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Curso Bacharelado em Engenharia de Alimentos Claudineide Santos, Dara Rodrigues, Josieder Santana, Karoline Santos, Tâmara Lopes SUINOCULTURA SALINAS-MG ABRIL/2016 Claudineide Santos, Dara Rodrigues, Josieder Santana, Karoline Santos, Tâmara Lopes SUINOCULTURA Trabalho apresentado ao Instituto Federal do Norte de Minas Gerais campus Salinas, como pré-requisito para a aprovação na disciplina Matérias Primas Alimentícias, ministrada pelo Professor Felipe Cimino Duarte no curso Bacharelado em Engenharia de Alimentos/ 5º período turma IV. SALINAS-MG ABRIL/2016 SUMÁRIO 1.0 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 4 2.0 METODOLOGIA ............................................................................................ 5 3.0 SUINOCULTURA ........................................................................................... 5 3.0.1 Instalações .................................................................................................. 6 3.0.2 Galpões ou salas ......................................................................................... 6 3.0.3 Galpão maternidade .................................................................................. 6 3.0.4 Galpão gestação ........................................................................................ 7 3.0.5 Galpão creche ............................................................................................. 7 3.0.6 Galpão de crescimento e terminação.......................................................... 7 3.0.7 Reservatório de água .................................................................................. 8 3.0.8 Quarentenário ............................................................................................. 8 4.0 FÁBRICA DE RAÇÃO ................................................................................... 9 4.0.1 Escritório .................................................................................................... 9 5.0 TRATAMENTO DOS DEJETOS .................................................................... 9 5.0.1 Higienização das instalações para suínos ................................................. 10 6.0 NUTRIÇÃO DOS SUÍNOS ........................................................................... 11 7.0 REPRODUÇÃO ............................................................................................. 12 8.0 ABATE ........................................................................................................... 13 8.0.1 Pré-abate .................................................................................................. 14 8.0.2 Procedimento para abate .......................................................................... 14 8.1 Fatores que podem afetar a carne do suíno ................................................. 16 8.1.0 Abatedouros clandestinos ................................................................ 17 8.1.1Manejo e Pré abate ............................................................................ 18 8.1.1.0 Organização do embarque dos suínos para o abate ....................... 18 8.1.1.1 Jejum ................................................................................... 18 8.1.1.2 Retirada dos suínos da baia ............................................... 18 8.1.1.3 Desembarque ................................................................................. 19 8.2 Formas de evitar desperdícios e má qualidade de carcaças ................ 20 8.2.0 BPF Boas Práticas de Fabricação no abate de suínos, e APP Análise de perigo e pontos críticos de controle ................................................................ 20 9.0PROCESSAMENTO ...................................................................................................... 21 9.0.1 Corte ................................................................................................................... 21 9.0.2 Embalagem ....................................................................................................... 24 9.0.3 Armazenamento .............................................................................................. 25 9.1 DERIVADOS ...................................................................................................... 27 9.1.1 Bacon ................................................................................................... 27 9.1.1.0 Injeção .................................................................................. 