TEORIA DA EMPRESA - artigo 170 CF/88

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TRABALHO DE TEORIA DA EMPRESA
Descrever os princípios inerentes à atividade empresarial na ordem econômica e social conforme a Constituição Federal de 1988.
Descrever o princípio conceitual na visão de um doutrinador, qual a sua função social.
A Constituição Federal do Brasil de 1988, no título VII da ordem econômica e financeira, no capitulo I dos princípios gerais da atividade econômica, traz no artigo 170:
A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:
Soberania nacional.
Propriedade privada.
Função social da propriedade.
Livre concorrência.
Defesa do consumidor.
Defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação.
Redução das desigualdades regionais e sociais.
Busca do pleno emprego.
Tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte, constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede à administração do país.
Parágrafo único – é assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica, independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei.
Os princípios no sentido jurídico significam, as normas elementares ou os requisitos primordiais instituídos como base, alicerce, eles reúnem um conjunto de regras ou preceitos que se fixaram para servir de norma a toda espécie de ação jurídica, traçando assim a conduta correta.
É muito bom dizer e deixar gravado que todas as relações que consta no artigo 170 são balizadas pelo fundamento do princípio da dignidade humana, pelo qual emana vários direitos fundamentais, individuais e coletivos.
Diante disso a Constituição Federal estabelece a finalidade de toda atuação através da política econômica qual seja a de assegurar a todos a existência digna, conforme os ditames da justiça social (Fonseca, 1996).
Então é inaceitável que os empresários visem a redução de custos em detrimento da dignidade da pessoa humana.
LIVRE INICIATIVA
Consta no caput do artigo 170 diz que a ordem econômica deve estar fundada na livre iniciativa. 
Desta forma o quanto será produzido ou comercializado é uma decisão livre dos agentes econômicos, garante o direito de atuar livremente no segmento e ainda assegura ao proprietário a liberdade de dispor de seus bens da forma que lhe condizer. Só é válida quando ao perseguir o lucro não se afaste dos ditames da justiça social, está intimamente ligado a função social da empresa.
A livre iniciativa também não pode prejudicar a livre concorrência dificultando as pequenas iniciativas, ou seja, não existe a absoluta liberdade, tem limitações e regras.
VALORIZAÇÃO DO TRABALHO
O trabalho deve sempre ser valorizado, pois é fonte de sobrevivência, e ao redor é a valorização do trabalho um interesse social e está ligado a dignidade da pessoa humana. Por isso pode-se afirmar que o exercício de qualquer atividade econômica incompatível com o princípio da valorização do trabalho humano estará sempre na contramão da Constituição Federal.
PRINCÍPIO DA SOBERANIA NACIONAL ECONÔMICA 
Este princípio está no artigo 170 incisos I é complemento do artigo I inciso I da Constituição Federal, eles são distintos, este trata da soberania econômica nacional e garante que qualquer atividade econômica não entre em choque com os interesses nacionais, pois estes estão em plano superior.
PRINCÍPIO DA LIVRE CONCORRÊNCIA 
Decorre da livre iniciativa, mas atua como limite de seu exercício para evitar abusos, assegura o direito de conquistar clientela em igualdade de condições, a lei punirá o abuso do poder econômico que vise a dominação de mercado, a eliminação da concorrência e o aumento arbitrário dos lucros, lei 12529/2011, não é uma liberdade sem controle, pelo contrário, é uma liberdade em prol da sociedade.
Dessa forma o princípio da livre concorrência visa proteger o livre acesso ao mercado aumentando o direito de escolha dos consumidores e é ainda instrumento indispensável para o correto exercício da livre iniciativa.
PRINCÍPIO DA DEFESA DO CONSUMIDOR
A definição de consumidor encontra-se prevista no artigo 2º caput da lei 8078/90 Código de Defesa do Consumidor. Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final.
Consumidor seja ele pessoa física ou jurídica é o elemento central da ordem econômica, afeta todo o exercício da atividade econômica, razão pela qual mereceu tutela constitucional, pois é tratado como vulnerável frente as relações empresariais.
Para incentivar o desenvolvimento das relações comerciais bem como viabilizar o desenvolvimento econômico e o bem-estar da coletividade, o Estado deve efetivar proteções à pessoa física ou jurídica que adquiri ou utiliza produto ou serviço como destinatário final.
Então pode-se afirmar que tanto a livre iniciativa quanto a livre concorrência devem ser observadas tendo como elemento central a ser tutelado, o consumidor, peça fundamental para a circulação de bens e serviços numa economia de mercado que não pode ser visto apenas como instrumento para obtenção de lucro.
PRINCÍPIO DA DEFESA DO MEIO AMBIENTE
Há previsão no dispositivo constitucional acerca do tratamento diferenciado conforme a violência ambiental causada pelos produtos e serviços bem como seus processos de elaboração e prestação, o que indica a presença de proporcionalidade da defesa ambiental.
O Estado numa evidente busca de um desenvolvimento econômico sustentável, trata-se de preservar aquelas coisas nas quais se sustenta o desenvolvimento. Pois o meio ambiente ecologicamente equilibrado é direito de todos, assim como é bem de uso comum e essencial a sadia qualidade de vida, por isso impõe-se ao poder público e a coletividade o dever de defender e preservar a natureza, visando bem-estar atual e futuro e está intimamente ligado ao direito fundamental da vida.
PRINCÍPIO DA REDUÇÃO DAS DESIGUALDADES REGIONAIS E SOCIAIS
Está previsto dentre os princípios gerais da atividade econômica o da redução das desigualdades regionais e sociais, diante disso no estado democrático de direito há determinação para que simultaneamente ao crescimento econômico haja redução dessas desigualdades, desta forma possuindo evidente função social.
