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Patologia Geral. Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto USP Faculdade e Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto USP INFLAMAÇÃO

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Inflamação – Teresa Lamano/2008 
 
 
 
 
 
 
Patologia Geral 
 
 
 
 
 
 Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto - USP 
Faculdade e Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto - USP 
 
 
 
 
 
 
 
 
INFLAMAÇÃO 
 
 
 
 
 
 
 
Profa. Dra. Teresa L. C. Lamano 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ribeirão Preto 
-2008- 
 
Inflamação – Teresa Lamano/2008 
 
1 
 A inflamação é uma resposta dos tecidos conjuntivos vascularizados às 
agressões de diversas naturezas (infecções microbianas, queimaduras, radiações, 
traumatismos mecânicos, toxinas, substâncias cáusticas, presença de tecido 
necrótico etc.), visando a destruir, diluir ou limitar a disseminação do agente 
agressor. Infecção, isto é, a invasão e multiplicação de microrganismos nos tecidos, 
é um dos tipos de agressão que podem desencadear uma resposta inflamatória. 
 
Além da função voltada para a defesa contra agentes agressores, a resposta 
inflamatória deflagra uma série de fenômenos que têm início durante suas primeiras 
fases mas atingem o auge após a eliminação do agente agressor, e que visam o 
reparo dos tecidos lesados. 
 
INFLAMAÇÃO ⇒⇒⇒⇒ DEFESA + REPARO 
 
Com a agressão dos tecidos são liberados mediadores químicos que 
provocam dilatação das arteríolas e aumento de permeabilidade dos capilares e 
vênulas, o que permite um maior afluxo de sangue para a área agredida, bem como 
a exsudação (extravasamento) de líquido, proteínas e células de defesa para o 
espaço intersticial. Com a exsudação líqüida, que resulta no edema inflamatório, o 
sangue torna-se gradativamente mais viscoso, pelo aumento da concentração de 
hemácias, e a corrente circulatória dos pequenos vasos torna-se cada vez mais 
vagarosa, culminando com a estase sangüínea (pequenos vasos dilatados e 
repletos de hemácias). Ao mesmo tempo, ocorre a migração dos leucócitos através 
da parede vascular para o espaço intersticial (diapedese ou emigração 
leucocitária). 
 
Os fenômenos citados acima são inespecíficos, isto é, constituem a fase 
inicial (aguda) de qualquer tipo de resposta inflamatória, e são denominados de 
fenômenos vasculares-exsudativos. 
 
1. FENÔMENOS VASCULARES-EXSUDATIVOS 
 
O primeiro evento desencadeado pela ação do agente agressor é uma 
contração arteriolar transitória, que dura poucos segundos. Segue-se a liberação de 
mediadores químicos (por exemplo, as prostaglandinas) que provocam a dilatação 
das arteríolas, ocasionando aumento do fluxo de sangue para os capilares e 
Inflamação – Teresa Lamano/2008 
 
2 
vênulas da região (hiperemia ativa). Conseqüentemente, ocorre a dilatação desses 
pequenos vasos e o aumento da pressão hidrostática intravascular suficiente para 
promover maior exsudação de líqüido e cristalóides. 
 
Ao mesmo tempo, a liberação de outro grupo de mediadores químicos 
(histamina, bradicinina, leucotrienos, anafilatoxinas etc.) provoca aumento da 
permeabilidade das vênulas, que resulta na exsudação de um líqüido plasmático 
rico em proteínas. 
 
O aumento da permeabilidade venular, que leva à formação do edema 
inflamatório, é a marca registrada da inflamação aguda. 
 
 
1.1. Aumento de Permeabilidade Venular →→→→ Edema 
 
 Os capilares e vênulas são livremente permeáveis à água e às pequenas 
partículas do sangue (sais minerais, aminoácidos, glicose, vitaminas etc.), mas não 
às proteínas. O aumento de permeabilidade, responsável pela formação do edema 
inflamatório, significa o aumento de permeabilidade às proteínas sangüíneas. Em 
resposta às substâncias vasoativas liberadas no sítio da inflamação as células 
endoteliais se contraem, aumentando o tamanho das junções (poros) entre elas e 
permitindo o extravasamento de proteínas que normalmente estariam impedidas de 
sair dos vasos. Quando isto acontece, altera-se o equilíbrio hidrodinâmico resultante 
da contraposição das pressões osmótica e hidrostática do espaço intersticial e do 
interior do vaso: 
 
� a dilatação arteriolar provoca aumento do fluxo de sangue, levando ao aumento 
da pressão hidrostática no interior dos capilares e vênulas, o que contribui para o 
aumento da filtração de líquido para o espaço intersticial; 
� o aumento de permeabilidade, que acomete principalmente as vênulas, permite 
a exsudação de proteínas, fato que determina diminuição da pressão osmótica 
no interior dos vasos e seu aumento no líquido intersticial; 
� o equilíbrio hídrico perturbado dessa maneira leva à formação de maior 
quantidade de líquido intersticial, dando origem ao edema inflamatório; 
Inflamação – Teresa Lamano/2008 
 
3 
� o líqüido de edema tende a ficar retido, pois a maior pressão osmótica do 
espaço intersticial dificulta seu retorno (drenagem) para os vasos sangüíneos e 
linfáticos. 
 
 O líqüido de edema rico em proteínas sangüíneas, principalmente em 
albumina, se apresenta ao exame histológico homogeneamente corado de rosa e 
recebe o nome de exsudato seroso. Ao permanecer retido no espaço intersticial, é 
importante para a diluição do agente agressor, diminuindo seu potencial lesivo, além 
de servir de veículo para mediadores inflamatórios de origem sangüínea. 
 
exsudato seroso ⇒⇒⇒⇒ diluição do agente agressor + transporte de mediadores 
 
Nas agressões de grande intensidade pode ocorrer um aumento acentuado da 
permeabilidade vascular, permitindo a exsudação de proteínas de maior peso 
molecular, como o fibrinogênio, que coagula formando massas compactas e 
grosseiras de fibrina (e não uma coleção líqüida, como no edema). Esse exsudato, 
denominado exsudato fibrinoso, forma uma malha que delimita o foco inflamatório 
e tende a limitar a disseminação de microrganismos, dificultando inclusive sua 
drenagem por via linfática, que poderia ser um fator de veiculação do agente 
infeccioso para outras áreas do organismo. O exsudato fibrinoso é importante, 
também, para revestir provisoriamente as superfícies epiteliais ulceradas, 
constituindo a pseudomembrana fibrinosa. Além disto, ele constitui o substrato 
físico e químico necessário para que, numa fase porterior do processo inflamatório, 
aconteça o reparo. 
 
exsudato fibrinoso ⇒⇒⇒⇒ limita disseminação do agente agressor + 
revestimento de áreas ulceradas + substrato para o reparo 
 
A experimentação em laboratório tem mostrado que o edema inflamatório 
pode apresentar variações em seu tempo de instalação e/ou duração, dependendo 
da natureza ou intensidade da agressão, bem como em resposta a mediadores 
vasoativos específicos. O edema inflamatório mediado pela histamina é imediato e 
de curta duração (resposta imediata transitória), atingindo um pico por volta de 5-
10 minutos e diminuindo rapidamente a partir daí. O aumento de permeabilidade 
decorre da contração das células endoteliais das vênulas, provavelmente por serem 
os vasos com maior quantidade de receptores para este mediador. Outros 
Inflamação – Teresa Lamano/2008 
 
4 
mediadores também provocam contração das células endoteliais de vênulas e 
aumento de permeabilidade, porém o edema resultante apresenta algumas 
diferenças no tempo de instalação e na duração. O edema retardado prolongado 
tem uma latência entre a agressão e sua instalação e uma duração de várias horas 
ou mesmo dias. A agressão térmica moderada provoca edema após 15-75 minutos, 
que atinge o máximo após 4 horas e tem duração total de cerca de 8 horas, sendo 
mediado muito provavelmente pela bradicinina. O edema pode também instalar-se 
subitamente e manter-se por tempo prolongado, chegando a permanecer por vários 
dias (resposta imediata mantida), em situação de agressão grave (queimadura 
severa, algumas toxinas bacterianas) que ocasiona necrose das células endoteliais 
de capilares,vênulas e arteríolas. Nesses casos, o edema dura o tempo necessário 
para o trombosamento ou o reparo das paredes vasculares. Esses padrões de 
edema inflamatório constituem modelos experimentais e devem coexistir em muitas 
respostas inflamatórias humanas, nas quais há uma gradação de gravidade a partir 
do local da agressão. 
 
Uma observação experimental importante é que o edema é normalmente de 
pequena intensidade em resposta à ação exclusiva dos mediadores de aumento de 
permeabilidade, mas é grandemente potencializado pela presença de substâncias 
vasodilatadoras, como as prostaglandinas. 
 
 
O edema inflamatório resulta da ação conjunta dos diferentes 
mediadores da vasodilatação e do aumento da permeabilidade. 
 
 
Existem situações em que o edema não contem (ou é muito pobre em) proteínas 
plasmáticas, sendo constituído principalmente de água e cristalóides. Este líqúido de edema, 
transparente ao exame histológico, denomina-se transudato e se forma principalmente em 
decorrência de outras situações patológicas (insuficiência cardíaca, obstrução venosa, 
desnutrição etc.) que levam ao aumento da pressão hidrostática intravascular, à diminuição 
da quantidade de proteínas no sangue ou à obstrução da drenagem linfática, e que serão 
estudadas no capítulo dos Distúrbios Circulatórios. 
 
