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FIDELIDADE PARTIDÁRIA eleitoral

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Universidade Do Estado Da Bahia – Uneb
Departamento De Educação - Campus Xv
Valença - Ba
“FIDELIDADE PARTIDÁRIA: ASPECTOS CONSTITUCIONAIS, LEGAIS E ÉTICOS”
ÉVILA NUNES SANTOS AGUIAR
Valença - BA
2016
Trabalho apresentado à Universidade do Estado da Bahia – UNEB, Campus XV – Valença (BA) como requisito parcial para avaliação da disciplina Direito Eleitoral, ministrada pelo prof. Alexandre Montanha.
Valença - BA
2016
ASPECTOS LEGAIS 
Preliminarmente em face conceitual, podemos dizer que fidelidade partidária é o dever que o político eleito tem em cumprir o mandato para qual foi eleito, em seu partido pelo qual foi eleito e durante o tempo que durar seu mandato. Devendo para tanto, ter o dever de cumprir o estatuto do Partido, das plataformas eleitorais que aceitou, e das promessas de campanha que fez. Ou seja, é uma característica medida pela obediência do filiado ao programa, diretrizes e deveres definidos pelo partido político.
No aspecto legal, pode ser entendida como condição de elegibilidade, não sendo permitida a candidatura avulsa no sistema eleitoral vigente. A Lei 9.096/95 dos partidos políticos, nos seus artigos 23 a 26 dispõe sobre fidelidade e da disciplina partidárias, prevê possibilidade de o estatuto do partido estabelecer normas de disciplina e fidelidade partidária:
“Art. 23. A responsabilidade por violação dos deveres partidários deve ser apurada e punida pelo competente órgão, na conformidade do que disponha o estatuto de cada partido.
§ 1º Filiado algum pode sofrer medida disciplinar ou punição por conduta que não esteja tipificada no estatuto do partido político.
§ 2º Ao acusado é assegurado amplo direito de defesa.
Art. 24. Na Casa Legislativa, o integrante da bancada de partido deve subordinar sua ação parlamentar aos princípios doutrinários e programáticos e às diretrizes estabelecidas pelos órgãos de direção partidários, na forma do estatuto.
Art. 25. O estatuto do partido poderá estabelecer, além das medidas disciplinares básicas de caráter partidário, normas sobre penalidades, inclusive com desligamento temporário da bancada, suspensão do direito de voto nas reuniões internas ou perda de todas as prerrogativas, cargos e funções que exerça em decorrência da representação e da proporção partidária, na respectiva Casa Legislativa, ao parlamentar que se opuser, pela atitude ou pelo voto, às diretrizes legitimamente estabelecidas pelos órgãos partidários.
Art. 26. Perde automaticamente a função ou cargo que exerça, na respectiva Casa Legislativa, em virtude da proporção partidária, o parlamentar que deixar o partido sob cuja legenda tenha sido eleito”.
Os partidos políticos impedem as candidaturas avulsas, ou seja, para concorrer às eleições o candidato deve filiar-se a um partido. 
O Tribunal Superior Eleitoral entende que, o mandato eletivo pertence ao partido político. Desta forma, o titular de mandato que mudar de partido poderá perder o cargo em procedimento próprio. 
O Supremo Tribunal Federal ratificou o entendimento do TSE, ao dispor que em caso de infidelidade partidária gerasse a perda do mandato eletivo. Todavia, não foi sempre assim, o Supremo tinha entendimento de que a fidelidade partidária se restringia a questões internas do partido, não sendo causa de perda de mandato.
 A atual Resolução do TSE sob o n° 22.260 disciplina o processo de perda do cargo eletivo. A constitucionalidade desta norma foi questionada por meio da ADI n° 4.086, ajuizada pelo Procurador Geral da República, sendo julgada improcedente. 
Desta maneira, se eleito e na hipótese de mudar ou se afastar do partido, este deveria perder o cargo a que se candidatou, subtendendo que a ideologia do partido precisa ser respeitada. 
