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aula 11 especies de obrigações (solidárias)

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Direito Civil III - Obrigações
 Prof. Ana Paula Mansano Baptista
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1. OBRIGAÇÃO DE DAR
2. OBRIGAÇÃO DE FAZER / NÃO FAZER
Quanto a pluralidade de objetos
4. OBRIGACOES ALTERNATIVAS
Quanto a pluralidade de sujeitos
5. OBRIGACOES DIVISIVEIS E INDIVISIVEIS
6. OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS
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Leva em consideração a pluralidade de sujeitos
Conceito: artigo 264 CC
A solidariedade não se presume. Decorre (CC, 265)
a) de lei 
b) vontade das partes
CC, 266: Possibilidade de condições, prazo e lugar de pagamento diferenciados
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A partir do conceito do art. 264, CC – podemos tirar dois princípios comum à solidariedade: 
1º - Inexistência da solidariedade presumida: não se admite solidariedade fora da lei ou do contrato (a solidariedade deve ser expressa).
Se não estiver explicita no contrato ou na lei, a solidariedade não irá se presumir, poderá ser tal prestação divisível ou indivisível, dependendo da natureza do objeto.
Ex. de solidariedade resultante da Lei, art. 942 parágrafo único, do CC, que estabelece a responsabilidade solidária das pessoas designadas no art. 932 (pais e filhos, patrões e empregados, etc).
Súmula 492 STF – “ a empresa locadora de veículo responde civil e solidariamente como locatário, pelos danos por estes causados a terceiro, no uso do carro locado”.
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2º possibilidade de a solidariedade não ser igual para a pluralidade de sujeitos (art. 266, CC) = possibilidade de a solidariedade ser diferente para um ou alguns codevedores ou cocredores.
Assim, o codevedor condicional não pode ser demandado senão depois da ocorrência do evento futuro e incerto, e o devedor solidário puro e simples somente poderá reclamar o reembolso do codevedor condicional se ocorrer a condição.
Não havendo dessa forma prejuízo algum à solidariedade, já que o credor poderá cobrar a divida toda do devedor não atingido pela cláusula apostas na obrigação. Da mesma forma, com que a obrigação poderá ser válida para um e nula para outro. Pode ainda o prazo de prescrição variar para os diferentes coobrigados.
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Exemplo:
Ana é devedora de Maria e esta, como credora, exige que lhe seja prestado aval por duas pessoas.
Os dois avalistas (João e José) assumem a obrigação como devedores solidários, mas um deles (João) impõe no contrato a condição de que só se tornará devedor se e a partir de quando for contratado para determinado emprego.
Assim, independente do implemento dessa condição, Maria poderá cobrar o pagamento da dívida dos demais devedores solidários (Ana e José), pois estes não poderão opor a ele a condição que favorece somente João.
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O lugar e o tempo do pagamento pode ser idênticos para todos os interessados, como também podem ser diferentes, o que não prejudicará a teoria da solidariedade. 
Até mesmo a causa da solidariedade pode ser distinta para os coobrigados. 
Por ex., para um pode advir de culpa contratual e para outro, de culpa extracontratual = na colisão de um ônibus com outro veículo, o ferimento de um dos passageiros, que poderá demandar por este fato, solidariamente, contra a empresa transportadora, por inadimplemento contratual (contrato de adesão), e o dono do veículo que abalroou o coletivo, com fundamento na responsabilidade extracontratual.
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Enquanto pendente condição suspensiva estipulada para um dos devedores, o credor Não poderá acioná-lo. 
Havendo inadimplemento da condição, nasce o direito do credor, retroativamente.
Se a condição se frustrar, o devedor será totalmente excluído da obrigação solidária.
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Enunciado 347 da IV Jornada de Direito Civil do CJF dispõe que: 
“a solidariedade admite outras disposições de conteúdo particular além do rol previsto no art. 266 do CC. “
Exemplo: Pode-se estipular, num contrato que preveja solidariedade passiva, que apenas um dos devedores esteja sujeito ao pagamento de multa moratória, em caso de inadimplemento, isentando-se os demais desse ônus.
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1. solidariedade ativa (CC, 267 a 274)
pluralidade de credores, onde cada um deles tem o direito de exigir a totalidade da prestação.
Pagando o débito a qualquer um dos credores, o devedor se exonera da obrigação.
O credor que recebeu a totalidade da divida, pagará aos demais a cota de cada um.