1.2. Exsudação de Leucócitos 
 
 Uma função primordial da resposta inflamatória é levar leucócitos à 
região agredida, pois muitos deles desempenham papel importante na defesa, 
Inflamação – Teresa Lamano/2008 
 
5 
fagocitando ou produzindo substâncias que destróem microrganismos e tecidos 
necróticos, que inativam ou degradam antígenos. Os neutrófilos, monócitos, linfócitos 
e eosinófilos chegam ao sítio da agressão pela corrente circulatória, atravessam a 
parede dos vasos e migram em direção ao sítio de agressão. 
 
 O conteúdo de uma corrente circulatória normal, nos pequenos vasos 
sangüíneos, está dividido em duas zonas: uma zona periférica ou marginal, em 
contato com o endotélio, constituída basicamente de soro e livre de células, e uma 
corrente central, em que se concentram as células sangüíneas (hemácias e 
leucócitos). À medida em que se forma o edema, a corrente circulatória torna-se 
progressivamente mais lenta e desenvolve-se a estase, os leucócitos dirigem-se da 
corrente central para a marginal - denomina-se marginação leucocitária a esse 
deslocamento. Uma vez na corrente marginal, os leucócitos aderem à superfície 
endotelial interna, inicialmente de forma individual e transitória (rolagem de 
leucócitos) e depois formando fileiras de células firmemente aderidas, que 
pavimentam internamente a parede vascular como os ladrilhos que revestem uma 
superfície - a esse fenômeno denomina-se pavimentação leucocitária. 
 
Os leucócitos que estão aderidos às paredes dos vasos graças à presença de 
moléculas de adesão, atravessam-na insinuando pseudópodos nas junções entre as 
células endoteliais e alcançam o espaço intersticial, onde continuam a se 
movimentar. Sua passagem através da parede vascular acontece principalmente nas 
vênulas e é denominada emigração leucocitária ou diapedese. O tipo celular que 
atravessa as paredes vasculares varia em função do tempo e do tipo de agressão: 
nas primeiras 24 horas após as agressões predominam os neutrófilos, que são 
progressivamente substituídos pelos monócitos nas próximas 24-48 horas. No 
entanto, os linfócitos podem ser as primeiras células a chegar, nas infecções virais, e 
em alguns tipos de reações de hipersensibilidade os eosinófilos são, desde o início, o 
principal tipo celular. A explicação para isto deve ser a ativação de diferentes pares 
de moléculas de adesão e a presença de diferentes fatores quimiotáxicos, nas 
diferentes fases da resposta inflamatória. Além disso, deve-se considerar que os 
neutrófilos tem vida curta nos sítios de inflamação, sofrendo apoptose em 24-48 
horas e, a não ser que sejam continuamente recrutados da corrente circulatória, 
desaparecem num curto período de tempo. 
 
Inflamação – Teresa Lamano/2008 
 
6 
leucócitos: marginação ⇒⇒⇒⇒ pavimentação ⇒⇒⇒⇒ emigração ou diapedese 
 
A aderência entre os leucócitos e o endotélio é possível graças à 
existência de moléculas complementares (moléculas de adesão e respectivos 
receptores existentes na superfície dos leucócitos e das células endoteliais) que 
interagem de forma específica, como chave e fechadura. Elas pertencem a 4 famílias 
moleculares (as seletinas, integrinas, imunoglobulinas e glicoproteínas) que, por 
diferentes mecanismos, podem ter sua atividade modulada ou induzida por produtos 
bacterianos, por mediadores da resposta inflamatória ou mesmo pelos anti-
inflamatórios. 
 
Algumas seletinas não existem no endotélio normal, mas mediadores como a 
interleucina 1 (IL-1) e o fator de necrose tumoral (TNF) induzem sua síntese e 
expressão na superfície das células endoteliais (indução de moléculas de adesão). 
Outras seletinas existem em grânulos localizados no interior do citoplasma das 
células endoteliais e, sob estímulo da histamina e de outros mediadores, elas se 
redistribuem para a superfície da célula (redistribuição de moléculas de adesão), 
podendo ligar-se a receptores específicos localizados na superfície de leucócitos. 
Algumas integrinas presentes na superfície de leucócitos, quando ativadas por 
fatores quimiotáxicos, passam de uma forma de baixa afinidade para uma forma de 
alta afinidade pelo receptor específico, localizado na superfície da célula endotelial 
(aumento da avidez de ligação).A importância desses processos para garantir o 
sucesso das respostas inflamatórias fica patente em indivíduos portadores de uma 
deficiência genética da biossíntese de proteínas leucocitárias de adesão, que os 
torna sujeitos a infecções bacterianas recorrentes. 
 
2. QUIMIOTAXIA E FAGOCITOSE 
 
 
Após a emigração, os leucócitos dirigem-se diretamente para o local da injúria 
graças à quimiotaxia, uma resposta direcional (locomoção dirigida) orientada por um 
gradiente químico. A quimiotaxia, que habilita os leucócitos a alcançarem o agente 
agressor em maior número, num menor período de tempo e com menor gasto de 
energia, ocorre graças à existência de receptores específicos para agentes 
quimiotáxicos, localizados em sua superfície. A ligação entre o agente quimiotáxico e 
Inflamação – Teresa Lamano/2008 
 
7 
o receptor provoca liberação de cálcio das reservas intracelulares e aumento do 
cálcio citoplasmático, o que deflagra a montagem dos elementos contráteis (actina e 
miosina), culminando com o movimento amebóide celular. 
 
Diferentes agentes, exógenos ou endógenos, exercem quimiotaxia para os 
diferentes leucócitos: 
� produtos de microorganismos; 
� mediadores plasmáticos (em especial o componente C5a do sistema 
complemento); 
� produtos das próprias células da inflamação (leucotrienos e 
algumas citocinas, como a IL-8). 
 
quimiotaxia: produtos de microorganismos + C5a + leucotrienos + IL-8 etc. 
 
 
A fagocitose é um processo de ingestão realizado por uma célula e é um 
fenômeno importante da inflamação, realizada principalmente por neutrófilos e 
macrófagos. Ao se encontrarem, a partícula a ser ingerida e a célula fagocitária 
acoplam-se, um fenômeno que exige reconhecimento e fixação. Algumas vezes a 
célula fagocitária é capaz de reconhecer e ingerir a partícula diretamente, mas na 
maioria das vezes a fagocitose só é possível após o envolvimento das partículas por 
opsoninas. As opsoninas são fatores naturais do soro (por exemplo, um fragmento 
da imunoglobulina G e o fator C3b do sistema complemento) que se ligam a 
partículas facilitando a fixação de células fagocitárias. Após a fixação, as células 
fagocitárias emitem pseudópodos que envolvem completamente aspartículas dentro 
de um vacúolo (fagossomo) delimitado por parte da sua própria membrana 
citoplasmática. Para dentro deste vacúolo são liberados produtos bactericidas e 
bacteriostáticos, preexistentes ou recém-formados nos lisossomos. A fagocitose 
culmina com a destruição do agente agressor no interior dos fagolisossomos. 
Portanto, a fagocitose se dá em três etapas: inicialmente o reconhecimento e 
fixação do leucócito às partículas/microrganismos, seguida da ingestão das 
partículas/microrganismos pelo leucócito e, finalmente, da degradação das 
partículas/microrganismos no interior de fagolisossomos do leucócito. 
 
Um mecanismo importante para a destruição de microrganismos no interior 
dos fagolisossomos é dependente de oxigênio: a fagocitose estimula o consumo de 
Inflamação – Teresa Lamano/2008 
 
8 
oxigênio e a produção de metabólitos reativos, que são convertidos em peróxido de 
hidrogênio (H2O2). O H2O2, por sua vez, na presença de Cl- é convertido, pela 
enzima mieloperoxidase, em HOCl. 
 
O sistema H2O2-mieloperoxidase-HOCl é o mais potente agente bactericida 
dos neutrófilos e é também efetivo contra fungos, vírus, 
protozoários e helmintos. 
 
A destruição de microrganismos dá-se também por produtos lisossômicos das 
células fagocitárias independentes do oxigênio, tais como: 
� proteínas catiônicas, que aumentam a permeabilidade da membrana 
de microorganismos; 
� lisozima, que hidrolisa e destrói bactérias; 
� lactoferrina, que inibe o crescimento de bactérias (bacteriostática); 
� hidrolases ácidas, que degradam bactérias mortas. 
 
 Durante a fagocitose, os leucócitos ativados podem liberar para o meio 
exracelular estes metabólitos tóxicos e também proteases, potencialmente danosos 
para o tecido. Existem evidências de exocitose e também de extravasamento 
(regurgitamento) de parte das enzimas lisossômicas e de metabólitos reativos do 
oxigênio, que contribuem para a destruição de microrganismos mas podem levar à 
lesão tecidual e amplificar os efeitos do estímulo agressor que desencadeou a 
resposta inflamatória. Portanto, os próprios leucócitos podem atuar como agente 
agressor, causando algumas doenças de natureza inflamatória. 
 
3. MEDIADORES QUÍMICOS DA INFLAMAÇÃO 
 
 Os fenômenos da inflamação, descritos até aqui, são mediados por um grande 
número de substâncias de origem sangüínea ou celular. Alguns mediadores estão 
presentes no sangue na forma de precursores, que necessitam ser ativados para 
adquirir atividade biológica. Os mediadores de origem celular podem estar 
armazenados em grânulos citoplasmáticos (por exemplo, a histamina armazenada 
em grânulos de mastócitos) ou requerem nova formação (como é o caso das 
prostaglandinas). Muitos mediadores estimulam a liberação de outros mediadores, 
exercendo uma ação sinérgica (cooperativa), e muitos deles têm vida curta após sua 
Inflamação – Teresa Lamano/2008 
 
9 
liberação ou ativação (por exemplo, inativação das bradicinina pela cininase e a 
remoção de metabólitos do oxigênio, por anti-oxidantes). Como a maioria dos 
mediadores são potencialmente danosos para os tecidos, esses sistemas de 
regulação/inativação são importantes para manter o equilíbrio das respostas 
inflamatórias 
 
3.1. Histamina 
 
A histamina é armazenada pré-formada em células sangüíneas (basófilos) e 
em mastócitos do tecido conjuntivo, sendo liberada em resposta direta à agressão 
ou por ação de outros mediadores da inflamação (como C3a, C5a, IL-1) ou de 
neurotransmissores (substância P). A histamina provoca contração das células 
endoteliais das vênulas e é o principal mediador da fase inicial do aumento de 
permeabilidade e do edema inflamatório. A fase tardia e mais duradoura do 
edema não é inibida por anti-histamínicos e sua manutenção deve-se a outros 
mediadores químicos ativados em fases consecutivas da resposta inflamatória. 
 
