Buscar

DREITO CONST ,amanda almozara

Prévia do material em texto

Direito Constitucional – Professora Amanda 
Almozara
Direito Constitucional
Professora Amanda Almozara
Advogada
Pós-graduada e Mestranda pela PUC/SP
www.professoraamanda.com.br  
Direito Constitucional
Professora Amanda Almozara
2
CONSTITUIÇÃO
 O termo “constituição” pode ser (e é) usado em diversos sentidos
1) Conceito material de Constituição:
“a  lei  fundamental  e  suprema  de  um  Estado,  que  contém  normas 
referentes  à  estruturação  do Estado,  à  formação  dos  poderes  públicos, 
forma  de  governo  e  aquisição  do  poder  de  governar,  distribuição  de 
competências,  direitos,  garantias  e  deveres  dos  cidadãos”  (MORAES, 
Alexandre de. Direito constitucional, p. 6).
Luís Roberto Barroso que a Constituição, em sentido material, “organiza o 
exercício  do  poder  político,  define  os  direitos  fundamentais,  consagra 
valores  e  indica  fins  públicos  a  serem  realizados”  (Curso de direito 
constitucional contemporâneo, p. 74).
Direito Constitucional
Professora Amanda Almozara
3
2) Conceito formal de Constituição:
Luís  Roberto  Barroso,  a  Constituição,  em  sentido  formal,  “é  a  norma 
fundamental  e  superior,  que  regula  o  modo  de  produção  das  demais 
normas do ordenamento jurídico e limita o seu conteúdo” (op. cit., p. 74).
Formalmente a Constituição como um texto (normalmente, um documento 
único)  –  resultado  de  manifestação  do  Poder  Constituinte  Originário  –, 
que ocupa posição privilegiada no  sistema de  fontes  do direito  positivo, 
apenas  podendo  sofrer  modificação  formal  nos  exatos  limites  por  ele 
próprio estabelecidos.
O que está na Constituição, é constitucional. Posição adotada!
Direito Constitucional
Professora Amanda Almozara
4
CONCEPÇÕES ACERCA DA CONSTITUIÇÃO
 
Há  formas  diversas  de  abordar  o  fenômeno  da  criação  e  da 
vigência/eficácia  da  Constituição.  Tais  abordagens  são,  em  geral, 
agrupadas em três categorias:
 
a) visão sociológica da Constituição (ou sociologismo constitucional): a 
estrutura  de  organização  política  da  sociedade  resultaria  da  soma  dos 
fatores reais de poder  que  regem  a  sociedade.  Assim,  o  conjunto  de 
forças  políticas,  econômicas  e  sociais,  atuando  dialeticamente, 
estabelece  uma  realidade,  um  sistema  de  poder.  Seria  esta  a 
Constituição  real  do  Estado.  A  Constituição  jurídica  seria,  nessa 
perspectiva, mera “folha de papel”, limitando-se a converter esses fatores 
reais de poder em instituições jurídicas. Essa concepção é associada ao 
alemão Ferdinand Lassalle;
 
Direito Constitucional
Professora Amanda Almozara
5
b) visão política da Constituição (ou  concepção  decisionista):  a 
Constituição  se  traduziria  simplesmente  na  descoberta  da  decisão 
política fundamental  de  uma  comunidade,  ou  seja,  no  conjunto  de 
princípio e regras estabelecidos para minimamente ordenar o exercício do 
poder político. Essa concepção é associada a Carl Schmitt;
 
c) visão jurídica da Constituição (ou  concepção  positivista):  a 
Constituição  é,  antes  de  tudo,  norma jurídica,  componente  de  um 
determinado sistema  jurídico, concebido como estrutura  formal. A ordem 
jurídica  é  um  sistema  escalonado  de  normas,  em  cujo  topo  está  a 
Constituição, fundamento de validade de todas as demais normas que o 
integram. Para Hans Kelsen  (principal  teórico  do  positivismo  jurídico  do 
Século  XX),  há  uma  norma  hipotético-fundamental  que  serve  de 
fundamento de validade da Constituição.
Direito Constitucional
Professora Amanda Almozara
6
CONSTITUIÇÃO – São conceitos de Constituição:
 
1º) Modelo Constitucional: CONSTITUIÇÃO LIBERAL
Também chamada Clássica, Garantia ou Defensiva. 
 final do século XVIII, a partir das Revoluções Liberais Americana e a 
Francesa 
 Papel das Constituições seria apenas o de assegurar a Limitação do 
Poder, definir a Organização do Estado e fortalecer os Direitos 
Individuais. 
 Este tipo de Constituição trata do “DOE”
2º) Modelo Constitucional: CONSTITUIÇÃO SOCIAL
 início  do  Século  XX  -  consolidação  do  Estado  Social  (Estado 
Intervencionista) 
 Constituição Mexicana de 1917 
 Constituição Alemã de 1919. 
 No Brasil CF/1934. 
Direito Constitucional
Professora Amanda Almozara
7
Constituição Social dispõe sobre a Organização Básica da Ordem Social 
e  Econômica  e  dos  Direitos  Sociais  -  obrigação  do  Estado  Garantir  o 
Mínimo Existencial. Sob o Modelo de Constituição Social, alguns países 
como  o  Brasil  tem  reconhecido  o  chamado  Princípio  da  Reserva  do 
Possível como referência do Dever Estatal de Prestação de Serviços.
A Doutrina reconhece as seguintes modalidades de Constituição social: 
a) Constituição Programática –normas fins, normas tarefas, apresentando 
diretrizes  ao  Estado  para  a  execução  de  Programas  Sociais  e 
Econômicos; 
b) Constituição Dirigente – Canotilho (constitucionalista português)  impõe 
ao Poder Público a  implementação de Programas Sociais e Econômicos 
Específicos; 
Direito Constitucional
Professora Amanda Almozara
8
c) Constituição Cultural – É a Constituição Social que não se restringe a 
disciplina  da  Ordem  Econômica  e,  ao  dispor  sobre  a  Ordem  Social, 
enaltece  o  trinômio  Educação,  Cultura  e  Desporto  como  a Constituição 
Brasileira,  a  Constituição  Social  não  é  necessariamente  de  Ordem 
Econômica;  A CF/88 tem aspectos de Constituição Programática, 
Dirigente e Cultural;
d)  Constituição  Balanço  –  o  modelo  de  Constituição  Social  soviético. 
Segundo esse modelo, o objetivo maior do Estado (Soviético), ou seja, o 
Socialismo Pleno, só seria atingido por etapas e, a cada etapa superada, 
haveria  necessidade  de  uma  nova  Constituição  que  representasse  o 
Balanço  das  Vitórias  obtidas  até  o  momento  e  que  desse  um  passo 
adiante rumo ao Objetivo Final.
Direito Constitucional
Professora Amanda Almozara
9
PODER CONSTITUINTE
O poder constituinte é superior a qualquer outro, pois está legitimado pela 
democracia  que  reconhece  o  direito  de  as  pessoas  participarem  das 
decisões  que  digam  respeito  ao  seu  próprio  destino.  Tem  como  função 
criar e modificar as constituições. 
O  poder  constituinte  não  se  confunde  com  Executivo,  Legislativo  e 
Judiciário (poderes constituídos como representantes do povo, ainda que 
não eleitos).
 
