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Aula 3: A Administração Colonial
Objetivos:
Conhecer como a Coroa portuguesa administrou suas colônias; 
Compreender a estrutura político-econômica aplicada na colônia; 
Aprender como surgiu o interesse em colonizar o território brasileiro; 
Entender o que eram e em qual contexto surgiram as capitanias hereditárias; 
Analisar a implantação do sistema centralizado de administração colonial.
Durante muito tempo os historiadores brasileiros utilizaram a palavra descobrimento para explicar a chegada dos europeus às Américas. Entretanto, a partir do ano 2000, durante as comemorações dos 500 anos dessa chegada, o termo entrou em discussão. A grande questão que se apresentava era conceitual, ou seja, descobre-se algo que estava escondido ou algo que ninguém sabia da existência.
Ora, o continente americano nunca esteve escondido e, sem entrar agora na discussão que desde a antiguidade existiam mapas que descreviam as Américas, pois trataremos desse assunto mais tarde, havia ali habitantes que o conheciam.
Se usarmos a lógica de que os europeus não conheciam as Américas e por isso a descobriram, teremos que levar em consideração que os americanos também não conheciam a Europa e nem por isso ao saberem de sua existência declararam que a descobriram.
Posteriormente ao reconhecimento da costa do território, Portugal enviou uma expedição em 1516 e outra em 1526, que tinha objetivo militar, ou seja, aprisionar embarcações espanholas e francesas que praticavam o contrabando em litoral brasileiro, fosse por pirataria ou por corso.
Pirataria = Um pirata (do grego πειρατής, derivado de πειράω "tentar, assaltar", pelo latim e italiano pirata) é um marginal que, de forma autônoma ou organizado em grupos, cruza os mares só com o fito de promover saques e pilhagem a navios e a cidades para obter riquezas e poder.
Corso = Corso, ou corsário, (do italiano corsaro, comandante de navio autorizado a atacar navios) era um pirata que, por missão ou carta de corso (ou "de marca") de um governo, era autorizado a pilhar navios de outra nação (guerra de corso), aproveitando o fato de as transações comerciais basearem-se, na época, na transferência material das riquezas.
É importante notar que o período pré-colonial não é de abandono, pois o território brasileiro era de importância estratégica para Portugal pois garantia o corredor africano. Em 1534, há o estabelecimento das capitanias hereditárias. Nas capitanias, 20% das terras eram doadas a donatários e os outros 80% eram doados a quaisquer pessoas, desde que fossem cristãos. Além disso, se em um período de seis anos a terra não se tornasse produtiva esta seria confiscada.
Assim, o sistema de capitanias se constituiu em uma divisão do território brasileiro em lotes, de extensão variada, e concedidos a particulares interessados em vir colonizar com os seus próprios recursos.
Dois documentos regiam o sistema: as cartas de doação e os forais. A carta de doação realizava a doação ao donatário e deixava claro quais os poderes o mesmo estava investido. O foral determinava os direitos e os deveres dos donatários e, além disso, permitia a exploração das minas (desde que pago o quinto real). O donatário (capitão-mor) podia doar sesmaria e fundar vilas.
Devido à distância e fundamentalmente aos ataques indígenas, as capitanias tiveram enorme dificuldade de se desenvolver. Mediante essas dificuldades, apenas duas capitanias conseguiram realizar o que a metrópole desejava: Pernambuco e São Vicente.
Com o objetivo de vencer as dificuldades enfrentadas pelas capitanias e centralizar a administração, D. João III criou o Governo Geral em 1548. Os governos gerais chegam em 1548 para dar sustentação às capitanias hereditárias. Dessa forma, podemos perceber que existia um projeto colonizador, pois havia leis, investimentos, defesa, dentre outras questões.
O Governo Geral consolida o Estado português e centraliza a administração colonial. As funções do Governador Geral eram fundamentalmente militar, assim, como principais objetivos tinham:
Fortificação
Armamento
Punição aos índios
Defesa Interna
Defesa contra ataques externos
O Governador Geral administrava de acordo com as instruções que vinham da metrópole. Além da questão de defesa, o Governo Geral tinha a função fiscalizadora e tributária. O sistema de Governo perdurou até a vinda da família Real portuguesa, em 1808. A partir de 1720, os governadores-gerais passaram a utilizar o título de vice-rei.
Com o Governo Geral, chegaram também os jesuítas. Assim, para diminuir os custos militares, tem-se início uma outra forma de colonização, o Missionarismo. O missionarismo começa com o cristianismo, vem do grego (quérigma – anúncio em voz alta).
Os jesuítas foram encarregados da tarefa missionária e, a Societas Jesus, que foi legitimada em 1540 e era a única ordem religiosa que possuía o quarto voto, ou seja, além do voto de pobreza, castidade, obediência, eles tinham o voto de obediência ao Papa.
Os padres jesuítas possuíam uma profunda “sabedoria” filosófica e teológica, além disso sabiam fazer de tudo, caça, pesca, costura, construção… São eles que fundam o Rio de Janeiro, fortalecem o armamento, escravizam os índios (sob a forma de catequização) e proíbem os saltos. Os jesuítas só escravizam os índios pela Guerra Justa, na qual se os índios não aceitassem a palavra da religião cristã, eram escravizados.
