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Do ponto de vista da psicologia científica, somos livres?

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Somos livres?
 Um olhar científico.
 Muito se tem discutido no campo da ciência em relação ao “ser livre”, alguns até chegaram a defender a liberdade como direito natural de todos os humanos, (Are There Any Natural Rights? H. L. A. Hart The Philosophical Review Vol. 64, No. 2 (Apr., 1955), pp. 175-191 Duke University Press) mas se é um direito natural, como assegurar esse direito a todos com imparcialidade diante de tantas influências do meio em que vivemos? E como isso pode ser um direito se nem conseguimos defini-lo?
 Se recorrermos a um dicionário encontraremos uma definição mais ou menos como a descrita a baixo: 
Liberdade
substantivo feminino
1. grau de independência legítimo que um cidadão, um povo ou uma nação elege como valor supremo, como ideal.
2. p.ext. conjunto de direitos reconhecidos ao indivíduo, isoladamente ou em grupo, em face da autoridade política e perante o Estado; poder que tem o cidadão de exercer a sua vontade dentro dos limites que lhe faculta a lei.
 Dentro do dicionário a definição parece bem simples de entender, mas na vida real há uma complexidade. Pois se levarmos certas afirmações em consideração chegaremos à conclusão que temos uma certa liberdade ou mesmo nenhuma liberdade.
 Algumas considerações:
 A sócio biologia tem algum sucesso na aplicação da teoria evolutiva para o comportamento animal, mas porque é impossível testar os princípios da seleção natural sobre a qual se baseia, o suporte empírico para correlações evolutivas do comportamento humano é fraco. (Lindsey, 2011, p. 25).
 Determinismo: A afirmação de que a biologia determina ou pode explicar todo o comportamento humano. Ou a afirmação de que alguns fenômenos são inteiramente cultural enquanto outros são totalmente biológicos.
 A biologia não alega que a natureza humana é "regida" por genes ou determinada exclusivamente por ela, na verdade, introdutórios livros de psicologia evolutiva alertam sobre visões deterministas da natureza humana (Buss, 2008; Gaulin e McBurney, 2004). Por exemplo, Rossano (2003) afirma: "Os psicólogos evolucionistas firmemente rejeitam tanto o determinismo genético e o determinismo ambiental e, em vez disso, afirmam que ambos os genes e do ambiente devem ser considerados na compreensão da mente humana”. Acreditam que entender a natureza humana requer um quadro interacionista; isto é, incorporando tanto a biologia e cultura. Como Tooby e Cosmides (1992) destacaram.
 Além do mais, se estas explicações biológicas são verdadeiras, nenhuma quantidade de iniciativa política, nenhuma quantidade de gastos sociais, nem grandes intervenções políticas vai mudar as relações entre os humanos" ou entre humanos e o meio em que vivem (Kimmel, 2013, p. 22).
 Mas o que fazemos todos os dias têm relação com o quê? Será que nossas ações são sempre nossas escolhas feitas com a liberdade que temos ou pensamos que temos?
 Muitos trabalhos de pesquisa se propõem a demonstrar que muito do que fazemos e sentimos não é consciente, e que respostas imediatas a estímulos internos e externos são oriundas de um conjunto de respostas automáticas herdadas a partir de matrizes biológicas e aperfeiçoadas durante a vida. Esses estudos defendem a tese segundo a qual o cérebro vem ao mundo não como uma tabula rasa, mas com certos “programas neurais especializados”. Embora cada pessoa não seja uma máquina biológica programada para responder a estímulos de forma automática e imediata há o reconhecimento da existência e da efetividade de processos automáticos e não conscientes não elimina o papel de nosso aparato cognitivo e a possibilidade de agirmos de forma intencional e consciente, e mesmo assim podemos não ter liberdade, dependendo do que encaramos como ser livre.

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