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Resumo Direito Penal II

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Resumo Direito Penal II
Concurso de Pessoas – Art. 29 CP
As infrações penais, em sua maioria, podem ser praticadas por apenas um indivíduo, que, em virtude dessa atuação isolada, será considerado seu autor. Todavia, também podem ser objeto de uma prática plural, naquelas hipóteses em que duas ou mais pessoas, subjetivamente vinculadas, contribuem para a sua ocorrência. Nesse último caso, estaremos diante do fenômeno do concurso de pessoas.
Para o reconhecimento de um concurso de pessoas, alguns requisitos impõem sua presença, a saber:
(a) pluralidade de condutas;
(b) relevância causal e jurídica das condutas praticadas;
(c) liame subjetivo entre os concorrentes.
Por pluralidade de condutas (a), entendamos a adoção de comportamentos pelos diversos agentes, visando à produção de um resultado comum (identidade da infração penal). Exemplificando, se alguém empresta uma chave falsa para que outrem cometa um furto qualificado, teremos a mencionada pluralidade.
Todavia, os comportamentos praticados devem, de fato, contribuir para a produção desse resultado comum (b). Assim, embora em posse da chave, se o executor opta por não a usar, valendo-se de outro meio, e sequer o empréstimo serve como estímulo para que o autor decida pelo furto, a cessão da chave não possui relevância causal no contexto da infração praticada. Portanto, o cedente não será partícipe do furto. Ainda, é imprescindível que haja adesão à vontade alheia (c). Aquele que empresta a chave conhecendo o propósito do autor do furto e sabendo que o instrumento será usado na empreitada criminosa, produz a referida adesão, denominada liame subjetivo.
Esse liame não existirá, por exemplo, se o autor insinua a um chaveiro que pretende treinar para trabalhar no mesmo ofício, obtendo com isso, mediante engodo, a posse do instrumento. Mister um parêntese: liame subjetivo não implica necessariamente acordo de vontades. Por exemplo, será participante de crime alheio o empregado de um estabelecimento empresarial que, violando seu dever profissional, deixa conscientemente de trancar um cofre existente na empresa, por saber da intenção de outro empregado em subtrair o seu conteúdo, com o que, mesmo sem a ciência do executor, facilita o delito.
Teoria do domínio de fato
Busca estabelecer um critério mais preciso de distinção entre autoria e participação em sentido estrito. A teoria tem o autor como a figura central do delito, o que pode ocorrer em três hipóteses:
Autoria Imediata: Consiste no domínio da ação (realização pessoal do fato). Autor é quem executa o crime, controlando, dessa forma, o acontecimento criminoso. É o que ocorre, em uma lesão corporal, com o executor que golpeia a vítima, ou, no furto, em relação a quem diretamente pratica a subtração, por exemplo.
Autoria Mediata: A autoria mediata surge através do domínio da vontade alheia. Isso se dá quando o autor, por exemplo, induz uma pessoa ao erro (erro determinado por terceiro – art. 20, § 2º, do Código Penal); quando conduz o executor à ação criminosa em situação de inexigibilidade de conduta diversa (art. 22, do Código Penal); ou quando se vale de inimputável para a prática criminosa.
Exemplo: Alfredo, feirante, querendo dar um prejuízo no seu vizinho de feira Caio oferece um doce para o débil mental Tuco derrubar a barraca de Caio.
Autoria Colateral: nesta circunstância os agentes desconhecem a vontade um do outro, não há liame subjetivo (vinculo psicológico associativo) para a prática do mesmo crime. 
Caso Concreto 1 - Ricardo, menor inimputável, com 14 anos de idade, disse para Lúcio, maior de idade, que pretendia subtrair aparelhos de som (CD player) do interior de um veículo. Para tanto, Lúcio emprestou-lhe uma chave falsa, plenamente apta a abrir a porta de qualquer automóvel. Utilizando a chave, Ricardo conseguiu seu intento. Na situação acima narradas, quem é partícipe de furto executado por menor de idade responde normalmente por esse crime? Fundamente sua resposta de acordo com teoria adotada pelo Código Penal quanto à natureza jurídica da participação.
Resposta fundamentada na teoria da acessoriedade limitada, onde diz que a conduta não precisa ser levada a cabo pelo agente culpável, basta ser típica e ilícita. Desta forma, o partícipe de furto responderá normalmente pelo crime.
