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EDIFÍCIO CENTRO DE AULAS ENGENHARIA: relação do programa de necessidades e projeto arquitetônico com o orçamento da obra Guilherme Queiroz Fonsêca1 João Paulo Gomes Caixeta2 Lucas Oliveira Dinoah3 Lucas Rocha Santos Silva4 Murillo Martins Hannum5 Resumo: O edifício Centro de Aulas Engenharia (CAE) é uma construção padrão da Universidade Federal de Goiás (UFG) projetada por engenheiros vinculados à instituição de ensino por meio do Centro de Gestão do Espaço Físico da UFG (CEGEF-UFG) e executada pelas empresas Tradição, Vidan, Enenge e GEO Engenharia em diferentes etapas. O edifício tem por objetivo conceber aulas teóricas e práticas aos cursos de engenharia ministradas no Campus Colemar Natal e Silva. Passou por uma fase de incremento de projeto por conta de falhas estruturais causadoras de recalques na fundação. Por meio dessa obra o presente trabalho apresenta o orçamento envolvido em todo o processo de construção e manutenção. O estudo foi realizado considerando visitas de campo, entrevistas com funcionários que acompanham o edifício e análise de documentos referentes ao orçamento da obra. Palavras-Chave: Centro de Aulas Engenharia; UFG; Orçamento. 1 - Introdução A execução de uma obra de engenharia é um processo complexo e que envolve muitas etapas, dentre elas estudos preliminares; projetos executivo, arquitetônico e complementares; estabelecimento do canteiro de obras; construção e também a manutenção da obra construída. Em comum à todas estas etapas da construção está a questão orçamentária, que relaciona todos os gastos desde a fase de planejamento até a manutenção. A utilização do orçamento durante a execução de uma obra é considerada primordial para determinar a viabilidade do projeto antes mesmo da obra ser iniciada e também servirá como guia para que os recursos da obra sejam alocados da melhor maneira possível (SANTANA, 2012). Neste contexto, este trabalho propõe apresentar a importância da execução de um planejamento orçamentário numa obra de engenharia e como esse tema se relaciona com o Programa de Necessidades e com o Projeto Arquitetônico do edifício. Como exemplo, foi escolhido o Centro de Aulas Engenharia, Figura 1, para uma análise aprofundada do orçamento da obra e sua relação com os outros projetos que envolveram a construção. A escolha deste edifício para análise foi condicionada por alguns aspectos: pelo fato de ser uma obra pública o acesso às planilhas orçamentárias seria de mais fácil acesso; pela obra ter sofrido alterações de projeto, abandono da construção por empresas contratadas e pelo fato de que quatro empresas distintas estiveram envolvidas na construção, resultando em quatro licitações e em quatro orçamentos distintos. Dadas as características citadas, a que mais influenciou na construção deste edifício diz respeito diretamente aos alunos do curso de Engenharia Civil da UFG, que carecem de melhor infraestrutura de ensino, o que a finalização dessa obra conseguiria oferecer. Figura 1 - Entrada do Centro de Aulas Engenharia. 2 - Referencial Teórico Segundo Padoveze (2004 apud SANTANA, 2012), orçamento pode ser definido como a expressão monetária e quantitativa de um plano, cujo objetivo, é atingir um resultado final, anteriormente traçado pelos responsáveis pela sua elaboração, com a participação de todos os setores da empresa. Orçar não é um mero exercício de futurologia ou jogo de adivinhação. Um trabalho bem executado, com critérios técnico bem estabelecidos, utilização de informações confiáveis e bom julgamento do orçamentista, pode gerar orçamentos precisos, embora não exatos, porque o verdadeiro custo de um empreendimento é virtualmente impossível de se fixar de antemão. O que o orçamento realmente envolve é uma estimativa de custos em função da qual o construtor irá atribuir seu preço de venda - este, sim, bem estabelecido (MATTOS, 1965, p. 22). Com base nestas definições percebe-se que o orçamento é uma das etapas iniciais e mais importantes da implantação de qualquer empreendimento. Elaborar orçamentos é uma tarefa complexa, onde é necessário calcular os custos de uma obra de maneira antecipada. Sendo assim é feito uma espécie de orçamento estimativo, que se baseia no Custo Unitário Básico de Construção (CUB), que é um parâmetro para a determinação dos custos de imóveis, com o objetivo de disciplinar o mercado da construção imobiliária. O CUB é estimado mensalmente por empresas de consultoria, sindicatos de construção, sendo facilmente encontrado em sites, revistas da área de construção civil (ABNT, 2006). Para se ter conhecimento dos reais gastos em uma obra, o orçamento deve ser o mais detalhado possível, caso contrário, a empresa ou pessoa que esteja investindo seu dinheiro na execução da obra poderá se deparar com uma situação totalmente desfavorável economicamente. Visando evitar que tudo isso aconteça, para se elaborar um orçamento, é necessário se ter conhecimento de todas as áreas envolvidas na execução dessa obra, sendo algumas delas: