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Anemia – Parte 2 Anemia por Perda Sanguínea: Sangramento agudo: Perda do volume intravascular: pode levar a colapso cardiovascular e choque; Medula é exigida para compensar a perda: reticulócitos altos. Sangramento crônico: Não afeta o volume sanguíneo, mas leva a deficiência de ferro; Podem ser assintomáticos; Sangramentos do TGI, menstruação; Falta de nutriente (ferro): reticulócitos baixos. Anemias Hemolíticas: Caracterizada por: Destruição prematura dos eritrócitos; Produtos da degradação da hemoglobina são reaproveitados; Aumento da eritropoese. Anemias normocíticas e normocrômicas; Medula óssea é hiperativa: reticulócitos altos. Hemólise Intravascular e Extravascular: Extravascular: Mais comum; Hemácias perdem sua capacidade de deformação, dificultando a passagem pelo sinusóides do baço; Hemácias anormais são sequestradas e destruídas no sistema reticulo-endotelial – pelos macrófagos no baço; Manifestações clínicas são anemia e icterícia. Intravascular: Hemácias são destruídas na própria circulação e seu conteúdo é liberado no plasma; Causas: trauma mecânico, exposição a fatores externos, induzida pelo complemento; Caracterizada por hemoglobinemia, hemoglobinúria, icterícia e hemossiderinúria. Sinais e Sintomas: Icterícia (associada a palidez); Esplenomegalia (anemia hemolítica crônica – ex.: talassemia – ou neoplasia hematológica); Urna avermelhada – hemoglobinúria (sugere hemólise intravascular); Historia familiar d anemia – anemias hereditárias – esferocitose, talassemias; Uso prévio de medicamentos (metildopa, dapsona). Laboratório da Hemólise: Bilirrubina indireta aumentada; Aumento de desidrogenase lática – liberação dessa enzima do interior da hemácia; Redução da haptoglobina (na presença de hemólise as cadeias de globina ligam-se a haptoglobina); Hemólise intravascular – hemoglobinemia, hemossiderinúria, hemoglobinúria. Anemia Hemolítica Hereditária: Esferocitose hereditária: Transmitida de forma autossômica dominante; Doença hereditária mais comum das membranas das hemácias; Anormalidades nas proteínas de membrana – espectrina, anquirina – levando perda gradual da superfície da membrana; Hemácias assumem forma esférica – e não conseguem atravessar facilmente os sinusóides do baço; Sinais clínicos variados: Anemia hemolítica leve; Icterícia; Esplenomegalia; Cálculos biliares de bilirrubina. Infecção por parvovirus B19 pode causar crise aplástica grave. Muitas vezes necessária esplenectomia. Anemia falciforme: Doença hereditária – produção de uma hemoglobina anormal – hemoglobina S (HbS); Gene HbS é transmitido por herança recessiva e pode manifestar-se como: Traço falciforme: heterozigoto com um gene HbS; Doença falciforme: homozigoto com dois genes da HbS. Etiologia e patogênese: Mutação do gene da cadeia beta da hemoglobina; Tem a substituição de um único aminoácido – valina no lugar do ácido glutâmico; Hemácias em foice; Mais comum em negros. Consequências do afoiçamento: Anemia hemolítica congênita: hemólise devido a membrana rígida ocorre no baço; Oclusão de vasos sanguíneos: fatores relacionados ao processo de afoiçamento e oclusão vascular incluem frio, estresse, esforço físico, infecção e condições que provoquem hipóxia, desidratação ou acidose. Manifestações clínicas: Anemia hemolítica severa; Hiperbilirrubinemia crônica; Crises vaso-oclusivas; Indivíduos heterozigotos podem ser assintomáticos: traço falciforme. Crises vaso-oclusivas: Responsável pelas complicações graves; Episódios de dor aguda decorrentes de oclusão vascular e hipóxia podem ocorrer em qualquer parte do organismo, mas acontece mais comumente no abdome, tórax, ossos e articulações; Síndrome torácica aguda: pneumonia atípica decorrente de infarto pulmonar; Crises ósseas