Buscar

Dosagem de Carboxihemoglobina: Exposição ao Monóxido de Carbono e Diclorometano

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 3 páginas

Prévia do material em texto

www.hermespardini.com.br 1
DOSAGEM DE CARBOXIHEMOGLOBINA
Exposição ao Monóxido de Carbono
Exposição ao Diclorometano
1. Introdução
O monóxido de carbono (CO) resulta da
combustão incompleta da matéria orgânica. Devido
a sua alta afinidade pela hemoglobina, 200 a 300
vezes maior que o oxigênio, o CO reduz a
disponibilidade de oxigênio aos tecidos por dois
mecanismos: competindo com o oxigênio pelos
sítios de ligação da hemoglobina com a formação de
carboxihemoglobina (COHb); diminuindo a
liberação do oxigênio das hemoglobinas restantes
nos tecidos (1,2). A produção endógena de CO pode
resultar do catabolismo da hemoglobina e é um
componente normal dos processos bioquímicos
corporais (3).
Para população geral, o monóxido de carbono é
o responsável por grande número de casos de
intoxicação acidental ou intencional, além da
exposição decorrente do tabagismo. Nos EUA, o
CO é a principal causa de morte por
envenenamento. Para avaliações ocupacionais, a
dosagem de carboxihemoglobina é um indicador
biológico da exposição ao Monóxido de Carbono e
ao solvente Diclorometano (4).
2. Exposição ao Monóxido de Carbono
O monóxido de carbono é um gás incolor,
inodoro, insípido, ligeiramente menos denso que o
ar e insolúvel em água (3).
2.1. Fontes de Exposição
A fonte mais importante de emissão do CO na
atmosfera é o escape proveniente de veículos com
motores à gasolina, mas também é produzido em
processos industriais, tais como, metalurgia,
refinarias de petróleo, indústrias químicas e de
gases. O CO também pode ser encontrado em
concentrações significativas em ambientes mal-
ventilados onde existam aquecedores, fornos ou
fumantes (4,5).
2.2. Toxicidade da Carboxihemoglobina
No homem, a formação da COHb determina
anóxia tecidual, que acomete, de forma mais grave,
órgãos com maior consumo de oxigênio: coração e
cérebro. A tabela 1 resume a freqüência dos
sintomas encontrados na intoxicação por CO (1,3).
Nenhum efeito é observado em indivíduos
com COHb menor que 1 %. Naqueles com COHb
entre 1 % e 2 %, observa-se alterações sutis do
comportamento. Quando os níveis de COHb estão
entre 2 % e 5 %, as alterações do SNC já são
aparentes. Alterações cardiovasculares ocorrem
quando os níveis ultrapassam a 5%. Cianose, com
“pele cor de framboesa” só é percebida quando a
concentração de COHb é maior que 20% (6).
Exposições a concentrações de CO entre 80 a
140 ppm, por 1 a 2 horas, podem levar a níveis de
COHb de 3 % a 6 %. Concentrações superiores a
20% são consideradas tóxicas e acima de 50 % a 80
% podem ser letais (8).
Síndrome neuropsiquiátrica tardia tem sido
descrita 3 a 240 dias após melhora da intoxicação
aguda por CO. Estima-se que ocorra em 10 % a
30% dos intoxicados, manifestando-se com
alterações cognitivas, de personalidade,
parkinsonismo, incontinência, demência e psicose.
Exposição crônica ao CO também pode levar a
quadro clínico semelhante à influenza (3,6).
A dosagem da COHb é útil no diagnóstico da
intoxicação aguda, entretanto, os sintomas de
intoxicação por CO podem persistir após
desaparecimento da COHb no sangue, tendo em
vista a meia-vida curta desta (4 a 5 horas em ar
ambiente). O fornecimento de oxigênio suplementar
reduz ainda mais a meia-vida da COHb (2). Em
exposições ocupacionais ao CO, a COHb é
totalmente eliminada em 16 a 24 horas após a
exposição (6).
Tabela 1 - Sintomas agudos em 196 pacientes após
exposição ao Monóxido de Carbono (3).
Sintomas Percentual
Cefaléia 91 %
Tonteira 77 %
Fraqueza 53 %
Náuseas 47 %
Confusão mental 43 %
Dispnéia 40 %
Alterações visuais 25 %
Dor torácica 9 %
Perda da consciência 6 %
Dor abdominal 5 %
Cãibras 5 %
 
