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André Tavares da Cunha Guimarães GRAU DE SATURAÇÃO: SUA VARIAÇÃO COM O TIPO DE CONCRETO E SUA INFLUÊNCIA NA DIFUSÃO DE ÍONS CLORETOS Monografia apresentada à Escola Politécnica da Universidade de São Paulo para conclusão de Pós-Doutorado em Engenharia Civil São Paulo Abril, 2005 UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA POLITÉCNICA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE CONSTRUÇÃO CIVIL - PCC / USP André Tavares da Cunha Guimarães GRAU DE SATURAÇÃO: SUA VARIAÇÃO COM O TIPO DE CONCRETO E SUA INFLUÊNCIA NA DIFUSÃO DE ÍONS CLORETOS Monografia apresentada à Escola Politécnica da Universidade de São Paulo para conclusão de Pós-Doutorado em Engenharia Civil Área de Concentração: Engenharia de Construção Civil e Urbana Supervisor: Paulo Roberto do Lago Helene São Paulo Abril, 2005 AGRADECIMENTOS Ao PROF. PAULO HELENE pela confiança e pelo apoio, não só durante a realização deste trabalho, mas pelos vários anos de pesquisa. Ao DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE CONSTRUÇÃO CIVIL DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - PCC / EPUSP pela oportunidade de trabalhar em instituição de tão alto nível. Ao DEPARTAMENTO DE MATERIAIS E CONSTRUÇÃO DA FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE pelo incentivo na realização dessa pesquisa. À FUNDAÇÃO DE APOIO PESQUISA DO ESTADO DE SÃO PAULO – FAPESP pelo auxílio à pesquisa, sem o qual não seria possível o desenvolvimento desse trabalho. 1 Sumário 1. INTRODUÇÃO 1.1. Importância e Justificativa do Tema 1.2. Pesquisadores e Centros de Pesquisa no País e no Exterior 1.3. Objetivo 2. GRAU DE SATURAÇÃO NO CONCRETO 2.1. Influência do Grau de Saturação na Difusão dos Íons Cloreto 2.2. Variação do Grau de Saturação para Diferentes Ambientes e Tipos de Concreto 3. MODELO DE PREVISÃO DE VIDA ÚTIL PARA CONCRETO EM ZONA DE MOLHAGEM E SECAGEM 3.1. Perfil Teórico na Idade do Perfil Medido 3.2. Modelo para Previsão de Vida Útil Residual 4. EXPERIMENTO 4.1. Métodos 4.1.1. Influência do GS na difusão de cloretos em concretos com diversos traços 4.1.2. Variação do GS para diferentes micro-ambientes e tipos de concreto 4.1.3. Modelo de previsão de vida útil para concreto em zona de molhagem e secagem 4.1.4. Estudo de casos 4.2. Materiais e Aplicação dos Métodos 4.2.1. Materiais 4.2.2. Influência do GS na difusão de cloretos em concretos com diversos traços 4.2.3. Variação do GS para diferentes micro-ambientes e tipos de concreto 4.2.4. Modelo de previsão de vida útil para concreto em zona de molhagem e secagem 4.2.5. Estudo de casos 5. RESULTADOS E ANÁLISES 5.1. Influência do GS na Difusão de Cloretos em Concretos com Diversos Traços 5.1.1. GS médio dos corpos de prova 5.1.2. Perfis de teor de cloretos de cada grupo de corpos de prova 5.1.3. Ensaios de porosimetria por intrusão de mercúrio 3 3 4 5 7 7 14 17 17 18 20 20 20 22 23 24 24 24 29 30 31 31 34 34 34 34 37 2 5.1.4. Análise dos resultados 5.2. Variação do GS para Diferentes Micro-Ambientes e Tipos de Concreto 5.2.1. Análise da variação do GS 5.2.2. Modelo para RGS –média anual considerando a variação sazonal do GS 5.3. Estudos de Casos 5.3.1. TECON 5.3.2. Torre de telecomunicações 5.3.3. Comentários 6. CONCLUSÕES 6.1. Influência do GS na Difusão de Cloretos 6.2. Variação do GS para Testemunhos Expostos à um mesmo Ambiente 6.3. Estudos de Caso 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANEXOS ANEXO A - Absorção, índice de vazios e massa específica dos corpos de prova de argamassa peneirada do concreto ANEXO B – Absorção, índice de vazios e massa específica dos testemunhos para ensaio de variação do GS para diversos tipos de concreto, tipo de superfície de ataque e orientação da face exposta ANEXO C – Tabela de previsão de vida útil para perfil de cloretos com pico ANEXO D – Tabelas de GS médio para os grupos de CPs ANEXO E – Valores dos perfis de cloretos dos valores medidos e dos valores obtidos por regressão e valores característicos das curvas obtidas por regressão ANEXO F – Ensaios de porosimetria por intrusão de mercúrio ANEXO G – Valores médios, máximos e mínimos de GS dos testemunhos ANEXO H – Variação sazonal do GS dos testemunhos localizados nos três micro- ambientes pesquisados do TECON 39 43 44 47 49 49 74 81 83 83 84 85 87 90 90 95 97 102 107 109 119 124 1. INTRODUÇÃO 1.1. Importância e Justificativa do Tema Em estudos recentes, notou-se que em superfícies com alto teor de íons cloretos (2% em relação a massa de cimento) e considerando fatores como a variação da resistência a compressão, variação sazonal da temperatura, tipo de cimento e relação a/c obteve-se uma grande diferença entre a profundidade de ataque prevista por métodos deterministas e a profundidade efetiva obtida por perfis de penetração de cloretos em cais marítimo no extremo sul do Brasil. Deve-se salientar que esse teor de íons cloretos foi obtido tanto em época de chuva intensa (inverno) como em época de estiagem (verão), segundo estudos de GUIMARÃES (2000). Supõem-se por esses fatos que a dificuldade dos cloretos penetrarem é devido ao teor de água de equilíbrio no concreto estar abaixo da saturação. Esse fato pode gerar diferenças entre resultados de laboratório e obras em serviço, pois os ensaios de laboratório que visam obter um coeficiente de difusão são realizados na condição de corpos de prova saturados (PAGE et al., 1981; PRUDÊNCIO, 1993; ANDRADE, 1993; GJØRV et al., 1994). Para investigar esse fator GUIMARÃES e HELENE (2001) desenvolveram duas metodologias de ensaio. A primeira para determinar a influência da variação do grau de saturação (GS) na difusão dos cloretos. A segunda para medir a variação do GS em camadas mais externas do concreto em um ambiente marítimo. Após algumas modificações no método desenvolvido no primeiro ensaio as metodologias foram então aplicadas em duas estruturas em uso com idade superior a 20 anos. Os resultados mostram uma grande influência do GS sobre a difusão de íons cloreto, influência esta que deve ser considerada nos modelos de vida útil em estruturas que estão sujeitas ao ataque desse agente agressivo, como estruturas em ambiente marítimo. Alguns conhecimentos da influência do GS na difusão de cloretos ainda devem ser adquiridos para um maior domínio de sua consideração nos modelos de vida útil, como, por exemplo, estudo sobre a influência da variação do GS sobre a velocidade de penetração dos íons cloreto em concretos executados com diferentes materiais; e como varia o GS em um mesmo ambiente em função do tipo de concreto. Outro aspecto que necessita estudos é o fato de que estruturas de concreto em ambiente marítimo, especialmente onde há molhagem e secagem ou estruturas em zonas em que usa-se sal 4 de degelo é normal obter-se perfil de cloretos formando picos, ou seja, o teor de cloretos aumenta para o interior do concreto e depois diminui. Alguns pesquisadores (NILSSON et al., 2000; ANDRADE et al., 2000) mostram como obter modelos até a idade de inspeção da obra. Para permitir a previsão do comportamento em idades mais avançadas mantendo o teor no pico constante e seguindo a segunda lei de Fick,GUIMARÃES e HELENE (2004) adaptaram modelo apresentado por CRANK (1975). Sente-se a necessidade de continuidade desse estudo, formulando tabelas que facilitem a utilização desse modelo e demonstrar sua aplicabilidade em um caso real. Pretende-se dessa forma colaborar com o entendimento do processo de penetração de íons cloretos em ambiente marítimo, evitando-se desperdícios de materiais ou a perda parcial ou total de uma estrutura antes de sua vida útil de projeto. 1.2. Pesquisadores no País e no Exterior A influência do GS sobre a difusão de íons cloreto tem sido objeto de pesquisa nos últimos anos, sendo demonstrada a importância desse fator ser considerado nos modelos de vida útil de estruturas de concreto armado: - 1995 - HEDENBLAD (1995) demonstrou teoricamente a influência do teor de umidade na difusão de cloretos, mostrando uma maior influência do grau de hidratação do cimento do que do GS. Provavelmente o grau de hidratação foi um pouco maior nos grupos com maior GS e mesmo assim esses apresentaram coeficientes de difusão bem maiores, mostrando uma grande influência do GS. HEDENBLAND (1995) já alertava que além do GS à precipitação de alguns elementos nos poros da pasta de cimento poderiam diminuir o coeficiente de difusão dos cloretos; - 1999 - MARTYS (1999) simulou com programa computacional a difusão de íons em poros médios (rede interligada) cheios com dois fluídos, sendo um predominantemente molhável, como exemplo, a água e o ar. O modelo abrange uma variação do GS, aproximadamente, de 35% a 100% em relação à rede de poros interligados; - 2000 - GUIMARÃES (2000) apresentou modelo da influência do GS sobre a difusão de íons cloreto e sua aplicação em um micro ambiente de uma estrutura existente, comparando os resultados com o perfil de cloretos medidos nessa estrutura, 5 demonstrando uma grande melhora do modelo quando considera a influência do GS desse concreto. O modelo abrange uma variação do GS, aproximadamente, de 55% a 100%, sendo os corpos de prova de pasta executada com cimento de alta resistência inicial e relação a/c de 0,5. Esse modelo só permite considerar a penetração de cloreto através da primeira lei de Fick, ou seja, em regime permanente; - 2001 – GUIMARÃES e HELENE (2001) – apresentaram modelo da influência do GS sobre a difusão de íons cloreto baseado em ensaio que permite considerar regime não permanente, ou seja, a segunda lei de Fick; - 2002 - CLIMENT et al. (2002) apresentaram modelo da variação do coeficiente de difusão em função do GS em corpos de prova de concreto executado com cimento Portland comum e relação a/c de 0,5 e 0,6, sendo que o GS variou, aproximadamente, de 30% a 80%; - 2003 – NIELSEN e GEIKER (2003) – pesquisaram a influência do GS sobre a difusão de íons cloreto em corpos de prova de argamassa executada com cimento de alta resistência inicial com relação a/c de 0,5. 