3.2. Bradicinina 
 
A bradicinina é um polipeptídeo que se forma pela clivagem da glicoproteína 
plasmática cininogênio, por ação da enzima calicreína, é um potente mediador do 
aumento de permeabilidade venular, além de provocar dilatação arteriolar 
discreta e dor, quando injetada na pele. A cascata de clivagens proteicas que culmina 
com a formação da bradicinina tem início com a ativação do fator XII do sistema de 
coagulação pelo contato com a membrana basal dos vasos sangüíneos, com o 
colágeno ou com plaquetas ativadas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CASCATA DE COAGULAÇÃO
Fator XII (de Hageman)
Fator XII a
colágeno,
membrana basal
plaquetas ativadas
calicreina pré-calicreína
cininogênioBRADI CI NI NA
XI XIa
protrombina trombina
fibrinogênioFI BRI NA
CASCATA DE CININAS
 
Inflamação – Teresa Lamano/2008 
 
10 
3.3. Sistema Complemento 
 
O sistema complemento é constituído por 9 proteínas plasmáticas inativas 
(C1 a C9), mais os produtos de sua clivagem, num total de 20 componentes, e é 
ativado por complexos antígeno-anticorpo, por polissacarídeos da superfície de 
microrganismos etc. A cascata do complemento atua junto do sistema imunológico, 
produzindo fragmentos protéicos que provocam a lise microbiana (fragmentos C5-9). 
Além disso, os fragmentos C3a, C3b e C5a atuam como mediadores de 
fenômenos da inflamação como o aumento de permeabilidade venular, a 
adesão de leucócitos ao endotélio, a quimiotaxia e a opsonização. O sistema é 
controlado por inibidores presentes na membrana de células normais, um 
mecanismo que também permite a distinção entre as células do hospedeiro e os 
microrganismos, protegendo o organismo contra a lise celular. 
 
 
O sistema complemento pode ser ativado, também, por enzimas 
proteolíticas presentes nos focos inflamatórios, dentre elas as enzimas 
lisossômicas de neutrófilos, levando à formação de C5a que exerce 
quimiotaxia para os próprios neutrófilos. Desta maneira, pode se auto-
perpetuar o ciclo de emigração dessas células, prolongando sua 
permanência nas respostas inflamatórias. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
neutrófilo
apoptose
ativação 
sistema complemeno
enzimas
 lisossômicas
C5a
quimiotaxia
 
Inflamação – Teresa Lamano/2008 
 
11 
3.4. Metabólitos do Ácido Aracdônico 
 
 O ácido aracdônico é um ácido graxo liberado a partir de fosfolipídeos das 
membranas celulares por ação da enzima fosfolipase em resposta a estímulos 
mecânicos, químicos ou físicos e também por mediadores da inflamação, como o 
C5a. Os metabólitos do ácido aracdônico, também denominados eicosanóides, são 
sintetizados por duas vias enzimáticas: a das enzimas lipoxigenases (LOX), que 
resulta na formação de leucotrienos e lipoxinas, e a das enzimas cicloxigenases 
(COX), que leva à formação de prostaglandinas e tromboxanos. Prostaglandinas e 
leucotrienos são encontrados nos sítios de inflamação, onde participam como 
mediadores de vários fenômenos. 
 
 As prostaglandinas estão envolvidas na patogênese da dor e da febre, além 
de provocar vasodilatação arteriolar e edema. Os leucotrienos são potentes 
agentes quimiotáxicos para neutrófilos, além de estimular, nestas células, 
atividades como adesão ao endotélio, produção de radicais livres e liberação de 
enzimas lisossômicas. Os leucotrienos também provocam aumento de 
permeabilidade venular, contribuindo para a formação do edema inflamatório. 
 
Os medicamentos anti-inflamatórios, analgésicos e anti-térmicos são 
administrados com o objetivo de controlar os sinais e sintomas exacerbados da 
resposta inflamatória, como o edema, a dor e a febre, e muitas vezes são utilizados 
prolongadamente em doenças crônicas de natureza inflamatória. Os 
corticosteróides são anti-inflamatórios hormonais potentes, que bloqueiam a 
formação de eicosanóidespela inativação das enzimas fosfolipases. Já os anti-
inflamatórios não-hormonais ou não-esteroidais (AINEs), tais como os derivados 
do ácido acetilsalicílico, a indometacina, a dipirona, os diclofenacos, o piroxicam, o 
rofecoxibe etc., inibem as enzimas COX, bloqueando a síntese de prostaglandinas. 
Pesquisas laboratoriais recentes voltam-se para a busca de novas drogas, capazes 
de inibir a síntese dos leucotrienos, ou então de “inibidores duais” das enzimas 
cicloxigenases e lipoxigenases. 
 
 
 
 
 
 
Inflamação – Teresa Lamano/2008 
 
12 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Faça uma busca bibliográfica para: 
 
- enzimas COX-1, COX-2 e COX-3 
- prostaglandinas constitutivas e indutivas 
- tipos de AINEs: inespecíficos, preferenciais e seletivos para COX-2 
- efeitos colaterais dos AINEs 
 
 
3.5. Citocinas 
 
Citocinas são proteínas produzidas por uma grande variedade de tipos 
celulares (células de naturezas epitelial e conjuntiva, células endoteliais, linfócitos e 
macrófagos ativados etc.) para modular a função da mesma célula que a produziu 
(controle autócrino) ou de outros tipos celulares localmente (controle parácrino). 
Alguns termos consagrados pelo uso: linfocinas (citocinas produzidas por linfócitos 
ativados), monocinas (citocinas produzidas por monócitos), interleucinas (citocinas 
produzidas por células hematopoiéticas que agem principalmente em leucócitos), 
fatores de crescimento (citocinas que estimulam a proliferação celular), 
quimiocinas (citocinas que atuam como agentes quimiotáxicos). 
 
LEUCOTRIENOS
PROSTAGLANDINAS
vasodilatação arteriolar
dor, febre
Cicloxigenases
(COX)
Lipoxigenases
(LOX)
fosfolipase A2
ácido aracdônico
Neutrófilos
adesão endotelial
quimiotaxia
radicaislivres
enzimas lisossômicas
���� permeabilidade
anti-inflamatórios hormonais
( glicocorticóides)
Membrana Celular : Fosfolipídeos
anti-inflamatórios
não-esteroidais
LEUCOTRIENOS
PROSTAGLANDINAS
vasodilatação arteriolar
dor, febre
Cicloxigenases
(COX)
Lipoxigenases
(LOX)
fosfolipase A2
ácido aracdônico
Neutrófilos
adesão endotelial
quimiotaxia
radicaislivres
enzimas lisossômicas
���� permeabilidade
anti-inflamatórios hormonais
( glicocorticóides)
Membrana Celular : Fosfolipídeos
anti-inflamatórios
não-esteroidais
 
Inflamação – Teresa Lamano/2008 
 
13 
Algumas citocinas são particularmente importantes como mediadoras dos 
fenômenos da inflamação, destacando-se a interleucina 1 (IL-1) e o fator de 
necrose tumoral (TNF), que exercem múltiplas ações em células endoteliais 
(incluindo o estímulo à síntese de moléculas de adesão), estimulam a liberação de 
neutrófilos para a circulação, desencadeiam a febre e a perda de apetite etc. 
 
IL-1 e TNF: importantes citocinas pró-inflamatórias 
 
 
 
 
 
 
 
 
3.6. Óxido Nítrico (NO) 
 
O NO é um gás que se forma por ação da enzima NO-sintase (NOS) sobre o 
amino-ácido arginina, e é liberado nos sítios inflamatórios por células endoteliais e 
por macrófagos ativados. Ele tem um tempo de vida e um raio de ação muito 
curtos e, portanto, atua apenas nas células das vizinhanças de sua liberação. Uma 
função importante do NO na resposta inflamatória é promover o relaxamento da 
musculatura lisa e conseqüentemente a vasodilatação arteriolar, além de participar 
da defesa contra infecções por exercer ação antimicrobiana. 
 
Faça uma busca bibliográfica para: 
� isoformas constitutiva e indutiva da enzima NOS ( eNOS, nNOS, iNOS) 
� funções fisiológicas e patológicas do NO 
 
RESUMO DOS MEDIADORES QUÍMICOS DA INFLAMAÇÃO 
 
 Como vimos, a agressão desencadeia a liberação de uma grande variedade 
de mediadores químicos, de origem plasmática ou celular, com múltiplas e 
complexas atividades, pois muitos deles atuam estimulando a liberação de outros 
mediadores. A lista de possíveis mediadores aumenta praticamente a cada novo 
Interleucina 1 (IL-1)
fator de necrose tumoral (TNF)
Células Endoteliais:
síntese de moléculas de adesão
Neutrófilos:
 liberação para a circulação
febre
perda de apetite
 
Inflamação – Teresa Lamano/2008 
 
14 
trabalho que enfoca os aspectos bioquímicos da inflamação. O esquema a seguir 
resume alguns dos que parecem ter relevância in vivo: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4. SINAIS E SINTOMAS CARDINAIS DA INFLAMAÇÃO AGUDA 
 
 A seqüência de eventos descrita até aqui, desencadeada pela ação do agente 
irritante sobre o tecido, explica a ocorrência dos 4 sinais cardinais da inflamação, 
enunciados por Celsus, um médico e cientista que viveu na época de Cristo (rubor, 
tumor, calor e dor), bem como o quinto sinal, introduzido posteriormente por 
Virchow, um patologista alemão do inicio dos anos 1800 (perda de função). 
 
