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65 RESUMO DE DIREITO PENAL PARTE especial SUMÁRIO 1. Crimes Contra a Vida 10 1.1. Homicídio (art. 121) 10 1.1.1. Homicídio Privilegiado (art. 121, § 1º) 10 1.1.2. Homicídio Privilegiado-Qualificado 11 1.1.3. Homicídio Qualificado (art. 121, § 2º) 12 1.1.3.1. Qualificadoras Subjetivas 12 1.1.3.2. Qualificadoras Objetivas 13 1.1.3.3. Questões Complementares 15 1.1.4. Homicídio Culposo (art. 121, § 3º) 15 1.1.4.1. Homicídio Culposo no CTB 15 1.1.5. Causas de Aumento de Pena (art. 121, § 4º) 16 1.1.5.1. No Homicídio Culposo – Aumento de 1/3 16 1.1.5.2. No Homicídio Doloso – Aumento de 1/3 16 1.1.6. Perdão Judicial (art. 121, § 5º) 16 1.1.7. Causa de Aumento de Pena: Milícias ou Grupo de Extermínio (art. 121, § 6º) 17 1.2. Induzimento, Instigação ou Auxílio ao Suicídio (art. 122, CP) 17 1.2.1. Núcleos do Tipo 18 1.2.2. Elemento Subjetivo 18 1.2.3. Consumação 18 1.2.4. Forma Qualificada 19 1.2.5. Pena do Crime 19 1.2.6. Casuísticas 19 1.3. Infanticídio (art. 123, CP) 19 1.3.1. Elementares do Crime 19 1.3.2. Elemento Subjetivo 20 1.3.3. Sujeito Ativo 20 1.4. Aborto (arts. 124 a 128, CP) 20 1.4.1. Conceito e Modalidades 21 1.4.1.1. Autoaborto e Aborto Consentido (art. 124) 21 1.4.1.2. Aborto Provocado por Terceiros (art. 125) 21 1.4.1.3. Aborto Provocado por Terceiros com Consentimento (art. 126) 21 1.4.1.4. Consumação e Tentativa 22 1.4.1.5. A Questão do Feto Anencéfalo – ADPF 54 22 1.4.2. Formas Qualificadas (art. 127, CP) 23 1.4.3. Aborto Legal (art. 128) 23 1.5. Tabela Síntese – Crimes contra a Vida 25 1.6. Observações de Provas 26 2. Outros Crimes Contra a Pessoa 28 2.1. Lesões Corporais (art. 129) 28 2.1.1. Sujeito Ativo 28 2.1.2. Consumação 28 2.1.3. Tentativa 29 2.1.4. Lesão Corporal Leve 29 2.1.5. Lesão Corporal Grave 29 2.1.6. Lesão Corporal Gravíssima (art. 129, § 2º) 30 2.1.7. Lesão Corporal Seguida de Morte (art. 129, § 3º) 30 2.1.8. Forma Privilegiada (Causa de Diminuição de Pena) 31 2.1.9. Lesão Corporal Culposa (art. 129, § 6º) 31 2.1.10. Violência Doméstica e Portadores de Deficiência (art. 129, §§ 9º e 11º) 31 2.1.11. Causas de Aumento de Pena se Praticado por Milícia (art. 129, § 7º) 32 2.2. Condicionamento de Atendimento Médico-Hospitalar Emergencial (135-A) 32 2.3. Rixa (art. 137) 33 2.4. Tabela Síntese 34 2.4. Observações de Provas 34 3. Crimes Contra a Honra 35 3.1. Espécies de Honra 35 3.1.1. Honra Objetiva e Subjetiva 35 3.1.2. Honra Dignidade e Honra Decoro 35 3.1.3. Honra Comum e Honra Profissional 35 3.1.4. Calúnia (art. 138, CP) 35 3.1.4.1. Sujeito Ativo e Passivo 35 3.1.4.2. Elemento Subjetivo 37 3.1.4.3. Consumação e Tentativa 37 3.1.4.4. Diferença entre Calúnia e Denunciação Caluniosa (art. 339, CP) 37 3.1.4.5. Punição de Autocalúnia 38 3.1.4.6. Exceção da Verdade 38 3.1.5. Difamação (art. 139) 38 3.1.5.1. Sujeito Ativo e Passivo 38 3.1.5.2. Elemento Subjetivo 39 3.1.5.3. Consumação e Tentativa 39 3.1.5.4. Exceção da Verdade 39 3.1.6. Injúria 41 3.1.6.2. Sujeito Ativo e Passivo 41 3.1.6.3. Elemento Subjetivo 41 3.1.6.4. Consumação/Tentativa e Competência 41 3.1.6.5. Exceção Da Verdade 42 3.1.7.6. Considerações Gerais 42 3.1.6.7. Perdão Judicial (art. 140, § 1º) 42 3.1.7. Disposições Gerais dos Crimes Contra a Honra 42 3.1.7.1. Causas de Aumento de Pena (art. 141) 42 3.1.7.2. Hipóteses de Exclusão de Ilicitude (art. 142) 43 3.1.7.3. Retratação (art. 143) 46 3.1.7.4. Pedido de Explicações (art. 144) 46 3.1.7.5. Ação Penal nos Crimes Contra a Honra (art. 145) 47 3.1.8. Tabela Síntese – Crimes Contra a Honra 48 3.2. Observações de Provas 49 4. Crimes Contra a Liberdade Individual 51 4.1. Constrangimento Ilegal (art. 146, CP) 51 4.1.1. Crimes Mais Graves que Absorvem o Constrangimento Ilegal 51 4.1.2. Sujeito Ativo e Passivo 51 4.1.3. Consumação e Tentativa 51 4.1.4. Aumento de Pena (art. 146, § 1º) 52 4.1.5. Causas Especiais de Exclusão da Tipicidade (art. 146, § 3º) 52 4.2. Ameaça (art. 147) 52 4.3. Sequestro e Cárcere Privado (art. 148) 53 4.3.1. Diferença entre Sequestro e Cárcere Privado 53 4.3.2. Qualificadoras (art. 148, § 2º) 53 4.4. Redução à Condição Análoga à de Escravo (art. 149) 54 4.5. Tabela Síntese – Crimes contra a Liberdade Individual 56 4.6. Observações de Provas 57 5. Crimes contra o Patrimônio 57 5.1. Furto (art. 155 e 156) 57 5.1.1. Sujeito Passivo 59 5.1.2. Consumação 59 5.1.3. Furto Noturno (art. 155, § 3º) 61 5.1.4. Furto Privilegiado (art. 155, § 2º) 62 5.1.5. Furto Privilegiado Qualificado 63 5.1.6. Furto Qualificado (art. 155, § § 4º e 5º) 64 5.1.7. Furto de Coisa Comum (art. 156) 68 5.1.8. Distinção de Outros Crimes 68 5.2. Roubo (art. 157) 68 5.2.1. Roubo Simples 69 5.2.1.1. Elementos do Tipo 69 5.2.1.2. Concurso de Crimes 70 5.2.1.3. Consumação e Tentativa 70 5.2.2. Roubo Impróprio (art. 157, § 1º) 71 5.2.3. Causas de Aumento de Pena (§ 2º) 72 5.2.4. Roubo Qualificado (art. 157, § 3º) 77 5.2.4.1. Latrocínio 78 5.3. Extorsão (art. 158) 81 5.3.1. Diferença de Outros Tipos Penais Parecidos 82 5.3.2. Consumação, Tentativa e Competência Territorial 82 5.3.3. Causas de Aumento de Pena (art. 158, § 1º) 83 5.3.4. Qualificadoras (art. 158, § § 2º e 3º) 83 5.3.4.1. Sequestro Relâmpago ou Extorsão com Restrição da Liberdade 83 5.4. Extorsão Mediante Sequestro (art. 159) 84 5.4.1. Formas Qualificadas 85 5.4.2. Delação Eficaz 87 5.5. Apropriação Indébita (art. 168) 87 5.5.1. Consumação e Tentativa 87 5.5.2. Causas de Aumento de Pena 88 5.5.3. Apropriação Indébita Privilegiada (Diminuição de Pena) 88 5.5.4. Pena e Ação Penal 88 5.5.5. Diferença de Outros Tipos Penais 88 5.6. Apropriação Indébita Previdenciária (art. 168-A) 89 5.6.1. Responsabilidade Subjetiva 90 5.6.2. Sujeito Passivo 91 5.6.3. O Tipo Penal 92 5.6.3.1. Desnecessidade de Fraude e de Apropriação 92 5.6.3.2. Objeto Material 93 5.6.3.3. Princípio da Insignificância e Perdão Judicial 93 5.6.3.4. A Questão da Abolitio Criminis do art. 95, d, da Lei nº 8.212/91 94 5.6.4. Tipo Subjetivo 95 5.6.4.1. Erro de Tipo 96 5.6.5. Culpabilidade 96 5.6.6. Consumação e Tentativa – Desnecessidade de Constituição Definitiva do Crédito Tributário 97 5.6.6.1. Possibilidade de Suspender a Pretensão Punitiva pelo Recurso Administrativo 105 5.6.7. Concurso Material e Crime Continuado 105 5.6.8. Ação Penal 105 5.6.8.1. Denúncia 107 5.6.8.2. Pagamento 109 5.6.8.3. Parcelamento 113 5.7. Estelionato (art. 171) 116 5.7.1. Consumação e Tentativa 116 5.7.2. Torpeza Bilateral 117 5.7.3. Súmulas Quanto à Competência 117 5.7.4. Estelionato Privilegiado (art. 171, § 1º) 117 5.7.5. Fraude no Pagamento por Meio de Cheque (art. 171, § 2º, VI) 117 5.7.5.1. Consumação 118 5.7.6. Estelionato Contra a Previdência Social (art. 171, § 3º) – Causa de Aumento de Pena 119 5.7.6.1. Estelionato Previdenciário e Peculato 123 5.7.6.2. Estelionato Previdenciário e Princípio da Insignificância 123 5.8. Receptação (art. 180) 125 5.8.1. Sujeito Passivo e Ativo 127 5.8.2. Objeto Material 127 5.8.3. Receptação Dolosa (art. 180, caput) 127 5.8.3.1. Receptação Própria 128 5.8.3.2. Receptação Imprópria 128 5.8.4. Causa de Aumento de Pena 128 5.8.5. Forma Qualificada 129 5.8.6. Receptação Culposa 131 5.8.7. Receptação e Princípio da Insignificância 132 5.9. Disposições Gerais sobre os Crimes Contra o Patrimônio (arts. 181 a 183) 132 5.9.1. Imunidades Absolutas ou Escusas Absolutórias 132 5.9.2. Imunidades Relativas (art. 182) 133 5.9.3. Vedações à Aplicação das Imunidades (arts. 183) 133 5.10. Tabelas Síntese – Crimes Contra o Patrimônio 134 5.11. Observações de Provas 137 6. Crimes Contra a Dignidade Sexual 144 6.1. Estupro (art. 213) 144 6.1.1. Casuísticas 147 6.1.2. Consumação e Tentativa 148 6.1.3. Concurso de Crimes 148 6.1.4. Formas Qualificadas 148 6.2. Violação Sexual Mediante Fraude (art. 215) 149 6.3. Assédio Sexual (art. 216-A) 149 6.3.1. Consumação e Tentativa 150 6.4. Estupro de Vulnerável (Art. 217-A) 150 6.4.1. Formas Qualificadas151 6.4.2. Consumação e Tentativa 151 6.5. Outros Crimes Contra Vulnerável (arts. 218, 218-A e 218-B) 152 6.6. Causas Especiais de Aumento de Pena (art. 226) 153 6.7. Ação Penal nos Crimes Sexuais Contra a Liberdade e Contra Vulneráveis 153 6.8. Tráfico Internacional de Pessoas (art. 231) 154 6.8.1. Consumação e Tentativa 155 6.8.2. Ação Penal e Competência 156 6.8.3. Concurso de Crimes 156 6.9. Disposições Gerais a Todos os Crimes Contra a Liberdade Sexual 156 6.10. Observações de Provas 157 7. Crimes Contra a Organização do Trabalho 157 7.1. Competência 157 8. Crimes Contra a Paz Pública 160 8.1. Quadrilha ou Bando (art. 288) 160 8.1.1. Consumação e Tentativa 163 8.1.2. Crime Hediondo e Associação Para o Tráfico 163 8.1.3. Crime Único 163 8.1.4. Concurso de Crimes 165 8.1.5. Competência e Ação Penal 165 8.1.6. Denúncia 165 8.2. Constituição de Milícia Privada (art. 288-A) 166 8.3. Observações de Provas 167 9. Crimes Contra a Fé Pública 167 9.1. Moeda Falsa (art. 289) 168 9.1.1. Circulação de Moeda Falsa (art. 289, § 1º) 169 9.1.1.1. Concurso de Crimes 170 9.1.1.2. Competência 170 9.1.2. Forma Privilegiada (art. 289, § 2º) 170 9.1.3. Forma Qualificada (art. 289, § 3º) 170 9.2. Falsificação de Documento Público (art. 297) 171 9.2.1. Requisitos do Documento Público 171 9.2.2. Documentos Públicos por Equiparação (art. 297, § 2º) 172 9.2.3. Consumação e Tentativa 172 9.2.4. Concurso de Crimes 172 9.2.5. Causas de Aumento de Pena (art. 297, 13º) 173 9.2.6. Falsidade de Documento e Sonegação Fiscal 173 9.3. Falsificação de Documento Particular (art. 298) 174 9.4. Falsidade Ideológica (art. 299) 175 9.4.1. Requisitos para a Configuração, Conforme Jurisprudência 176 9.4.2. Casuísticas 177 9.4.3. Elemento Subjetivo, Consumação e Tentativa 178 9.4.4. Causa de Aumento de Pena 178 9.5. Uso de Documento Falso (art. 304) 178 9.4.5. Competência 181 9.5. Falsa Identidade (art. 307) 182 9.5.1. Falsa Identidade e Autodefesa 183 9.6. Observações de Provas 