2) Caio, com a intenção de matar, coloca na xícara de chá servida a Tício certa dose de veneno. Mévio, igualmente interessado na morte de Tício, desconhecendo a ação de Caio, também coloca certa dose de veneno na mesma xícara. Tício vem a falecer por efeito combinado das duas doses ingeridas, já que cada uma delas, isoladamente, seria insuficiente para produzir a morte, segundo conclusão da perícia. Caio e Mévio agiram individualmente, cada um desconhecendo o plano, a intenção e a conduta do outro. 
Letra D – como não houve liame subjetivo entre os agentes não há que se falar em concurso de pessoas. Concluímos também que a autoria é inserta, que ocorre no contexto da autoria colateral quando não é possível qual ou quais condutas efetivamente produziu o resultado lesivo. Desta forma aplica-se o principio do indubio pro réu de modo a tipificar ambas as condutas pela tentativa de homicídio. 
3) Bruno, previamente ajustado com Eduardo, subtrai dinheiro de entidade paraestatal, valendo-se da facilidade que lhe proporciona o cargo que nela exerce, circunstancia, entretanto desconhecida de Eduardo. Mais tarde, em local seguro, dividem o produto do crime, quando são surpreendidos pela Polícia e presos em flagrante, sendo apreendido todo o dinheiro subtraído, enfim devolvido à vítima. Entende-se que: 
Letra B – No caso apresentado Bruno utilizou da facilidade que seu cargo lhe ofereceu para subtrair tal objeto, cometendo peculato. Porém, Eduardo desconhecia a situação e responderá por furto, ambos consumados.
Causa obrigatória de aumento e diminuição de penas
Majorantes e Minorantes – Estão expressas no código penal, com a porcentagem ideal de cada aumento ou diminuição.
Atenuante e Agravantes – Caberá ao juiz ao analisar o caso concreto e agravar ou atenuar a pena do réu.
Concurso de Crimes
Concurso de crimes quer dizer que o agente ou um grupo de agentes cometeu dois ou mais crimes mediante a prática de uma ou várias ações. Portanto, dentro de uma mesma dinâmica há a pratica vários crimes. Se subdivide em:
 Concurso material Art. 69 CP – Ocorre quando o agente mediante mais de uma conduta (ação ou omissão) pratica dois ou mais crimes idênticos ou não. 
Exemplo: Fulano, armado com um revolver, atira em Cicrano e depois atira em Beltrano, ambos morrem. Neste exemplo, há duas condutas e dois resultados idênticos.
No concurso material, o agente deve ser punido pela soma das penas privativas de liberdade.
Concurso formal Art. 70 CP – Ocorre quando o agente mediante uma conduta (ação ou omissão) pratica dois ou mais crimes idênticos ou não. 
Exemplo: Fulano atropela três pessoas e elas morrem. Neste exemplo, nós temos três resultados idênticos diante de uma única conduta. 
Portanto, os requisitos para que se configure o concurso formal são: Única conduta e dois ou mais resultados que sejam fatos típicos e antijurídicos.
Em relação à punição, Gilherme Nucci explica que “No Concurso formal, o agente deve ser punido pela pena mais grave, ou uma delas, se idênticas, aumentada de um sexto até a metade, através do sistema de exasperação”, enquanto que se houverem desígnios autônomos a pena será cumulativa conforme previsto nos crimes materiais. 
Desígnios autônomos quer dizer que o agente tem a intenção (dolo) de praticar dois ou mais crimes mediante uma única conduta. Nesse sentido, a pena será cumulada (soma das penas). 
Crime continuado – Ocorre quando o agente, reiteradamente, mediante mais de uma conduta (ação ou omissão) pratica dois ou mais crimes da mesma espécie, nas mesmas condições de tempo, ação e lugar. Por exemplo, a empregada que furta toda semana da carteira da patroa R$ 10,00. 
Quais as condições de tempo? Toda semana.Ação? Furto. Lugar? Carteira da patroa.