27 9.1.1.1 Tambleamento/Envaramento ......................................... 28 9.2 Cozimento/Defumação .................................................................................... 28 9.2.0 Resfriamento/ Embalagem ........................................................................... 28 9.3Salsicha .................................................................................................................. 29 9.4 Chouriço .............................................................................................................. 30 9.5 Linguiça ................................................................................................................ 32 9.6 Salame ................................................................................................................... 33 9.7 Mortadela ............................................................................................................. 35 10.0 SUBPRODUTOS ......................................................................................................... 36 10.0.1 Energia ........................................................................................................... 36 10.0.2 Adubo .............................................................................................................. 38 10.0.3 Irrigação .......................................................................................................... 39 10.0.4Farinha de ossos ............................................................................................ 39 10.0.4.0 Fatores que comprometem a qualidade das farinhas ......... 39 11.0 PREPARO DA CARNE SUÍNA DOMICILIAR ................................................ 40 12.0 CONCLUSÃO .............................................................................................................. 41 13.0 REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 42 4 1.0 INTRODUÇÃO A suinocultura, atividade agrícola que consiste na criação de porcos, vem passando por muitas mudanças tecnológicas nas últimas décadas, resultando em participações de mercado, exportações e geração de emprego direto ou indiretamente, estes avanços tecnológicos correspondem no aumento da produtividade e na redução dos custos de produção, atualmente, a criação de suínos tem grande importância no cenário econômico e social (EMBRAPA, 2003). Os benefícios que a suinocultura vem trazendo para o país também estão relacionados com o aumento do consumo de carne suína em todo o mundo, (GERVÁSIO, 2013). Dentre os fatores de qualidade, pode ser destacado o abate inspecionado dos suínos. Pesquisas realizadas no último censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e a Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) mostram que a carne processada vem substituindo em grandenúmero a carne in natura chegando em 2008 possuir 48,2% de participação na aquisição domiciliar (MIELE, 2011). Segundo o Ministério da Agricultura, Agropecuária e Abastecimento até o ano de 2020 a exportação de carnes no Brasil vai chegar a 44,5% do mercado mundial, tendo em vista que deste número 14,2% será de carne suína, cabe ao Ministério da Agricultura e a Secretaria de Defesa Agropecuária regulamentar e controlar as mercadorias de origem animal que serão exportadas,( MAPA, 2003). Para assegurar o consumo da carne é fundamental que os animais a serem abatidos tenham o máximo de cuidado possível além de obter o registro do estabelecimento no Serviço de Inspeção Federal (SIF) do MAPA, que tem como função atestar a regularidade sanitária, técnica e legal das instalações e etapas de produção. Todo produto industrializado mesmo que não seja para exportação, deve seguir normas de processamento que qualificam o produto e o faz permanecer com seus nutrientes (proteína, por exemplo), características sensoriais (aparência, cor e sabor) e os aspectos higiênicos e sanitários (SOUZA et al, 2013). 5 Para um bom processamento, são necessárias técnicas adequadas de pré- abate, insensibilização e resfriamento das carcaças, além de investir em tecnologia para a classificação da carne na linha de abate, direcionando-a para consumo fresco ou processamento, que deve ocorrer numa faixa de 10-15 ºC (SARCINELLI; VENTURINI; SILVA, 2007). O objetivo deste trabalho é descrever detalhadamente sobre a suinocultura, abate processamento na indústria e consumode carne e derivados suínos, por meio de uma revisão bibliográfica. 