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usucapio - 2013

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DA POSSE
POSSE: 
CONCEITOS:
Artigo 1.196: “Considera-se possuidor, todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade”.
+ É o ato de possuir ou ter uma coisa (corpórea ou incorpórea) com ânimo de conservá-la para si ou para outro. É a relação, poder de fato entre uma pessoa e uma coisa.
+ É uma situação de fato em que uma pessoa, independente de ser ou não proprietária, exerce sobre uma coisa poderes ostensivos, conservando-a e defendendo-a. Assim tal como faz o proprietário, o locatário, o comodatário, o usufrutuário, o administrador, o inventariante e o síndico.
É um fato; é filha da prática social; 
Está fora do campo dos direitos;
Produz efeitos jurídicos: conduz à propriedade (usucapião, ocupação, traditio) 
É tutelada ex occasione (excepcionalmente) pelo pretor através de interditos.
ELEMENTOS DA POSSE: 
Elemento material: corpus (detenção material)
Elemento subjetivo: animus possidendi (intenção de ter completa e exclusivamente a coisa para si).
MODALIDADES:
 Possessio bonae fidei: o possuidor ignora que está lesando o proprietário da coisa; é protegida até contra o proprietário) 
 possessio malae fidei: o possuidor sabe que está lesando o proprietário da coisa; é protegida contra terceiros; não dá margem ao usucapião.
Possessio iusta: nec vi nec clam nec precário. É protegida contra todos inclusive contra o proprietário
 possessio iniusta. É protegida contra terceiros.
Possessio ex iusto titulo: decorrente de doação (pro donato); compra e venda (pro emptore); pro legato causa.
possessio ex iniusto titulo: doação entre cônjuges > capaz de impedir a transferência da propriedade. 
OBJETO DA POSSE:
Res in commercio
Res corpórea (Justiniano: corpóreas e incorpóreas)
Coisa com individualidade própria
TIPOLOGIA:
Possessio naturalis, corporalis, detentio: detenção do corpus: tem a possessio naturalis aqueles que têm em seu poder o uso ou a guarda de uma coisa que é de outro, sem a intenção de tê-lo para si. Não conduz ao direito de propriedade. Ex: locatário, comodatário, usufrutuário.
Possessio ou possessio ad interdictas: reúne o corpus e o animus possidendi; é protegida pelos interditos pretorianos.
Possessio civilis ou possessio ad usucapionem: reúne as condições necessárias à usucapião; produz efeitos jurídicos; conduz a propriedade pela usucapião. É protegida por interditos; defendida pela actio Publiciana; trata-se de uma propriedade que vai se construindo a caminho de ganhar garantia jurídica. 
Requisitos:
PROTEÇÃO POSSESSORIA:
Interdicta retinendae possessionis causa: destinados à conservação da posse turbada. Eram proibitórios e duplos.
Interdito Uti possidentis: destinado aos bens imóveis.: “Continuai a possuir o imóvel, de que se trata, como agora o possui, desde que a posse não seja violenta, clandestina ou precária”.
Interdito Utrubi: destinado aos bens móveis: “De onde o escravo, de que se trata, esteve durante maior parte deste ano, sem violência, clandestinidade ou precariedade, proíbo a uma e outra parte que façam violência para levar o escravo”. 
Interdicta recuperandae possessionis causa: destinados à recuperação ou reintegração da posse da coisa esbulhada.
Interdito unde vi: destinado a reintegrar na posse de coisa móvel aquele que fora despojado violentamente.
 Vi cottidiana: violência comum “O imóvel do qual tu, ou teus escravos, com violencia, expulsastes este indivíduo, que o possuía sem violência, ou clandestinidade, ou precariedade com relação a ti, devolve-o a ele, bem como tudo o que ai existia”.
Vi armata: violência armada: “Aquele que do imóvel tu, ou teus escravos, violentamente, com homens reunidos em bando ou armados, expulsastes, devolve-o, bem como tudo que existia nele”. 
De precário: concedido ao proprietário contra o precarista que se recusava a entregar a coisa.
De clandestina possessione: concedido para que o desapossado obtivesse a recuperação da posse do imóvel ocupado clandestinamente por terceiro.
JUSTINIANO: 
Os interditos se transformam em ações (actiones ex causa interdicti): processo rápido e sumário.
Os interditos de manutenção da posse de móveis e imóveis eram concedidos àqueles que tinham posse atual.
Fusão dos interditos de recuperação da posse: interdito de unde vi, usado até 1 ano do desapossamento.
Possessio naturalis passa a ser protegida.
USUCAPIO – USUCAPIÃO (forma de aquisição da propriedade)
CONCEITOS: 
Este parece haver sido admitido para que o dominium sobra a coisa não permanecesse incerto por muito tempo, já que era suficiente ao dono, para recuperar a sua coisa, o lapso de tempo de 1 ou 2 anos que é o tempo exigido ao possuidor para usucapio (Gaio, 2.44)
“Usucapião é a aquisição do domínio pela posse continuada durante um ou dois anos: um ano, para as coisas móveis; dois, para as imóveis” (Ep. Ulpiano, 19.8).
“Usucapião é a agregação (aquisição) do domínio continuado mediante a continuação da posse pelo tempo determinado na lei” (Modestino, D. 41.3.3).
“Usucapião é uma forma de adquirir a propriedade mediante a posse legitimamente justificada e continuada, pelo tempo que determina a lei” (Alba Crespo, 1998).
“Modo de aquisição da propriedade sobre uma coisa pela sua posse prolongada por certo tempo, nas condições estabelecidas pela lei” M. Alves.
Objetivo:
Pré-clássico – clássico: converter em proprietário de uma coisa quem não o era, ou porque havia adquirido de quem não era dono, ou porque não se obervara o modo de aquisição correto para adquirir a propriedade (res mancipi)
Pré-classico
A) Regime das XII Tábuas: dispunha que a usucapião para coisas imóveis era de 2 anos e de 1 ano para coisas móveis; proibia a usucapião das coisas furtadas; forma de aquisição propriedade quiritaria por cidadãos romanos. 
Lex Atinia : proíbe o usucapião das coisas roubadas;
Lex Julia et Plautia: proíbe o usucapião das coisas possuídas violentamente.
Não eram passíveis de usucapião: coisas furtadas; coisas que pertenciam ao estrangeiro (princípio da reciprocidade); coisas alienadas por mulher sem a assistência do tutor (auctoritas); os limites entre propriedades rústicas; o lugar destinado a incineração; as coisas possuídas violentamente.
B) Clássico
1. Usucapião: 
Requisitos:
a) Coisas passiveis de dominium ex iure Quiritium 
b) Cidadão romano ou equiparável (modo iuris civilis)
 c) Possessio, tempus(1 e 2 anos), res habilis (in patrimônio, não roubadas, não possuídas violentamente etc), iusta causa e bona fides.
 