A rigor, cada vez que a empregada furta R$ 10,00 é considerado um crime de furto qualificado, pois, acrescenta-se o abuso de confiança entre a empregada e a patroa. O furto qualificado tem uma pena mínima de 2 anos, portanto, se ocorresse 50 crimes desta natureza, a empregada teria uma pena de 100 anos. Isso seria um tanto quanto injusto, pois quem mata uma pessoa tem pena mínima de 6 anos, enquanto que nesse caso ela teria uma pena de 100 anos. Portanto, identificando que houve a prática reiterada, as mesmas condições de tempo, ação e lugar, aplica-se a pena de um só crime se idêntico ou a mais grave se diferentes, aumentada a pena. O crime continuado nada mais é do que um concurso material de crimes, porém com regra de apelamento de concurso formal.
Caso Concreto 2 – Hercílio e Arnaldo, em unidade de desígnios e fortemente armados, no dia 15 de março de 2011, por volta das 23h, invadiram a residência de Hélio e Maria Rosa, na zona rural de Nova Iguaçu de Goiás, amarraram o casal e seus dois filhos, Vitória e Lélio, de 12 e 8 anos, cerceando sua liberdade pelo período de duas horas, causando-lhes extremo temor e traumas indeléveis. Durante o referido lapso temporal, os agentes vasculharam toda a casa e separaram alguns bens que a guarneciam (televisão, aparelho de som e alguns eletrodomésticos) para posterior subtração. Findo este prazo, levaram o casal à área externa da residência, com mãos e pés amarrados, os obrigaram a se ajoelhar no gramado e desferiram-lhes dois tiros pelas costas, tendo as vítimas morrido instantaneamente. Do feito, Hercílio e Arnaldo restaram denunciados e condenados pelos delitos de latrocínio consumado (roubo seguido de morte) em concurso formal de crimes. Inconformados com a decisão proferida interpuseram apelação criminal com vistas à reforma do julgado e consequente descaracterização da incidência do art.70, do Código Penal, sob o argumento de que apenas ocorrera uma subtração patrimonial e a morte de duas vítimas, o que configuraria crime único de latrocínio e não concurso formal impróprio. Ante o exposto, com base nos estudos realizados sobre o tema concurso de crimes responda de forma objetiva e fundamentada: A pretensão dos agentes é procedente?
A pretensão de Hercílio e Arnaldo deve ser julgada improcedente, face á presença de pluralidade de desígnios em relação ao bem jurídico vida, haja vista a conduta ter recaído sobre vitimas distintas. Os agentes agiram com dolo em cada homicídio executado, o que afastaria a caracterização de um delito único de latrocínio, os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomo, daí a aplicação do cumulo material em concurso formal previsto no Art. 70 segunda parte do CP (imperfeito, anormal ou impróprio).
Simplício ingressou em um ônibus linha Centro, Jardim Violeta, no centro da cidade do Rio de Janeiro com o dolo de subtrair pertences dos passageiros. Meia hora após o ingresso no ônibus, sentou ao lado de um passageiro que cochilava e subtraiu-lhe a carteira dentroda mochila sem que ele percebesse. Em seguida, com emprego de grave ameaça, atemorizou Abrilina e Lindolfo, obrigando-os a entregar seus celulares. Ante o exposto, sendo certo que, no caso do primeiro passageiro Simplício praticou o delito de furto e, no caso de Abrilina e Lindolfo, os delitos de roubo, diferencie de forma objetiva e fundamentada concurso material e concurso formal de crimes a partir dos sistemas de aplicação de pena adotados em cada instituto e apresente o sistema aplicável ao caso concreto.
Ao caso concreto, aplica-se o sistema do concurso material de crimes, na classificação heterogênea, pois Simplício furtou a carteira de um passageiro – sem uso de violência – e roubou outros dois passageiros – com emprego de violência. Portanto, o réu responderá pela soma das penas – cumulação.
Concurso formal – o agente com uma única ação ou omissão comete mais de um crime e responde pela mais grave das penas, no caso de crimes idênticos somente uma das penas é aplicada. Em qualquer das hipóteses a pena será aumentada de 1/6 até a metade.
São requisitos do concurso formal ou ideal de crimes:
Conduta única: que não é importa obrigatoriamente em ato único, pois há condutas fracionáveis em diversos atos a exemplo, do roubo em ônibus.