elaboração de projetos, mão de obra (engenheiros, arquitetos, pedreiros, serventes), serviços em terra (cortes e aterros), fundações, estruturas, instalações elétricas, alvenarias, esquadrias, revestimento e pintura. Conforme o PMI (2008), o gerenciamento dos custos do projeto inclui os processos de estimativa, orçamentação e controle de custos, de modo que seja possível concluir o projeto dentro do orçamento predefinido. Os processos de gerenciamento dos custos do projeto incluem: ● Estimar os custos – o processo de desenvolvimento de uma estimativa dos recursos monetários necessários para terminar as atividades do projeto. ● Determinar o orçamento – o processo de agregação dos custos estimados de atividades individuais ou pacotes de trabalho para estabelecer uma linha de base dos custos autorizada. ● Controlar os custos – o processo de monitoramento do andamento do projeto para atualização do seu orçamento e gerenciamento das mudanças feitas na linha de base dos custos. Uma outra análise que deve ser feita para a elaboração do orçamento, trata-se da definição e compreensão tanto do partido arquitetônico como do programa de necessidades. O partido arquitetônico pode ser entendido como a ideia preliminar do edifício projetado, ou seja, uma representação gráfica do edifício, expressa em uma linguagem própria do desenho arquitetônico. Ao passo que o programa de necessidades é compreendido como a relação entre todos ou cômodos, ambientes e elementos arquitetônicos previstos para o edifício, ou seja, uma relação entre as funções que cada cômodo terá dentro do espaço arquitetônico (NEVES, 1989). Todos as características citadas e detalhadas no partido arquitetônico e no programa de necessidades influenciam diretamente o orçamento total da construção, a bem da verdade esses dois aspectos ditam os custos da obra, pois indicam a função e o que de essencial do edifício deve ter. 3 - Materiais e Métodos A coleta de dados para a realização do trabalho foi feita por meio de conversas informais com profissionais envolvidos na obra, planilhas e documentos orçamentários e uma visita técnica ao edifício para registros fotográficos de aspectos relevantes. O acesso às informações acerca dessa obra foi concedido pelo CEGEF - UFG por meio dos engenheiros civis Wilson Marques Silva, que acompanhou a construção até a penúltima licitação, e Murilo Batista, atual responsável por acompanhar sua finalização. Foram eles que forneceram todas planilhas de orçamentos, edital de construção e ainda algumas experiências ocorridas na obra, como por exemplo, o recalque da estrutura e a respectiva solução adotada. Com relação à visita técnica, em virtude de a obra estar praticamente finalizada, a entrada estava aberta aos alunos e por isso não foi necessário nenhum acompanhamento profissional. Por conta dessa liberdade, foi possível permanecer por mais tempo no local e perceber as modificações ocorridas do projeto para o espaço físico. 4 - Principais Resultados A partir da visita realizada à obra, das planilhas de orçamento e de conversas informais com os responsáveis pela obra foi possível obter informações essenciais para o entendimento do planejamento e dos procedimentos construtivos do edifício. Nesta seção serão abordados os resultados conseguintes da análise do plano de necessidades, projeto arquitetônico e planilhas de orçamento da obra. Figura 2 - Registro fotográfico do 2o Pavimento do edifício. O planejamento da obra foi iniciado em agosto de 2011, conforme especificado na planilha orçamentária da Tabela 1. Planilha na qual é modelo para todas as outras realizadas no decorrer do planejamento da construção. Tabela 1 - Modelo de planilha orçamentária do Centro de Aulas Engenharia. Segundo informações do engenheiro Wilson Marques Silva a obra teve participação de quatro empresas em períodos distintos. Esse “revezamento” de empresas no comando da obra se deu por abandono por parte de umas e por falhas construtivas que serão especificadas adiante. A Empresa Tradição, vencedora da primeira licitação de construção do centro de aulas, iniciou seu trabalho em 2010, sendo responsável pela construção da parte estrutural e de alvenaria e revestimento do prédio. Por conta de falhas de execução e fiscalização, abandonou a obra no ano de 2012, deixando-a em estado impróprio para a continuação, por conta de a impossibilidade da estrutura suportar os esforços solicitados em projeto. Com isso, uma nova empresa assumiu a obra, empresa Vidan, e então novas medidas foram tomadas para que a atual estrutura suportasse as cargas de projeto. Essa empresa deu continuidade na parte de alvenaria e iniciou parte do acabamento e posteriormente abandonou a obra no ano de 2015. Ao assumir, a terceira empresa, teve como principal tarefa a finalização e acabamento do edifício. Após esse período, a empresa 3 também deixou a construção com menos de um ano de serviço. Por último, a atual empresa basicamente finalizou toda a parte de acabamento, solucionou os problemas dos elevadores e concluiu as instalações