PRINCÍPIO DA BUSCA DO PLENO EMPREGO
Este princípio se opõe as políticas recessivas e pode ser entendido como a busca pela ampliação das oportunidades de emprego produtivo, é como uma garantia para o trabalhador, isso é devido para que ocorra um desenvolvimento maior e mais eficaz, deve ser aumentado pelos empresários as ofertas de emprego produtivos fundamentais para o crescimento do Estado e da economia, está ligado com o princípio da função social da propriedade.
PRINCÍPIO DO TRATAMENTO DIFERENCIADO PARA AS MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE
O último princípio constante do rol do artigo 170 é o tratamento diferenciado para favorecer o microempresário e o empresário de pequeno porte.
Existem diferenças entre essas duas categorias empresariais que é basicamente quanto ao faturamento bruto anual.
Esse tratamento visa estimular o desenvolvimento econômico dessas pessoas jurídicas, visa facilitar suas atividades e dessa forma promover a efetivação da livre iniciativa e da livre concorrência que diante disso ocorre ampla abertura para o livre exercício de atividade econômica, tornando mais saudável a disputa pelo mercado consumidor.
FUNÇÃO SOCIAL
	A expressão função social segundo Rodrigo Almeida Magalhães pode ser definida como um objetivo a ser alcançado em benefício da sociedade, (Magalhães 2007 página 342).
 	No mesmo sentido Ana Frazão de Azevedo Lopes, afirma que a função social orienta o exercício da externalização de interesses privados para bem da sociedade, acabando com seu caráter arbitrário e pessoal, (Lopes 2006 página 96).
Diante dessas duas interpretações podemos concluir que uma função socialé atingir uma finalidade útil para a coletividade que inclui o proprietário da propriedade, seja ela uma empresa ou um imóvel.
É legitimo quando atinge o interesse individual voltado para a realização do direito social e não apenas quando não o exercer em prejuízo da coletividade.
A empresa no mundo atual tem extrema importância, gerando reflexos imediatos na coletividade. Ela concentra a prestação de serviços, fornecimento de bens, geração de empregos, coleta dinheiro para o Estado por meio da arrecadação fiscal, bem como contribui para a constante e crescente interligação da economia de mercado.
Desta forma possui relevante poder sobre a ordem econômica nacional e global, eis que representa uma fonte inesgotável de parcerias, e aliás não se pode mais aceitar uma visão obtusa, alheia à função social da empresa.
E sobre a importância da função social da empresa Ana Frazão de Azevedo Lopes sugere:
A empresa é vista como instituição cuja importância transcende à esfera econômica e passa a abarcar interesses sociais dos mais relevantes, como a própria sobrevivência e o bem-estar dos trabalhadores que para ela prestam seus serviços, e dos demais cidadãos que dividem com ela o mesmo espaço social. (Lopes 2006 página 119).
	Uma empresa ao reunir enorme capacidade de influência perante a coletividade não pode ser tratada apenas como uma produtora de riquezas, mas também como um poder, e este poder não traz somente direitos, mas também deveres e obrigações para com a sociedade, funcionários, meio ambiente, economia, lazer, educação, saúde, transporte etc.
Ressaltando que a Constituição Federal de 1988 ao estabelecer a função social da propriedade em seu artigo 5º inciso XXIII bem como no artigo 170 inciso III, indiretamente definiu essa mesma função à empresa, a partir da principal razão de sua existência que é a circulação de riqueza, nesta, incluída a propriedade nesse sentido.
Eros Roberto Grau assevera que:
O princípio da função social da propriedade ganha substancialidade precisamente quando aplicado à propriedade dos bens de produção, ou seja, na disciplina jurídica da propriedade de tais bens implementada sob o compromisso com a sua destinação. A propriedade sobre a qual os efeitos do princípio são refletidos com maior grau de intensidade é justamente a propriedade em dinamismo dos bens de produção. Na verdade, ao nos referirmos a função social dos bens de produção em dinamismo estamos a aludir à função social da empresa, (Grau, 2008 página 238).
	CONCLUSÃO
Pois bem a conclusão a que chegamos deste breve trabalho é muito clara e até simples de entendimento, claro que o assunto é muito mais complexo, a atividade empresarial demanda muitos contratos e atribuições difíceis de se relacionar com a ordem econômica, jurídica e política.
Mas muito importante é aquele que quer ter uma empresa, quer constituir uma sociedade empresaria ou para aquele que já está no mercado, ou seja, um industrial ou um comerciário de grande, médio e pequeno porte ou um prestador de serviço, que se atente ao artigo 170 e seus incisos da Constituição Federal.
Para quem já está constituído na minha opinião, interpretar o artigo da forma correta e aplica-lo na sua empresa é sinônimo de crescimento sem dúvida e aqui falo com administrador de empresa, pois terá uma visibilidade muito maior na sociedade.
É muito simplória a comparação de uma empresa que se preocupa com o meio que está inserida, seus consumidores, a saúde, o bem-estar de seus empregados e família, contribuindo para um meio ambiente melhor e mais sustentável, e não somente visar lucro. Como vemos por aí, tem tudo para estabelecer hegemonia, credibilidade junto a sociedade.
Uma sociedade empresaria que age dentro desses princípios constitucionais está a favor do crescimento social, econômico, político e mais ainda, a dignidade da pessoa humana.
Exercer a função social não é transformar-se em um órgão do Estado e nem suprir suas deficiências mas ajudar no crescimento do país como um todo.
E a empresa que não faz isso? Age definitivamente contra esta ordem social, jurídica, econômica e política.
Fonte:
http://www.biblioteca.pucminas.br/teses/Direito_PereiraHV_1.pdf