183 Fraudes em Certames Públicos 184 10. Crimes Contra a Administração Pública 185 10.1. Espécies 185 Crimes Praticados por Funcionário Público contra a Administração em Geral 186 10.1.1. Conceito de Funcionário Público (art. 327) 186 10.1.2. Causa Geral de Aumento de Pena (art. 327, § 2º) 186 10.1.3. Concurso de Agentes 187 10.1.4. Funcionário Público Estrangeiro (art. 337-D) 188 10.1.5. Ação Penal 188 10.1.6. Princípio da Insignificância 188 10.2. Peculato (art. 312 e 313) 189 10.2.1. Peculato Doloso 189 10.2.1.1. Peculato Apropriação (art. 312, caput, Primeira Parte) 189 10.2.1.2. Peculato Desvio (art. 312, caput, segunda parte) 190 10.2.1.3. Peculato Furto ou Peculato Impróprio (art. 312, § 1º) 190 10.2.1.4. Peculato Mediante Erro de Outrem (art. 313) 191 10.2.1.5. Peculato Eletrônico (art. 313-A) e Inserção de Dados Falsos (art. 313-B) 191 10.2.2. Peculato Culposo (art. 312, § 2º) 191 10.2.2.1. Reparação do Dano no Peculato Culposo (art. 312, § 3º) 192 10.3. Emprego Irregular de Verbas Públicas (art. 315) 192 10.4. Concussão (art. 316) 193 10.4.1. Elementos Objetivos 193 10.4.2. Consumação e Tentativa 194 10.4.3. Diferença de Outros Tipos Penais 194 10.5. Excesso de Exação (art. 316, § 1º) 194 10.5.1. Consumação e Tentativa 196 10.5.2. Forma Qualificada 196 10.6. Corrupção Passiva (art. 317) 196 10.6.1. Tipo Subjetivo 197 10.6.2. Consumação 197 10.6.3. Causa de Aumento de Pena (art. 317, § 1º) 198 10.6.4. Corrupção Passiva Privilegiada (art. 317, § 2º) 198 10.6.5. Ação Penal 199 10.7. Facilitação de Contrabando ou Descaminho (art. 318) 201 10.7.1. Agente Ativo 201 10.7.2. Tipo Objetivo 201 10.7.3. Consumação e Tentativa 201 10.7.8. Competência 205 10.8. Prevaricação (art. 319) 206 10.8.1. Tipo Subjetivo 207 10.8.2. Consumação e Tentativa 207 10.9. Advocacia Administrativa (art. 321) 208 10.9.1. Exercício Regular de Direito 208 10.9.2. Consumação e Tentativa 208 10.9.3. Forma Qualificada 208 Crimes Praticados por Particular contra a Administração em Geral 208 10.10. Resistência (art. 329) 208 10.10.1. Tipo Objetivo 209 10.10.2. Resistência Qualificada 209 10.11. Desobediência e Desacato 209 10.11.1. Desobediência (art. 330) 209 10.11.1. Desacato (art. 331) 211 10.12. Corrupção Ativa (art. 333) 213 10.12.1. Tipo Objetivo 213 10.12.2. Consumação e Tentativa 214 10.12.3. Causa de Aumento de Pena 214 10.13. Contrabando ou Descaminho (art. 334) 214 10.13.1. Distinções 215 10.13.2. Objeto Jurídico, Sujeito Ativo e Passivo 215 10.13.3. Consumação e Tentativa 215 10.13.4. Ação Penal 217 10.13.5. Tipo Objetivo 217 10.13.6. Princípio da Insignificância 217 10.13.7. Habitualidade e Outras Questões 220 10.13.8. Figuras Equiparadas 221 10.13.9. Concurso de Crimes e Distinções 221 10.13.10. Necessidade de Constituição Definitiva do Crédito Tributário? 222 10.13.11. Esclarecimentos sobre o Descaminho: Base da Configuração Delitiva 225 10.13.10. Receptação (art. 334, § 1º, c e d) 228 10.14. Sonegação de Contribuição Previdenciária (art. 337-A) 228 10.14.1. Tipo Objetivo 229 10.14.2. Princípio da Insignificância 229 10.14.3. Ação Penal 229 10.14.4. Extinção da Punibilidade 230 10.14.5. Sonegação de Contribuição Previdenciária e Dificuldades Financeiras 231 10.14.6. Necessidade de Constituição Definitiva do Crédito Tributário 231 10.14.7. Jurisprudência 232 Crimes contra a Administração da Justiça 233 10.15. Reingresso de Estrangeiro Expulso (art. 338) 233 10.15.1. Consumação e Tentativa 233 10.15.1. Ação Penal 233 10.16. Denunciação Caluniosa (art. 339) 233 10.16.1. Tipo Objetivo 234 10.16.1. Tipo Subjetivo 234 10.16.2. Consumação e Tentativa 235 10.16.3. Diferença com Tipos Afins 235 10.16.4. Competência 235 10.17. Falso Testemunho ou Falsa Perícia (art. 342) 235 10.17.1. Tipo Objetivo 236 10.17.1.1. Compromisso 238 10.17.1.2. Concurso de Agentes 239 10.17.1.3. Relevância do Depoimento 239 10.17.2. Causas Especiais de Aumento de Pena 239 10.17.3. Retratação 239 10.17.4. Competência 240 10.17.4. Consumação e Tentativa 241 10.18. Favorecimento Real 241 10.19. Observações de Provas 241 11. Crimes Contra a Administração da Justiça 245 11.1. Falso Testemunho (art. 342) 245 12. Crimes Contra as Finanças Públicas 246 12.?. Observações de Provas 246 13. Outros Crimes 246 13.1. Violação de Direito Autoral (art. 184, § 2º) 246 13.2. Corrupção de Menores (art. 271) 246 13.3. Observações de Provas 248 1. Crimes Contra a Vida 1.1. Homicídio (art. 121) Tem como bem juridicamente protegido a vida humana extra-uterina. É crime comum, que admite coautoria e participação. Trata-se de crime simples, instantâneo de efeitos permanentes, material, de dano. No Brasil, adota-se a teoria de que a morte ocorre com a cessação da atividade cerebral. A tentativa é perfeitamente admissível, seja ela branca ou incruenta (não se atinge o corpo da vítima) ou cruenta (se atinge). O homicídio simples poderá ser considerado crime hediondo, quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que por apenas um agente e recaindo a conduta contra um só indivíduo. A pena é de reclusão de 06 a 20 anos. 1.1.1. Homicídio Privilegiado (art. 121, § 1º) Trata-se de uma causa de diminuição de pena, e não de um tipo derivado. É privilegiado pois prevê determinadas causas, TODAS ELAS SUBJETIVAS, as quais, se presentes, reduzirão a pena de 1/6 a 1/3. São elas: Motivo de relevante valor moral: o valor moral deve ser avaliado a partir do ponto de vista interno do agente, dos motivos pessoais que o levaram a cometer o crime; Motivo de relevante valor social: valor social é a motivação externa ao agente que o leva a cometer o homicídio, tal como a morte de uma pessoa que tenha praticado crime de grande apelo negativo na sociedade; Sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima: não se trata de injusta agressão, caso contrário haveria legítima defesa. Considera-se injusta agressão, v.g., o adultério, xingamento outraição. O agente deve ser súbita e imediatamente tomado por uma emoção extremamente forte e a sua reação deve ser imediata. Importante que a emoção seja tal que domine o agente, e não apenas influencie no seu agir. Elimina o privilégio o passar do tempo, tendo o agente condições de ponderar sobre sua atitude e sobre seus sentimentos. A jurisprudência exclui a existência da legítima defesa da honra como causa excludente de ilicitude; entretanto, a ofensa à honra pode configurar o privilégio do motivo de relevante valor moral. Qual o critério que deve ser utilizado para se diminuir a pena? O STJ sustenta que fica a cargo do juiz, porém, obviamente sendo necessária a devida fundamentação e congruência com os fatos. Influenciam diretamente a relevância do motivo de valor moral ou social, a intensidade da emoção do réu e o grau de provocação da vítima: RECURSO ESPECIAL. HOMICÍDIO PRIVILEGIADO. CAUSA DE DIMINUIÇÃO DE PENA. APLICAÇÃO NO PATAMAR MÍNIMO. FUNDAMENTAÇÃO INCONGRUENTE. CONSTRANGIMENTO ILEGAL. REGIME DE CUMPRIMENTO DE PENA. CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAS FAVORÁVEIS. RECURSO PROVIDO. 1. Em homenagem ao princípio do livre convencimento, o patamar de redução fica a cargo do Juiz sentenciante. Entretanto a escolha do quantum da diminuição deve ser devidamente fundamentada. 3. No caso, a fundamentação adotada pelo magistrado para reduzir a pena somente em 1/6 (um sexto) foi incongruente com a maneira em que o evento criminoso se desencadeou já que o réu sofreu agressões físicas que culminaram, inclusive, em lesão após disparo de arma de fogo. Não vejo, diante disso, que a sua reação – também de ter efetuado disparos de arma de fogo – tenha sido tão desproporcional que caracterizasse a extrema brutalidade ou covardia como considerou o juiz na sentença. 4. Favoráveis as circunstâncias judiciais, impõe-se a concessão de regime mais brando para o início do cumprimento da pena. 5. Recurso a que se dá provimento. (STJ, REsp 1002416/RJ, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEXTA TURMA, julgado em 01/06/2010, DJe 02/08/2010) 1.1.2. Homicídio Privilegiado-Qualificado Trata-se da possibilidade de se combinar a causa de diminuição de pena do privilégio com o tipo qualificado do homicídio previsto no § 2º. É plenamente possível, desde que a qualificadora seja de cunho objetivo (quanto aos meios e modos de execução). Para a aplicação da pena nessa hipótese, a pena-base deverá ser calculada sob o intervalo previsto para o homicídio qualificado, aplicando-se a causa de diminuição apenas na terceira fase da dosimetria penal. Não se trata de crime hediondo, já que a Lei nº 8.072/90 não o previu. Lembrar que, no Brasil, se adotou o critério formal para a taxação de determinada conduta tipificada como hedionda. Em relação ao Júri, o juiz-presidente não deve fazer qualquer menção ao privilégio na fase de pronúncia. EMENTA: HABEAS CORPUS. TRIBUNAL DO JÚRI. ALEGAÇÃO DE NULIDADE. INCOMPATIBILIDADE ENTRE A CIRCUNSTÂNCIA QUALIFICADORA E O PRIVILÉGIO. INEXISTÊNCIA DO INTERVALO TEMPORAL NECESSÁRIO PARA A CONFIGURAÇÃO DA QUALIFICADORA. AUSÊNCIA DE QUESITO REFERENTE À DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA. TENTATIVA DE HOMICÍDIO. 1. A jurisprudência do STF admite a possibilidade de homicídio privilegiado-qualificado, desde que não haja incompatibilidade entre as circunstâncias do caso. O recurso utilizado para atingir a vítima "é realidade objetiva, pertinente à mecânica do agir do infrator" (HC 77.347, HC 69.524, HC 61.074). Daí a INEXISTÊNCIA DE CONTRADIÇÃO NO RECONHECIMENTO DA QUALIFICADORA, CUJO CARÁTER É OBJETIVO (MODO DE EXECUÇÃO DO CRIME), E DO PRIVILÉGIO, AFINAL RECONHECIDO (SEMPRE DE NATUREZA SUBJETIVA). 