 O rubor do tecido inflamado resulta da hiperemia local, determinada pelo 
aumento do fluxo sangüíneo e dilatação de capilares e vênulas da área envolvida na 
resposta inflamatória. O tumor (tumefação, inchaço) deve-se ao extravasamento e 
retenção de líqüido de edema no espaço intersticial da área inflamada. 
 
 Existem 3 motivos para o ocorrência de dor nos tecidos inflamados (dor 
inflamatória). Alguns mediadores químicos vasculares, como a bradicinina e a 
histamina, estimulam as terminações nervosas sensitivas (nociceptores = 
receptores sensíveis a estímulos potencialmente nocivos), gerando um impulso 
que se transmite pelo axônio em direção ao sistema nervoso central (medula 
espinhal e cérebro). As prostaglandinas provocam hipersensibilidade dos 
quimiotaxia
ativação leucócitos
C5a, leucotrienos
produtos de leucócitos
produtos bacterianos
febre
IL-1, IL-6, TNF
prostaglandinas prostaglandinas
bradicinina dor
lesão 
tissular
enzimas lisossômicas
metabólitos reativos O2
NO
vasodilatação
arteriolarprostaglandinas
NO
Interação
leucócito-endotélio
reações de fase aguda
(febre, neutrofilia...)
IL-1
, TN
F
histamina, C3a, C5a
bradicinina, leucotrienos
↑↑↑↑ permeabilidade
 
Inflamação – Teresa Lamano/2008 
 
15 
nociceptores (diminuem o limiar de excitabilidade), tornando os tecidos inflamados 
mais sensíveis a estímulos que normalmente produziriam pouca dor (hiperalgesia 
inflamatória). Além disso, sabe-se que as inflamações que ocorrem em tecidos que 
se tornam tensos quando relativamente pouco líqüido de edema se acumula neles, 
tais como os tecidos subcutâneos nas regiões em que a pele é intimamente aderida 
ao osso, ou em tecidos confinados em cavidades de paredes resistentes, como é o 
caso da polpa dental, são muito mais dolorosos do que inflamações semelhantes em 
tecidos que se distendem mais facilmente. Isto deve-se à pressão exercida pelo 
líqüido de edema sobre as terminações nervosas do tecido inflamado. 
 
 O aumento local de temperatura (calor) pode ser facilmente percebido em 
inflamações de tecidos superficiais, e deve-se ao aumento do afluxo de sangue 
(hiperemia), aliado ao aumento do metabolismo. 
 
O aumento sistêmico de temperatura (febre) deve-se à liberação de 
polipeptídeos denominados genericamente de pirógenos endógenos, dentre eles a 
interleucina 1 (IL-1) e o fator de necrose tumoral (TNF), que estimulam a síntese de 
prostaglandinas no centro termorregulador do hipotálamo. Como conseqüência, 
ocorre a liberação de neurotransmissores simpáticos no centro vasomotor 
hipotalâmico, desencadeando vasoconstrição periférica, diminuição da dissipação de 
calor e febre. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Existem evidências de que a febre, bem como os próprios pirógenos 
endógenos, desempenham um papel na defesa do organismo. Enquantoa elevação 
da temperatura corpórea tem um efeito danoso direto sobre as bactérias e seus 
produtos, os pirógenos estimulam a liberação de produtos bactericidas pelos 
neutrófilos (lisozima e lactoferrina) e estimulam a proliferação de linfócitos T in vitro. 
Hipotálamo posterior
(c. vasomotor)
IL-1, TNF
infecção, toxinas,
neoplasias
 prostaglandinaHipotálamo anterior
(c. termorregulador)
FEBRE
dissipação de calor
vasoconstrição
 periférica
 
Inflamação – Teresa Lamano/2008 
 
16 
 A diminuição ou perda de função dos órgãos inflamados é usualmente 
causada pela inibição reflexa dos movimentos musculares, relacionada com a dor, 
em adição à incapacidade mecânica que a tumefação pode determinar. Além disso, 
não só o agente agressor, como também os próprios elementos de defesa, provocam 
lesão de extensão variada nos tecidos inflamados, levando à diminuição da 
capacidade funcional do órgão envolvido no processo. 
 
5. CÉLULAS DA REAÇÃO INFLAMATÓRIA 
 
 Algumas células do organismo desempenham um papel relevante na defesa 
contra agentes agressores. A maioria delas chega ao local da injúria via corrente 
sangüínea, como acontece com os polimorfonucleares (neutrófilos e eosinófilos), os 
monócitos e os linfócitos. Outras constituem aquartelamentos locais de defesa, como 
os histiócitos (macrófagos móveis) e os linfócitos e plasmócitos dos folículos 
linfóides, disponíveis imediatamente após a injúria. Algumas dessas células cumprem 
a função de defesa elaborando substâncias específicas (anticorpos e linfocinas) que 
neutralizam ou destroem o agente agressor - são os linfócitos e plasmócitos da 
defesa imunológica. O outro tipo celular desempenha sua função fagocitando e 
digerindo, no seu interior, o agente agressor. É o caso dos macrófagos e leucócitos 
polimorfonucleares granulócitos (neutrófilos e eosinófilos). 
 
5.1. Neutrófilos 
 
 Os neutrófilos são leucócitos polimorfonucleares granulócitos (PMN), 
produzidos na medula óssea e lançados no corrente circulatória. No interior dos 
vasos constituem duas categorias: os neutrófilos circulantes, que representam cerca 
de 65% da totalidade dos leucócitos da corrente sangüínea, e os neutrófilos 
marginais, que permanecem em repouso, ligados ao endotélio vascular. 
 
Os neutrófilos são células típicas das inflamações gudas 
 
Eles predominam nas primeiras 24 horas após as agressões, constituindo a 
primeira linha de defesa celular. Os neutrófilos realizam fagocitose e em seguida 
sofrem apoptose (morte celular programada); portanto, após 24-48 eles vão sendo 
progressivamente substituídos pelos monócitos, que sobrevivem por mais tempo. 
Inflamação – Teresa Lamano/2008 
 
17 
Além disso, os fatores quimiotáxicos para neutrófilos e monócitos são ativados em 
períodos diferentes da inflamação, mantendo a emigração de monócitos após ter 
cessado a de neutrófilos. Embora os neutrófilos sejam células características das 
inflamações agudas eles também podem ser encontrados em inflamações crônicas 
de longa duração caso persistam bactérias ou tecido necrótico, ou então se eles 
forem continuamente recrutados por agentes quimiotáxicos. 
 
Nas infecções bacterianas observa-se usualmente aumento do número de 
neutrófilos na circulação (neutrofilia), promovida por fatores como a IL-1 e o TNF, 
que atuam sobre a medula óssea e levam à liberação de células de reserva. 
 
Em cada mililitro de sangue periférico de um adulto sadio, encontram-se de 4 a 9 mil 
leucócitos circulantes - leucocitose significa um aumento do número dessas células. 
Uma situação comum de leucocitose refere-se ao aumento do número de neutrófilos 
(neutrofilia) e significa que se instalou no organismo uma infecção aguda. A 
diminuição do número de leucócitos circulantes denomina-se leucopenia, e ocorre 
em condições patológicas como a febre tifóide, em que há lesão da medula óssea, 
e na agranulocitose, provocada principalmente por sensibilidade do organismo a 
certos medicamentos. A leucopenia é uma condição patológica grave, pois deixa o 
organismo à mercê dos microrganismos. 
 
Os neutrófilos são células pequenas, incapazes de ingerir fragmentos de 
células e tecidos e também ineficazes na fagocitose de partículas como carvão, sílica 
e lipídeos, as quais são mais eficientemente fagocitadas por macrófagos. Os 
neutrófilos fagocitam principalmente bactérias e, dentre essas, aquelas que realizam 
parasitismo extracelular, por exemplo os cocos. Os microrganismos que realizam 
parasitismo intracelular, como algumas bactérias (da tuberculose, brucelose, 
salmonelose e outras), os fungos, protozoários, vírus e ricketsias, suscitam uma 
resposta inflamatória mais duradoura, cuja defesa está a cargo de macrófagos, 
linfócitos e plasmócitos. 
 
As granulações citoplasmáticas dos neutrófilos são lisossomos repletos de 
enzimas digestivas, algumas delas agentes bactericidas ou bacteriostáticos, como a 
lisozima, a lactoferrina, o H2O2 e as hidrolases ácidas. Existem também 
proteases neutras (colagenase, elastase, catepsina etc.), que são potencialmente 
capazes de digerir os próprios elementos tissulares como o colágeno, a fibrina, a 
elastina e a cartilagem. Em circunstâncias particulares, essas enzimas podem ser 
liberadas para o espaço extracelular e levar à formação de pus. 
 
