ser praticados por quaisquer pessoas) e crimes próprios (só podem ser praticados por determinadas pessoas). Os seguintes crimes são próprios, só podendo ser praticados por aqueles que se encontrem na condição prevista no tipo penal �³OLTXLGDQWH´��³LQYHQWDULDQWH´��³H[-administraGRU´��HWF�� 9 Art. 4° e seu § único - Somente o Gestor poderá praticar o crime; 9 Art. 5°, § único, e 17 - Somente as pessoas mencionadas no art. 25 poderão cometê-lo. Vejamos o art. 25: Art. 25. São penalmente responsáveis, nos termos desta lei, o controlador e os administradores de instituição financeira, assim considerados os diretores, gerentes (Vetado). § 1º Equiparam-se aos administradores de instituição financeira (Vetado) o interventor, o liqüidante ou o síndico. 9 Art. 7° - O crime do art. 7° em regra é comum, mas na PRGDOLGDGH�³(0,7,5´��R�FULPH�p�SUySULR��SRLV�VRPHQWH�D�SHVVRD� que tem o poder legal para tal poderá cometê-lo; 9 Art. 8° - É controvertido, embora a maioria da Doutrina entenda ser crime próprio, pois o próprio STJ entende que o empréstimo a terceiros, com recursos próprios, a juros abusivos (agiotagem), não configura crime contra o sistema 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 12 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 11 de 47 financeiro, de forma que somente as pessoas credenciadas é que poderão cometê-lo; 9 Art. 9° - Também é controvertido, embora a maioria entenda ser crime PRÓPRIO; 9 Art. 11 ± Também controvertido, mas prevalece o entendimento de que é crime próprio, só podendo ser praticado pelas pessoas que possuem atribuição para tal; 9 Art. 12 ± Somente o ex-administrador poderá cometer o crime; 9 § único do art. 13 ± Somente o interventor, o liquidante ou o síndico poderão cometê-lo (a intervenção é realizada pelo Banco Central, o liquidante atua quando da liquidação da empresa, também promovida pelo Banco Central e o síndico aparece na falência); 9 Art. 14, § único± Somente o ex-administrador ou falido poderá praticar o crime; 9 Art. 15 ± Somente o interventor, o liquidante ou o síndico poderão praticar o delito. 9 Art. 18 ± Qualquer funcionário da empresa, que tenha o conhecimento das informações em razão do trabalho; 9 Art. 23 ± Este é o FULPH�³PDLV�SUySULR´�GH�WRGRV��SRLV�Vy�SRGH� ser praticado por funcionário público que tenha o dever de agir de outro modo. É a chamada PREVARICAÇÃO FINANCEIRA. Quanto ao ELEMENTO SUBJETIVO, todos os crimes exigem o DOLO. Entretanto, devo fazer algumas observações: 9 Parte da Doutrina entende que o crime do art. 4°, § único (gestão TEMERÁRIA) seria um crime CULPOSO, pois agir 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 12 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 12 de 47 temerariamente nada mais é que agir com IMPRUDÊNCIA. Entretanto, PREVALECE QUE É UM CRIME DOLOSO, não por visar o agente o dano, mas por visar o risco (se o dano vier, será mera consequência), de forma que se pode vislumbrar a INTENÇÃO do agente em criar o risco, propositalmente (ADOTAR ESSE POSICIONAMENTO NA PROVA); 9 O crime do art. 21 (FALSA IDENTIDADE) também está previsto no CP, mas por ser específico ao mercado financeiro, deve ser aplicado. Exige-se, aqui, o ELEMENTO ESPECIAL DE AGIR, OU DOLO ESPECÍFICO, consistente na intenção de praticar o delito PARA REALIZAR OPERAÇÃO DE CRÉDITO; 9 O crime do art. 22 (EVASÃO DE DIVISAS) também exige ESPECIAL FIM DE AGIR, consistente na intenção de ³SURPRYHU�HYDVmR�GH�GLYLVDV´; 9 O crime do art. 23 (PREVARICAÇÃO FINANCEIRA) também possui previsão no CP, e por ser regra específica, prevalece sobre aquele. No entanto, ressalto a vocês que este crime, diferentemente do crime do art. 319 do CP, NÃO EXIGE ESPECIAL FIM DE AGIR �³VDWLVID]HU�LQWHUHVVH�SHVVRDO´�� Os crimes são em regra FORMAIS, SENDO CRIMES MATERIAIS apenas os crimes dos arts. 5°, 9°, 13 e 19, que exigem a efetiva ocorrência do resultado para sua consumação. Apenas para lembrar a vocês: 9 CRIMES FORMAIS ± O delito se consuma com a mera realização da conduta, não sendo necessário que o resultado ocorra; 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 12 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 13 de 47 9 CRIMES MATERIAIS ± A ocorrência de uma transformação no mundo exterior (a ocorrência do fim pretendido pelo infrator, ou seja, o resultado) é indispensável para que o crime se consume. A TENTATIVA É QUASE SEMPRE POSSÍVEL, salvo nos tipos em que a conduta prevista é OMISSIVA ou naqueles em que a conduta se resume a um único ato, não podendo fracioná-lo. EXEMPLO��³UHFRQKHFHU��FRPR�YHUGDGHLUR��FUpGLWR�TXH�QmR�R�VHMD´��DUW�� 14, § único). Nesse caso, o crime é UNISSUBSISTENTE, de forma que ou se consuma ou não chega sequer a ser tentado, pois o ato de ³UHFRQKHFHU� FRPR� YHUGDGHLUR���´� é um ato que não admite fracionamento em sua execução. Também não se admite a tentativa nos crimes em que se exige HABITUALIDADE. EXEMPLO�� ³PDQWLYHU�GHSyVLWRV�QmR�GHFODUDGRV���´� �DUW�������~QLFR���$� FRQGXWD� GH� ³PDQWHU´� p� KDELWXDO�� VHJXQGR� ERD� SDUWH� GD� 'RXWULQD�� GH� forma que não cabe tentativa. Em todos os crimes o sujeito passivo é o ESTADO (Sistema Financeiro Nacional), podendo figurar como sujeitos passivos secundários eventuais pessoas lesadas pela conduta do agente. Exatamente por ser o Estado o sujeitopassivo primário neste crime, pois há lesão ao Sistema Financeiro (E o bom funcionamento do Sistema Financeiro é um direito difuso, ou seja, de todos nós), que não se aplica, aqui, o PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA, ou seja, ainda que a lesão a bens jurídicos de particulares eventualmente lesados seja pequena, não há que se falar em princípio da insignificância. 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 12 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 14 de 47 O STJ, não faz muito tempo, proferiu uma decisão emblemática nesse sentido, com relação ao crime de gestão fraudulenta. Vejamos: RECURSO ESPECIAL. PENAL. CRIME CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL.GESTÃO FRAUDULENTA. ART. 4.º, CAPUT, DA LEI N.º 7.492/86. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. INAPLICABILIDADE. DESCARACTERIZADA A MÍNIMA OFENSIVIDADE DA CONDUTA. RECURSO MINISTERIAL PROVIDO. 1. O crime de gestão fraudulenta, previsto no art. 4.º, caput, da Lei n.º 7.492/86, é classificado como formal e visa tutelar a credibilidade do mercado e a proteção ao investidor. Sistematicamente, busca-se a estabilidade e a higidez do Sistema Financeiro Nacional, para cumprir a finalidade de "promover o desenvolvimento equilibrado do País e a servir aos interesses da coletividade" (art. 192 da Constituição Federal). 