2. Na tentativa de homicídio, respondido afirmativamente que o agente só não consumou o delito por circunstâncias alheias à sua vontade, não há lógica em se questionar de desistência voluntária, que somente se configura quando o agente "voluntariamente desiste de prosseguir na execução" (art. 15 do Código Penal). Habeas corpus indeferido. (STF, HC 89921, Relator(a): Min. CARLOS BRITTO, Primeira Turma, julgado em 12/12/2006, DJe-004 DIVULG 26-04-2007 PUBLIC 27-04-2007 DJ 27-04-2007 PP-00068 EMENT VOL-02273-02 PP-00411) 1.1.3. Homicídio Qualificado (art. 121, § 2º) Trata-se, em todas as suas hipóteses, de crime hediondo, ainda que na forma tentada. Importante lembrar que certas agravantes genéricas da parte geral do CP vieram previstas como qualificadoras, razão pela qual não poderão ser utilizadas para agravar a pena. A pena será de reclusão de 12 a 30 anos. 1.1.3.1. Qualificadoras Subjetivas Mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe: também conhecido como homicídio mercenário. Aqui, há o concurso necessário de agentes, já que existe a figura do executor e do mandante. Todos eles respondem pela qualificadora, já que possuem o domínio dos fatos. Na hipótese “mediante paga”, o mandante entrega o dinheiro antes da execução do homicídio, enquanto na “promessa de recompensa”, o dinheiro é entregue depois. O “outro motivo torpe” é aquele reprovável, vil, repugnante; não se considera, v.g., motivo torpe o matar por ciúme. Trata-se de expressão na qual se deve utilizar a interpretação analógica. HABEAS CORPUS. HOMICÍDIO QUALIFICADO. CIÚMES E VINGANÇA. MOTIVO TORPE. CARACTERIZAÇÃO. COMPETÊNCIA DO CONSELHO DE SENTENÇA. EMPREGO DE RECURSO QUE DIFICULTOU A DEFESA DO OFENDIDO. EXISTÊNCIA DE ANIMOSIDADE PRÉVIA ENTRE O PACIENTE E A VÍTIMA. EXCLUSÃO. IMPOSSIBILIDADE. ORDEM DENEGADA. 1. É da competência do conselho de sentença decidir se o paciente praticou o ilícito motivado por ciúme ou vingança, bem como se tais sentimentos, na análise do caso concreto, constituem o motivo torpe que qualifica o crime de homicídio. 2. O fato de existir prévia animosidade entre o paciente e a vítima não exclui, por si só, a qualificadora do emprego de recurso que dificultou a defesa do ofendido, tendo em vista que esta deve ser analisada de acordo com os fatos narrados na denúncia, com o apoio do conjunto fático-probatório produzido no âmbito do devido processo legal. 3. Ordem denegada. (STJ, HC 104.097/RS, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 13/08/2009, DJe 13/10/2009) Motivo fútil: é o motivo insignificante, de pequena importância. A existência de uma discussão “forte” precedente ao crime, ainda que tenha se originado de motivo de pequena importância, afasta o motivo fútil. Seria motivo fútil, v.g., alguém matar outrem por ser chamado de flamenguista (apesar de que eu considero isso uma afronta gravíssima). 1.1.3.2. Qualificadoras Objetivas Meio de execução é o instrumento de que se serve o agente para a prática da ação delituosa; modo de execução é a forma da conduta, como ele desenvolve a empreitada criminosa. Com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou que possa representar perigo comum: trata-se de qualificadora que prevê meios de execução diferenciados e agravadores. Emprego de veneno: venefício. Deve ser inoculado na vítima sem que ela o perceba. Se ela perceber ou se o veneno for inoculado forçadamente, ocorre o meio cruel. Poderá ser considerada venenosa a substância inofensiva ao homem comum, mas que não o seja para a vítima, desde que o agente o saiba (por exemplo, dar açúcar conscientemente ao diabético para que esse morra). Se o meio for absolutamente ineficaz (tentativa inidônea ou crime impossível), o agente não responde por crime algum. Se for relativamente ineficaz, responde por tentativa de homicídio qualificado. Como saber ser o meio é absoluta ou relativamente ineficaz? Com o alcance do resultado. Se alcançou o resultado morte, é eficaz. Se não alcançou, mas colocou a pessoa em um estado grave, em coma, por exemplo, é relativamente. Se nada causou à vítima e nem potencialmente poderia, é absolutamente. Emprego de fogo: se, além de causar a morte da vítima, o fogo ou explosivo danificar bem alheio, o agente só responderá por homicídio qualificado, desde que o dano não advenha de desígnio autônomo. Asfixia: trata-se da causação da mortepor impedimento da função respiratória. Emprego de tortura ou qualquer meio insidioso ou cruel: meio cruel é o que causa sofrimento desnecessário à vítima ou o que revela uma brutalidade incomum. É o sadismo do agente. Não se configurará se a vítima já estiver morta quando do emprego, pois deve ser o meio causador do óbito. Também tem-se caso aqui de interpretação analógica. Tortura não se confunde com o crime de tortura com resultado morte. A diferença está no elemento subjetivo. No homicídio qualificado, o agente quer a morte da vítima e se utiliza do meio cruel para alcançá-la. No crime de tortura com resultado morte, esta é culposa (preterdolosa). À traição, de emboscada ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido: trata-se de qualificadora quanto ao modo de execução. Nela, o agente esconde a sua ação e intenção de matar, agindo de forma inesperada, surpreendendo a vítima que estava descuidada ou confiava no agente, dificultando ou impedindo sua defesa.r A qualificadora será afastada sempre que o agente não lograr esconder o seu propósito criminoso. Traição: ocorre quando a vítima deposita confiança no agente. A corrente majoritária diz que a traição se configura quando há a quebra de fidelidade e lealdade entre a vítima e o agente. Emboscada ou tocaia: aguardar escondido a passagem da vítima por um determinado local para matá-la. Não basta, v.g., que a pessoa aguarde a passagem da vítima por um beco, expondo sua presença a ela. O agente tem de estar escondido. Dissimulação: é a ocultação da intenção hostil, para acometer a vítima de surpresa. Poder ser material¸ quando o agente usa de disfarce, fantasia ou métodos análogos para se aproximar da vítima; moral, quando a pessoa usa da palavra, dá falsas provas de amizade ou de apreço. Qualquer outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa da vítima: trata-se de qualificadora genérica, como matar a pessoa que está dormindo. Também lança o Código Penal, aqui, mão da interpretação analógica. Para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime: trata-se de qualificadora conexa a outro crime, sempre tendo este como pressuposto ou consequente. Pode ser: Teleológica: quando a morte visa a assegurar a execução de outro crime (logo, o outro crime ainda não foi praticado). Haverá concurso material entre o homicídio qualificado e o outro delito. Consequencial: neste caso, o homicídio é praticado após a ocorrência de um crime, mas com ele conexo. Ocorrerá o crime subsequente para que se evite que alguém conheça o autor de um crime, para que se evite a descoberta de um crime ou para que se garanta a fruição do produto do outro crime. Ambos são casos de concurso material com o outro crime, já que são delitos autônomos. Se o agente visa à garantia da execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de uma contravenção, será aplicada a qualificadora do motivo fútil. Além disso, é irrelevante à qualificação do homicídio que o crime-fim tenha sido consumado ou tentado. Se tiver sido tentado, obviamente que incidirá a diminuição referente à tentativa. Nos crimes conexos, a extinção da punibilidade de um deles não impede, quanto aos outros, a agravação da pena decorrente da conexão. 1.1.3.3. Questões Complementares Pluralidade de qualificadoras: é impróprio falar em homicídio dupla ou triplamente qualificado, pois basta uma circunstância qualificadora para se qualificar o homicídio. As demais funcionarão apenas como CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS aptas a ensejar a modificação da pena-base, não podendo nunca ser utilizadas como agravantes. As circunstâncias de caráter subjetivo não se comunicam ao coautor ou partícipe, salvo se também agirem impelidos pelo mesmo motivo ou se constituírem em elementares do tipo penal. No caso de participação, não se aplicam aos partícipes as qualificadoras objetivas que não tenham ingressado em sua esfera de conhecimento. É o caso do partícipe que instiga alguém a matar, mas desconhece que a conduta será praticada com veneno ou fogo. Trata-se de um desvio subjetivo de conduta, em que cada agente responde por crimes diferentes. 1.1.4. Homicídio Culposo (art. 121, § 3º) Lembrar que, para se configurar um crime culposo, são necessários os seguintes requisitos: Previsibilidade objetiva; Quebra do dever de cuidado (negligência, imprudência ou imperícia); Conduta humana comissiva ou omissiva; Nexo de causalidade; Resultado lesivo não querido. O fato de a vítima também ter agido com culpa não exclui a responsabilidade do agente, já que não existe compensação de culpas no Direito Penal. A ação penal será sempre pública incondicionada, devendo-se seguir o rito sumário. Trata-se efetivamente de um tipo privilegiado, com pena cominada de detenção de 01 a 03 anos. 1.1.4.1. Homicídio Culposo no CTB Para ocorrer o homicídio culposo conforme o tipo penal do CTB, não basta que o fato ocorra no trânsito. Necessário que a ofensa parta de quem estava conduzindo um veículo automotor. Não haverá compensação de culpas se os motoristas agirem concorrentemente. Somente se exclui a responsabilidade por culpa exclusiva da vítima. Se aplicada a pena, o juiz deverá também aplicar a sanção de proibição ou suspensão do direito de dirigir, de 02 meses a 05 anos, de forma proporcional, a qual não se iniciará enquanto estiver preso o sentenciado. Essa pena se aplica ainda que o juiz tenha concedido o SURSIS. O perdão judicial, apesar de não previsto no CTB, será aplicável aos crimes de trânsito, nos termos do Código Penal. Admite-se o arrependimento posterior nos crimes de trânsito, desde que ocorra a reparação do dano antes do recebimento da denúncia; se a reparação ocorrer após, restará configurada a atenuante genérica do art. 65, III, c, CP. 1.1.5. Causas de Aumento de Pena (art. 121, § 4º) 1.1.5.1. No Homicídio Culposo – Aumento de 1/3 Se o agente deixar de prestar imediato socorro à vítima: não se aplica se a vítima está evidentemente morta, se ela for imediatamente socorrida por terceiros ou quando o socorro não era possível. Se o agente foge para evitar o flagrante: Se o agente não procurar diminuir as consequências de seus atos: Se o crime resulta da inobservância de regra técnica de arte, profissão ou ofício: casos de negligência, em que o agente possui os conhecimentos, mas, por desleixo, deixa de aplicá-los, causando a morte da vítima. Não se confunde com a imperícia, que é hipótese em que o agente não possui os conhecimentos. 