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Exposição ao Benzeno e Monitorização Biológica

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www.hermespardini.com.br 1
Exposição ao Benzeno
Dosagem urinária do ácido trans,trans-mucônico
1. Introdução
O benzeno é um hidrocarboneto aromático que
se apresenta como um líquido incolor, volátil,
inflamável, de elevada lipossolubilidade, odor
característico e praticamente insolúvel em água
(1,2).
2. Fontes e usos
A utilização do benzeno diminuiu após a
proibição de sua aplicação como solvente industrial
no Brasil. Cerca de 90% da produção brasileira de
benzeno é utilizada pela indústria petroquímica.
Outras fontes de exposição são: indústria química,
de explosivos, farmacêutica, de inseticidas, de
borracha, plásticos e siderúrgicas (1,2).
3. Toxicocinética
O benzeno é absorvido principalmente pela via
pulmonar, embora também possa ser absorvido
através da pele íntegra. Cerca de 50% a 90% do
benzeno inalado é absorvido e seu pico máximo
ocorre em minutos, sendo metabolizado
principalmente no fígado. O mecanismo da
formação de fenol a partir do benzeno ainda não
está totalmente esclarecido. A formação de outros
metabólitos, embora em menor quantidade, tem
importância na monitorização toxicológica. A
quebra do anel aromático do benzeno diidrodiol
forma o aldeído trans, trans-mucônico e
posteriormente o ácido trans,trans-mucônico
(ATTM). Cerca de 12% do benzeno absorvido é
excretado conjugado na urina, 25% como fenol
urinário e 2% como ATTM (1).
4. Toxicidade
O quadro 1 resume os achados clínicos da
intoxicação aguda e crônica pelo benzeno.
Exposições crônicas podem acarretar lesão da
medula óssea com diminuição da produção das três
séries sangüíneas, de acordo com fatores
individuais, intensidade e tempo de exposição.
Associação estatística desta mielotoxicidade com
leucemia é descrita, sendo o benzeno classificado
como substância carcinogênica (1,2)
5. Monitorização biológica
Em 1995, a Portaria 14 (Ministério do
Trabalho, 1995) estabeleceu o valor de referência
tecnológico (VRT) para o benzeno no ar. Os valores
determinados são de 1,0 ppm para indústrias
químicas ou petroquímicas e 2,5 ppm para as
indústrias siderúrgicas (3). A monitorização
biológica da exposição ocupacional ao benzeno
segue o estabelecido pela Portaria 34 (Ministério do
Trabalho, 2001), que indica a dosagem do ácido
trans,trans-mucônico (ATTM) para este fim (4).
Quadro 1:
Intoxicação aguda: irritante de pele e mucosa,
cefaléia, tonteiras, náuseas, vômitos, sonolência,
perda da consciência, convulsão, insuficiência
respiratória, arritmias, edema agudo de pulmão e
fenômenos hemorrágicos.
Intoxicação crônica: cefaléia, perda do apetite,
irritabilidade, epistaxes, menorragia, hemorragia
conjuntival, infecções recorrentes, alterações
cognitivas, da memória e do humor. Hemograma
com macrocitose, pontilhado basófilo,
hiposegmentação dos neutrófilos, eosinofilia,
linfocitopenia, macroplaquetas ou pancitopenia.
5.1. Dosagem do ATTM urinário
Dentre os indicadores biológicos urinários
preconizados para avaliar a exposição ocupacional
ao benzeno, o ATTM urinário é o recomendado pela
Comissão Nacional Permanente do Benzeno (4). A
biotransformação do benzeno em ATTM fornece
uma concentração máxima do produto cerca de 5
horas após o início da exposição (4,5).
As amostras de urina devem ser coletadas no
término da jornada de trabalho, a partir do terceiro
dia consecutivo de exposição. Os frascos devem ser
imediatamente fechados e mantidos sob refrigeração
(4oC) até no máximo uma semana (4).
A determinação do ATTM urinário é realizada
por Cromatografia Líquida de Alta Performance
(HPLC), sendo os resultados ajustados pela
concentração de creatinina na urina e expressos em
miligramas por grama de creatinina (6).
O ATTM urinário é um indicador sensível, mas
de especificidade mediana. A sua concentração é
influenciada pelo tabagismo e pela ingestão de ácido
sórbico, conservante encontrado em diversos
alimentos: queijo, carnes, peixe desidratado,
 
 
www.hermespardini.com.br 2
vegetais em conserva e bebidas. A poluição
ambiental pelo benzeno, os processos de combustão
e a poluição urbana pelos automóveis também
podem elevar os valores do ATTM urinário. Quando
houver suspeita de influência da dieta nesta
dosagem, sugere-se a coleta com jejum prolongado
(4). A exposição simultânea ao tolueno pode inibir a
biotransformação do benzeno ao ATTM (1).
Valores de ATTM acima dos correspondentes
aos VRT (benzeno no ar) indicam que o ambiente de
trabalho não está em conformidade com o
preconizado nas Portarias do Ministério do Trabalho
(1,3,4). A tabela 1 mostra a correlação entre as
concentrações de ATTM urinário e o teor de
benzeno no ar, obtidas a partir dos valores
estabelecidos pelo DFG (Alemanha) (4,5).
Tabela 1 (4)
Benzeno no
Ar (ppm)
ATTM urinário
(mg/g creatinina)
0,6 1,3
1,0 1,6
2 2,5
4 4,2
6 5,8
O Instituto de Patologia Clínica Hermes Pardini
realiza a dosagem do ATTM:
Método: HPLC.
Amostra: urina de final de jornada.
(a partir do terceiro dia de exposição).
Valores de referência: 0,5 mg/g creatinina (ACGIH/BEI).
IBMP: não definido pela NR-7.
6. Bibliografia
1. Leite EMA. Solventes Orgânicos. In: Oga S.
Fundamentos de Toxicologia. 2 ed. 2003. 181-
185.
2. Michel OR. Produtos perigosos. In: Michel OR.
Toxicologia Ocupacional. 2000.86-90.
3. Brasil. Ministério do Trabalho; Portaria Nº 14,
de 20 de dezembro de 1995.
4. Brasil. Ministério do Trabalho; Portaria Nº 34,
de 20 de dezembro de 2001.
5. Chakroun R, Kaabachi N, Hedhili A. Benzene
exposure monitoring of Tunisian workers. J
Occup Environ Med. 2002 Dec;44(12):1173-8.
6. Ducos P. Gaudin R. Robert A, et al.
Improvement in HPLC analysis of urinary
trans,trans-muconic acid, a promising substitute
for phenol in the assessment of benzene
exposure. Int Arch Occup Environ Health.
1990; 62: 529-34.
7. Ghittori S, Alessio A, Maestri L, et al.
Monitoraggio biologico. G Ital Med Lav Erg.
2002; 24:3.
	Exposição ao Benzeno
	Dosagem urinária do ácido trans,trans-mucônico

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