2. O Estado é o sujeito passivo principal do delito, e os eventuais prejuízos às instituições financeiras não são relevantes para a adequação típica, o que descaracteriza a mínima ofensividade da conduta do agente para a exclusão de sua tipicidade. 3. Recurso especial provido. (REsp 1015971/PR, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 27/03/2012, DJe 03/04/2012) Por fim, trago ainda outra decisão do STJ, na qual este egrégio Tribunal entendeu que o crime de GESTÃO FRAUDULENTA pressupõe a existência de uma instituição financeira que esteja autorizada a funcionar, bem como entendeu que este delito e o delito de 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 12 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 15 de 47 operação ilegal de instituição financeira não podem coexistir na mesma conduta. Vejam: HABEAS CORPUS. CRIMES CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL. DÓLAR-CABO. INÉPCIA DA INICIAL. IMPROCEDÊNCIA. CONDUTA SUFICIENTEMENTE DESCRITA. GESTÃO FRAUDULENTA E OPERAÇÃO ILEGAL DE INSTITUIÇÃO FINANCEIRA. INCOMPATIBILIDADE. LAVAGEM DE DINHEIRO. AUSÊNCIA DE INDÍCIOS. 1. Se a inicial acusatória narra adequadamente as condutas atribuídas ao paciente, preenchendo os requisitos previstos no art. 41 do Código de Processo Penal, fica afastada a tese de sua inépcia. 2. O cometimento do delito de gestão fraudulenta denota a existência de uma instituição financeira autorizada, enquanto a operação ilegal de instituição financeira pressupõe a existência de uma empresa que funcione como tal sem que lhe tenha sido permitir atuar dessa forma. A coexistência destes delitos, referindo-se à mesma conduta, é inviável. 3. A concretização do delito de ocultação de valores exige prévia conduta criminosa, devendo haver, ao menos, indícios de que os ativos remetidos ao exterior são objeto de crime. (...) (HC 197.569/PR, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEXTA TURMA, julgado em 18/10/2011, DJe 17/11/2011) 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 12 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 16 de 47 9 O §2° do art. 25 prevê a chamada DELAÇÃO PREMIADA, que nada mais é que a denunciação, por um dos criminosos, de toda a trama criminosa, quando cometido o crime em concurso de agentes, de forma que sua pena será reduzida de 1/3 A 2/3. Isso é uma CAUSA DE DIMINUIÇÃO DE PENA, E NÃO CIRCUNSTÂNCIA ATENUANTE; 9 A ação penal é SEMPRE PÚBLICA INCONDICIONADA E DE COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL, devendo ser promovida pelo MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL. Entretanto, a CVM e o Banco Central PODERÃO figurar como assistentes de acusação. Além disso, qualquer particular lesado poderá, caso a denúncia não seja ajuizada no prazo legal, representar junto ao PGR para que este ofereça a ação penal, designe outro membro para fazer isto ou arquive as peças de informação (art. 27 da Lei). Isso não exclui, entretanto, o direito que a vítima tem de oferecer a AÇÃO PENAL PRIVADA SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA, prevista no art. 29 do CPP; 9 O Banco Central e a CVM têm o dever de informar ao MPF quaisquer fatos que suponham se caracterizar como crime contra o sistema financeiro nacional, quando se verifiquem em atividades sujeitas à fiscalização destas autarquias; 9 Embora o art. 29 estabeleça o poder de requisição do Ministério Público, amparado pelo art. 8° da LC 75/93, e seu § 2°, que estabelece ser vedado negar a prestação das informações, sob alegação de sigilo, o art. 3° da LC 105/01 estabelece que as 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 12 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 17 de 47 informações protegidas por sigilo bancário só poderão ser prestadas mediante requisição do PODER JUDICIÁRIO; 9 O art. 30 cria uma nova hipótese para a decretação da prisão preventiva (além daquelas do art. 312 do CPP), que é a MAGNITUDE DA LESÃO CAUSDA PELO ATO; 9 A pena de multa pode ser aumentada até O DÉCUPLO se o Juiz verificar que o montante máximo previsto (de acordo com as regras de fixação da pena de multa previstas no CP) será insuficiente, em razão do poder econômico do apenado. Bons estudos! Prof. Renan Araujo 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 12 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 18 de 47 01 - (FGV - 2010 - OAB - EXAME DE ORDEM UNIFICADO - 2 - PRIMEIRA FASE (SET/2010) João da Silva, José da Silva e Maria da Silva são os acionistas FRQWURODGRUHV�GR�%DQFR�6LOYD¶V�H�)DPtOLD��FDGD�XP�FRP�����GDV�Do}HV� com direito a voto e exercendo respectivamente os cargos de Diretor- Presidente, Diretor Comercial e Diretora de Contabilidade. Em razão das GLILFXOGDGHV� ILQDQFHLUDV� TXH� DIHWDUDP� R� %DQFR� 6LOYD¶V� H� )DPtOLD�� RV� diretores decidem por em curso as seguintes práticas: (1) adquirir no mercado títulos do tesouro nacional já caducos (portanto sem valor algum) e, uitlizando-os como simulacro de lastro, emitir títulos do banco para captar recursos financeiros junto aos investidores; (2) forjar negócios com pessoas jurídicas inexistentes a fim de simular ganhos; e, por fim, (3) fraudar o balanço da instituição simulando lucros no exercício ao invés dos prejuízos efetivamente sofridos. Os primeiros doze meses demonstraram resultados excelentes, com grande aumento do capital, mas os vinte e quatro meses seguintes são marcados por uma perda avassaladora de recursos, levando o banco à beira da insolvência,com um passivo cerca de 50 vezes maior que o DWLYR��1HVVH�PRPHQWR��R�%DQFR�6LOYD¶V�H�)DPtOLD�VRIUH�XPD�LQWHUYHQomR� do Banco Central e todos os fatos narrados acima vêm à tona. Assinale a alternativa que indique o(s) crime(s) praticado(s) pelos acionistas controladores. EXERCÍCIOS PARA PRATICAR 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 12 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 19 de 47 A) Crimes de falsidade ideológica, falsidade documental e estelionato qualificado. B) Crime de gestão temerária de instituição financeira. C) Crime de gestão fraudulenta de instituição financeira. D) Crime de gestão temerária em concurso com crime de gestão fraudulenta de instituição ? Financeira. 02 - (FCC - 2011 - NOSSA CAIXA DESENVOLVIMENTO - ADVOGADO) De acordo com a Lei no 7.492/86, NÃO comete crime contra o sistema financeiro nacional o administrador de instituição financeira que A) divulgar informação falsa ou prejudicialmente incompleta sobre instituição financeira. B) deferir empréstimo a parente na linha colateral em terceiro grau, consanguíneo ou afim. C) geri-la fraudulentamente. D) mantiver ou movimentar recurso ou valor paralelamente à contabilidade exigida pela legislação. E) geri-la temerariamente. 