Pluralidade de crimes: a primeira parte do Art. 70 refere-se ao concurso formal perfeito (normal ou próprio) quando não há desígnios autônomos em relação a cada crime. Na verdade consagramos os crimes culposos e os crimes aberrantes nessa linha concursal. Exemplo: Um motorista de van causa um acidente e mata culposamente 5 passageiros. Irá responder a um só processo por todos os crimes, mas uma só pena será aplicada aumentada de 1/6 até a metade a isso chamamos de sistema de exasperação. 
Na segunda parte do Art. 70 vemos o concurso formal imperfeito (anormal ou impróprio) quando há desígnios autônomos em relação a cada crime – isso ocorre nos crimes dolosos, exemplo: alguém coloca veneno numa caixa d’gua para matar ao mesmo tempo 10 pessoas da mesma família conseguindo o seu intento. 
Os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos e as penas serão cumulativas.
Caso Concreto 3 – Adalto Cleto, Linaldo Reis e Ronaldo Mello, comerciantes de equipamentos de informática, foram denunciados pela suposta prática dos crimes de descaminho e associação criminosa em concurso material de crimes (art.334, §1º, a, e, d, art.288, caput, nf. do art.69, todos do Código Penal), por terem sido flagrados transportando no carro do primeiro corréu peças de informática de procedência estrangeira vindas do Paraguai desacompanhadas da documentação legal, bem como por, supostamente, tê-las introduzido clandestinamente no país. O flagrante delito foi convolado em prisão preventiva sob o fundamento de que os corréus, caso soltos, incrementariam risco à ordem pública ou econômica e à conveniência da instrução criminal. Sendo certo que as penas máximas em abstrato alcançam, respectivamente, 4 (quatro) e 3 (três) anos de reclusão e que, portanto, poderão vir a ser substituídas por penas restritivas de direitos consoante o disposto no art.44, do Código Penal caso os corréus sejam definitivamente condenados, na qualidade de advogado dos corréus, apresente a tese defensiva a ser sustentada em sede Habeas Corpus para fins da concessão da liberdade provisória ao respectivo Tribunal Regional Federal. Responda de forma objetiva e fundamentada de acordo com os princípios norteadores da pena criminal.
Por força do Art.44 CP no final do processo a pena privativa de liberdade por não excede os 4 anos será revertida em pena restritiva de direitos. Baseado no princípio da homogeneidade e do princípio da proporcionalidade da pena, deverá exercer função especificamente ao crime cometido, de acordo com a situação do delito, em caráter preexistente, contemporâneo e superveniente ao ato. Não sendo razoável manter o acusado preso em regime mais rigoroso do que aquele que eventualmente lhe será imposto com a condenação.
Caso Concreto 4 – Ricardo cometeu um delito de roubo no dia 10/11/2007, pelo qual foi condenado no dia 29/08/2009, sendo certo que o trânsito em julgado definitivo de referida sentença apenas ocorreu em 15/05/2010. Ricardo também cometeu, no dia 10/09/2009, um delito de extorsão. A sentença condenatória relativa ao delito de extorsão foi prolatada em 18/10/2010, tendo transitado definitivamente em julgado no dia 07/04/2011. Ricardo também praticou, no dia 12/03/2010, um delito de estelionato, tendo sido condenado em 25/05/2011. Tal sentença apenas transitou em julgado no dia 27/07/2013. Nesse sentido, tendo por base apenas as informações contidas no enunciado, responda aos itens a seguir.
a) O juiz, na sentença relativa ao crime de roubo, deve considerar Ricardo portador de bons ou maus antecedentes?
R: Deve ser considerado portador de bons antecedentes, pois a eventual sentença condenatória ainda não transitada em julgado.
b) O juiz, na sentença relativa ao crimede extorsão, deve considerar Ricardo portador de bons ou maus antecedentes? Na hipótese, incide a circunstância agravante da reincidência ou Ricardo ainda pode ser considerado réu primário?
R: Ricardo é primário, pois o crime de extorsão foi cometido em 10/09/2009, antes do transito em julgado da sentença que o condenou pelo roubo. Ricardo é portador de maus antecedentes, pois na data da sentença relativa ao delito de extorsão (18/10/2010) já havia ocorrido o transito em julgado da sentença de roubo.
c) O juiz, na sentença relativa ao crime de estelionato, deve considerar Ricardo portador de bons ou maus antecedentes? Na hipótese, incide a circunstância agravante da reincidência ou Ricardo ainda pode ser considerado réu primário?