 
www.hermespardini.com.br 2
3. Exposição ao Diclorometano
O diclorometano (cloreto de metileno) é um
líquido incolor, não inflamável, volátil, de odor
semelhante ao do éter, solúvel em água, éter etílico
e cetonas (7).
3.1. Fontes de Exposição
É utilizado como solvente na produção de
fibras sintéticas, filmes para fotografias, propelente
em aerossóis, agentes desengordurantes,
praguicidas, e no processo de cloração da água (7).
3.2. Toxicocinética
Pode ser absorvido pelas vias pulmonar e
cutânea, acumulando-se significativamente no
organismo após o quinto dia de exposições
repetidas. O diclorometano é biotransformado,
originando o CO e CO2. Cerca de 25% e 30% do
solvente absorvido é excretado pelos pulmões, na
forma de CO. A meia-vida da COHb derivada do
diclorometano é cerca de 10 a 12 horas, ou seja, o
dobro da observada quando da inalação do CO. Isso
é explicado pela continuada formação do monóxido
de carbono, mesmo após o final da exposição ao
solvente. A biotransformação do solvente é inibida
pelo tolueno e álcool (7).
3.3. Toxicologia
A principal ação tóxica do diclorometano
deriva da COHb formada, já mencionado
previamente. Este solvente apresenta, ainda, ação
irritante de pele e mucosas, atividade depressora do
SNC, nefrotoxicidade e hepatotoxicidade (7).
A dosagem da COHb apresenta boa correlação
com a exposição ao solvente em indivíduos não
fumantes. Alterações nas condições de exposição,
como esforço físico e variações nas concentrações
ambientais influenciam a concentração sangüínea de
COHb. A desvantagem consiste no fato da COHb
também ser influenciada pelo tabagismo, assim
como pela presença de CO em concentrações
superiores a 9 ppm no ambiente (7).
4. Dosagem de Carboxihemoglobina
4.1. Metodologia
A dosagem de COHb pode ser realizada por
cromatografia gasosa ou espectrofotometria. A
espectrofotometria apresenta limite de detecção de
0,1% e boa precisão. Entretanto, para concentrações
de COHb abaixo de 3%, coeficientes de variações
maiores podem ocorrer. É necessário a refrigeração
imediata da amostra após a coleta, sendo que
temperaturas elevadas podem causar níveis baixos
de COHb (1).
4.2. Valores normais
A tabela 2 mostra os valores normalmente
encontrados na população de não fumantes, sem
exposição ocupacional.
Tabela 2 – Níveis de COHb em não fumantes (1).
Indivíduos Valores
encontrados
Não fumantes em áreas rurais Até 0,5%
Não fumantes em áreas urbanas 1,5% a 2%
Tabagistas apresentam níveis de CO
significativamente mais elevados do que a
população normal, variando com o número de
cigarros fumados, intervalo entre cigarros, grau de
inalação e forma de consumo (ex.: cachimbo gera
maior quantidade de CO). Tabagistas inveterados
podem apresentar níveis de COHb entre 10 % a
20% (10). A tabela 3 mostra os valores
normalmente encontrados em tabagistas (9).
Tabela 3 – Níveis de COHb e tabagismo (8).
Indivíduos Valores
encontrados
Fumantes: 1 a 2 maços/dia 4 % a 5 %
Fumantes: > 2 maços/dia 8 % a 9 %
4.3. Interferentes na Dosagem de COHb
Resultados elevados podem advir da presença
de hemoglobina fetal, podendo a COHb em
neonatos atingir 10 % a 12 %. Outras hemoglobinas
instáveis também podem elevar os níveis de COHb
até 3%. Amostras lipêmicas e ingestão de azul de
metileno, dapsona, anilina, nitratos, naftaleno e
sulfas também podem interferir no ensaio
espectrofotométrico (1).
4.4. Indicador biológico de exposição
ocupacional
As concentrações de COHb apresentam
grande variação de acordo com a atividade
ocupacional do indivíduo (vide tabela 4).
Tabela 4 – Níveis de COHb e ocupações (6).
Níveis de COHb em
Não fumantes (%)
Níveis de COHb em
Fumantes (%)
Trabalhadores
COHb (%) Número COHb (%) Número
Trabalhadores de Indústrias 1,38 + 0,04 1523 5,01 + 0,06 5962
Outras atividades 0,78 + 0,01 6955 4,44 + 0,04 1523
Desempregados 0,63 + 0,02 1678 4,24 + 0,11 1523
Alegislação nacional estabelece a
determinação da COHb como indicador biológico
da exposição ao monóxido de carbono e ao
 
