Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Desordens da Hemostasia Classificação: Estados de Hipercoagulabilidade (tromboses): formação inapropriada (exagerada) de coágulos dentro do sistema vascular; Representa uma fora exagerada de hemostasia, predispondo a trombose e a oclusão dos vasos sanguíneos; Trombos arteriais: associados com condições que produzem fluxo sanguíneo turbulento e são compostos por agregados plaquetários; Trombos venosos: associados com condições que causam estase sanguínea com aumento dos fatores de coagulação; Hipercoagulabilidade associada ao aumento da função plaquetária: Resultam em adesão plaquetária, formação de coágulos de plaquetas e interrupção do fluxo sanguíneo; Placas ateroscleróticas perturbam o fluxo sanguíneo, causando danos endoteliais e promovendo adesão plaquetária; Tabagismo, dislipidemias, estresse e DM – predispõe a danos vasculares, adesão plaquetária e eventual trombose. Trombocitose: Elevação das plaquetas acima de um milhão (normal: 150 a 400 mil); Pode ocorrer como um processo reativo (trombocitose secundária) ou como processo essencial (trombocitose primária); Tromboetina é o hormônio que regula a diferenciação dos megacariócitos e a formação plaquetária; Trombocitose secundária: causadas por doenças que estimulam a produção de trombopoetina – cirurgias, infecções, traumas, câncer, doenças inflamatórias crônicas (Crohn, artrite reumatoide). Comum também em doenças mieloproliferativas como policitemia vera e LMC; Trombocitose essencial (primária): doenças mieloproliferativas das células tronco. Geralmente a trombopoetina é normal. Estão associados com eventos trombóticos e hemorrágicos; Manifestações clínicas: Trombocitose essencial: Trombose e hemorragia: incluem TVP, EP, trombose de veia porta e veia hepática; Eritromelalgia: sensação de dor latejante e queimação dos dedos causada pela oclusão das arteríolas por agregados plaquetários; Tratamento: AAS e drogas para redução do número de plaquetas (hidroxiureia, anagrelide). Hipercoagulabilidade associada a fatores da coagulação: A formação de trombos pela ativação dos fatores de coagulação pode ser resultado de transtornos primários (genéticos) ou transtornos secundários (adquiridos) que afetam os componentes do processo de coagulação sanguínea; Pode ocorrer: aumento do nível nos fatores de pró-coagulação ou diminuição taxas de anticoagulação; Desordens hereditárias: Mutação fator V de Leiden: 2 a 15% da população branca; Fator V mutado não consegue ser inativado pela proteína C; Um importante mecanismo de contra regulação antitrombótico se perde; Pessoas com TVP – quase 60% tem a mutação. Mutação da protrombina: 1 a 2% da população: associado com níveis elevados de protrombina; Aumenta 3x o risco de trombose. Deficiências de anticoagulantes naturais: Proteína C, proteína S e antitrombina III. Níveis elevados de homocisteína: Predispõe à trombose venosa e arterial por ativação das plaquetas e alteração de mecanismos antitrombóticos. Desordens adquiridas: Estase venosa: devido ao aumento do repouso prolongado e imobilidade; IAM, câncer; Estados hiperestrogênios: gestação e puerpério, anticoncepcional oral e TRH; Fumo, obesidade. Síndrome antifosfolipide: Associada com anticorpos (IgG) dirigidos contra fosfolipídios de ligação à proteínas, que aumentam a atividade da coagulação; Causam: tromboses venosas e arteriais, abortos recorrentes, plaquetopenia; Pode ser primária ou secundária (associada ao LES); Etiologia e patogênese: Várias teorias: Os anticorpos podem interferir na cascata da coagulação, levando a um estado de hipercoagulabilidade; Os anticorpos pode se ligam diretamente à superfície da célula endotelial, causando a secreção de