R: Neste caso, como a sentença foi prolatada em 25/05/2011, já tendo ocorrido o transito em julgado das condenações anteriores, seja pelo roubo (em 15/05/2010), seja pela extorsão em (em 07/04/2011), devera o juiz considerar o réu, portador de maus antecedentes, mas não poderá incidir as agravantes da reincidência, devendo ser ele considerado primário.
Caso Concreto 5 – Toni e foram condenados como incursos nas sanções do artigo 121, caput, (réu Chris) e artigo 121, § 2º, I, (réu Toni), na forma do artigo 29, todos do Código Penal. Chris foi condenada à pena de 07 (sete) anos de reclusão, a ser cumprida em regime inicial semiaberto, e Toni, à pena de 13 (treze) anos e 07 (sete) meses de reclusão, a ser cumprida em regime inicial fechado pela prática de homicídio qualificado pelo motivo torpe. Inconformados com a pena fixada pelo Conselho de Sentença interpõem recurso de apelação por intermédio de seus advogados com vistas à reforma da sentença e a realização de novo julgamento pelo Tribunal do Júri ou à readequação da pena imposta com base no art. 593, III, alíneas b, c e d, do Código de Processo Penal (fl. XX). Sustenta a defesa em suas razões em relação ao réu Toni (fl. XY) que houve equívoco do juízo no que tange à aplicação da pena, havendo erro e injustiça quando da fixação da reprimenda. Alega que a pena-base foi fixada acima do devido, sendo as circunstâncias e consequências normais e inerentes ao tipo penal, não se mostrando fatores a considerar para aumentar a pena-base. Acrescenta que a vítima contribuiu para a ocorrência do crime, devendo a pena-base ser fixada no mínimo legal. Aduz, com base no artigo 593, III, d, do CPP, que a decisão dos jurados é manifestamente contrária à prova produzida nos autos, devendo ser realizado novo júri. Requer o provimento da apelação, para reconhecer que a decisão dos jurados é manifestamente contrária à prova dos autos (artigo 593, III, d, do CPP) ou que seja provido o apelo, com base no artigo 593, III, a, b e c, do CPP. Ante o exposto, responda às questões apresentadas de forma objetiva e fundamentada a partir dos estudos realizados sobre individualização de pena:
a) A tese defensiva deve prosperar no que concerne à fixação da pena-base acima do mínimo legal?
R: A tese está correta, pois a torpeza já foi utilizada como qualificadora na pena base, não podendo ser utilizada como agravante de pena, conforme Art. 64 do CP.
b) b) A qualificadora motivo torpe, prevista no §2, inciso I do art.121, do Código Penal foi utilizada pelo magistrado em qual momento do sistema trifásico de aplicação de pena?
R: A qualificadora gera um tipo penal derivado e apresenta uma nova pena abstrata, motivo pelo qual o juiz realiza sua valoração na configuração da pena base.
 c) Diferencie qualificadora de causa aumento de pena:
R: Qualificadoras – implica no reconhecimento de uma especial forma de agir do agente e o legislador aumenta de forma matemática a pena do réu.
Majorantes – são circunstâncias que agravam obrigatoriamente a pena do agente em limites percentuais, dependendo do número colacionado. 
Caso Concreto 6 – Abelardo Rocha foi condenado pela prática de dois delitos de roubo majorado pelo concurso de pessoas e pelo emprego de arma de fogo em concurso material de crimes (art.157, §2º, I e II 2x nf art.69, ambos do Código Penal) à pena unificada de 16 anos, 1 mês e seis dias de reclusão a ser cumprida em regime inicialmente fechado, tendo iniciado seu cumprimento em 12 de julho de 2007. Em 05 de maio de 2010, progrediu para o regime semi-aberto de cumprimento de pena e, em 14 de dezembro de 2012, preenchidos os requisitos para o progressão de regimes para o regime aberto teve, entretanto, determinado pelo Juízo das Execuções seu cumprimento em prisão domiciliar face à ausência de vagas em Casa de Albergado. Inconformado com a decisão, o membro do Ministério Público interpôs agravo em execução com vistas à cassação do “benefício”, o que foi provido pelo Tribunal de Justiça. Com base nos estudos realizados sobre os princípios informadores da Teoria da Pena, desenvolva de forma objetiva e fundamentada a tese defensiva a ser apresentada em sede de Habeas Corpus com vistas à manutenção do cumprimento de pena em prisão domiciliar.