Inflamação – Teresa Lamano/2008 
 
18 
Formação de Pus. Como já vimos, as enzimas digestivas das células 
fagocitárias realizam a digestão do material fagocitado no interior dos fagolisossomos 
e, durante o processo de fagocitose, ocorre o extravasamento (regurgitamento), para 
o meio extracelular, de parte dessas enzimas, que podem assim contribuir para a 
lesão tecidual. No entanto, quando o leucócito morre toda a sua bateria enzimática é 
liberada para o tecido, realizando ainda a importante função de digerir fibrina, restos 
de células e de bactérias mortas, auxiliando na limpeza da área de inflamação. Nas 
inflamações agudas os neutrófilos são abundantes e, ao morrerem, liberam para o 
meio suas enzimas digestivas, entre elas as proteases neutras, capazes de digerir 
os elementos normais dos tecidos. Contudo, quando isto acontece o tecido está 
usualmente banhado de líqüido de edema rico em anti-proteases provenientes do 
soro. Desse modo, na maioria das respostas inflamatórias as proteases neutras 
liberadas pelos neutrófilos mortos são convenientemente inativadas e não provocam 
grande extensão de lesão tissular. Este é um processo de controle da resposta 
inflamatória, que visa a mantê-la dentro de limites em que não venha a ser 
prejudicial. Nas inflamações agudas da pleura, do peritônio e de outras superfícies 
serosas, bem como na pneumonia, em que o edema é abundante, não costuma 
ocorrer digestão do tecido. Quando, no entanto, um irritante violento age sobre um 
tecido em que há pouco espaço para a exsudação líqüida, um grande número de 
neutrófilos se acumula num espaço confinado de tecido, liberando grande quantidade 
de enzimas digestivas. O resultado é a dissolução local de tecido, levando à 
formação de pus ou exsudato purulento - denomina-se inflamação purulenta aquela 
em que se forma quantidade significativa de pus 
 
O pus é um material semi-sólido constituído dos restos da digestão do tecido e de células 
de defesa, em sua maioria polimorfonucleares neutrófilos, dos quais a maior parte 
encontra-se necrosada e com o núcleo fragmentado (piócitos). Os macrófagos estão 
geralmente presentes fagocitando neutrófilos mortos e restos de tecido necrosado, ocasião 
em que podem transformar-se em células espumosas (macrófagos com citoplasma 
volumoso, claro e repleto de gordura fagocitada). 
 
Abscesso é uma coleção purulenta localizada, circundada por tecido 
inflamado densamente infiltrado de neutrófilos (membrana piogênica), que se 
forma, na maioria dasvezes, nas infecções por estafilococos, que são ditas 
bactérias piogênicas devido a sua capacidada em atrair grande quantidade de 
neutrófilos que provocam destruição local do tecido. Enquanto a bactéria persistir, 
Inflamação – Teresa Lamano/2008 
 
19 
mais neutrófilos serão atraídos, mais tecido será liqüefeito e mais pus fresco se 
formará. Durante a digestão do tecido grandes moléculas são decompostas em 
moléculas menores, aumentando a pressão osmótica do interior do abscesso e 
consequentemente atraindo mais água dos tecidos vizinhos. Disso resulta que a 
pressão interna do abscesso aumenta, muitas vezes fazendo com que o pus abra 
caminho através dos tecidos, seguindo a linha de menor resistência, formando uma 
fístula que permite sua drenagem para o exterior. Pode acontecer de o 
microrganismo ser destruído pelas defesas do organismo antes que o pus seja 
drenado, e então o pus transforma-se num líqüido estéril, que é absorvido. Caso o 
volume desse líquido seja muito abundante, pode permanecer e ser encapsulado por 
um tecido conjuntivo fibroso e, eventualmente, nesses casos pode tornar-se 
calcificado. O furúnculo é um exemplo de inflamação abscedada da pele, associada 
aos folículos pilosos. 
 
Diferentemente dos estafilococos, os estreptococos costumam provocar 
respostas inflamatórias disseminadas, sem limites definidos, que se estendem por 
grandes áreas de tecido. Isto porque eles elaboram fibrinolisina, que destrói a trama 
de exsudato fibrinoso, e também hialuronidase, que digere a substância cimentante 
do tecido conjuntivo (ácido hialurônico), dessa maneira disseminando a resposta de 
defesa. O exame histológico mostra edema abundante e infiltração neutrofílica 
difusa, com mínima destruição tissular – nestas lesões, a formação de pus é rara e 
pouco significativa. São exemplos de respostas inflamatórias cutâneas 
desencadeadas por infecção estreptocócica a erisipela e a celulite bacteriana. A 
forma mais severa de disseminação bacteriana ocorre quando o microrganismo 
rompe a integridade da parede vascular e penetra na corrente circulatória, 
desencadeiando a septicemia. 
 
5.2. Fagócitos Mononucleares: Monócitos e Macrófagos 
 
Os macrófagos e monócitos pertencem ao Sistema Fagocitário Mononuclear, 
composto por células do sangue periférico e por células amplamente espalhadas 
pelos tecidos e cavidades do organismo, especializadas em funções de fagocitose e 
digestão intracelular. A partir da célula precursora, localizada na medula óssea, 
formam-se os monócitos, lançados na corrente sangüínea, onde constituem de 4% 
a 8% dos leucócitos circulantes. Os monócitos circulam por 1 ou 2 dias e invadem os 
Inflamação – Teresa Lamano/2008 
 
20 
tecidos - a grande maioria dos macrófagos dos focos de inflamação originam-se 
dos monócitos circulantes. Ao contrário dos neutrófilos, os macrófagos tem vida 
média de vários meses. 
 
Os macrófagos são células importantes das inflamações crônicas. 
 
Em muitos casos a defesa fagocitária está inteiramente a seu cargo, como nas 
infecções por vírus, fungos, protozoários, e por bactérias que realizam parasitismo 
intracelular. Seu arsenal de produtos antimicrobianos inclui: H2O2, lisozima, 
hidrolases ácidas, NO, interferon (substância antiviral) etc. Os macrófagos são 
capazes de fagocitar partículas de naturezas variadas e de grande tamanho, como 
células mortas, restos de tecido necrosado, microrganismos, complexos antígeno-
anticorpo, partículas de pigmento e carvão etc. Portanto, além da função de 
defesa, os macrófagos estão também envolvidas na limpeza da área de 
inflamação. Quando ativados por estímulos internos (produtos de linfócitos T 
sensibilizados e outros mediadores da inflamação) ou externos (produtos 
microbianos) aumentam seu metabolismo, passando a secretar produtos 
biologicamente ativos que atuam como mediadores de numerosos eventos da 
resposta inflamatória. Os macrófagos também secretam fatores de crescimento 
que orquestram o reparo dos tecidos danificados durante o processo inflamatório. 
Esses produtos incluem: 
 
� IL-1, TNF (citocinas pró-inflamatórias: febre, quimiotaxia para neutrófilos); 
� prostaglandinas e leucotrienos (mediadores vasoativos); 
� fatores de crescimento (capazes de promover a proliferação vascular e 
fibroblástica, característica do reparo tissular). 
 
Macrófagos: defesa, limpeza, secreção de mediadores, reparo 
 
Em algumas situações, os macrófagos assumem aspectos e características 
particulares, recebendo denominações especiais como: 
 
a) células espumosas, que são macrófagos que ingeriram gordura resultante 
da necrose dos tecidos, ficando com o citoplasma amplo e de aspecto 
espumoso; 
Inflamação – Teresa Lamano/2008 
 
21 
 
b) células gigantes multinucleadas, que resultam da fusão de vários 
macrófagos e podem ser de dois tipos principais: 
 
� as células gigantes tipo corpo estranho, encontradas freqüentemente ao redor 
de corpos estranhos grandes e insolúveis como fios de sutura, espinho, 
fragmentos de vidro. Elas apresentam uma massa citoplasmática volumosa, 
aleatoriamente ocupada por uma quantidade variável de núcleos irregulares; 
 
� as células gigantes tipo Langhans, características das doenças inflamatórias 
granulomatosas (tuberculose, blastomicose sul-americana, lepra, sífilis), 
apresentam os núcleos dispostos perifericamente em forma de círculo ou 
ferradura, ficando a área central ocupada por uma massa de citoplasma 
destinada à digestão de microrganismos fagocitados; 
 
c) as células epitelióides são macrófagos modificados, também típicos das 
reações inflamatórias granulomatosas. Elas apresentam citoplasma 
abundante e palidamente corado de rosa. A razão dessa modificação, 
bem como o seu significado, não são ainda completamente 
compreendidos. As células epitelióides possuem uma atividade 
fagocitária bem menor que a dos macrófagos comuns e sua ultra-estrutura 
sugere que elas devam estar adaptadas mais à secreção que à fagocitose. 
 
 Linfocinas produzidas por linfócitos T ativados (provavelmente o interferon 
IFN-γ) parecem ser importantes para a transformação de macrófagos em células 
epitelióides e em células gigantes tipo Langhans (veja detalhes em inflamações 
granulomatosas, mais adiante). 
 
5.3. Eosinófilos 
 
 Os eosinófilos, formados na medula óssea como os neutrófilos, distinguem-se 
pela granulação de seu citoplasma, que se cora intensamente de vermelho pela 
eosina, origem de seu nome. Constituem apenas 1 ou 2% dos leucócitos circulantes, 
mas podem aumentar até 20% ou mais. A eosinofilia, isto é, o aumento do número 
de eosinófilos circulantes, pode ser encontrada nas reações de hipersensibilidade 
Inflamação – Teresa Lamano/2008 
 
22 
(por exemplo, asma, urticária, febre do feno) e nas parasitoses (verminoses), quando 
os eosinófilos emigram dos vasos e se infiltram em grande quantidade pelos tecidos. 
 
Os eosinófilos são células típicas das reações imunológicas 
mediadas pela IgE (reações de hipersensibilidade) e das 
parasitoses. 
 
Nas parasitoses, eles não fagocitam mas aderem firmemente à superfície de 
parasitas multicelulares, liberando de seus grânulos lisossômicos proteínas capazes 
de dissolver a membrana dos parasitas. 
 