1.3. Objetivo Essa pesquisa tem três objetivos principais: - Estudar a influência do GS na difusão de íons cloreto em diferentes concretos; - Estudar a variação do GS em concretos expostos a um mesmo ambiente, executados com diferentes materiais, expostos em diferentes micro-ambientes e com diferentes tipos de superfície exposta em relação a superfície de concretagem em ambientes iguais; - Desenvolver tabela que facilite a utilização do modelo apresentado por CRANK (1975) e adaptado por GUIMARÃES e HELENE (2004) para perfil de cloretos formando picos, ou seja, o teor de cloretos aumenta para o interior do concreto e depois diminui, e demonstrar sua aplicabilidade em estudo de caso real. 6 Dessa forma pretende-se estender os conhecimentos adquiridos sobre a influência do GS sobre a difusão de íons cloretos a diferentes tipos de concretos e micro-ambientes, possibilitando uma utilização mais ampla desse importante fator. 2. GRAU DE SATURAÇÃO NO CONCRETO Para investigar esse fator GUIMARÃES e HELENE (2001) desenvolveram duas metodologias de ensaio. A primeira para determinar a influência da variação do grau de saturação (GS) na difusão dos cloretos. A segunda para medir a variação do GS em camadas mais externas do concreto em um ambiente marítimo. A seguir são apresentados os principais métodos e modelos desenvolvidos em pesquisas anteriores. 2.1. Influência do Grau de Saturação na Difusão dos Íons Cloreto Pesquisa realizada por GUIMARÃES (2000) em pasta de cimento endurecida e considerando a primeira lei de Fick mostrou uma grande influência do GS sobre a difusão de íons cloreto, conforme Fig. 2.1. FIGURA 2.1 - Valores médios do coeficiente de difusão efetivo em função do GS e intervalo de confiança na média do GS (confiança de 95%) (GUIMARÃES, 2000) y = 9.10-11.e0,0525x R2 = 0,8869 1,00E-09 2,00E-09 3,00E-09 4,00E-09 5,00E-09 6,00E-09 7,00E-09 8,00E-09 9,00E-09 1,00E-08 1,10E-08 1,20E-08 1,30E-08 1,40E-08 1,50E-08 1,60E-08 1,70E-08 1,80E-08 1,90E-08 2,00E-08 2,10E-08 0 20 40 60 80 100 SD (%) D ef ( cm 2 / s) Eq. exponencial Média Limite superior Limite inferior I II IV III GS 8 Alterações realizadas no método desse ensaio (GUIMARÃES e HELENE, 2001) realizado em argamassa de cimento e agregado miúdo, permitindo uma análise considerando a segunda lei de Fick, continua evidenciando uma grande influência, conforme Fig. 2.2. FIGURA 2.2 - Relação entre os coeficientes de difusão e o coeficiente de difusão máximo (grupo saturado) – D / Dmáx (GUIMARÃES e HELENE, 2001) Na Fig. 2.3 pode-se comparar os resultados obtidos nas duas pesquisas. Observa-se que a diferença da influência do GS na pasta de cimento (primeiro ensaio) e na argamassa (alteração) apresentam uma diferença pequena comparada com a influência desse fator sobre a difusão de cloretos. Deve-se levar em conta as diferenças nos métodos de ensaio, principalmente quanto à contaminação e à análise quantitativa, que no primeiro ensaio foi utilizando equações da primeira lei de Fick e no último ensaio utilizando equações da segunda lei de Fick. Também deve-se considerar que o cimento utilizado na pasta endurecida foi de alta resistência inicial e na argamassa foi utilizado cimento pozolânico. Nas curvas dos dois ensaios há formação de um patamar característico, onde a influência do GS diminui. 0,069 0,333 0,398 1 0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1 50 70 90 GS - % D / D m áx 9 FIGURA 2.3 - Influência do GS na pasta de cimento (GUIMARÃES, 2000) e na argamassa (GUIMARÃES e HELENE, 2001) Os resultados do ensaio demonstram a importância de se considerar o GS do concreto na estimativa do coeficiente de difusão dos íons cloretos. GUIMARÃES (2000) apresentou as seguintes considerações, com o objetivo de mostrar um possível mecanismo que possa explicar a influência da variação do GS na difusão de íons cloretos na pasta de cimento endurecida: - Na pasta de cimento endurecida saturada, ou seja, GS de 100% (Fig. 2.4) todos os poros acima do diâmetro crítico estão cheios de água, facilitando a difusão de íons. A seção transversal desses poros é a seção transversal por onde os íons sofrem difusão; - Conforme MEHTA e MANMOHAN (1980), o volume de poros maiores que o diâmetro crítico é da ordem de 15% do volume total de vazios para pasta de cimento com rel. a/cde 0,5, sendo esse o volume da rede interligada de poros que influi na difusão de íons (Fig. 2.5). Assim, diminuindo o GS de 100% até 85% deve diminuir mais acentuadamente a água na rede de poros com diâmetros maiores que o diâmetro crítico (Fig. 2.4). Portanto, a seção transversal de difusão dos íons diminui rapidamente conforme pode ser observado na Fig. 2.1 entre os pontos IV e III. O diâmetro crítico para a pasta com rel. a/c de 0,5 é de aproximadamente 80 nm (MEHTA e MANMOHAN, 0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1 50 70 90 GS - % D (S D ) / D (1 00 % ) GUIMARÃES e HELENE, 2001 GUIMARÃES (2000) 10 1980) e a condensação em poros desse tamanho ocorre com UR maior que 95% (QUÉNARD e SALLÉE, 1991). Portanto, diminuindo a UR de 95% esses poros tendem a ficarem cheios com vapor de água e uma camada de água adsorvida em suas paredes com uma espessura de aproximadamente 0,2 nm, 0,45 nm e 0,9 nm para UR de 10%, 50% e 95% respectivamente (QUÉNARD e SALLÉE, 1992). Sendo assim, os poros maiores que o diâmetro crítico tendem a diminuir a água condensada até atingir uma camada fina de água adsorvida. Quando diminui o GS até aproximadamente 85 % toda a rede de poros interligada (diâm. dos poros > diâm. crítico), terá apenas água adsorvida (Fig. 2.4). Logo a seção transversal de difusão dos íons pode diminuir muito. Nesse caso, os íons também tem que percorrer distâncias maiores, pois precisam circundar o poro para ultrapassa-lo. Para pequenas espessuras de água (? 0,9 nm) é de se esperar que os elementos precipitados, como os Ca(OH)2, tornem-se obstáculos que dificultam a passagem dos íons cloretos, os quais possuem diâmetro de 0,36 nm; - Para GS menor que 85 % o coeficiente de difusão deve diminuir com menos intensidade, provavelmente devido ao início da perda de água nos poros menores que o diâmetro crítico, poros esses com menor influência no transporte de massa. Isso deve ocorrer até o momento em que a espessura de água adsorvida nas paredes dos poros com diâmetro maior que os do diâmetro crítico começa a diminuir, conforme Fig. 2.1 entre os pontos III e II; - O coeficiente de difusão deve novamente diminuir rapidamente (Fig. 2.1, entre os pontos II e I), quando a espessura de água adsorvida nas paredes dos poros com diâmetro maior que os do diâmetro crítico começa a diminuir (Fig.2.4). Esse processo apresenta forte indício de ocorrer quando se compara a curva de distribuição dos poros na pasta de cimento (MEHTA e MANMOHAN, 1980) com os resultados do ensaio de influência do teor de umidade da pasta de cimento na difusão de íons cloretos: a inflexão na curva de distribuição dos poros na pasta com rel. a/c de 0,6 ocorre quando são preenchidos com mercúrio aproximadamente 15% do volume de vazios (volume de poros maiores que o poro crítico) (Fig. 2.5), o que equivale a um GS é de 85 % (Fig. 2.1, entre os pontos II e III). 