Ao abordarmos a estrutura administrativa do império português dos séculos XVI e XVII, enfatizamos a importância de duas instituições consideradas os “pilares gêmeos da sociedade colonial”: o Conselho Municipal e as Misericórdias.
No início do século XVI, Portugal apresentou um padrão de sistema de governação municipal que se manteve sem grandes alterações até o século XIX, difundindo-se para outras partes do império ao longo deste período. Os Conselhos Municipais responsabilizavam-se por diversas questões do cotidiano de uma determinada localidade, servindo como tribunal de primeira instância em casos simples, sendo responsáveis pela distribuição e arrendamento de terras, fixação de preços de vários produtos, instituição e cobrança de taxas etc. Apesar de algumas iniciativas de controle dessas estruturas locais por parte da Coroa (criação da figura do Juiz de Fora, que muitas vezes presidia as Câmaras; Correições; atualização e uniformização de forais etc.), os Conselhos conseguiram manter uma relativa autonomia frente ao poder central português. 
Em relação as Câmaras Municipais coloniais, Boxer afirma que estas seguiam de perto o padrão da metrópole, ainda que houvesse algumas diferenças quanto ao modo como evoluíram subseqüentemente. No Rio de Janeiro e Bahia, por exemplo, as Câmaras mantiveram uma composição similar a da metrópole, onde predominaram indivíduos brancos. Em contrapartida, caracterizaram-se pela fixação de uma aristocracia local de senhores de engenho. No caso da Bahia, a grande maioria dos poderosos locais baianos eram provenientes das famílias dos senhores de engenho do Recôncavo. Tal característica parece se contrapor aos critérios estabelecidos em Portugal para a eleição dos oficiais da Câmara, onde nenhuma das pessoas nomeadas para cargos nos Conselhos poderia estar ligada a outras por laços de sangue ou de interesse. Um outro exemplo sobre o Conselho do Rio de Janeiro nos parece interessante para demonstrar a organização de poderes locais na colônia. Nessa municipalidade, durante a segunda metade do século XVII e primeira do século XVIII, a Câmara procurou limitar a admissão de funcionários a indivíduos nascidos no Brasil, em detrimento de mercadores nascidos em Portugal. Somente por meio de decretos reais editados ao longo do século XVI, conseguiu-se resolver tais disputas em tono de cargos da Câmara. 
Através de uma rápida análise das Misericórdias também podemos corroborar a idéia do estabelecimento de elites locais com interesses próprios na colônia: “Na Baía, a mesa foi ocupada durante séculos pela aristocracia rural local dos senhores de engenho, constituindo assim muitomais uma oligarquia autoperpetuadora...” p.275 Ao comparar as Misericórdias da metrópole e as da colônia, Boxer afirma que todas seguiam o modelo da Casamãe de Lisboa, ainda que se diferenciassem em pormenores relativamente mínimos.
Agora que você já sabe sobre as questões administrativas, veja a historiografia do Brasil colonial. A partir dos idos de 1920, se vinculava a colonização ao processo econômico que estava submetido a colônia. O ícone desse pensamento foi Prado Jr. que, na obra “Formação do Brasil Contemporâneo”, quando pensa no colono que vem para o Brasil, diz:
“… o tipo de colono europeu que procura os trópicos e nele permanece. Não é o trabalhador, o simples povoador; mas o explorador, o empresário de um grande negócio. Vem para dirigir: e se é para o campo que se encaminha só uma empresa de vulto, a grande exploração rural em espécie e em que figure como senhor, o pode interessar.” PRADO Jr, Caio. Formação do Brasil Contemporâneo. São Paulo: ed Brasiliense, 1965 p . 114
Os trabalhos da década de 1970 de Flamarion[1] e Gorender[2], embora tenham dado uma nova perspectiva para se entender a economia dessa parte do império lusitano, não se preocuparam com o estudo da sociedade em seu interior. Porém nos falam que a colônia tinha uma dinâmica própria que, vinculada à metrópole, não deixa de acumular cabedais.
[1] CARDOSO, Ciro Flamariom Agricultura, Escravidão e capitalismo. Petrópolis: Vozes,1979.
[2] GORENDER, Jacob. O escravismo colonial. São Paulo: Ática, 1978.
Os estudos de Schwartz[1] e Ferlini[2] e sobre o nordeste açucareiro nos mostraram haver, em uma sociedade escravista, uma camada intermediária de homens pobres e livres, que se tornaram fundamentais para a consolidação do sistema colonial. Esses dois estudos abriram precedentes para que na década de 80 várias dissertações fossem apresentadas privilegiando o estudo de caso.
[1] SCHUWARTZ, Stuart B. Brasil Colonial: Plantaciones y Periferias, 1580 – 1750. In: Historia de América Latina (América Latina Colonial: Economía). Barcelona: Editorial Crítica.
[2] FERLINI, Vera Lúcia Amaral. Terra, trabalho e poder. São Paulo: Brasiliense,1988
Os estudos de caso ao qual nos referimos nos proporcionaram um novo enfoque sobre a colonização e a produção alimentícia. A título ilustrativo, para percebermos como os estudos de caso foram importantes, vale lembrar que quando Kula nos diz que formular um sistema econômico “consiste em estabelecer empiricamente a combinação mais completa de elementos interdependentes característicos dele e explicar de que modo dependem um do outro”[1], percebermos que os modelos econômicos clássicos criados para explicar a economia e sociedade não se utilizaram da elasticidade que a economia colonial oferecia.

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