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DA POSSE POSSE: CONCEITOS: Artigo 1.196: “Considera-se possuidor, todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade”. + É o ato de possuir ou ter uma coisa (corpórea ou incorpórea) com ânimo de conservá-la para si ou para outro. É a relação, poder de fato entre uma pessoa e uma coisa. + É uma situação de fato em que uma pessoa, independente de ser ou não proprietária, exerce sobre uma coisa poderes ostensivos, conservando-a e defendendo-a. Assim tal como faz o proprietário, o locatário, o comodatário, o usufrutuário, o administrador, o inventariante e o síndico. É um fato; é filha da prática social; Está fora do campo dos direitos; Produz efeitos jurídicos: conduz à propriedade (usucapião, ocupação, traditio) É tutelada ex occasione (excepcionalmente) pelo pretor através de interditos. ELEMENTOS DA POSSE: Elemento material: corpus (detenção material) Elemento subjetivo: animus possidendi (intenção de ter completa e exclusivamente a coisa para si). MODALIDADES: Possessio bonae fidei: o possuidor ignora que está lesando o proprietário da coisa; é protegida até contra o proprietário) possessio malae fidei: o possuidor sabe que está lesando o proprietário da coisa; é protegida contra terceiros; não dá margem ao usucapião. Possessio iusta: nec vi nec clam nec precário. É protegida contra todos inclusive contra o proprietário possessio iniusta. É protegida contra terceiros. Possessio ex iusto titulo: decorrente de doação (pro donato); compra e venda (pro emptore); pro legato causa. possessio ex iniusto titulo: doação entre cônjuges > capaz de impedir a transferência da propriedade. OBJETO DA POSSE: Res in commercio Res corpórea (Justiniano: corpóreas e incorpóreas) Coisa com individualidade própria TIPOLOGIA: Possessio naturalis, corporalis, detentio: detenção do corpus: tem a possessio naturalis aqueles que têm em seu poder o uso ou a guarda de uma coisa que é de outro, sem a intenção de tê-lo para si. Não conduz ao direito de propriedade. Ex: locatário, comodatário, usufrutuário. Possessio ou possessio ad interdictas: reúne o corpus e o animus possidendi; é protegida pelos interditos pretorianos. Possessio civilis ou possessio ad usucapionem: reúne as condições necessárias à usucapião; produz efeitos jurídicos; conduz a propriedade pela usucapião. É protegida por interditos; defendida pela actio Publiciana; trata-se de uma propriedade que vai se construindo a caminho de ganhar garantia jurídica. Requisitos: PROTEÇÃO POSSESSORIA: Interdicta retinendae possessionis causa: destinados à conservação da posse turbada. Eram proibitórios e duplos. Interdito Uti possidentis: destinado aos bens imóveis.: “Continuai a possuir o imóvel, de que se trata, como agora o possui, desde que a posse não seja violenta, clandestina ou precária”. Interdito Utrubi: destinado aos bens móveis: “De onde o escravo, de que se trata, esteve durante maior parte deste ano, sem violência, clandestinidade ou precariedade, proíbo a uma e outra parte que façam violência para levar o escravo”. Interdicta recuperandae possessionis causa: destinados à recuperação ou reintegração da posse da coisa esbulhada. Interdito unde vi: destinado a reintegrar na posse de coisa móvel aquele que fora despojado violentamente. Vi cottidiana: violência comum “O imóvel do qual tu, ou teus escravos, com violencia, expulsastes este indivíduo, que o possuía sem violência, ou clandestinidade, ou precariedade com relação a ti, devolve-o a ele, bem como tudo o que ai existia”. Vi armata: violência armada: “Aquele que do imóvel tu, ou teus escravos, violentamente, com homens reunidos em bando ou armados, expulsastes, devolve-o, bem como tudo que existia nele”. De precário: concedido ao proprietário contra o precarista que se recusava a entregar a coisa. De clandestina possessione: concedido para que o desapossado obtivesse a recuperação da posse do imóvel ocupado clandestinamente