1.1.5.2. No Homicídio Doloso – Aumento de 1/3 Se a vítima, ao tempo da ação ou omissão (e não do resultado), era menor de 14 anos ou maior de 60. Essa causa de aumento se aplica ao homicídio simples, qualificado e privilegiado, NUNCA AO CULPOSO. 1.1.6. Perdão Judicial (art. 121, § 5º) Somente pode ocorrer no crime culposo, quando as consequências do crime atingirem o próprio agente de forma tão grave que a imposição da mesma (da pena) se torne desnecessária. Só pode ser concedido na sentença. Tem caráter pessoal, não se estende a terceiros. Trata-se de causa extintiva da punibilidade e de uma faculdade do juiz. Logo, não é direito subjetivo do réu. Súmula 18, STJ: “A sentença concessiva do perdão judicial é declaratória da extinção da punibilidade, não subsistindo qualquer efeito condenatório”. Logo, não surte qualquer efeito penal, não obstante não se excluir a possibilidade de responsabilização civil do agente. Sobre o perdão judicial: DIREITO PENAL. RECURSO ESPECIAL. PERDÃO JUDICIAL. EXTENSÃO DOS EFEITOS. IMPOSSIBILIDADE. Não é possível a extensão do efeito de extinção da punibilidade pelo perdão judicial, concedido em relação a homicídio culposo que resultou na morte da mãe do autor, para outro crime, tão-somente por terem sido praticados em concurso formal (Precedente do STF). Recurso provido. (STJ, REsp 1009822/RS, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 26/08/2008, DJe 03/11/2008) PROCESSO PENAL – ACIDENTE AUTOMOBILÍSTICO – PERDÃO JUDICIAL – MORTE DO IRMÃO E AMIGO DO RÉU - CONCESSÃO– BENEFÍCIO QUE APROVEITA A TODOS. - Sendo o perdão judicial uma das causas de extinção de punibilidade (art.107, inciso IX, do C.P.), se analisado conjuntamente com o art. 51, do Código de Processo Penal ("o perdão concedido a um dos querelados aproveitará a todos..."), deduz-se que o benefício deve ser aplicado a todos os efeitos causados por uma única ação delitiva. O que é reforçado pela interpretação do art. 70, do Código Penal Brasileiro, ao tratar do concurso formal, que determina a unificação das penas, quando o agente, mediante uma única ação, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não. - Considerando-se, ainda, que o instituto do Perdão Judicial é admitido toda vez que as conseqüências do fato afetem o respectivo autor, de forma tão grave que a aplicação da pena não teria sentido, injustificável se torna sua cisão. - Precedentes. - Ordem concedida para que seja estendido o perdão judicial em relação à vítima Rodrigo Antônio de Medeiros, amigo do paciente, declarando-se extinta a punibilidade, nos termos do art. 107, IX, do CP. (STJ, HC 21.442/SP, Rel. Ministro JORGE SCARTEZZINI, QUINTA TURMA, julgado em 07/11/2002, DJ 09/12/2002, p. 361) 1.1.7. Causa de Aumento de Pena: Milícias ou Grupo de Extermínio (art. 121, § 6º) Trata-se de causa de aumento de pena criada pela Lei nº 12.720, de 27 de setembro de 2012. Art. 121. [...] § 6o A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio.” Milícia privada e grupo de extermínio são elementos normativos do tipo, cujo conceito jurídico indeterminado deve ser suprido pela doutrina e pela autoridade judicial. Essa causa de aumento de pena somente se aplica, por evidente, ao homicídio doloso. 1.2. Induzimento, Instigação ou Auxílio ao Suicídio (art. 122, CP) O SUICÍDIO NÃO É UM ILÍCITO PENAL; ENTRETANTO, É FATO ANTIJURÍDICO, já que a vida é um bem público indisponível. O bem jurídico protegido pelo tipo penal é a vida. O suicida não é punido. Primeiramente porque, se ele tiver sucesso na empreitada, não há quem punir. Entretanto, não tendo sucesso, há de se aplicar o princípio da lesividade. 1.2.1. Núcleos do Tipo Trata-se de crime de ação múltipla (conteúdo variável ou misto alternativo), pois o tipo é composto de três verbos, respondendo o agente por uma única conduta ainda que realize todas elas. As condutas previstas são: Induzir: criar a ideia na cabeça da vítima que não a tinha. Trata-se de participação moral. Instigar: reforçar a ideia suicida preexistente na mente da vítima. Trata-se de participação moral. Auxiliar: o agente colabora com a própria prática. O auxílio deve ser acessório, pois se for causa da morte, haverá homicídio. Trata-se de participação material. Se a vítima não tiver qualquer capacidade de entendimento, o agente será considerado autor imediato do crime de homicídio, desde que o saiba, já que a vítima serviu de mero instrumento. LOGO, SOMENTE PODE SER SUJEITO PASSIVO AQUELE QUE TEM ALGUMA CAPACIDADE DE DISCERNIMENTO E RESISTÊNCIA. A vítima tem de ser determinada, ainda que mais de uma pessoa. Se a instigação for de caráter geral, dirigida a uma coletividade, não há crime. 1.2.2. Elemento Subjetivo Pode se dar por dolo direto ou eventual (v.g., roleta russa). Deve haver seriedade na conduta. Se alguém, por brincadeira, diz para outrem se matar, se jogar pela janela etc., e este o faz, não há dolo. Logo, inexistindo dolo, não se configura o fato típico. Deve haver nexo causal entre o auxílio (suporte material) e o modo pelo qual a vítima se matou. Se, v.g., o autor empresta ao suicida uma arma e esta se mata introduzindo todos os seus membros no liquidificador, ou decepando sua própria cabeça com um cortador de unha, não haverá conduta punível, o meio foi absolutamente ineficaz. 1.2.3. Consumação Ocorre quando a vítima morre ou sofre lesões graves. A morte e a lesão são elementos normativos do tipo, só podendo o agente ser punido se ocorrer um desses resultados. Logo, a consumação do crime NÃO SE DÁ com o simples induzimento, instigação ou auxílio. O CRIME NÃO ADMITE TENTATIVA; se ocorrer a morte ou lesão corporal grave, estará consumado. Se a lesão for leve, o fato é atípico. Se o auxiliar empresta a arma à vítima e esta só se suicida, v.g., após cinco anos, o prazo prescricional começa a correr com a morte. 1.2.4. Forma Qualificada O CP chama isso de causa de aumento de pena. Entretanto, trata-se, na verdade, de verdadeira qualificadora pois altera os intervalos da pena base. A pena é duplicada se: O crime for praticado por motivo egoístico: Se a vítima é menor: porém, ela deve ter algum discernimento, caso contrário ocorrerá homicídio. Se a vítima, por qualquer causa, tiver diminuída sua capacidade de resistência: por exemplo, se a vítima estiver em profundo estado depressivo, sabendo dessa circunstância o agente. Se a resistência for anulada, haverá homicídio. 1.2.5. Pena do Crime A pena é variável. Dependerá do resultado. Pode-se dizer que o crime prevê dois preceitos secundários autônomos, ainda que no mesmo lugar. Ela é de reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se consuma; ou reclusão, de um a três anos, se da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave. O preceito secundário não traz a hipótese, mas é evidente que se a lesão corporal for de natureza gravíssima, também se consuma o crime na modalidade privilegiada. Só será atípico, repita-se, o crime cuja lesão corporal resultante da tentativa de suicídio seja leve. 1.2.6. Casuísticas Se A e B se comprometem cada qual a tirar a própria vida, e somente um deles morre, haverá participação em suicídio. Se A realiza o ato que irá provocar a morte de ambos, sobrevivendo A, responderá por homicídio; sobrevivendo B, este responde por participação em suicídio. Sobrevivendo os dois, A responderá por tentativa de homicídio. Sobrevivendo ambos sem lesão grave, A responde pela tentativa de homicídio e B pratica fato atípico. 1.3. Infanticídio (art. 123, CP) Matar, sob influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após. A doutrina defende tratar-se de uma espécie privilegiada de homicídio doloso. O bem jurídico protegido é a vida humana extra-uterina. A pena é de detenção, de 02 a 06 anos. 1.3.1. Elementares do Crime Matar: O próprio filho: se, por erro (aberratio ictus), a mãe mata o filho de outrem, responde por infanticídio. Não se aplicam as agravantes genéricas de crime contra descendente e crime contra criança, já que são elementares. Sob influência de estado puerperal: não se presume o estado puerperal, tem de ser provado por perícia médica. Caso o laudo seja inconclusivo, será presumido o estado puerperal (in dubio pro reo). Sobre a perícia médica: HABEAS CORPUS. CRIME DE ABORTO COM O CONSENTIMENTO DA GESTANTE. POSSIBILIDADE DE EXAME DE CORPO DE DELITO INDIRETO. PRECEDENTES DO STF. ALEGAÇÃO DE ATIPICIDADE DA CONDUTA DO RÉU. NECESSIDADE DE REEXAME DE FATOS E PROVAS. ORDEM DENEGADA. 1. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal é firme no sentido da POSSIBILIDADE DE EXAME DE CORPO DE DELITO INDIRETO no crime de aborto. 2. A alegação de atipicidade da conduta praticada pelo paciente, por não ter restado configurado o concurso de agentes, passa, necessariamente, pelo reexame de matéria fático-probatória e ultrapassa os estreitos limites do habeas corpus. 3. Ante o exposto, denego a ordem de habeas corpus. (STF, HC 97479, Relator(a): Min. ELLEN GRACIE, Segunda Turma, julgado em 26/05/2009, DJe-108 DIVULG 10-06-2009 PUBLIC 12-06-2009 EMENT VOL-02364-02 PP-00232 LEXSTF v. 31, n. 366, 2009, p. 407-416) Durante o parto ou logo após ele: considera-se o parto iniciado com a dilatação do colo uterino. A expressão logo após varia conforme o caso. Diferença entre o infanticídio e o abandono de recém nascido qualificado pela morte (art. 134, § 2º): no infanticídio existe dolo de matar e a mulher age em razão do estado puerperal, enquanto no abandono, odolo é apenas de abandonar recém-nascido para ocultar desonra própria, e o evento morte é culposo. 