03 - (ESAF - 2010 - SMF-RJ - FISCAL DE RENDAS) Salazar, rico comerciante, apresenta documentação falsa junto à Caixa Econômica Federal com a fi nalidade de obter fi nanciamento para a aquisição de apartamento em programa federal que privilegia as pessoas de baixa renda que não possuem imóveis próprios. Assim, Salazar apresenta certidão falsa de que não possui outro imóvel. Também, na mesma oportunidade, apresenta contracheque falso que indica ter renda de dois salários-mínimos. À luz do previsto nos Crimes contra o Sistema 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 12 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 20 de 47 Financeiro Nacional e nos Crimes contra o Patrimônio, julgue os itens abaixo assinalando o correto. I. Salazar ao obter, mediante fraude, fi nanciamento em instituição fi nanceira comete crime previsto na Lei n. 7.492/86 (Lei dos Crimes do Colarinho Branco); II. Salazar comete o crime de furto mediante fraude; III. Salazar comete o crime de estelionato; IV. Salazar comete o crime de apropriação indébita. A) Todos estão corretos. B) I e IV estão corretos. C) Somente I está correto. D) I e III estão corretos. E) III e IV estão corretos. 04 - (CESPE - 2009 - PC-RN - DELEGADO DE POLÍCIA) Paulo e Pedro, ambos funcionários públicos, em coautoria, retardaram, contra disposição expressa de lei, ato de ofício necessário ao regular funcionamento do Sistema Financeiro Nacional. Com base nessa situação hipotética, assinale a opção correta. A) Paulo e Pedro praticaram o delito de prevaricação. B) Os objetos jurídicos do delito praticado são a credibilidade do sistema financeiro e a proteção ao investidor. C) O delito em espécie pode ser punido tanto na forma culposa como na dolosa. D) No delito em questão, se Paulo, em confissão espontânea, revelar à autoridade policial ou judicial toda a trama delituosa, terá a sua pena reduzida pela metade. 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 12 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 21 de 47 E) A ação penal, no crime em comento, será promovida pelo MP estadual, perante a justiça estadual. 05 - (CESPE - 2010 - MPU - ANALISTA - PROCESSUAL) No que diz respeito à responsabilidade penal nos crimes contra o sistema financeiro, a legislação de regência prevê sistema próprio de responsabilização para os agentes controladores, administradores, diretores e gerentes de instituição financeira e, divergindo do sistema do Código Penal, impõe-lhes responsabilidade objetiva. 06 - (CESGRANRIO - 2010 - BNDES - ADVOGADO) Tício obtém, mediante fraude, crédito vinculado a leasing financeiro, sendo denunciado pelo Ministério Público como incurso nas penas do art. 19, da Lei nº 7.492/86, que regulamenta os crimes contra o Sistema Financeiro Nacional. Alega que inexistiu crime uma vez que o Banco não teria natureza pública. Diante de tal quadro, conclui-se que A) a obtenção de crédito fraudulentamente, mediante leasing, não caracteriza crime contra o Sistema Financeiro Nacional. B) a pena cominada é a mesma, seja em instituição privada ou pública, em fatos dessa natureza. C) a origem da instituição, quer pública ou privada, é irrelevante para tipificar o crime descrito. D) o crime descrito implica a necessidade de que recursos públicos estejam envolvidos para ser tipificado. E) somente os mútuos bancários, em sentido estrito, caracterizam o delito em foco. 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 12 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 22 de 47 07 - (CESPE - 2009 - PC-PB - AGENTE DE INVESTIGAÇÃO E AGENTE DE POLÍCIA) Se um indivíduo remeter dinheiro para o exterior, sem autorização legal e sem declará-lo à repartição federal competente, ele praticará crime contra A) o Sistema Financeiro Nacional. B) a ordem tributária. C) a ordem econômica. D) a fé pública. E) a administração pública. 08 - (CESPE - 2009 - SECONT-ES - AUDITOR DO ESTADO ± DIREITO) Segundo a jurisprudência do STJ, o tipo do crime de gestão fraudulenta de instituição financeira, previsto na lei que define os crimes contra o sistema financeiro nacional, pressupõe a existência de empresa ou pessoa habilitada a atuar de forma legal. 09 - (CESPE - 2004 - POLÍCIA FEDERAL - AGENTE FEDERAL DA POLÍCIA FEDERAL - NACIONAL) Sabrina recebeu, de fonte anônima, um e-mail indicando que um determinado banco privado estava prestes a falir e que as pessoas que não retirassem seu dinheiro imediatamente correriam o risco de sofrer sérios prejuízos. Temendo que fosse verdadeira a notícia, ela reenviou essa mensagem a todos os seus contatos. Porém, foi logo demonstrado que a informação era absolutamente falsa. Nessa situação, Sabrina cometeu o crime de divulgação de informação falsa sobre instituição financeira. 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 12 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 23 de 47 10 - (CESPE - 2010 - AGU - PROCURADOR) O crime de gestão fraudulenta é classificado como crime próprio, formal e de perigo concreto, tendo como elemento subjetivo apenas o dolo, não havendo a forma culposa. 11 - (CESGRANRIO - 2010 - BACEN - ANALISTA DO BANCO CENTRAL - ÁREA 3) Uma instituição financeira fiscalizada pelo Banco Central do Brasil foi vitima de informações falsas sobre seu estado de liquidez, por meio de remessa de cartas e de mensagens eletrônicas para diversos meios de comunicação. Após descobertoo autor do crime, foi instaurado inquérito policial que concluiu por seu indiciamento, sendo oferecida denúncia pelo Ministério Público, recebida pelo Juiz. O autor do ilícito veio a ser condenado pela caracterização de crime contra o sistema financeiro nacional. Com base nesses dados, afirma-se que I - o crime praticado foi de gestão fraudulenta; II - a hipótese descrita não está tipificada na lei especial; III - há responsabilidade penal objetiva do autor; IV - o delito caracterizado foi de divulgação de informação falsa; V - o crime em tela somente pode ocorrer mediante apresentação de queixa. É (São) correta(s) APENAS a(s) afirmação(ões) A) IV. B) I e III. C) III e V. D) IV e V. E) I, II e III. 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 12 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 24 de 47 12 - (FUNIVERSA - 2009 - PC-DF - AGENTE DE POLÍCIA) Importante atuação da Polícia judiciária deve ser a boa atuação no processamento dos crimes contra o sistema financeiro nacional. Acerca da Lei n.