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Novo Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil Prof. Mário Cesar Cobianchi 2º Simpósio do Terceiro Setor UNIMEP 20 10 2016

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Novo Marco Regulat�rio das Organiza��es da Sociedade Civil - Prof. M�rio Cesar Cobianchi - 2� Simp�sio do Terceiro Setor - UNIMEP - 20-10-2016/apresenta��o piracicaba.ppt
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 Número e % de OSCs por Região (2013)
Fonte: MTE (2013).
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 Quantidade de OCS por região e total
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Percentual e número de instituições por Natureza
Fonte: MTE (2013).
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Marco Regulatório das OSC’s
A Lei 13.019/2014 trata das relações de parceria entre a administração pública e as OSCs. Foi publicada em 31 de julho de 2014 e entrou em vigor em 23 de janeiro de 2016, para a União, o Distrito Federal e os estados. Para os municípios, a lei passará a valer a partir de 1° de janeiro de 2017.
O Decreto Federal 8.726/2016 regulamenta a Lei 13.019/2014. 
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Marco Regulatório das OSC’s - CONCEITOS
Parceria: 
Qualquer modalidade de parceria prevista nesta Lei, que envolva ou não transferências voluntárias de recursos financeiros, entre administração pública e organizações da sociedade civil para ações de interesse recíproco em regime de mútua cooperação; (TERMO DE FOMENTO E COLABORAÇÃO)
Dirigente: 
Pessoa que detenha poderes de administração, gestão ou controle da organização da sociedade civil; 
Administrador público: 
Agente público, titular do órgão, autarquia, fundação, empresa pública ou sociedade de economia mista competente para assinar instrumento de cooperação com organização da sociedade civil para a consecução de finalidades de interesse público; 
Gestor: 
Agente público responsável pela gestão da parceria, designado por ato publicado em meio oficial de comunicação, com poderes de controle e fiscalização; 
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ONG’s precisam estar com toda documentação devidamente regularizada
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Marco Regulatório das OSC’s
Agora para o recebimento de Verba Municipal, Estadual ou Federal as Entidades passarão por um processo seletivo, que possibilitará que qualquer Instituição possa participar. 
Por outro lado, neste novo procedimento, as ONG’s precisam estar com toda documentação devidamente regularizada.
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Medidas a serem adotadas pelas OSCs para se adaptar à Lei n.º 13.019/2014
A Lei n.º 13.019/2014 prevê uma série de requisitos para celebração dos Termos de Colaboração e dos Termos de Fomento entre as Organizações da Sociedade Civil (OSCs) e a Administração Pública. 
Dentre seus dispositivos, destacam-se:
 os artigos 33 e 34, que prevêem medidas a serem adotadas pelas OSCs, 
 e o artigo 35, que estabelece providências a serem tomadas pela Administração Pública.
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Regularidade Fiscal e Trabalhista
1-) Prova de inscrição no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ).
http://www.receita.fazenda.gov.br/pessoajuridica/cnpj/cnpjreva/cnpjreva_solicitacao.asp
2-) Prova de regularidade para com a Fazenda Federal, Estadual e Municipal da sede da organização da sociedade civil, ou outra equivalente, na forma da lei.
http://www.receita.fazenda.gov.br/Aplicacoes/ATSPO/Certidao/CndConjuntaInter/InformaNICertidao.asp?Tipo=1 (2.1)
https://www10.fazenda.sp.gov.br/CertidaoNegativaDeb/Pages/EmissaoCertidaoNegativa.aspx (2.2)
http://www.financas.piracicaba.sp.gov.br/servicos+on+line.aspx (2.3)
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3-) Prova de regularidade relativa ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), demonstrando situação regular no cumprimento dos encargos sociais instituídos por lei.
https://www.sifge.caixa.gov.br/Cidadao/Crf/FgeCfSCriteriosPesquisa.asp
4-) Prova de inexistência de débitos inadimplidos perante a Justiça do Trabalho, mediante a apresentação de certidão negativa, nos termos do Título VII-A da Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943 (incluído pela Lei nº 12.440, de 2011). Atenção: o documento exigido é de DÉBITOS trabalhistas, e não de ações.
http://www.tst.jus.br/certidao
5-) Prova de Regularidade do Alvará de Funcionamento e Alvará Sanitário quando assim couber.
Regularidade Fiscal e Trabalhista
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Regularidade Jurídica
1-) Ata de fundação e da ata da última eleição do quadro de dirigentes atuais da OCSs.
2-) Relação nominal atualizada dos dirigentes da entidade, com endereço, número e órgão expedidor da carteira de identidade e número de registro no Cadastro de Pessoas Físicas - CPF da Secretaria da Receita Federal do Brasil - RFB de cada um deles.
3-) Documento que comprove que a organização da sociedade civil funciona no endereço registrado no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica - CNPJ da Secretaria da Receita Federal do Brasil – RFB.
4-) Certificado de Títulos e Qualificações da OSCs (Utilidade Púbica Municipal e ou Estadual, OSCIP, CEBAS). 
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Regularidade Jurídica
5-) Declaração que a entidade não contratará parentes ou empresas, inclusive por afinidade, de dirigentes da proponente ou de membros do poder público concedente.
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Regularidade Jurídica
6-) Regulamento de compras e contratações, aprovado pela administração pública celebrante, em que se estabeleça, no mínimo, a observância dos princípios da legalidade, da moralidade, da boa-fé, da probidade, da impessoalidade, da economicidade, da eficiência, da isonomia, da publicidade, da razoabilidade e do julgamento objetivo e a busca permanente de qualidade e durabilidade.
7-) Certidão Negativa de Falência ou Concordata ou Recuperação Judicial expedida pelo distribuidor da sede da organização.
8-) Prova de propriedade ou posse legítima do imóvel (Certidão de Matrícula do Imóvel registrada no Cartório de Registro de Imóveis) ou ainda contrato de aluguel.
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Requisitos Estatutários
Art. 33. Para poder celebrar as parcerias previstas nesta Lei, as organizações da sociedade civil deverão ser regidas por estatutos cujas normas disponham, expressamente, sobre:
I - objetivos voltados à promoção de atividades e finalidades de relevância pública e social;
II - a constituição de conselho fiscal ou órgão equivalente, dotado de atribuição para opinar sobre os relatórios de desempenho financeiro e contábil e sobre as operações patrimoniais realizadas;
III - a previsão de que, em caso de dissolução da entidade, o respectivo patrimônio líquido seja transferido a outra pessoa jurídica de igual natureza que preencha os requisitos desta Lei e cujo objeto social seja, preferencialmente, o mesmo da entidade extinta;
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Requisitos Estatutários
IV - normas de prestação de contas sociais a serem observadas pela entidade, que determinarão, no mínimo:
a observância dos princípios fundamentais de contabilidade e das Normas Brasileiras de Contabilidade;
que se dê publicidade, por qualquer meio eficaz, no encerramento do exercício fiscal, ao relatório de atividades e demonstrações financeiras da entidade, incluídas as certidões negativas de débitos com a Previdência Social e com o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS, colocando-os à disposição para exame de qualquer cidadão.
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Qualificação Técnica
1-) Prova de Inscrição no Conselho Municipal (Ex.: Assistência Social, Saúde, Educação, etc.) pertinente a área de atuação correspondente da OCSs. 
2-) Comprovação da organização possuir em seu quadro permanente, na data do Chamamento Público, profissionais devidamente habilitados para a execução do objeto, formas de comprovação: 
 a) A comprovação do vínculo empregatício dos profissionais poderá ser feita mediante cópia da Carteira Profissional de Trabalho, da Ficha de Registro de Empregados (FRE) ou contrato de prestação de serviços que demonstrem a identificação do profissional.
 
 b) Apresentação de cópia do diploma de conclusão de curso superior e/ou tecnólogo quando assim
couber.
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Qualificação Técnica
3-) Documento que evidencie a situação das instalações e as condições materiais da entidade, de acordo com as especificações do termo de referência, quando essas instalações e condições forem necessárias para a execução do objeto pactuado.
4-) Atestado de funcionamento regular, emitida por autoridade de outro nível de governo.
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Qualificação Técnica
5-) Declaração de que os dirigentes da entidade não são agentes políticos.
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Qualificação Técnica
6-) Declaração contendo o nome de um gestor indicado pela entidade para ser o responsável pelo controle administrativo, financeiro e de execução da parceria.
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Qualificação Técnica
7-) Declaração de capacidade administrativa, técnica e gerencial para execução ou manutenção das ações previstas no projeto.
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Emendas Parlamentares
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Emendas Parlamentares
1-) Cadastro no CRCE – consultar através do site: http://www.cadastrodeentidades.sp.gov.br/(S(hrytk555zhpdt3555u4sbi3j))/CertificadoPublico.aspx
2-) Cadastro na DRADs (OSC - Assistência Social)
http://autocadastramento.instituicoes.sp.gov.br/ConsultaInstituicao.aspx
3-) CEBAS – (relatório piracicaba – Assis. Social)
Assistência Social - http://mds.gov.br/assuntos/assistencia-social/entidade-de-assistencia-social/certificacao-de-entidades-de-assistencia-social (3.1)
Saúde – http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/o-ministerio/principal/secretarias/831-sas-raiz/dcebas-raiz/cebas-site/l2-cebas/13051-localize-seu-processo (3.2)
Educação - http://cebas.mec.gov.br/ (3.3)
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Mário Cesar Cobianchi
 19 – 99177-0003
assessoria.horto@gmail.com
 https://www.facebook.com/mariocesar.cobianchi
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Plano de Trabalho – (Artigo 22)
O efetivo planejamento e a elaboração de um competente 
plano de trabalho irão determinar o sucesso da parceria 
Poder Público versus Organização da Sociedade Civil. 
O que é o plano de trabalho? 
 O plano de trabalho é um instrumento que integra a documentação a ser apresentada previamente a fase da celebração da parceria. 
 Será apresentado pela organização no momento da entrega de documentos para participação nos chamamentos públicos. 
O plano de trabalho, deve conter todo o detalhamento do projeto/atividade a ser executado incluindo seus aspectos físicos e financeiros. 
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Plano de Trabalho – (Artigo 22)
 O que deve constar no
 plano de trabalho? 
