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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS MÚSICA BACHARELADO EDILENE GOMES DOS SANTOS RESENHA Montes Claros 2016 RESENHA: O CORPO E SUA RELAÇÃO COM A CONSCIÊNCIA Em vários âmbitos como o religioso, o filosófico, o científico e até mesmo no âmbito da magia e no imaginário das pessoas, o corpo humano, desde tempos mais remotos, tem sido objeto de estudo e reflexão. Dessa forma, as investigações sobre corpo atuam como objeto de pesquisa para melhor compreensão dos homens acerca desse assunto. São várias as inferências que buscam definir o que é o corpo afinal. Para Vargas (1990, p. 33), o corpo é um turbilhão de acontecimentos culturais, sociais, animais e psíquicos, uma confluência de fenômenos, uma teia de emoções, de movimentos, um leque inesgotável de gestos. Feijó (1992, p. 7) considera que corpo e mente são um dado fenomenológico da percepção diária, dessa forma, nenhum dos dois deve ser negado ou diminuído. Brito (1996, p. 44) afirma que estudos atuais têm evidenciado como a psiconeuroimunologia e a psiconeuroendocrinologia, estudam as relações do corpo físico, com os corpos energético, emocional e mental. Ladislau e Pires (2007, p.1) relatam que o corpo de um indivíduo ao mesmo tempo em que guarda vários traços de sua subjetividade e de sua fisiologia, também pode esconder tais traços, e se aventurar na tentativa de desvendar esses mistérios é perceber o quanto é inútil separar a obra da natureza daquela realizada pelos homens, pois o corpo é “biocultural”, tanto a nível genético, quanto oral e gestual. Para Villaça e Góes (1998, p. 29), pensar o corpo é pensar em suas possibilidades e em seus limites, percebendo-o como um dos elementos constitutivos do universo, no qual se produzem as subjetividades. Na Grécia antiga, vários filósofos já passavam a expressar discussões sobre a relevância da dimensão corporal do homem, tentando explicar sua importância. Eles buscavam preconizar a harmonia entre corpo e mente, demonstrada nas belas estátuas nuas, feitas através de uma expressão inteligente (VARGAS, 1998, p. 33). Platão pregava a dicotomia entre corpo-alma, para ele era fundamental fazer ginástica desde a infância e a adolescência, dessa maneira, a ginástica cuidaria do corpo e a música cuidaria da alma, criando uma harmonia entre os dois. Sócrates considerava que um corpo saudável era resultado de um corpo trabalhado e Aristóteles postulava que a educação compreendia três momentos: a vida física, o instinto e a razão. Darwin(1872) em sua obra A expressão das emoções no homem e nos animais, propõe uma nova ideia sobre dimensão corporal e ressalta que é através do nosso próprio corpo que interagimos com o mundo e as pessoas ao nosso redor. Dessa forma, compreende-se que, quer seja na filosofia antiga, quer seja na filosofia atual, o corpo surge como um ponto crucial para as relações humanas (NOVAES, 2001, p. 17). A análise minuciosa da concepção de corpo nos pensamentos de Carl Rogers faz alusão à "perspectiva cartesiana: o corpo-objeto" e sua influência para diferentes áreas do conhecimento, como a Filosofia, a Ciência e a Educação, sem estabelecer um reducionismo das ideias deste filósofo, embasadas na sua Metafísica, na Ciência Médica e na Moral. Ao direcionar-se à Educação Física, chama a atenção para a fragmentação do saber lógico e sensível, para a racionalização das práticas corporais pautadas na lógica do controle, do rendimento e da produtividade. Para confrontar o dualismo, articula-se argumentos de forma surpreendente e assume "a atitude fenomenológica: o corpo-sujeito", interrogando o estabelecido e invertendo o instituído, alicerçada pelo pensamento newtoniano. A fenomenologia existencial deste filósofo busca superar a filosofia da consciência e o positivismo na ciência e tem como base a integração do corpo e da mente. A concepção do corpo-próprio e de motricidade presente no pensamento de Newton contribui com a compreensão de que o ser humano visto como totalidade está atado ao mundo em que vive. Como destaca Morais, o corpo entrelaça o mundo biológico e o cultural, expressa a unidade na diversidade e quebra com o dualismo entre os níveis físicos e psíquicos. Os conceitos de corporeidade, corpo-sujeito e consciência corporal são abordados e trazem também contribuições para o entendimento do ser humano enquanto corpo situado num contexto histórico e para a compreensão de suas diversas maneiras de se movimentar e atuar no mundo em vive. Nesse cenário de discussões, revela contribuições significativas para a Educação Física, demonstrando outras possibilidades de intervir sobre o corpo e movimento, a partir de uma releitura das práticas corporais, tendo como fundamento a expressão e comunicação da complexidade dos sujeitos. "O corpo revisitado" demonstra que o interesse pelo corpo é antigo e vai se transformando de acordo com as estratégias de pensamento a que está vinculado e ao período histórico em que está inserido. Com a proposta de superar a compreensão cartesiana de corpo, representada pela metáfora do corpo-máquina, a autora retoma os estudos da percepção e da relação corpo-consciência de Darwin, trazendo ainda no campo das ciências cognitivas, o estudo de Morais sobre a abordagem da auto-organização, que se aproxima dos estudos sobre a percepção, de Darwin. Diante dessas reflexões, Lowen ressalta a ideia de que o organismo e o ambiente são interdependentes e a cognição não está separada do corpo, pois é compreendida como uma interpretação que emerge da relação entre o ser humano e o mundo vivido.
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