Poder Constituinte Originário e Poder Constituinte Derivado
A Teoria do Poder Constituinte foi desenvolvida, originalmente, no Século 
XVIII  pelo  Frances  Abade  Sieyès,  autor  do  livro  “O  que  é  o  Terceiro 
Estado”. 
A doutrina  reconhece  dois  tipos  de Poder Constituinte:  o Originário  e  o 
Derivado.
Direito Constitucional
Professora Amanda Almozara
10
1º) Poder Constituinte Originário: É o poder que cria uma Constituição. 
Suas características são: 
a)  Inicial  –  pois,  é  ele  que  inaugura  a  Ordem  Jurídica  Constitucional. 
Pratica,  portanto,  Atos  Primários.  Por  isso,  também  é  conhecido  como 
Poder Constituinte Genuíno ou de Primeiro Grau; 
b) Autônomo  –  não  está  Subordinado  a Ordem  Jurídica  anterior  e,  por 
isso, é considerado Poder Político; 
c) Soberano e Ilimitado  –  não  há  outro  Poder  acima  dele.  É  o  próprio 
Poder Originário que cria os Poderes Constituídos. 
Sieyès observava que o Poder Originário esbarraria em um único limite: o 
Respeito  ao  Direito  Natural  (São  o  Conjunto  de  Normas  que  estão 
impregnadas  a  natureza  humana  –  nasce  com  o  homem).  Esta 
característica foi reconhecida, em oposição, a Teoria do Poder Divino dos 
Governantes.
d)  Incondicionado –  não  está  sujeito  a  condições  de  exercício 
preestabelecidas.  É  ele  mesmo  que  define  as  Regras  Procedimentaispara sua atuação, para o seu exercício.
Direito Constitucional
Professora Amanda Almozara
11
Titular do Poder Originário: 
 Sieyès apontava a Nação 
 Doutrina Contemporânea considera o Povo. 
Por  tratar-se  de  um  Poder  Incondicionado,  não  há  Modelo  Obrigatório 
para o seu exercício. 
Sieyès  considerava  como  Modelo  ideal  a  eleição popular de 
Representantes Extraordinários reunidos em Assembleia 
Constituinte,  com  o  fim  exclusivo,  de  elaboração  da  Constituição. 
Concluída a tarefa será dissolvida. 
CF/88 e polêmica:
a)  Convocação  da  Assembleia  Constituinte  partiu  de  uma  Emenda  a 
Constituição Anterior (EC 26/85); 
b)  A  eleição  de  1986  não  foi  exclusiva  para  o  Exercício  do  Poder 
Constituinte,  afinal,  os  Deputados  e  Senadores  eleitos  acumularam  as 
funções de Constituintes e Legisladores Ordinários; 
c)  Alguns  Senadores  não  foram  eleitos  e  passaram  a  integrar  a 
Constituinte; 
d)  Promulgada  CF/88,  a  Assembleia  Constituinte  não  foi  dissolvida, 
convertendo-se no Congresso Nacional.
Direito Constitucional
Professora Amanda Almozara
12
Apesar dessas considerações, prevaleceu o entendimento de que houve 
Autêntico  Poder  Originário,  pois,  foi  nítida  a  Ruptura  com  o  Regime 
Anterior (Regime Militar). Daí a classificação feita pela Doutrina em Poder 
Constituinte  Material  e  Poder  Constituinte  Formal.  O  Material  é  aquele 
cuja presença é necessária; é a própria Força Revolucionária que rompe 
com a Ordem Política, até então, Vigente. O Formal designa, apenas, o 
modo  pelo  qual  se  expressa a Força Revolucionária. STF confirmou a 
Posição da Autenticidade do Poder Originário que criou a CF/88 em 
28/04/2010, no julgamento da ADPF 153, reconhecendo que o Poder 
Originário que rompeu com o Regime Militar foi a EC 26/85. Esta foi a 
Norma Origem gerada por um Revolução Branca. 
Modalidades: 
a) Poder Originário Histórico Fundacional: É a que cria a 1ª Constituição 
de um Estado; 
b) Poder Constituinte Originário Revolucionário:  É  o  que  cria  uma  nova 
Constituição  em  substituição  a  anterior,  afinal,  uma  Nova  Constituição 
sempre surge a partir da Ruptura Profunda com a Ordem Política Anterior. 
Direito Constitucional
Professora Amanda Almozara
13
2º) Poder Constituinte Derivado: 
Características: 
a) Derivado: pois, é instituído pelo Poder Originário; 
b)  Subordinado:  sujeita-se  a  Ordem  Jurídica  implementada  pela 
Constituição, por isso, é considerada Poder Jurídico; 
c)  Limitado:  sujeita-se  aos  vários  tipos  de  limitações  impostos  pela 
Constituição. Ex: Limitação Material (Cláusulas Pétreas); 
d)  Condicionado:  está  vinculado  a  condições  de  exercício 
preestabelecidos. 
Modalidades:
 Reformador. Esse poder faz a reforma constitucional, que é a prevista 
no artigo 60 da CF.
 Revisor. Esse poder faz a revisão constitucional. Está previsto no art. 
3o do ADCT.
 Decorrente. É aquele atribuído aos Estados para que possa elaborar 
suas próprias Constituições. Esse poder está previsto no art. 25 cada 
Estado terá sua própria Constituição...mas o art. 11 do ADCT é mais 
específico.
Direito Constitucional
Professora Amanda Almozara
14
Na  CF/88,  o  Poder Derivado Reformador  se  expressa  da  seguinte 
maneira:
a) Emendas Constitucionais – previstas no art. 60, CF; 
b) Tratados Internacionais de Direitos Humanos –  submetidos  ao 
Procedimento da EC, do art. 5º, §3 º da CF; 
Poder Derivado Revisor
Art. 3, ADCT - Revisão Constitucional, sujeita à limitação temporal
05 anos da Promulgação da CF/88
Congresso Nacional
Maioria Absoluta 
Sessão  Unicameral  (Sessão  Conjunta  do  Senado  e  da  Câmara  – 
Deputados e Senadores votam na mesma Sessão) 
aprovar a Revisão da Constituição. 
Foi prevista uma única  revisão,  já  realizada em 1994 e, portanto, não é 
mais possível.
Direito Constitucional
Professora Amanda Almozara
15
Poder Constituinte Derivado Decorrente.
Nas Federações, detecta-se a presença de mais um Poder Constituinte. 
É  Poder  Constituinte  dos  Estados-Membros  para  a  criação  das 
Constituições  Estaduais;  em  razão  de  suas  características,  foi 
classificada  pela  Doutrina  como  modalidade  de  Poder  Constituinte 
Derivado, recebendo o nome de Poder Constituinte Derivado Decorrente. 
No  Brasil  foi  estabelecido  o  prazo  de  1  (um)  ano,  a  contar  da 
Promulgação  da  CF/88,  para  que  os  Estados  fizessem  suas 
Constituições. 
Polêmica:  inclusão  pela  CF/88  dos  Municípios  no  Rol  dos  Entes  da 
Federação. 
Municípios  -  Poder  de  elaboração  de  suas  Leis  Orgânicas  Municipais. 
Alguns  autores  chegaram  a  considerar  Lei  Orgânica,  uma  verdadeira 
Constituição Municipal. 
Porém,  prevaleceu  na  Jurisprudência  a  noção  de  que  a  Lei Orgânica 
Municipal não tem natureza de Norma Constitucional. Sua violação 
não gera Inconstitucionalidade, e sim, Ilegalidade. Portanto, não há 
Poder Decorrente Municipal.
Direito Constitucional
Professora Amanda Almozara
16
Critério  de  Adequação  dos  Princípios  Extensíveis  às  esferas  Estadual, 
Distrital e Municipal é Princípio da Simetria ou Paralelismo de Forma.
Normas de repetição obrigatória:
 Processo Legislativo
 CPI
 Organização de Tribunal de Contas
 Eleição do Chefe do Poder Executivo
Poder Constituinte Supranacional. Existe?
É o poder cuja titularidade pertence ao cidadão universal, encarregado 
de elaborar uma Constituição Supranacional.  Analisando  este 
fenômeno CANOTILHO fala que a pirâmide de KELSEN seria substituída 
por  um  trapézio,  onde  fazendo  parte  do  topo,  estariam  a  Constituição 
Federal, a Constituição Supranacional e os Tratados Internacionais.
Direito Constitucional
Professora Amanda Almozara
17
Limitações ao Poder Reformador.
PAULO BONAVIDES.
 Reforma. É a via ordinária de alteração da Constituição. Art. 60 da CF. 
Se  faz por meio de Emenda de Reforma,  que sempre é de caráter 
pontual.  São  determinados  itens  que  são  reformados.  Não tem 
limitação temporal.
 Revisão. É a via extraordinária. A revisão não é pontual, é mais ampla, 
mais global. A revisão, mesmo que não haja defeito, evita que existe 
problema. Teve limitação temporal pelo art. 3o da ADCT.
Possui limites?
JOSÉ AFONSO DA SILVA. Entende que revisão não possui limitações 
circunstanciais, nem materiais.
MAJORITÁRIA. As limitações circunstanciais e materiais são idênticas 
à  da  reforma,  por  analogia.  Onde  há  o  mesmo  fundamento,  há  a 
mesma razão de direito. Isso é analogia legis.
Direito Constitucional
Professora Amanda Almozara
18
Limitações do art. 60 da CF:
1) Limitação(ões) Temporal(is). Temporal  relaciona-se com período de 
tempo.  Impedem  a  alteração  da  Constituição  durante  um  determinado 
período de tempo. Ex. art. 3o, da ADCT. 
A nossa Constituição não prevê limitação temporal para reforma, mas 
prevê para a revisão. ( A única Constituição que tinha essa previsão foi a 
de 1824)
2) Limitações Circunstanciais. São  as  que  impedem  a  alteração  da 
constituição durante situações excepcionais, porque são tão graves que 
a  livre manifestação  do  poder  derivado pode  estar  ameaçada,  tomando 
decisões precipitadas, desproporcionais e erradas. 
Estado de legalidade extraordinária (restrições das liberdades individuais 
que são restringidas). - Artigo 60, §1o. 
 Estado de Defesa. Art. 136
 Estado de Sítio. Art. 137
 Intervenção Federal. Art. 34. 
Direito Constitucional
Professora Amanda Almozara
19
IMPORTANTE: Estado de Calamidade Pública não impede a mudança da 
Constituição
3) Limitações Materiais ou Substanciais. Estão  relacionadas  ao 
conteúdo da Constituição- atribuído o nome de Cláusulas Pétreas, 
a) Clausulas Pétreas Expressas ou Explicitas. Art. 60,§4º. 
 Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir:
I - a forma federativa de Estado;
II - o voto direto, secreto, universal e periódico;
III - a separação dos Poderes;
IV - os direitos e garantias individuais.
RE 633703/2011- ficha limpa (Na medida em que estabelecem as 
garantias fundamentais para a efetividade dos direitos políticos, 
essas regras também compõem o rol das normas 
denominadas cláusulas pétreas e, por isso, estão imunes a qualquer 
reforma que vise a aboli-las. O art. 16 da Constituição, ao submeter a 
alteração legal do processo eleitoral à regra da anualidade, constitui 
uma garantia fundamental para o pleno exercício de direitos 
políticos)
Direito Constitucional
Professora Amanda Almozara
20
b) Clausulas Pétreas Implícitas. 
Art. 1º, art. 3º, art. 60 etc.
Limitações Formais ou (Procedimentais) ou (Processuais) 
1) Subjetiva (quem pode propor emenda?)
I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados 
ou do Senado Federal;
II - do Presidente da República;
III - de mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades 
da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria 
relativa de seus membros.
Cabe iniciativa popular de Emenda?
1)  JOSÉ AFONSO DA SILVA.  Cabe  iniciativa  popular  de  Emenda,  pois 
nós  devemos  fazer  uma  interpretação  sistemática  da  Constituição.  Se 
faria  por  analogia  legis,  devendo  aplicar  o  parágrafo  2o  do  art.  61  às 
emendas à constituição.
Direito Constitucional
Professora Amanda Almozara
21
2) STF (majoritária). Não cabe. Segundo o STF não cabe porque normas 
excepcionais devem ser interpretadas de forma restritiva. STF diz que art. 
61  traz  regra  geral  de  iniciativa,  e  o  artigo  60  traz  exceção,  daí  ser 
considerada norma excepcional.
 
