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resumo V2-V3

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Brasil se tornara, àquela altura, no principal pólo colonial dos interesses. Os lucros com o comércio das Índias haviam desaparecido, sendo consumidos na construção de edifícios portentosos, pelos presentes aos amigos da realeza, tanto portugueses como estrangeiros. Logo começaram a faltar recursos para a construção de navios, para organizar e manter guarnições militares, forçando o governo português a contrair empréstimo junto aos banqueiros europeus.
Muito embora estivesse interessado em investir no processo de colonização do Brasil, faltavam também os recursos para tal projeto. sendo assim, Portugal resolveu implantar um sistema em que essa tarefa fosse transferida para as mão de iniciativa particular, tendo o rei Dom João III dividido o Brasil em 15 grandes lotes (as capitanias) e os entregou a pessoas de razoáveis condições financeiras, os donatários, que eram a autoridade máxima dentro da sua capitania, tendo a responsabilidade de desenvolvê-la com seus próprios recursos. Com a morte do donatário, a administração da capitania passava para seus descendentes, surgindo daí a expressão capitania hereditária.
As relações entre o rei, os donatários e os colonos eram definidos primeiramente pela carta de doação, que transferia a posse da capitania da Coroa para o donatário, e pelo foral, que estabelecia direitos e deveres de todos. Cabia ao donatário, em primeiro lugar, colonizar a capitania, fundando vilas; em seguida, deveria policiar as suas terras, protegendo os colonos contra ataques de índios e estrangeiros. Deveria, também, fazer cumprir o monopólio real do pau-brasil e do comércio colonial e, caso fossem encontrados metais preciosos, 1/5 de seu valor seria pago à Coroa. Em contrapartida, além de passar a capitania a seus herdeiros, o donatário tinha o direito de doar sesmarias a colonos, escravizar índios para trabalho agrícola, montar engenhos, além de cobrar impostos e exercer a justiça em seus domínios.
Muito embora o propósito do governo português fosse lógico, o sistema de capitanias hereditárias foi considerado um fracasso. As principais razões para esse resultado foram a grande distância entre as capitanias e a metrópole; a grande área das capitanias, pois existiam algumas com mais de 400.000 Km2; o desinteresse de vários donatários, que por não possuírem recursos suficientes, nem chegaram a tomar posse de suas terras, bem como a falta de recursos que garantissem investimentos e o desenvolvimento colonizador. Além disso, constantes ataques dos índios, revoltados com a escravidão, além dos ataques dos corsários franceses foram problemas que contribuíram para a queda do sistema de capitanias no Brasil.
Mesmo assim, duas capitanias tornaram-se viáveis: a de São Vicente, no sul, cujo donatário era Martim Afonso de Sousa, que contou com a já fundada vila de São Vicente, seguida de novas povoações, como Santos, Santo André, São Paulo, entre outras. O sucesso povoado contou, também, com a boa administração do padre Gonçalo Monteiro, além do êxito no cultivo da cana-de-açúcar e na criação de gado. No norte, prosperou a capitania de Pernambuco, pertencente a Duarte Coelho. Foi ela a que progrediu, devido, dentre outros fatores, ao cultivo da cana-de-açúcar, que se adaptou facilmente ao clima e ao solo massapê, cujas características favoreciam esse cultivo. Além disso, seu donatário investiu grande somas na fundação de vilas, como Igaraçu e Olinda, e na pacificação dos índios tabajaras, com recursos obtidos no comércio oriental Geograficamente, além da abundância de pau-brasil, a capitania ainda era beneficiada por estar mais próxima de Portugal, o que barateava o produto.
Fonte: www.consulteme.com.br
CAPITANIAS HEREDITÁRIAS
A colonização do Brasil, iniciada em 1530 com a expedição de Martim Afonso de Souza, não foi uma tarefa fácil. Em 1532, Martim Afonso fundou São Vicente, a primeira vila brasileira. No entanto, um único núcleo de povoamento na imensidade da costa não resolvia os problemas causados por navios franceses que vinham buscar pau-brasil.
Era necessário povoar rapidamente a região costeira, mas a Coroa portuguesa não dispunha na época de recursos humanos nem econômicos para colonizar, em curto prazo, o litoral brasileiro. Por isso, a partir de 1534, o governo português resolveu iniciar no Brasil um processo de colonização que já havia sido aplicado, com muito sucesso, na ilha da Madeira e nos Açores: a divisão da terra em capitanias. Dessa forma, a Coroa portuguesa pretendia ocupar o território brasileiro e torná-lo uma fonte de lucros.
As capitanias eram imensos lotes de terra que se estendiam, na direção dos paralelos, do litoral até o limite estabelecido pelo Tratado de Tordesilhas. Esses lotes foram doados em caráter vitalício e hereditário a elementos pertencentes à pequena nobreza lusitana. Os donatários tinham de explorar com seus próprios recursos as capitanias recebidas.
Ao doar as capitanias, a Coroa portuguesa abria mão de certos direitos e vantagens, em favor dos donatários, esperando com isso despertar seu interesse pelas terras recebidas. A Carta de Doação e o Foral garantiam os direitos do capitão donatário.
Pertenciam-lhe todas as salinas, moendas de água e quaisquer outros engenhos da capitania.
Podia escravizar índios em número indeterminado, mas devia enviar 39 para Lisboa, anualmente.
Ficava com a vigésima parte da renda do pau-brasil.