º 7.492/1986, assinale a alternativa correta. A) Foi ela apelidada de lei da lavagem de dinheiro. B) Para a configuração dos tipos culposos ali previstos, faz-se necessário provar a negligência, imperícia ou imprudência do agente. C) Se Aristóteles empresta suas economias a juro abusivo, é dever da autoridade policial que disso tomar conhecimento tomar as providências penais cabíveis com base na referida lei. D) A ação penal decorrente da aplicação da referida lei é de exclusiva competência do Ministério Público Federal, perante o juízo federal. E) Nos crimes decorrentes da referida lei, não é lícita a concessão de fiança. 13 - (CESPE ± 2006 ± AGU - ADVOGADO DA UNIÃO) Relativamente à extinção da punibilidade e aos crimes de imprensa e contra o sistema financeiro nacional, julgue o item a seguir. A gestão fraudulenta de entidade fechada de previdência privada, que capta e administra recursos destinados ao pagamento de benefícios de seus associados, de acordo com o entendimento do STJ, configura crime contra o sistema financeiro nacional. 14 - (FUNDAÇÃO DOM CINTRA ± 2012 ± AFT/BH ± AUDITOR FISCAL DE TRIBUTOS MUNICIPAIS) O crime de "gerir fraudulentamente instituição financeira", previsto no art. 4º, caput, da Lei nº 7.492/1986, tem a seguinte característica: 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 12 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 25 de 47 a) existir na modalidade culposa b) ser cometido pela própria pessoa jurídica c) depender de representação para ação penal d) ser cometido por pessoa estranha à instituição financeira e) ser cometido pelos controladores e administradores da instituição financeira 15 - (CESPE ± 2012 ± AGU - ADVOGADO DA UNIÃO) Com relação aos delitos de preconceito e de lavagem de dinheiro e dos delitos contra o sistema financeiro nacional, julgue o próximo item. O crime de gestão fraudulenta pode ser considerado crime habitual impróprio, tendo uma só ação relevância para configurar o tipo, ainda que a reiteração da ação não configure pluralidade de crimes. 16 - (CESPE ± 2012 ± AGU - ADVOGADO DA UNIÃO) Com relação aos delitos de preconceito e de lavagem de dinheiro e dos delitos contra o sistema financeiro nacional, julgue o próximo item. Apesar de serem crimes autônomos, o empréstimo vedado e a gestão temerária, quando forem praticados em uma só ação e originários de uma só operação bancária, não deverão ser processados em concurso formal, pois haverá a absorção do primeiro delito pelo segundo. Nesse caso, os delitos são autônomos, e ofendem bens jurídicos diversos, motivo pelo qual não há absorção de um pelo outro, devendo o agente responder por ambos, ainda que praticados simultaneamente. 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 12 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 26 de 47 EXERCÍCIOS COMENTADOS 01 - (FGV - 2010 - OAB - EXAME DE ORDEM UNIFICADO - 2 - PRIMEIRA FASE (SET/2010) João da Silva, José da Silva e Maria da Silva são os acionistas FRQWURODGRUHV�GR�%DQFR�6LOYD¶V�H�)DPtOLD��FDGD�XP�FRP�����GDV� ações com direito a voto e exercendo respectivamente os cargos de Diretor- Presidente, Diretor Comercial e Diretora de Contabilidade. Em razão das dificuldades financeiras que DIHWDUDP�R�%DQFR�6LOYD¶V�H�)DPtOLD��RV�GLUHWRUHV�GHFLGHP�SRU�HP� curso as seguintes práticas: (1) adquirir no mercado títulos do tesouro nacional já caducos (portanto sem valor algum) e, uitlizando-os como simulacro de lastro, emitir títulos do banco para captar recursos financeiros junto aos investidores; (2) forjar negócios com pessoas jurídicas inexistentes a fim de simular ganhos; e, por fim, (3) fraudar o balanço da instituição simulando lucros no exercício ao invés dos prejuízos efetivamente sofridos. Os primeiros doze meses demonstraram resultados excelentes, com grande aumento do capital, mas os vinte e quatro meses seguintes são marcados por uma perda avassaladora de recursos, levando o banco à beira da insolvência, com um passivo cerca de ��� YH]HV�PDLRU� TXH� R� DWLYR�� 1HVVH�PRPHQWR�� R� %DQFR� 6LOYD¶V� H� Família sofre uma intervenção do Banco Central e todos os fatos narrados acima vêm à tona. Assinale a alternativa que indique o(s) crime(s) praticado(s) pelos acionistas controladores. A) Crimes de falsidade ideológica, falsidade documental e estelionato qualificado. B) Crime de gestão temerária de instituição financeira. 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 12 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 27 de 47 C) Crime de gestão fraudulenta de instituição financeira. D) Crime de gestão temerária em concurso com crime de gestão fraudulenta de instituição Financeira. COMENTÁRIOS: Os sujeitos praticaram o delito de GESTÃO FRAUDULENTA de instituição financeira, pois a conduta dos agentes se amolda perfeitamente ao tipo penal previsto no art. 4° da Lei 7.492/86. Vejamos: Art. 4º Gerir fraudulentamente instituição financeira: Pena - Reclusão, de 3 (três) a 12 (doze) anos, e multa. A gestão fraudulenta ocorre quando os administradores ou gerentes da Instituição financeira simulam negócios jurídicos, emitem títulos falsos, bem como praticam quaisquer outras condutas fraudulentas com o intuito de obter alguma vantagem indevida, o que ocorreu no caso. Não há que se falar em gestão temerária (§único do art. 4° da Lei), pois os agentes não atuaram de forma a expor a instituição financeira a operações de risco excessivo de maneira habitual, o que é necessário para a caracterização do delito. Portanto, a alternativa correta é a letra C. 02 - (FCC - 2011 - NOSSA CAIXA DESENVOLVIMENTO - ADVOGADO) De acordo com a Lei no 7.492/86, NÃO comete crime contra o sistema financeiro nacional o administrador de instituição financeira que A) divulgar informação falsa ou prejudicialmente incompleta sobre instituição financeira.B) deferir empréstimo a parente na linha colateral em terceiro grau, consanguíneo ou afim. 