II) Objetivas. 
§  2º  -  A proposta será discutida e votada em cada Casa do 
Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se 
obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros.
§ 3º - A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da 
Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo 
número de ordem.
§ 5º - A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por 
prejudicada  não  pode  ser  objeto  de  nova  proposta  na  mesma  sessão 
legislativa.
Não há a participação do chefe do Poder Executivo no concernente à 
sanção da emenda. 
Direito Constitucional
Professora Amanda Almozara
22
Separação dos Poderes
 
1. PODER LEGISLATIVO
 
1.1. Poder Legislativo e suas Funções 
 As  funções  precípuas  do  Legislativo  são:  elaborar as leis (desde a 
EC até as leis ordinárias), exercer o controle político do Poder 
Executivo e realizar a fiscalização orçamentária de todos os que 
lidam com verbas públicas. 
 exercido  pelo  Congresso  Nacional,  que  se  compõe  da  Câmara  dos 
Deputados e do Senado Federal (sistema bicameral). 
 Nosso sistema bicameral, a exemplo dos Estados Unidos da América 
do Norte, é do tipo federativo :
 (casa  legislativa  composta  por  representantes  do  povo,  eleitos  em 
número  relativamente  proporcional  à  população  de  cada  unidade  da 
Federação  (Câmara  dos  Deputados),  bem  como  uma  outra  casa 
legislativa  (Senado  Federal)  com  representação  igualitária  de  cada 
uma  das  unidades  da  Federação  (Estados  membros  e  DF,  com  3 
senadores cada).
Direito Constitucional
Professora Amanda Almozara
23
 O  Poder  Legislativo  Municipal  é  exercido  pela  Câmara  dos 
Vereadores.
 Cada legislatura tem a duração de 4 anos, o que corresponde a quatro 
sessões divididas em 8 períodos, conforme consta do art. 44 c.c. art. 
57, ambos da Constituição Federal    - Art.  57. O Congresso Nacional 
reunir-se-á, anualmente, na Capital Federal, de 2 de fevereiro a 17 de 
julho  e  de  1º  de  agosto  a  22  de  dezembro.
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 50, de 2006)
 O mandato dos deputados e vereadores é de 4 anos (uma legislatura), 
o dos senadores, 8 anos, havendo sua renovação a cada 4 anos, na 
proporção intercalada de 1/3 e 2/3. 
 O número de deputados federais (hoje são 513) deve ser proporcional 
à população de cada Estado membro, nos termos da LC n. 78/93, que 
dispõe sobre o  tema. Nenhum Estado membro pode  ter menos de 8 
deputados  federais  e  o  Estado  mais  populoso  (atualmente  é  São 
Paulo) “será representado” por 70 deputados federais. 
Direito Constitucional
Professora Amanda Almozara
24
 Os Territórios Federais (atualmente inexistentes) elegiam 4 deputados 
federais e não elegiam senadores. 
 Os senadores representam os Estados e o DF; são em número de 3 
por unidade da Federação, com 2 suplentes, e mandato de 8 anos (26 
Estados membros mais o DF: 81 senadores). 
Obs.:  Atualmente,  o  núcleo  eleitoral  é  circunscricional  (cada  Estado,  e 
também o DF, representa uma circunscrição), mas com a reforma política 
poderá ser distrital (cada distrito, uma vaga).
CUIDADO: a regra do número de vereadores mudou – art. 29, inc. IV.
 A idade mínima para ser eleito senador é de 35 anos; para deputado 
estadual ou federal é de 21 anos; e para vereador é de 18 anos.
 A renovação do Senado ocorre de 4 em 4 anos, alternando-se 1/3 ou 
2/3  pelo  princípio  majoritário  (ganha  o  candidato  mais  votado, 
independentemente dos votos de seu partido). 
Direito Constitucional
Professora Amanda Almozara
25
1.2. As Deliberações
 Quórum de maioria absoluta para a instalação.
 Quórum  de  deliberação  –  regra:  maioria  simples  ou  relativa.  Salvo 
disposição  constitucional  em  sentido  contrário,  as  deliberações  de 
cada uma das casas  (Câmara ou Senado) e de suas comissões são 
tomadas  por  maioria  de  votos  (quórum  de  aprovação),  presente  a 
maioria absoluta de seus membros (art. 47 da CF). 
 O quórum de maioria qualificada (especial) é aquele que exige o voto 
favorável de 2/3 ou de 3/5 de todos os membros da casa.
Em  regra,  as  deliberações  legislativas  do  Congresso  Nacional  são 
submetidas à sanção do Presidente da República (ATENÇÃO: EMENDA 
CONSTITUCIONAL NÃO!!)
Também não exigem a sanção do Presidente, pois são de competência 
exclusiva do Congresso, da Câmara ou do Senado (arts. 49, 51 e 52 da 
CF). 
Direito Constitucional
Professora Amanda Almozara
26
Exemplos  de matérias  que não dependem da  sanção do Presidente da 
República:  Emenda  Constitucional  ;  autorização  para  a  instauração  de 
processo  contra  o  próprio Presidente  e  seus Ministros  (competência  da 
Câmara);  convocação  de  plebiscito  ou  referendo  (competência  do 
Congresso  Nacional);  suspensão  da  execução  de  lei  declarada 
inconstitucional  por  decisão  definitiva  do  Supremo  Tribunal  Federal; 
julgamento  do Presidente  e  dos Ministros  do Supremo Tribunal  Federal 
por crime de responsabilidade (competência do Senado Federal). 
 Sessão  legislativa  ordinária:  corresponde  às  reuniões  do  Congresso 
Nacional, que se realizam de e 2 de fevereiro a 17 de julho e de 1º de 
agosto  a  22  de  dezembro  (dois  períodos  da  sessão  anual).  Não  se 
interrompe  a  sessão  legislativa  sem a  aprovação  da  lei  de  diretrizes 
orçamentárias.
 Cada uma das Casas reunir-se-á em sessões preparatórias, a partir de 
1º de  fevereiro, no primeiro ano da  legislatura, para a posse de seus 
membros e eleição das respectivas Mesas, para mandato de 2 (dois) 
anos,  vedada  a  recondução  para  o  mesmo  cargo  na  eleição 
imediatamente  subsequente. 
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 50, de 2006)
Direito Constitucional
Professora Amanda Almozara
27
 A  matéria  constante  de  projeto  de  lei  rejeitado  somente  poderá 
constituir  objeto  de  novo  projeto,  na  mesma  sessão  legislativa,mediante proposta da maioria absoluta dos membros de qualquer das 
Casas do Congresso Nacional (art. 67)
O Congresso Nacional é presidido:
Presidente do Senado Federal. 
Convocação extraordinário do Senado:
I - pelo Presidente do Senado Federal, em caso de decretação de estado 
de  defesa  ou  de  intervenção  federal,  de  pedido  de  autorização  para  a 
decretação  de  estado  de  sítio  e  para  o  compromisso  e  a  posse  do 
Presidente e do Vice-Presidente- Presidente da República;
II - pelo  Presidente  da  República,  pelos  Presidentes  da  Câmara  dos 
Deputados  e  do  Senado  Federal  ou  a  requerimento  da  maioria  dos 
membros de ambas as Casas, em caso de urgência ou interesse público 
relevante,  em  todas  as  hipóteses  deste  inciso  com  a  aprovação  da 
maioria  absoluta  de  cada  uma  das  Casas  do  Congresso  Nacional. 
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 50, de 2006)
Direito Constitucional
Professora Amanda Almozara
28
 Na  sessão  legislativa  extraordinária,  o  Congresso  Nacional  somente 
deliberará  sobre  a  matéria  para  a  qual  foi  convocado,  ressalvada  a 
hipótese  do  §  8º  deste  artigo,  vedado  o  pagamento  de  parcela 
indenizatória,  em  razão  da  convocação. 
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 50, de 2006)
 Havendo  medidas  provisórias  em  vigor  na  data  de  convocação 
extraordinária  do  Congresso  Nacional,  serão  elas  automaticamente 
incluídas na pauta da convocação.
Direito Constitucional
Professora Amanda Almozara
29
1.3. Sistema Proporcional e Sistema Majoritário
 Sistema proporcional – adotado nas eleições para deputado federal, 
deputado  estadual  e  vereador,  e  disciplinado  nos arts.  105 e  113  do 
Código Eleitoral –,  inicialmente mais vale a votação do partido que a 
do  candidato,  circunstância  que  deu  ao  critério  a  denominação  de 
colorido partidário.
Somam-se os votos válidos (votos  dados  para  os  partidos  e  seus 
candidatos)  e divide-se o resultado pelo número de cadeiras a 
preencher, obtendo-se assim o quociente eleitoral. De acordo com o 
art. 5.º da Lei n. 9.504/97 (que alterou a regra do art. 106 do Código 
Eleitoral), os votos brancos e os votos nulos não são considerados 
nos cálculos.
Em  seguida,  dividem-se  os  votos  de  cada  partido  ou  coligação  pelo 
quociente eleitoral, obtendo-se o número de eleitos de cada agremiação 
(quociente partidário). 
O  partido  que  não  atinge  o  quociente  eleitoral  não  elege  nenhum 
deputado  ou  vereador  (salvo  se  nenhum partido  atingir  esse  quociente, 
quando,  então,  as  vagas  serão  preenchidas  pelos  candidatos  mais 
votados, independentemente dos partidos). 
Direito Constitucional
Professora Amanda Almozara
30
As  sobras  também  serão  destinadas  aos  partidos  que  obtiverem  as 
maiores médias. Essa técnica da maior média determina que os votos do 
partido  ou  coligação  sejam  divididos  pelo  número  de  cadeiras  por  ele 
conquistadas  mais  um,  obtendo-se  assim  a  média  de  cada  um  dos 
concorrentes  e  o  número  final  de  cadeiras  a  que  cada  partido  ou 
coligação terá direito. 
Obtido esse número final de cadeiras, estarão eleitos os candidatos mais 
votados de cada partido ou coligação, em número capaz de preencher as 
vagas destinadas à agremiação.  
Exemplo: Município no qual sejam apurados dez mil votos válidos (votos 
dados para as legendas e para os candidatos) e que tenha dez cadeiras 
de vereador a preencher. O quociente eleitoral é 1.000, ou seja, 10.000 
votos divididos por dez cadeiras a preencher. O partido A e seus 
candidatos somam 5.500 votos. Dividindo-se esse número pelo quociente 
eleitoral (5.500 : 1.000 = 5,5), desde logo, o partido A terá 5 cadeiras. A 
coligação B/C e seus candidatos somam 3.800 votos, garantindo, desde 
logo, 3 cadeiras (3.800 : 1.000 = 3,8). O partido D e seus candidatos 
somam 700 votos e, assim, não atingem o quociente eleitoral (1.000). 
Com isso, o partido D não elege nenhum candidato.
Direito Constitucional
Professora Amanda Almozara
31
Por ora, foram preenchidas oito vagas e restam duas. As sobras (duas 
cadeiras) serão divididas da seguinte forma: divide-se o número de votos 
do partido A (5.500) pelo número de cadeiras por ele obtido (5) + 1, ou 
seja, 5.500 : 6, atingindo-se a média 916. Divide-se o número de votos da 
coligação B/C (3.800) pelo número de cadeiras por ela obtido (3) + 1, ou 
seja, 3.800 : 4, atingindo-se a média 950. A maior média foi obtida pela 
coligação B/C que, assim, ganha mais uma cadeira (a 4.ª).
Resta, porém, a 10.ª cadeira. Os cálculos são repetidos, agora 
considerando a nova cadeira obtida pela coligação B/C, nos seguintes 
termos: divide-se o número de votos do partido A (5.500) pelo número de 
cadeiras por ele obtido (5) + 1, ou seja, 5.500: 6, atingindo-se a média 
916. Divide-se o número de votos da coligação B/C (3.800) pelo número 
de cadeiras por ela obtido (agora, 4) + 1, ou seja, 3.800 : 5, atingindo-se a 
média 760. A maior média foi obtida pelo partido A que, assim, ganha 
mais uma cadeira (a 6.ª).
No final, o partido A preencherá 6 cadeiras e a coligação B/C preencherá 
4, sendo esses os seus quocientes partidários.
Direito Constitucional
Professora Amanda Almozara
32
Nas eleições proporcionais, somente após a apuração dos números 
finais de cada partido ou coligação é que interessará a ordem interna 
de votação individual, ou seja, o número de votos que cada 
candidato obteve. Os  lugares,  que  cada  partido  ou  coligação  obtiver, 
serão distribuídos aos seus candidatos mais votados (os 6 mais votados 
do  partido  A  e  os  4  mais  votados  da  coligação  B/C  ganharão  uma 
cadeira).
 
1.4. As Comissões
Além dos plenários, o Legislativo atua por meio de comissões – grupos 
menores de parlamentares que atuam, de forma transitória ou 
permanente, sobre determinados assuntos. 
Exemplos  de  comissões permanentes:  Comissão  de  Constituição  e 
Justiça e a Comissão de Cidadania. Exemplo de comissão temporária é a 
Comissão Parlamentar de Inquérito.
A  finalidade  precípua  das  comissões  é  fornecer ao plenário uma 
opinião aprofundada sobre o tema a ser debatido (espécie de 
parecer).
Direito Constitucional
Professora Amanda Almozara
33
Os pareceres das Comissões de Constituição e Justiça costumam 
ser terminativos. Os  próprios  regimentos  internos  da  Câmara  e  do 
Senado, porém, admitem que os projetos rejeitados pelas comissões 
sejam levados para votação, se o plenário der provimento a recurso 
nesse sentido que tenha sido apresentado por um décimo dos 
membros da casa respectiva. 
Na  formação  das  comissões,  deve  ser  observada  a  representação 
proporcional dos partidos. 
As comissões são:
 técnicas (Comissão de Constituição e Justiça) 
 de inquérito  
 representativas  do  Congresso  Nacional  (funcionam  durante  os 
recessos e dentro dos limites previstos no Regimento Interno). 
A  Constituição  admite  que  à  comissão  seja  delegada  a  deliberação 
(votação)  sobre  projeto  de  lei  que  dispensar,  na  forma  do  Regimento 
Interno, a competência do plenário. 
Direito Constitucional
Professora Amanda Almozara
34
É  a  chamada  delegação  interna corporis  (art.  58,  §  2.º,  inc.  I,  da  CF), 
impugnável antes da votação por recurso de 1/10 dos membros da Casa 
e  que  não  pode  ser  utilizada  para  aprovação  de  Projeto  de  Emenda 
Constitucional  ou  de  Lei  Complementar.  No Senado, o prazo para o 
recurso é de 5 dias úteis, contados da publicação da decisão (art. 91, § 
3.º, do Regimento Interno do Senado).
Na Câmara, o prazo é de 5 sessões, contadas da publicação da decisão 
(art. 58, § 1.º, do Regimento Interno da Câmara).
Direito Constitucional
Professora Amanda Almozara
35
 