1.3.2. Elemento Subjetivo Somente o dolo. Se a criança morrer culposamente, haverá homicídio culposo. Não existe a forma culposa no infanticídio. 1.3.3. Sujeito Ativo Trata-se de crime próprio. Porém, é plenamente possível concurso de pessoas, já que o estado puerperal, apesar de ser uma circunstância pessoal, é elementar do tipo. Caso o terceiro mate a criança, contando com a participação da mãe, o terceiro comete homicídio, pois foi o autor da conduta principal. A mãe, por não ter realizado o núcleo do tipo, responde por participação em homicídio. Se o inverso ocorrer, ambos respondem por infanticídio. A consumação se dá com a morte; é perfeitamente possível a tentativa. 1.4. Aborto (arts. 124 a 128, CP) Inicialmente, importante deixar consignada a seguinte consideração sobre o aborto: já caiu na prova da Magistratura: é constitucional o aborto no caso de estupro? O examinador entendeu que não, que seria inconstitucional. Os professores de penal nem discutem isso. Eles entendem pela inconstitucionalidade e ponto. Ninguém discute isso, e é uma discussão relevante por estar em jogo a vida, que é um direito individualmente reconhecido, embora também o seja o direito da mãe. Esses doutrinadores defendem que, como o direito à vida vale mais do que o direito que se está tentando proteger da mãe, sua dignidade, ela seria obrigada a ter o filho. Depois, que entregasse o filho ao Estado. 1.4.1. Conceito e Modalidades Aborto é a interrupção da gravidez com a consequente morte do produto da concepção. Poderá ocorrer aborto desde a concepção até o início do parto. Após o início (dilatação do colo do útero), possível que haja o crime de infanticídio ou homicídio, a depender do caso. 1.4.1.1. Autoaborto e Aborto Consentido (art. 124) Autoaborto: é o crime cometido de mão própria, não admitindo coautoria, apenas a participação. Aborto consentido: nesse caso, o terceiro realiza a manobra abortiva, consentida pela gestante. Aqui, o terceiro responderá pelo crime do art. 126, em clara exceção à teoria monista ou unitária. O aborto consentido é crime que recai sobre a mãe, cuida de punição sobre o fato de ela ter dado o consentimento. Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque: Pena - detenção, de um a três anos. 1.4.1.2. Aborto Provocado por Terceiros (art. 125) É o aborto provocado sem o consentimento da gestante. É conduta gravíssima, havendo dupla subjetividade passiva, já que os sujeitos passivos são a mãe e o feto. Considera-se que não houve consentimento, aplicando-se as penas do art. 125, quando quem consentiu não era maior de 14 anos, alienada ou débia mental ou se o consentimento foi obtido mediante fraude, ameaça ou violência (art. 126, p. único). A pena é de reclusão, de 03 a 10 anos. 1.4.1.3. Aborto Provocado por Terceiros com Consentimento (art. 126) Nesse caso não haverá dupla subjetividade passiva; a gestante responde pelo aborto consentido do art. 124. Entretanto, a pena para quem pratica o aborto consentido é maior do que a da gestante que consentiu (reclusão, de 01 a 04 anos). Se a gravidez era de gêmeos e a pessoa não o sabia, responde por crime único, não obstante tal fato poder e dever ser ponderado na fixação da pena-base. Porém, se o sabia, haverá concurso formal impróprio, cuja consequência é a soma das penas. 1.4.1.4. Consumação e Tentativa Consuma-se o crime com a interrupção da gravidez e a consequente morte do feto, ainda que este morra fora do útero da mãe. Exige-se a prova de que o feto se encontrava vivo quando do emprego de manobras abortivas, caso contrário haverá crime impossível por absoluta impropriedade do objeto. É perfeitamente possível a tentativa se, após iniciadas as manobras abortivas, forem elas interrompidas por circunstâncias alheias ao agente que impeçam a morte do feto. Se alguém, por imprudência, der causa a um aborto, responde por lesão corporal culposa, cuja vítima é a gestante. Porém, se este alguém for a própria gestante, o fato é atípico. 1.4.1.5. A Questão do Feto Anencéfalo – ADPF 54 A delicada discussão em torno da possibilidade de interrupção da gravidez de um feto anencéfalo, sem que venha a configurar o crime de aborto, foi iniciada há muitos anos pelo STF e somente agora tem o seu desfecho. Inicialmente, é de ver-se que o STF admitiu a discussão do tema em sede de controle concentrado de constitucionalidade, ou seja, no seio de um processo objetivo, “sem partes”. Não, porém, em uma ADI, mas, sim, em uma ADPF. Isso porque o que está em jogo é a discussão de normas pré-Constituição de 1988, mais exatamente os arts. 124, 126 e 128 do Código Penal, no exato alcance em que foram recepcionados pela Carta Cidadã. Como medida de cautela, o STF determinou a suspensão dos processos criminais em curso onde envolvida a discussão sobre se a interrupção da gravidez no caso de anencefalia configura o delito de aborto, isso até o julgamento definitivo daquela Corte em torno da legitimidade desse ato. Para corroborar o quanto se disse em relação aos itens I e II, confira-se a ementa que segue: ADPF - ADEQUAÇÃO - INTERRUPÇÃO DA GRAVIDEZ - FETO ANENCÉFALO - POLÍTICA JUDICIÁRIA - MACROPROCESSO. Tanto quanto possível, há de ser dada seqüência a processo objetivo, chegando-se, de imediato, a pronunciamento do Supremo Tribunal Federal. Em jogo valores consagrados na Lei Fundamental - como o são os da dignidade da pessoa humana, da saúde, da liberdade e autonomia da manifestação da vontade e da legalidade -, considerados a interrupção da gravidez de feto anencéfalo e os enfoques diversificados sobre a configuração do crime de aborto, adequada surge a argüição de descumprimento de preceito fundamental. ADPF - LIMINAR - ANENCEFALIA - INTERRUPÇÃO DA GRAVIDEZ - GLOSA PENAL - PROCESSOS EM CURSO - SUSPENSÃO. Pendente de julgamento a argüição de descumprimento de preceito fundamental, processos criminais em curso, em face da interrupção da gravidez no caso de anencefalia, devem ficar suspensos até o crivo final do Supremo Tribunal Federal. ADPF - LIMINAR - ANENCEFALIA - INTERRUPÇÃO DA GRAVIDEZ - GLOSA PENAL - AFASTAMENTO - MITIGAÇÃO. Na dicção da ilustrada maioria, entendimento em relação ao qual guardo reserva, não prevalece, em argüição de descumprimento de preceito fundamental, liminar no sentido de afastar a glosa penal relativamente àqueles que venham a participar da interrupção da gravidez no caso de anencefalia. (ADPF 54 QO, Rel. Min. Marco Aurélio, DJe de 30/08/2007) PROCESSO OBJETIVO - CURATELA. No processo objetivo, não há espaço para decidir sobre a curatela. GRAVIDEZ - FETO ANENCÉFALO - INTERRUPÇÃO - GLOSA PENAL. Em processo revelador de argüição de descumprimento de preceito fundamental, não cabe, considerada gravidez, admitir a curatela do nascituro. (ADPF AgR-segundo, Rel. Min. Marco Aurélio, DJe de 05/02/2009) E, por fim, em julgamento finalizado aos 12/04/2012, em sede de controle concentrado de constitucionalidade (ADPF) – cuja decisão, portanto, é revestida de eficácia ‘erga omnes’ e efeito vinculante -, o STF reconheceu que a gestante de um feto anencéfalo tem o direito de interromper a gravidez, sem que cometa algum crime ou viole o direito à vida. Leia-se, a propósito, a notícia divulgada no site do Supremo acerca da conclusão desse histórico julgado: "Por maioria de votos, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) julgou procedente o pedido contido na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 54, ajuizada na Corte pela Confederação Nacional dos Trabalhadores na Saúde (CNTS), para declarar a inconstitucionalidade de interpretação segundo a qual a interrupção da gravidez de feto anencéfalo é conduta tipificada nos artigos 124, 126 e 128, incisos I e II, todos do Código Penal. Ficaram vencidos os ministros Ricardo Lewandowski e Cezar Peluso, que julgaram a ADPF improcedente" 1.4.2. Formas Qualificadas (art. 127, CP) Apesar do nome, tratam-se de causas de aumento de pena, sendoambas preterdolosas. São elas: Aumento de 1/3: se a gestante sofre lesão grave. Aumento de duas vezes: se a gestante morre. Essas causas de aumento não se aplicam ao autoaborto (art. 124) nem a seu partícipe. Quem mata dolosamente uma gestante, sabendo que ela está grávida, responde por homicídio doloso e aborto. Se houver desígnios autônomos, as penas serão somada. 1.4.3. Aborto Legal (art. 128) São causas excludentes de ilicitude. Há duas hipóteses: Aborto necessário ou terapêutico: interrupção da gravidez realizada pelo próprio médico quando a gestante estiver correndo perigo de vida e inexistir outro meio para salvá-la. É dispensável a concordância da gestante ou do representante legal. Só pode ser realizado por médico. Se realizado por enfermeira ou outra pessoa, estes respondem pelo aborto, salvo se houver perigo atual para a vida da gestante, caso em que se configurará o estado de necessidade de terceiros. Se houver erro de diagnóstico, não haverá dolo. Logo, não há crime, já que não prevista a forma culposa (descriminante putativa, art. 20, § 1º, CP). Aborto sentimental, humanitário ou ético: é o praticado por médico, com o consentimento da gestante ou de seu representante, quando a gravidez resultar de estupro. Se não houver consentimento, o médico responde por aborto, evidentemente. Por analogia, também se admite quando resultar de atentado violento ao pudor (discussão sem sentido com a unificação dos tipos penais de estupro e atentado violento ao pudor). O médico não responderá pelo crime se a gestante mentir sobre o estupro somente para viabilizar o aborto. A gestante responderá por aborto e por comunicação falsa de crime (art. 340, CP). Tratando de casos de anomalia que torne inviável a vida do feto fora do útero, atualmente a maioria dos juízes tem concedido autorização para a realização do aborto, não se podendo exigir da gestante que passe todos os riscos inerentes à gravidez quando já se sabe que o bebê não viverá (inexigibilidade de conduta diversa). Nesse sentido: PENAL E PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO ORDINÁRIO. INDEFERIMENTO DE LIMINAR NO WRIT ORIGINÁRIO. MANIFESTA ILEGALIDADE. CABIMENTO DE HABEAS CORPUS PERANTE O SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. INTERRUPÇÃO DE GRAVIDEZ. PATOLOGIA CONSIDERADA INCOMPATÍVEL COM A VIDA EXTRA-UTERINA. ATIPICIDADE DA CONDUTA. GESTAÇÃO NO TERMO FINAL PARA A REALIZAÇÃO DO PARTO. ORDEM PREJUDICADA. 