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 12 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 28 de 47 C) geri-la fraudulentamente. D) mantiver ou movimentar recurso ou valor paralelamente à contabilidade exigida pela legislação. E) geri-la temerariamente. COMENTÁRIOS: O administrador que defere empréstimo a parente colateral de terceiro grau não comete nenhum crime previsto na Lei 7.492/86, pois o art. 17 veda, apenas, o deferimento de empréstimo a determinados parentes, até o limite do colateral de 2° grau, não se incluindo o de 3° grau. Vejamos: Art. 17. Tomar ou receber, qualquer das pessoas mencionadas no art. 25 desta lei, direta ou indiretamente, empréstimo ou adiantamento, ou deferi-lo a controlador, a administrador, a membro de conselho estatutário, aos respectivos cônjuges, aos ascendentes ou descendentes, a parentes na linha colateral até o 2º grau, consangüíneos ou afins, ou a sociedade cujo controle seja por ela exercido, direta ou indiretamente, ou por qualquer dessas pessoas: Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. Precisamos saber, agora, quais são as pessoas do art. 25. Vejamos: Art. 25. São penalmente responsáveis, nos termos desta lei, o controlador e os administradores de instituição financeira, assim considerados os diretores, gerentes (Vetado). § 1º Equiparam-se aos administradores de instituição financeira (Vetado) o interventor, o liqüidante ou o síndico. Portanto, a alternativa que representa uma conduta que não é crime contra o sistema financeiro é a LETRA B. 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 12 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 29 de 47 03 - (ESAF - 2010 - SMF-RJ - FISCAL DE RENDAS) Salazar, rico comerciante, apresenta documentação falsa junto à Caixa Econômica Federal com a finalidade de obter financiamento para a aquisição de apartamento em programa federal que privilegia as pessoas de baixa renda que não possuem imóveis próprios. Assim, Salazar apresenta certidão falsa de que não possui outro imóvel. Também, na mesma oportunidade, apresenta contracheque falso que indica ter renda de dois salários-mínimos. À luz do previsto nos Crimes contra o Sistema Financeiro Nacional e nos Crimes contra o Patrimônio, julgue os itens abaixo assinalando o correto. I. Salazar ao obter, mediante fraude, financiamento em instituição financeira comete crime previsto na Lei n. 7.492/86 (Lei dos Crimes do Colarinho Branco); CORRETA: Esta conduta está prevista no art. 19 da Lei 7.492/86: Art. 19. Obter, mediante fraude, financiamento em instituição financeira: Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. Parágrafo único. A pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é cometido em detrimento de instituição financeira oficial ou por ela credenciada para o repasse de financiamento. II. Salazar comete o crime de furto mediante fraude; ERRADA: Não há que se falar em furto, eis que não houve subtração de nenhum bem alheio, nos termos do art. 155 do CP; III. Salazar comete o crime de estelionato; ERRADA��2� FULPH� GH� HVWHOLRQDWR� p� XP� FULPH�GH� ³IUDXGH´�� SUHYLVWR� QR� art. 171 do CP, mas que tem sua aplicação afastada quando há previsão 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 12 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 30 de 47 legal de aplicação de uma norma específica sobre a conduta fraudulenta, como é o caso; IV. Salazar comete o crime de apropriação indébita. ERRADA: O crime de apropriação indébita exige que o infrator esteja na posse, de boa-fé, do bem alheio e que, em dado momento, altere esse ânimo, passando a agir como se dono fosse, não tendo mais a intenção de devolver o bem na data avençada, nos termos do art. 168 do CP; A) Todos estão corretos. B) I e IV estão corretos. C) Somente I está correto. D) I e III estão corretos. E) III e IV estão corretos. 04 - (CESPE - 2009 - PC-RN - DELEGADO DE POLÍCIA) Paulo e Pedro, ambos funcionários públicos, em coautoria, retardaram, contra disposição expressa de lei, ato de ofício necessário ao regular funcionamento do Sistema Financeiro Nacional. Com base nessa situação hipotética, assinale a opção correta. A) Paulo e Pedro praticaram o delito de prevaricação. B) Os objetos jurídicos do delito praticado são a credibilidade do sistema financeiro e a proteção ao investidor. C) O delito em espécie pode ser punido tanto na forma culposa como na dolosa. D) No delito em questão, se Paulo, em confissão espontânea, revelar à autoridade policial ou judicial toda a trama delituosa, terá a sua pena reduzida pela metade. 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 12 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 31 de 47 E) A ação penal, no crime em comento, será promovida pelo MP estadual, perante a justiça estadual. COMENTÁRIOS: No caso concreto, conquanto a conduta dos agentes se amolde ao disposto no art. 319 do CP (crime de prevaricação), há uma norma penal específica regulando a matéria, motivo pelo qual deverá ser afastada a aplicação da norma geral (CP). Essa norma típico-penal está prevista no art. 23 da Lei 7.492/86: Art. 23. Omitir, retardar ou praticar, o funcionário público, contra disposição expressa de lei, ato de ofício necessário ao regular funcionamento do sistema financeiro nacional, bem como a preservação dos interesses e valores da ordem econômico-financeira: Pena - Reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. Agora que já sabemos qual é o delito, podemos excluir a letra A. A letra C também está errada, pois o delito só é punido na forma dolosa, não havendo previsão de forma culposa. A letra D está errada, pois embora a Lei preveja a delação premiada, a redução da pena não será de metade, mas de 1/3 a 2/3 (art. 25, §2° da Lei). A letra E está errada, pois a competência para o processo e julgamento destes crimes é da Justiça Federal, nos termos do art. 26 da Lei: Art. 26. A ação penal, nos crimes previstos nesta lei, será promovida pelo Ministério Público Federal, perante a Justiça Federal. A alternativa correta é a letra B, pois, de fato, os bens jurídicos tutelados aqui são a credibilidade do sistema financeiro e a proteção ao investidor. Portanto, a alternativa correta é a letra B. 05 - (CESPE - 2010 - MPU - ANALISTA - PROCESSUAL) 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 12 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 32 de 47 No que diz respeito à responsabilidade penal nos crimes contra o sistema financeiro, a legislação de regência prevê sistema próprio de responsabilização para os agentes controladores, administradores, diretorese gerentes de instituição financeira e, divergindo do sistema do Código Penal, impõe-lhes responsabilidade objetiva. COMENTÁRIOS: Não há previsão de responsabilização objetiva dos agentes que podem ser sujeitos ativos dos crimes previstos na Lei de Crimes contra o Sistema Financeiro, devendo haver o elemento subjetivo do DOLO, embora parte da Doutrina admita alguns crimes culposos. Portanto, a afirmativa está ERRADA. 