 
5.4. Linfócitos e Plasmócitos 
 
 Ao contrário das células fagocitárias, que ingerem os microrganismos e 
demais partículas estranhas destruindo-os no interior de fagolisossomos, as células 
da defesa imunológica (linfócitos e plasmócitos) secretam para o meio substâncias 
que vão inativar ou destruir o agente agressor. Os linfócitos e plasmócitos são 
mobilizados nas reações imunológicas e, por razões desconhecidas, também nas 
reações inflamatórias não-imunológicas (detalhes sobre os diferentes tipos destas células 
e de sua funçãoespecífica são objetos do conteúdo da disciplina de Imunologia). 
 
Os linfócitos são encontrados circulando no sangue e na linfa. Eles 
constituem cerca de 30% da população de leucócitos circulantes no sangue de um 
adulto normal, mas seu número aumenta consideravelmente (linfocitose) nas 
inflamações crônicas. Os linfócitos aparecem também formando os folículos linfóides 
nos tecidos conjuntivos das mucosas digestiva, respiratória e urinária, e estão 
presentes na medula óssea e nos órgãos linfóides (linfonodos, timo e baço). Eles 
originam-se de células precursoras primitivas da medula óssea, que sofrem 
proliferação e diferenciação nos órgãos linfóides. Os linfócitos aparecem tardiamente 
no curso das inflamações, alcançando os tecidos pela emigração através do 
endotélio vascular e também se locomovendo a partir dos folículos linfóides. 
 
Linfócitos e plasmócitos são células típicas das inflamações crônicas. 
 
Embora morfologicamente semelhantes, há dois tipos funcionalmente distintos 
de linfócitos: os linfócitos T (timo-dependentes) e os linfócitos B (timo-
Inflamação – Teresa Lamano/2008 
 
23 
independentes). Os linfócitos T diferenciam-se no timo ou mesmo em outros tecidos 
linfóides (chamados secundários), por ação de hormônios produzidos pelo timo. Os 
linfócitos B, por outro lado, diferenciam-se nos órgãos linfóides secundários, sem o 
estímulo dos hormônios do timo. 
 
 Os linfócitos T e B estão em constante tráfego entre os órgãos linfóides, 
através do sangue e da linfa, o que lhes dá grande chance de encontrar substâncias 
estranhas ao organismo (antígenos), quando então eles sofrem proliferação e 
diferenciação antígeno-dependente nos órgãos linfóides secundários e passam a 
elaborar substâncias dirigidas à eliminação ou neutralização daquele antígeno 
particular. Os plasmócitos resultam da diferenciação dos linfócitos B nos tecidos 
(folículos linfóides, gânglios linfáticos, baço) e aparentemente não penetram nas 
circulações sangüínea e linfática. Os linfócitos T citotóxicos são células efetoras da 
resposta imunológica celular (cito-mediada) enquanto os linfócitos B e os plasmócitos 
são células responsáveis pela resposta imunológica humoral. 
 
Na resposta imunológica celular, os linfócitos T citotóxicos elaboram linfocinas 
que atacam diretamente as células vizinhas, sendo portanto necessária a presença 
do linfócito no sítio da inflamação, daí o nome de imunidade celular ou mediada por 
células. A imunidade celular é típica da tuberculose, da rejeição de enxertos e 
das reações auto-imunes. As linfocinas elaboradas pelos linfócitos T promovem: 
 
� lise celular com o objetivo de destruir o antígeno; 
� quimiotaxia e estimulação de macrófagos e eosinófilos; 
� inibição da migração de macrófagos, favorecendo 
a formação de granulomas. 
 
Na resposta imunológica humoral, os linfócitos B e os plasmócitos 
fabricam anticorpos dirigidos contra o antígeno responsável por sua sensibilização. 
Ela pode ser transferida de indivíduos imunizados para indivíduos não-sensibilizados 
por meio de soro contendo o anticorpo específico. Os anticorpos são lançados na 
corrente circulatória e promovem: 
 
� neutralização do antígeno, formando complexos antígeno-anticorpo; 
� inibição da entrada de vírus às células; 
� ativação do sistema complemento. 
Inflamação – Teresa Lamano/2008 
 
24 
Algumas linfocinas produzidas por linfócitos ativados vão mediar eventos da 
resposta inflamatória - dentre elas o interferon-gama (IFN-γ), que é um importante 
estimulador de macrófagos. Por outro lado, algumas citocinas provenientes de 
macrófagos ativados (principalmente IL-1 e TNF) ativam linfócitos. Desta maneira, 
linfócitos e macrófagos têm uma ação cooperativa nas inflamações crônicas. 
 
Os macrófagos também participam das fases inicial e final da eliminação do 
antígeno. Na fase inicial eles fagocitam e destroem grande parte da substância 
antigênica, retendo em sua superfície uma pequena quantidade, que apresentam de 
forma concentrada ao linfócito (apresentação do antígeno). Na fase final os 
macrófagos, e também os eosinófilos, fagocitam os complexos antígeno-anticorpo 
precipitados, bem como os antígenos cuja viabilidade foi diminuída por ação dos 
linfócitos citotóxicos, realizando a limpeza da área da inflamação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6. TIPOS DE INFLAMAÇÃO 
 
 Embora o início da reação inflamatória seja estereotipado e inespecífico, o seu 
curso posterior depende de fatores associados tanto com o agente agressor quanto 
com as características do tecido agredido. Assim, conforme sejam a natureza, a 
concentração ou virulência do agente causal, o seu tempo de atuação sobre as 
células e tecidos, o tipo de tecido envolvido no processo, a capacidade de defesa, a 
resistência e o poder de recuperação do organismo, a resposta inflamatória adquirirá 
aspectos especiais. Por isso, as lesões inflamatórias podem apresentar uma grande 
outros
mediadores
IFN - ϒ
linfócito
macrófago
IL-1, TNF
linfócito
ativado
macrófago
ativado
metabólitos do O2
proteases, hidrolases, NO
f. quimiotaxia neutrófilos
prostaglandinas
leucotrienos
fatores de crescimento
fatores de angiogênese
 
Inflamação – Teresa Lamano/2008 
 
25 
variedade de quadros clínicos e histopatológicos, caracterizando os diferentes tipos 
de inflamação. 
 
6.1. Inflamações Aguda e Crônica : a classificação baseia-se na duração do 
processo inflamatório e na natureza do infiltrado celular 
 
 
 A - Inflamação Aguda 
 
A inflamação aguda é estereotipada, isto é, ocorre inespecificamente como 
resposta a uma grande variedade de agentes lesivos. Ela corresponde aos primeiros 
eventos da reação de defesa, em que predominam e são geralmente mais 
acentuados os fenômenos vasculares-exsudativos já descritos: dilatação arteriolar 
e aumento do fluxo sangüíneo para a região agredida; aumento de permeabilidade 
ocasionando a exsudação de líqüido e de proteínas plasmáticas e resultando no 
edema inflamatório; emigração de leucócitos, principalmente neutrófilos. 
 
A inflamação aguda caracteriza-se, clinicamente, por alterações locais 
representadas pelos quatro sinais cardinais: rubor, tumor, calor e dor (esta última 
geralmente forte e contínua). Dependendo da intensidade e da extensão da resposta 
inflamatória, podem ocorrer alterações sistêmicas que são desencadeadas por IL-1 e 
TNF: febre (geralmente alta), aumento da pulsação, aumento do metabolismo 
orgânico e da degradação protéica, aumento do sono, diminuição do apetite e 
neutrofilia. 
 
A inflamação aguda é, no geral, de curta duração, usualmente poucos dias. 
Se nessa fase os agentes de defesa forem eficientes em promover a eliminação do 
agente agressor, a lesão tecidual terá sido de pequena monta e a cura se processa 
de maneira completa e usualmente sem seqüelas. A resolução (restauração da 
normalidade) se processa com a neutralização dos mediadores químicos, a 
drenagem do líquido de edema, a remoção dos resíduos por células fagocitárias e a 
regeneração do parênquima danificado. Se a lesão tecidual for acentuada, ou caso 
não haja a remoção adequada do exsudato fibrinoso, forma-se no local um tecido 
cicatricial fibroso que substituirá o parênquima especializado. 
 
Se o agente agressor não for eliminado na fase aguda da inflamação, 
persistindo nos tecidos, tanto ele como os produtos da lesão tecidual serão 
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26 
reconhecidos como elementos estranhos, desencadeando a resposta inflamatória 
crônica. Por volta de 12 horas após a agressão inicial já se observam macrófagos na 
área inflamada. Cerca de 3 dias depois começa a se alterar o quadro histológico da 
inflamação, tornando-se o infiltrado celularpredominantemente linfoplasmocitário, 
característico da inflamação crônica. 
 
B - Inflamação Crônica 
 
 A resposta inflamatória crônica é característica de infecções persistentes por 
microrganismos que realizam parasitismo intracelular (fungos, vírus, algumas 
bactérias), que são usualmente de baixa toxicidade mas de difícil eliminação. Pode 
resultar também da exposição prolongada a agentes tóxicos ou a substâncias inertes 
não-degradáveis e das doenças auto-imunes. Macrófagos, linfócitos e 
plasmócitos são as células características da inflamação crônica. 
 
 As inflamações crônicas podem persistir por meses ou anos e os 
anticorpos específicos produzidos contra o agente agressor persistem também por 
longo tempo no organismo. A persistência da inflamação crônica pode trazer sérios 
problemas à capacidade funcional dos tecidos e órgãos e a cura demorada 
freqüentemente se faz com a formação de tecido fibroso cicatricial. É nesta fase que 
ocorre a proliferação de vasos sangüíneos e fibroblastos, caracterizando o início do 
reparo (veja em Reparo, mais adiante). Na inflamação crônica, simultaneamente 
aos processos inflamatórios ativos tem início o reparo dos danos. 
 