dolorosas; AIT e AVC; Crianças podem ter atraso no crescimento e suscetibilidade à osteomielite; Úlceras de perna. Baço é suscetível a danos por HbS; Hemoglobina S leva a isquemia – asplenia funcional; Predispõe a infecções por organismos encapulados: Streptococcus pneumoniae, Haemophilus influenzae tipo B e Klebsiella spp. Diagnostico e Triagem: Eletroforese de hemoglobina; Já é feito na triagem neonatal. Talassemias: Distúrbios hereditários; Redução na síntese de uma ou mais cadeias globínicas da molécula da hemoglobina; Alfa talassemia: defeitos na síntese da cadeia α; Beta talassemia: defeitos na síntese da cadeia β; Herdada como um traço mendeliano – pessoa pode ser heterozigota e ter forma mais leve ou homozigota e ter forma severa; Beta talassemia: anemia de Cooley ou anemia do mediterrâneo – mais comum em populações do mediterrâneo no sul da Itália e na Grécia; Alf talassemia: mais comum entre os asiáticos; As duas são comuns em africanos e afro-americanos; Fatores que contribuem para anemia: Baixa na hemoglobina intracelular (hipocrômia) devido a diminuição da síntese da cadeia afetada – anemia hipocrômica e microcítica; Produção e acumulação contínua de cadeia de globina não afetada – interfere na maturação da hemácia e contribui com alterações da membrana – levando a hemólise e anemia. Anemia Hemolítica Adquirida: Causas: Por destruição da membrana: Medicamentos, produtos químicos, toxinas, venenos e infecções como malária; Fatores mecânicos como próteses valvares, vasculite e queimaduras graves; Obstruções na microcirculação, como CIVD, PTT, doença renal. Lise celular mediada por anticorpos: Auto-anticorpos: AHAI; Aloanticorpos (provenientes de fonte exógena): reações transfusionais, doença hemolítica do RN. Anemias Hemolíticas Autoimunes: Dois tipos de auto-anticorpos destroem as hemácias: Anticorpos tipo IgG: reagem ao calor e têm atividade máxima a 37º C; Anticorpos tipo IgM: reagem ao frio e têm atividade máxima a 4º C. Manifestações clínicas: Fadiga, icterícia, esplenomegalia. Podem manifestar como angina, ICC. Podem ter rápida manifestação e ser potencialmente fatais. Causas de anticorpos quentes: 50% idiopática; Outras causas: drogas (penicilina) ou algum outro distúrbio; Hemólise induzida por substância geralmente é benigna. Anticorpos que reagem ao frio ativam o sistema complemento; Causas: doenças linfoproliferativas e transtornos idiopáticos. Manifestações clínicas: obstrução vascular por hemácias resulta em palidez, cianos das partes do corpo expostas a temperaturas frias e o fenômeno de Raynaud; Raramente é grave; Teste de Coombs (teste da antiglobulina): Usado para diagnosticar anemias hemolíticas imunes; Detecta anticorpos ou proteínas do sistema complemento na superfície das hemácias do paciente. Anemias por Deficiência na Produção das Hemácias: Deficiência de nutrientes para: Síntese de hemoglobina: deficiência de ferro; Síntese de DNA: deficiência de vitamina B12 e ácido fólico. Falha na própria medula óssea ou quando é substituída por tecido não funcional: anemia aplástica e anemia doença crônica. Anemia por Deficiência de Ferro: É a causa de anemia mais frequente no mundo – acomete todas as idades; Resulta de deficiência alimentar, perda de ferro através de sangramento ou aumento da demanda; O ferro é um componente do heme – uma deficiência leva a uma diminuição da síntese de hemoglobina e consequente diminuição da entrega de oxigênio; Etiologia e Patogênese: Todo dia pequenas quantidades de ferro são perdidas nas fezes – 1 a 2 mg/dia; Fontes: dieta ocidental – 20 mg/dia; Demanda aumentada: crianças em idade pré-escolar, adolescentes e mulheres em idade fértil; É incomum em países desenvolvidos; Maior parte derivada da carne. Causas de deficiência de ferro de acordo com a faixa