Aqui não se exige, como na obrigação indivisível, a caução de ratificação.
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Efeitos
CC, 267: cada um com direito à dívida toda. (ficando o devedor exonerado do pagamento aos demais credores – devendo o credor prestar conta aos demais) – o devedor acionado não pode opor a exceção da divisão e pretender pagar por partes, visto lhe ser estranha a relação interna entre os credores.
CC, 268: A demanda individualiza o credor (porém, enquanto não houver a demanda judicial, o devedor poderá pagar a qualquer um dos credores à sua escolha) – com base no princípio da prevenção o devedor só se libera depois de acionado judicialmente pagando ao próprio credor que tomou a iniciativa – e não se exonerará se pagar a qualquer outro credor, arriscando a ter que pagar duas vezes. 
Se houver litisconsórcio ativo (art. 46, CPC) o pagamento será efetuado em juízo a todos os litisconsortes, em conjunto.
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Efeitos: Falecimento do credor solidário.
CC, 270: Morte de um credor: direito de herdeiros até a cota parte correspondente. Os herdeiros do credor falecido não podem exigir, a totalidade do crédito, e sim apenas o respectivo quinhão hereditário, ou seja, a própria quota de crédito solidário de que o de cujos era titular conjuntamente com outros credores. 
Exceto nas seguintes hipóteses:
A) se o credor falecido só deixou um herdeiro;
B) se todos os herdeiros agem conjuntamente (espólio); ou
C) se indivisível a prestação.
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Esse fenômeno é chamado de refração de crédito e só se aplica, no entanto, se o objeto da prestação for divisível; sendo indivisível, como no caso de um automóvel, por exemplo, qualquer credor, inclusive qualquer dos herdeiros de um credor solidário falecido, poderá exigir a entrega da coisa por inteiro.
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Efeitos
CC, 271: obrigação que se resolver em perdas e danos permanece a solidariedade. 
A conversão não compromete a natureza da prestação, (diferente da obrigação indivisível) – Liquidada a obrigação e fixada o seu valor pecuniário, continua cada credor com o direito de exigir o TOTAL da divida, tendo em vista que a solidariedade permanece, pois emanada da vontade contratual ou da Lei.
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Remissão da dívida por um dos credores:
Se um dos credores solidários remitir a dívida, diferentemente do que ocorre na indivisibilidade, o devedor se exonera, por completo, mas o credor que remitiu responde, perante os demais, pelas quotas-partes que lhes tocavam.
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Recebimento da dívida por um dos credores:
Corolário do princípio de que o pagamento, pelo devedor, a um só dos credores, o exonera, tem-se de que o credor que recebeu deve pagar aos demais cocredores suas quatas-partes.
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Princípio da inoponibilidade das exceções pessoais:
O devedor não pode opor a um dos credores solidários as exceções pessoais oponíveis somente contra os demais.
Por exemplo: se o direito de um dos credores solidários está sujeito a termo, tal exceção não pode ser oposta aos demais.
Da mesma forma ocorre com os vícios de vontade e outra hipóteses de anulabilidade do negócio que se referirem a um ou alguns dos credores, as quais, se alegadas, não podem atingir aqueles que não estejam na alça da mira da exceção.
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Princípio da autonomia das credores solidários: 
Tem-se que o julgamento contrário a um dos credores solidários não atinge os demais. 
Exemplo: a anulação do negócio em relação a um dos credores, por menoridade relativa, não atinge a validade do contrato quanto aos demais.
Já o julgamento favorável a um dos credores aproveita aos demais, a menos que se funde em exceção pessoal ao credor que o obteve. 
Exemplo: o pedido de anulação do negócio
por coação imputada a todos os credores. Nesse caso, o juiz pode decidir que houve coação por um e não houve por outro e, assim, o julgamento favorável a este não favorecerá àquele.
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1. solidariedade ativa (CC, 267 a 274)
pluralidade de credores 
Efeitos
CC, 272: obrigação remida ou recebida obriga credor aos demais na cota parte.
CC, 273: impossibilidade de opor exceções pessoais. Assim por ex., se o devedor está sendo cobrado em juízo por um credor plenamente capaz, não pode alegar, em seu benefício e em detrimento daquele, defeito na representação ou assistência de outro credor solidário, pois tal exceção, sendo pessoal, só a este pode ser oposta.