Os macrófagos são considerados um elemento central das inflamações 
crônicas, pela grande variedade de seus produtos: 
 
a) citocinas que desencadeiam o edema, a dor, a febre; 
b) agentes quimiotáxicos para outros tipos celulares; 
c) metabólitos do oxigênio e do NO, potencialmente danosos para os tecidos; 
c) fatores de crescimento que promovem proliferação de fibroblastos, síntese 
de colágeno e formação de novos vasos sangüíneos, estimulando o 
reparo dos danos. 
 
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A inflamação crônica pode desencadear sinais sistêmicos como febre (em 
geral intermitente e não muito alta), perda de peso, caquexia, linfocitose e 
monocitose no sangue periférico, aumento das gamaglobulinas plasmáticas. 
 
Como se viu, as inflamações agudas representam uma resposta imediata à agressão, são 
geralmente de curta duração e caracterizam-se por infiltrado celular predominantemente 
neutrofílico, ao passo que as inflamações crônicas são mais tardias, usualmente de longa 
duração e caracterizadas por um infiltrado linfoplasmocitário. 
 
Existem casos, porém, em que não há uma correspondência entre o 
comportamento clínico de uma inflamação e o quadro histológico esperado. Por 
exemplo: existem osteomielites persistentes, portanto clinicamente crônicas, cujo 
infiltrado celular é constituído quase que exclusivamente de neutrófilos. Há também 
abscessos (histologicamente típicos de uma inflamação aguda) cujo curso clínico é 
crônico. Além disso, a passagem de uma resposta inflamatória da fase aguda para a 
crônica se faz gradualmente, havendo um período de tempo em que se misturam 
elementos de ambas, de modo que o infiltrado inflamatório se constitui tanto de 
neutrófilos remanescentes da fase aguda, quanto de macrófagos, linfócitos e 
plasmócitos que prenunciam a fase crônica. Nessa fase, denomina-se a inflamação 
de subaguda. A inflamação subaguda pode representar também a exacerbação 
aguda de um processo crônico já instalado, como acontece em casos de uma nova 
agressão, como por exemplo uma infecção bacteriana secundária. 
 
6. 2. Inflamações Granulomatosas 
 
Sob a denominação de inflamação granulomatosa estão relacionadas 
entidades patológicas de naturezas diversas, que se formam no decurso de 
inflamações crônicas quando as defesas do organismo são incapazes de 
eliminar definitivamente o agente agressor. As inflamações granulomatosas são 
provocadas por parasitas intracelulares, como algumas bactérias (da tuberculose, 
brucelose, salmonelose, lepra e sífilis), fungos (da histoplasmose, blastomicose 
e candidíase), protozoários (da toxoplasmose e leishmaniose), por vírus e 
ricketsias. Um exemplo de inflamação granulomatosa que não é provocada por 
microrganismos é a beriliose, causada pela inalação de poeiras do metal berílio que, 
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28 
ao depositar-se nos pulmões, leva à formação de granulomas semelhantes aos da 
tuberculose. 
 
O agente agressor, ao resistir à destruição/eliminação, provoca a agregação de elementos 
de defesa levando à formação de granulomas, que são massas nodulares constituídas de 
elementos da inflamação, tais como macrófagos modificados (células epitelióides), 
linfócitos, plasmócitos e células gigantes multinucleadas, 
formando um arranjo circunscrito que ocasionalmente 
envolve uma área central de necrose. 
 
 
As células epitelióides são o elemento característico das inflamações granulomatosas. 
 
 Na formação dos granulomas, os macrófagos ativados ativam linfócitos T que 
passam a produzir citocinas, dentre elas a IL-2 (que ativa outros linfócitos T, 
perpetuando o processo) e o interferon (IFN-γ - importante na transformação de 
macrófagos em células epitelióides e em células gigantes multinucleadas). 
 
No granuloma, geralmente células inflamatórias particulares dispõem-se em 
arranjos especiais, formando arquiteturas histológicas típicas que permitem o 
reconhecimento do agente causal, que muitas vezes não está diretamente visível. A 
tuberculose é um exemplo típico de inflamação granulomatosa. Onde quer que se 
instale o Mycobacterium tuberculosis, ocorre uma reação granulomatosa específica, 
conhecida como tubérculo. O bacilo da tuberculose, quando injetado em animal de 
laboratório, provoca inicialmente uma resposta neutrofílica inespecífica de curta 
duração. Logo a seguir surgem os macrófagos, que se agregam e se tornam 
tumefeitos, assumindo o aspecto típico de células epitelióides. Na margem, ou 
mesmo na parte central desse acúmulo de células epitelióides, aparecem células 
gigantes tipo Langhans. Em torno desse nódulo observa-se um colar de linfócitos T 
e de fibroblastos. As linfocinas (particularmente o IFN-γ), liberadas pelos linfócitos T 
sensibilizados, devem ter um papel importante na inibição da migração dos 
macrófagos, e conseqüentemente na sua agregação, que constitui a base para a 
formação do granuloma. Essa descrição corresponde à forma inicial do granuloma 
tuberculoso, ou tubérculo duro. Após alguns dias, forma-se uma área de necrose 
caseosa na região central do granuloma, dando origem ao tubérculo mole que é, na 
realidade, o elemento histopatológico característico da tuberculose. 
 
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 De maneira semelhante à descrita para a tuberculose, formam-se diferentes 
granulomas, seguindo os seguintes passos: 
� inicialmente uma resposta aguda, inespecífica e de curta duração; 
� afluxo de macrófagos; 
� emigração de linfócitos T sensibilizados, produzindo fatores que promovem maior 
atração de macrófagos e inibem sua migração; 
� transformação dos macrófagos em células epitelióides; 
� fusão de macrófagos, originando as células gigantes multinucleadas; 
� necrose freqüente da área central do granuloma, seja por ação do próprio agente causal, 
seja pela falta de irrigação; 
� pode ocorrer infiltração de eosinófílos (como na esquistossomose), ou de neutrófilos, 
levando à transformação do granuloma em abscesso (como na actinomicose). 
 
6.3. Úlcera e Pseudomembrana Fibrinosa 
 
 A úlcera é uma escavação das superfícies cutânea ou mucosa, resultante da 
perda de áreas do epitélio de revestimento. Para compensar a ausência de proteção 
epitelial, a superfície ulcerada é provisoriamente revestida com um exsudato fibrinoso 
que desempenha a função de curativo de emergência, recobrindo o tecido conjuntivo 
até que ocorra a reepitelização. Denomina-se pseudomembrana fibrinosa a essa 
malha de fibrina, que aprisiona células inflamatórias, a maioria delas já necrosadas, 
apresentando núcleo picnótico ou fragmentado. O tecidoconjuntivo subjacente 
apresenta reação inflamatória aguda ou crônica, dependendo do tempo de evolução 
da lesão. 
 
 As úlceras são comumente observadas na mucosa digestiva (principalmente 
do estômago e duodeno) nas infecções bacterianas e em situações de estresse, de 
ingestão excessiva de álcool, na administração prolongada de antiinflamatórios não-
esteoidais, ou associada a outros fatores que alterem qualitativa ou 
quantitativamente o suco gástrico, tornando-o agressivo à mucosa. As úlceras da 
mucosa oral podem ser desencadeadas por irritações e traumatismos provocados 
por próteses e bordas cortantes de dentes cariados, por mordeduras, ou mesmo por 
infecção bacteriana. As ulcerações cutâneas são geralmente causadas por 
deficiência circulatória resultante da estagnação do sangue em partes do corpo 
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prolongadamente em contato com o leito, ou então por sua retenção nas 
extremidades inferiores de indivíduos com problemas vasculares. 
 
7. REPARO 
 
 
 Dependendo da localização e extensão do processo inflamatório, tanto o 
tecido conjuntivo (onde tem início as reações vasculares da inflamação) quanto o 
parênquima especializado (que pode constituir o foco primário da injúria ou então ser 
envolvido secundariamente no processo), sofrem perdas de extensões variáveis. As 
perdas devem-se, em parte, à ação do próprio agente agressor. Os parasitas 
intracelulares se utilizam do substrato e da atividade metabólica do hospedeiro para 
sobreviver e se multiplicar, destruindo as células hospedeiras; alguns microrganismos 
elaboram fatores invasivos (hialuronidase, colagenase etc.), que provocam a lise dos 
constituintes tissulares, com o intuito de favorecer sua disseminação; as células do 
organismo podem também ser lesadas por toxinas bacterianas, por venenos 
químicos ou por fatores físicos diversos (calor, atrito, etc.). 
 
 As perdas podem ser provocadas, também, por fatores associados aos 
próprios elementos de defesa. Vimos que vários mediadores químicos da 
inflamação são potencialmente danosos para as células: as proteínas do sistema 
complemento, além de destruir o agente agressor, são lesivas às células vermelhas 
do sangue, provocando hemólise; as linfocinas, secretadas pelos linfócitos T 
sensibilizados, podem causar danos aos tecidos, direta ou indiretamente; os 
metabólitos do oxigênio e o NO das células fagocitárias são altamente tóxicos; as 
enzimas digestivas liberadas por neutrófilos mortos levam à digestão dos tecidos, 
dando origem ao pus. 
 
 A área de inflamação representa, portanto, um campo de batalha em que se 
opõem as forças de defesa do organismo e os agentes agressores. Mesmo que a 
vitória final seja dos primeiros, sempre existirão perdas para os tecidos envolvidos. A 
resposta inflamatória, ao lado do papel importante que desempenha na 
eliminação do agente agressor, tem também a função de reparar essas perdas. 
 