1. A via do habeas corpus é adequada para pleitear a interrupção de gravidez fora das hipóteses previstas no Código Penal (art. 128, incs. I e II), tendo em vista a real ameaça de constrição à liberdade ambulatorial, caso a gestante venha a interromper a gravidez sem autorização judicial. 2. Consoante entendimento desta Corte, é admitida a impetração de habeas corpus contra decisão denegatória de liminar em outro writ quando presente flagrante ilegalidade. 3. Não há como desconsiderar a preocupação do legislador ordinário com a proteção e a preservação da vida e da saúde psicológica da mulher ao tratar do aborto no Código Penal, mesmo que em detrimento da vida de um feto saudável, potencialmente capaz de transformar-se numa pessoa (CP, art. 128, incs. I e II), o que impõe reflexões com os olhos voltados para a Constituição Federal, em especial ao princípio da dignidade da pessoa humana. 4. Havendo diagnóstico médico definitivo atestando a inviabilidade de vida após o período normal de gestação, a indução antecipada do parto não tipifica o crime de aborto, uma vez que a morte do feto é inevitável, em decorrência da própria patologia. 5. Contudo, considerando que a gestação da paciente se encontra em estágio avançado, tendo atingido o termo final para a realização do parto, deve ser reconhecida a perda de objeto da presente impetração. 6. Ordem prejudicada. (STJ, HC 56.572/SP, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, QUINTA TURMA, julgado em 25/04/2006, DJ 15/05/2006, p. 273) 1.5. Tabela Síntese – Crimes contra a Vida Homicídio Simples (tipo básico) Protege a vida humana extra-uterina. Crime simples, instantâneo de efeitos permanentes, material, de dano, admite tentativa. Pode ser crime hediondo se praticado em atividade típica de grupo de extermínio. Morte ocorre com cessação das atividades cerebrais. Privilegiado (CDP) É causa de diminuição de pena, e não tipo privilegiado. Todas as causas são subjetivas, reduzindo pena de 1/3 a 1/6. São elas: relevante valor moral; relevante valor social; sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima. Privilegiado-Qualificado Possível, de acordo com o STF e STJ. Como o privilégio é sempre subjetivo, somente se admite se a qualificadora for objetiva. Não é crime hediondo. Qualificado Crime hediondo em todas as suas formas, ainda que tentado. É qualificadora que eleva a pena base de 12 a 30 anos. Qualificadoras objetivas: ocorre quanto aos meios e modos de execução. São elas: com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou que possa representar perigo comum; à traição, de emboscada ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido; Para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime. Qualificadoras subjetivas: mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe; motivo fútil. Se houver pluralidade de qualificadoras, deverão as sobejantes serem consideradas como circunstâncias judiciais. Culposo Verdadeiro tipo privilegiado, Ação penal sempre pública incondicionada, devendo-se seguir o rito sumário. com pena cominada de detenção de 01 a 03 anos. CAP O aumento sempre será de 1/3, tendo hipóteses específicas no homicídio culposo e doloso. No homicídio culposo: se o agente deixar de prestar imediato socorro à vítima; se o agente foge para evitar o flagrante; se o agente não procurar diminuir as consequências de seus atos; se o crime resulta da inobservância de regra técnica de arte, profissão ou ofício. No homicídio doloso (aplica-se à forma simples, privilegiada e qualificada): se a vítima, ao tempo da ação ou omissão (e não do resultado), era menor de 14 anos ou maior de 60. Perdão judicial Somente se aplica no crime culposo, quando as consequências do crime atingirem o próprio agente de forma tão grave que a imposição da pena se torne desnecessária. Só pode ser concedido na sentença. Caráter pessoal, não se estende a terceiros. Trata-se de causa extintiva da punibilidade e de uma faculdade do juiz, não é direito subjetivo do réu. Súmula 18, STJ: “A sentença concessiva do perdão judicial é declaratória da extinção da punibilidade, não subsistindo qualquer efeito condenatório”. Induzimento, Instigação ou Auxílio ao Suicídio Tipo básico Induzir: criar a ideia na cabeça da vítima que não a tinha. Instigar: reforçar a ideia suicida preexistente na mente da vítima. Auxiliar: o agente colabora com a própria prática. O auxílio deve ser acessório, pois se for causa da morte, haverá homicídio. Único núcleo que prevê participação material. Se a vítima não tiver qualquer capacidade de entendimento, o agente será considerado autor imediato do crime de homicídio, desde que o saiba, já que ela era sido mero instrumento. Pena Preceito secundário com dois intervalos de pena diferentes: reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se consuma; ou reclusão, de um a três anos, se da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave. Consumação Não se consuma com o induzimento, a instigação ou auxílio, mas sim com a morte ou lesão corporal grave da vítima. . Se a lesão for leve, o fato é atípico. Não se admite tentativa. Qualificado A pena será duplicada se: praticado por motivo egoístico; a vítima é menor; se a vítima, por qualquer causa, tiver diminuída sua capacidade de resistência. Infanticídio Tipo básico Matar, sob influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após. A doutrina defende tratar-sede uma espécie privilegiada de homicídio doloso. O bem jurídico protegido é a vida humana extra-uterina. Consumação Somente com a morte. É perfeitamente possível a tentativa. Observações Não se presume o estado puerperal, tem de ser provado por perícia médica. Caso o laudo seja inconclusivo, será presumido pois favorável à ré. Cabível ECD indireto. Considera-se o parto iniciado com a dilatação do colo uterino. Diferença entre o infanticídio e o abandono de recém nascido qualificado pela morte (art. 134, § 2º): no infanticídio existe dolo de matar e a mulher age em razão do estado puerperal;no abandono, o dolo é apenas de abandonar recém-nascido para ocultar desonra própria, e o evento morte é culposo. Aborto Conceito Aborto é a interrupção da gravidez com a consequente morte do produto da concepção. Poderá ocorrer aborto desde a concepção até o início do parto. Após o início (dilatação do colo do útero), possível que haja o crime de infanticídio ou homicídio, a depender do caso. Autoaborto É o crime cometido de mão própria, não admitindo coautoria, apenas a participação. Aborto provocado por terceiros Aborto praticado por 3º sem o consentimento da gestante. Considera-se que não houve consentimento, quando quem consentiu não era maior de 14 anos, alienada ou débia mental ou se o consentimento foi obtido mediante fraude, ameaça ou violência. Há dupla subjetividade passiva, pois atingidos mãe e feto Pena de 03 a 10 anos. Aborto consentido Aborto praticado por 3º com o consentimento da gestante. Há exceção à teoria monista, visto que o 3º responde pelo art. 126 e a gestante, pelo 124. Consumação Consuma-se o crime com a interrupção da gravidez e a consequente morte do feto, ainda que este morra fora do útero da mãe. Exige-se a prova de que o feto se encontrava vivo quando do emprego de manobras abortivas, caso contrário haverá crime impossível por absoluta impropriedade do objeto. CAP Aumento de 1/3: se a gestante sofre lesão grave; Aumento de duas vezes: se a gestante morre. Essas causas de aumento não se aplicam ao autoaborto nem a seu partícipe. Aborto legal Excludentes de ilicitude. Aborto necessário ou terapêutico: interrupção da gravidez realizada pelo próprio médico para salvar vida da gestante. Dispensável concordância dela ou do representante legal. Se realizado por enfermeira ou outra pessoa, estes respondem pelo aborto, salvo se houver perigo atual para a vida da gestante, caso em que se configurará o estado de necessidade de 3º. Aborto sentimental, humanitário ou ético: é o praticado por médico, com o consentimento da gestante ou de seu representante, quando a gravidez resultar de estupro. Sem consentimento, médico responde por aborto. Observações Se a gestante estava grávida de mais de um, ela, ou o 3º, responde por crime único se não sabia. Responde em concurso formal impróprio se sabia. Se alguém, por imprudência, der causa a um aborto, responde por lesão corporal culposa, cuja vítima é a gestante. Porém, se este alguém for a própria gestante, o fato é atípico. Tratando de casos de anomalia que torne inviável a vida do feto fora do útero, atualmente a maioria dos juízes tem concedido autorização para a realização do aborto (inexigibilidade de conduta diversa). 