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26/09/2016 Jurisdição contenciosa e jurisdição voluntária* http://professoresdrasdantas.blogspot.com.br/2011/08/jurisdicaocontenciosaejurisdicao.html 1/3 6th August 2011 O Código, no art. 1º, admite duas espécies de jurisdição: contenciosa e voluntária. Por jurisdição contenciosa entende‐se a função estatal exercida com o objeĕvo de compor liėgios. Por sua vez, jurisdição voluntária cuida da integração e fiscalização de negócios jurídicos parĕculares. Parĕcularmente no que tange à jurisdição voluntária, reina acirrada controvérsia na doutrina a respeito da sua natureza jurídica. A corrente dita clássica é capitaneada pelo administraĕvista Guido Zanobini e pelo processualista Giuseppe Chiovenda. Para eles, a chamada jurisdição voluntária não consĕtui, na verdade, jurisdição, tratando‐se de aĕvidade eminentemente administraĕva. No Brasil, o maior defensor dessa orientação foi Frederico Marques, para quem a jurisdição voluntária é materialmente administraĕva e subjeĕvamente judiciária. Em síntese, para tal corrente, a jurisdição voluntária não é jurisdição porque, na medida em que o Estado‐ juízo se limita a integrar ou fiscalizar a manifestação de vontade dos parĕculares, age como administrador público de interesses privados. Não há composição da lide. E se não há lide, não há por que falar em jurisdição nem em parte, mas em interessados. Sustentam também que falta à jurisdição voluntária a caracterísĕca de subsĕtuĕvidade, haja vista que o Poder Judiciário não subsĕtui a vontade das partes, mas se junta aos interessados para integrar, dar eficácia a certo negócio jurídico. Por fim, concluem que, se não há lide, nem jurisdição, as decisões não formam coisa julgada. Para corroborar seu ponto de vista, invocam o art. 1.111 do CPC, segundo o qual “a sentença poderá ser modificada, sem prejuízo dos efeitos já produzidos, se ocorrerem circunstâncias supervenientes”. Ao lado desta, tem ganhado cada vez mais espaço a corrente que atribui à jurisdição voluntária a natureza de aĕvidade jurisdicional. Conquanto incipiente, essa orientação moderna conta com a adesão de Calmon de Passos, Ovídio Bapĕsta e Leonardo Greco. Segundo a corrente moderna, não se afigura correta a afirmação de que não há lide na jurisdição voluntária. Com efeito, o fato de, em um primeiro momento, inexisĕr conflito de interesses não reĕra dos procedimentos de jurisdição voluntária a potencialidade de se criarem liėgios no curso da demanda. Em outras palavras, a lide não é pressuposta, não vem narrada desde logo na inicial, mas nada impede que as partes se controvertam. Isso pode ocorrer no bojo de uma ação de alienação judicial de coisa comum, por exemplo, em que os interessados põem dissenĕr a respeito do preço da coisa ou do quinhão atribuído a cada um. Acrescentam os defensores desse posicionamento que tanto na jurisdição contenciosa quanto na voluntária, o juiz atua como terceiro imparcial, desinteressado. Esse é o traço disĕnĕvo da função jurisdicional, uma vez que a função administraĕva é desempenhada no interesse do Estado, ou seja, no interesse público. A corrente moderna também adverte, de forma absolutamente correta, que não se pode falar em inexistência de partes nos procedimentos de Jurisdição voluntária. A bem da verdade, no senĕdo material do vocábulo, parte não há, porquanto não existe conflito de interesses, ao menos em um primeiro momento. Entretanto, considerando a acepção processual do termo, não há como negar a existência de sujeitos parciais na relação jurídico‐processual. Em suma, há partes no procedimento de jurisdição voluntária. Reforçando a tese de que a jurisdição voluntária tem natureza de função jurisdicional, Leonardo Greco esclarece que ela não se resume a solucionar liėgios, mas também a tutela de