Podia criar vilas, administrar a justiça e doar sesmarias, menos para a esposa, para o filho mais velho e para judeus e estrangeiros. Sesmaria era uma extensão de terra que o donatário doava a quem se dispusesse a cultivá-la. Ao contrário da capitania, da qual o donatário não tinha a propriedade (mas apenas o uso), a sesmaria era propriedade do sesmeiro, após dois anos de real utilização.
O rei reservava para si algumas vantagens que, na verdade, lhe garantiam os melhores proveitos que a terra poderia oferecer;
dez por cento de todos os produtos da terra;
vinte por cento (um quinto) das pedras e metais preciosas;
monopólio do pau-brasil, das drogas e das especiarias.
No Brasil, o sistema de divisão da terra em capitanias não deu bons resultados. A grande extensão dos lotes talvez a principal razão do insucesso. Sem recursos suficientes, os donatários só conseguiam fundar estabelecimentos precários na região costeria dos lotes que recebiam; não tinham condições de tentar a colonização do interior.
A enorme distância que separava as capitanias da metrópole, de onde vinham os recursos necessários para a sobrevivência dos núcleos iniciais, dificultava ainda mais a colonização.
As capitanias de São Vicente e de Pernambuco, apresentaram resultados melhores do que as outras. O sucesso dessas capitanias se deveu ao êxito da cultura canavieira e da criação de gado.
Com o passar do tempo, as capitanias foram revertendo ao governo português. No século XVIII, quando Portugal era governado pelo Marquês de Pombal, o sistema foi ttalmente extinto. Os limites das capitanias sofreram modificações, mas determinaram os contornos gerais das províncias do Império que se limitavam com o Atlântico; estas, por sua vez, deram origem aos Estados litorâneos do Brasil atual. Os estados do interior tiveram origem diferente.
Em 1532, quando se encontrava em São Vicente, Martim Afonso recebeu uma carta do rei anunciando o povoamento do Brasil através da criação das capitanias hereditárias. Esse sistema já havia sido utilizado com êxito nas possessões portuguesas da ilhas do Atlântico (Madeira, Cabo Verde, São Tomé e Açores).
D. João III, rei de Portugal
O Brasil foi dividido em 14 capitanias hereditárias, 15 lotes (São Vicente estava dividida em 2 lotes) e 12 donatários (Pero Lopes de Souza era donatário de 3 capitanias: Itamaracá, Santo Amaro e Santana). Porém, a primeira doação ocorreu apenas em 1534.
Entre os donatários não figurava nenhum nome da alta nobreza ou do grande comércio de Portugal, o que mostrava que a empresa não tinha suficiente atrativo econômico. Somente a pequenanobreza, cuja fortuna se devia ao Oriente, aqui aportou, arriscando seus recursos. Traziam nas mãos dois documentos reais: a carta de doação e os forais. No primeiro o rei declarava a doação e tudo o que ela implicava. O segundo era uma espécie de código tributário que estabelecia os impostos.
Nesses dois documentos o rei praticamente abria mão de sua soberania e conferia aos donatários poderes amplíssimos. E tinha de ser assim, pois aos donatários cabia a responsabilidade de povoar e desenvolver a terra à própria custa. O regime de capitania hereditárias, desse modo , transferia para a iniciativa particular a tarefa de colonizar o Brasil. Entretanto, devido ao tamanho da obrigação e à falta de recursos, a maioria fracassou. Sem contar aqueles que preferiam não arriscar a sua fortuna e jamais chegaram a tomar posse de sua capitania. No final, dos catorze capitanias, apenas Pernambuco teve êxito, além do sucesso temporário de São Vicente. Quanto às demais capitanias, malograram e alguns dos donatários não só deram seus bens como também a própria vida.
Estava claro que o povoamento e colonização através da iniciativa particular era inviável. Não só devido à hostilidade dos índios, mas também pela distância em relação à metrópole, e sobretudo pelo elevado investimento requerido.
Os donatários deviam colonizar e defender a capitania com seu próprio dinheiro. Para isso, eles tinham deveres e direitos.
Deveres
Defender militarmente a capitania.
Povoar e colonizar.
Pagar impostos a Portugal.
Fundar povoamentos.
Direitos
Transmitir a capitania como herança.
Aplicar a justiça estabelecida pelo rei.
Cobrar impostos.
Escravizar índios para trabalharem na capitania.
Bandeiras das Capitanias
Sem pretender diminuir a importância histórica de Martim Afonso de Sousa e da fundação da Vila de São Vicente como ato pioneiro na instalação do aparelho administrativo na colônia, podemos afirmar que a divisão do território em capitanias hereditárias foi o primeiro grande passo rumo à afirmação efetiva e definitiva da colonização do Brasil.
Para Portugal não bastava iniciar a colonização. Era preciso efetivá-la. Era necessário povoar, estimular o desenvolvimento e garantir a defesa da terra em face das incursões dos franceses.
Todavia, uma questão se levantava. Como era possível colonizar, ocupar, povoar, administrar e defender militarmente a terra, se para tanto eram necessários recursos que o Estado não possuía, já que passava por uma crise financeira?
A solução era dividir o Brasil em capitadas hereditárias e transferir aos donatários os custos da colonização. O sistema político já era conhecido de Portugal, que o havia aplicado com relativo sucesso nas ilhas atlânticas (Açores e Madeira), onde havia se desenvolvido o plantio da cana-de-açúcar.