1.4.1. As ComissõesParlamentares de Inquérito (CPIs)
 As  CPIs  podem  ser  criadas,  em  conjunto  ou  separadamente,  pela 
Câmara e pelo Senado – mediante requerimento de 1/3 dos respectivos 
membros,  aprovado  por maioria  simples  em  plenário  –  para,  em  prazo 
certo (que pode ser prorrogado dentro da mesma legislatura), apurar fato 
determinado e de interesse público.
As CPIs têm poderes de investigação próprios das autoridades  judiciais, 
além de outros previstos nos regimentos das respectivas casas. 
As  deliberações  das  CPIs,  quando  relacionadas  a  poderes  de 
investigação  próprios  das  autoridades  judiciárias,  devem  ser 
fundamentadas.  Em  decisão  de  1999  (MS  n.  23.452-RJ),  o  Supremo 
Tribunal Federal admitiu a quebra de sigilo bancário, fiscal e de  registros 
telefônicos  por  determinação  de  Comissão  Parlamentar  de  Inquérito, 
desde que devidamente motivada. 
Direito Constitucional
Professora Amanda Almozara
36
A LC n. 105/01, que dispõe sobre sigilo bancário, revogou o art. 38 da Lei 
n.  4.595/94,  autorizando   que  o  Poder  Legislativo  Federal  e  as  CPIs, 
fundamentadamente,  tenham  acesso  direto  (sem  ordem  judicial)  a 
informações e documentos sigilosos das instituições financeiras. 
As  requisições  devem  ser  aprovadas  previamente  pelo  plenário  da 
Câmara, do Senado ou da respectiva Comissão Parlamentar de Inquérito. 
 