citocinas, resultando na ativação e agregação das plaquetas; Os anticorpos podem ter como alvo fosfolipídios de ligação a proteínas séricas que funcionam como anticoagulantes. Manifestações clínicas: Trombos venosos e arteriais recorrentes: TVP ocorre em 50% dos pacientes com SAF – metade desenvolve EP; Trombose arterial envolve o encéfalo em 50% pacientes, causando AIT ou AVC. Outros sítios: coronárias, artérias da retina, artéria renal e artérias periféricas. Vegetações valvares cardíacas associadas à adesão de trombos; Trombocitopenia pelo consumo de plaquetas; Abortos recorrentes por causa isquemia e trombose vasos placentários; Risco maior de RN prematuro: devido HAS relacionada à gestação e insuficiência uteroplacentária; Tratamento: Redução ou remoção de fatores que predispõe à trombose: aconselhamento a parar de fumar não usar contraceptivo contendo estrogênio; Evento trombótico agudo: uso de anticoagulante; Casos refratários: imunossupressores; AAS e anticoagulantes: podem ser usados para evitar novo evento trombótico. Distúrbios Hemorrágicos: falência na formação de um coágulo frente a um determinado estímulo (lesão vascular); Podem estar associados: Número de plaquetas ou função plaquetária (desordens plaquetárias): Causadas por diminuição do número de plaquetas devido: Diminuição da produção; Aumento da destruição; Alteração da função das plaquetas. Sangramentos são geralmente causados em pequenos vasos das membranas mucosas (nariz, boca, cavidade uterina e TGI) e da pele (petéquias e púrpuras); Petéquias: manchas puntiformes. Tamanho até 3 a 4 mm. A cor não desaparece quando uma pressão é aplicada sobre a pele; Púrpura: manchas semelhantes às petéquias, apenas maiores. Tamanho máximo de 1 cm; Equimose: qualquer hemorragia na pele > 1 cm. É comumente chamada de hematoma. Geralmente envolvem uma perda de sangue em um nível mais profundo do tecido do que aquele em que ocorrem as petéquias e a púrpura. Trombocitopenia: Diminuição do número de plaquetas (menor que 150 mil); Pode ser causada por: Diminuição da produção plaquetária: perda de função da medula óssea (anemia aplásica), infiltração de neoplasias (leucemia aguda, câncer), deprimir a função da medula óssea (drogas para o câncer e radiação), supressão dos megacariócitos (HIV e CMV); Aumento do sequestro das plaquetas no baço: esplenomegalia; Diminuição da sobrevida das plaquetas: causada por mecanismos imunes (anticorpos antiplaquetários) e não imunes (válvulas cardíacas e hipertensão maligna); Induzida por fármacos: Medicamentos: quinina, quinidina, antibióticos contendo sulfa; Induzem a resposta antígeno-anticorpo: formam complexos imunes que causam destruição das plaquetas por meio complemento; Queda das plaquetas em 2-3 dias após o início do tratamento. Tende a recuperar rapidamente. Induzida por heparina: 10% das pessoas tratadas com heparina; 2 a 5 dias após o início do tratamento; TIH é causada por uma reação imunológica dirigida contra um complemento de heparina com o fator 4 plaquetário – isso ativa as plaquetas remanescentes resultando em trombose; 1 a 5% das pessoas tratadas podem ter evento potencialmente fatal após 1 a 2 semanas após o início da heparina; Tratamento: suspensão imediata da heparina e uso de anticoagulantes alternativos. Púrpura Trombocitopênica Imunológica (PTI): Doença autoimune; Leva a formação de anticorpos contra as plaquetas e excesso de destruição plaquetária; Pode ser primária ou idiopática ou secundária – HIV, HCV, LES, SAF, linfoma, LLC, drogas; Crianças geralmente têm quadro agudo, autolimitado (após quadro viral); Adultos geralmente têm a doença crônica; Etiologia e patogênese: Vários mecanismos: anticorpos antiplaquetários na membrana das plaquetas; Plaquetas