Entusiasmados pelos lucrativos negócios no além-mar, pelas notícias da descoberta de metais preciosos na América espanhola e pelos direitos que os documentos reais lhes davam sobre vastas áreas brasileiras, alguns homens aceitaram as propostas de D. João III, o colonizador.
Isso garantiu ao rei a instalação do sistema no Brasil. Entre 1534 e 1536 as terras brasileiras foram divididas, do litoral à linha demarcatória de Tordesilhas, em quinze lotes doados a doze donatários.
As doações eram vistas como recompensa a alguns funcionários civis ou militares e a fidalgos que haviam enriquecido com o comércio oriental.
Direitos e deveres dos donatários
Apesar de hereditárias, as capitanias não eram propriedades privadas dos donatários, já que a legítima propriedade das terras era atributo do Estado. Hereditário era tão-somente o poder do donatário de administrar a capitania como província do Estado.
Isto quer dizer que a capitania não era um feudo, onde o senhor governava com poderes absolutos. Pelo contrário, pois o sistema de Capitanias Hereditárias era regulamentado por dois instmmentos jurídicos que definiam os direitos e os deveres dos donatários: a Carta de Doação e o Foral.
A Carta de Doação era um documento pelo qual o governo português cedia ao donatário uma ou mais capitanias, a administração sobre ela e suas rendas e o poder legal para interpretar e ministrar a lei. A capitania doada era intransferível e indivisível. Geralmente, só com a morte do donatário - também intitulado governador - a posse da capitania e os direitos sobre ela eram transferidos para o filho mais velho, que passava a ser o novo donatário, com direito aos títulos a que fazia jús. Pela Carta de Doação os atos do donatário só poderiam ser julgados pelo rei, e só em caso de traição à Coroa a capitania lhe seria tomada.
O Foral estabelecia os direitos e deveres dos donatários. Um dos deveres era o de promover a prosperidade da capitania em benefício próprio e, em especial, em benefício da Coroa.
Devia o donatário conceder sesmarias a colonos - portugueses ou não - que professassem a fé católica. A pessoa beneficiada com uma sesmaria, isto é, o sesmeiro, passava a ser o legítimo proprietário da área concedida. A sesmaria era, portanto, uma propriedade privada. Diferentemente do donatário da capitania, o sesmeiro podia dispor livremente de sua propriedade - inclusive vendê-la.
O donatário também tinha direito a uma sesmaria dentro de sua capitania. Esta sesmaria lhe era concedida pelo rei e possuía em média de l0 a 16 léguas de terra ao longo da costa e se estendia, ao fundo, até os limites extremos da capitania, definidos pela linha de Tordesilhas.
O donatário podia fundar vilas e povoações e criar instrumentos administrativos, jurídicos, civis e criminais para regê-las; podia julgar e condenar, inclusive à morte, exceto pessoas sob a proteção da Coroa, que só poderiam ser condenadas à pena máxima por crime de traição, heresia, cunhagem de moeda falsa e sodomia.
Pelo Foral os donatários ficavam obrigados a respeitar os direitos dos colonos, cujas regalias eram, teoricamente; comparáveis às dos portugueses na metrópole. O Foral estabelecia que os impostos seriam pagos em espécie. À Coroa pertencia o monopólio das especiarias (drogas do sertão) e a ela deveria ser paga a quinta parte do ouro e das pedras preciosas extraídos. Ao donatário reservava-se o direito à redízima (1/10) das rendas da metrópole e à vintena (5%) da comercialização do pau-brasil e do pescado.
Como único recurso para atingir os objetivos mercantis, promover o desenvolvimento da colonização e criar condições efetivas de resistência às incursões estrangeiras em terras brasileiras, Portugal resolveu participar direta e efetivamente da vida colonial instalando no Brasil um sistema político centralizado: o sistema de Governo Geral.
Sucessos e fracassos do sistema de Capitanias Hereditárias no Brasil
O sistema de Capitanias Hereditárias no Brasil não obteve o mesmo sucesso que alcançara nas ilhas atlânticas. A rigor, apenas duas capitanias prosperaram: a de Pernambuco e a de São Vicente, onde seus donatários iniciaram o cultivo da cana-de-açúcar com capital próprio ou com empréstimos estrangeiros, notadamente holandeses.
Deve-se frisar, contudo, que a produção açucararia vicentina tornou-se secundária ainda no século XVI, devido ao sucesso da empresa açucararia nordestina, especialmente nas capitanias de Pernambuco e Bahia.
Apesar do declínio da produção açucararia, São Vicente tornou-se, com o tempo, pólo irradiador da caça e escravização do índio e ponto de penetração para o interior em busca de pedras e metais preciosos.
Vários fatores contribuíram para o fracasso do sistema de Capitanias Hereditárias: os constantes ataques dos índios, a grande quantidade de terras inférteis em algumas capitanias, o desinteresse de alguns donatários que não chegaram sequer a vir ao Brasil e, fundamentalmente, a falta de capital. A necessidade de altas somas de dinheiro para desbravar, ocupar e defender a terra, comprar escravos, instalar engenhos cujos equipamentos eram importados da Europa etc., tornava incompatível o desenvolvimento da colonizaçãocom capital particular.
Somente ao Estado, com recursos próprios, competia um empreendimento desse porte. Há que se considerar também a incompatibilidade do sistema, excessivamente descentralizado, com o poder rigidamente centralizado do Estado metropolitano, interessado no absoluto controle da exploração mercantil colonial.