06 - (CESGRANRIO - 2010 - BNDES - ADVOGADO) Tício obtém, mediante fraude, crédito vinculado a leasing financeiro, sendo denunciado pelo Ministério Público como incurso nas penas do art. 19, da Lei nº 7.492/86, que regulamenta os crimes contra o Sistema Financeiro Nacional. Alega que inexistiu crime uma vez que o Banco não teria natureza pública. Diante de tal quadro, conclui-se que A) a obtenção de crédito fraudulentamente, mediante leasing, não caracteriza crime contra o Sistema Financeiro Nacional. B) a pena cominada é a mesma, seja em instituição privada ou pública, em fatos dessa natureza. C) a origem da instituição, quer pública ou privada, é irrelevante para tipificar o crime descrito. D) o crime descrito implica a necessidade de que recursos públicos estejam envolvidos para ser tipificado. 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 12 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 33 de 47 E) somente os mútuos bancários, em sentido estrito, caracterizam o delito em foco. COMENTÁRIOS: A alegação de Tício não procede, pois a natureza pública ou privada da Instituição financeira é irrelevante para a tipificação da conduta. Entretanto, a natureza pública da Instituição é CAUSA DE AUMENTO DE PENA, nos termos do art. 19, § único da Lei. Vejamos: Art. 19. Obter, mediante fraude, financiamento em instituição financeira: Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. Parágrafo único. A pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é cometido em detrimento de instituição financeira oficial ou por ela credenciada para o repasse de financiamento. Portanto, a alternativa correta é a letra C. 07 - (CESPE - 2009 - PC-PB - AGENTE DE INVESTIGAÇÃO E AGENTE DE POLÍCIA) Se um indivíduo remeter dinheiro para o exterior, sem autorização legal e sem declará-lo à repartição federal competente, ele praticará crime contra A) o Sistema Financeiro Nacional. B) a ordem tributária. C) a ordem econômica. D) a fé pública. E) a administração pública. COMENTÁRIOS: A conduta deste indivíduo representa um crime contra o sistema financeiro nacional, previsto no art. 22 da Lei 7.492/86. Vejamos: 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 12 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 34 de 47 Art. 22. Efetuar operação de câmbio não autorizada, com o fim de promover evasão de divisas do País: Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, a qualquer título, promove, sem autorização legal, a saída de moeda ou divisa para o exterior, ou nele mantiver depósitos não declarados à repartição federal competente. Portanto, a alternativa correta é a letra A. 08 - (CESPE - 2009 - SECONT-ES - AUDITOR DO ESTADO ± DIREITO) Segundo a jurisprudência do STJ, o tipo do crime de gestão fraudulenta de instituição financeira, previsto na lei que define os crimes contra o sistema financeiro nacional, pressupõe a existência de empresa ou pessoa habilitada a atuar de forma legal. COMENTÁRIOS: O STJ entende que a existência de instituição financeira legalmente habilitada é condição para a prática do crime de gestão fraudulenta, previsto no art. 4° da Lei 7.492/86. Vejamos o seguinte julgado do STJ: 1. RESP 897.656/PR - STJ I - RECURSO ESPECIAL. CRIMES CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL. ARTS. 4º E 16 DA LEI 7492/86. GESTÃO FRAUDULENTA. TIPO PENAL DIRIGIDO AOS AGENTES AUTORIZADOS A ATUAR NO MERCADO FINANCEIRO. EMPRESA NÃO AUTORIZADA. COMPREENSÃO APENAS DO ART. 16. II - VIOLAÇÃO AO ART. 59 DO CP. AUSÊNCIA DE CIRCUNSTÂNCIA RECONHECIDA PELA DECISÃO QUANTO A OUTRO CRIME. ERRO NA 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 12 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 35 de 47 DOSIMETRIA. OFENSA RECONHECIDA, PORÉM SEM ALTERAR A CONCLUSÃO DO ACÓRDÃO. 1. A idéia de incriminação instituída pela Lei 7492/86 levou em conta, de um lado, crimes praticados por agentes financeiros regulares e, de outro, por instituições que, sem a autorização de funcionamento, invadem o mercado com a finalidade de realizar negócios escusos e contrários à higidez do sistema. Nesse pé, o tipo do crime GH�³JHVWmR�IUDXGXOHQWD�GH� LQVWLWXLomR�ILQDQFHLUD´, representando o ato pelo qual o gestor, o diretor, o administrador da empresa atua contra os interesses do patrimônio dos investidores e clientes, bem assim, contra o próprio sistema financeiro, pressupõe a existência de empresa ou pessoa habilitada a atuar de forma legal, não se aplicando, por certo, aos agentes clandestinos, pois estes estão compreendidos no tipo do art. 16 da Lei 7492/86. 2. A análise da dosimetria da pena, muitas vezes, reclama o exame dos fatos, pois, no tocante ao art. 59 do CP, vê-se que as circunstâncias por ele abrangidas envolvem um olhar sobre os dados da cognição, por meio da prova coligida. No entanto, é de se notar que, uma vez reconhecida, no acórdão recorrido, situação fática em relação a um crime e, relativamente a outro delito, dela se distanciou o entendimento da pena-base, cabe ao julgador re-alinhar a coerência da dosimetria, sob pena de tortuosa individualização. Reconhecida a violação do art. 59 do CP, para aumentar a pena-base, porém, mantendo-se a mesma conclusão do aresto hostilizado. Recurso conhecido em parte e provido, contudo, mantendo-se a extinção da punibilidade, em face da prescrição do crime do art. 16 da Lei 7492/86. (REsp 897.656/PR, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 11/12/2008, DJe 19/12/2008) Portanto, a afirmativa ESTÁ CORRETA. 09 - (CESPE - 2004 - POLÍCIA FEDERAL - AGENTE FEDERAL DA POLÍCIA FEDERAL - NACIONAL) Sabrina recebeu, de fonte anônima, um e-mail indicando que um determinado banco privado estava prestes a falir e que as 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 12 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 36 de 47 pessoas que não retirassem seu dinheiro imediatamente correriam o risco de sofrer sérios prejuízos. Temendo que fosse verdadeira a notícia, ela reenviou essa mensagem a todos os seus contatos. Porém, foi logo demonstrado que a informação era absolutamente falsa. Nessa situação, Sabrina cometeu o crime de divulgação de informação falsa sobre instituição financeira. COMENTÁRIOS: A conduta de Sabrina se amolda OBJETIVAMENTE (Tipo objetivo) ao descrito no tipo penal previsto no art. 3° da Lei 7.492/86. Vejamos: Art. 3º Divulgar informação falsa ou prejudicialmente incompleta sobre instituição financeira: Pena - Reclusão,de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. No entanto, para a responsabilização penal, é necessária a adequação também SUBJETIVA, ou seja, é necessário que o agente tenha agido com elemento subjetivo exigido pelo tipo, que, no caso deste crime, é o dolo. Como Sabrina NÃO AGIU DOLOSAMENTE, mas apenas foi imprudente, por repassar uma informação sem procedência, não praticou o crime. Lembrando que um crime só pode ser punido culposamente quando há EXPRESSA previsão neste sentido. Portanto, a afirmativa ESTÁ ERRADA. 