 
www.hermespardini.com.br 3
diclorometano. Estabelece que o sangue total, com
EDTA ou Heparina, deva ser coletado ao final do
último dia da jornada de trabalho, considerando
apenas valores de referência ou IBMP (índice
biológico máximo permitido) para indivíduos não
fumantes, conforme exposto na tabela 5 (11,12).
Tabela 5 – NR-7: Valores de referência e IBMP
para exposições ao monóxido de carbono ou
diclorometano (11).
Indivíduos Valores
Valores de referência para não fumantes Até 1%
IBMP para não fumantes 3,5%
Bibliografia:
1. Porter WH. Clinical Toxicology. In: Burtis CA,
Ashwood ER. Pharmacology and analysis of
specific drugs and toxics agents. 3th. 1999. 917-
20.
2. Walker Ed. Hay A. Carbon monoxide
poisoning. Is still na underrecognised problem.
BMJ. 1999; 319: 1082-3.
3. Ernst A, Zibrak JD. Carbon Monoxide
Poisoning. N Engl J Med. 1998; 339: 1603-8.
4. Passarelli MM. Toxicologia Ambiental.
Poluentes da atmosfera. In: Oga S.
Fundamentos de Toxicologia. 2 ed. 2003. 107-
8.
5. Leite EMA, Kato M. Manual de coleta,
armazenamento e transporte de amostras. In:
Leite EMA, Siqueira MEPB, Couto, HA. 1992.
6. Maynard, B. Carbon Monoxide: The Forgotten
Killer. Department of Health. London. 1998.
7. Leite EMA. Solventes Orgânicos. In: Oga S.
Fundamentos de Toxicologia. 2 ed. 2003. 205-
6.
8. Jacobs DS, DeMott WR, Oxley DK.
Carboxyhemoglobin, Blood. Laboratory Test
Handbook. 5th. 2001. 784-5.
9. Tietz NW. Clinical Guide to Laboratory Tests.
3ed. 1996: 114-15.
10. Galvão JF, Moreau RL. Tabaco. In: Oga S.
Fundamentos de Toxicologia. 2 ed. 2003. 302.
11. Brasil. Ministério do Trabalho e Emprego. Nr-
7. Quadro 1. In: Segurança e Medicina do
Trabalho. 50 ed. 2002.
12. Michel OR. Tricloroetileno. In: Michel OR.
Toxicologia Ocupacional. 2000.145-8.
O Instituto de Patologia Clínica Hermes Pardini realiza:
Carboxihemoglobina
Material: sangue total (EDTA ou Heparina).
Método: Espectrofotometria.
Valores de referência: conforme tabelas 3 e 5.
Assessoria Científica 2004.
	DOSAGEM DE CARBOXIHEMOGLOBINA
	Exposição ao Monóxido de Carbono
	Exposição ao Diclorometano

Outros materiais