Governo Geral - O Regimento de 1548
A tentativa de centralizar o poder e a administração pública no Brasil se insere nos quadros do fracasso do sistema de capitanias, da vulnerabilidade do Brasil às investidas estrangeiras e da inviabilidade de se promover a colonização com recursos particulares. Para o governo português o retraimento da economia metropolitana poderia ser superado com as possíveis riquezas que a nova terra podia gerar. Afinal, os espanhóis acabavam de descobrir (1545) as ricas minas de prata na região do Potosi (na atual Bolívia). Por outro lado, a autoridade do poder monárquico se chocava com o excesso de autonomia e soberania assumido pelos donatários em suas capitanias.
Em 1548 o governo português elaborou um novo instrumento jurídico - o Regimento de 1548 - pelo qual se instalava e se regulamentava o novo sistema político: o Governo Geral.
Conforme esse regimento, competia ao governador geral:
fundar vilas e povoações;
conceder sesmarias para a instalação de engenhos de açúcar ou qualquer outra atividade econômica;
explorar e descobrir terras no sertão;
promover a criação de feiras nas vilas e povoações;
exterminar os corsários e destruir seus estabelecimentos nas costas do Brasil;
edificar fortes e construir navios para a defesa da terra;
garantir o monopólio real sobre a exploração do pau-brasil;
fazer alianças com as tribos amigas e promover sua catequese; etc.
No exercício de suas funções como chefe do governo, o governador-geral era assessorado por três auxiliares diretos:
provedor-mor (tesoureiro) - responsável pelos negócios da Fazenda, como a cobrança dos impostos etc. ;
ouvidor-mor (juiz) - responsável pela justiça;
capitão-mor da costa - militar responsável pela defesa da terra.
Resta dizer que o sistema de Governo Geral não acabou com as capitanias nem conseguiu impor a centralização política em toda a colônia. As capitanias hereditárias continuaram existindo até a segunda metade do século XVIII, quando o marquês de Pombal transformou as então existentes em Capitanias Reais.
Na prática, o poder político continuou descentralizado em todo o período colonial, pois permaneceu concentrado nas mãos da elite latifundiária, classe dominante da qual faziam parte os próprios donatários. Em síntese, a centralização política existiu apenas formalmente.
Mesmo assim, o sistema de Governo Geral duraria até 1808, apesar de, a partir de 1720, os governadores passarem a ser chamados de vice-reis.
Tomé de Sousa (1549-1553)
O cargo de primeiro governador-geral do Brasil foi delegado a Tomé de Sousa. Com ele chegaram ao Brasil aproximadamente mil pessoas, entre as quais funcionários, artífices, soldados, degredados e seis jesuítas chefiados por Manuel da Nobreza.
Na Capitania da Baía de Todos os Santos o governador edificou a cidade de Salvador, a primeira capital do Brasil. Importou gado bovino da Ilha de Cabo Verde, introduziu a lavoura cavadeira nas proximidades de Salvador, fundou engenhos, concedeu sesmarias, construiu fortificações, edifícios públicos e a igreja matriz, além de incentivar a vinda de colonos e mulheres para aqui constituírem famílias.
Duarte da Costa (1553-1558)
Como segundo governador-geral chegaram mais colonos e jesuítas, entre os quais José de Anchieta, que, juntamente com Nobreza, fundou em 1554 o Colégio de São Paulo de Piratininga, origem da cidade de São Paulo. Administrador pouco habilitado e impopular, sua ineficiente administração foi marcada pela briga com o bispo D. Pero Fernandes Sardinha, pelas incursões contra os índios para lhes tomar as terras e doá-las aos moradores e pela invasão do Rio de Janeiro pelos franceses.
França Antártica
Desde que foi descoberta a existência do pau-brasil ao longo do litoral brasileiro, a presença francesa se fez constante.
Sabemos que oficialmente os franceses não reconheciam as determinações do Tratado de Tordesilhas, que dividia a América entre Portugal e Espanha, e que, por isso mesmo, reservavam para si o direito de explorar a madeira brasileira e até fundar uma colônia no Brasil, se possível fosse.
Finalmente os franceses alcançaram seus objetivos conquistando o Rio de Janeiro, em 1555, e ali fundando uma colônia chamada França Antártica.
Ressalte-se também que, além de estarem interessados na exploração do pau-brasil, os franceses que invadiram o Rio de Janeiro eram - na maioria huguenotes. Esses protestantes calvinistas fugiam das tensões e perseguições da Igreja e de católicos fanáticos e buscavam um refúgio onde pudessem defender suas convicções religiosas e praticar seu culto livremente.
É claro que a fundação de uma colônia no Brasil vinha ao encontro dos interesses mercantilistas da Coroa francesa e, por isso mesmo, os invasores, chefiados por Villegaignon, foram protegidos por figuras importantes na política da França como o almirante Coligny e o próprio rei Henrique II. A invasão foi coroada de êxito e os franceses se instalaram na Baía da Guanabara, com apoio dos índios tamoios.
Mem de Sá (1558-1572)
Hábil político e dotado de uma capacidade administrativa superior à de seu antecessor, Mem de Sá procurou sanear a administração dos problemas deixados por Duarte da Costa.
Buscou moralizar os costumes combatendo os vícios, a vadiagem e o jogo. Buscou a conciliação entre colonos e jesuítas, fez as pazes com o bispado, combateu os indígenas e obrigou os submetidos a se organizarem nas missões jesuíticas para serem catequizados.