10 - (CESPE - 2010 - AGU - PROCURADOR) O crime de gestão fraudulenta é classificado como crime próprio, formal e de perigo concreto, tendo como elemento subjetivo apenas o dolo, não havendo a forma culposa. COMENTÁRIOS: O crime de gestão fraudulenta está previsto no art. 4° da Lei 7.492/86. Vejamos: Art. 4º Gerir fraudulentamente instituição financeira: 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 12 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 37 de 47 Pena - Reclusão, de 3 (três) a 12 (doze) anos, e multa. Trata-se de crime próprio, pois somente as pessoas elencadas no art. 25 e seu §1° da Lei que podem cometer o delito. Vejamos: Art. 25. São penalmente responsáveis, nos termos desta lei, o controlador e os administradores de instituição financeira, assim considerados os diretores, gerentes (Vetado). § 1º Equiparam-se aos administradores de instituição financeira (Vetado) o interventor, o liqüidante ou o síndico. Além disso, o crime é formal, consumando-se com a realização da gestão fraudulenta, sendo irrelevante a ocorrência de prejuízo ou obtenção de vantagem indevida. O elemento subjetivo exigido é o dolo, pois esta é a regra geral, não se podendo punir uma conduta culposa se não houver previsão expressa nesse sentido. O crime é, ainda, de perigo concreto, pois coloca em risco a credibilidade do sistema financeiro e o patrimônio dos investidores. Portanto, a afirmativa está CORRETA. 11 - (CESGRANRIO - 2010 - BACEN - ANALISTA DO BANCO CENTRAL - ÁREA 3) Uma instituição financeira fiscalizada pelo Banco Central do Brasil foi vitima de informações falsas sobre seu estado de liquidez, por meio de remessa de cartas e de mensagens eletrônicas para diversos meios de comunicação. Após descoberto o autor do crime, foi instaurado inquérito policial que concluiu por seu indiciamento, sendo oferecida denúncia pelo Ministério Público, recebida pelo Juiz. O autor do ilícito veio a ser condenado pela caracterização de crime contra o sistema financeiro nacional. Com base nesses dados, afirma-se que 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 12 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 38 de 47 I - o crime praticado foi de gestão fraudulenta; ERRADA: O crime praticado foi o de divulgação de informação falsa sobre instituição financeira. Nos termos do art. 3° da Lei 7.492/86: Art. 3º Divulgar informação falsa ou prejudicialmente incompleta sobre instituição financeira: Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. II - a hipótese descrita não está tipificada na lei especial; ERRADA: A hipótese, conforme analisado na alternativa anterior, está prevista na Legislação Especial (Lei 7.492/86); III - há responsabilidade penal objetiva do autor; ERRADA: A responsabilidade penal, aqui, depende da existência de um elemento subjetivo, no caso, o DOLO. Portanto, a responsabilidade é SUBJETIVA; IV - o delito caracterizado foi de divulgação de informação falsa; CORRETA: O crime praticado foi o de divulgação de informação falsa sobre instituição financeira. Nos termos do art. 3° da Lei 7.492/86: Art. 3º Divulgar informação falsa ou prejudicialmente incompleta sobre instituição financeira: Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. V - o crime em tela somente pode ocorrer mediante apresentação de queixa. ERRADA: Este crime, como os demais crimes contra o sistema financeiro nacional, somente podem ser perseguido mediante ação penal pública, a ser promovida pelo MPF, nos termos do art. 26 da Lei: Art. 26. A ação penal, nos crimes previstos nesta lei, será promovida pelo Ministério Público Federal, perante a Justiça Federal. 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 12 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 39 de 47 É (São) correta(s) APENAS a(s) afirmação(ões) A) IV. B) I e III. C) III e V. D) IV e V. E) I, II e III. 12 - (FUNIVERSA - 2009 - PC-DF - AGENTE DE POLÍCIA) Importante atuação da Polícia judiciária deve ser a boa atuação no processamento dos crimes contra o sistema financeiro nacional. Acerca da Lei n.º 7.492/1986, assinale a alternativa correta. A) Foi ela apelidada de lei da lavagem de dinheiro. ERRADA�� 2� QRPH� GDGR� D� HVWD� /HL� p� ³/HL� GH� &ULPHV� FRQWUD� R� 6LVWHPD� )LQDQFHLUR�1DFLRQDO´��RX��DLQGD��R�VHX�DSHOLGR��TXH�p�³/HL�GRV�&ULPHV�GR� &RODULQKR�%UDQFR´� B) Para a configuração dos tipos culposos ali previstos, faz-se necessário provar a negligência, imperícia ou imprudência do agente. ERRADA: Não há previsão de crimes culposos na Lei, embora parte da Doutrina entenda que o crime de gestão temerária é uma espécie de crime culposo, eis que a gestão temerária seria sinônimo de gestão IMPRUDENTE (Mas isso é minoritário). C) Se Aristóteles empresta suas economias a juro abusivo, é dever da autoridade policial que disso tomar conhecimento tomar as providências penais cabíveis com base na referida lei. ERRADA: Somente praticam as condutas descritas na Lei as pessoas referidas no art. 25 e seu § 1° da Lei: 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 12 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 40 de 47 Art. 25. São penalmente responsáveis, nos termos desta lei, o controlador e os administradores de instituição financeira, assim considerados os diretores, gerentes (Vetado). § 1º Equiparam-se aos administradores de instituição financeira (Vetado) o interventor, o liqüidante ou o síndico. D) A ação penal decorrente da aplicação da referida lei é de exclusiva competência do Ministério Público Federal, perante o juízo federal. CORRETA: Esta é a regra insculpida no art. 26 da Lei: Art. 26. A ação penal, nos crimes previstos nesta lei, será promovida pelo Ministério Público Federal, perante a Justiça Federal. E) Nos crimes decorrentes da referida lei, não é lícita a concessão de fiança. ERRADA: O art. 31 só veda a concessão de fiança nos crimes punidos com reclusão. Vejamos: Art. 31. Nos crimes previstos nesta lei e punidos com pena de reclusão, o réu não poderá prestar fiança, nem apelar antes de ser recolhido à prisão, ainda que primário e de bons antecedentes, se estiver configurada situação que autoriza a prisão preventiva. Portanto, havendo crimes punidos apenas com detenção, a alternativa está errada. 13 - (CESPE ± 2006 ± AGU - ADVOGADO DA UNIÃO) Relativamente à extinção da punibilidadee aos crimes de imprensa e contra o sistema financeiro nacional, julgue o item a seguir. 