 Para que o reparo seja adequado é necessário que, além da eliminação do 
agente agressor, haja completa remoção dos resíduos do processo inflamatório. O 
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líqüido de edema é normalmente drenado para os vasos sangüíneos e linfáticos, 
enquanto as coleções purulentas são drenadas por fístulas ou então pelos canais 
naturais do organismo. As células mortas, a fibrina, os complexos antígeno-anticorpo 
precipitados e os microrganismos inviabilizadas são digeridos pelas enzimas das 
células fagocitárias - os macrófagos são as principais células envolvidas nessa 
atividade de limpeza. Assim, na melhor das hipóteses, quando o agente agressor é 
eliminado rapidamente com mínimas perdas tissulares, ocorre a resolução do 
processo inflamatório após a eliminação dos resíduos, restaurando a estrutura 
normal dos tecidos. Resolução é o término da resposta inflamatória aguda com a 
restauração da normalidade no sítio de agressão. 
 
Caso as partículas e exsudatos não sejam devidamente removidos, pode 
ocorrer seu encistamento por uma cápsula fibrosa que delimita e contem os 
remanescentes da inflamação. Outra possibilidade é a calcificação desses restos, 
formando um nódulo que pode eventualmente ossificar-se. A fibrina não digerida 
favorece a fibrose (formação de tecido cicatricial fibroso), que impede a regeneração 
do parênquima especializado. Quando a inflamação não se resolve na fase aguda e 
evolui para um processo crônica de longa duração, as perdas costumam ser de 
maior dimensão. 
 
A destruição tissular é uma das marcas registradas das inflamações crônicas. 
 
 
7. 1. Tecido de Granulação 
 
 Logo no início da fase crônica da resposta inflamatória começam a ocorrer 
alterações que visam ao reparo das perdas tissulares. De 3 a 5 dias após a agressão 
aparece o tecido de granulação, que assinala o início do reparo e que se forma com 
a proliferação de elementos jovens de tecido conjuntivo: fibroblastos e capilares 
sangüíneos neo-formados. O tecido de granulação é um tecido conjuntivo jovem 
e delicado, densamente infiltrado de células inflamatórias, na maioria 
macrófagos, linfócitos e plasmócitos, e com grande quantidade de vasos 
sangüíneos neoformados. 
 
Com a eliminação progressiva do agente agressor, o infiltrado inflamatório 
celular vai se tornando cada vez mais escasso e termina por desaparecer. Os 
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fibroblastos sintetizam colágeno (e outros componentes da matriz extracelular) 
originando as fibras colágenas maduras e promovendo a fibrose progressiva do 
tecido de granulação. Muitos dos vasos sangüíneos jovens sofrem degeneração e 
suas células endoteliais são digeridas por macrófagos, enquanto os vasos 
remanescentes adquirem a estrutura de vasos adultos. 
 
Dessa maneira, o tecido de granulação que iniciou o processo de reparo, 
por meio de uma fibrose progressiva vai gradativamente dando origem a um 
tecido conjuntivo fibroso adulto, restituindo as condições normais do estroma 
que existia antes de ter início a inflamação. 
 
 
O reparo do estroma conjuntivo, portanto, envolve: 
� formação de novos vasos sangüíneos (angiogênese), 
� migração e proliferação de fibroblastos, 
� deposição de matriz extracelular, 
� maturação e organização do tecido conjuntivo fibroso (remodelação). 
 
 A angiogênese inicia com o brotamento de cordões endoteliais a partir de 
vasos preexistentes. A migração e proliferação de células endoteliais, bem como sua 
maturação para formação de novos tubos capilares, são fenômenos controlados por 
fatores de crescimento e respectivos receptores (localizados em células endoteliais). 
O fator de crescimento endotelial vascular é considerado o mais importante 
estimulador de angiogênese em tecidos adultos, seja em condições fisiológicas (por 
exemplo, na proliferação do endométrio uterino), seja em condições patológicas (na 
inflamação crônica e em neoplasias). 
 
 A fibrose ou fibroplasia (migração de fibroblastos para o sítio de injúria, bem 
como sua proliferação e posterior atividade secretora de colágeno e de outras 
proteínas da matriz extracelular) também é controlada por fatores de crescimento 
(PDGF, EGF, FGF, TGF-β) e por algumas citocinas (IL-1 e TNF), secretados por 
plaquetas, células endoteliais, macrófagos etc. 
 
 
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O TGF-ββββ parece ser o fator mais importante para o controle da fibrose inflamatória, pois 
além de estimular a migração e proliferação de fibroblastos e aumentar a síntese de 
colágeno, é quimiotáxico para monócitos/macrófagos e estimula a angiogênese. 
 
 
Mediadores do Reparo : Fatores de Crescimento e Citocinas 
Fator de crescimento endotelial vascular: Vascular endothelial growth factor (VEGF) 
Fator de crescimento derivado de plaquetas: Plateled- derived growth factor (PDGF) 
Fator decrescimento epidermal: Epidermall growth factor (EGF) 
Fator de crescimento de fibroblastos: Fibroblast growth factor (FGF) 
Fator transformador de crescimento-beta: Transforming growth factor (TGF-β) 
Interleucina 1: Interleukin 1 (IL-1) 
Fator de necrose tumoral: Tumor necrosis factor (TNF) 
origem dos mediadores do reparo: plaquetas, células endoteliais, macrófagos e outras células 
inflamatórias 
 
ação dos mediadores do reparo: quimiotaxia de monócitos/macrófagos, migração e 
proliferação de fibroblastos, síntese e secreção de colágeno e de outras 
proteínas da matriz extracelular, angiogênese 
 
 
 
Hiperplasias Inflamatória e Fibrosa 
 
 Nas inflamações crônicas de longa duração, quando a neoformação 
conjuntivo-vascular excede em volume os limites normais de reparo do tecido 
destruído, forma-se um tecido de granulação exuberante e excessivamente 
volumoso que dá origem a pólipos, nódulos ou cordões que caracterizam as 
hiperplasias inflamatórias (ou inflamações hiperplásicas). Com a evolução 
natural desse processo, a fibrose progressiva do tecido de granulação resulta em 
lesões fibrosas hiperplásicas (hiperplasias fibrosas). 
 
 As hiperplasias inflamatórias e fibrosas são relativamente comuns na mucosa 
oral, em respostas a irritações prolongadas provocadas por próteses mal-adaptadas, 
pelo hábito de sugar ou morder as bochechas ou os lábios etc.. Hiperplasias 
gengivais também costumam ocorrer em condições patológicas específicas como o 
escorbuto, a leucemia, os desequilíbrios endócrinos decorrentes da puberdade ou da 
gravidez e no tratamento com Dilantin, e estão comumente associadas à má higiene 
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oral que, acredita-se, representa um fator de irritação local. Outro exemplo de 
hiperplasia fibrosa são os quelóides, que se formam quando uma quantidade 
anormalmente grande de colágeno produz um tecido cicatricial saliente. 
 
7. 2. Reparo do Parênquima: Regeneração X Cicatrização 
 
O reparo das perdas eventualmente sofridas pelo parênquima especializado 
vai depender da magnitude dos danos e também da capacidade de renovação 
(multiplicação) de suas células. 
 
Se o parênquima apresentar taxa mitótica normalmente alta ou moderada e a 
extensão das perdas não for muito grande, principalmente as perdas do estroma 
conjuntivo, as células íntegras remanescentes são capazes de repor as células 
perdidas aumentando o ritmo das divisões celulares. Esse é o tipo de reparo mais 
favorável, pois restabelece a integridade anatômica e funcional do tecido, e 
denomina-se regeneração. Quando as células do parênquima têm pequena ou 
nenhuma capacidade de multiplicação ou se as perdas são de grande extensão, 
parte do parênquima especializado é substituído por tecido conjuntivo fibroso, 
formado a partir do tecido de granulação. Esse processo, denominado cicatrização, 
não restitui ao tecido a integridade anátomo-funcional. 
 
 A quantidade de estroma preservado é essencial para o reparo ordenado, pois 
ele forma a estrutura de apoio para a regeneração do parênquima. Quando grandes 
áreas de estroma são destruídas no processo inflamatório, o reparo, mesmo de 
tecidos com alta taxa mitótica, faz-se normalmente por cicatrização. Além disto, 
quando o exsudato fibrinoso é abundante e não é adequadamente absorvido, ocorre 
crescimento de tecido de granulação para o interior da área de exsudato, 
convertendo-o, posteriormente, em um tecido fibroso. A este processo denomina-se 
organização do exsudato fibrinoso. A presença de fibrina está, direta ou 
indiretamente, associada com o afluxo de células inflamatórias, com o aumento de 
fibroblastos e de novos vasos sangüíneos, favorecendo a formação de tecido de 
granulação e, portanto, a organização do exsudato. 
 
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Inflamação Aguda
AGRESSÃO
pequena extensão
de perdas
eliminação imediata
do agente agressor
 fibrina 
removida
organização
da fibrina
CICATRIZAÇÃOREGENERAÇÃO
maior extensão
de perdas
persistência
do agente agressor
 estroma
preservado
 estroma
destruído
TECIDOS
PERENES
REGENERAÇÃO CICATRIZAÇÃO
CICATRIZAÇÃO
 
 
 
 BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA PARA ESTUDO* 
 
1. Brasileiro Filho G. Bogliolo Patologia Geral. Guanabara Koogan, Rio de Janeiro. 
2. Cotran RS, Kumar V, Robbins SL, Schoen FJ. Robbins Patologia Estrutural e 
Funcional. Guanabara Koogan, Rio de Janeiro. 
3. Cotran RS, Kumar V, Collins T. Robbins Pathologic Basis of Disease. W. B. Saunders 
Company, London. 
4. Trowbridge HO, Emmling RC. Inflammation. A Review of the Process. Quintessence 
Editora Ltda, São Paulo. 
5. Trowbridge HO, Emmling RC. Inflamação. Quintessence Editora Ltda, São Paulo. 
* É recomendável que sejam consultadas as edições mais recentes. 
 
 
Sites sugeridos para consulta: 
 
www.google.com.br 
www.pubmed.com 
http://www.wikipedia.org

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