Expulsão dos franceses do Rio de Janeiro
Em 1560 Mem de Sá dirigiu-se ao Rio de Janeiro com o objetivo de expulsar os franceses. Contava o governador com o apoio dos jesuítas e sua expedição era composta por uma armada e índios aliados. Contando ainda com a ajuda de homens e armas de São Vicente, Mem de Sá atacou os franceses e os obrigou a abandonar a ilha onde estavam refugiados, juntamente com os tamoios, seus aliados.
Com a retirada de Mem de Sá, os franceses, que haviam se escondido nas matas, voltaram a dominar algumas ilhas da Baía da Guanabara. Novos navios franceses vieram para reforçar a resistência.
O governador mandou vir de Portugal uma nova esquadra. que chegou à Baía da Guanabara em 1565, chefiada por seu sobrinho Estácio de Sá, o fundador da cidade do Rio de Janeiro.
A expulsão definitiva dos franceses só aconteceu em 1567, ano em que Mem de Sá voltou ao Rio de Janeiro com reforços para ajudar o sobrinho. Nesse mesmo ano Estácio de Sá morreu em conseqüência de uma flechada no rosto.
Divisão do Brasil em dois governos
O sucessor de Mem de Sá foi nomeado em 1570, mas não chegou ao Brasil, pois foi morto por piratas franceses durante a viagem.
Por essa época o monarca português estava firmemente empenhado em conquistar o norte do Brasil e em organizar a administração do sul.
Em 1572, ano da morte de Mem de Sá, o governo português resolveu pôr em prática suas pretensões políticas e dividiu o Brasil em Governo do Norte, com capital em Salvador, e Governo do Sul, com capital no Rio de Janeiro.
Nas palavras do próprio rei D. Sebastião, estavam implícitas suas pretensões:
"Sendo as terras da costa do Brasil tão grandes e distantes umas das outras e haver já agora nelas muitas povoações e esperanças de se fazerem muitas mais pelo tempo em diante, não podiam ser tão inteiramente governadas como cumpria, por um só governador, como até aqui nelas houve".
Em 1580, o Brasil caiu sob o domínio espanhol.
Câmaras Municipais
Em toda a história do Brasil Colônia o poder estava concentrado nas mãos dos grandes proprietários de terra - a classe senhorial latifundiária dominante -, apesar da existência do governador-geral emais tarde do vice-rei.
A classe senhorial dominava a vida política, econômica, social e cultural da colônia e seus interesses eram representados e defendidos pelas Câmaras Municipais. As Câmaras decidiam sobre a administração dos municípios, impostos, salários, abastecimentos, guerra e paz com os índios etc.
Assumindo o controle dos órgãos políticos locais, a elite colonial escolhia os vereadores entre os homens-bons do lugar, isto é, membros dela própria, pois "homem-bom" era todo aquele que possuía projeção social e cuja riqueza se originava da exploração do trabalho escravo negro ou indígena.
"Formados nos grandes domínios, opulentos senhores de terras e de escravos, estes caudilhos é que davam vitalidade às Câmaras do período colonial, como foram eles que deram animação às do período imperial. Não o povo-massa. Este, ou não partilhava, como no período colonial, da administração nem do governo das câmaras; ou, quando partilhava (como no período imperial), ali comparecia sempre como caudatário apenas destes grandes potentados."
Fonte: www.geocities.com
CAPITANIAS HEREDITÁRIAS
Devido o tratado de Tordesilhas de 1494 que dividia o continente americano em duas partes: Uma para o Portugal e outro para Espanha; Portugal percebeu então, que para garantir sua propriedade no Novo Mundo era preciso mais que um tratado: Era forçoso povoar e colonizar realmente a terra.
Como primeira medida, o rei de Portugal D. João III , enviou uma expedição colonizadora sob o comando de Martim Afonso de Sousa , que tomou uma serie de providencias importantes : Explorou o litoral, deu combate ao contrabandistas de pau-brasil e criou a primeira vila, ou seja , o primeiro núcleo com organização social e administrativa no Brasil ( a vila de São Vicente , fundada em 1532 ).
As capitanias hereditárias eram grandes faixas de terra , que iam da costa até a linha do Tratado de Tordesilhas , doadas aos capitães-mores mediante um documento chamado " carta de doação "( ou " floral " ) . Esses capitães - os donatários que recebiam títulos de governadores de suas posses , mantinham sobre elas poderes soberanos , estando apenas proibidos de vende-las ou subdividi-las . As capitanias diziam-se hereditárias porque eram transmissíveis aos herdeiros dos donatários.
Entre 1534 e 1536 , foram distribuídas 14 capitanias: 1- Primeira do Maranhão , doada a João de Barros e Aires da Cunha ; 2- segunda do Maranhão , a Fernando Alvares de Andrade ; 3- Ceara , Antônio Cardoso de Barros ; 4- Rio Grande , a João de Barros ; 5- Itamaracá , a Pêro Lopes de Sousa ; 6- Pernambuco ou Nova Lusitânia , a Duarte Coelho ; 7- Bahia de Todos os Santos , a Francisco Pereira Coutinho ; 8- Ilhéus , a Jorge Figueiredo Correa ; 9- Porto Seguro , a Pero do Campo Tourinho ; 10- Espirito Santo , a Vasco Fernandes Coutinho ; 11- São Tomé , a Pêro de Goes ; 12- São Vicente , ( subdividida em duas ) , a Martim Afonso de Sousa ; 13- Santo Amaro ( entre as duas subdivisões de São Vicente ) , a Pêro Lopes de Sousa ; 14- Santana , a Pêro Lopes de Sousa.