Diagnóstico da realidade 
•deverá ser demonstrado o nexo entre essa realidade e as atividades ou metas a serem atingidas 
Descrição pormenorizadas das metas quantitativas a serem atingidas e das atividades a serem executadas 
•deve estar claro, preciso e detalhado o que se pretende realizar ou obter, bem como quais serão os meios utilizados para tanto 
Prazo para a execução das atividades e cumprimento do objeto; 
Definição de indicadores, qualitativos e quantitativos 
•Os indicadores serão utilizados para a aferição do cumprimento das metas 
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Plano de Trabalho – (Artigo 22)
Demonstração da compatibilidade dos custos com os preços praticados no mercado 
•deverão existir elementos indicativos da mensuração desses custos: cotações, tabelas de preços de associações profissionais, publicações especializadas ou quaisquer outras fontes de informação disponíveis ao público 
Plano de aplicação dos recursos a serem desembolsados; 
Estimativa de valores a serem recolhidos para pagamento de encargos previdenciários e trabalhistas das pessoas envolvidas diretamente na consecução do objeto, durante o período de vigência proposto; 
Cronograma de desembolso compatível com os gastos das etapas vinculadas às metas do cronograma físico; 
Modo e periodicidade das prestações de contas 
•IMPORTANTE: Não será admitido periodicidade superior a 1 (um) ano ou que dificulte a verificação física do cumprimento do objeto); 
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Novo Marco Regulat�rio das Organiza��es da Sociedade Civil - Prof. M�rio Cesar Cobianchi - 2� Simp�sio do Terceiro Setor - UNIMEP - 20-10-2016/BOLETIM ABONG/boletim abong mrosc.pdf
Com o objetivo de contribuir para o fortalecimento institucional das Organizações da Sociedade 
Civil (OSCs) por meio da resolução de questões de natureza jurídica e legal presentes em seu dia a dia, 
a Abong lança a 2ª edição do Boletim Orientação Jurídica, uma publicação do Programa Orientação 
Jurídica Virtual, iniciativa do Projeto Compartilhar Conhecimento: uma estratégia de fortalecimento 
das OSCs, patrocinado pela Petrobras.
Diante da aprovação da Lei n.º 13.019/2014 e do impacto que esta terá sobre as relações de parceria 
entre OSCs e a União, os Estados, os municípios e outros entes da Administração Pública indireta, nesta 
edição abordamos as providências que as OSCs já podem tomar para que estejam adaptadas à nova 
Lei quando ela entrar em vigor. O texto final da Lei ainda depende da votação da Medida Provisória 
658, que tramita no Congresso Nacional. Todavia, os pontos que estão sendo discutidos na referida MP 
não impactam os dispositivos que as OSCs deverão cumprir como requisito para celebração dos novos 
instrumentos de parceria (Termo de Fomento e Termo de Colaboração), razão pela qual o presente 
momento é bastante oportuno para que as organizações se dediquem a conferir se seu Estatuto Social, 
suas normas e procedimentos internos atendem à Lei n. º 13.019/2014 e, se for o caso, promovam as 
alterações necessárias. 
Nesta edição do Boletim Orientação Jurídica abordamos ainda os requisitos habilitantes que a 
nova Lei determina que as OSCs devem atender. Apesar de parecerem bastante objetivos, em alguns 
momentos, isso depende de uma melhor avaliação da situação concreta da OSC e também de uma leitura 
sistemática do regime jurídico trazido pela Lei n.º 13.019/2014 e das demais normas, especialmente 
aquelas atinentes à liberdade das OSCs em face do dever de transparência e probidade daqueles/as que 
gerenciam recursos públicos.
Boa leitura!
BOLETIM 
3ª edição/ Fevereiro 2015
A Lei n.º 13.019/2014 prevê uma série 
de requisitos para celebração dos Termos 
de Colaboração e dos Termos de Fomento 
entre as Organizações da Sociedade Civil 
(OSCs) e a Administração Pública. Dentre 
seus dispositivos, destacam-se os artigos 
33 e 34, que prevêem medidas a serem 
adotadas pelas OSCs, e o artigo 35, que 
estabelece providências a serem tomadas 
pela Administração Pública.
Requisitos Estatutários
No artigo 33, a Lei n.º 13.019/14 
apresenta os itens que devem estar 
previstos, de forma expressa, no Estatuto 
Social da organização. 
Art. 33. Para poder celebrar as parcerias 
previstas nesta Lei, as organizações da 
sociedade civil deverão ser regidas por 
estatutos cujas normas disponham, 
expressamente, sobre:
I - objetivos voltados à promoção de 
atividades e finalidades de relevância 
pública e social;
II - a constituição de conselho fiscal ou órgão 
equivalente, dotado de atribuição para 
opinar sobre os relatórios de desempenho 
financeiro e contábil e sobre as operações 
patrimoniais realizadas;
III - a previsão de que, em caso de dissolução 
da entidade, o respectivo patrimônio 
líquido seja transferido a outra pessoa 
jurídica de igual natureza que preencha os 
requisitos desta Lei e cujo objeto social seja, 
preferencialmente, o mesmo da entidade 
extinta;
IV - normas de prestação de contas sociais 
a serem observadas pela entidade, que 
determinarão, no mínimo:
a) a observância dos princípios fundamentais 
de contabilidade e das Normas Brasileiras 
de Contabilidade;
b) que se dê publicidade,
por qualquer 
meio eficaz, no encerramento do exercício 
fiscal, ao relatório de atividades e 
demonstrações financeiras da entidade, 
incluídas as certidões negativas de débitos 
com a Previdência Social e com o Fundo 
de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS, 
colocando-os à disposição para exame de 
qualquer cidadão.
Parágrafo único - (...)
 
É essencial que os objetivos de interesse 
público da OSC estejam claramente 
expressos no seu Estatuto, pois a menção 
à promoção de atividades e finalidades 
de relevância pública e social é requisito 
essencial para uma OSC firmar os Termos 
de Fomento ou Termos de Colaboração.
Outro ponto se refere à obrigatoriedade 
de constituição de um Conselho Fiscal ou 
órgão equivalente, cuja existência já é de 
praxe em muitas entidades, especialmente 
naquelas qualificadas como OSCIP 
(Organização da Sociedade Civil de Interesse 
Público). No entanto, algumas OSCs não 
possuem esse órgão, razão pela qual essas 
organizações deverão constituir o Conselho 
Fiscal e prever de forma expressa a sua 
existência no seu Estatuto Social. A Lei 
Medidas a serem adotadas pelas OSCs
para se adaptar à Lei n.º 13.019/2014
1
veda, ainda, a substituição desse órgão por 
empresa de auditoria independente.
A Lei n.º 13.019/2014 determina também 
que o Estatuto da OSC apta a celebrar 
parcerias com o Poder Público disponha 
que, em caso de dissolução da entidade, 
o respectivo patrimônio líquido seja 
transferido a outra pessoa jurídica de igual 
natureza que preencha os requisitos da Lei 
e cujo objeto social seja, preferencialmente, 
o mesmo da entidade extinta. Importante 
ressaltar que a entidade donatária, a ser 
indicada na ata de extinção da doadora, só 
poderá receber o patrimônio se o estatuto 
também atender aos requisitos da nova Lei.
Por fim, a Lei n.º 13.019/2014 traz 
outro dispositivo inspirado na Lei das 
OSCIPs: que o Estatuto Social da OSC 
preveja as formas de prestação de contas 
sociais a serem observadas pela entidade, 
que determinarão, no mínimo: (i) a 
observância dos princípios fundamentais 
de contabilidade e das Normas Brasileiras 
de Contabilidade; e (ii) a publicidade do 
relatório de atividades e das demonstrações 
financeiras da entidade. Essa exigência 
tem como fundamento a transparência na 
aplicação dos recursos públicos e o princípio 
do direito à informação, à transparência e 
ao controle social das ações públicas.
Documentos Obrigatórios
Além dos requisitos estatutários, faz-se 
necessário que a OSC possua uma série de 
documentos para viabilizar a celebração 
da parceria com a Administração Pública. 
O rol de documentos necessários para 
a celebração da parceria está previsto 
no artigo 34 da Lei n.º 13.019/14 
e será analisado pela Comissão de 
Seleção da Administração Pública.
Art. 34. Para celebração das parcerias 
previstas nesta Lei, as organizações da 
sociedade civil deverão apresentar:
I - prova da propriedade ou posse legítima 
do imóvel, caso seja necessário à execução 
do objeto pactuado;
II - certidões de regularidade 
fiscal, previdenciária, tributária, de 
contribuições e de dívida ativa, de acordo 
com a legislação aplicável de cada ente 
federado;
III - certidão de existência jurídica 
expedida pelo cartório de registro civil ou 
cópia do estatuto registrado e eventuais 
alterações;
IV - documento que evidencie a situação 
das instalações e as condições materiais 
da entidade, quando essas instalações 
e condições forem necessárias para a 
realização do objeto pactuado;
V - cópia da ata de eleição do quadro 
dirigente atual;
VI - relação nominal atualizada dos 
dirigentes da entidade, com endereço, 
número e órgão expedidor da carteira 
de identidade e número de registro no 
Cadastro de Pessoas Físicas - CPF da 
Secretaria da Receita Federal do Brasil - 
RFB de cada um deles;
VII - cópia de documento que comprove 
que a organização da sociedade civil 
funciona no endereço registrado no 
Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica - 
CNPJ da Secretaria da Receita Federal do 
Brasil - RFB;
2
VIII - regulamento de compras e 
contratações, próprio ou de terceiro, 
aprovado pela administração pública 
celebrante, em que se estabeleça, no 
mínimo, a observância dos princípios 
da legalidade, da moralidade, da boa-
fé, da probidade, da impessoalidade, da 
economicidade, da eficiência, da isonomia, 
da publicidade, da razoabilidade e do 
julgamento objetivo e a busca permanente 
de qualidade e durabilidade.
Muitos dos documentos exigidos 
dependem de terceiros, razão pela qual 
a OSC deve ter uma atitude proativa para 
que sejam providenciados e organizados 
com antecedência. Se a organização tem 
a intenção de estar apta à celebração de 
parcerias com o Poder Público, deve zelar 
para que a referida documentação esteja 
permanentemente válida e atualizada.
