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Campus Pau dos Ferros-RN Disciplina: Álgebra Linear Professora: Mônica Sousa Assunto: Espaços de Produto Interno e Processo de Granm- Schimite Data: 12 de outubro de 2016 1 Espaços de Produto Interno Podermos operar com os vetores em um espaço vetorial nos levou a necessidade de generalizar as noções de comprimento (ou magnitude), ângulo, distância e ortogonali- dade, existentes em R3 à qualquer espaço vetorial, e com isso, como facilitar a obtenção dos vetores, o que acontece quando conhecemos uma base ortonormal, conceito que depende da ortogonalidade. Por isso, precisamos da seguinte definição: Definição 1. Seja V um espaço vetorial real, não necessariamente de dimensão finita. Um produto interno em V é uma função f : V × V → R tal que f(u, v) = a onde u, v ∈ V e representamos a por (u, v), e lemos "produto interno de u e v" ou "u interno v", que satisfaz a propriedades a segui: (a) (u, u) ≥ 0 e (u, u) = 0 ⇔ u = 0V ; (b) (u, v) = (v, u), ∀u, v ∈ V ; (c) (u+ v, w) = (u, v) + (v, w), ∀u, v, w ∈ V ; (d) (cu, v) = c(u, v), ∀u, v ∈ V e c ∈ R. Por exemplo, para u = [ u1 u2 ] e v = [ v1 v2 ] em R2 definindo (u, v) = u1v1 − u2v1 − u1v2 + 3u2v2 temos um produto interno em R2, pois (a) (u, u) = u12 − 2u1u2 + 3u22 = (u1 − u2)2 + 2u22 ≥ 0 e (u, u) = 0 ⇒ (u1 − u2)2 + 2u22 = 0 ⇒ (u1 − u2)2 = 0 e 2u22 = 0 ⇒ u1 = u2 e u2 = 0 ⇒ u = 0V ; (b) (u, v) = u1v1 − u2v1 − u1v2 + 3u2v2 = v1u1 − v2u1 − v1u2 + 3v2u2 = (v, u); 1 (c) (u+ v, w) =(u1 + v1)w1 − (u2 + v2)w1 − (u1 + v1)w2 + 3(u2 + v2)w2 =(u1w1 − u2w1 − u1w2 + 3u2w2) + (v1w1 − v2w1 − v1w2 + 3v2w2) =(u,w) + (v, w) (d) (cu, v) =(cu1)v1 − (cu2)v1 − (cu1)v2 + 3(cu2)v2 =c(u1v1 − u2v1 − u1v2 + 3u2v2) =c(u, v) donde as propriedade de produto interno são satisfeitas. ::::::::::::: Observação: Notemos que um espaço vetorial pode ter mais do que um produto interno. Agora, se a dimV = n, então todo produto interno é completamente determinado, já que: Teorema 1. Sejam S = {u1, u2, . . . , un} uma base de V e (u, v) um produto interno em V . Se C = [cij ] onde cij = (ui, uj), então: (a) C é simétrica; (b) C determina (v, w) para todo v e w em V . Assim, um produto interno em um espaço vetorial de dimensão finita pode ser calculado usando o produto interno em Rn, (v, w) = ([v]S , C[w]S) = [v]v TC[w]S , ou seja, é a multiplicação da transposta do primeiro vetor de coordenadas por C e o segundo vetor de coordenadas. Por exemplo, em P1 para (p(t), q(t)) = 2a1b1+a2b1+a1b2+2a2b2 em relação a base ordenada S = {t, 1} teríamos t = 1 · t+ 0 e 1 = 0 · t+ 1, daí c11 = (t, t) = 2 + 0 + 0 + 0 e c12 = (t, 1) = 0 + 0 + 0 + 0 c21 = (1, t) = 0 + 0 + 0 + 0 e c22 = (1, 1) = 0 + 0 + 0 + 2 donde C = I2. ::::::::::::: Observação: 2 1. A matriz C é chamada de matriz do produto interno em relação à base ordenada S; 2. Uma matriz n×n simétrica C