O capitão - donatário era a autoridade máxima em sua capitania. Ele governava, fazia justiça e cobrava impostos . Devia também defender, povoar e cultivar suas terras.
De todas as capitanias , as que mais deram certo , foi a de Pernambuco e S. Vicente . Graças ao sucesso obtido com a cana-de-açúcar que era produto de exportação do momento, já que praticamente não existia na Europa.
Na antiga capitania de Pernambuco , hoje temos como destaques as cidades de Recife e Olinda e na capitania de S. Vicente, hoje temos as cidades de S. Vicente, Santos e S. Paulo.
CAPITANIAS HEREDITÁRIAS
Sem pretender diminuir a importância histórica de Martim Afonso de Sousa e da fundação da Vila de São Vicente como ato pioneiro na instalação do aparelho administrativo na colônia, podemos afirmar que a divisão do território em capitanias hereditárias foi o primeiro grande passo rumo à afirmação efetiva e definitiva da colonização do Brasil.
Para Portugal não bastava iniciar a colonização. Era preciso efetivá-la. Era necessário povoar, estimular o desenvolvimento e garantir a defesa da terra em face das incursões dos franceses.
Todavia, uma questão se levantava. Como era possível colonizar, ocupar, povoar, administrar e defender militarmente a terra, se para tanto eram necessários recursos que o Estado não possuía, já que passava por uma crise financeira?
A solução era dividir o Brasil em capitadas hereditárias e transferir aos donatários os custos da colonização. O sistema político já era conhecido de Portugal, que o havia aplicado com relativo sucesso nas ilhas atlânticas (Açores e Madeira), onde havia se desenvolvido o plantio da cana-de-açúcar.
Entusiasmados pelos lucrativos negócios no além-mar, pelas notícias da descoberta de metais preciosos na América espanhola e pelos direitos que os documentos reais lhes davam sobre vastas áreas brasileiras, alguns homens aceitaram as propostas de D. João III, o colonizador.
Isso garantiu ao rei a instalação do sistema no Brasil. Entre 1534 e 1536 as terras brasileiras foram divididas, do litoral à linha demarcatória de Tordesilhas, em quinze lotes doados a doze donatários.
As doações eram vistas como recompensa a alguns funcionários civis ou militares e a fidalgos que haviam enriquecido com o comércio oriental.
Direitos e deveres dos donatários
Apesar de hereditárias, as capitanias não eram propriedades privadas dos donatários, já que a legítima propriedade das terras era atributo do Estado. Hereditário era tão-somente o poder do donatário de administrar a capitania como província do Estado.
Isto quer dizer que a capitania não era um feudo, onde o senhor governava com poderes absolutos. Pelo contrário, pois o sistema de Capitanias Hereditárias era regulamentado por dois instmmentos jurídicos que definiam os direitos e os deveres dos donatários: a Carta de Doação e o Foral.
A Carta de Doação era um documento pelo qual o governo português cedia ao donatário uma ou mais capitanias, a administração sobre ela e suas rendas e o poder legal para interpretar e ministrar a lei. A capitania doada era intransferível e indivisível. Geralmente, só com a morte do donatário - também intitulado governador - a posse da capitania e os direitos sobre ela eram transferidos para o filho mais velho, que passava a ser o novo donatário, com direito aos títulos a que fazia jús. Pela Carta de Doação os atos do donatário só poderiam ser julgados pelo rei, e só em caso de traição à Coroa a capitania lhe seria tomada.
O Foral estabelecia os direitos e deveres dos donatários. Um dos deveres era o de promover a prosperidade da capitania em benefício próprio e, em especial, em benefício da Coroa.
Devia o donatário conceder sesmarias a colonos - portugueses ou não - que professassem a fé católica. A pessoa beneficiada com uma sesmaria, isto é, o sesmeiro, passava a ser o legítimo proprietário da área concedida. A sesmaria era, portanto, uma propriedade privada. Diferentemente do donatário da capitania, o sesmeiro podia dispor livremente de sua propriedade - inclusive vendê-la.
O donatário também tinha direito a uma sesmaria dentro de sua capitania. Esta sesmaria lhe era concedida pelo rei e possuía em média de l0 a 16 léguas de terra ao longo da costa e se estendia, ao fundo, até os limites extremos da capitania, definidos pela linha de Tordesilhas.
O donatário podia fundar vilas e povoações e criar instrumentos administrativos, jurídicos, civis e criminais para regê-las; podia julgar e condenar, inclusive à morte, exceto pessoas sob a proteção da Coroa, que só poderiam ser condenadas à pena máxima por crime de traição, heresia, cunhagem de moeda falsa e sodomia.
Pelo Foral os donatários ficavam obrigados a respeitar os direitos dos colonos, cujas regalias eram, teoricamente; comparáveis às dos portugueses na metrópole. O Foral estabelecia que os impostos seriam pagos em espécie. À Coroa pertencia o monopólio das especiarias (drogas do sertão) e a eladeveria ser paga a quinta parte do ouro e das pedras preciosas extraídos. Ao donatário reservava-se o direito à redízima (1/10) das rendas da metrópole e à vintena (5%) da comercialização do pau-brasil e do pescado.