etária: Crianças: Crescimento – dieta inadequada (leita de vaca); Parasitose: Necator americanos, Ancylostoma duodenale e Trichuris trichuira. Mulheres pré-menopausa: Causa ginecológica (menorragia), gestação; Até 20% do sangramento do TGI associado. Homens e mulheres pós-menopausa: Sangramento gastrointestinal (úlcera péptica, lesões vasculares, pólipos intestinais, hemorroidas ou câncer).Diminuição da ingesta ou absorção: Vegetarianos, desnutrição, dieta não balanceada; Síndromes de má absorção: sprue, doença celíaca, doença de Crohn; Após cirurgia gástrica e/ou intestinal;Pacientes refratários à terapia com ferro oral Parasitose intestinal; Infecção por Helicobacter pylori. Manifestações clínicas: Dependem da gravidade da anemia; Fadiga, palpitações, dispneia, angina e taquicardia; Palidez; Cabelos quebradiços; Unhas quebradiças, às vezes, uma deformidade em forma de colher – coliníquia; Língua lisa; Feridas nos cantos da boca – queilite angular. Diagnóstico: Anemia hipocrômica microcítica com reticulócitos normais ou diminuídos – anemia hipoproliferativas; Diminui VCM e HCM e aumenta RDW (anisocitose); Diminui ferritina sérica (< 10 ng/ml); Diminui ferro sérico (< 70 ug/dl); Aumento de CTFL e diminui saturação de transferrina (< 15%); Mielograma: medula hipoplásica, diminuição de grânulos de ferro nos normoblastos e quase ausência de ferro corável ou ferritina. Estudo laboratorial do ferro: Ferritina: depósito de ferro; Ferro sérico: mede o ferro ligado a transferrina; Capacidade total de ligação do ferro (CTFL) mede os sítios de transferrina ligados ao ferro e os não ligados; Saturação de transferrina: qual o % de transferrina são ocupados pelo ferro. Orientações nutricionais: Ingerir mais ferro de origem animal (absorção de 20 a 30%); Absorção não influenciada por outros alimentos; Ferro de origem vegetal (absorção de 1 a 7%); Absorção é influenciada por alimentos ingeridos na mesma refeição; Vitamina C: aumenta a absorção de ferro de origem vegetal (alimentos facilitadores); Fitatos, oxalatos, fosfatos e taninos: diminuem a absorção. Anemias Megaloblásticas: Causadas por um defeito na síntese do DNA; Resultam em células maiores – VCM > 100 – devido à maturação e divisão deficientes; Deficiência de vitamina B12 e ácido fólico são as causas mais comuns; Desenvolvem-se lentamente, logo costumam ter sintomas com a doença avançada; Anemia por deficiência de vitamina B12: Também conhecida por cobalamina; Funciona como cofator para duas reações importantes: Essencial para síntese do DNA; Maturação nuclear – leva a maturação e divisão das hemácias. Envolvida com a reação que impede as moléculas anormais de ácidos graxos a serem incorporadas em lipídios neuronais – sua deficiência predispõe à decomposição da bainha de mielina – levando a complicações neurológicas; Causas: Anemia perniciosa: anemia megaloblástica causada por gastrite atrófica e incapacidade de produção do fator intrínseco; Acredita-se ser autoimune. Gastrite atrófica crônica: perda de células parietais e produção de anticorpos que interferem na ligação da vitamina B12 com o FI; 5 a 20% por problemas de má absorção, que pode ser causado por: Uso em longo prazo de inibidores da bomba de prótons; Uso de metformina. Pós-cirurgia de by-pass gástrico – gastrectomia; Ressecção ileal, inflamação ou neoplasia no íleo terminal; Síndromas de má absorção; Crianças com histórico de gastrosquise. Manifestações clínicas: Tríade: fraqueza, glossite e parestesias; Anemia e icterícia – VCM aumentado; Alterações neurológicas causadas por desarranjo na metilação da proteína mielina; Parestesia simétrica dos pés e dedos, perda da sensação vibratória e da propriocepção, bem como ataxia espástica; São comuns relatos de déficit de memória, disfunções cognitivas, demência