Tendo Abelardo cumprido os requisitos objetivos (quantidade de pena) e subjetivos (bom comportamento) para progressão no regime cumprimento, em que saiu do regime fechado para semi-aberto e do semi-aberto para o aberto. É legítimo a aplicação da prisão domiciliar, em função da ausência de vagas na Casa de Albergado.
Concurso formal:
Espécies:
I – Concurso formal homogêneo e heterogêneo
	HOMOGÊNEO
	HETEROGÊNEO
	O agente, com uma única conduta, pratica dois ou mais crimes idênticos.
	O agente, com uma única conduta, pratica dois ou mais crimes diferentes.
	Ex: o sujeito, dirigindo seu veículo de forma imprudente, avança na contramão e atinge outro carro matando as duas pessoas que lá estavam (dois homicídios culposos – art. 302 do CTB).
	Ex: o sujeito, dirigindo seu veículo de forma imprudente, avança na contramão e atinge outro carro matando uma pessoa que lá estava e ferindo a outra (um homicídio culposo e uma lesão corporal culposa – art. 302 e 303 do CTB).
II – Concurso formal perfeito e imperfeito
	PERFEITO (normal, próprio)
	IMPERFEITO (anormal, impróprio)
	O agente produziu dois ou mais resultados criminosos, mas não tinha o desígnio de praticá-los de forma autônoma.
	Quando o agente, com uma única conduta, pratica dois ou mais crimes dolosos, tendo o desígnio de praticar cada um deles (desígnios autônomos).
	Ex1: João atira para matar Maria, acertando-a. Ocorre que, por culpa, atinge também Pedro, causando-lhe lesões corporais. João não tinha o desígnio de ferir Pedro.
Ex2: motorista causa acidente e mata 3 pessoas. Não havia o desígnio autônomo de praticar os diversos homicídios.
	Ex1: Jack quer matar Bill e Paul, seus inimigos. Para tanto, Jack instala uma bomba no carro utilizado pelos dois, causando a morte de ambos. Jack matou dois coelhos com uma cajadada só.
Ex2: Rambo vê seu inimigo andando de mãos dadas com a namorada. Rambo pega seu fuzil e resolve atirar em seu inimigo. Alguém alerta Rambo: “não atire agora, você poderá acertar também a namorada”, mas Rambo responde: “eu só quero matá-lo, mas se pegar nela também tanto faz. Não estou nem aí”. Rambo, então, desfere um único tiro que perfura o corpo do inimigo e acerta também a namorada. Ambos morrem.
	Pode ocorrer em duas situações:
     DOLO + CULPA: quando o agente tinha dolo de praticar um crime e os demais delitos foram praticados por culpa (exemplo 1);
     CULPA + CULPA: quando o agente não tinha a intenção de praticar nenhum dos delitos, tendo todos eles ocorrido por culpa (exemplo 2).
	Ocorre, portanto, quando o sujeito age com dolo em relação a todos os crimes produzidos.
Aqui é DOLO + DOLO. Pode ser:
     Dolo direto + dolo direto (exemplo 1);
     Dolo direto + dolo eventual (exemplo 2).
	Fixação da pena:
Regra geral: exasperação da pena:
     Aplica-se a maior das penas, aumentada de 1/6 até 1/2.
     Para aumentar mais ou menos, o juiz leva em consideração a quantidade de crimes.
Exceção: concurso material benéfico
O montante da pena para o concurso formalnão pode ser maior do que a que seria aplicada se houvesse feito o concurso material de crimes (ou seja, se fossem somados todos os crimes).
É o caso do exemplo 1, que demos acima, sobre João. A pena mínima para o homicídio simples de Maria é 6 anos. A pena mínima para a lesão corporal culposa de Pedro é 2 meses.
Se fôssemos aplicar a pena do homicídio aumentada de 1/6, totalizaria 7 anos.
Se fôssemos somar as penas do homicídio com a lesão corporal, daria 6 anos e 2 meses.
Logo, nesse caso, é mais benéfico para o réu aplicar a regra do concurso material (que é a soma das penas). É o que a lei determina que se faça (art. 70, parágrafo único, do CP) porque o concurso formal foi idealizado para ajudar o réu.

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