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Caso Concreto 5

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Dos Fatos
Caso concreto 05
Rebecca, 70 anos, é portadora de patologia grave e o médico informou à família que Rebecca não teria mais do que 3 (três) meses de vida caso não realizasse tratamento bastante invasivo. A família, preocupada com a idade avançada de Rebecca, preferiu abrandar a gravidade notícia e autorizou o tratamento, sem explicar à Rebecca o que estava efetivamente acontecendo (o médico também se comprometeu com a família de que não falaria nada à paciente). Rebecca iniciou o tratamento acreditando que era apenas uma prevenção de um possível câncer. Ocorre que após alguns efeitos colaterais, Rebecca decidiu parar, escondida da família e do médico, o tratamento por acreditar que ele não interferiria em sua vida. Três semanas após a interrupção do tratamento, Rebecca veio a óbito. Obs. apesar da idade avançada, Rebecca estava em pleno gozo de suas faculdades mentais.
Analisando as considerações aqui feitas e com fundamento na disciplina civil/constitucional dos direitos de personalidade, responda JUSTIFICADA E
Doutrina
Segundo Lenza; os direitos da personalidade são os direitos subjetivos da pessoa de defender o que lhe é próprio, ou seja, a sua integridade física (vida, alimentos, próprio corpo vivo ou morto, corpo alheio vivo ou morto, partes separadas do corpo vivo ou morto); a sua integridade intelectual (liberdade de pensamento, autoria científica, artística e literária); e a sua integridade moral (honra, imagem, recato, segredo profissional e doméstico, identidade pessoal, familiar e social). (LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado. São Paulo, Método, 2011, p.888.). Os direitos de personalidade são inerentes à pessoa humana, estando a ela ligados de maneira perpétua, não podendo sofrer limitação voluntária. 
CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE
         Os direitos da personalidade são:
        a) Intransmissíveis
        b) Irrenunciáveis
        c) Inalienáveis
        d) Imprescritíveis
        e) vitalícios
        Com exceção aos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são irrenunciáveis e intransmissíveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária (art. 11 – CC).
        Não podem os seus titulares, deles dispor, transmitindo a terceiros, renunciando ao seu uso ou abandonando-os, pois nascem e se extinguem com eles, dos quais são inseparáveis.
Segundo Flavio Tartuce Livro Direito Civil Parte Geral, p126, foi aprovado enunciado doutrinário, de número 139, na III Jornada de Direito Civil, segundo o qual “os direitos da personalidade podem sofrer limitações, ainda que não especificamente previstas em lei, não podendo ser exercidos com abuso de direito de seu titular, contrariando a boa-fé objetiva e os bons costumes”. Em reforço, o art. 15 do CC/2002, ninguém pode ser constrangido, sob risco de vida, a tratamento médico ou intervenção cirúrgica, consagrando o Código Civil os direitos do paciente. 
  A regra supramencionada obriga os médicos, nos casos mais graves, a não atuarem sem prévia autorização do paciente, que tem a prerrogativa de se recusar a submeter-se a um tratamento perigoso, sob pena do médico responder pelo ato praticado e seu resultado.
Quanto a essa situação, tem a resolução 1.805 do Conselho Federal de Medicina, de 9 de novembro de 2006, “Art. 1° primeiro parágrafo o médico tem a obrigação de esclarecer ao doente ou a seu representante legal as modalidades terapêuticas adequadas para cada situação.
Mais recentemente, a Resolução 1.955/2012, do Conselho Federal de Medicina, passou a estabelecer que a vontade do paciente é soberana, prevalecendo em relação à vontade do representante legal. 
Conforme consta no próprio art. 11 do CC/2002, os direitos da personalidade são intransmissíveis, não cabendo, por regra, cessão de tais direitos, seja de forma gratuita ou onerosa.
Conclusão
Em que consiste o consentimento esclarecido? Ele foi respeitado?
NÃO. O consentimento informado, entendido como um direito moral do paciente de, antes de aceitar qualquer tratamento médico, ser esclarecido de todos os detalhes do tratamento, efeitos colaterais, medidas alternativas e riscos, deve ser exercido pelo próprio paciente, não por seus familiares, abrindo-se exceção em hipóteses excepcionais como incapacidade do paciente, emergência médica e outras que a jurisprudência avalia caso a caso. No caso de Rebecca que era pessoa plenamente capaz e, por isso, qualquer decisão acerca do tratamento médico deveria ser tomada por ela própria, após todos os esclarecimentos feitos pelo médico
Se soubesse do risco que a interrupção do tratamento causaria, Rebecca poderia interrompe-lo?
SIM. O artigo 15, CCB, autoriza que o paciente não se submeta a tratamento médico, ainda que com risco de morte.
Referências 
Flavio Tartuce livro Teoria Geral V1 p126 a 129. 
LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado. São Paulo, Método, 2011, p.888.
Novo Código de Ética Médica art. 41 da Resolução 1. 805 /2006 do Conselho Federal de Medicina.

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