Quanto  ao  sigilo  telefônico,  à  decretação  de  prisão  preventiva,  escuta 
telefônica,  e  busca  e  apreensão  domiciliar,  cinco ministros  do Supremo 
Tribunal  Federal  já  declararam  (incidentalmente)  que  sobre  os  temas 
incide  o  princípio da reserva de jurisdição,  ou  seja,  tais  medidas 
exigem prévia autorização  judicial por previsão constitucional  (v. Boletim 
IBCCRIM de outubro de 1.999, p. 1 e Informativo STF n. 212, de 
1.12.2000).
Admite-se que a Comissão Parlamentar de Inquérito determine a 
condução coercitiva de testemunha (TJSP,  Órgão  Especial,  Agravo 
Regimental  n.  48.640-0/3-01, Rel.  Des. Dirceu  de Mello)  e  a  prisão  em 
flagrante por falso testemunho (STF, HC 75.287- 0). 
Direito Constitucional
Professora Amanda Almozara
37
 Respeitados o sigilo profissional, as prerrogativas funcionais e o direito 
ao silêncio dos acusados, a Comissão Parlamentar de Inquérito pode 
determinar que qualquer pessoa preste depoimento.
A  Comissão  Parlamentar  de  Inquérito  deve  respeito  ao  princípio  da 
autonomia dos Estados, do DF e dos Municípios, cujos Legislativos são 
exclusivamente responsáveis pela  investigação parlamentar de assuntos 
de interesse público local.
Suas conclusões (instrumentalizadas  por  projeto  de  resolução)  e  a 
resolução  que  as  aprovar  (depende  de  maioria  simples)  são 
encaminhadas ao Ministério Público ou às autoridades 
administrativas ou judiciais competentes, para que seja promovida a 
responsabilização administrativa, civil e criminal dos infratores. 
O receptor das conclusões, segundo prevê a Lei n. 10.001, de 4.9.2000, 
em  30  dias  deve  informar  as  providências  tomadas,  ou  justificar  sua 
omissão.  Vige,  ainda,  a  Lei  n.  1.579/52,  que  também  disciplina  os 
trabalhos das CPIs. 
Direito Constitucional
Professora Amanda Almozara
38
Art. 58. O Congresso Nacional e suas Casas terão comissões 
permanentes e temporárias, constituídas na forma e com as atribuições 
previstas no respectivo regimento ou no ato de que resultar sua criação.
§ 1º - Na constituição das Mesas e de cada Comissão, é assegurada, 
tanto quanto possível, a representação proporcional dos partidos ou dos 
blocos parlamentares que participam da respectiva Casa.
§ 2º - às comissões, em razão da matéria de sua competência, cabe:
I - discutir e votar projeto de lei que dispensar, na forma do regimento, a 
competência do Plenário, salvo se houver recurso de um décimo dos 
membros da Casa;
II - realizar audiências públicas com entidades da sociedade civil;
III - convocar Ministros de Estado para prestar informações sobre 
assuntos inerentes a suas atribuições;
IV - receber petições, reclamações, representações ou queixas de 
qualquer pessoa contra atos ou omissões das autoridades ou entidades 
públicas;
V - solicitar depoimento de qualquer autoridade ou cidadão;
VI - apreciar programas de obras, planos nacionais, regionais e setoriais 
de desenvolvimento e sobre eles emitir parecer.
Direito Constitucional
Professora Amanda Almozara
39
§ 3º - As comissões parlamentares de inquérito, que terão poderes de 
investigação próprios das autoridades judiciais, além de outros previstos 
nos regimentos das respectivas Casas, serão criadas pela Câmara dos 
Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou separadamente, 
mediante requerimento de um terço de seus membros, para a apuração 
de fato determinado e por prazo certo, sendo suas conclusões, se for o 
caso, encaminhadas ao Ministério Público, para que promova a 
responsabilidade civil ou criminal dos infratores.
§ 4º - Durante o recesso, haverá uma Comissão representativa do 
Congresso Nacional, eleita por suas Casas na última sessão ordinária do 
período legislativo, com atribuições definidas no regimento comum, cuja 
composição reproduzirá, quanto possível, a proporcionalidade da 
representação partidária.
Direito Constitucional
Professora Amanda Almozara
40
Processo Legislativo
1. INTRODUÇÃO 
 O processo legislativo compreende o conjunto de atos observados na 
proposta  e  na  elaboração  de  emendas  à  Constituição,  leis 
complementares,  leis ordinárias,  leis delegadas, decretos  legislativos, 
resoluções e medidas provisórias (art. 59da Constituição Federal). 
 A Lei Complementar n. 95/98, que  regulamenta o parágrafo único do 
art. 59 da Constituição Federal, dispõe sobre a elaboração,  redação, 
alteração  e  consolidação  das  leis.  É  a  denominada  “lei  das  leis”,   
recentemente alterada pela Lei Complementar n. 107/01.  
1.1. Das Emendas à Constituição (Poder Constituinte Derivado 
Reformador)
 O  art.  60  da  Constituição  Federal  dispõe  que  essa  poderá  ser 
emendada mediante proposta: 
 de  um  terço  (1/3),  no  mínimo,  dos  membros  da  Câmara  dos 
Deputados ou do Senado Federal;
 do Presidente da República; 
Direito Constitucional
Professora Amanda Almozara
41
 de  mais  da  metade  das  Assembleias  Legislativas  das  unidades  da 
Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de 
seus membros (maioria absoluta quanto ao número de Assembleias e 
maioria simples quanto aos seus membros). 
 JOSÉ  AFONSO  DA  SILVA  sustenta  que  a  proposta  de  Emenda 
Constitucional  pode  decorrer  de  iniciativa  popular,  posição  polêmica 
que  não  está  expressamente  prevista  no  art.  60  da  Constituição 
Federal, mas que tem por base a regra de que todo o poder emana do 
povo (art. 1.º, par. ún., da Constituição Federal).
 A proposta  de  Emenda Constitucional  é  discutida  e  votada  em  cada 
Casa  do  Congresso  Nacional,  em  dois  turnos  em  cada  uma, 
considerando-se aprovada  se obtiver,  em  todos esses  turnos  (quatro 
no  total),  três  quintos  (3/5)  dos  votos  favoráveis  dos  respectivos 
membros (e não apenas dos presentes à sessão).
 A  Emenda  Constitucional  aprovada  será  promulgada  (terá  sua 
existência  atestada)  pelas mesas  diretoras  da Câmara  e  do Senado 
Federal. Dessa forma, as emendas constitucionais não estão sujeitas 
à sanção ou promulgação pelo Presidente da República.
Direito Constitucional
Professora Amanda Almozara
42
 A matéria  constante  de proposta  de Emenda Constitucional  rejeitada 
ou havida por  prejudicada não pode  ser  objeto  de nova proposta  na 
mesma  sessão legislativa  –  ordinariamente  fixada  entre  15  de 
fevereiro e 15 de dezembro de cada ano (arts. 57 e 60, § 5.º,ambos 
da  Constituição  Federal).  Não  se  aplica  à  Emenda  Constitucional 
rejeitada ou tida por prejudicada, portanto, a regra prevista no art. 67 
da  Constituição  Federal  (que  autoriza  a  reapresentação,  na  mesma 
sessão  legislativa,  de  proposta  de  lei  relativa  à  matéria  rejeitada, 
desde  que  assinada  por  mais  da  metade  de  todos  os  membros  de 
alguma das Casas).
 A  Constituição  Federal  não  pode  ser  emendada  na  vigência  de 
Intervenção Federal, Estado de Defesa e Estado de Sítio  (limitações 
circunstanciais). 
 Não será objeto de deliberação a proposta  tendente a abolir a  forma 
federativa dos Estados; o voto direto, secreto, universal e periódico; a 
separação  dos  Poderes;  e  os  direitos  e  garantias  individuais. 
Conforme  vimos,  essas  são  cláusulas  pétreas  explícitas  e  impõem 
uma limitação expressa material ao Poder de Emenda. 
Direito Constitucional
Professora Amanda Almozara
43
 Há,  também,  cláusulas  pétreas  implícitas,  que  definem  a  limitação 
implícita  material  ao  Poder  de  Emenda.  É  defeso  a  proposta  de 
Emenda  Constitucional  que  pretenda  modificar  o  titular  do  Poder 
Constituinte (que é o povo– art. 1.º, par. ún., Constituição Federal), que 
queira  alterar  a  rigidez  do  procedimento  de  Emenda  Constitucional, 
que objetive mudar o exercente do Poder Reformador ou que  intente 
suprimir as cláusulas pétreas.
 A Constituinte de 1987, que gerou a Constituição Federal de 1988, foi 