por terceiro. JUSTINIANO: Os interditos se transformam em ações (actiones ex causa interdicti): processo rápido e sumário. Os interditos de manutenção da posse de móveis e imóveis eram concedidos àqueles que tinham posse atual. Fusão dos interditos de recuperação da posse: interdito de unde vi, usado até 1 ano do desapossamento. Possessio naturalis passa a ser protegida. USUCAPIO – USUCAPIÃO (forma de aquisição da propriedade) CONCEITOS: Este parece haver sido admitido para que o dominium sobra a coisa não permanecesse incerto por muito tempo, já que era suficiente ao dono, para recuperar a sua coisa, o lapso de tempo de 1 ou 2 anos que é o tempo exigido ao possuidor para usucapio (Gaio, 2.44) “Usucapião é a aquisição do domínio pela posse continuada durante um ou dois anos: um ano, para as coisas móveis; dois, para as imóveis” (Ep. Ulpiano, 19.8). “Usucapião é a agregação (aquisição) do domínio continuado mediante a continuação da posse pelo tempo determinado na lei” (Modestino, D. 41.3.3). “Usucapião é uma forma de adquirir a propriedade mediante a posse legitimamente justificada e continuada, pelo tempo que determina a lei” (Alba Crespo, 1998). “Modo de aquisição da propriedade sobre uma coisa pela sua posse prolongada por certo tempo, nas condições estabelecidas pela lei” M. Alves. Objetivo: Pré-clássico – clássico: converter em proprietário de uma coisa quem não o era, ou porque havia adquirido de quem não era dono, ou porque não se obervara o modo de aquisição correto para adquirir a propriedade (res mancipi) Pré-classico A) Regime das XII Tábuas: dispunha que a usucapião para coisas imóveis era de 2 anos e de 1 ano para coisas móveis; proibia a usucapião das coisas furtadas; forma de aquisição propriedade quiritaria por cidadãos romanos. Lex Atinia : proíbe o usucapião das coisas roubadas; Lex Julia et Plautia: proíbe o usucapião das coisas possuídas violentamente. Não eram passíveis de usucapião: coisas furtadas; coisas que pertenciam ao estrangeiro (princípio da reciprocidade); coisas alienadas por mulher sem a assistência do tutor (auctoritas); os limites entre propriedades rústicas; o lugar destinado a incineração; as coisas possuídas violentamente. B) Clássico 1. Usucapião: Requisitos: a) Coisas passiveis de dominium ex iure Quiritium b) Cidadão romano ou equiparável (modo iuris civilis) c) Possessio, tempus(1 e 2 anos), res habilis (in patrimônio, não roubadas, não possuídas violentamente etc), iusta causa e bona fides. 2. Longi temporis praescriptio > Terrenos situados nas províncias não sucetíveis de dominium ex iure Quiritium, a favor de estrangeiros: o magistrado autoriza a seguir possuindo a coisa a quem por largo tempo possui. Concede segurança jurídica com relação à posse das terras provinciais que não podem ser objeto de direito quiritário. Trata-se de um meio de defesa oposto contra uma reivindicatio do proprietário, não de aquisição de propriedade. Requisitos: a) Posse de 10 anos entre presentes e 20 entre ausentes. b) Justa causa c) Boa fé * Estavam protegidos da ação reivindicatória do proprietário pelos magistrados provinciais. Pos-clássico: Constantino: Longissimi temporis praescriptio (usucapião extraordinário): aquele que tivesse a posse por 40 anos de boa fé, mas sem justa causa ou título podia defender-se contra a rei vindicatio do proprietário. Diocleciano: desaparece a diferença entre terras provinciais e itálicas, em consequência, a distinção entre usucapião e longi temporis praescriptio. Justiniano: a) Funde os dois institutos, convertendo a temporis praescriptio em forma de aquisição da propriedade. - Prazos de 3 anos para móveis (usucapio) e 10 e 20 anos para imóveis (praescriptio). - Requisitos: possessio, tempus, res habilis, iusta causa e bona fides. b) Deu eficácia aquisitiva ao longissimi temporis praescriptio - Prazos : 30 anos e 40 anos (coisas da igreja, do fiscodo imperador etc).
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