e transtornos depressivos. Diagnóstico e tratamento: Nível sérico baixo de B12; Usava-se teste de Schilling: mede-se o debito urinário de 24h, com vitamina B12 radiomarcada administrada por VO – documentar a redução de absorção; Anticorpos anti-fator intrínseco; Tratamento B12 IM ou VO em doses elevadas. Quelite angular Glossite Anemia por Deficiência de Ácido Fólico: Também necessária síntese de DNA e maturação de hemácias; Alterações megaloblásticas = vitamina B12; Sintomas semelhantes, com exceção dos sintomas neurológicos; Causas: Desnutrição; Etilismo; Problemas de má absorção – doença celíaca; Medicações anticonvulsivantes – primidona, fenitoína, fenobarbital (altera a absorção); Triantereno (diurético); Doenças neoplásicas – células tumorais competem com ácido fólico; Metotrexate – análogo do ácido fólico – bloqueia a conversão para a forma ativa. Gestação: Aumenta a demanda em 5 a 10 vezes; Deficiência de ácido fólico – defeitos no tubo neural no feto em crescimento; Suplementação durante a gestação – iniciar quando já estiver planejando a gestação. Exames laboratoriais: Diminuição da hemoglobina – pode ter pancitopenia; Reticulócitos baixos; Hipersegmentação de neutrófilos; Aumento do VCM; Aumento do DHL sérico e aumento da bilirrubina indireta; Níveis elevados de homocisteína (deficiência de AF e B12) e ácido metilmalônico (deficiência de B12); Mielograma: medula óssea megaloblástica; Dosagem de vitamina B12 e ácido fólico. Anemia Aplásica: Transtorno quantitativo de células precursoras caracterizadas por comprometimento de todas as linhagens celulares: anemia, leucopenia e trombocitopenia; Aplasia ou hipoplasia da medula óssea; Etiologia e patogênese: Exposição a altas doses de radiação; Produtos químicos e toxinas que suprimem o processo de hematopoese – benzeno, antibióticos cloranfenicol e agentes alquilantes e os antimetabólicos utilizados no tratamento do câncer; Mecanismos imunológicos; Complicações de doenças virais – hepatite, mononucleose, HIV; Idiopática. Diagnóstico e tratamento: Sintomas: cansaço, sangramentos; Laboratório: hemograma – pancitopenia (anemia normo normo). Reticulócitos baixos; Exame físico: não costuma ter hepato ou esplenomegalia; História de exposição a medicações ou infecções prévias; Tratamento: jovens (< 40 anos) – TMO alogênico. Sem indicação TMO – terapia imunossupressora. Anemia de Doença Crônica: Desenvolve-se como complicação de uma doença crônica – infecções, inflamação e câncer; Deficiência de produção ou resistência a EPO; Insuficiência renal crônica – deficiência de eritropoetina – anemia; Anemia normocíticas e normocrômica, com baixa contagem de reticulócitos; Doenças inflamatórias: artrite reumatoide, colite ulcerativa, enterite regional; Doenças neoplásicas: linfoma de Hodgkin, linfoma não-Hodgkin, carcinomas; Infecções: tuberculose, endocardite bacteriana; abscesso pulmonar, osteomielite crônica, infecção micótica crônica; É a anemia mais frequente em pacientes internados em hospitais; Hemoglobina: 7 a 11 g/dl; Diminuição de ferro sérico; Diminuição da capacidade de ligação de ferro do plasma; Saturação da transferrina normal ou diminuída; Ferritina normal ou elevada. Anemias por Infiltração da Medula Óssea: Leucemias agudas ou crônicas: Linfomas com infiltração de medula óssea; Mieloma múltiplo; Síndromes mieloproliferativas; Mielodisplasias; Hipoplasia e aplasia de medula óssea; Outras neoplasias com infiltração da medula óssea. Hemograma completo – avaliar valores hematimétricos: Reticulócitos; Esfregaço de sangue periférico; Bioquímica (LDH, bilirrubinas, haptoglobina); Perfil de ferro, vitamina B12 e ácido fólico; Eletroforese de Hb, teste de fragilidade osmótica; Aspirado e biópsia de medula óssea.
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