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 12 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 41 de 47 A gestão fraudulenta de entidade fechada de previdência privada, que capta e administra recursos destinados ao pagamento de benefícios de seus associados, de acordo com o entendimento do STJ, configura crime contra o sistema financeiro nacional. COMENTÁRIOS: Esse é o entendimento do STJ. Vejamos: HABEAS CORPUS. DIREITO PENAL E DIREITO PROCESSUAL PENAL. ENTIDADE FECHADA DE PREVIDÊNCIA PRIVADA. EQUIPARAÇÃO A INSTITUIÇÃO FINANCEIRA. GESTÃO FRAUDULENTA. CRIME CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO. COMPETÊNCIA. JUSTIÇA FEDERAL. CONEXÃO. ARTIGO 78, INCISO II, ALÍNEA "A", DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL. LOCAL DA SEDE. ILEGITIMIDADE PASSIVA. INOCORRÊNCIA. 1. Instituição financeira, para os fins da Lei nº 7.492/86, é toda e qualquer pessoa jurídica de direito público ou privado, que, como atividade principal ou acessória, custodie, emita, distribua, negocie, intermedeie, ou administre valores mobiliários, ou capte, intermedeie, ou aplique recursos financeiros de terceiros, a ela se equiparando a pessoa jurídica que capte ou administre seguros, câmbio, consórcio, capitalização ou qualquer tipo de poupança ou recursos de terceiros, e a pessoa natural que exerça quaisquer das atividades referidas, ainda que de forma eventual. 2. O que caracteriza, para os fins da Lei nº 7.492/86, a instituição financeira, de natureza pública ou privada, é, essencialmente, que a sua atividade, principal ou acessória, tenha por objeto valores mobiliários ou recursos financeiros, por ela, sensu lato, captados ou administrados. 3. A entidade fechada de previdência privada, que capta e administra recursos destinados ao pagamento de benefícios de seus associados, equipara-se a instituição financeira para fins de incidência da Lei nº 7.492/86. 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 12 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 42 de 47 4. O fato de estatuir a Lei nº 4.565/64, na letra de seu artigo 25, com a redação que lhe foi atribuída pela Lei nº 5.710, de 7 de outubro de 1971, que "as instituições financeiras privadas, exceto as cooperativas de crédito, constituir-se-ão unicamente sob a forma de sociedade anônima", em nada repercute nos tipos penais elencados na Lei nº 7.492/86, que lhe é posterior e, para os seus fins, definiu as instituições financeiras e indicou- lhes as equiparadas. (...)(HC 26.288/SP, Rel. Ministro HAMILTON CARVALHIDO, SEXTA TURMA, julgado em 03/02/2005, DJ 11/04/2005, p. 385) Portanto, a gestão fraudulenta destas entidades configura o delito do art. 4º da Lei 7.492/86: Art. 4º Gerir fraudulentamente instituição financeira: Pena - Reclusão, de 3 (três) a 12 (doze) anos, e multa. Assim, a AFIRMATIVA ESTÁ CORRETA. 14 - (FUNDAÇÃO DOM CINTRA ± 2012 ± AFT/BH ± AUDITOR FISCAL DE TRIBUTOS MUNICIPAIS) O crime de "gerir fraudulentamente instituição financeira", previsto no art. 4º, caput, da Lei nº 7.492/1986, tem a seguinte característica: a) existir na modalidade culposa b) ser cometido pela própria pessoa jurídica c) depender de representação para ação penal d) ser cometido por pessoa estranha à instituição financeira e) ser cometido pelos controladores e administradores da instituição financeira 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 12 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 43 de 47 COMENTÁRIOS: A alternativa correta é a letra E, pois o crime de gestão fraudulenta é doloso (não existindo na modalidade culposa). Também se trata de crime de ação penal pública, e é cometido pelos controladores ou administradores da empresa (não por ela própria ou alguém estranho a ela), nos termos do art. 4º c/c art. 25 da Lei 7.492/86. Vejamos: Art. 4º Gerir fraudulentamente instituição financeira: Pena - Reclusão, de 3 (três) a 12 (doze) anos, e multa. (...) Art. 25. São penalmente responsáveis, nos termos desta lei, o controlador e os administradores de instituição financeira, assim considerados os diretores, gerentes (Vetado). Portanto, a alternativa CORRETA É A LETRA E. 15 - (CESPE ± 2012 ± AGU - ADVOGADO DA UNIÃO) Com relação aos delitos de preconceito e de lavagem de dinheiro e dos delitos contra o sistema financeiro nacional, julgue o próximo item. O crime de gestão fraudulenta pode ser considerado crime habitual impróprio, tendo uma só ação relevância para configurar o tipo, ainda que a reiteração da ação não configure pluralidade de crimes. COMENTÁRIOS: O STJ já decidiu que o crime de gestão fraudulenta seria CRIME HABITUAL IMPRÓPRIO, conforme narra a questão. Vejamos: HABEAS CORPUS. CRIMES CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL (ART. 4o., PARÁG. ÚNICO DA LEI 7.492/86). GESTÃO TEMERÁRIA. BANCO DE CRÉDITO METROPOLITANO S/A. PENA TOTAL: 5 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 12 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 44 de 47 ANOS DE RECLUSÃO. REGIME SEMI-ABERTO. NEGATIVA DE AUTORIA. REVOLVIMENTO FÁTICO-PROBATÓRIO. INADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA. DENÚNCIA QUE ATENDE AOS REQUISITOS LEGAIS EXIGIDOS. RESPONSABILIZAÇÃO DO RÉU DECORRENTE NÃO APENAS DO CARGO DE DIRETOR MAS DA RELAÇÃO QUE TEVE COM OS FATOS. INOCORRÊNCIA DE BIS IN IDEM. CONDUTAS DISTINTAS. DOSIMETRIA DA PENA. MAJORAÇÃO DA PENA-BASE POUCO ACIMA DO MÍNIMO LEGAL. CIRCUNSTÂNCIAS DO CRIME DESFAVORÁVEIS. NÚMERO EXPRESSIVO DE OPERAÇÕES E ALTOS VALORES MANIPULADOS PELO PACIENTE. POSSIBILIDADE DE FIXAÇÃO DA PENA-BASE EM CONJUNTO, TENDO EM VISTA AS CIRCUNSTÂNCIAS NEGATIVAS SEREM COMUNS AOS RÉUS. CRIME HABITUAL IMPRÓPRIO. INAPLICABILIDADE DA CONTINUIDADE DELITIVA. CONSTRANGIMENTO ILEGAL EVIDENCIADO. PARECER PELA DENEGAÇÃO DO WRIT. ORDEM PARCIALMENTE CONCEDIDA APENAS PARA AFASTAR O AUMENTO DA PENA RELATIVO À CONTINUIDADE DELITIVA. (...) 9. Esta Corte já decidiu que o crime de gestão fraudulenta, consoante a doutrina, pode ser visto como crime habitual impróprio, em que uma só ação tem relevância para configurar o tipo, ainda que a sua reiteração não configure pluralidade de crimes (HC 39.908/PR, Rel. Min. ARNALDO ESTEVES LIMA, DJ 03.04.2006). 10. Ordem parcialmente concedida apenas para afastar o aumento da pela relativo à continuidade delitiva. (HC 132.510/SP, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, QUINTA TURMA, julgado em 03/02/2011, DJe 03/05/2011) 22528601034 22528601034 - PAULO ARISTONI NOGARA Direito Penal ʹ PGFN (2015) PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 12 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 45 de 47 No entanto, a questão foi anulada, provavelmente em razão do fato de não se tratar de entendimento solidificado. 16 - (CESPE ± 2012 ± AGU
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