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CC, 274: efeitos do julgamento: 
O julgamento contrário a um deles não impede que os demais acionem o devedor e cobrem dele o valor integral da dívida – mesmo porque as relações como vimos podem ser diferentes, isoladamente consideradas – além disso, a coisa julgada não beneficia, nem prejudica terceiro que não participem da causa (art. 472, CPC).
Porém o julgamento favorável a um dos credores aproveita aos demais – o que justifica, porque a solidariedade tem por escopo estabelecer o tratamento da pluralidade pela unicidade (unificar o múltiplo). Não havendo tal consequência, se o julgamento favorável fundar-se em exceção pessoal ao credor que o obteve (art. 274, ultima parte). 
Ex. não aproveitará os demais credores, o julgamento favorável ao único credor que cumpriu a condição suspensiva a que o pagamento estava subordinado.
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Art. 269, CC – o pagamento, feito a um dos credores produz a extinção do crédito para todos (o devedor deve a muitos, mas só deve uma vez, e os credores só tem a prestação por inteiro uma vez, e não mais).
Não é todo e qualquer pagamento feito a um dos credores, mas o INTEGRAL, que produz a extinção total da dívida, o PARCIAL a extingue somente “até o montante do que foi pago”.
A compensação quando total, extinguirá a divida no total, se parcial, extinguirá até o montante abatido. O mesmo ocorrerá com a novação e a remissão.
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Direito de regresso: 
A prestação paga por inteiro pelo devedor comum, deve ser partilhada entre todos os credores, por aquele que tiver recebido – art. 272, CC.
Os cocredores podem tornar efetiva a divisão do benefício pelo exercício do direito de regresso, direito e imediato, contra o resgatante do crédito solidário. 
Se outra coisa não constar do título da obrigação, far-se-a a partilha em partes iguais. Nada impede, porém, que se convencione, no referido título, a diversidade de quinhões. 
Se a obrigação for nula quanto a um dos credores, sua parte será deduzida do todo, ficando tal credor excluído do rateio.
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2. solidariedade passiva: pluralidade de devedores (CC, 275 a 285) – cada devedor está obrigado à prestação na sua integralidade, como se tivesse contraído sozinho o débito (representando assim uma cautela para garantia dos direitos obrigacionais)
OBS: Como a solidariedade não se presume, tem-se entendido, por exemplo, que ela não ocorre nos casos de abertura de conta corrente conjunta em instituição bancária, pois a solidariedade dos titulares é apenas ativa e, portanto, um deles não pode ser considerado devedor de cheques (ou outros negócios, como empréstimos) de responsabilidade dos demais. 
É o que tem entendido a Jurisprudrência do STJ.
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Efeitos
CC, 275: credor tem direito de receber a dívida total/parcial de um ou alguns devedores (faculdade e não um dever de receber o total da dívida).
Se o pagamento for total – operar-se-á a extinção da relação obrigacional, exonerando-se TODOS os devedores.
Se por parcial – efetuado por um dos devedores, os outros ficarão liberados até a concorrência da importância paga, permanecendo solidariamente devedores do remanescente.
O recebimento parcial não libera os demais devedores do vinculo da solidariedade pelo restante, o fato não importa renuncia do direito do credor, conforme dispõe o parágrafo único do art. 275 = o credor propondo ação contra um dos devedores solidários, não fina inibido de acionar os outros.
Chamamento ao processo – art. 77, ss do CPC: o devedor demandado pela prestação integral pode chamar os outros ao processo, para o auxiliar em eventual defesa, e também para que a eventual sentença condenatória valha como coisa julgada por ocasião do exercício do direito de regresso contra os codevedores.
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CC, 276: Morte de um devedor: direito de herdeiros até a cota parte correspondente.
Art. 1.792, CC.
A divida desmembra-se em relação a cada um dos devedores, se divisível. Considerado isoladamente cada devedor, responde tão somente, ao seu quinhão hereditário.
A morte de um dos devedores solidários não rompe a solidariedade, que continua a onerar os demais codevedores, (pois os herdeiros representam o devedor).
Observa-se que trata-se de uma regra de justiça, pois a cobrança em face dos herdeiros do devedor não poderá ultrapassar-lhes a força da herança.
Desta forma, sendo demandados os herdeiros em conjunto, representam eles o devedor solidário falecido, ficando obrigados à divida toda; no entanto, se demandados isoladamente, devem prestar apenas na proporção de seu respectivo quinhão.
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CC, 277: pagamento parcial não desobriga do todo.