convocada pela Emenda Constitucional n. 26, de 27.11.1985. 
 A    primeira    Constituição  do  Brasil  foi  a  de  1824,  outorgada  por  D. 
Pedro I.
 O Decreto n.  1,  redigido por Rui Barbosa em 1889  (Proclamação da 
República), deu origem à convocação da Assembléia Constituinte que 
elaborou  a  primeira  Constituição  Federal  Republicana  (1891).  Após, 
tivemos as Constituições Federais de 1934, 1937, 1946, 1967 e 1988. 
Total de oito constituições. 
 As  constituições  estaduais  seguem  as  diretrizes  da  Constituição 
Federal, nos termos do art. 11 do Ato das Disposições Constitucionais 
Transitórias.
Direito Constitucional
Professora Amanda Almozara
44
 A  Lei  Orgânica  de  um  Município  é  votada  em  dois  turnos,  com 
interstício (intervalo) mínimo de 10 dias entre eles, e aprovada por 2/3 
de todos os membros da Câmara Municipal, que a promulgará (art. 29, 
da  Constituição  Federal).  Também  não  está  sujeita  à  sanção  ou  à 
promulgação  pelo Chefe  do Poder Executivo,  a  exemplo  das  normas 
constitucionais. 
1.2. Leis Complementares e Ordinárias
 A iniciativa das leis complementares e ordinárias, segundo o art. 61 da 
Constituição  Federal,  cabe  a  qualquer  membro  ou  comissão  da 
Câmara  dos  Deputados,  do  Senado  Federal  ou  do  Congresso 
Nacional,  ao  Presidente  da  República,  ao  Supremo Tribunal  Federal, 
aos  Tribunais  Superiores,  ao  Procurador-Geral  da  República  e  aos 
cidadãos, na forma e nos casos previstos na Constituição Federal. 
 A  Iniciativa–  fase  introdutória  do  processo  legislativo–  consiste  na 
competência  atribuída  a  alguém  ou  a  algum  órgão  para  apresentar 
projeto de lei ao Legislativo, podendo ser concorrente (arts. 24 e 61, § 
1.º, c. c. 128, § 5.º, todos da Constituição Federal), privativa (ex.: arts. 
22  e  61,  §  1.º,  da  Constituição  Federal)  ou  conjunta  (fixação  dos 
subsídios dos ministros do Supremo Tribunal Federal, art. 48,  inc. XV, 
da Constituição Federal). 
Direito Constitucional
Professora Amanda Almozara
45
 Algumas  leis  são  de  iniciativa  exclusiva  do  Presidente  da  República 
(art.  61,  §  1.º,  da  Constituição  Federal),  como  as  que  fixam  ou 
modificam os efetivos das Forças Armadas, as que dispõem sobre a 
Defensoria Pública da União, sobre servidores públicos da União e dos 
Territórios,  seu  regime  jurídico,  provimento  de  cargos,  estabilidade  e 
aposentadoria de civis etc. 
 Quanto à organização do Ministério Público da União, a iniciativa de lei 
é  concorrente  do Presidente  da República e  do Procurador-Geral  da 
República  (art.  61,  §  1.º,  e  art.  128,  §  5.º,  ambos  da  Constituição 
Federal). 
 O Presidente da República poderá solicitar urgência para apreciação 
de  projetos  de  sua  iniciativa,  hipótese  em  que  a  Câmara  dos 
Deputados e o Senado Federal terão, sucessivamente, 45 dias para se 
manifestar  sobre  a  proposição,  sobre  o  projeto  de  lei  (e  não apenas 
sobre  o  pedido  de  urgência).  As  eventuais  emendas  constitucionais 
apresentadas pelo Senado Federal devem ser apreciadas em dez dias 
pela Câmara dos Deputados. Os prazos não correm nos períodos de 
recesso. 
Direito Constitucional
Professora Amanda Almozara
46
 Caso  as  duas Casas  do Congresso Nacional  não  se  pronunciem no 
prazo previsto pela Constituição, o projeto será incluído na Ordem do 
Dia,  sobrestando-se  as  deliberações  sobre  os  demais  assuntos  até 
que se ultime a votação. Trata-se do chamado procedimento legislativo 
sumário ou abreviado (regime de urgência encontrado no § 1.º, art. 64, 
da Constituição Federal). O Ato Institucional de 9.4.1964 previa que o 
projeto de  lei  seria  tacitamente aprovado caso não  fosse  votado nos 
45 dias (aprovação por decurso de prazo). A Constituição Federal não 
prevê  a  aprovação  tácita  na  hipótese,  determinando,  porém,  a 
imediata  inclusão  do  projeto  na  Ordem  do  Dia,  exigindo  a 
manifestação expressa do Congresso Nacional. 
 Não cabe o procedimento abreviado para projetos de Código. 
 Não  é  admitido  o  aumento  das  despesas  previstas  nos  projetos  de 
iniciativa exclusiva do Presidente da República, exceto se as emendas 
constitucionais estiverem de acordo com o plano plurianual, com a lei 
de  diretrizes  orçamentárias,  e  indicarem  os  recursos  necessários 
(admitidos  apenas  os  recursos  decorrentes  de  anulação  de  outras 
despesas). 
Direito Constitucional
Professora Amanda Almozara
47
 Também  não  é  admitido  o  aumento  das  despesas  previstas  nos 
projetos  sobre a organização dos  serviços administrativos da Câmara 
dos  Deputados,  do  Senado  Federal,  dos  Tribunais  Federais  e  do 
Ministério  Público  (art.  63  da Constituição  Federal),  regras  que  foram 
reforçadas pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LC n. 101/00). 
 A Emenda Constitucional  n.  19/98  trouxe  a  possibilidade  de  iniciativa 
conjunta, conforme consta da atual redação dos arts. 37, inc. XI, e 48, 
inc. XV, da Constituição Federal. 
 Pelos dispositivos anotados, a  fixação dos subsídios dos ministros do 
Supremo  Tribunal  Federal,  que  servem  como  limite  (“teto”)  de 
remuneração para todos os ocupantes de cargos, funções e empregos 
públicos  da  administração  direta,  autárquica  e  fundacional  (dos  três 
Poderes e no âmbito federal, estadual e municipal), ocorrerá por lei de 
iniciativa  conjunta  dos  presidentes  da  República,  da  Câmara,  do 
Senado e do Supremo Tribunal Federal. 
 Assim como a proposta decorrente da iniciativa popular, os projetos de 
lei de iniciativa dos deputados federais, do  Presidente da República, do 
Supremo Tribunal Federal,  dos Tribunais Superiores e do Procurador-
Geral  da  República  terão  início  na  Câmara  dos  Deputados.  As 
propostas  apresentadas  por  senadores  terão  por  Casa  iniciadora  o 
próprio Senado Federal.
Direito Constitucional
Professora Amanda Almozara
48
 Conforme prescreve o art. 47 da Constituição Federal, um projeto de 
lei  ordinária  será  aprovado  se  obtiver  maioria  de  votos  a  seu  favor, 
presente a maioria dos membros da Casa (maioria absoluta quanto ao 
quórum  de  instalação,  e  maioria  simples  dos  presentes  para  a 
aprovação). A maioria  simples,  também denominadamaioria  relativa, 
varia de acordo com o número de presentes à sessão.
 Projeto  de  lei  complementar  (relembre-se  que  só  é  exigida  lei 
complementar  quando  a  Constituição  é  expressa  nesse  sentido,  a 
exemplo  do  art.  148  da Constituição Federal),  por  sua  vez,  somente 
será  aprovado  se  obtiver  voto  favorável  da  maioria  absoluta  dos 
membros  das  duas Casas,  ou  seja,  voto  da maioria  dos membros  e 
não apenas voto da maioria dos presentes – maioria absoluta = 257 
Deputados Federais (dos 513) e 41 Senadores (do total de 81).
 Para  WALTER  CENEVIVA,  o  quórum  qualificado,  exigido  para  a 
aprovação  de  uma  lei  complementar,  impede  a  sua  aprovação  por 
acordo  de  lideranças,  posição  que  parece  a mais  acertada.  Sobre  o 
tema,    observar  argumentos  favoráveis  e  contrários  expostos  por 
HUGO DE BRITO MACHADO. 
Direito Constitucional
Professora Amanda Almozara
49
 Embora  não  haja  previsão  expressa  de  lei  complementar  no  âmbito 
municipal,  inúmeras  leis  orgânicas,  inclusive  a  do  Município  de  São 
Paulo  (art.  40),  exigem  voto  favorável  da  maioria  absoluta  dos 
vereadores  para  a  aprovação  de  determinadas  matérias.  Sobre  o 
tema, bem tratou o Prof. JEFERSON MOREIRA DE CARVALHO. 
1.3. Casa Iniciadora e Casa Revisora
 A primeira Casa a examinar um projeto de lei (exame que estabelece a 
fase  constitutiva)  é  a  Casa  iniciadora  (normalmente  a  Câmara  dos 
Deputados – Câmara Baixa), onde o projeto é submetido à Comissão 
de  Constituição  e  Justiça  e  às  comissões  temáticas  pertinentes, 