dos ar-condicionados, sendo o prazo de entrega previsto para o mês de novembro de 2016. Figura 3 – Hall de escadas do Centro de Aulas Engenharia. Alguns valores de materiais e serviços referentes à obra pelas empresas são apresentados na Tabela 2. Estes dados foram extraídos das planilhas orçamentárias do edifício e agrupados para melhor visualização e entendimento. Tabela 2 - Valores de materiais usados e serviços realizados pelas empresas na construção do Centro de Aulas de Engenharia. Baseado nos dados apresentados acima e no decorrer da obra podemos analisar as consequências dos planos orçamentários adotados por cada uma das empreiteiras, que foram responsáveis pela obra. Essas consequências vão desde a alteração de aspectos arquitetônicos anteriormente estipuladas até o aumento do custo final da obra, tornando-a nociva financeiramente. As alterações orçamentárias citadas têm uma relação estreita com aspectos arquitetônicos da obra em questão. O partido arquitetônico, consistia na expansão do espaço de ensino da escola de engenharia da UFG, objetivo que só poderia ser alcançado com a construção de um edifício. Dada essa ideia inicial, o tema arquitetônico da obra a ser executava já se desenhava, tratava-se de uma unidade de ensino superior, espaço no qual aulas seriam ministradas e um maior número de alunos seriam comportados nas engenharias. Em seguida o plano de necessidades seria determinado. Inicialmente o edifício foi concebido para que aulas fossem ministradas nas salas, para contemplação e socialização no amplo pátio presente no térreo e para realização de palestras nos auditórios. Entretanto, em função da falta de recursos financeiros durante a execução do projeto, o auditório não foi construído, e dessa forma o plano de necessidades inicialmente estipulado não foi atingido. Fica perceptível que qualquer alteração no orçamento irá ecoar nos aspectos arquitetônicos do edifício em execução, já que a materialização de qualquer ideia construtiva só é possível através da aplicação de recursos financeiros. As consequências de um levantamento orçamentário mal desenvolvido são evidentes na obra abordada. O edifício sofreu diversas licitações, em vista que várias das empreiteiras que assumiram o projeto não foram financeiramente capazes de executá-lo. A cada nova licitação custos adicionais foram acrescentados ao preço final da obra, o que a encareceu e a tornou desfavorável economicamente. 5 - Considerações Finais Os resultados apresentados na Tabela 2 indicam os custos principais na obra realizado por cada empresa, esses valores incluem investimentos não previstos na fase de elaboração do projeto, como o dinheiro empregado para realizar um reforço estrutural devido a problemas de recalque na fundação, esse fato gerou prejuízos diretos e indiretos, pois teve que ser retirado todo sistema de cabos de internet e telefone para ser realizados os reparos na fundação. Outro fato importante observado na visita técnica foi a realização da manutenção da pintura em algumas paredes do edifício antes mesmo de estar funcionando. Todos esses erros fizeram que a obra sofresse algumas alterações em relação ao projeto original, que contava com seis pavimentos, mas por problemas orçamentários foram construídos apenas quatro, o primeiro pavimento contava com um auditório e três laboratórios de informática, no entanto por falta de capital financeiro e por acréscimos no valor da construção, o pavimento apresenta somente um laboratório de informática e não foi construído o auditório. Portanto, pode-se perceber que o processo de orçamento de uma obra é de extrema importância na execução de um projeto, pois seguindo o programa o programa arquitetônico, que inclui a função do edifício, o perfil dos usuários, o pré-dimensionamento dos ambientes, é possível se estimar o valor da sua obra por metro quadrado. Com isso, é mais improvável que uma obra possa ser interrompida por falta de capital do investidor. 6 - Referências ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 12721: Avaliação de custos de construção para incorporação imobiliária e outras disposições para condomínios edilícios. Rio de Janeiro, 2006. MATTOS, Aldo Dórea. Como preparar orçamentos de obras: dicas para orçamentistas, estudos de caso, exemplos. São Paulo: Editora Pini, 2006. NEVES, Laerte Pedreira. Adoção do partido na arquitetura. Salvador: Centro Editorial e Didático da UFBA, 1989. PMI. Um Guia do Conhecimento em Gerenciamento de Projetos. Guia PMBOK®. Quarta Edição – EUA: Project Management Institute, 2008. SANTANA, Bruno Alves de. CRONOGRAMA FÍSICO-FINANCEIRO DE UMA OBRA VERTICAL: ELABORAÇÃO, ACOMPANHAMENTO DA EXECUÇÃO E ANÁLISE CRÍTICA. Caruaru, 2012. 1 Matrícula 201405233. Contato: guilhermefonseca481@gmail.com 2 Matrícula 201406781. Contato: jampaxxl@gmail.com 3 Matrícula 201401417. Contato: lucas.dinoah@gmail.com 4 Matrícula 201403438. Contato: rochasantos.lucas@outlook.com 5 Matrícula 201403443. Contato: murillomhannum@gmail.com
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