O pagamento parcial naturalmente reduz o crédito.
O credor só pode cobrar do que pagou ou dos outros devedores o saldo remanescente.
A remissão ou perdão pessoal pelo credor a um dos devedores solidários não extingue a solidariedade em relação aos codevedores, acarretando tão somente a redução da dívida, em proporção ao valor remitido.
O credor só estará legitimado a exigir dos demais devedores o seu crédito se fizer a dedução da parte daquele a quem beneficiou, ou seja: os codevedores não contemplados pelo perdão só poderão ser demandados com abatimento da quota relativa ao devedor revelado, e não pela totalidade de divida.
O perdão aproveita os outros até a quantia revelada.
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A remissão da divida em favor de um devedor difere fundamentalmente da exoneração, prevista no art. 282 do CC.
Na exoneração, o credor libera um dos devedores da obrigação solidária (quando passa a responder apenas na proporção de seu quinhão obrigacional), ficando os demais obrigados, ainda solidariamente, e ainda, também, com relação à divida restante.
A exoneração de um dos devedores não o libera do ônus de responder pelo rateio da parte referente àquele que se tornar insolvente (art. 284, CC)
Já na remissão, ocorre o perdão da dívida, hipótese na qual o devedor remitido se libera totalmente do ônus da obrigação, deixando de responder, inclusive, pela quota do insolvente.
Na remissão, o correspondente à quota do devedor perdoado é descontada do total da obrigação, ficando os demais devedores solidariamente obrigado apenas ao restante.
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No campo processual, dispõe o enunciado 351 da Jornada do CJF que “a renuncia à solidariedade em favor de determinado devedor afasta a hipótese de seu chamamento ao processo”.
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Art. 278, CC – nenhum dos devedores está autorizado a estipular, com o credor, cláusula, condição ou obrigação adicional que agrave a obrigação e piore a posição dos representados sem o consentimento destes.
Ex. se um dos devedores estipular com o credor, sem autorização, taxa de juros mais elevada, clausula penal. 
Tal estipulação será pessoal, restrita exclusivamente ao próprio estipulante.
Tem que haver consentimento dos demais codevedores.
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“atos eivados da Culpa é pessoal e exclusiva”
CC, 279: impossibilidade da prestação por culpa – perdas e danos sobre o culpado. 
Havendo a impossibilidade da prestação por culpa de um dos coodevedores, todos (incluindo o culpado) ficam obrigados a pagar o valor equivalente ao da prestação, e as perdas e danos são suportados somente pelo culpado.
CC, 280: incidência de juros - todos respondem + direito de regresso contra o devedor culpado
Mesmo o retardamento culposo seja imputável a um só devedor, respondem TODOS perante o credor pelas consequências da inexecução da obrigação, ressaltando-se, o JUROS da mora (art. 407, CC).
Porém só o culpado arcará com o pagamento dos juros da mora, no acerto final entre os codevedores, pela via regressiva.
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CC, 282: possibilidade do credor renunciar a solidariedade.
Renuncia Absoluta: quando feita em prol de todos coobrigados (cada coobrigada passa a dever pro rata, responde somente por sua quota).
Renuncia Relativa: em proveito de um ou alguns devedores, conservando a solidariedade entre os demais.
O credor divide a obrigação em duas partes: uma pela qual reponde o devedor favorecido, correspondente somente à sua quota, e outra a que se acham solidariamente sujeitos aos outros.
Efeitos da renuncia relativa:
A) os contemplados continuam devedores, porém não mais da totalidade, se não de sua quota parte no débito;
B) suportam sua parte na insolvência de sues ex-codevedores.
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CC, 283 e 284: rateio da cota de devedor insolvente.
O estado de insolvência de um dos codevedores solidários impede o procedimento do rateio de forma igualitária, determinando o acréscimo da responsabilidade dos codevedores para cobrir o desfalque daí resultante.
Por exemplo: se quatro são os devedores solidários e um deles cai em insolvência, os outros três respondem, em partes iguais, pela quita deste, ainda que deles tenha sido exonerado da solidariedade pelo credor.
A insolvência do coobrigado pode ser anterior, contemporânea ou posterior ao pagamento.
Extinta a insolvência pela recuperação patrimonial do devedor que nela incidiu, cada um dos codevedores que arcaram com o prejuízo, pagando a quota o insolvente, pode repetir quanto pagou além da sua quota.
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