interesses parĕculares, ainda que não haja liėgio, desde que tal tarefa seja exercida por órgãos invesĕdos das garanĕas necessárias para exercer referida tutela com impessoalidade e independência. Nesse ponto, com razão o eminente Jurista. É que a função jurisdicional é, por definição, a função de dizer o direito por terceiro imparcial, o que abrange a tutela de interesses parĕculares sem qualquer carga de liĕgiosidade. Com o fito de enfaĕzar as verdadeiras caracterísĕcas da jurisdição, o mesmo jurista chega a afirmar que: “se o Estado ins錟방tuir um órgão de qualquer poder, cujos 錟방tulares, com absoluta independência em relação a qualquer outra autoridade e com absoluta impessoalidade, administrem interesses privados, então ai haverá jurisdição: tutela jurídica de interesses de par錟방culares por órgãos independente.” Jurisdição contenciosa e jurisdição voluntária* 26/09/2016 Jurisdição contenciosa e jurisdição voluntária* http://professoresdrasdantas.blogspot.com.br/2011/08/jurisdicaocontenciosaejurisdicao.html 2/3 Por derradeiro, a corrente moderna sustenta a existência de coisa julgada nos procedimentos de jurisdição voluntária. Curiosamente, os defensores dessa tese se valem do mesmo disposiĕvo legal uĕlizado pela corrente clássica para afastar a coisa julgada, ou seja, o art. 1.111 do CPC. Aduzem que, ao permiĕr a modificação das decisões por fato superveniente, de forma excepcional, o legislador está a admiĕr a existência da coisa julgada como regra geral. Em suma, para a corrente moderna, a jurisdição voluntária reveste‐se de feição jurisdicional, pois: a) a existência de lide não é fator determinante da sua natureza; b) existem partes, no senĕdo processual do termo; c) o Estado age como terceiro imparcial; d) há coisa julgada. A corrente clássica ainda predomina no Brasil. Mais adiante, no capítulo perĕnente, os procedimentos especiais de jurisdição voluntária e contenciosa serão explicitados mais detalhadamente. Resumo: Jurisdição: Conceito – Poder‐dever do Estado de declarar e realizar o direito material. Caracterísĕcas: ‐ Unidade: a jurisdição não se subdivide. ‐ Secundariedade: a jurisdição só age quando surge um conflito. ‐ Imparcialidade: a jurisdição não tem interesse no desfecho da demanda. ‐ Subsĕtuĕvidade: atua em subsĕtuição às partes, quando essas não conseguem, pelos meios ao seu alcance, compor os liėgios. ‐ Criaĕvidade: exercendo a jurisdição, o Estado criará, ao final do processo, a norma individual que passará a regular o caso concreto, inovando a ordem jurídica. ‐ Inércia: A jurisdição só age se provocada. ‐ Definiĕvidade: O provimento jurisdicional tem apĕdão para a definiĕvidade, quer dizer, susceĕbilidade para se tornar imutável. Princípios da jurisdição: I. Juízo natural – invesĕdo na forma da Consĕtuição da República; juiz competente, em face das normas para processar e julgar o feito. II. Improrrogabilidade – os limites da jurisdição são os estabelecidos na Consĕtuição. III. Indeclinabilidade – o órgão jurisdicional não pode recusar nem delegar a função que lhe foi comeĕda. Jurisdição contenciosa – jurisdição propriamente dita, poder‐dever atribuído aos juízes para que possam compor os liėgios. 26/09/2016 Jurisdição contenciosa e jurisdição voluntária* http://professoresdrasdantas.blogspot.com.br/2011/08/jurisdicaocontenciosaejurisdicao.html 3/3 Jurisdição voluntária – parĕcipação da jusĕça nos negócios privados, a fim de conferir‐lhes validade (v.g., nomeação de tutor, alienação judicial). *Elpídio Donizetti, Curso Didático de Direito Processual Civil, editora Atlas, São Paulo, 15ª edição, 2011 Postado há 6th August 2011 por Concursos Jurídicos Sair Notifiqueme Digite seu comentário... Comentar como: Unknown (Google) Publicar Visualizar 0 Adicionar um comentário
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