São exigidos, por exemplo, a prova 
da propriedade ou posse legítima 
do imóvel que vier a ser utilizado no 
projeto, de sua adequação física para 
as atividades propostas, além das já 
tradicionais certidões de regularidade 
fiscal, previdenciária, tributária, de 
contribuições e de dívida ativa, a certidão 
de existência jurídica expedida pelo 
cartório de registro civil ou cópia do 
estatuto registrado e eventuais alterações.
Um dos documentos mais relevantes é 
a ata de eleição do quadro dirigente atual, 
pois a entidade poderá ser impedida de 
firmar a parceria caso se verifique que 
o mandato do seu representante legal 
expirou. Por isso, é preciso estar atento para 
que as atas de eleição sejam submetidas a 
registro com a antecedência necessária, 
a fim de garantir que os representantes 
legais estejam formalmente eleitos e 
empossados em ata registrada em cartório. 
Por fim, é exigido o regulamento de 
compras e contratações, próprio ou de 
terceiro, aprovado pela administração 
pública celebrante, em que se estabeleça, 
no mínimo, a observância dos princípios 
da legalidade, da moralidade, da boa-
fé, da probidade, da impessoalidade, 
da economicidade, da eficiência, da 
isonomia, da publicidade, da razoabilidade 
e do julgamento objetivo e a busca 
permanente de qualidade e durabilidade. 
Importante mencionar que o dispositivo 
da Lei que determina a necessidade 
de aprovação pela Administração, do 
regulamento de seleção dos fornecedores, 
foi objeto de proposta de Emenda 
Parlamentar no processo de tramitação 
da MP 658, que, caso seja aprovada nos 
termos do relatório da Senadora Gleisi 
Hoffmann, será suprimido do texto da 
Lei. Todavia, independentemente da 
manutenção da necessidade de aprovação 
pela Administração, o Regulamento deverá 
ser elaborado pela própria organização e 
prever critérios que respeitem os princípios 
acima mencionados, reflita os princípios e 
valores da instituição e adapte-se às suas 
especificidades e necessidades técnicas, 
além de contemplar os princípios do bom 
uso dos recursos públicos já mencionados. 
Nesse sentido, é importante que 
este Regulamento seja elaborado e 
discutido de forma interdisciplinar pelas 
OSCs, envolvendo as áreas jurídica, 
contábil, administrativa e técnica da 
instituição, a fim de contemplar de 
forma adequada às necessidades 
e limitações de cada organização.
3
Exigências da Administração Pública 
Ainda que a OSC esteja apta a firmar 
parcerias por ter cumprido os requisitos 
relativos ao seu Estatuto (artigo 33) e à 
documentação exigida pela lei (artigo 
34), é fundamental que esteja atenta 
ao disposto no artigo 35, pois ele indica 
o processo legal a ser seguido pelo 
ente público na execução da Política de 
Fomento e Colaboração. 
Qualquer ente governamental que 
compõe a administração pública, direta 
ou indireta (ver artigo 2º, II da Lei), deve 
seguir esse
procedimento. Nesse sentido, 
as OSCs podem exercer o controle social 
sobre a ação do Estado com vistas a 
assegurar a conformidade das condutas 
previstas na legislação.
Uma primeira providência a ser adotada 
pela Administração Pública é a realização 
de chamamento público, ressalvadas as 
hipóteses previstas na Lei. Nos termos da 
nova Lei, para a contratualização com o 
Poder Público via parceria é imprescindível 
a realização do Chamamento Público. 
Há apenas duas hipóteses em que o 
chamamento público não é exigido: nos 
casos de Dispensa (casos de urgência, 
guerra ou grave perturbação da ordem 
pública ou quando se tratar de programa 
de proteção a pessoas ameaçadas) e nos 
casos de Inexigibilidade (impossibilidade 
jurídica de competição, seja por falta de 
pluralidade de objetos ou pluralidade de 
ofertantes).
Aqui cabe destacar a importância de 
que as OSCs se organizem para avaliar 
os editais e, caso constatem vícios nos 
dispositivos desses editais, estejam prontas 
para impugná-los. Diante da novidade 
da Lei n.º 13.09/2014 e da reconhecida 
ausência de tradição na Administração 
Pública em promover processos de 
seleção de organizações da sociedade civil 
para celebração de parcerias, é provável 
que muitos editais tragam critérios 
equivocados, desnecessários ou que 
interfiram na liberdade das OSCs. 
Assim, se na avaliação das OSCs, 
estes critérios forem desconectados da 
finalidade do procedimento de seleção ou 
impedirem a ampla participação de OSCs 
nos chamamentos, o recurso cabível é a 
impugnação ao Edital, que deverá ser feita 
com antecedência à apresentação das 
propostas. 
Outra providência é a indicação 
expressa da existência de prévia dotação 
orçamentária para execução da parceria. 
Cabe ao ente estatal prever o montante de 
recursos que será destinado à celebração 
de parcerias com as organizações da 
sociedade civil. Caso ele não preveja os 
recursos específicos para essa celebração, 
não será possível firmar qualquer 
parceria. Por isso, é fundamental que as 
Leis Orçamentárias anuais prevejam a 
destinação de recursos necessários para 
as parcerias. 
Também deve ser providenciada pela 
Administração Pública uma demonstração 
de que os objetivos e finalidades 
institucionais e a capacidade técnica e 
operacional da organização da sociedade 
civil foram avaliados e são compatíveis com 
o objeto. No sentido de proporcionar os 
seus elementos para esta comprovação, a 
OSC deve ter sempre muito bem descrito 
o histórico da instituição, as rotinas 
administrativas utilizadas no dia a dia da 
organização, cópias dos contratos firmados 
4
com a Administração Pública, atestados 
de capacidade técnica emitidos por 
terceiros, eventuais reconhecimentos 
públicos, tais como prêmios, notícias 
publicadas nos meios de comunicação, 
etc. Dessa forma, ficará mais simples 
comprovar a compatibilidade entre 
os seus objetivos estatutários, sua 
capacidade técnica e operacional e o 
objeto da parceria que visa executar.
A Administração Pública deve também 
aprovar o plano de trabalho apresentado 
pela OSC, que, necessariamente, precisa 
observar o disposto no artigo 22 da Lei 
n.º 13.019/14.
O Plano de Trabalho é uma das 
principais peças do processo de seleção, 
e integrará os instrumentos jurídicos 
a serem celebrados. Na omissão da 
Lei ou dos Termos de Fomento ou de 
Colaboração, o conteúdo do plano de 
Trabalho será utilizado para interpretação 
das regras atinentes à parceria celebrada. 
O Plano de Trabalho é domínio da 
OSC e deve ser muito bem elaborado, 
visando, inclusive, suprimir eventuais 
inconsistências no Edital ou antevendo 
problemas na execução ou prestação de 
contas do Projeto.
São de muita relevância, 
especialmente, os incisos que prevêem 
(i) o diagnóstico da realidade que será 
objeto das atividades da parceria, (ii) 
a descrição pormenorizada de metas 
quantitativas e mensuráveis a serem 
atingidas e (iii) as atividades a serem 
executadas e a estimativa de valores a 
serem recolhidos para pagamento de 
encargos previdenciários e trabalhistas 
das pessoas envolvidas diretamente na 
consecução do objeto, haja vista que são 
diretamente relacionados à capacidade 
operacional da OSC.
Por essa razão, as OSCs devem otimizar 
o período em que a lei está vacante 
para se estruturar no sentido de que os 
planos de trabalho que venha a elaborar 
estejam totalmente de acordo com o que 
será exigido pela Administração Pública a 
partir da vigência da nova Lei.
Por fim, a Administração Pública tem a 
obrigação de providenciar a emissão de 
pareceres de órgão técnico e do órgão 
de assessoria ou consultoria jurídica 
acerca da possibilidade de celebração da 
parceria, com observância das normas 
da Lei e da legislação específica.
Apesar de a Lei atribuir à Administração 
a adoção das medidas elencadas no 
artigo 35, as OSCs devem observá-las 
atentamente, haja vista que expressam 
critérios de julgamento que sinalizam, 
também, cuidados a serem tomados 
pelas entidades a fim de evitar um 
possível impedimento na participação do 
Chamamento Público.
Sendo assim, é importante que 
as entidades observem não só os 
artigos 33 e 34 da Lei, mas também 
o artigo 35, pois, apesar de conterem 
aspectos essencialmente burocráticos, 
tais normativos podem auxiliá-las 
na identificação de critérios a serem 
adotados em rotinas e procedimentos 
internos que possibilitarão a sua 
plena adequação aos requisitos para a 
celebração das parcerias. Cabe às OSCs 
um maior investimento na sua estrutura 
de administração interna, para garantir 
5
6
que a sua aptidão seja plenamente 
comprovada em documentos. 
Transparência e Probidade 
Além das providências determinadas 
de forma expressa pela Lei n.º 
13.019/2014, a serem adotadas pelas 
OSCs e pela Administração Pública, 
consideramos também de suma 
importância a adoção de mecanismos de 
transparência na aplicação dos recursos 
públicos e a obediência ao princípio do 
direito à informação, à transparência e 
ao controle social das ações públicas. 
Afinal, o regime jurídico trazido pela Lei 
tem a transparência como um dos seus 
grandes pilares.
Estes dispositivos da Lei n.º 
13.019/2014 reforçam uma tendência 
ligada à maior transparência da aplicação 
do recurso. Vale destacar que a Lei n.º 
12.527/2011, mais conhecida como 
Lei de Acesso à Informação – LAI; e a 
chamada Lei Anticorrupção - LAC (Lei 
12.846/2013) também se aplicam às 
OSCs que gerenciam recursos públicos.
De acordo com o artigo 2º da Lei n.º 
12.527/2011, estão sujeitas à obrigação 
de transparência as entidades sem fins 
lucrativos que recebam, para realização 
de ações de interesse público, recursos 
públicos diretamente do orçamento ou 
mediante subvenções sociais, contrato 
de gestão, termo de parceria, convênios, 
acordo, ajustes ou outros instrumentos 
congêneres. A Lei de Acesso à Informação 
limitou a obrigação de publicidade à 
parcela dos recursos públicos recebidos e 
à sua destinação, de forma que não há 
obrigação legal em divulgar ao público 
em geral a origem e o destino de recursos 
privados, embora a sua divulgação seja 
boa prática de governança e, assim, 
muito recomendável.