11 FIGURA 2.4 - Rede de poros da pasta de cimento endurecida com diferentes graus de saturação (GUIMARÃES, 2000) FIGURA 2.5 - Distribuição dos poros na pasta de cimento (MEHTA e MANMOHAN, 1980) Pore solution Vapor Rede de poros maior que o diâmetro crítico GS=100% GS>85% GS=85% GS<75% 0,5 0,4 0,3 0,2 0,1 Diâmetro do poro (nm) a/c=0,9 0,8 0,7 0,6 0,5 0,4 0,3 28 dias 12 O ensaio com argamassa (GUIMARÃES e HELENE, 2001), que possui agregado como o concreto, permitiu uma análise quantitativa utilizando a segunda lei de Fick e apresentou uma menor influência do GS que na pasta endurecida (Fig. 2.3). Ensaios que correlacionam o sentido do vapor com o coeficiente de difusão de cloretos (MEHTA et al., 1992) parecem estar de acordo com os resultados obtidos nesse ensaio. Esses ensaios correlacionam o sentido do vapor da água com o coeficiente de difusão, mostrando que quando o vapor se desloca no mesmo sentido dos íons cloretos o coeficiente de difusão é bem maior que no caso contrário. Nota-se na Fig. 2.6 que quando o vapor se desloca no mesmo sentido dos cloretos as primeiras camadas por onde esses íons penetram possuem um teor de umidade maior que quando o vapor é em sentido contrário. FIGURA 2.6 - Ensaio correlacionando o sentido do vapor da água com o coeficiente de difusão (MEHTA et al., 1992) HEDENBLAD (1995) demonstrou teoricamente a influência do teor de umidade na difusão de cloretos, mostrando uma maior influência do grau de hidratação do cimento do que do GS. Provavelmente o grau de hidratação foi um pouco maior nos grupos com maior GS e mesmo assim esses apresentaram coeficientes de difusão bem maiores, mostrando uma grande influência do GS. HEDENBLAD (1995) já alertava que além do GS a precipitação de alguns elementos nos poros da pasta de cimento poderiam diminuir o coeficiente de difusão dos cloretos. MARTYS (1999) simulou com programa computacional a difusão de íons em poros médios (rede interligada) cheios com dois fluídos, sendo um predominantemente molhável, como por exemplo a água e o ar. Correlacionando os GS's da rede de poros interligada simulada, com os GS's da pasta de cimento endurecida, considerando o volume total de poros, os resultados obtidos por MARTYS (1999) apresentam uma maior influência do GS que os resultados dessa pesquisa. No entanto, na pasta de cimento, temos a influência dos poros menores que o diâmetro 1 2 3 4 5 6 Cl- (% / cim) x: distância da superfície do concreto (cm) A B 3 2 1 Cl- - teor na mistura U.R. ~ 100% U.R. ~ 65% x concreto (ø 10, d=3 cm) A B U.R. ~ 65% x Recipiente selado U.R. ~ 100% NaCl pulverizado 13 crítico na difusão de íons. Essa influência é relativamente pequena quando a pasta de cimento está saturada. No entanto, quando há pouca umidade na rede interligada, a influência dos poros pequenos deve ser considerável. Como exemplo pode-se considerar o GS de 90 % que equivale a de poros interligada estar com aproximadamente 33% de água do volume total de vazios (5% de água em 15 % de volume de vazios). Para este valor MARTYS (1999) obteve uma relação entre o coeficiente de difusão da pasta não saturada e a pasta saturada (Def/Dmáx) de 0,15 (Fig. 2.7), enquanto que no ensaio de influência do GS na pasta endurecida obteve-se 0,32 (Fig. 2.1). FIGURA 2.7 - Relação entre coeficiente de difusão da pasta não saturada e da pasta saturada - Def/Dmáx (MARTYS, 1999) CLIMENT et al. (2002) obtiveram coeficientes de difusão estimados de 3,84x10-12 m2/s (a/c = 0,5) e 2,68 x10-12 m2/s (a/c = 0,5) para GS de 68,6% e 56,7%, respectivamente. Portanto há uma redução do coeficiente de difusão de 30% quando o GS varia de 68.6% para 56.7%. Como a contaminação foi feita com gás de PVC, esse método deve favorecer uma penetração inicial de cloretos maior quanto menor o GS, sendo que esse efeito não é considerado nesse modelo. Para um intervalo próximo (GS variando de 73,2% para 53,7%) GUIMARÃES e HELENE (2001) obtiveram uma redução no coeficiente de difusão em argamassa de 80%, um valor maior que a variação obtida por CLIMENT et al. (2002). Os mesmos pesquisadores obtiveram uma estimativa de coeficiente de difusão de 6,05x10-12 m2/s (a/c = 0,6) e 0,071x10-12 m2/s (a/c = 0,6) para um GS de 79,4% e 39,9%. Portanto obtiveram coeficiente de difusão muito baixo para GS próximo a 40%, que é a mesma tendência do modelo de GUIMARÃES e HELENE (2001). 1,00 D ef/D máx 0,75 0,50 0,25 0,00 0 25 5075 100 GS (%) 14 NIELSEN e GEIKER (2003) obtiveram coeficientes de difusão estimados de 12,9x10-12 m2/s , 3,8x10-12 m2/s e 2,7 x10-12 m2/s para GS de 100 %, 59,4% e 53,8%, respectivamente. Como a contaminação dos corpos de prova não saturados foi obtida por imersão destes em uma solução de 26 % da massa por 2 horas seguida por secagem com secador de cabelo, esse método também deveria favorecer uma penetração inicial de cloretos maior quanto menor o GS, sendo que os pesquisadores relatam que em ensaios preliminares esse efeito não foi significativo. Portanto obtiveram uma redução do coeficiente de difusão de 79% para uma variação do GS de 100% para 53,8%. Para um intervalo próximo (GS variando de 100% para 53,7%) GUIMARÃES e HELENE (2001) obtiveram uma redução do coeficiente de difusão de 93%, redução maior a obtida por NIELSEN e GEIKER (2003). Todos os modelos citados acima mostram uma grande influência do GS sobre a difusão de íons cloreto. 2.2. Variação do Grau de Saturação para Diferentes Micro-Ambientes e Tipos de Concreto A seguir é descrito o método desenvolvido por GUIMARÃES (2000) após alguns experimentos: 1. Material para ensaio: são extraídos testemunhos com diâmetro de 100 mm da superfície de concreto da qual deseja-se obter o grau de saturação. Esses testemunhos são fatiados com espessura aproximadamente igual ao cobrimento das barras de aço, permitindo obter-se valores médios do grau de saturação dessa camada. Deve-se retirar a camada mais externa do concreto, ou seja, eliminando os primeiros centímetros a partir da face mais externa (aproximadamente a espessura equivalente ao Dmáx do agregado); 2. Os testemunhos são ensaiados para obter-se a massa seca de cada testemunho e a absorção máxima em relação à massa seca desses testemunhos, conforme ASTM C 642 (1990); 3. Os testemunhos são revestidos com silicone em todos os lados com exceção de um dos topos, com a finalidade de simular uma superfície da estrutura de concreto por onde penetra a água do meio ambiente. Antes e depois de revestir os testemunhos com silicone, esses devem 15 ser pesados, obtendo-se a massa de silicone que reveste cada testemunho. A pesagem após a aplicação do silicone deve ser realizada no máximo uma hora após essa aplicação; 4. Os testemunhos são localizados junto à superfície da estrutura de concreto, devendo ficar a superfície não revestida com silicone com a mesma orientação geográfica dessa superfície, ficando os testemunhos e a superfície da estrutura de concreto sujeitos as mesmas condições de secagem e molhagem. Caso os testemunhos não possam ser instalados junto a superfície que se está pesquisando, pode-se localizar em lugar próximo com as condições de exposição aproximadamente semelhantes. Deve-se localizar os testemunhos de forma que esses não fiquem com água acumulada em sua base; 5. No mínimo dois testemunhos devem ser instalados junto a uma superfície de concreto sendo um com um teor de umidade bastante baixo e outro bastante alto. Assim, quando os dois testemunhos apresentarem ao longo das medições um valor de grau de saturação aproximadamente igual, considera-se que os testemunhos estão em equilíbrio com o ambiente. Somente após esse equilíbrio são consideradas as medições de GS; 6. Antes da pesagem os testemunhos devem ser secos nas superfícies revestidas com silicone e retirado o excesso de água na superfície exposta, obtendo a massa apenas com a umidade absorvida pelo testemunho. Quando não for possível pesar próximo ao local de exposição dos testemunhos, esses devem ser colocados em sacos plásticos, evitando o máximo possível a perda de umidade dos testemunhos durante o transporte; 7. Para cada medição calcula-se o valor do grau de saturação médio para a espessura do testemunho, sendo o GS de cada testemunho obtido através da seguinte equação: GS = (Ab / Abmax) . 100 , sendo (2.1) GS – Grau de Saturação (%); Abmáx – Absorção máxima, conforme ASTM C 642 (1990) (%) Ab – Absorção de água em relação à massa seca do testemunho (%), onde Ab = (MT - MSilicone - MSeca) / MSeca) . 100 , sendo (2.2) MT – massa total obtida na pesagem do testemunho (g); MSilicone – massa do silicone de revestimento (g); MSeca – massa seca do testemunho (g), conforme ASTM C 642 (1990). 16 8. Para cada superfície medida é calculado o valor médio de no mínimo dois testemunhos. As medições devem ser programadas de forma que permita obter uma média, para o período de medição, dos valores calculados. Os testemunhos devem ser pesados sempre no mesmo horário e em datas pré-determinadas, mesmo em dias de chuva. Através de resultados obtidos em estudos de casos, GUIMARÃES e HELENE (2001) concluíram que o GS varia com as condições do ambiente e com o traço e tipo de material utilizados no concreto. CLIMENT et al. (2002) mostram que existe correlação entre as medidas de resistividade do concreto, umidade relativa do concreto e GS do concreto. Essa correlação pode ser estudada no sentido de desenvolver metodologia que facilite a obtenção do GS em estruturas de concreto em serviço. 