Como único recurso para atingir os objetivos mercantis, promover o desenvolvimento da colonização e criar condições efetivas de resistência às incursões estrangeiras em terras brasileiras, Portugal resolveu participar direta e efetivamente da vida colonial instalando no Brasil um sistema político centralizado: o sistema de Governo Geral.
Sucessos e fracassos do sistema de Capitanias Hereditárias no Brasil
O sistema de Capitanias Hereditárias no Brasil não obteve o mesmo sucesso que alcançara nas ilhas atlânticas. A rigor, apenas duas capitanias prosperaram: a de Pernambuco e a de São Vicente, onde seus donatários iniciaram o cultivo da cana-de-açúcar com capital próprio ou com empréstimos estrangeiros, notadamente holandeses.
Deve-se frisar, contudo, que a produção açucararia vicentina tornou-se secundária ainda no século XVI, devido ao sucesso da empresa açucararia nordestina, especialmente nas capitanias de Pernambuco e Bahia.
Apesar do declínio da produção açucararia, São Vicente tornou-se, com o tempo, pólo irradiador da caça e escravização do índio e ponto de penetração para o interior em busca de pedras e metais preciosos.
Vários fatores contribuíram para o fracasso do sistema de Capitanias Hereditárias: os constantes ataques dos índios, a grande quantidade de terras inférteis em algumas capitanias, o desinteresse de alguns donatários que não chegaram sequer a vir ao Brasil e, fundamentalmente, a falta de capital. A necessidade de altas somas de dinheiro para desbravar, ocupar e defender a terra, comprar escravos, instalar engenhos cujos equipamentos eram importados da Europa etc., tornava incompatível o desenvolvimento da colonização com capital particular. Somente ao Estado, com recursos próprios, competia um empreendimento desse porte. Há que se considerar também a incompatibilidade do sistema, excessivamente descentralizado, com o poder rigidamente centralizado do Estado metropolitano, interessado no absoluto controle da exploração mercantil colonial.
Governo Geral - O Regimento de 1548
A tentativa de centralizar o poder e a administração pública no Brasil se insere nos quadros do fracasso do sistema de capitanias, da vulnerabilidade do Brasil às investidas estrangeiras e da inviabilidade de se promover a colonização com recursos particulares. Para o governo português o retraimento da economia metropolitana poderia ser superado com as possíveis riquezas que a nova terra podia gerar. Afinal, os espanhóis acabavam de descobrir (1545) as ricas minas de prata na região do Potosi (na atual Bolívia). Por outro lado, a autoridade do poder monárquico se chocava com o excesso de autonomia e soberania assumido pelos donatários em suas capitanias.
Em 1548 o governo português elaborou um novo instrumento jurídico - o Regimento de 1548 - pelo qual se instalava e se regulamentava o novo sistema político: o Governo Geral. Conforme esse regimento, competia ao governador geral:
fundar vilas e povoações;
conceder sesmarias para a instalação de engenhos de açúcar ou qualquer outra atividade econômica;
explorar e descobrir terras no sertão;
promover a criação de feiras nas vilas e povoações;
exterminar os corsários e destruir seus estabelecimentos nas costas do Brasil;
edificar fortes e construir navios para a defesa da terra;
garantir o monopólio real sobre a exploração do pau-brasil;
fazer alianças com as tribos amigas e promover sua catequese; etc.
No exercício de suas funções como chefe do governo, o governador-geral era assessorado por três auxiliares diretos
Provedor-mor (tesoureiro) - responsável pelos negócios da Fazenda, como a cobrança dos impostos etc. ;
Ouvidor-mor (juiz) - responsável pela justiça;
Capitão-mor da costa - militar responsável pela defesa da terra.
Resta dizer que o sistema de Governo Geral não acabou com as capitanias nem conseguiu impor a centralização política em toda a colônia. As capitanias hereditárias continuaram existindo até a segunda metade do século XVIII, quando o marquês de Pombal transformou as então existentes em Capitanias Reais.
Na prática, o poder político continuou descentralizado em todo o período colonial, pois permaneceu concentrado nas mãos da elite latifundiária, classe dominante da qual faziam parte os próprios donatários. Em síntese, a centralização política existiu apenas formalmente.
Mesmo assim, o sistema de Governo Geral duraria até 1808, apesar de, a partir de 1720, os governadores passarem a ser chamados de vice-reis.
Tomé de Sousa (1549-1553)
O cargo de primeiro governador-geral do Brasil foi delegado a Tomé de Sousa. Com ele chegaram ao Brasil aproximadamente mil pessoas, entre as quais funcionários, artífices, soldados, degredados e seis jesuítas chefiados por Manuel da Nobreza.
Na Capitania da Baía de Todos os Santos o governador edificou a cidade de Salvador, a primeira capital do Brasil. Importou gado bovino da Ilha de Cabo Verde, introduziu a lavoura cavadeira nas proximidades de Salvador, fundou engenhos, concedeu sesmarias, construiu fortificações, edifícios públicos e a igreja matriz, além de incentivar a vinda de colonos e mulheres para aqui constituírem famílias.