Até então, as entidades eram obrigadas 
a prestar contas apenas ao órgão público 
que lhes havia repassado os recursos e, 
no caso das fundações, ao Ministério 
Público Estadual. Somente as entidades 
que voluntariamente haviam buscado a 
qualificação como OSCIP, nos termos da 
Lei n.º 9.790/1999, estavam obrigadas a 
divulgar suas informações para o público 
em geral. Com a Lei n.º 12.527/2011, a 
obrigação de transparência se ampliou 
para além daquelas organizações e 
passou a abarcar todas as entidades sem 
fins lucrativos que recebem recursos
públicos para a realização de ações de 
interesse público.
O canal preferencial para disponibilizar 
a informação é, sem dúvida, a página 
da OSC na internet. É conveniente que 
a menção a ‘Acesso à Informação’ ou 
‘Transparência’ seja feita em ícone já 
na página de abertura e que os dados 
estejam atualizados e possam ser 
pesquisados de forma simples e objetiva, 
garantindo-se também a acessibilidade 
a pessoas com deficiência. Não obstante 
a divulgação na internet, o artigo 11 da 
Lei n.º 13.019/2014 não dispensou a 
disponibilização de tais informações em 
local visível, na sede da OSC.
Assim como a Lei de Acesso à 
Informação, a Lei Anticorrupção, que 
entrou em vigor desde 29 de janeiro 
de 2014, traz importantes impactos 
para as Organizações da Sociedade Civil 
que se relacionam com governos, no 
7
Brasil ou no exterior. A nova lei autoriza a 
responsabilização administrativa e civil de 
pessoas jurídicas pela prática de atos ilícitos 
contra a Administração Pública, sejam elas 
de fins lucrativos ou não. A grande novidade 
dessa Lei é a responsabilização objetiva, 
ou seja, ainda que a pessoa jurídica não 
tenha conhecimento dos atos praticados 
por seus/suas dirigentes, funcionários/as 
ou colaboradores/as, poderá perder bens 
ou ter suspensas suas atividades caso haja 
responsabilização judicial.
Assim, ao prever o valor das multas 
administrativas, a Lei determina 
que a existência de mecanismos e 
procedimentos internos de integridade, 
auditoria e incentivo à denúncia de 
irregularidades, bem como a aplicação 
efetiva de Códigos de Ética e de Conduta, 
deverão ser levadas em consideração na 
gradação da pena. Importante destacar 
que a responsabilização da pessoa jurídica 
não afasta a punição das pessoas físicas 
envolvidas. 
A Lei Anticorrupção reforça a impor-
tância de mecanismos de governança e 
de compliance¹ nas OSCs. As organizações 
devem estar atentas não apenas para a 
existência de procedimentos internos, 
como também que estes sejam conheci-
dos e observados pelos/as colaboradores/
as, dirigentes e demais públicos de interes-
se. Quando bem elaborados, contribuem 
com a formação e informação do processo 
de desenvolvimento institucional da orga-
nização, com autonomia e independên-
cia, trazendo maior clareza sobre as rela-
ções estabelecidas em cada instituição.
Considerando a relevância dada 
pela legislação aos mecanismos de 
transparência e controle, acredita-se 
que a Lei de Acesso à Informação e a 
Lei Anticorrupção podem influenciar a 
elaboração de critérios classificatórios, ou 
até mesmo eliminatórios, nos editais de 
Chamamento Público. Assim, no processo 
de seleção para firmar Termo de Fomento 
ou Termo de Colaboração, entidades que 
detenham boas práticas e normas internas 
de boa conduta serão melhor avaliadas.
Pagamento de Equipe Própria no Escopo 
das Parcerias com Poder Público 
Um dos temas mais controversos 
na execução de parcerias entre OSCs e 
a Administração Pública sempre foi o 
da remuneração de equipe própria da 
entidade. Ora havia o entendimento de 
que tais despesas eram elegíveis, ora as 
entidades eram proibidas de aplicar os 
recursos com seu pessoal próprio. 
Nesse aspecto, a nova lei é de substancial 
relevância, pois reconhece a legalidade 
de pagamento de pessoal celetista e dos 
respectivos custos com tributação, direitos 
do/a trabalhador/a, verbas rescisórias e 
demais encargos sociais, com recursos 
dos orçamentos de projetos financiados 
por meio de parcerias celebradas com 
o Poder Público. O mecanismo de rateio 
de despesas, amplamente difundido 
no universo privado, para orçamento e 
controle por centro de custos, também 
foi reconhecido pela legislação, que, na 
redação do art. 46, permitiu às OSCs, que 
lidam cotidianamente com diferentes 
¹ Expressão em inglês que em uma tradução livre significa “adesão a norma”. Esse termo é frequentemente utilizado para se 
referir a instituições sujeitas a forte regulamentação e controle externo.
8
fontes de recursos, alocar sua equipe 
própria nas ações de parceria com o Poder 
Púbico. 
Art. 46. Poderão ser pagas com recursos 
vinculados à parceria, desde que aprovadas 
no plano de trabalho, as despesas com:
I - remuneração da equipe dimensionada 
no plano de trabalho, inclusive de pessoal 
próprio da organização da sociedade civil, 
durante a vigência da parceria, podendo 
contemplar as despesas com pagamentos 
de impostos, contribuições sociais, Fundo 
de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS, 
férias, décimo-terceiro salário, salários 
proporcionais, verbas rescisórias e demais 
encargos sociais, desde que tais valores:
a) correspondam às atividades previstas 
para a consecução do objeto e à 
qualificação técnica necessária para a 
execução da função a ser desempenhada;
b) sejam compatíveis com o valor de 
mercado da região onde atua e não 
superior ao teto do Poder Executivo;
c) sejam proporcionais ao tempo de 
trabalho efetiva e exclusivamente dedicado 
à parceria celebrada;
II - diárias referentes a deslocamento, 
hospedagem e alimentação nos casos 
em que a execução do objeto da parceria 
assim o exija;
III - multas e encargos vinculados a 
atraso no cumprimento de obrigações 
previstas nos planos de trabalho e de 
execução financeira, em consequência do 
inadimplemento da administração pública 
em liberar, tempestivamente, as parcelas 
acordadas;
IV - aquisição de equipamentos e materiais 
permanentes essenciais à consecução do 
objeto e serviços de adequação de espaço 
físico, desde que necessários à instalação 
dos referidos equipamentos e materiais.
§ 1o A remuneração de equipe de 
trabalho com recursos transferidos pela 
administração pública não gera vínculo 
trabalhista com o ente transferidor.
§ 2o A inadimplência da organização da 
sociedade civil em relação aos encargos 
trabalhistas não transfere à União a 
responsabilidade por seu pagamento.
§ 3o Serão detalhados, no plano de 
trabalho, os valores dos impostos, 
contribuições sociais, Fundo de Garantia 
do Tempo de Serviço - FGTS, férias, décimo-
terceiro salário, salários proporcionais, 
verbas rescisórias e demais encargos 
sociais incidentes sobre as atividades 
previstas para a execução do objeto, de 
responsabilidade da entidade, a serem 
pagos com os recursos transferidos por 
meio da parceria, durante sua vigência.
§ 4o Não se incluem na previsão do 
§ 3o os tributos de natureza direta e 
personalíssima que onerem a entidade.
§ 5o (VETADO).
O Decreto 8.244/2014, editado em 
maio de 2014 e atualmente em vigor, 
regulamenta as relações de convênio com 
a União, e já estabelecido claramente 
a legalidade do pagamento de pessoal 
próprio das entidades com recursos de 
convênios. 
Antes do Decreto era frequente que 
as organizações tivessem seus projetos 
e planos de trabalho selecionados por 
um edital público, mas no momento da 
execução, eram proibidas de aplicar os 
recursos recebidos no pagamento de seus 
funcionários, gerando uma verdadeira 
contradição, na qual a Administração 
Pública selecionava organizações 
tecnicamente aptas para executar 
projetos, mas não permitia que a equipe 
técnica da OSC atuasse no Projeto que ela 
própria elaborou. 
Proibir uma equipe, cuja qualificação 
foi analisada como parte do processo de 
seleção, de atuar na execução do projeto, 
impondo a contratação de terceiros é, além 
de pouco razoável, um critério claramente 
desconectado do objeto das parcerias e 
do interesse público, haja vista que um 
projeto executado dessa forma poderá 
não trazer resultados tão excelentes 
quanto os esperados. Ora, se uma OSC 
é escolhida em razão do Projeto que 
apresentou, é evidente que a análise da 
qualificação técnica dos profissionais que 
o elaboraram
e que vão se responsabilizar 
pela sua execução deve fazer parte do 
processo de seleção da entidade.
Assim, a Lei n.º 13.019/2014, ao 
reconhecer em nível legal o pagamento 
de pessoal celetista das entidades com 
recursos repassados pelos Termos de 
Fomento e as condições para o rateio 
dessas despesas, proporciona a melhor 
execução dos Projetos e, por consequência, 
o atendimento do interesse público.
9
O conteúdo desta publicação foi produzido por Paula Raccanello Storto (OAB/SP n.º 
185.055), com a colaboração de Juliana Brandão de Andrade (OAB/SP n.º 329037-A), 
Amanda Usberti Nascimento Porto (OAB/SP n.º 301.814) e do graduando de Direito 
Marcelo Bragato Pardini, todos/as integrantes da Szazi Bechara Storto Advogados.
Realização
Patrocínio
Novo Marco Regulat�rio das Organiza��es da Sociedade Civil - Prof. M�rio Cesar Cobianchi - 2� Simp�sio do Terceiro Setor - UNIMEP - 20-10-2016/BOLETIM ABONG/Boletim4 abong mrosc.pdf
Com o objetivo de contribuir para o fortalecimento institucional das Organizações da Sociedade Civil 
(OSCs) por meio da resolução de questões de natureza jurídica e legal presentes em seu dia a dia, a Abong 
lança a 4ª edição do Boletim Orientação Jurídica. A publicação faz parte das ações do Programa Orientação 
Jurídica, uma iniciativa do Projeto Compartilhar Conhecimento: uma estratégia de fortalecimento das OSCs, 
patrocinado pela Petrobras.