3. MODELO DE PREVISÃO DE VIDA ÚTIL PARA CONCRETO EM ZONA DE MOLHAGEM E SECAGEM 3.1. Perfil Teórico na Idade do Perfil Medido Estruturas de concreto em ambiente marítimo, especialmente onde há molhagem e secagem ou estruturas em zonas em que usa-se sal de degelo é normal obter-se perfil de cloretos formando picos, ou seja, o teor de cloretos aumenta para o interior do concreto e depois diminui. Alguns pesquisadores (NILSSON et al., 2000; ANDRADE et al., 2000) mostram como obter modelos até a idade de inspeção da obra. Conforme NILSSON et al. (2000) e ANDRADE et al. (2000), o comportamento da penetração de cloretos após a formação do pico, continua com um comportamento similar a solução da segunda lei de Fick, considerando o valor do teor de cloretos no pico constante. O problema é definir o tempo a ser considerado na equação. Para contornar esse problema, por regressão, calcula -se um valor de Cs teórico para o perfil e considera-se o tempo da idade da estrutura até a medição desse perfil (Fig. 3.1). FIGURA 3.1 – Perfil teórico quando o perfil real apresenta pico (NILSSON et al., 2000) Para permitir a previsão do comportamento em idades mais avançadas mantendo o teor no pico constante e seguindo as leis de Fick, GUIMARÃES e HELENE (2004) adaptaram o modelo apresentado por CRANK (1975) e demonstraram sua aplicabilidade em um caso real. A seguir é apresentado o modelo adaptado por GUIMARÃES e HELENE (2004). xpico CS Cpico 0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 0 10 20 30 Profundidade - mm C l/C aO - % 18 3.2. Modelo para Previsão de Vida Útil Residual NILSSON et al. (2000) e ANDRADE et al. (2000) sugerem que para concreto com considerável tempo de ataque a cloretos, a concentração no pico de teor de cloretos deve ser constante e o ponto zero do eixo do x deve ser transferido para a profundidade onde forma-se o pico de teor de cloretos (Fig. 3.2). A forma de um pico sugere um efeito equivalente a difusão em um sentido, a partir desse pico, com perda de parte do material que sofre difusão na direção oposta. FIGURA 3.2 – Correta e errônea extrapolação dos teores do perfil de cloretos (ANDRADE et al., 2000) CRANK (1975) apresenta a seguinte equação para essa condição de difusão: , x’ = 0 (3.1) onde:CSeq = teor equivalente de cloretos na superfície externa do concreto; CP = teor de cloretos no pico; = constante de proporcionalidade. Conforme CRANK (1975), a solução para a eq. 3.1 é : (3.2) 0 0 CS Extrapolação errada CS Alterando a referência x x’ 19 onde: CcCl = teor de cloretos na posição x’; CO = teor inicial de cloretos na posição x’; x’ = distância entre o pico e a posição do teor CcCl, ou seja, considerando x’= 0 no pico; h = / D; t = tempo considerando t = zero aquele instante em que o concreto começa a sofrer o ataque de cloretos. erfc (z) = 1 – erf (z). Nota-se na eq. 3.2 que, tendo-se a curva teórica, o único valor desconhecido na equação é o valor de h. Conforme demonstra CRANK (1975) é possível obter-se curvas de (CcCl – CO) / (CSeq – CO) em relação a (x’ / 2(D.t)1/2), visto que para cada relação CP/ CSeq (considerando CO igual a zero) tem-se um valor característico de h(D.t)1/2 para a curva (Fig. 3.3). FIGURA 3.3 – Curvas de relação entre (CcCl – CO) / CSeq – CO) e (x’ / 2(D.t)1/2) (CRANK, 1975) 0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1 0 0,4 0,8 1,2 1,6 2 x’ / (D.t) 1/2 oo 4 2 1 1/2 1/4 h(D.t)1/2 (C c C l – C O ) / (C Se q – C O ) 4. EXPERIMENTO 4.1. Métodos 4.1.1. Influência do grau de saturação na difusão dos íons cloreto É seguido o método desenvolvido por GUIMARÃES e HELENE (2001), conforme descrito a seguir: - Moldagem de 50 CP’s cilíndricos de 30 mm x 50 mm para cada traço de concreto, com argamassa peneirada; - Após 24 horas são desmoldados e colocados em cura úmida por 28 dias; - Após ficam em ambiente de laboratório; - Aos 180 dias são realizados ensaios de massa específica seca e absorção por imersão após fervura em seis corpos de prova de cada traço. Aos 203 dias são formados aleatoriamente 4 grupos de 8 corpos de prova e são estabilizados aproximadamente com GS de 55%, 75%, 90% e 100%, para cada traço. GS ao redor de 55% , 75% e 90% foram obtidos secando em estufa a 50oC ou molhando os corpos de prova com água destilada até a obtenção de massa de água necessária para cada GS, conforme a equação: - GS = (((MGS – Mseca) / Mseca ) .100 / A) . 100 onde (4.1) - GS – grau de saturação em %; - MGS – massa do corpo de prova para o GS previsto em g ; - Mseca – massa do corpo de prova seco em g; - A – absorção por imersão após fervura em %, conforme ASTM C 642 (1990); - Cada grupo de corpos de prova não saturados são vedados com três sacos plásticos com retirada máxima de ar com leve sucção e os corpos de prova saturados são colocados parcialmente submerso em vidro vedado até a altura onde o fatiamento dos corpos de prova não é atingida; - Após 42 dias (idade de 245 dias), em média, são retirados da vedação e contaminados com NaCl moído até passar totalmente na peneira número 100 (face inferior em relação a moldagem após virar o corpo de prova). Para o cloreto não ser retirado 21 dessa superfície coloca-se uma proteção com esparadrapo a prova de água com um visor formado por película translúcida para observação do comportamento da contaminação durante o ensaio, nos grupos não saturados. Esses corpos de prova foram novamente vedados com três sacos plásticos. Nos grupos saturados são formados uma proteção com tubo plástico, para a umidade que possa acumular no topo dos corpos de prova não escorra pela parede lateral e são colocados parcialmente submersos; - Após aproximadamente sete dias de contaminação, são retiradas as proteções da contaminação e retirado o cloreto restante da superfície dos corpos de prova dos grupos saturados. Logo após, para retirar totalmente os cloretos precipitados, passa-se ar comprimido nessa superfície. A seguir os corpos de prova são fatiados obtendo-se o perfil de íons cloretos solúveis em ácido seguindo as recomendações da ASTM C 1152 (1990); - Os corpos de prova com GS de aproximadamente 90% e 75% são fatiados após aproximadamente 16 e 26 dias da contaminação respectivamente e os com aproximadamente 50% são fatiados após 62 dias. Em estudos anteriores, foi observado que o valor obtido por regressão, para o teor na superfície dos corpos de prova (Cs), para pequenas idades em relação ao tempo total do ensaio, era próximo ao valor obtido no ensaio com mais duração. Também se observou que as massas de cloreto de sódio, depositada nos topos dos corpos de prova para todos os GS, permaneciam, ao final do ensaio, parcialmente precipitados, sem esgotamento da fonte de contaminação. Sendo assim, o teor de cloreto na superfície do corpo de prova é considerado constante durante todo o ensaio. Como a argamassa peneirada é proveniente de concreto utilizando água potável, foram selecionados aleatoriamente dois corpos de prova de cada traço para se obter o teor inicial de cloreto solúvel em ácido, conforme ASTM 1152 (1990). Os resultados são analisados obtendo-se a influência do GS sobre a difusão de íons cloretos em concreto variando a consistência e a relação a/c. Também é considerado o volume de poros interligados de cada argamassa peneirada e considerada sua influência sobre a variação do coeficiente de difusão em função da variação do GS. 22 4.1.2. Variação do GS para diferentes micro -ambientes e tipos de concreto Será seguido o método desenvolvido por GUIMARÃES e HELENE (2001), conforme descrito no item 2.2. Para obter-se os testemunhos para medir a variação do GS foram moldados blocos de concreto de 150 mm x 150 mm x 300 mm para cada traço de concreto. Destes blocos são extraídos testemunhos com aproximadamente 100 mm de diâmetro e 40 mm de espessura. Esses testemunhos são ensaiados para obter-se a massa seca, massa específica seca, índice de vazios e absorção máxima, conforme ASTM 642 (1990). Após caracterização dos testemunhos esses são impermeabilizados com silicone em todos os lados com exceção de um topo. Para medir o GS as seguintes variáveis são consideradas: - Variação do GS em função do tipo de concreto: para cada traço são preparados dois testemunhos de 100 mm de diâmetro e 40 mm de espessura de cada traço, obtidos das partes centrais dos blocos, denominados VC1, VC2, VC3, VC4 e VC5 (Fig.4.1). Todos são colocados em exposição com a face sem silicone orientada para o sul e na vertical (10 testemunhos), em local sujeito a intempérie; - Variação do tipo de superfície exposta: na mesma posição dos testemunhos anteriores são colocados em exposição testemunhos de 100 mm de diâmetro e 40 mm de espessura com um dos topos mantendo a superfície externa sem silicone orientada para o sul, denominados VT1, VF1, HL1 e HC1 (Fig. 4.1) (dois testemunhos por tipo de superfície com um total de oito testemunhos) que são analisados junto com os dois testemunhos VC1 do grupo anterior; - Variação da posição da superfície exposta: 12 testemunhos VC1 de 100 mm de diâmetro e 40 mm de espessura com a superfície sem silicone com as seguintes orientações: dois para cima (testemunhos na horizontal, simulando laje de cobertura), dois para baixo (testemunhos na horizontal, simulando face inferior de laje protegida de chuva), dois para o norte (testemunho na vertical), dois para leste (testemunho na vertical), dois para oeste (testemunho na vertical) e dois na posição vertical no interior do laboratório. Esses testemunhos são analisados com os dois testemunhos VC1 do primeiro grupo;23 FIGURA 4.1 – Posição de extração dos testemunhos As medições foram diárias por um ano. Foram moldados 50 corpos de prova com argamassa peneirada de concreto, com 30 mm de diâmetro e 50 mm de comprimento, para cada um dos cinco traços, totalizando 250 corpos de prova. Utiliza-se para tal peneira com malha de 9,5 mm. Desses corpos de prova foram extraídos do seu interior testemunhos de aproximadamente 10 mm x 10 mm x 20 mm para ensaios de porosimetria por mercúrio. São realizados dois ensaios por traço (10 testemunhos). Esse ensaio tem a finalidade de avaliar os diferentes comportamentos dos testemunhos de concreto preparados para medir a variação diária do GS. Também foram moldados cinco corpos de prova de 150 mm de diâmetro e 300 mm de comprimento, para cada traço, para obter a resistência à compressão aos 28 dias e aos 60 dias. Analisa-se ainda a variação do GS por traço em relação à distribuição de poros da argamassa peneirada desses mesmos traços. 