2. Longi temporis praescriptio > Terrenos situados nas províncias não sucetíveis de dominium ex iure Quiritium, a favor de estrangeiros: o magistrado autoriza a seguir possuindo a coisa a quem por largo tempo possui. Concede segurança jurídica com relação à posse das terras provinciais que não podem ser objeto de direito quiritário. Trata-se de um meio de defesa oposto contra uma reivindicatio do proprietário, não de aquisição de propriedade. 
Requisitos: 
a) Posse de 10 anos entre presentes e 20 entre ausentes.
b) Justa causa
c) Boa fé
* Estavam protegidos da ação reivindicatória do proprietário pelos magistrados provinciais.
Pos-clássico:
Constantino: Longissimi temporis praescriptio (usucapião extraordinário): aquele que tivesse a posse por 40 anos de boa fé, mas sem justa causa ou título podia defender-se contra a rei vindicatio do proprietário.
Diocleciano: desaparece a diferença entre terras provinciais e itálicas, em consequência, a distinção entre usucapião e longi temporis praescriptio.
Justiniano: 
a) Funde os dois institutos, convertendo a temporis praescriptio em forma de aquisição da propriedade. 
 - Prazos de 3 anos para móveis (usucapio) e 10 e 20 anos para imóveis (praescriptio).
 - Requisitos: possessio, tempus, res habilis, iusta causa e bona fides.
b) Deu eficácia aquisitiva ao longissimi temporis praescriptio 
 - Prazos : 30 anos e 40 anos (coisas da igreja, do fiscodo imperador etc).

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