com propriedade de que xTCx > 0, ∀x ∈ Rn é dita positiva definida; 3. Uma matriz definida positiva é não singular. Por exemplo, Se C = [ 2 1 1 2 ] , então C é definida positiva, pois xTCx = [ x1 x2 ] [ 2 1 1 2 ][ x1 x2 ] = 2x1 2+2x1x2+2x2 2 = x1 2+(x1 2+2x1x2+x2 2)+x2 2 > 0. Definição 2. Um espaço vetorial real com um produto interno definido nele é chamado de espaço com produto interno. Se o espaço tem dimensão finita, ele é chamado de espaço euclidiano. Assim, tem-se: Definição 3. Em um espaço com produto interno, definimos o comprimento de um vetor u por ‖u‖ = √ (u, u). Por exemplo, se f(t) = 1 + t no espaço com produto interno das funções contínuas em [0, 1] onde (f, g) = ∫ 1 0 f(t)g(t)dt, então seu comprimento é ‖f‖ = √∫ 1 0 f(t)2dt = √∫ 1 0 (t2 + t+ 1)dt = 1 3 + 1 2 + 1− 0 = 5 6 . Para o cosseno do ângulo precisamos: Teorema 2. (Desigualdade de Cauchy-Schwarz) Se u e v são vetores em um espaço com produto interno V , então |(u, v)| ≤ ‖u‖‖v‖. Daí, obtemos que |(u,v)|‖u‖‖v‖ está entre −1 e 1 e definimos: Definição 4. O ângulo entre dois vetores em um espaço com produto interno é tal que cos θ = |(u, v)| ‖u‖‖v‖ , 0 ≤ θ ≤ pi. 3 Por exemplo, Em P2 com (p(t), q(t)) = ∫ 1 0 p(t)q(t)dt tem-se ‖p(t)‖ = √ 49 3 , ‖q(t)‖ = √ 13 3 e (p(t), q(t)) = −296 , donde cos θ = − 29 2 √ 19 · 13 . Além disso, ::::::::::::: Observação: 1. (Desigualdade triangular) Se u, v ∈ V , então ‖u+ v‖ ≤ ‖u‖+ ‖v‖; 2. Definimos a distância entre u e v por d(u, v) = ‖u− v‖; 3. Dizemos que u e v são ortogonais se (u, v) = 0; 4. E um conjunto S é dito ortogonal se quaisquer dois vetores distintos em S forem ortogonais. Será ortonormal se, além disso, forem de comprimento unitários. Por exemplo, se x1 = 1 0 2 , x2 = −2 0 1 e x3 = 0 1 0 , então S = {x1, x2, x3} é ortogonal, pois (x1, x2) = −2 + 0 + 2 = 0 (x1, x3) = 0 + 0 + 0 = 0 (x2, x3) = 0 + 0 + 0 = 0. Lembrando que o produto interno definido em R3 para u = u1 u2 u3 e v = v1 v2 v3 com (u, v) = u1v1 + u2v2 + u3v3. E um resultado importante, quando queremos obter bases com o mínimo de cál- culo é: Teorema 3. Se S = {u1, u2, . . . , un} é um conjunto ortogonal finito de vetores não nulos em V com produto interno, então S é L.I. Por exemplo, no exemplo anterior temos que S = {v1, v2, v3} é L.I. 2 Processo de Gram-Schmidt Assim, em todo espaço euclidiano V podemos obter uma base S que é um conjunto ortonormal, ou seja, Definição 5. Dizemos que uma base S em um espaço vetorial de dimensão finita com produto interno é uma base ortonormal, se for um conjunto ortonormal. 4 Dessa forma qualquer vetor em V é escrito sem muito esforço, pois basta conhecer uma base e o produto interno do espaço, já que Teorema 4. Seja S = {u1, u2, . . . , un} uma base ortonormal de um espaço euclidiano V e v um vetor em V . Então v = a1u1 + a2u2 + . . .