4.1.3. Modelo de previsão de vida útil para concreto em zona de molhagem e secagem É desenvolvida tabela que facilita a utilização do modelo apresentado por CRANK (1975) e adaptado por GUIMARÃES e HELENE (2004) para perfil de cloretos formando picos, ou seja, o teor de cloretos aumenta para o interior do concreto e depois diminui. 24 4.1.4. Estudos de casos Com os conhecimentos adquiridos no estudo da influência do GS na difusão de cloretos em diversos tipos de concreto e aplicando o método para medir o GS em estruturas de concreto, desenvolvido por GUIMARÃES (2000), são realizados estudos de caso, verificando os modelos obtidos nessa pesquisa. Também será apresentado estudo de caso em zona de molhagem e secagem com perfil de cloreto formando pico no interior do concreto, demonstrando a aplicabilidade da tabela desenvolvida nessa pesquisa para previsão de vida útil e para esse tipo de ataque. 4.2. Materiais e Aplicação dos Métodos 4.2.1. Materiais A seguir são caracterizados os materiais utilizados nessa pesquisa. Cimento – Tipo CP IV 32 da Votorantin Agregado miúdo – areia quartzosa com granulometria conforme Tabela 4.1. TABELA 4.1 – Granulometria do agregado miúdo Peneiras PESO % % NBR 7211 Número Abertura (g) Retido Acumulado Ótima Utilizável (mm) 3/8" 9,5 0,00 0,00 4 4,8 1,90 0,19 0,19 3 - 5. 0 - 3 8 2,4 34,50 3,45 3,64 29 - 43 13 - 29 16 1,2 166,70 16,67 20,31 49 - 64 23 - 49 30 0,6 360,20 36,02 56,33 68 - 83 42 - 68 50 0,3 353,00 35,30 91,63 83 - 94 73 - 83 100 0,15 73,30 7,33 98,96 93 - 98 88 - 93 200 0,075 8,90 0,89 99,85 < 3% < 5% Resíduo 1,50 0,15 100,00 - - Soma 1000 100 271,06 Módulo de finura 2,71 25 Agregado graúdo - brita granítica com granulometria conforme Tabela 4.2. TABELA 4.2 – Granulometria do agregado graúdo PENEIRAS MATERIAL PERCENTAGEM EM PESO (abertura) retido retido retido em mm em acumulado 76,00 0 0,00 0,00 50,00 0 0,00 0,00 38,00 0 0,00 0,00 25,00 0 0,00 0,00 19,00 1064,4 10,64 10,64 9,50 7695,2 76,95 87,60 4,80 1045,1 10,45 98,05 2,40 0 0,00 98,05 1,20 0 0,00 98,05 0,60 0 0,00 98,05 0,30 0 0,00 98,05 0,15 0 0,00 98,05 resíduo 195,3 1,95 TOTAIS 10000 100,00 686,52 PESO ESPECÍFICO APARENTE (Kg/l) = 1,25 PESO ESPECÍFICO ABSOLUTO (Kg/l) = 2,62 DIÂMETRO MÁX = 19mm MÓD. DE FINURA = 6,87 Água – potável Concretos – foram executados cinco traços de concreto: três traços de igual consistência e variando a relação a/c; e três traços de igual relação a/c e variando a consistência, sendo um dos traços comum as duas famílias de concreto. Todos os traços possuem teor de argamassa seca de 52%. Na Tabela 4.3 são mostrados os traços dos concretos, seus abatimentos de tronco cônico e massa específica do concreto fresco. Na Tabela 4.4 são apresentadas suas resistências à compressão aos 28 dias e 60 dias. 26 TABELA 4.3 – Traços, abatimento de tronco cônico e massa específica do concreto fresco Concreto Traço (c : a : b : a/c) Abatimento (cm) Massa esp. Fresca (kg/m3) Consumo de cimento (kg/m3) Traço 1 (1:5:0,54) 1 : 2,12 : 2,88 :0,54 11 2350 359 Traço 2 (1:4:0,45) 1 : 1,60 : 2,40 : 0,45 11 2285 419 Traço 3 (1:6:0,63) 1 : 2,64 : 3,36 : 0,63 11 2325 304 Traço 4 (1:4:0,54) 1 : 1,60 : 2,40 : 0,54 22 2275 411 Traço 5 (1:6:0,54) 1 : 2,64 : 3,36 : 0,54 1,2 2325 308 TABELA 4.4 – Resistência a compressão (MPa) Traço Resistência 28 dias Resistência média 28 d Resistência 60 dias 29,37 1 29,90 29,63 35,88 32,30 2 33,40 32,85 38,48 27,80 3 27,80 27,80 30,33 28,60 4 31,50 30,05 36,56 33,70 5 36,00* 33,70 39,16 * Valor desconsiderado em função dos resultados aos 60 dias As Fig. 4.2/4.3/4.4/4.5/4.6 mostram a fase de moldagem e preparo de corpos de prova e testemunhos. 27 FIGURA – 4.2 – Ensaio de abatimento de tronco cônico FIGURA 4.3 – Corpos de prova de 150 mm de diâmetro x 300mm de comprimento e prismáticos de 150 mm x 150 mm x 300 mm 28 FIGURA 4.4 – Confecção dos corpos de prova de argamassa peneirada de concreto com 30 mm de diâmetro x 50 mm de comprimento FIGURA 4.5 – Corpos de prova para porosimetria com mercúrio extraídos do centro dos corpos de prova de argamassa peneirado de concreto 29 4.2.2. Influência do GS na difusão de cloretos em concretos com diversos traços Os valores obtidos nos ensaios de índice de vazios, absorção e massa específica dos testemunhos de aproximadamente 30 mm de diâmetro e 50 mm de comprimento são mostrados no Anexo A. As Fig. 4.6/4.7/4.8 mostram a etapa de estabilização dos corpos de prova com os graus de saturação previstos. FIGURA 4.6 – Corpos de prova de argamassa peneirada dos cinco traços de concreto estabilizando para graus de saturação de aproximadamente 50%, 75% e 90% FIGURA 4.7 – Corpos de prova de argamassa peneirada dos cinco traços de concreto estabilizando para graus de saturação de 100% 30 FIGURA 4.8 – Esquema da contaminação dos corpos de prova de argamassa peneirada de concreto para GS de 100% 4.2.3. Variação do GS para diferentes micro -ambientes e tipos de concreto Os valores de índice de vazios, absorção e massa específica dos testemunhos de aproximadamente 100 mm de diâmetro e 40 mm de espessura são mostrados no Anexo B. Após revestidos com silicone em todas as faces com exceção de um topo, os testemunhos foram expostos no Campus Cidade da Universidade Federal do Rio Grande-RS, conforme Fig. 4.9. FIGURA 4.9 – Testemunhos para medir a variação sazonal do GS em diversos tipos de concreto 31 4.2.4. Modelo de previsão de vida útil para concreto em zona de molhagem e secagem Para facilitar o cálculo da vida útil residual em concreto que apresenta perfil de cloretos com pico foi desenvolvida a Tabela C.1 (Anexo C), onde apresenta valores de (CcCl – CO) / (CSeq – CO) em relação a (x’ / 2(D.t)1/2) para cada curva com um valor característico de h(D.t)1/2 e relação CP/ CSeq (valor para x/2(D.t)1/2 igual a zero na Tabela C.1). A Tabela C.1 pode ser utilizada da mesma forma que hoje é bastante utilizada a tabela da função erro de Gauss. A primeira coluna da Tabela C.1 é justamente o valor de erfc = 1- erf, ou seja, para valores de h(D.t)1/2 igual a infinito. Sua aplicabilidade é demonstrada em estudo de caso. 4.2.5. Estudo decasos São realizados estudos de caso em três micro-ambientes de um cais marítimo e em uma torre de telecomunicações. Nesses estudos de casos são aplicados os conhecimentos adquiridos nessa pesquisa e estudos de GUIMARÃES (2000), GUIMARÃES e HELENE (2001) e GUIMARÃES e HELENE (2004). Serão utilizados os modelos de difusão de cloretos em função da variação do GS, método de medição do GS e aplicação da Tabela C.1 para perfis de cloretos formando pico. Para o estudo de casos realizados no cais marítimo foram realizadas medições de GS da estrutura, conforme método de GUIMARÃES (2000) (secção 2.1), utilizando testemunhos extraídos da própria estrutura, em três micro-ambientes pesquisados e nas quatro estações do ano (Figs 4.10 / 4.11 / 4.12 / 4.13). Devido a grande movimentação de embarcações que utilizam equipamentos pesados houve por diversas vezes perda de testemunhos e danificação de equipamentos. Por esse motivo um quarto ponto que estava previsto na pesquisa não pode ser analisado e o número de dados obtidos por ponto pesquisado foi menor que o proposto no planejamento da pesquisa. 32 FIGURA 4.10 – Preparo dos testemunhos FIGURA 4.11 – Retirada para pesagem dos testemunhos do paramento do cais do TECON 33 FIGURA 4.12 – Escada construída pra acesso aos testemunhos das estacas prancha FIGURA 4.13 – Testemunhos posicionados a) no paramento do cais; b) nas estacas prancha a b 5. RESULTADOS E ANÁLISES Influência do GS na difusão de cloretos em concretos com diversos traços Os resultados dos ensaios realizados com cada grupo de corpo de prova e a análise desses dados serão apresentados a seguir. GS médio dos corpos de prova No Anexo D são apresentados os valores medidos das massas dos grupos de corpos de prova e os valores médios calculados dos de GS. Perfis de teor médio de cloretos de cada grupo de corpo de prova Nas Figs 5.1, 5.2, 5.3, 5.4 e 5.5 são apresentados os perfis medidos e os perfis teóricos obtidos por regressão. Os valores de cada teor são apresentados na Tabela E.1 e na Tabela E.2 são mostrados os valores característicos das curvas de regressão (Anexo E). Os tempos de penetração dos cloretos são aproximadamente 62 dias, 26 dias, 16 dias e 7 dias para os grupos de GS de aproximadamente 50%, 75%, 85% e 100% respectivamente. FIGURA 5.1 – Perfis medidos e perfis teóricos dos grupos de GS do Traço 1 Curva Medida Curva Teórica Traço 1 - 50,25 % 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 0 5 10 15 Profundidade - mm % C l / a rg . Traço 1 - 73,49 % 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 0 5 10 15 Profundidade - mm % C l / a rg . Traço 1 - 84,57 % 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 0 5 10 15 Profundidade - mm % C l / a rg . Traço 1 - 100 % 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 0 5 10 15 Profundidade - mm % C l / a rg . 