são destruídas no baço; Trombopoetina não se encontra elevada na PTI; Manifestações clínicas: Manifestações hemorrágicas: hematomas, sangramento gengival, epistaxe, melena, sangramento menstrual aumentado. Diagnóstico e tratamento: Diagnóstico: trombocitopenia severa (< 20 a 30 mil) e exclusão de outras causas; Tratamento: baseado na contagem de plaquetas e grau de hemorragia; Corticoide, imunossupressores, imunoglobulina; Esplenectomia; Estimuladores de trombopoetina – eltrombopag. Púrpura Trombocitopênica Trombótica (PTT): Pentade:trombocitopenia, anemia hemolítica, insuficiência renal, febre e anormalidades neurológicas; Causa: deficiência da enzima ADAMTS-13, que degrada o multímero de FvW – leva o seu acúmulo e provoca aumento da adesão e agregação plaquetária; Etiologia e patogênese: Pode ser hereditária ou adquirida. Resulta em anticorpos contra a enzima; Acontece em pessoas saudáveis mas também pode estar associada com outras doenças autoimunes, HIV, gestação e drogas; Toxinas de E. coli causam lesão endotelial – SHU (semelhante a PTT). Manifestações clínicas e tratamento: Manifestações hemorrágicas e sintomas neurológicos (cefaleia, convulsões e alteração do nível de consciência); Plasmaferese terapêutica – urgência! Alterações na função plaquetária: Também chamados de trombocitopatias; Pode ser causada por desordens hereditárias de adesão (von Willebrand) ou defeitos adquiridos por drogas, uremia, doenças ou cirurgia envolvendo circulação extracorpórea; Drogas mais comuns: AAS e anti-inflamatórios não hormonais; AAS produz efeito irreversível na acetilação da ciclo-oxigenase plaquetária e, consequentemente, na síntese do TxA2; AINES: efeito reversível. Somente no período de ação da medicação. Drogas que predispõe o sangramento: Fatores de coagulação: Podem ser resultado de deficiências ou comprometimento da função; Podem surgir de uma doença hereditária, síntese deficiente ou aumento no consumo dos fatores de coagulação; Sangramentos são geralmente relacionados a traumas ou lesões; Hematomas, sangramento articular, sangramentos prolongados do TGI e urinário são comuns; Coagulopatias hereditárias: Doença de von Willebrand: mais frequente – atinge 1 a 2% da população; Hemofilia A: deficiência do fator VIII – atinge 1 a cada 5 mil homens nascidos vivos; Hemofilia B: deficiência do fator IX – atinge 1 a cada 20 mil nascidos vivos corresponde a 15% das hemofilias; Doença de von Willebrand e hemofilia A são causadas por defeitos envolvendo o complexo fator VIII-FvW; FvW é sintetizado pelo endotélio e por megacariócitos, é necessário para adesão plaquetária ao subendotélio do vaso. Serve também para carregar o fator VIII e é importante para sua estabilidade; Fator VIII é uma proteína coagulante produzida no fígado e pelas células endoteliais; FvW e VIII são sintetizados separadamente mas atuam juntos no plasma, promovendo a adesão plaquetária e a coagulação sanguínea; Doença de von Willebrand: Doença hemorrágica hereditária – deficiência ou defeito de FvW; Mais de 20 variantes – podem ser agrupados em duas categorias: Tipos 1 e 3: associadas à diminuição do FvW; Tipo 2: defeitos no FvW. Tipo 1: doença autossômica dominante – 70% dos casos – relativamente leve; Tipo 2: doença autossômica dominante – 25% dos casos – sangramentos leves a moderados; Tipo 3: doença autossômica recessiva – relativamente rara – associada a níveis extremamente baixos de FvW funcional e manifestações clínicas graves; Manifestações clínicas: Sangramento espontâneo do nariz, boca, TGI, fluxo menstrual excessivo; Tempo de sangramento prolongado quando há contagem normal de plaquetas; Sintomas geralmente são leves – tipos 1 e 2; Tipo 3: sintomas semelhantes da hemofilia; Tratamento – muitas vezes nem necessário – podem repor FvW (fator VIIIy); Evitar AAS e AINES. Hemofilia: Desordem hemorrágica hereditária transmitida pelo cromossomo X, por isto, de ocorrência quase exclusiva em homens; Deficiência de fator VIII (hemofilia A) – 85% dos casos; Deficiência do fator IX (hemofilia B) – 15% dos casos; Gravidade variada; Tratamento: reposição do fator ausente. Hemofilia A: Doença recessiva ligada ao cromossomo X – afeta principalmente o sexo masculino; 90% dos casos: deficiência do fator; 10%: forma defeituosa; Dosagem do fator: 6 a 30%: leve; 1 a 5%: moderada; < 1%: grave. Formas leves a moderadas: sangramentos somente com trauma, procedimentos cirúrgicos; Formas graves: sangramentos espontâneos. Diagnosticados na infância; Manifestações clínicas: Sangramento em tecidos moles, TGI e articulação; Hemorragia articular espontânea – criança começa a andar. Tratamento: Prevenção de traumas; Evitar uso de AAS e AINES; Reposição do fator VIII – dose administração domiciliar. Desordens adquiridas: Doença hepática: fatores de coagulação V, VII, IX, X, XI, XII e protrombina são sintetizados no fígado; Deficiência de vitamina K: fatores vitamina K dependentes – II, VII, IX e X; Vitamina K é lipossolúvel, sintetizada pelas bactérias intestinais; Deficiência de vitamina K ocorre após o uso de antibióticos de largo espectro. Como é lipossolúvel, requer vias biliares para a sua absorção. Integridade do vaso sanguíneo (sangramentos associados a desordens vasculares): Chamados de púrpura não trombocitopênica; Sangramentos podem ocorrer por vasos estruturalmente fracos ou dano ao vaso por processos inflamatórios ou autoimunes; Deficiência de vitamina C (escorbuto): síntese deficiente de colágeno e falha na união de células endoteliais – fragilidade vascular; Síndrome de Cushing: perda de massa proteica e do tecido do suporte de vasos pelo excesso de cortisol; Telangiectasia hereditária hemorrágica: doença autossômica dominante – capilares e arteríolas dilatados com paredes finas; Púrpura senil: comprometimento da síntese de colágeno; Coagulação intravascular disseminada (CID): Paradoxo: caracterizada por coagulação disseminada e hemorragia no compartimento vascular; Ocorre como complicação de uma variedade de distúrbios (infecções, sepse, queimaduras, eclampsia, câncer e outros); Começa com ativação maciça da sequência de coagulação, como resultado da produção desregulada de trombina – que dá origem à formação de fibrina; Níveis de anticoagulantes ficam reduzidos; Micro trombos provocam obstrução do vaso e isquemia do tecido – pode haver falência de múltiplos órgãos; Formação de coágulos consome as plaquetas e proteínas de coagulação – resulta em hemorragia grave. Investigação de sangramento: Contagem de plaquetas; Tempo de sangramento: mede a formação do tampão plaquetário (normal: 4 a 7 minutos); Encontra-se prolongado em doenças como von Willebrand, deficiência do fator V, deficiência de fibrinogênio e defeitos funcionais da plaquetas como uremia e uso de drogas (AAS); Alta variabilidade por falta de padronização da técnica. Tempo de protrombina: Avalia os fatores II (protrombina), V, VII, IX, X (fatores vitamina K dependentes); Alterados nas doenças hepáticas e na deficiência de vitamina K; Seu resultado é dado por um índice (INR); Teste usado para monitorar o uso dos anticoagulantes cumarínicos. Tempo de tromboplastina parcial ativada (TTPa): Avalia a maioria dos fatores de coagulação (via intrínseca e comum), exceto os fatores VII e XIII; Usado para monitorar o uso de heparina não fracionada; Encontra-se prolongado na deficiência de fator I (fibrinogênio), II (protrombina), V, VIII (hemofilia A), IX (hemofilia B), X, XI e XII.
Compartilhar