A Lei 13.019/2014, que estabelece um novo regime jurídico para as parcerias entre OSCs e Poder Público, 
entrará em vigor em 27 de julho de 2015¹ , trazendo uma profunda mudança na organização administrativa 
pública ao criar a Política de Fomento e Colaboração e estabelecer normas gerais para as parcerias com OSCs 
para União, Distrito Federal, Estados e Municípios, além de outras pessoas jurídicas de direito público.
Apesar do reconhecimento da autonomia das OSCs, da liberdade de associação e da importância de uma 
sociedade civil livre entre os princípios e diretrizes da nova legislação, é inegável que a Lei 13.019/2014 reflete 
exagerada preocupação do/a legislador/a com o controle do uso do recurso público pelas organizações e a 
possibilidade de punir os/as responsáveis que venham a dar causa a eventuais desvios.
Nesse sentido, chama a atenção o art. 37 da nova Lei, que estabelece a obrigatoriedade de que ao menos 
um/a dirigente da OSC seja indicado/a no instrumento da parceria como responsável solidário pela execução 
das atividades e cumprimento das metas pactuadas.
O ineditismo do dispositivo e a imposição de uma obrigação que alcança de forma imediata o patrimônio 
privado e pessoal do/a dirigente de organização privada da sociedade civil como requisito para uma parceria 
causa surpresa e dúvidas com relação à sua constitucionalidade entre acadêmicos/as, advogados/as, gestores/
as de OSCs e de entes públicos, razão pela qual o tema foi escolhido para ser tratado nesta edição do Boletim 
Orientação Jurídica.
Boa leitura!
BOLETIM 
4ª edição/ abril 2015
¹Conforme Lei 13.102/2015
Art. 37. A organização da sociedade civil 
indicará ao menos 1 (um) dirigente que se 
responsabilizará, de forma solidária, pela 
execução das atividades e cumprimento 
das metas pactuadas na parceria, devendo 
essa indicação constar do instrumento da 
parceria.
O texto acima se refere ao artigo 37 da Lei 
13.019/2014². Com base neste dispositivo, 
o Poder Público deve passar a exigir como 
requisito para celebração de parcerias com 
OSCs que estas apresentem ao menos 
um/a dirigente que ficará solidariamente 
responsável pela execução das atividades 
da parceria e cumprimento das metas 
pactuadas com o Poder Público.
Em termos práticos, esta obrigação pode 
significar que apenas serão consideradas 
aptas a formalizar parcerias com o Poder 
Público as OSCs cujos/as dirigentes 
disponham-se a oferecer seu patrimônio 
pessoal como garantia da execução das 
atividades referentes à parceria celebrada, 
independentemente da apuração de 
eventual culpa ou dolo. Isto significa dizer 
que, caso uma meta prevista no Plano de 
Trabalho não seja alcançada por qualquer 
razão ou circunstância, o patrimônio pessoal 
de um/a dos/as dirigentes da OSC parceira 
pode, ao menos em tese, ser chamado a 
responder pelo inadimplemento.
Desde a publicação da nova Lei, já 
é possível reunir balizadas análises, 
manifestações e entendimentos que 
questionam o alinhamento constitucional 
do teor do art. 37.
Primeiras Reações
Ainda antes da sanção da Lei, em 
documento enviado à Presidenta Dilma 
Rousseff em julho de 2014, a Plataforma 
por um Novo Marco Regulatório para as 
Organizações da Sociedade Civil manifestou-
se favoravelmente ao veto do artigo 37, nos 
seguintes termos:
“A obrigação prevista no artigo 37 de 
que a OSC indique um dirigente que se 
responsabilize de forma solidária pela 
execução das atividades da parceria afronta 
a isonomia das OSCs, pois não há precedente 
deste tipo de exigência com relação a nenhum 
outro tipo de organização que celebre 
contratos administrativos ou Parceria 
Público-Privada com a Administração. 
Há mecanismos na lei que asseguram 
a desconsideração da personalidade 
jurídica, mediante devido processo legal. A 
responsabilização solidária da pessoa física 
de forma automática é desproporcional e 
contrária à isonomia.” 
Já após a publicação da Lei, em agosto 
de 2014, um documento com as primeiras 
contribuições da Plataforma para o processo 
de regulamentação da Lei 13.019/2014² 
novamente trouxe o art. 37 como um dos 
principais objetos da sua preocupação. 
Como proposta e buscando mitigar 
Inconstitucionalidade do artigo 37 
da nova Lei de parcerias entre Estado e OSCs
1
² Disponível em https://observatoriosc.files.wordpress.com/2014/09/proposta_regulamentac3a7c3a3o_lei13019_
plataformamrosc_final.pdf
eventuais danos que o dispositivo pode 
causar, a Plataforma propôs que em sede de 
regulamentação se criem procedimentos 
que busquem assegurar, ainda que em nível 
administrativo, o devido processo legal 
com apuração de responsabilidade para a 
eventual decisão que venha a determinar 
responsabilização do/a dirigente da OSC 
sobre as atividades da parceria:
“Diante do exposto, propomos 
regulamentação no sentido de estabelecer 
procedimentos que especifiquem 
claramente as hipóteses alcançadas pela 
norma, a fim de limitar ao máximo seu 
excesso.”
Em artigo³ que traz suas primeiras 
impressões sobre a Lei 13.019/2014, 
Jorge Eduardo Durão, ex-dirigente da 
Abong - profundo conhecedor do tema 
do marco legal das OSCs por ser este 
assunto que acompanha há muitos anos 
-, traz provocação sobre a proposta de 
regulamentação que não se justificaria em 
razão de sua inconstitucionalidade. Sua 
opinião é no sentido de que o referido 
dispositivo viola direitos constitucionais, 
em conjunto com outros artigos da Lei, que 
“deveriam ser questionados judicialmente 
em relação à sua constitucionalidade, 
não cabendo tentar minorar as violações 
de direitos neles contidas através da sua 
regulamentação.”
De acordo com Nota Técnica publicada 
pelo CPJA/FGV – Centro de Pesquisa Jurídica 
Aplicada, da Fundação Getúlio Vargas4 
durante a tramitação do Projeto de Lei que 
deu origem à Lei 13.019/2014, a ideia de 
responsabilidade solidária do/a dirigente 
está relacionada com o movimento da 
chamada “criminalização” da sociedade 
civil “quando atribui aos dirigentes — 
qualquer “pessoa que detenha poderes 
de administração, gestão ou controle da 
organização da sociedade civil” (art. 2º, 
IV) — a responsabilidade solidária pela 
“restituição aos cofres públicos dos valores 
que não foram corretamente empregados 
na execução da parceria” (art. 74), 
independentemente de terem agido com 
culpa ou dolo (má-fé).”
Durante a tramitação da Medida 
Provisória 658, de 29 de outubro de 2014, 
o Relatório5 que avaliou as emendas 
apresentadas à Lei trouxe manifestação 
contundente e bem fundamentada 
favorável à supressão do artigo 37 do texto 
da Lei:
10) RESPONSABILIDADE DO DIRIGENTE 
DAS OSCs - Propomos a aprovação integral 
das emendas 47 e 52, com conteúdo 
idêntico, que retiram da lei a obrigatoriedade 
das OSCs indicarem um dirigente que 
se responsabilize solidariamente pela 
execução das atividades da parceria, tendo 
em vista que essa previsão viola o devido 
processo legal (garantido pelo art. 5º, LIV, 
da Constituição Federal, que prevê que: 
“ninguém será privado da liberdade ou de 
seus bens sem o devido processo legal”) 
2
 ³ DURÃO, Jorge Eduardo. O novo marco legal das OSC: avanço a se comemorar ou vitória de Pirro? Notícias Abong, 
set/2014. Disponível em http://www.abong.org.br/noticias.php?id=7658
 4 PANNUZIO, Eduardo. Nota técnica sobre projeto de lei 7.168/2014 (“Novo Marco Regulatório das OSCs”). CPJA/FGV. 
São Paulo, 2014. Disponível em http://cpja.fgv.br/publicacao/nota-tecnica-sobre-projeto-de-lei-71682014-novo-
-marco-regulatorio-oscs
5 Relatório Disponível em http://www.senado.gov.br/atividade/materia/getPDF.asp?t=158388&tp=1
para a desconsideração da personalidade 
jurídica da entidade, prevendo que ela 
ocorra automaticamente. O art. 37 da lei, 
do qual propomos supressão, estabelece 
uma hipótese de desconsideração da 
personalidade jurídica prévia e independente 
de qualquer procedimento judicial ou 
administrativo. No entanto, tal disposição 
viola os princípios e normas civilísticos. Isso 
porque o Direito Civil estabelece, em seus 
fundamentos básicos, que pessoa física e 
pessoa jurídica são entidades distintas, não 
se confundindo seus atos e patrimônios. Com 
efeito, a desconsideração da personalidade 
jurídica é medida excepcional, a ser tomada 
dentro de um processo judicial em que 
seja assegurado o contraditório e a ampla 
defesa, apenas nas hipóteses de desvio de 
finalidade ou confusão patrimonial (art. 
50, Código Civil). A proposta também fere a 
isonomia, em relação a outros instrumentos 
de contratação com a Administração Pública, 
para os quais não há previsão semelhante. 
A manutenção da medida pode, na prática, 
afastar a participação de interessados em 
firmar parcerias com o Estado.
O Relatório, de autoria da senadora 
relatora Gleisi Hoffman, aprovado em 16 de 
dezembro de 2014 pela Comissão Mista que 
avaliou a MP, destaca a incompatibilidade 
da redação do art. 37 com os princípios 
constitucionais do devido processo legal e 
da isonomia.