35 FIGURA 5.2 – Perfis medidos e perfis teóricos dos grupos de GS do Traço 2 FIGURA 5.3 – Perfis medidos e perfis teóricos dos grupos de GS do Traço 3 Traço 3 - 47,87 % 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 0 5 10 15 Profundidade - mm % C l / a rg . Traço 3 - 70,67 % 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 0 5 10 15 Profundidade - mm % C l / a rg . Traço 3 - 81,12 % 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 0 5 10 15 Profundidade - mm % C l / a rg . Traço 3 - 100% 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 0 5 10 15 Profundidade - mm % C l / a rg . Curva Medida Curva Teórica Traço 2 - 49,00 % 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 0 5 10 15 Profundidade - mm % C l / a rg . Traço 2 - 71,88 % 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 0 5 10 15 Profundidade - mm % C l / a rg . Traço 2 - 84,95 % 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 0 5 10 15 Profundidade - mm % C l / a rg . Curva Medida Curva Teórica Traço 2 - 100 % 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 0 5 10 15 Profundidade - mm % C l / a rg 36 FIGURA 5.4 – Perfis medidos e perfis teóricos dos grupos de GS do Traço 4 FIGURA 5.5 – Perfis medidos e perfis teóricos dos grupos de GS do Traço 5 Traço 4 - 48,16 % 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 0 5 10 15 Profundidade - mm % C l / a rg . Traço 4 - 100 % 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 0 5 10 15 Profundidade - mm % C l / a rg . Traço 4 - 48,16 % 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 0 5 10 15 Profundidade - mm % C l / a rg . Traço 4 - 71,25 % 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 0 5 10 15 Profundidade - mm % C l / a rg . Traço 4 - 85,05 % 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 0 5 10 15 Profundidade - mm % C l / a rg . Curva Medida Curva Teórica Traço 5 - 50,57 % 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 0 5 10 15 Profundidade - mm % C l / a rg . Traço 5 - 70,64 % 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 0 5 10 15 Profundidade - mm % C l / a rg . Traço 5 - 81,34 % 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 0 5 10 15 Profundidade - mm % C l / a rg . Curva Medida Curva Teórica Traço 5 -100 % 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 0 5 10 15 Profundidade - mm % C l / a rg . 37 Ensaio de porosimetria por intrusão de mercúrio Na Tabela 5.1 são apresentados os resultados finais dos ensaios de porosimetria por intrusão de mercúrio., sendo que no Anexo F são apresentados os valores e gráficos de cada ensaio. TABELA 5.1 – Diâmetro crítico e % de volume de poros interligados da argamassa peneirada do concreto em relação ao volume total de poros Traços Traço 1 Traço 2 Traço 3 Traço 4 Traço 5 poros inter- ligados - % / 8,25 6,00 12,33 12,46 17,20 Dcrítico nm 105,60 109,89 110,49 110,75 113,14 Todos os traços apresentaram percentuais de diâmetro crítico muito próximos. Quanto ao volume de poros interligados em relação ao volume total de poros, nos concretos de mesma consistência apresentaram menores para menores relações a/c. Foram realizados exames visuais nos corpos de prova de concreto peneirado com o objetivo de observar se há coerência nos ensaios de porosimetria por intrusão de mercúrio. As Fig. 5.6 / 5.7 / 5.8 / 5.9 e 5.10 mostram as superfícies após o corte dos corpos de prova de concreto peneirado. Na inspeção visual, o concreto do traço 2 (Fig. 5.7), com menor percentual de poros interligados, apresentou uma superfície com menor quantidade de poros visíveis a olho nú, enquanto que os concretos dos traços 1 e 3 (Fig. 5.6 e Fig. 5.8) apresentaram quantidades aproximadas de poros, embora no ensaio de porosimetria o traço 3 apresentou um percentual de poros interligados bem maior. 38 FIGURA 5.6 - Traço 1 - superfícies de corte dos corpos de prova de concreto peneirado FIGURA 5.7 - Traço 2 - superfícies de corte dos corpos de prova de concreto peneirado FIGURA 5.8 - Traço 3 - superfícies de corte dos corpos de prova de concreto peneirado 2 ,2X 2,2X 2,2X 2,2X 39 FIGURA 5.9 - Traço 4 - superfícies de corte dos corpos de prova de concreto peneira FIGURA 5.10 - Traço 5 - superfícies de corte dos corpos de prova de concreto peneira O concreto do traço 5, com baixo valor de abatimento de tronco cônico, apresentou o maior percentual de poros interligados, possivelmente devido ao método de adensamento ser inadequado para aconsistência desse concreto. Na fig. 5.10 pode-se observar que há formação de poros maiores e não arredondados, comprovando um adensamento ineficiente. O concreto do traço 4 apresenta poucos poros no exame visual (Fig. 5.9), embora apresente um percentual de volume de poros interligados alto (Tabela 5.1). Análise dos resultados A Fig. 5.11 apresenta gráfico de variação do coeficiente de difusão em função da variação do GS para concretos de mesma consistência e diferentes relações a/c. A Fig. 5.12 mostra os resultados para concretos de mesma relação a/c e diferentes consistências. 2,2X 2,2X 2,2X 2,2X 40 FIGURA 5.11 – Coeficiente de difusão em função do GS e da relação a/c FIGURA 5.12 – Coeficiente de difusão em função do GS e da consistência do concreto Conforme GUIMARÃES (2000) é provável que quando os poros interligados apresentarem apenas água adsorvida e vapor, haja uma variação significativa no valor da variação do coeficiente de difusão em função da variação do GS. Portanto os valores das Figs. 5.11 e 5.12 foram corrigidos em função do volume de poros interligados, conforme linhas tracejadas. 0 0,000001 0,000002 0,000003 0,000004 0,000005 0,000006 0,000007 0,000008 40 50 60 70 80 90 100 GS - % D - m m 2 / s Traço1 Traço 2 Traço 3 0 0,000001 0,000002 0,000003 0,000004 0,000005 0,000006 0,000007 0,000008 40 50 60 70 80 90 100 GS - % D - m m 2 / s Traço1 Traço 4 Traço 5 41 Na Fig. 5.11 observa-se que apenas o valor do Traço 1, para GS de 100%, não obteve um valor coerente, pois todos os outros pontos das retas dos concretos com maior relação a/c apresentaram valores maiores de coeficientes de difusão, como era esperado. Isso pode ter ocorrido por falha na vedação do tubo plástico que continha o cloreto de sódio no topo em alguns dos corpos de prova. As retas dos traços 2 e 3 entre os pontos de GS igual a 100% e ao percentual de volume de poros interligados são praticamente paralelas. Isso pode ser explicado pela curva de distribuição dos poros praticamente paralelas para a rede de poros interligada de pasta de cimento com diversas relações a/c (Fig. 2.5) (MEHTA e MANMOHAN, 1980). Como os concretos dos traços 2 e 3 são de mesma consistência e teor de agregados, o que deve variar pouco para a argamassa peneirada desses concretos, a influência das zonas de transição e a tortuosidade devem ser a mesma para esses traços, mantendo a distribuição paralela dos poros interligados. Esse comportamento está de acordo com o ensaio de variação do GS para diversos concretos, quando o comportamento do GS foi muito parecido para concretos de mesma consistência e de relações a/c diferentes (Fig. 5.15, item 5.2.1). Portanto o valor do coeficiente de difusão do traço 1, para GS de 100%, foi corrigido em função do declive médio das curvas dos traços 2 e 3, entre os valores de GS de 100% e o GS correspondente ao volume de poros interligados. Esse efeito não se observa na Fig. 5.12, provavelmente porque mantém a relação a/c mas varia a consistência do concreto, produzindo diferentes tipos de porosidade conforme a trabalhabilidade de cada argamassa peneirado desses concretos. Também para concretos de mesma relação a/c e diferentes consistências o comportamento da variação do GS apresenta diferenças significativas (Fig. 5.15, item 5.2.1). Os concretos com volumes de poros interligados menores não apresentaram patamar na variação do coeficiente de difusão em relação a variação do GS. O traço 3, valor mais alto de relação a/c e o traço 5, que apresentou dificuldades para o adensamento através do método utilizado nessa pesquisa, sendo os traços que apresentaram maiores volumes de poros interligados, são o únicos que apresentaram patamar. Nas pesquisas anteriores foi observado patamar para argamassa com relação a/c de 0,45 e pasta com