2.0 METODOLOGIA A metodologia utilizada consistiu em levantamentos a partir de dados bibliográficos e projetos relacionados à criação de suínos, e processamento da sua carne. Serão apresentados também artigos, agregadas informações obtidas em sites na internet (Capes, Scielo e instituições de pesquisa), livros, revistas, pertencentes a organizações governamentais e não governamentais, que divulgam textos e dados relacionados com a temática abordada no presente trabalho para uma concreta argumentação proporcionada. Tendo como principais palavras chave suinocultura, consumo de carne suína, processamento de carne suína e abate. O material coletado abrangeu todo o tema desde os aspectos gerais do tratamento de suínos e criação até o consumo de sua carne domiciliar e também dos avanços do método neste processo. A distribuição das informações adotadas no presente trabalho busca favorecerem a compreensão geral sobre suínos e as potencialidades de aplicação destas metodologias para pequenas e médias indústrias. 3.0 SUINOCULTURA 6 Este item será descrito de acordo com informações retiradas da apostila do e-tec Brasil do curso técnico em agropecuária da cidade de Floriano-PI, no ano de 2012 da autora Jackelline Cristina Ost Lopes. 3.0.1 Instalações O local destinado a suinocultura , dentro da propriedade deve obter caracteristicas significantes como ser alto, seco, arejado e com boa declividade. As instalações destinadas à suínos devem atender a determinadas exigências básicas quanto a higiene, orientação, economia, racionalização do trabalho e facilidade de manejo. A utilização de árvores altas próximas às instalações favorecem maior conforto, haja visto que ocorre a projeção de sombra sobre o telhado. Estas ainda devem estar desgalhadas na região do tronco, evitando que esta ação seja prejudicial à ventilação natural. O número de instalações e equipamentos é totalmente dependente do tipo de produção, sistema adotado, capital de investimento, dentre outros fatores. 3.0.2 Galpões ou salas Na suinocultura existem quatro tipos de galpões de criação: maternidade, gestação, creche e crescimento e terminação. Além dessas existem outras instalações especializadas , como o reservatório de água, o quarentenário, a fábrica de ração, o depósito, o escritório e o local de tratamento dos dejetos . Os galpões devem estar posicionados de forma que ocorra a diminuição da incidência de raios solares dentro dos mesmos. 3.0.3 Galpão maternidade O galpão maternidade deve ser higienizado de maneira correta, de fácil manejo e conter basicamente, uma proteção contra o esmagamento dos leitões 7 recém nascidos pela porca, uma fonte de calor para os recém nascidos e um local ideal para abrigo dos leitões. Existem diversificados tipos de galpões maternidade, como a baia maternidade e gaiolas de parição. Entretanto a maternidade com gaiolas de parição é o tipo mais recomendado, buscando desta forma evitar o esmagamento dos recém nascidos. As gaiolas devem ser construidas com ferro, devem obter inclinações facilitando o escoamento de líquidos durante a limpeza das mesmas. Nesta gaiola devem conter ainda bebedouros do tipo chupeta ou calha e comedouros adequados para as porcas e leitões respectivamente. 3.0.4 Galpão gestação As gaiolas de gestação devem obedecer à algumas normas de padronização, como instalação com comprimento de 2,10 m e 0,60 m de largura. Estas devem conter bebedouros e comedouros adequados. No galpão de gestação podem ser instaladas as baias de reprodutor e pré- cobrição. Sugere-se baias coletivas com no máximo quatro animais para as porcas e baias individuais para o reprodutor. 3.0.5 Galpão creche A instalação apropriada para a creche é a gaiola de piso vazado com divisórias desmontaveis para melhor higienização e manejo dos animais. Estas gaiolas devem estar suspensas à 0,6 m do piso e dimensionadas para receber uma leitegada de 25 leitões menores/baia ou 12 leitões maiores/baia. 3.0.6 Galpão de crescimento e terminação Nesta fase recomenda-se que que os animais permaneçam na mesma baia, considerando uma área de 1,1 m² por leitão. As paredes divisórias devem conter 8 0,6 m de altura e o piso uma inclinação de 2 a 3 % , facilitando o escoamento de dejetos, para que o ambiente permaneça higienizado. 3.0.7 Reservatório de água A água da granja deve satisfazer as necessidades de todos os integrantes da granja, deve ser de boa qualidade fresca garantindo o bem estar dos animais. A quantidade de água utilizada na suinocultura depende significativamente do tipo de sistema adotado para criação, dos tipos de bebedouros e da existência ou não de fossas para o tratamento de dejetos. O encanamento envolvido em todas as instalações e o reservatório devem estar protegidos contra raios solares, mantendo-se assim a temperatura adequada no fornecimento de água para os animais. Além da água utilizada para consumo dos suínos, utiliza-se na granja água para limpeza das instalações, chegando a utilizar uma quantidade equiparada ao consumo dos animais. 