recebendo um parecer e seguindo para votação em plenário. 
 Em  alguns  casos  a  votação  pode  ser  feita  nas    próprias  comissões 
(art.  58,  §  2.º,  inc.  II,  da  Constituição  Federal)  ,  salvo  se  1/10  dos 
membros  da  Casa  discordarem  e  exigirem  que  a  votação  seja 
submetida ao plenário. A matéria é disciplinada no Regimento Interno 
de cada uma das Casas. Pode haver acordo de lideranças e votação 
simbólica no caso de projetos de lei ordinária. 
 Sendo de iniciativa de senador, a Casa iniciadora é o próprio Senado 
(Câmara Alta).
Direito Constitucional
Professora Amanda Almozara
50
 Aprovado pela Casa  iniciadora em um único turno (2  turnos, com 3/5 
dos votos em cada Casa, só são exigidos para a EC), o projeto de lei 
complementar ou ordinária é enviado para a Casa revisora.
 Na Casa revisora, o projeto de lei também passa por comissões e em 
seguida é submetido à votação em plenário ou comissão:
 Se  aprovado  sem  emendas,  o  projeto  será  enviado  para  sanção 
(expressa ou tácita) do Presidente da República. Há matérias, porém, 
que  são  de  competência  exclusiva  do  Congresso  ou  de  alguma  de 
suas  Casas  (arts.  49,  51  e  52  da  Constituição  Federal)  e, 
consequentemente,  dispensam  a  sanção.  Essas  matérias  de 
competência  exclusiva  costumam  ser  exteriorizadas  por  meio  de 
decreto legislativo ou de resolução.
 Se rejeitado pela Casa revisora, o projeto de lei é arquivado. 
 Na hipótese de a Casa revisora aprovar o projeto com emendas (que 
podem ser aditivas, modificativas, substitutivas, de redação, corretivas 
de erro ou supressivas de omissão), ele volta à Casa iniciadora para a 
apreciação das emendas: 
 se as emendas forem aceitas, o projeto segue para a sanção; 
Direito Constitucional
Professora Amanda Almozara
51
 se as emendas forem rejeitadas pela Casa iniciadora, o projeto de lei 
segue  sem  elas  para  a  sanção,  pois  prevalece  a  vontade  da  Casa 
iniciadora quando a divergência for parcial, diverso do que ocorre se a 
Casa  revisora  rejeitar  o  projeto,  determinando  o  seu  arquivamento 
(divergência integral). 
 É  vedada  a  apresentação  de  emenda  à  emenda,  ou  seja,  a 
subemenda.
 Aprovado  pelo  Legislativo,  o  projeto,  em  forma  de  autógrafo  (que 
reflete o texto final do projeto aprovado pelo Legislativo), segue para a 
sanção ou veto.
1.4. Da Sanção e do Veto
 Sanção é a aquiescência (concordância) do Chefe do Poder Executivo 
aos termos de um projeto de lei já aprovado pelo Poder Legislativo.
 A  sanção  não  supre  vício  de  iniciativa  caso  a  matéria,  de  iniciativa 
exclusiva do Chefe do Poder Executivo, tenha sido objeto de proposta 
apresentada por parlamentar.
Direito Constitucional
Professora Amanda Almozara
52
 Pelo  veto,  o Chefe  do Executivo  demonstra  sua  discordância  com  o 
projeto  de  lei  aprovado  pelo  Legislativo,  quer  por  entendê-lo 
inconstitucional  (veto  jurídico),  quer  por  entendê-lo  contrário  ao 
interesse público (veto político).  O veto é sempre motivado. 
 Como  o  prazo  para  o  veto  é  de  15  dias  úteis  (art.  66,  §  1.º,  da 
Constituição Federal), entende-se que o prazo para sanção também é 
de  15  dias  úteis  (o  §  3.º  do  art.  66  da  Constituição  Federal  não  é 
explícito  nesse  sentido).    Não  havendo  manifestação  expressa  do 
Chefe do Executivo nesse lapso, verifica-se a sanção tácita.
 O veto pode ser total (recair sobre todo o projeto) ou parcial (atingir o 
texto de um artigo, de um parágrafo, de um inciso ou de uma alínea). 
Não cabe  veto parcial  sobre uma palavra ou grupo de palavras,  fato 
que muitas vezes alterava completamente o sentido do projeto. A parte 
não vetada é promulgada, publicada e posta em vigor.
 No  veto  parcial,  o  Congresso  reexamina  apenas  a  parte  vetada, 
enquanto  o  restante,  sancionado  tácita  ou  expressamente,  deve  ser 
promulgado e posto em vigor na data prevista, por vezes antes mesmo 
da reapreciação da parte vetada. 
Direito Constitucional
Professora Amanda Almozara
53
 O  veto,  total  ou  parcial,  deve  ser  comunicado  em  48  horas  ao 
Presidente  do Senado. A contar  de  seu  recebimento pelo Presidente 
do  Senado  Federal  (que  também  é  Presidente  do  Congresso 
Nacional),  em 30 dias o  veto  será apreciado em sessão conjunta da 
Câmara  dos  Deputados  e  do  Senado  Federal,  considerando-se 
derrubado  (rejeitado)  caso  a  maioria  absoluta  dos  membros  do 
Congresso Nacional  (o  primeiro  número  inteiro  acima  da metade  de 
todos  os membros  de  cada  uma  das Casas),  em  escrutínio  secreto, 
votar contra ele. 
 O veto, portanto, é relativo (superável) e não absoluto, pois pode ser 
derrubado pelo Poder Legislativo. 
 Mesmo nas   sessões conjuntas do Congresso Nacional, deputados e 
senadores votam separadamente. 
 Caso não seja votado em 30 dias, o veto será colocado na ordem do 
dia da sessão imediata, com prejuízo de outros assuntos (art. 66, § 6.º, 
da Constituição Federal), exceto da medida provisória. 
 Caso  o  veto  não  seja  derrubado  pelo  Congresso  Nacional,  a 
disposição vetada será arquivada como rejeitada. 
Direito Constitucional
Professora Amanda Almozara
54
 A  matéria  constante  de  projeto  de  lei  rejeitado  somente  poderá 
constituir  objeto  de  novo  projeto,  na  mesma  sessão  legislativa, 
mediante proposta da maioria absoluta dos membros de qualquer uma 
das Casas do Congresso Nacional, conforme estabelece o art. 67 da 
Constituição  Federal  (EC  rejeitada  não  pode  ser  objeto  de  nova 
proposta  na  mesma  sessão  legislativa,  ainda  que  haja  proposta  da 
maioria absoluta).
 Veto  rejeitado,  o  projeto  é  convertido  em  lei  e  encaminhado  para  a 
promulgação pelo  Chefe do Executivo.
 Se  a  lei  decorrente  de  sanção  tácita  ou  do  veto  derrubado  não  for 
promulgada  pelo  Presidente  da  República  em  48  horas,  a 
promulgação será praticada pelo presidente do Senado. Se esse não o 
fizer em 48 horas,  será promulgada pelo  vice-presidente do Senado, 
conforme art. 66, § 7.º, da Constituição Federal. 
 A  promulgação,  segundoPONTES  DE  MIRANDA,  “constitui  mera 
atestação da existência da lei”. Atesta que a lei  perfeita e acabada é 
executável (observada a vacatio legis) e obrigatória. 
Direito Constitucional
Professora Amanda Almozara
55
 Conforme  leciona  ALEXANDRE  DE  MORAES,  citando  os 
ensinamentos  de  JOSÉ  AFONSO  DA  SILVA,  MICHEL  TEMER, 
MANOEL GONÇALVES FERREIRA FILHO e PONTES DE MIRANDA, 
“(...)  o  projeto  de  lei  torna-se  lei,  ou  com  a  sanção  presidencial,  ou 
mesmo  com  a  derrubada  do  veto  por  parte  do Congresso Nacional, 
uma vez que a promulgação refere-se à própria lei”. Encerra-se aqui a 
fase constitutiva do processo legislativo.
 CELSO BASTOS, por sua vez, sustenta que a promulgação “é um ato 
de natureza constitutivo formal, porque, embora sendo a promulgação 
que confere o nascimento ou existência à  lei, ela mesma não é uma 
manifestação substantiva de vontade, mas tem um caráter de natureza 
mais formal” 
 A  promulgação  e  a  publicação  integram  a  fase  complementar  do 
processo  legislativo,  sendo  que  o  §  7.º  do  art.  66  da  Constituição 
Federal  refere-se  à  promulgação  de  lei  e  não  à  promulgação  de 
projeto de lei (conforme bem observa PEDRO LENZA).
 As  emendas  constitucionais  são    promulgadas  pelas  mesas  da 
Câmara e do Senado, conforme art. 60, § 3.º, da Constituição Federal.
 Após  a  promulgação,  deve  seguir-se  a  publicação  da  lei.  Pela 
publicação, leva-se ao conhecimento do povo a existência da lei. 
 Compete a publicação à autoridade que promulga o ato. 
Direito Constitucional
Professora Amanda Almozara
56
 A publicação é condição para que a lei se torne exigível, obrigatória. É 
feita pelo Diário Oficial (da União, se lei federal).
 