Infelizmente, apesar da aprovação do 
relatório - que trazia, além desta, outras 
excelentes propostas de aperfeiçoamento 
à Lei 13.019/2014 - pela Comissão Mista, ao 
ser levado para deliberação em Plenário na 
primeira sessão do Congresso do ano de 2015, 
o texto da MP 658 acabou sendo rejeitado, 
assim como todas as emendas apresentadas, 
numa mesma sessão que rejeitou outras 
medidas provisórias que tinham o apoio do 
governo. Prevaleceu a demonstração de força 
dos congressistas em detrimento de prejuízo 
do interesse público e da oportunidade de 
aperfeiçoamento desta importante legislação 
de abrangência nacional.
As manifestações acima elencadas 
demonstram uma convergência de opiniões 
entre grupos de segmentos diversos da 
sociedade no sentido de que o dispositivo 
do art. 37 da Lei 13.019/2014 afrontaria 
direitos fundamentais constitucionalmente 
protegidos pelo art. 5º da Constituição 
Federal brasileira, mais especificamente, 
o devido processo legal, a isonomia e a 
liberdade de associação.
Devido Processo Legal
O art. 5º da Constituição Federal 
estabelece a garantia do devido processo 
legal, o contraditório e a ampla defesa como 
direitos fundamentais.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem 
distinção de qualquer natureza, garantindo-
se aos brasileiros e aos estrangeiros 
residentes no País a inviolabilidade do direito 
à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança 
e à propriedade, nos termos seguintes:
(...)
LIV - ninguém será privado da liberdade 
ou de seus bens sem o devido processo legal;
LV - aos litigantes, em processo judicial ou 
administrativo, e aos acusados em geral são 
assegurados o contraditório e ampla defesa, 
com os meios e recursos a ela inerentes.
Ao responsabilizar o dirigente de uma OSC 
diretamente pela execução das atividades 
e cumprimento das metas definidas na 
parceria, a Lei 13.019/14 prevê uma forma 
3
de desconsideração da personalidade 
jurídica automática, independente do 
devido processo legal, do contraditório e 
da ampla defesa. Alcançar o patrimônio de 
uma pessoa física que exerce legalmente 
um mandato em uma determinada 
pessoa jurídica é medida de exceção, que 
deve decorrer da comprovação de que o 
resultado alcançado (dano) tenha decorrido 
da sua ação ou omissão, justificável apenas 
quando há o uso abusivo da personalidade 
da pessoa jurídica.
Tal definição decorre do artigo 50 do 
Código Civil:
Art. 50 Em caso de abuso da personalidade 
jurídica, caracterizado pelo desvio de 
finalidade, ou pela confusão patrimonial, 
pode o juiz decidir, a requerimento da parte, 
ou do Ministério Público quando lhe couber 
intervir no processo, que os efeitos de certas 
e determinadas relações de obrigações 
sejam estendidos aos bens particulares 
dos administradores ou sócios da pessoa 
jurídica.
Do artigo denota-se ainda que a 
desconsideração da personalidade jurídica 
não é ampla e irrestrita, mas focada 
naquelas ações que caracterizaram desvio 
de finalidade ou confusão patrimonial. 
Ao tratar da responsabilidade dos/as 
administradores/as de sociedades, o 
Código Civil, expressamente, previu o 
elemento culpa associado à solidariedade, 
estabelecendo na redação do art. 1.016 
que “os administradores respondem 
solidariamente perante a sociedade e 
os terceiros prejudicados, por culpa no 
desempenho de suas funções.”
Ao/À administrador/a é facultado tomar 
decisões que não caracterizem um bom 
resultado para a instituição que administra, 
posto que a sua obrigação legal consiste 
em administrar com zelo e lealdade, e não 
em gerar o resultado “x” ou “y”, ou seja, 
no exercício de sua função, assume uma 
obrigação de meio (administrar de maneira 
diligente, ativa e proba) e não de resultado 
(atingir determinada meta específica).
Logicamente, o/a administrador/a será 
responsabilizado/a por atos contrários ou 
que se excedam ao que a lei preceitua. 
No entanto, não se pode responsabilizá-
lo/a pelo mau desempenho da entidade, 
pura e simplesmente, sem se analisar se 
ele/a concorreu para isso para satisfazer 
benefício outro que não o da sociedade 
ou contrariamente à lei. Nessa direção, 
“cabe ressalvar que não responde ele 
pelo resultado de sua gestão quando 
regularmente exercitada. Essa matéria é 
relevante, pois há uma tendência de se argüir 
a responsabilidade dos administradores 
pelos insucessos da companhia, decorrentes 
da política e dos métodos administrativos 
adotados, ou ainda por erro de avaliação 
mercadológica ou investimentos. Nesses 
casos não se configura responsabilidade”, 
afirma Carvalhosa.6 
Ademais, no caso concreto da Lei 
13.019/2014 e da ideia de uma Política de 
Fomento e Colaboração, a depender de 
como se der o processo de definição do 
objeto das parcerias, a responsabilidade 
solidária do agente privado da OSC sobre a 
sua execução pode significar a terceirização 
a OSCs (particular) da responsabilidade 
estatal pelo risco da atividade administrativa.
4
6 CARVALHOSA, Modesto. Comentários à Lei das Sociedades Anônimas. Lei 6.404, de 15 de dezembro de 1976. São 
Paulo: Saraiva. 1997. 4 v em 5, p. 314.
Decorre daí também que, na ausência 
de culpa da OSC, não há que se falar em 
responsabilidade solidária. Esta é a tradição 
da jurisprudência nacional.
O Superior Tribunal de Justiça, órgão 
responsável por zelar pela interpretação 
da legislação federal, tem reforçado o 
devido processo como condição para a 
desconsideração da personalidade jurídica, 
relegando-a a situações extremas em que 
estiverem cabalmente caracterizados os 
requisitos previstos no art. 50 do Código 
Civil:
“ACOLHIMENTO DA TEORIA 
DA ‘DESPERSONALIZAÇÃO DA 
PERSONALIDADE JURÍDICA’. O Juiz 
pode julgar ineficaz a personificação 
societária, sempre que for usada com 
abuso de direito, para fraudar a lei ou 
prejudicar terceiros”. (STJ, RESP 158051/
RJ) “Os sócios-gerentes são responsáveis 
pelos atos lesivos que praticarem com 
infração da lei ou violação do estatuto, 
legitimando-se, via de conseqüência, 
como parte passiva ‘ad causam’” (STJ, 
RESP 4786/SC)7
O Tribunal de Contas da União entende 
que na condenação da pessoa física do/a 
administrador/a ou sócio/a de organização 
privada, a solidariedade depende de análise 
e decisão do Tribunal, sendo necessária a 
caracterização de abuso de personalidade 
jurídica, desvio de finalidade ou confusão 
patrimonial.
“Tomada de Contas Especial. 
Responsabilidade. Não havendo 
elementos que indiquem ter havido 
abuso da personalidade jurídica, seja 
pelo desvio de finalidade ou pela 
confusão patrimonial, não cabe a 
desconsideração da personalidade 
jurídica para que os efeitos das relações 
obrigacionais decorrentes do contrato 
firmado sejam estendidos aos bens 
particulares dos administradores ou 
sócios da pessoa jurídica. Acolhimento de 
alegações de defesa. Exclusão dos sócios 
como responsáveis. Contas irregulares 
dos gestores. Débito solidário dos 
gestores e da empresa. Multa ao gestor 
e à empresa”. (TCU- AC-6731-44/09-2; 
Relator: Benjamin Zymler; Sessão de 
08/12/2009, Segunda Câmara).
Vale ressaltar também que se trata de 
uma medida de exceção, cuja aplicação 
não pode ser direta nem imediata, 
independentemente da constatação de 
prejuízo ao erário ou de inexecução da 
parceria com o Poder Público. Assim dispõe 
o precedente do TCU:
“TOMADA DE CONTAS ESPECIAL. 
RECURSOS TRANSFERIDOS NO ÂMBITO 
DO PROGRAMA NACIONAL DE 
QUALIFICAÇÃO DO TRABALHADOR - 
PLANFOR. IRREGULARIDADES. INEXECUÇÃO 
CONTRATUAL. INSUFICIÊNCIA DE 
DOCUMENTOS COMPROBATÓRIOS CAPAZES 
DE DEMONSTRAR O CUMPRIMENTO DA 
AVENÇA. CONTAS IRREGULARES. DÉBITO. 
MULTA. RECURSO DE RECONSIDERAÇÃO. 
CONHECIMENTO. ARGUMENTOS INCAPAZES 
DE ENSEJAR A REFORMA DO JULGADO. 
RESPONSABILIDADE DA PESSOA JURÍDICA 
PELOS ATOS DE SEUS ADMINISTRADORES 
OU SÓCIOS. AUSÊNCIA DE ELEMENTOS 
OBJETIVOS NECESSÁRIOS À APLICAÇÃO 
5
7 No mesmo sentido REsp 1.395.288 - SP, REsp 1.306.553/SC, REsp 158.051/RJ.
6
8 MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 15ª ed. São Paulo: Atlas, 2004. pag. 66.
DA TEORIA DA DESCONSIDERAÇÃO DA 
PERSONALIDADE JURÍDICA. NEGADO 
PROVIMENTO. CIÊNCIA À RECORRENTE. A 
simples constatação de prejuízo ao erário, 
decorrente de inexecução contratual por 
parte de particular contratado com o poder 
público, não autoriza a aplicação direta 
e imediata da teoria da desconsideração 
da personalidade jurídica, para a qual 
se faz necessária a comprovação dos 
elementos objetivos caracterizadores de 
abuso da personalidade, quais sejam, 
o desvio de finalidade e a confusão 
patrimonial, ex vi do art. 50 do Código 
Civil”. (TCU- Processo 007.135/2006-2 – AC-
1577-07/11-1; Relator: Augusto Nardes; 
Sessão de 15/03/2011, Primeira Câmara).
Assim, o artigo 37 da Lei nº 13.019/2014, 
ao indicar os/as dirigentes de OSCs como 
co-responsáveis diretos/as pela execução 
das atividades e cumprimento das metas 
pactuadas nos Termos de Fomento ou de 
Colaboração deixa de observar garantias 
e direitos fundamentais previstos nos 
incisos LIV e LV do artigo 5º da Constituição 
Federal.