3.0.8 Quarentenário A técnica de quarentena viabiliza evitar a introdução de microrganismos patogênicos na granja. É realizada através da permanência dos animais em instalação separadas por um período de pelo menos 30 dias antes destes serem introduzidos ao rebanho. Durante a quarentena os animais são submetidos a exames laboratoriais e assistência clínica, haja visto que a forma mais comum de entrada de doenças nas granjas é por meio de animais portadores de doenças ou infecções. Neste período tanto os animais quanto as instalações são submetidas à tratamento contra ectoparasitas e endoparasitas. Esta instalação deve ser construida à aproximadamente 500 m de distância do sistema de produção e separada por barreira física. 9 4.0 FÁBRICADE RAÇÃO Com o avanço global e a tecnologia de ponta, a maioria das granjas de suinos tem optado por produzir a ração de seus animais na própria localidade da granja. Adaptando-se aeste sistema, o produtor minimiza custos e controla a qualidade da ração que será utilizada na alimentação dos seus suinos. Esta instalação deve ser construida próxima a entrada da propriedade, por questões logisticas, facilitando o transporte das matérias primas a serem utilizadas na fabricação da ração. O galpão deve possuir os seguintes instrumentos e equipamentos para o processamento da ração: um triturador para grãos, com vários tamanhos de peneiras, adequando-se a ssim ao processamento de ração para as distintas idades dos animais; uma balança para pesagem dos componentes constituintes da ração; peneira para remover as impurezas dos grãos; silo (onde os alimentos são armazenados); misturador, onde são misturados os componentes armazenados no silo correspondendo a etapa final do processo de preparação da ração. O depósito é a instalação destinada ao armazenamento de materiais utilizados na granja e alimentos dos suínos. 4.0.1 Escritório Esta instalação é de suma importância em um sistema de produção de suinos, haja visto, que é neste local onde é feito os cálculos e contabilidade dos negócios. 5.0 TRATAMENTO DOS DEJETOS Um dos problemas no manejo de dejetos de suínos é o alto grau de diluição, ocasionado principalmente por vazamentos no sistema hidráulico, desperdício de água nos bebedouros e sistema de limpeza inadequada. Para viabilizar o uso dos dejetos como adubo orgânico é necessário reduzir o volume a 10 ser destinadas a lavoura e aumentar a concentração de nutrientes por unidade de volume( SCHERER, 1994). A EMBRAPA Suínos e Aves estão desenvolvendo pesquisas de sistemas capazes de equacionar o aproveitamento e tratamento de dejetos suínos. Estes estudos sugerem a separação das frações sólida e líquida dos dejetos, via decantador, com aproveitamento da fase sólida como fertilizante e tratamento da fração líquida. O sistema de tratamento recomendado é a combinação de um decantador de fluxo crescente com lagoas de estabilização. Uma lagoa de alta taxa de degradação também pode ser utilizada como processo de remoção de nutrientes, especialmente de nitrogênio e fósforo. 5.0.1 Higienização das instalações para suínos O termo higienização associa os processos de limpeza e de desinfecção das instalações. A higienização correta das instalações, associada ao vazio sanitário, é fundamental para minimizar os riscos de infecções e a quebra do ciclo de vida de determinados agentes infecciosos (SOBSTIANSKY, 2002). Compreender os procedimentos de limpeza e desinfecção das instalações e equipamentos resulta na correta eliminação dos resíduos da produção. A limpeza consiste na remoção de resíduos orgânicos brutos que se acumulam nas instalações, visando reduzir a carga microbiana no ambiente de criação e minimizar a exposição do lote ao excesso de matéria orgânica que pode, potencialmente, veicular patógenos aos animais. Dentro de um sistema de produção de suínos, os procedimentos de limpeza das instalações devem ser monitorados garantindo a qualidade microbiológica de todo o ambiente( BERTOL, 2006). Com o objetivo de minimizar a carga microbiana das instalações e reduzir a exposição dos animais alojados aos patógenos veiculados pela matéria orgânica ou “sujeira”, devem-se atender os seguintes aspectos: esvaziar e limpar com água sob pressão as calhas e fossas existentes, retirar das instalações qualquer material remanescente de atividades diversas como sacos de ração, seringas, frascos de 11 produtos etc., utilizarem utensílios como vassoura, pá e escova exclusivas para cada galpão, limpar os comedouros, retirando os restos de ração antes de adicionar nova ração, retirar fezes dos comedouros sempre que for detectado pelo operador, manter os bebedouros limpos tratando a água com cloro (SESTI, 1999). 