relação a/c de 0,5. Esses valores são altos em relação a traços de concreto, pois parte da água destes são consumidas na molhagem dos agregados. Na Fig. 5.12 observa-se que provavelmente devido o adensamento manual, o que deve ter provocado menos exsudação, o concreto mais fluído (traço 4) apresentou em geral melhor 42 desempenho, próximo ao desempenho do concreto de consistência intermediária (traço 1). Esse comportamento está de acordo com o exame visual da Fig. 5.9, embora no ensaio de porosimetria por intrusão de mercúrio o percentual de volume de poros interligados tenha sido um dos mais altos (Tabela 5.1). O concreto com menor trabalhabilidade (traço 5) apresentou o pior desempenho devido ao alto volume de poros interligados, explicado pela dificuldade de adensamento manual, mesmo obtendo resistência a compressão maior que o traço 1, mas com um consumo de cimento bem menor (Tabela 4.3). Este fato parece vir de encontro à citação de LARANJEIRAS (2002), que concretos executados com cimentos de melhor qualidade que aqueles fabricados a alguns anos atrás, atingem uma resistência à compressão com relação a/c maior, quando comparados com concretos executados com esses últimos. Portanto, os concretos atuais tendem a utilizar menos cimento para atingir determinada resistência característica, mas que isso gera concretos menos duráveis. Com base nos valores das Figs. 5.11 e 5.12 são apresentados modelos para variação do coeficiente de difusão em relação a variação do GS, relação a/c e consistência do concreto, para os tipos de concretos pesquisados (Figs. 5.13/5.14). FIGURA 5.13 – Variação do coeficiente de difusão em função da variação do GS e da relação a/c. Argamassa peneirada de concreto com abatimento de tronco de cone de 110 mm, cimento pozolânico e adensamento manual 50,25; 0,06 73,5; 0,16 91,75; 0,31 49; 0,06 71,88; 0,17 94; 0,48 47,87; 0,09 70,67; 0,33 87,67; 0,38 0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1 40 50 60 70 80 90 100 GS - % D /D m áx Traço 1 - a/c = 0,54 Traço 2 - a/c = 0,45 Traço 3 - a/c = 0,63 43 FIGURA 5.14 – Variação do coeficiente de difusão em função da variação do GS e do abatimento de troco de cone. Argamassa peneirada de concreto com relação a/c de 0,54, cimento pozolânico e adensamento manual Todos os modelos mostram uma tendência de não haver mais difusão de cloretos para GS de saturação ao redor de 40%. 5.2. Variação do GS para diferentes micro -ambientes e tipos de concreto No Anexo G são apresentados os valores médios, máximos, mínimos e desvio padrão por estação do ano do GS dos testemunhos em função do traço do concreto, posição da superfície de ataque em relação à superfície de concretagem e posição da superfície de ataque em relação à superfície da estrutura. 50,25; 0,06 73,5; 0,16 91,75; 0,31 48,16; 0,05 71,25; 0,18 87,54; 0,3270,64; 0,35 82,8; 0,49 50,57; 0,06 0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1 40 50 60 70 80 90 100 GS - % D / D m áx Traço 1 - abat.= 110 mm Traço 4 - abat. = 220 mm Traço5 - abat.= 12 mm 44 5.2.1. Análise da variação do GS Na Fig. 5.15 são comparados os comportamentos dos testemunhos VC posicionados na vertical, com a face exposta voltada para o sul. FIGURA 5.15 – Variação do GS médio por estação do ano em função da relação a/c e da consistência do concreto - testemunhos VC posicionados verticalmente com a face exposta orientada ao sul Os testemunhos de mesma consistência (abatimento de 110mm) e de diferentes relação a/c apresentaram um comportamento muito parecido. A diferençamaior entre os GS’s médios, por estação, foi observada no verão, sendo que entre o valor mais alto, do traço 2, e do valor mais baixo, do traço 3, a diferença foi inferior a 4%. Abat. = 110 mm 50 52 54 56 58 60 62 64 66 68 70 Verão Outono Inverno Primavera G S m éd io - % Traço 1 - a/c = 0,54 Traço 2 - a/c = 0,45 Traço 3 - a/c = 0,63 a/c = 0,54 50 52 54 56 58 60 62 64 66 68 70 72 Verão Outono Inverno Primavera G S M éd io - % Traço 1- abat.=110mm Traço 4 - abat.=220mm Traço 5 - abat.=12mm 45 Para testemunhos de mesma relação a/c (0,54) os traços com menor percentual de volume de poros interligados em relação ao volume total de poros apresentaram valores maiores de GS em todas as estações do ano. Na Fig. 5.16 é mostrada a variação do GS médio por estação do ano para testemunhos do traço 1 com diferentes superfícies de exposição em relação à superfície de concretagem posicionados verticalmente com a face exposta orientada ao sul. FIGURA 5.16 - Variação do GS médio por estação do ano – traço 1 - testemunhos com diferentes superfícies de exposição em relação à superfície de concretagem posicionados verticalmente com a face exposta orientada ao sul Em geral, os testemunhos VF apresentaram as menores médias de GS por estação e os testemunhos HC e VC, apresentaram em geral maiores médias. GUIMARÃES et al. (1999) realizou ensaios com diversos tipos de superfícies de concreto em relação à superfície de concretagem, referente a ataque de cloretos e por carbonatação. Nessa pesquisa (GUIMARÃES et al., 1999) os testemunhos VT apresentaram um desempenho um pouco melhor que os HL. Esses testemunhos apresentaram melhores desempenhos que os testemunhos VT, VC e HC para ataques por carbonatação e cloretos, sendo que o testemunho HC apresentou um desempenho ligeiramente pior. Com base nesses fatos e com os resultados desta pesquisa, observa-se que os seguintes processos podem ocorrer: - as camadas externas, embora possam ter uma maior porosidade na pasta, possuem uma taxa de agregado graúdo que aumenta da superfície externa para o interior do concreto. Sendo assim as camadas mais próximas a superfície externa possuem menos zonas de transição; 50 55 60 65 70 75 Verão Outono Inverno Primavera G S m éd io - % VC VT VF HL HC 46 - os testemunhos de menor porosidade na camada externa deve absorver água para o interior do testemunho mais lentamente, favorecendo um GS mais baixo. Por outro lado, também devem permitir sua evaporação mais lentamente, favorecendo um GS mais alto. O balanço de massa de água provocado por esses dois fatores é que provoca um GS médio maior ou menor; - no caso dos testemunhos VF, a qualidade da camada externa é tal que a penetração de água é lenta em todas as estações do ano, apresentando um GS médio por estação mais baixo. No caso dos testemunhos HC a penetração de água é muito rápida, embora possa perder água muito rápido também, mas o balanço final mostra um GS médio maior em todas as estações do ano. Os testemunhos VC apresentam um comportamento similar em quase todas as estações; - os testemunhos VT apresentam um comportamento parecido com o dos testemunhos VF e na pesquisa de GUIMARÃES et. al. (1999) essas superfícies apresentam comportamento bastante diferente. Possivelmente isso ocorra devido ao fato que nessa pesquisa o adensamento foi executado com vibrador de imersão e que na pesquisa atual foi manual, o que favorece a redução da exsudação; - os testemunhos HL, que na pesquisa de GUIMARÃES et al. (1999) apresentaram um comportamento intermediário, apresentam um dos menores GS médio no verão, um dos maiores no inverno e primavera e um valor intermediário no outono. Essa variação mostra que no verão, na camada externa, prevalece o efeito de evaporação de água em relação ao da absorção. No inverno e primavera, estações de chuvas mais intensas no sul do Brasil, prevalece o efeito de absorção de água. Na Fig. 5.17 são comparados os resultados dos testemunhos do traço 1 com as superfícies expostas posicionadas em diferentes micro-ambientes. Os testemunhos colocados em ambiente de laboratório foram os que apresentaram menores médias de GS, seguidos pelos testemunhos voltados com a face para baixo, simulando concreto em área aberta protegido da intempérie. Os testemunhos com as faces expostas voltadas para cima apresentaram, em geral, maiores médias de GS. Os testemunhos posicionados com as faces expostas na vertical com diferentes orientações geográficas apresentaram valores médios de GS intermediários e com diferenças menores entre si que os demais testemunhos. 47 FIGURA 5.17 - Variação do GS médio por estação do ano – traço 1 - testemunhos com superfície s expostas em diferentes micro-ambientes 5.2.2. Modelo para RGS – média anual considerando a variação sazonal do GS Para considerar o GS na difusão de cloretos, GUIMARÃES (2000) utiliza o coeficiente de redução do coeficiente de difusão (RGS) sobre o coeficiente de difusão obtido em ensaios de laboratório para corpos de prova saturados. No Anexo G são apresentados os valores do coeficiente de redução do coeficiente de difusão de cloretos RGS, por estação do ano, calculados com os valores médios de GS, através dos modelos das Figs. 5.13/514. Com esses valores foi desenvolvido o nomograma da Fig. 5.18, considerando os materiais, técnicas para execução do concreto e o ambiente a que os testemunhos foram expostos. As superfícies verticais com orientações geográficas diferentes apresentaram em geral valores de RGS bem próximos, sendo, portanto, desconsiderado esse fator no modelo. A resistência à compressão é o valor médio de ruptura. No caso de projeto de estrutura com vida útil superior a 30 anos, pode-se considerar a resistência média de ruptura prevista para 2 anos de idade. 