1.5. Vacatio Legis
 A vigência da lei pode ou não coincidir com a data de sua publicação. 
Vacatio legis  é  o  nome  que  se  dá  ao  intervalo  entre  a  data  da 
publicação da lei e sua vigência.
 No silêncio a esse respeito, a lei começará a vigorar em todo território 
nacional 45 dias após sua publicação,  conforme estabelece a Lei de 
Introdução  ao  Código  Civil.  Contam-se  como  dias  corridos,  sem 
suspensão  ou  interrupção,  excluindo-se  o  dia  do  começo  e 
computando-se o do encerramento. 
 Nos Estados estrangeiros, quando admitida, a  lei brasileira começa a 
vigorar três meses após a sua publicação. 
 Se,  antes  de  a  lei  entrar  em  vigor,  ocorrer  nova  publicação  de  seu 
texto,  destinada  à  correção,  o  prazo  da  vacatio legis  começará  a 
correr, em sua integralidade, a partir da nova publicação. 
 A  correção  do  texto  de  lei  já  em  vigor  é  considerada  lei  nova, 
submetendo-se a novo período de vacatio legis. 
Direito Constitucional
Professora Amanda Almozara
57
 Salvo  disposição  expressa  em  sentido  contrário,  a  lei  é  editada  por 
prazo  indeterminado,  permanecendo  em  vigor  mesmo  que  decorra 
muito tempo sem que seja aplicada. 
 A revogação, que pode ser total (ab-rogação) ou parcial (derrogação), 
deve ocorrer de forma expressa, conforme determina o art. 9.º da LC 
n. 95/98. Havendo flagrante omissão legislativa nesse sentido, há que 
se admitir a revogação tácita na forma prevista pela Lei de Introdução 
ao Código Civil (decorrente da incompatibilidade da lei nova com a lei 
anterior). 
 Uma  lei  pode  ter  sua  eficácia  suspensa  caso  seja  declarada 
inconstitucional  em  ação  direta  de  inconstitucionalidade,  não 
dependendo de deliberação do Senado Federal.
 O  inc.  X  do  art.  52  da Constituição  Federal,  portanto,  só  é  aplicável 
quando  o  Supremo  Tribunal  Federal    reconhecer  a 
inconstitucionalidade  de  uma  lei  em  um  caso  concreto,  incidenter 
tantum,  hipótese  na  qual,  em  princípio,  a  declaração  de 
inconstitucionalidade só produza efeito entre as partes envolvidas no 
processo.
Direito Constitucional
Professora Amanda Almozara
58
 Uma lei já promulgada pode ser revogada antes mesmo de entrar em 
vigor, bastando para tanto que uma lei incompatível com ela entre em 
vigor.
 Salvo  expressa  disposição  em  sentido  contrário,  a  lei  anterior,  já 
promulgada, é revogada quando a lei nova entra em vigor. 
 Os itens 4 e 5 do art. 263 da Lei n. 8.069/90 – Estatuto da Criança e do 
Adolescente –, que fixavam as penas nos casos em que as vítimas de 
estupro e atentado violento ao pudor eram menores de 14 anos, foram 
revogados, antes mesmo de entrarem em vigor, pelo art. 9.º da Lei n. 
8.072/90,  que  dispõe  sobre  os  crimes  hediondos,  tratando  das 
mesmas  hipóteses  e  entrando  em  vigor  na  data  de  sua  publicação, 
25.7.1990.  Tais  disposições  do  ECA,  portanto,  foram  revogadas 
durante a vacatio legis. 
 Tal fato ocorreu porque o ECA, embora só tenha entrado em vigor no 
dia  12.10.1990,  foi  promulgado  em 13.7.1990. Ou  seja,  já  tinha  sido 
promulgado quando a lei nova entrou em vigor (25.7.1990). 
Direito Constitucional
Professora Amanda Almozara
59
1.6. Da Repristinação
 O sistema legislativo brasileiro não adotou a repristinação. Pelo efeito 
repristinatório,  a  revogação  de  uma  lei  revogadora  restaura 
automaticamente os efeitos da lei revogada por ela. 
 A Lei de  Introdução ao Código Civil, art. 2.º, § 3.º, dispõe a  respeito: 
“salvo disposição expressa em sentido contrário, a lei revogada não se 
restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência”. 
	Direito Constitucional – Professora Amanda Almozara
	Slide 2
	Slide 3
	Slide 4
	Slide 5
	Slide 6
	Slide 7
	Slide 8
	Slide 9
	Slide 10
	Slide 11
	Slide 12
	Slide 13
	Slide 14
	Slide 15
	Slide 16
	Slide 17
	Slide 18
	Slide 19
	Slide 20
	Slide 21
	Slide 22
	Slide 23
	Slide 24
	Slide 25
	Slide 26
	Slide 27
	Slide 28
	Slide 29
	Slide 30
	Slide 31
	Slide 32
	Slide 33
	Slide 34
	Slide 35
	Slide 36
	Slide 37
	Slide 38
	Slide 39
	Slide 40
	Slide 41
	Slide 42
	Slide 43
	Slide 44
	Slide 45
	Slide 46
	Slide 47
	Slide 48
	Slide 49
	Slide 50
	Slide 51
	Slide 52
	Slide 53
	Slide 54
	Slide 55
	Slide 56
	Slide 57
	Slide 58
	Slide 59

Outros materiais

Materiais relacionados

Perguntas relacionadas

Perguntas Recentes