Isonomia
Como já foi mencionado, o nível de 
responsabilidade jurídica imposta pelo 
artigo 37 ao/à dirigente de Organizações 
da Sociedade Civil não encontra paralelo 
na legislação nacional.
O tratamento conferido pelo legislador 
às OSCs foi injustificadamente mais severo 
que o conferido a dirigentes ou sócios/as de 
outras pessoas jurídicas de direito privado 
- incluindo empresas com fins lucrativos. 
A nenhum outro tipo de pessoa jurídica de 
direito público ou privado que mantenha 
relações na forma contratual com o Poder 
Público foi imposta pela legislação o ônus 
de que um/a de seus/suas sócios/as ou 
dirigentes se responsabilize solidariamente 
pela execução do objeto dessas relações.
Esta situação revela, na prática, violação 
ao princípio constitucional da isonomia 
ou da igualdade, previsto no art. 5 da 
Constituição Federal, que determina em 
seu caput que “Todos são iguais perante 
a lei, sem distinção de qualquer natureza 
(...)”. É sabido ainda que o legislador se 
vincula ao comando constitucional e que a 
ele não cabe criar exceções ao tratamento 
isonômico, que é também princípio que 
rege a atuação da Administração Pública, 
conforme redação do art. 37 da carta 
constitucional.
O princípio da isonomia tem por objetivo 
extinguir “as diferenciações arbitrárias, as 
discriminações absurdas, pois o tratamento 
desigual dos casos desiguais, na medida em 
que se desigualam, é exigência do próprio 
conceito de Justiça, pois o que realmente 
protege são certas finalidades, somente se 
tendo por lesado o princípio constitucional 
quando o elemento discriminador não 
se encontra a serviço de uma finalidade 
acolhida pelo direito”.8
Como se sabe, a igualdade jurídica 
autoriza o Estado a dar tratamento 
desigual quando houver uma justificativa 
amparada pelos interesses prestigiados 
na Constituição. É o caso, por exemplo, 
das políticas afirmativas em geral, que 
estabelecem condições transitórias de 
7
9 MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Conteúdo Jurídico do Princípio da Igualdade. 3 ed., 10 tir., São Paulo: Malheiros, 
2002. p. 38-39.
discriminação positiva, no sentido de 
acelerar a inclusão ou reconhecimento de 
grupos historicamente desfavorecidos.
Todavia, o art. 37 da Lei 13.019/2014 
não é uma destas situações, na medida em 
que não há correlação lógica nem fática 
que ampare o tratamento diferenciado, 
mais duro e restritivo, e que justifique a 
imposição da responsabilidade solidária 
sobre o patrimônio dos/as dirigentes das 
OSCs com relação a outras espécies de 
pessoas jurídicas de direito privado.
A Lei de Licitações (Lei 8.666/93), ao 
tratar dos contratos celebrados com o 
Poder Púbico, estabelece em seu art. 7º os 
requisitos para a licitação e o contrato e, 
ao prever a responsabilidade por eventuais 
descumprimentos, diz que esta se aplica 
àqueles/as que tenham “dado causa”, 
conforme redação do § 6º:
Art. 7º
(...)
§ 6o A infringência do disposto neste artigo 
implica a nulidade dos atos ou contratos 
realizados e a responsabilidade de quem 
lhes tenha dado causa.
Note-se que a responsabilidade aqui foi 
claramente imposta a quem lhe der causa, 
e não ao/à dirigente ou sócio/a da empresa 
contratada.
A mesma lógica foi aplicada no caso 
de compras públicas no art. 14 da Lei de 
Licitações: 
Art. 14. Nenhuma compra será feita sem 
a adequada caracterização de seu objeto e 
indicação dos recursos orçamentários para 
seu pagamento, sob pena de nulidade do 
ato e responsabilidade de quem lhe tiver 
dado causa.
Por fim, ao tratar da Execução dos 
Contratos, previu a Lei 8.666/93 a 
responsabilidade da empresa contratada 
pelos danos causados em casos decorrentes 
de culpa ou dolo:
Art. 70. O contratado é responsável pelos 
danos causados diretamente à Administração 
ou a terceiros,
decorrentes de sua culpa ou 
dolo na execução do contrato, não excluindo 
ou reduzindo essa responsabilidade a 
fiscalização ou o acompanhamento pelo 
órgão interessado.
Como se vê, no caso das compras 
e contratações reguladas pela Lei de 
Licitações, a contratada (normalmente 
empresas com finalidade lucrativa) 
responde exclusivamente pelos danos a que 
tenha dado causa, garantindo-se o devido 
processo legal, ao contrário do que ocorre 
na redação do art. 37 da Lei 13.019/14, que 
regula as relações de parceria entre OSCs e 
o Poder Público.
Em sua obra O conteúdo jurídico do 
Princípio da Igualdade, Celso Antônio 
Bandeira de Mello enfrenta a questão da 
igualdade e assevera que:
“... o critério especificador escolhido pela 
lei, a fim de circunscrever os atingidos por 
uma situação jurídica – a dizer: o fator 
de discriminação – pode ser qualquer 
elemento radicado neles; todavia, necessita, 
inarredavelmente, guardar relação de 
pertinência lógica com a diferenciação 
8
10 Para muitas instituições é difícil superar este tipo de barreira. A necessidade de especialistas para boa representa-
ção das OSCs e o custo com assessoria jurídica especializada favorece a defesa das mais ricas. As Defensorias Públicas 
normalmente apoiam a constituição de associações, mas há dificuldade em manter a assessoria permanente.
que dele resulta. Em outras palavras: 
A discriminação não pode ser gratuita 
ou fortuita. (...) Segue-se que, se o fator 
diferencial não guardar conexão lógica 
com a disparidade de tratamentos jurídicos 
dispensados, a distinção estabelecida 
afronta o princípio da isonomia.” 9
No mesmo sentido é o posicionamento do 
Supremo Tribunal Federal acerca do princípio 
da isonomia na atividade legislativa:
“O princípio da isonomia, que se 
reveste de auto-aplicabilidade, não é - 
enquanto postulado fundamental de nossa 
ordem político-jurídica - suscetível de 
regulamentação ou de complementação 
normativa. Esse princípio - cuja observância 
vincula, incondicionalmente, todas as 
manifestações do Poder Público - deve 
ser considerado, em sua precípua função 
de obstar discriminações e de extinguir 
privilégios (RDA 55/114), sob duplo 
aspecto: (a) o da igualdade na lei e (b) o 
da igualdade perante a lei. A igualdade na 
lei - que opera numa fase de generalidade 
puramente abstrata - constitui exigência 
destinada ao legislador que, no processo 
de sua formação, nela não poderá incluir 
fatores de discriminação, responsáveis pela 
ruptura da ordem isonômica. A igualdade 
perante a lei, contudo, pressupondo lei já 
elaborada, traduz imposição destinada 
aos demais poderes estatais, que, na 
aplicação da norma legal, não poderão 
subordiná-la a critérios que ensejem 
tratamento seletivo ou discriminatório. A 
eventual inobservância desse postulado 
pelo legislador imporá ao ato estatal 
por ele elaborado e produzido a eiva de 
inconstitucionalidade. Refoge ao âmbito de 
finalidade do mandado de injunção corrigir 
eventual inconstitucionalidade que infirme a 
validade de ato em vigor.”
(MI 58, Relator(a): Min. Carlos Velloso, 
Relator(a) p/ Acórdão: Min. Celso de Mello, 
Tribunal Pleno, julgado em 14/12/1990, DJ 
19-04-1991) 
Vale dizer: nenhuma outra lei estabelece 
este tipo de responsabilidade solidária de 
pessoas físicas em parcerias, contratos ou 
convênios firmados com o Poder Público.
Não há, portanto, razão para o ordenamento 
jurídico dar tratamento diferenciado aos/às 
dirigentes de OSCs no âmbito das parcerias 
firmadas através de Termo de Fomento e 
Termo de Colaboração, motivo pelo qual 
consideramos que a previsão do artigo 37 
desrespeita a Constituição.
A redação do art. 37 revela um tratamento 
das Organizações da Sociedade Civil com 
suspeição e cria regras que tratam as OSCs 
com uma desconfiança e rigidez que não 
encontra amparo na isonomia. Considerando 
os direitos fundamentais de liberdade de 
associação e à participação das Organizações 
da Sociedade Civil nos temas de interesse 
público, consagrados na Constituição Federal 
brasileira, uma eventual diferenciação nas 
regras das parcerias entre Estado e OSCs 
que respeitasse a isonomia deveria ser no 
sentido de facilitar e simplificar as normas 
aplicáveis a estes tipos de instrumentos. 
Isto porque as OSCs são, via de regra, 
economicamente menos favorecidas que 
as empresas e contam com um marco legal 
11 STORTO, Paula Raccanello. In: SUR, M. D. A. D. A. L. Y. E. C. Y. S. A. D. Estudio Regional sobre los Marcos Regulato-
rios de las Organizaciones de la Sociedad Civil en América Latina. Santiago : Mesa de Articulacíon de América Latina 
y el Caribe y sus Aliados del Sur, 2014, p. 60 e 61. Disponível em http://mesadearticulacion.org/wp-content/uploa-
ds/2015/02/Estudio-Marcos-Regulatorios-de-las-OSC.pdf
menos evoluído, situação esta que acentua 
a desigualdade econômica10, a exclusão 
dessas organizações e, especialmente, dos 
grupos que elas representam. É justamente 
neste tipo de situação que a ideia de 
criminalização das OSCs é possível de ser 
sentida. 
Diz-se criminalização pois a Organização 
da Sociedade Civil e seus/suas dirigentes são 
objeto de uma regulamentação mais dura 
pelo Estado brasileiro, pelo simples fato de 
serem Organizações da Sociedade Civil - sem 
uma razão objetiva ou fática que justifique 
esta discriminação. Este tipo de prática gera 
uma lógica perversa e antidemocrática, com 
efeitos opostos à noção de participação, 
pois limita o universo das parcerias 
apenas àquelas OSCs com altíssima 
capacidade de lidar com questões jurídicas 
complexas e ainda em construção, o que, 
evidentemente, exige alto investimento em 
seu desenvolvimento institucional e pode 
comprometer o engajamento de entidades 
com maior independência, tão desejável 
nas relações de parcerias.