40 45 50 55 60 65 70 Verão Outono Inverno Primavera G S m éd io - % sul leste para cima para baixo norte oeste laboratório 48 FIGURA 5.18 – Nomograma para obter o coeficiente de redução do coeficiente de difusão do cloreto - RGS – valor da média anual considerando a variação sazonal do GS. Concreto executado com cimento pozolânico, vibração manual, exposto no extremo sul do Brasil. 49 5.3. Estudo de casos 5.3.1 TECON Localização A pesquisa foi realizada em um cais marítimo localizado no complexo portuário da cidade do Rio Grande - Brasil (Fig. 5.19 e Fig. 5.20). FIGURA 5.19 – Localização da cidade do Rio Grande BRASIL Rio Grande do Sul Porto Alegre City Oceano Atlântico URUGUAY TECON Rio Grande ARGENTINA SANTA CATARINA 0 km 100 Lagoa dos Patos 50 FIGURA 5.20 – Localização do cais do TECON e da Torre de telecomunicações Os elementos estruturais utilizados nesta pesquisa são a viga de um trecho do paramento (PS); e dois pontos das estacas pranchas, um em cota mais alta (ES) e outro em cota mais inferior (EI), todos localizados no Terminal de Conteiners - TECON (Fig. 5.21). FIGURA 5.21 - Estrutura do cais e localização dos pontos pesquisados TORRE Oceano Atlântico MN GN 0 km 4 Lagoa dos Patos Saco da Mangueira TECON 51 Meio Ambiente As principais características da água do canal de acesso ao Porto de Rio Grande são governadas pelo regime pluviométricoe ventos, sendo a profundidade média do canal 14 m. A salinidade varia de 340/00 chegando a praticamente zero nos meses de junho, julho, agosto e outubro (época de mais precipitações) (BAUMGARTEN, 1987). Os teores de magnésio e sódio atingem valores de 1.422 mg/l e 11.110 mg/l respectivamente e o pH da água varia de 7,25 a 8,4. A saturação de O2 da água do canal varia de 88% a 112%. Rio Grande é um dos maiores produtores de fertilizantes da América Latina (900.000 T/ano), possui refinaria de petróleo, indústria de alimentos e efluentes de águas de agricultura, além serem lançados nas enseadas e canais efluentes domésticos sem tratamento de uma população de 180.000 habitantes (BAUMGARTEN, 1995). Essas mesmas indústrias ainda contribuem na poluição do ar sendo que os ventos predominantes desviam essa poluição do local da obra pesquisada (Fig. 20). A umidade relativa do ar é normalmente acima de 80% (GUIMARÃES, 2000). No período de 1990 à 1995 as temperaturas máxima e mínima registradas foram de 38,1OC e -0,5OC, sendo comum observar-se variações diárias de 15OC e até 16,2OC, não apresentando problemas de congelamento (FURG, 1995). Através das medições diárias durante o ano de 1992, do marégrafo localizado próximo à estrutura pesquisada e com sistema de canaletas própria para medir a máxima altura diária de respingo, BRETANHA (2004) classificou os micros-ambientes dos pontos pesquisados no cais do TECON (Fig. 5.22). Os pontos da viga do paramento do cais (PS) que é uma zona de névoa durante o ano inteiro, foram classificados como Zona Totalmente de Névoa (ZTN). Nos pontos mais superiores nas estacas pranchas (ES) são predominantes os dias de zona de névoa (50%) e zona de respingo (45%) e poucos dias de zona de maré (5%), sendo classificados como Zona Predominantemente de Névoa, Respingo e Maré, (ZPNRM). Os pontos de extração mais inferiores das estacas pranchas (EI) são predominantes os dias de zona de respingo (58%) e os dias de zona de maré (35%) e poucos dias de zona de névoa (7%), sendo os dias de zona submersa praticamente desprezível, e foram classificados como Zona Predominantemente de Respingo, Maré e Névoa (ZPRMN). 52 FIGURA 5.22 – Sistemas de canaletas desenvolvido para medir a máxima altura diária de respingo Características do concreto Foram extraídos testemunhos, conforme ASTM C 42 (1994), e realizados ensaios de caracterização, além dos dados obtidos em relatórios de execução da obra. O concreto da estrutura foi executado com agregado graúdo de origem granítica britada com diâmetro máximo (Dmáx) de 38 mm e a areia é quartzosa. O aglomerante utilizado na viga do paramento era pozolânico com 34% de cinza volante (CP IV-32) com um consumo de 403 kg/m3, uma relação a/c de 0,44, obtendo-se um fck de 24 MPa. Nas estacas pranchas foi utilizado o cimento CP IV-25 com relação a/c de 0,41 obtendo-se um fck de 19 MPa. Com 22 anos de uso o concreto da viga do paramento apresentou massa específica seca de 2275 kg/m3 e absorção por imersão e após fervura de 5,28%, conforme ASTM 642 (1990). O concreto das estacas pranchas apresentou massa específica seca de 2190 kg/m3 e absorção por imersão e após fervura de 7,10%. Teores de íons cloreto solúveis em água Conforme GUIMARÃES (2000), para obter a profundidade de ataque por cloretos foi extraído, com furadeira equipada com dispositivo de aspiração, material dos elementos pesquisados. Foram realizadas extrações a cada 5 mm de profundidade até uma profundidade máxima de 50 mm. Para a análise de cada micro ambiente (cota) foi extraído material de 20 furos com diâmetro de 1/2" em cada um dos seis pontos dos 50 m de um trecho do cais que tem um total de 300 m, totalizando 120 furos por micro ambiente. Os teores de cloretos livres (ASTM C 1218, 1993) e totais (ASTM C 1152, 1990) medidos nestas amostras foram muito parecidos, evidenciando a não fixação de cloretos na pasta Canaletas para medir altura máxima de respingo 53 endurecida do concreto. Os perfis dos teores de cloretos solúveis em água obtidos são apresentados na Fig. 5.23 e na Fig. 5.24, sendo os teores em relação à massa de concreto (GUIMARÃES, 2000). O teor de 0,07% em relação a massa de concreto equivale ao teor de 0,4% em relação a massa de cimento. FIGURA 5.2 3 - Perfil de teor de íons cloreto em relação à massa de concreto do paramento - PS (viga): fck = 24 MPa (GUIMARÃES, 2000) FIGURA 5.24 - Perfis de teor de íons cloreto em relação a massa de concreto nas estacas pranchas - ES e EI : fck = 19 MPa (GUIMARÃES, 2000) Paramento do cais 0,00 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50 0,60 0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0 Profundidade (mm) C lo re to s (% ) PS - ZTN - 24 MPa 0,07% Estacas pranchas - 19 MPa 0,00 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50 0,60 0,70 0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0 Profundidade (mm) C lo re to s (% ) ES - ZPR EI - ZPRM ESF-ZPR 0,07% 54 Ensaio de variação sazonal do grau de saturação Dados sobre o GS para cada micro ambiente foram obtidos por medições realizadas durante essa pesquisa. Os resultados diários referentes ao ano de 2003 são mostrados no Anexo H. As médias e desvios padrão são mostrados na Tabela 5.2. TABELA 5. 2 – GS médio e desvio padrão por estação do ano Estações do ano Dados / Pontos PS ES EI GS médio (%) 72,15 60,25 76,22 Verão Desvio padrão (%) 3,11 1,30 2,54 GS médio (%) 74,93 65,09 76,08 Outono Desvio padrão (%) 1,20 0,84 1,41 GS médio (%) 75,45 88,27 88,87 Inverno Desvio padrão (%) 3,14 2,08 1,78 GS médio (%) 75,24 83,95 84,07 Primavera Desvio padrão (%) 2,94 2,71 3,27 Embora em cota mais baixa que o ponto PS, os valores dos GSs médios para as estações de verão e outono para o ponto ES são mais baixos. Este fato deve-se por este ponto estar protegido pela projeção de 50 cm da laje do cais (Fig. 5.25). FIGURA – 5.25 – GS médio por estação do ano 88,27 88,87 76,22 60,25 72,15 76,08 65,09 74,93 75,45 84,07 83,9575,24 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 PS ES EI G S m éd io - % Verão Outono Inverno Primavera 55 No inverno e primavera, embora a maré não atinja o ponto ES, esse fica mais sujeito aos respingos, e os valores dos GS médios ficam maiores que do ponto PS. O mesmo fato se observa no ponto EI, sendo que os valores de verão e outono deste ponto são próximos aos do ponto ES. Análise do ponto do paramento – PS – Zona totalmente de névoa (ZTN) Utilizando o perfil de cloretos medidos foram calculadas por regressão, pelo método dos mínimos quadrados, as curvas teóricas, obtendo-se também a concentração teórica de cloretos na superfície do elemento estrutural (Cs teórico). O valor da profundidade de 2,5 mm foi corrigido em função do efeito parede da fôrma sobre o concreto, conforme GUIMARÃES (2000). No ponto PS do TECON obteve-se Cs teórico = 0,44%/ massa concr.; (Dconst . t)1/2 = 13,20; para uma correlação (R2) de 0,9863. FIGURA 5.26 – Perfil de valores medidos e valores teóricos das profundidades de ataque de cloretos no Ponto PS – Cs teórico = 0,44 %/ massa concr.; (Dconst . t)1/2 = 13,20 mm. 0 0,05 0,1 0,15 0,2 0,25 0,3 0,35 0,4 0,45 0 10 20 30 40 Profundidade (mm) % C l / m as sa c o n cr . Curva Teórica Pontos Medidos 56 Cálculo do coeficiente de penetração de cloreto considerando a curva teórica Considerando a curva teórica dos valores medidos em uma frente de contaminação que provoca a despassivação
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