Duarte da Costa (1553-1558)
Como segundo governador-geral chegaram mais colonos e jesuítas, entre os quais José de Anchieta, que, juntamente com Nobreza, fundou em 1554 o Colégio de São Paulo de Piratininga, origem da cidade de São Paulo. Administrador pouco habilitado e impo
pular, sua ineficiente administração foi marcada pela briga com o bispo D. Pero Fernandes Sardinha, pelas incursões contra os índios para lhes tomar as terras e doá-las aos moradores e pela invasão do Rio de Janeiro pelos franceses.
França Antártica
Desde que foi descoberta a existência do pau-brasil ao longo do litoral brasileiro, a presença francesa se fez constante.
Sabemos que oficialmente os franceses não reconheciam as determinações do Tratado de Tordesilhas, que dividia a América entre Portugal e Espanha, e que, por isso mesmo, reservavam para si o direito de explorar a madeira brasileira e até fundar uma colônia no Brasil, se possível fosse.
Finalmente os franceses alcançaram seus objetivos conquistando o Rio de Janeiro, em 1555, e ali fundando uma colônia chamada França Antártica.
Ressalte-se também que, além de estarem interessados na exploração do pau-brasil, os franceses que invadiram o Rio de Janeiro eram - na maioria huguenotes. Esses protestantes calvinistas fugiam das tensões e perseguições da Igreja e de católicos fanáticos e buscavam um refúgio onde pudessem defender suas convicções religiosas e praticar seu culto livremente.
É claro que a fundação de uma colônia no Brasil vinha ao encontro dos interesses mercantilistas da Coroa francesa e, por isso mesmo, os invasores, chefiados por Villegaignon, foram protegidos por figuras importantes na política da França como o almirante Coligny e o próprio rei Henrique II. A invasão foi coroada de êxito e os franceses se instalaram na Baía da Guanabara, com apoio dos índios tamoios.
Mem de Sá (1558-1572)
Hábil político e dotado de uma capacidade administrativa superior à de seu antecessor, Mem de Sá procurou sanear a administração dos problemas deixados por Duarte da Costa. Buscou moralizar os costumes combatendo os vícios, a vadiagem e o jogo. Buscou a conciliação entre colonos e jesuítas, fez as pazes com o bispado, combateu os indígenas e obrigou os submetidos a se organizarem nas missões jesuíticas para serem catequizados.
Expulsão dos franceses do Rio de Janeiro
Em 1560 Mem de Sá dirigiu-se ao Rio de Janeiro com o objetivo de expulsar os franceses. Contava o governador com o apoio dos jesuítas e sua expedição era composta por uma armada e índios aliados. Contando ainda com a ajuda de homens e armas de SãoVicente, Mem de Sá atacou os franceses e os obrigou a abandonar a ilha onde estavam refugiados, juntamente com os tamoios, seus aliados.
Com a retirada de Mem de Sá, os franceses, que haviam se escondido nas matas, voltaram a dominar algumas ilhas da Baía da Guanabara. Novos navios franceses vieram para reforçar a resistência.
O governador mandou vir de Portugal uma nova esquadra. que chegou à Baía da Guanabara em 1565, chefiada por seu sobrinho Estácio de Sá, o fundador da cidade do Rio de Janeiro.
A expulsão definitiva dos franceses só aconteceu em 1567, ano em que Mem de Sá voltou ao Rio de Janeiro com reforços para ajudar o sobrinho. Nesse mesmo ano Estácio de Sá morreu em conseqüência de uma flechada no rosto.
Divisão do Brasil em dois governos
O sucessor de Mem de Sá foi nomeado em 1570, mas não chegou ao Brasil, pois foi morto por piratas franceses durante a viagem.
Por essa época o monarca português estava firmemente empenhado em conquistar o norte do Brasil e em organizar a administração do sul.
Em 1572, ano da morte de Mem de Sá, o governo português resolveu pôr em prática suas pretensões políticas e dividiu o Brasil em Governo do Norte, com capital em Salvador, e Governo do Sul, com capital no Rio de Janeiro. Nas palavras do próprio rei D. Sebastião, estavam implícitas suas pretensões:
"Sendo as terras da costa do Brasil tão grandes e distantes umas das outras e haver já agora nelas muitas povoações e esperanças de se fazerem muitas mais pelo tempo em diante, não podiam ser tão inteiramente governadas como cumpria, por um só governador, como até aqui nelas houve".
Em 1580, o Brasil caiu sob o domínio espanhol.
Câmaras Municipais
Em toda a história do Brasil Colônia o poder estava concentrado nas mãos dos grandes proprietários de terra - a classe senhorial latifundiária dominante -, apesar da existência do governador-geral e mais tarde do vice-rei.
A classe senhorial dominava a vida política, econômica, social e cultural da colônia e seus interesses eram representados e defendidos pelas Câmaras Municipais. As Câmaras decidiam sobre a administração dos municípios, impostos, salários, abastecimentos, guerra e paz com os índios etc.
Assumindo o controle dos órgãos políticos locais, a elite colonial escolhia os vereadores entre os homens-bons do lugar, isto é, membros dela própria, pois "homem-bom" era todo aquele que possuía projeção social e cuja riqueza se originava da exploração do trabalho escravo negro ou indígena.
"Formados nos grandes domínios, opulentos senhores de terras e de escravos, estes caudilhos é que davam vitalidade às Câmaras do período colonial, como foram eles que deram animação às do período imperial. Não o povo-massa. Este, ou não partilhava, como no período colonial, da administração nem do governo das câmaras; ou, quando partilhava (como no período imperial), ali comparecia sempre como caudatário apenas destes grandes potentados."

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