1.6. Observações de Provas EMAGIS – 2012/15 – QUESTÃO 01. O STF determinou a suspensão dos processos criminais em curso no quais a acusação envolva a interrupção da gravidez no caso de anencefalia, até o crivo final daquela Corte em torno da legitimidade desse ato. EMAGIS – 2012/15 – QUESTÃO 01. O STF admitiu a análise da interrupção da gravidez de feto anencéfalo em sede de ADPF, por reputar adequada a discussão no âmbito de um processo objetivo. EMAGIS – 2012/15 – QUESTÃO 01. O STF, em decisão dotada de efeito vinculante e eficácia ‘erga omnes’, entendeu que a gestante de feto anencéfalo tem o direito de interromper a gravidez, sem que isso configure qualquer violação ao direito à vida ou conduta criminosa. EMAGIS – 2011/36 – QUESTÃO 13. Pode constituir exemplo de homicídio qualificado por motivo torpe o crime praticado com o propósito de vingança. (Logo, a vingança também pode levar o homicídio a ser considerado como simples).[1: Conforme já salientaram o STF e o STJ, a vingança pode ou não representar motivo torpe no homicídio. Nem sempre isso ocorrerá, haja vista que dependerá das circunstâncias do caso concreto. Vejamos o acórdão: “(...) III - A verificação se a vingança constitui ou não motivo torpe deve ser feita com base nas peculiaridades de cada caso concreto, de modo que, não se pode estabelecer um juízo a priori, seja positivo ou negativo. Conforme ressaltou o Pretório Excelso: a vingança, por si só, não substantiva o motivo torpe; a sua afirmativa, contudo, não basta para elidir a imputação de torpeza do motivo do crime, que há de ser aferida à luz do contexto do fato"(HC 83.309/MS, 1ª Turma, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJ de 06/02/2004)... (HC 126.884/DF, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 15/09/2009, DJe 16/11/2009)] EMAGIS – 2011/30 – QUESTÃO 16. Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço. EMAGIS – 2011/27 – QUESTÃO 16. Para praticar o aborto necessário, o médico não necessita do consentimento da gestante. GEMAF – 2010/09 – QUESTÃO 10. Tal crime é material, já que o delito de infanticídio se consuma com a morte do nascente ou do neonato, daí a necessidade de ser produzida prova no sentido de se verificar se, durante os atos de execução, estava vivo o nascente ou neonato. Caso contrário, estaremos diante de crime impossível. O objeto material do infanticídio pode ser coincidente com seu sujeito passivo. Um pai que bate exageradamente no filho a pretexto de corrigi-lo por baixo aproveitamento escolar comete o crime de maus-tratos. O aborto sentimental ou humanitário, para ser realizado, prescinde da existência de condenação, processo ou mesmo inquérito policial pelo crime de estupro. O aborto sentimental ou humanitário não pode ser praticado por parteira ou enfermeira, mas apenas por médico. O aborto sentimental ou humanitário é autorizado nos casos em que há presunção de violência do estupro, bastando, para tanto, prova da causa, ou seja, de ser a gestante menor de 14 anos ou alienada mental. O aborto sentimental ou humanitário não necessita, para ser praticado, de autorização judicial, bastando o consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal. Se um agente pratica eutanásia em outrem para livrá-lo de graves sofrimentos físicos e morais, com sua autorização, deve, em tese, responder por homicídio privilegiado, já que agiu por relevante valor moral, que compreende também os interesses individuais do agente, entre eles a piedade e a compaixão. Se uma pessoa ultrapassa sinal vermelho e atinge outrem, vindo a causar a sua morte, responde por homicídio culposo. Se alguém, nadando com outrem, ver que esse começou a se afogar, quedando-se inerte, responde, em tese, por omissão de socorro. O aborto social ou econômico não é permitido pela lei brasileira; o feto é titular do direito à vida no autoaborto; o óvulo fecundado tem proteção penal no direito brasileiro; praticado aborto necessário pela gestante, presente o estado de necessidade. O pai que omite socorro ao filho menor, gravemente enfermo, podendo fazê-lo, pratica o crime de abandono material. Os crimes contra a honra terão suas penas aumentadas se cometidos contra pessoa maior de 60 anos ou portadora de deficiência, exceto no caso de injúria. Pessoa que utiliza cadáver para satisfazer a própria lascívia pratica o crime de vilipêndio de cadáver. O agente que reduz alguém à condição análoga à de escravo, sujeitando-o a condições degradantes de trabalho, terá sua pena aumentada se o crime for cometido por motivo de preconceito deraça ou cor. O agente que, dolosamente, impede o socorro ao suicida que se arrependera do ato extremado e tentava buscar auxílio, comete crime de homicídio. 2. Outros Crimes Contra a Pessoa 2.1. Lesões Corporais (art. 129) Trata-se da ofensa à integridade corporal ou à saúde de outrem. Ofensa à integridade corporal consiste no dano anatômico prejudicial ao corpo humano. Ofensa à saúde é dano não anatômico, que não transparece, mas lesa o interior do corpo do agente. O mero causar dor não é lesão corporal. Tapas e vermelhidões que não deixam marcas, no máximo vermelhidões, constituem a contravenção penal das vias de fato. 2.1.1. Sujeito Ativo Qualquer pessoa. A autolesão não é punível, salvo se constituir meio para receber seguro (art. 171, § 2º, V, CP) ou frustrar a incorporação militar. 2.1.2. Consumação Trata-se de crime de dano, efetivando-se no momento da ofensa à integridade física ou saúde de outrem. A demonstração do resultado deve vir demonstrada no exame de corpo de delito. Porém, isso é mitigado pela jurisprudência: HABEAS CORPUS. ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. ATO INFRACIONAL EQUIPARADO AO DELITO DE LESÕES CORPORAIS. AUSÊNCIA DE EXAME DE CORPO DE DELITO. PRESCINDIBILIDADE EM FRENTE DE OUTRAS PROVAS. ORDEM DENEGADA. 1. Apesar de relevante para a comprovação dos delitos de resultado, a realização do exame de corpo de delito, em certos casos, não é imprescindível para a comprovação da materialidade do ato infracional. 2. Evidenciado nos autos a existência de meios de provas, que não o exame de corpo de delito, capazes de levar ao convencimento do julgador, como o depoimento testemunhal e outros, como o atestado médico, dando conta da materialidade do ato infracional, não há falar em nulidade da sentença. 3. Ordem denegada. (STJ, HC 123.054/MS, Rel. Ministro CELSO LIMONGI (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/SP), SEXTA TURMA, julgado em 31/08/2010, DJe 20/09/2010) 2.1.3. Tentativa É perfeitamente possível. A diferença entre ela e a contravenção das vias de fato é que na contravenção o agente não tem intenção de lesionar a vítima (v.g., empurrões). 2.1.4. Lesão Corporal Leve A lesão corporal leve é configurada por exclusão, sendo leve a que não for considerada grave ou gravíssima. É infração de menor potencial ofensivo, sendo a ação penal pública condicionada à representação. Sua pena é de detenção, de 03 meses a 01 ano. A lesão leve geralmente restará absorvida em concurso de crimes, salvo se a lei ressalvar a aplicação autônoma da pena correspondente ao resultado da violência. Sobre o tema: CRIMINAL. PORTE ILEGAL DE ARMA. LESÃO CORPORAL. PRINCÍPIO DA CONSUNÇÃO. APLICABILIDADE. RECURSO DESPROVIDO. I - De acordo com o princípio da consunção, existindo mais de um ilícito penal, em que um deles - menos grave - represente apenas o meio para a consecução do delito mais nocivo, o agente será responsabilizado apenas por este último. II. Se os crimes de porte ilegal de armas e de lesão corporal não se afiguram autônomos, existindo relação de subordinação entre as condutas, correta a aplicação do princípio da consunção. III. Recurso desprovido. (STJ, REsp 748.773/RS, Rel. Ministro GILSON DIPP, QUINTA TURMA, julgado em 18/08/2005, DJ 19/09/2005, p. 378) Importante ressalvar que, no exemplo acima, foi a lesão corporal quem absorveu o porte ilegal de arma, e não o contrário. Tem que ver, no caso concreto, qual o crime mais grave. Se, por exemplo, o agente portava arma e a utilizou para dar uma coronhada na vítima, causando lesões leves, e vier a ser preso, provavelmente o crime punido será o de porte ilegal de arma de fogo. Lesões esportivas e intervenções cirúrgicas autorizadas constituem exercício regular de direito; se não autorizadas, podem configurar estado de necessidade. 2.1.5. Lesão Corporal Grave A pena é de 01 a 05 anos de reclusão. Trata-se, pois, de um crime qualificado, e não de uma causa de aumento de pena. Ela ocorrerá se resultar: Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de 30 dias: ela deve ser comprovada por um segundo exame após o 30º dia, chamado de exame complementar. A sua falta pode ser suprida por prova testemunhal. A ocupação habitual pode ser qualquer uma ainda que imoral, como prostituição. Se resulta perigo de vida: é uma hipótese preterdolosa, pois o agente não queria o resultado morte. Caso o quisesse, responderia por tentativa de homicídio. Se resulta debilidade permanente de membro, sentido ou função: membros são os apêndices do corpo. Sentidos são o tato, olfato etc. Função é o funcionamento de órgãos ou aparelhos do corpo humano. A permanência deve ser atestada por perícia médica. Debilidade é a diminuição funcional. Haverá debilidade quando, v.g., a pessoa fica cega de um olho. Haverá lesão corporal gravíssima se ficar cega de dois, já que haverá, aí, perda de função. Se causa aceleração do parto: necessário que o agressor saiba que a mulher estava grávida para poder responder por esta forma qualificada. 2.1.6. Lesão Corporal Gravíssima (art. 129, § 2º) Importante ressaltar que o CP não diferencia lesão corporal grave da gravíssima, somente se utilizando do termo “lesão corporal de natureza grave”. A gravíssima é nomenclatura doutrinária. Ela é punida com reclusão de 02 a 08 anos. É também uma forma qualificada, ocorrendo nas seguintes hipóteses: Se resulta incapacidade permanente para o trabalho: qualquer que seja o trabalho. A incapacidade deve ser genérica, ou seja, somente incidirá se o ofendido ficar privado da possibilidade física ou psíquica de exercer qualquer atividade lucrativa. Se resulta enfermidade incurável: por exemplo, a contaminação de alguém com o vírus do HIV; Se resulta perda ou inutilização de membro, sentido ou função: na inutilização, o membro permanece ligado ao corpo da vítima, ainda que parcialmente, mas totalmente inapto para a realização de sua atividade própria (v.g., o decepamento de um dedo é lesão grave, mas a mutilação da mão é lesão gravíssima). Se resulta deformidade permanente: ligado ao dano estético, causado pelas cicatrizes. Deve ser algo razoável, permanente, com deformidade visível e que seja capaz de causar impressão vexatória. Não basta um simples arranhão profundo que deixe marcas perenes. Se resulta aborto: trata-se de qualificadora preterdolosa. Se houver também a intenção de praticar o aborto, o agente responderá por lesão corporal em concurso formal com aborto. Necessário é que o agente saiba que a mulher está grávida. 