+ anun em que ai = (v, ui), para i = 1, 2, . . . , n. Com isso precisamos garantir a existência de tal base, ou seja, Teorema 5. (Processo de Gram-Schmidt) Se V é um espaço com produto interno eW 6= {0} um subespaço de dimensão m, então exite uma base ortonormal T = {w1, w2, . . . , wm} de W . Em sua demonstração vemos que para obter uma base ortonormal T , primeiro obtemos uma T ∗ = {v1, v2, . . . , vm} fazendo: 1. Tomando uma base S = {u1, u2, . . . , um} qualquer de W ; 2. Escolhemos um vetor u1 para ser o v1 de T ∗; 3. Fazemos uma combinação linear v2 = a1u1 + a2u2 e obtemos os coeficientes tais que (v1, v2) = 0; 4. Em seguida, tomamos uma combinação linear v3 = a1v1 + a2v2 + a3u3, obtendo os coefici- entes tais que (v3, v1) = 0 e (v3, v2) = 0; 5. Novamente, tomamos uma combinação linear v4 = a1v1 + a2v2 + a3v3 + a4u4, obtendo os coeficientes tais que (v4, v1) = 0, (v4, v2) = 0 e (v4, v3) = 0; 6. Seguimos nesse processo até obter vm. E finalizando tomando os vetores de comprimento unitários na direção do vi, chamados versores, obtendo wi = 1‖vi‖vi para os vetores da base ortonormal procurada T . Por exemplo, se W = R4 com produto interno padrão, transformemos a base S = {u1, u2, u3}, onde u1 = 1 1 1 0 , u2 = −1 0 −1 1 , u3 = −1 0 0 −1 , em uma base ortonormal T = {w1, w2, w3} (I) Tomamos v1 = u1 e fazemos v2 = a1v1+a2u2 ⇒ (v1, v2) = a1(v1, v1)+a2(v1, u2) ⇒ 0 = a1(v1, v1)+a2(v1, u2) 5 (II) Escolhemos a2 = 1 e obtemos v2 = u2 − (v1, u2) (v1, v1) v1. Assim, v2 = −1 0 −1 1 − ( −2 3 ) 1 1 1 0 = −13 2 3 −13 1 . (III) Agora fazemos v3 = a1v1 + a2v2 + a3u3 obtendo 0 = (v1, v3) = a1(v1, v1)+a2(v1, v2)+a3(v1, u3) e 0 = (v2, v3)= a1(v2, v1)+a2(v2, v2)+a3(v2, u3) (II) Escolhemos a3 = 1 e sabendo que (v1, v2) = 0 obtemos v3 = u3 − (v1, u3) (v1, v1) v1 − (v2, u3) (v2, v2) v2. Assim, v3 = −1 0 0 −1 − ( −1 3 ) 1 1 1 0 − ( − 6 15 ) −13 2 3 −13 1 = −45 3 5 −15 −35 . (III) Obtemos assim T ∗ = {v1, v2, v3} ortogonal, também podemos tomar os múltiplos 3v2 e 5v3 que ainda teremos uma outra base T ∗∗ = {v1, 3v2, 5v3} ortogonal. (IV) Multiplicando cada vetor em T ∗ pelo inverso de seu comprimento obtemos a base orto- normal T = 1√ 3 1√ 3 1√ 3 0 , − 1√ 5 2√ 5 − 1√ 5 3√ 5 , − 4√ 35 3√ 35 1√ 35 − 3√ 35 Finalizando, ::::::::::::: Observação: 1. Em cada estágio do processo de Gram-Schmidt, o conjunto ordenado {w1, . . . , wk} é uma base ortonormal do subespaço gerado por {u1, . . . , uk}, 1 ≤ k ≤ n; 2. Um produto interno arbitrário em um espaço euclidiano V , quando expresso em fun- ção das coordenadas em relação a uma base ortonormal, comporta-se como o produto interno padrão de Rn. 6 3 Questões Dirigidas Resolução dos exercícios da seção 5.3, página 281 do Kolman: • Questões: 3., 15., 25. e 29. E do exercício 11. da seção 5.4, página 292 do Kolman: 7 Espaços de Produto Interno Processo de Gram-Schmidt Questões Dirigidas
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