Neste contexto é que a redação do art. 37 
parece afrontar ainda o direito fundamental 
de liberdade de associação. É o que veremos 
a seguir.
Liberdade de Associação
O direito fundamental da liberdade de 
associação comporta três dimensões quando 
se trata das Organizações da Sociedade 
Civil: a dimensão da não interferência 
estatal em seu funcionamento, a 
dimensão da participação e a dimensão do 
financiamento. 
Segundo o Relatório da Mesa de 
Articulación de Asociaciones Nacionales y 
Redes de ONGs de América Latina y el Caribe 
sobre o Marco Jurídico das OSCs na região:
“reconhecer essas três dimensões 
integrantes da liberdade de associação 
envolve não apenas respeitar o exercício 
dessa liberdade, mas assegurar que seja 
colocada em prática através do estímulo ao 
direito ao desenvolvimento, da educação 
para a cidadania e do respeito ao valor 
existente na diversidade e na experimentação 
livre de iniciativas pelos indivíduos. O 
Estado que capta apropriadamente as 
inovações sociais tem ótima oportunidade 
de propor e implementar políticas públicas 
mais adequadas às pessoas e localidades, 
atuando como depositário e difusor das 
boas iniciativas da sociedade. Assim, a 
criação de normas sobre as Organizações da 
Sociedade Civil que respeitem a Liberdade 
de Associação deve considerar essas três 
dimensões”. 11
A Constituição Federal estabelece 
a liberdade de associação e prevê 
expressamente a desnecessidade de 
autorização para sua criação, auto-
organização, proibindo a interferência 
estatal em seu funcionamento (art. 5º, XVIII).
A liberdade de associação é também 
proclamada na Declaração Universal dos 
Direitos Humanos das Nações Unidas (ONU), 
de 1948, em seu art. 20; e pelo art. 22 do Pacto 
9
12 REPORT of the Special Rapporteur on the rights to freedom of peaceful assembly and of association, Maina Kiai, 
Best practices related to the rights to freedom of peaceful assembly and of
association - A/HRC/20/27, May, 21, 2012. 
Human Rights Council. Twentieth session. Agenda item 3. Promotion and protection of all human rights, civil, political, 
economic, social and cultural rights, including the right to development. Disponível em http://www.ohchr.org/Docu-
ments/HRBodies/HRCouncil/RegularSession/Session20/A-HRC-20-27_en.pdf. 
13 International Center for Not-For-Profit Law (ICNL) & World Movement for Democracy Secretariat at the National 
Endowment for Democracy (ned). Defending Civil Society Report. Washington, DC, 2012. Disponível em: <http://www.
icnl.org/research/resources/dcs/DCS_Report_Second_Edition_English.pdf>. 
14 A Abong participa deste grupo como entidade nacional brasileira, juntamente com outras plataformas, associações 
e redes nacionais de OSCs de vários países latino-americanos que desenvolveram um minucioso levantamento e análise 
de informações e do esforço técnico de um grupo de consultores/as especializados/as nos respectivos países em três 
áreas temáticas: (I) Rol das OSCs; (II) financiamento; (III) Legislação, nas sub-regiões Cone Sul e Brasil, formadas por 
Argentina, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai; região Andina, composta por Bolívia, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela; 
e, ainda, América Central formada por México, Guatemala, Honduras, El Salvador e Nicarágua.
10
Internacional de Direitos Civis e Políticos, 
ratificado pelo Brasil por meio do Decreto 
nº 592, 6.7.92. A Convenção Americana 
de Direitos Humanos da Organização dos 
Estados Americanos (OEA), ratificada pelo 
Brasil, pelo Decreto nº 678, de 6.11.92, 
no seu art. 16, também dedica dispositivo 
específico para a garantia da Liberdade de 
Associação. O conteúdo desses tratados 
internacionais são reconhecidos como 
direitos fundamentais, segundo o art. 5, 
§2º, da Constituição Federal, ao estabelecer 
que “os direitos e garantias expressos 
nesta Constituição não excluem outros 
decorrentes do regime e dos princípios por 
ela adotados, ou dos tratados internacionais 
em que a República Federativa do Brasil seja 
parte.”
Segundo a Relatoria Especial da ONU 
criada em 2010 para estudar o tema das 
liberdades de reunião pacífica e associação, 
a efetivação da liberdade de associação 
está ligada à capacidade das organizações 
acessarem fundos e recursos financeiros, 
sendo esta uma das mais relevantes 
barreiras ao desenvolvimento das OSCs 
nos dias atuais. 12
Ainda sobre a liberdade de associação, 
na segunda edição do Relatório Protegendo 
a Sociedade Civil13, publicado em 2012, 
há destaque para o expressivo número de 
governos, não exclusivamente autoritários, 
que estão usando medidas legais e 
regulamentares para restringir a sociedade 
civil, medidas essas que constituem 
barreiras à entrada, ao funcionamento, 
à expressão e defesa, à comunicação, à 
criação e ao acesso a recursos pelas OSCs. 
Especificamente sobre as barreiras ao 
financiamento, o Relatório afirma que a lei 
pode ser usada para restringir a capacidade 
das OSCs de garantirem os recursos 
necessários, consistindo verdadeiro entrave 
para o financiamento e desenvolvimento 
das organizações. Ainda segundo o estudo, 
o impacto de medidas restritivas legais 
ultrapassa as organizações e indivíduos 
imediatamente a elas sujeitos, levando a 
um arrefecimento da sociedade civil de 
forma mais ampla e mais difícil de medir, 
estabelecendo também uma tendência 
prevalente, mas não exclusiva, dos regimes 
autoritários e semi-autoritários a uma 
regulamentação mais dura e punitiva das 
Organizações da Sociedade Civil. 
15 MENEZES DE ALMEIDA, Fernando. Liberdades públicas de ação coletiva: a posição do Supremo Tribunal Federal ana-
lisada à luz do Direito internacional dos direitos humanos. In: AMARAL JÚNIOR, Alberto do; JUBILUT, Liliana Lyra (Org.). 
O STF e o Direito internacional dos direitos humanos. São Paulo: Quartier Latin, 2009. p. 193.
16 Supremo Tribunal Federal, ADI 3.045. Relator: Min. Celso de Mello, 10/08/2005. 
Dentre as iniciativas em andamento e que 
discutem a pauta da liberdade de associação 
na América Latina destaca-se a Mesa de 
Articulação de América Latina e Caribe e seus 
Aliados do Sul Aumentam sua Capacidade 
de Incidência e Diálogo com Governos 
e Setor Privado, relatório cujo objetivo 
é diagnosticar a situação e promover, a 
partir do desenvolvimento de capacidades 
e políticas para a sustentabilidade, um 
ambiente propício à atuação das OSCs na 
região.14
A existência de OSCs livres, plurais e 
independentes tem correlação direta com a 
garantia e a preservação da democracia, num 
mundo cujos desafios a serem enfrentados 
dependem de uma melhor interação entre 
governo e sociedade.
De acordo com a análise do professor 
do Departamento do Estado da Faculdade 
de Direito da Universidade de São Paulo 
Fernando Dias Menezes de Almeida15, a 
liberdade de associação foi reconhecida 
tardiamente e assume crescente importância 
nos dias atuais. O reconhecimento tardio 
dessa liberdade seria explicado pela ausência 
do valor da ação coletiva na ideologia liberal e 
pelo temor dos governos com relação à ação 
fortalecida de grupos. Já a importância nos 
dias de hoje seria decorrente da conformação 
atual das sociedades, marcadamente 
urbanizadas e complexas, nas quais haveria 
maior necessidade de espaços coletivos 
para as ações políticas, profissionais e de 
difusão de informações, seja por meio das 
associações sindicais, profissionais, OSCs, 
reuniões e manifestações.
Nesse sentido, a liberdade de associação 
alcança a proteção dos diretos humanos e 
tem relação direta com a regulamentação 
dos países sobre as Organizações da 
Sociedade Civil.
Feitas essas considerações, cabe avaliar 
o teor da norma do artigo 37 da Lei 
13.019/2014 com relação à liberdade de 
associação. 
Sobre o direito de cada associação definir 
as próprias regras de seu funcionamento, 
vale mencionar que o tema foi ventilado pelo 
STF, em Ação Direta de Inconstitucionalidade 
(ADI), em que reconheceu a liberdade de 
associação e tratou da alegada violação 
contida na redação original do art. 59 
do Código Civil de 2002, posteriormente 
alterada pela Lei 11.127/2005, fazendo com 
que a ação perdesse o objeto.16
Ao determinar que os/as dirigentes de 
Organizações da Sociedade Civil serão 
solidariamente responsáveis pela execução 
do objeto das parcerias, referido dispositivo 
impõe às organizações uma regra que 
somente a elas próprias caberia deliberar. 
Mesmo que fosse razoável exigir que alguma 
pessoa se responsabilize solidariamente (o 
que não é), determinar que esta figura seja 
um/a dos/as dirigentes da entidade é uma 
direta interferência na auto-organização 
da entidade, que tem a autonomia 
constitucionalmente assegurada de 
determinar, a partir de suas regras próprias, 
a quem incumbirá cada um dos deveres e 
responsabilidades na gestão da organização.
11
17 MARQUES NETO, Floriano de Azevedo. Os grandes Desafios do Controle da Administração pública. In: MODESTO, 
Paulo (Coord.). Nova Organização Administrativa Brasileira. 2. ed.Belo Horizonte: Fórum, 2010.
Considerações Finais
Ao regulamentar ações ligadas à dimensão 
de financiamento público, o Estado deve 
garantir a não interferência e a plena liberdade 
de participação, de modo a não retroceder 
sobre o direito de liberdade de associação, 
restringindo-o ou obstaculizando-o. O art. 37 
da Lei 13.019/2014, todavia, não se mostra 
como uma norma promotora do direito 
fundamental da liberdade de associação.
 
O desafio do não retrocesso se coloca 
justamente ao regulamentar as relações 
de financiamento e de participação em 
cooperação com o Estado. Diante da 
necessidade de que os Estados estabeleçam 
critérios e processos democráticos de 
escolha das OSCs para participar

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