2.1.7. Lesão Corporal Seguida de Morte (art. 129, § 3º) Punida com reclusão de 4 a 12 anos. É, evidentemente, a forma qualificada mais grave da lesão corporal, sendo, necessariamente, um crime preterdoloso. Ela não se confunde com o homicídio culposo, pois neste o evento morte resulta de um fato penalmente indiferente, enquanto nela, deriva de um crime contra a pessoa. O tipo penal deixa claro o que foi exposto acima: § 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo: É muito comum uma questão objetiva de concurso trazer, por exemplo, assertivas falando que determinado lutador de boxe espancou sua esposa, mas sem o intento de matá-la; mas, entretanto, veio ela a falecer. Nesse caso, em decorrência da especial habilidade da pessoa, de sua força e de seu potencial letal, diz-se que ele praticou homicídio doloso, pois agiu com dolo eventual. 2.1.8. Forma Privilegiada (Causa de Diminuição de Pena) Há lesão corporal privilegiada (art. 129, § 4º) quando o agente age por relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima (redução da pena de 1/6 a 1/3). 2.1.9. Lesão Corporal Culposa (art. 129, § 6º) Art. 129 [...] § 6° Se a lesão é culposa: (Vide Lei nº 4.611, de 1965) Pena - detenção, de dois meses a um ano. Aplica-se à lesão corporal culposa a causa de aumento de pena prevista no art. 121, § 4º (se o crime resulta da inobservância de regra técnica de arte, profissão ou ofício). Identicamente, aplica-se o perdãojudicial, tão-somente, evidentemente, à forma culposa. 2.1.10. Violência Doméstica e Portadores de Deficiência (art. 129, §§ 9º e 11º) Art. 129 [...] § 9o Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade: (Redação dada pela Lei nº 11.340, de 2006) Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. (Redação dada pela Lei nº 11.340, de 2006) [...] § 11. Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena será aumentada de um terço se o crime for cometido contra pessoa portadora de deficiência. (Incluído pela Lei nº 11.340, de 2006) É um tipo qualificado em relação às lesões corporais simples. Se o crime for praticado no âmbito das relações domésticas contra o CADI, contra quem conviva ou tenha convivido a pena será de 03 meses a 03 anos. Se a vítima for deficiente físico, aumenta-se a pena dessa forma qualificada em 1/3. No que se refere às relações domésticas, aplica-se também às agressões sofridas pelo homem: QUALIFICADORA. LESÃO CORPORAL CONTRA HOMEM. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA. O aumento de pena do § 9º do art. 129 do CP, alterado pela Lei n. 11.340/2006, aplica-se às lesões corporais cometidas contra homem no âmbito das relações domésticas. Apesar da Lei Maria da Penha ser destinada à proteção da mulher, o referido acréscimo visa tutelar as demais desigualdades encontradas nas relações domésticas. In casu, o paciente empurrou seu genitor, que com a queda sofreu lesões corporais. Assim, não há irregularidade em aplicar a qualificadora de violência doméstica às lesões corporais contra homem. Contudo, os institutos peculiares da citada lei só se aplicam quando a vítima for mulher. RHC 27.622-RJ, 5T, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 7/8/2012. Se ocorrer lesão corporal grave, gravíssima ou com resultado morte, no âmbito das relações domésticas, aplicar-se-á a pena destas qualificadoras aumentadas sempre de 1/3. 2.1.11. Causas de Aumento de Pena se Praticado por Milícia (art. 129, § 7º) Art. 129 [...] § 7o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se ocorrer qualquer das hipóteses dos §§ 4o e 6o do art. 121 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 12.720, de 2012) O art. 121, § 6º, por sua vez, define a seguinte causa de aumento de pena: § 6o A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio. (Incluído pela Lei nº 12.720, de 2012) Assim, veja que, enquanto se o homicídio for praticado por milícia privada ou grupo de extermínio a CAP será de 1/3 até a metade, no caso de lesões corporais praticadas da mesma forma, sejam elas leves, graves ou gravíssimas, a CAP é fixa e na fração de 1/3. 2.2. Condicionamento de Atendimento Médico-Hospitalar Emergencial (135-A) Art. 135-A. Exigir cheque-caução, nota promissória ou qualquer garantia, bem como o preenchimento prévio de formulários administrativos, como condição para o atendimento médico-hospitalar emergencial: (Incluído pela Lei nº 12.653, de 2012). Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa. (Incluído pela Lei nº 12.653, de 2012). Parágrafo único. A pena é aumentada até o dobro se da negativa de atendimento resulta lesão corporal de natureza grave, e até o triplo se resulta a morte. (Incluído pela Lei nº 12.653, de 2012). Trata-se de crime formal (pune-se o simples exigir a garantia ou o preenchimento de formulário), unissubjetivo, unissubsistente (se praticado verbalmente, o que inadmitirá tentativa), instantâneo, doloso, comissivo, próprio em relação ao sujeito ativo (deve ser a pessoa que possui o poder de autorizar ou vetar o atendimento médico-hospitalar). Exigir é impor unilateralmente um ônus, um gravame. A exigência recai sobre nota promissória, cheque-caução ou qualquer garantia (interpretação analógica) ou então, sobre o preenchimento de formulários administrativos. Imprescindível que a exigência seja feita previamente ao atendimento médico-hospitalar emergencial. Se o atendimento for prestado e, somente depois, ocorrer a exigência, não se configura o tipo penal. O parágrafo único prevê duas causas de aumento de pena, que exigem resultados naturalísticos a título preterdoloso: Até o dobro: se resulta lesão corporal de natureza grave, após negado o atendimento; Até o triplo: se resulta morte corporal de natureza grave, após negado o atendimento. A ação penal é pública incondicionada, admite-se a suspensão condicional do processo. 2.3. Rixa (art. 137) Crime punido com detenção, de 15 dias a 02 meses. Para haver rixa, deve haver pelo menos 03 pessoas. Ela é caracterizada pelo tumulto, pela confusão, de tal forma que não se consiga distinguir a conduta de cada participante. Se for possível individualizar as condutas de cada rixoso, não há de se falar em crime de rixa. Apesar do núcleo do tipo do crime ser participar, ele admite a participação, por meio daquelas pessoas que não atuam na rixa em si, mas incentivam ou apóiam materialmente sua realização. É crime plurissubjetivo de condutas contrapostas. Se ocorrer morte ou lesão corporal grave, aplica-se a todos os participantes a pena de 6 meses a 02 anos, salvo se possível for identificar o agente da morte ou da lesão. Há quem defenda que isso é manifestação de objetividade penal, juridicamente reprovável. Importante ressaltar que se morre uma ou 500 pessoas, só haverá uma única rixa qualificada, podendo a quantidade de pessoas no máximo modificar a pena-base, como circunstância judicial. Se uma pessoa participa da rixa e a deixa antes da ocorrência da morte, responde pela forma qualificada, pois seu comportamento anterior estimulou a troca de lesões que acabou levando à morte. Rixa não se confunde com crime multitudinário, já que neste os agentes agem todos numa mesma direção, com um fim determinado. Consumação: ocorre quando três ou mais pessoas começam a brigar, sendo crime de perigo abstrato, se caracterizando ainda que ninguém sofra lesões. O crime também resta configurado ainda que não sejam todos os participantes da rixa identificados, ou se houver entre eles inimputáveis. 2.4. Tabela Síntese Lesão Corporal Simples (tipo básico) Trata-se da ofensa à integridade corporal ou à saúde de outrem. Ofensa à integridade corporal consiste no dano anatômico prejudicial ao corpo humano. Ofensa à saúde é dano não anatômico, que não transparece, mas lesa o interior do corpo do agente. O mero causar dor não é lesão corporal, podendo configurar a contravenção de vias de fato. Consumação Trata-se de crime de dano, efetivando-se no momento da ofensa à integridade física ou saúde de outrem. Resultado deve vir demonstrada no ECD, mas a jurisprudência admite outros meios. Possível a tentativa Leve É leve a que não for considerada grave ou gravíssima. Punida com detenção de 03 meses a 01 ano e é movida mediante APP condicionada à representação. A lesão leve geralmente é absorvida em concurso de crimes. Grave Pena de 01 a 05 anos de reclusão (admite sursis processual). Hipóteses: incapacidade para as ocupações habituais, por mais de 30 dias; se resulta perigo de vida; se resulta debilidade permanente de membro, sentido ou função; se causa aceleração do parto. Gravíssima Pena de 02 a 08 anos de reclusão. Hipóteses: se resulta incapacidade permanente para o trabalho; se resulta enfermidade incurável; se resulta perda ou inutilização de membro, sentido ou função; se resulta deformidade permanente; se resulta aborto. Seguida de morte Pena de 04 a 12 anos de reclusão. É, necessariamente, um crime preterdoloso, que só ocorre quando as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo. Privilegiada (CDP) Quando o agente age por relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima. Redução de 1/3 a 1/6. Culposa
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