ASPECTOS CONSTITUCIONAIS 
A primeira Constituição brasileira a versar sobre a fidelidade partidária foi a de 1967, de maneira implícita. A não aparição nos textos anteriores talvez tenha se dado em razão do inexpressivo número de trocas de partidos à época. 
Após a de 1967, o assunto tornou a aparecer na Constituição de 1969 em um viés mais avançado, como pode se observar em seu artigo 152: “Perderá o mandato no Senado Federal, na Câmara dos Deputados, nas Assembléias Legislativas e nas Câmaras Municipais que, por atitude ou pelo voto se opuser às diretrizes legitimamente estabelecidas pelos órgãos de direção partidária ou deixar o partido sob cuja legenda foi eleito”. 
No ano de 1978, a Emenda Constitucional n° 11, a fidelidade partidária sofreu uma flexibilização, possibilitando que o parlamentar, na condição de fundador de novo partido, deixasse a legenda pela qual houvera sido eleito. Em 1985, a fidelidade partidária foi suprimida do texto constitucional pela Emenda n° 25. 
A Carta de 1988 não deu a devida atenção ao tema, disciplinando um curto capítulo que trata dos partidos políticos, deixa a disciplina da fidelidade partidária a cargo dos partidos políticos. 
ASPECTOS ÉTICOS
Os Estatutos Partidários em sua maioria apresentam dispositivos que tratam da ética partidária, formando o Código de Ética da legenda.
Não é raro verificarmos normas de conduta quanto aos filiados, existentes nos estatutos partidários, como: a defesa dos interesses do partido; lutar pela sua unidade; cumprir as suas recomendações; agir de forma leal para com os companheiros; exercer com dignidade o cargo ou mandato parlamentar; etc. 
Na hipótese de haver descumprimento de algum dos itens supracitados, cabe em todos os partidos, sem exceção, a denuncia para o conselho de ética partidário, a fim de que o responsável seja punido. 
Porém, em diversas vezes prevalece a política do mais forte e não de quem possui a razão. Assim, o órgão dirigente do partido, ao invés de analisar a situação fática e jurídica do processo disciplinar, opta entre os envolvidos pelo que considera mais importante para a legenda. E na Justiça comum, em reiteradas vezes em suas decisões, de forma que o filiado que se vê injustiçado não tem que recorrer. 
Portanto, os partidos políticos ao mesmo que exigem de seus filiados a ética, não dão o devido exemplo em seu exercício. 
4. JURISPRUDENCIA 
1. Fidelidade partidária. Desfiliação sem justa causa. Procedência do pedido. 2. Divergência entre filiados partidários no sentido de ser alcançada projeção política não constitui justa causa para desfiliação. 3. As causas determinantes da justa causa para a desfiliação estão previstas no art. 1º, § 1º, da Res. nº 22.610/2007. 4. O requerido não demonstrou grave discriminação pessoal a motivar o ato de desfiliação. 5. Pedido procedente.” NE: Legitimidade ativa do partido político ao qual é filiado o terceiro suplente que assumirá a vaga, em face do indeferimento do registro do segundo suplente e perda, por desfiliação partidária, do mandato do primeiro suplente que assumiu por renúncia do titular. (Ac. de 27.3.2008 na Pet nº 2.756, rel. Min. José Delgado.)
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Tribunal Superior Eleitoral, Dos Partidos Políticos. 	Disponível em: <HTTP://http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9096.htm>. Acesso em: 16.10.2016
PEREIRA,LEONARDO F. Fidelidade Partidária No Desenvolvimento Do Modelo de Democracia Pelos Partidos. Dissertação Universidade de São Paulo– 2009.
SANTOS, ANA LÚCIA G. A Fidelidade Partidária No Brasil:Gênese, Histórico E Consolidação. Fortaleza – 2009.
TOKARSKI, KAROLINI. Fidelidade Partidária: Uma Nova Visão Jurídica. Disponível em: <HTTP:// http://www.egov.ufsc.br/portal/conteudo/fidelidade-partid%C3%A1ria-uma-nova-vis%C3%A3o-jur%C3%ADdica>. Acesso em: 18.10.2016

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