6.0 NUTRIÇÃO DOS SUÍNOS O custo da alimentação suína corresponde a 65% de toda a produção. Os aproveitamentos dos conhecimentos de nutrição animais vieram para contribuir com a diminuição nos custos com a alimentação e para a utilização de ração balanceada pra suprir todas as necessidades energéticas do animal e utilizando materiais que seriam jogados fora (casca de alimentos) trazendo também benefícios para o meio ambiente (EMPRAPA, 2003). A composição das rações para suínos é feita principalmente o milho que é uma grande fonte de energia para os suínos, mas a sua principal limitação é o baixo teor de aminoácidos que é de grande importância para os suínos o milho poderá ser substituído pela mandioca e pelo sorgo (LOPES, 2012). A soja é utilizada nas rações como fonte primordial de proteína. Os alimentos fontes de proteínas são aqueles que possuem, na maioria das vezesvalor de energia metabolizável acima de 3.000 kcal/kg do alimento, o feijão, o soro de leite também são utilizados (EMPRAPA, 2003). Os principais minerais utilizados nas rações suínas são o Cálcio e farinhas de ossos e as vitaminas são exigidas em pequenas quantidades que são ingeridas pelos animais na forma de suplementos. A água também é importante para a nutrição de suínos. Os suínos devem ingerir água potável, ou seja, a mesma água consumida pelos seres humanos (LOPES, 2012). Durante a fase de crescimento dos leitões o consumo de água aumenta proporcionalmente ao consumo de ração, sendo uma quantidade de 2,5 a 3,5 litros de águapor cada quilo de ração (YAGÜE, 2008). 12 É praticamente impossível fixar um nível de energia para cada tipo de ração. Diversos fatores como os preços dos ingredientes e dos produtos suínos, os resultados a serem obtidos fazem com que o nível de energia da ração suína varie (ROSTAGNO et.al, 2005). 7.0 REPRODUÇÃO A reprodução de suínos se inicia na detecção do cio das fêmeas presentes na granja. O desenvolvimento sexual das fêmeas acontece entre 5,5 e 6,5 meses de idade, podendo ter algumas variações em função da genética, da nutrição, do manejo e do ambiente onde estão alojadas. Para a detecção do cio é necessário uma trabalho diário de contato físico direto entre fêmea e o macho reprodutor (ou até mesmo um tratador) pelo menos 10 minutos para estimular e assim detectar a fêmeas que estão prontas para serem cobertas (EMPRABA, 2003). Depois de detectado o cio da fêmea deve se escolher o macho reprodutor, na idade adulta ele serve aproximadamente 20 fêmeas na monta natural, o macho reprodutor contribui com 50% da genética de todo o plantel de produção. Por essa razão a escolha do macho deve ser minuciosa e bem programada, para que os filhotes nasçam com uma boa genética (FAVERO, 1997). Depois de escolhido o macho reprodutor é a vez da cobrição (é a relação sexual entre o macho e a fêmea por ocasião do cio da mesma) o tempo de montada é controlado e varia de 5 a 10 minutos, para que a cobertura não tenha eficiência duvidosa, o tamanho da fêmea e do macho reprodutor deve ser compatível, caso não seja é necessário a utilização de um tronco de monta, que facilitará a cobertura da fêmea. A gestação da fêmea é de aproximadamente 114 dias. Neste período de tempo os cuidados deverão ser aumentados. A alimentação das fêmeas durante a gestação e especialmente nos dias próximo ao parto deve ser diferenciada, com o provimento de rações laxativas, duas vezes ao dia devendo fornecer água á vontade para as fêmeas gestantes (EMPRABA, 2003). 13 A fase de creche pela qual os leitões passamdepois de certo de tempo de nascidos, é onde acontece o desmame e será o local que ele passará maior parte de sua vida. O desmame dos leitões pode ser natural ou artificial, o natural consiste no fim da secreção láctea, e desmame artificial que é o que ocorre nas creches onde eles são separados da fêmea por interferência do homem. A finalidade do desmame artificial é diminuir o intervalo entre partos, aumentando assim a produtividade da granja de suínos (MOURA, 1985). O cuidado com os leitões após o desmame devem ser aumentados, principalmente nos dias iniciais em que foram separados da fêmea, para que se evitem perdas e quedas no desempenho por conta da mudança na alimentação (os leitões passam a sem alimentar com rações) e a diferença de ambiente podendo causar malefícios como a diarréia.A última fase da reprodução suína é a fase de crescimento e terminação, que consiste na saída da creche quando o leitão atinge aproximadamente 110 dias de vida. Esta fase depende inteiramente da fase anterior (fase de creche), pois esta fase é a continuação do crescimento dos leitões e a sua engorda (EMPRABA, 2003). A alimentação dos leitões após o desmame deverá ser feita com base nutricional, pois nas primeiras 24 horas após o desmame, acontecem mudanças funcionais e estruturais no intestino delgado que compreendem a redução na atividade específica de enzimas digestivas e absortivas dos leitões, ocasionando assim a perda de peso dos mesmos (KUMMER, 2009). 8.0 ABATE As informações dos tópicos citados abaixo foram retirados do guia técnico ambiental de abate (2006). No primeiro procedimento, o transporte dos animais até o matadouro é necessário cuidados nas condições de transportes (viagem tranquila, evitando viagens por terra durante muito tempo); ao chegar ao matadouro, os porcos são conduzidos através de currais semelhantes aos utilizados para bovinos. Em seguida, têm-se o repouso, jejum e dieta hídrica de no mínimo 6 horas e no máximo 24 horas, dependendo da distância percorrida. O jejum possibilitará um 14 esvaziamento do trato gastrointestinal minimizando possíveis contaminações da carcaça, durante a fase de evisceração, por ruptura do aparelho digestivo. 8.0.1 Pré-abate Logo após é feita a inspeção da documentação sanitária dos animais, identificando e separando os animais que apresentam sintomas de doenças infecto-contagiosas e outras alterações que comprometam a sanidade da carne obtida, além de permitir uma recuperação do estresse sofrido durante o transporte, iníciando a limpeza dos animais conduzindo-os a um corredor, passando por uma seringa, por cerca de 3 minutos, onde terão um banho com aspersão de água a 1,5 atm de pressão e de finalidades múltiplas, removendo a sujeira superficial, acalmando os animais e aumentando eficiência da insensibilização. 8.0.2 Procedimento para abate Dando sequência os suínos entram em um box para o atordoamento, sendo transportados um a um, até atingirem um trecho em que ficam suspensos por esteiras ou cilindros rolantes quase verticais (em “V”) pelas laterais, sem apoio para as patas, o que imobiliza os animais. Esse atordoamento, normalmente, é realizado por descarga elétrica: dois eletrodos, em forma de pinça ou tesoura, são posicionados nas laterais da cabeça e na altura do coração. Ou então, os animais são colocados em uma câmara com atmosfera rica em gás carbônico, sendo atordoados por falta de oxigênio. Feita a sangria, os animais serão pendurados em um trilho aéreo, ou em mesas, bancadas apropriadas para a drenagem do sangue. Em média, o volume de sangue por animal é de 3 litros, podendo ser coletado parte desse sangue para fins farmacêuticos, ou ser totalmente enviado para tanques para ser processado, visando separar os componentes ou seu uso para rações animais. E após a sangria os suínos são lavados para eliminação superficial do sangue. São levados então, para escaldagem e remoção das cerdas após tempo suficiente de sangria, com duração do processo a cerca de um minuto. Os animais são retirados do trilho e 15 são imersos em um tanque com água quente, em torno de 65ºC, facilitando a eliminação dos pelos e unhas ou cascos, onde parte da sujeira no couro desses animais fica na água deste tanque. Assim, faz-se a depilação e “Toilette”, onde serão colocados em uma máquina de depilação, em um cilindro giratório com pequenas pás retangulares distribuídas pela sua superfície, dotadas de extremidades de borracha, provocando o impacto destas pás com o couro dos animais, removendo boa parte dos pêlos por atrito. E as unhas ou cascos e parte dos pêlos são retirados manualmente, com auxílio de facas. Então, os animais são colocados novamente no trilho aéreo de transporte para o seguimento do processo. Os pêlos são reaproveitados por graxarias ou para terceiros fazerem pincéis ou escovas, tapetes entre outros materiais. Para complementar a depilação, a carcaça será lavada com água sob pressão novamente. Ao fim da lavagem, abre-se a barriga dos animais com facas e as vísceras são removidas, colocadas em bandejas da mesa de evisceração, onde serão separadas, inspecionadas e encaminhadas para o processamento, de acordo com o resultado da inspeção. O ânus e a bexiga do animal são amarrados para evitar contaminação das carcaças com seus excrementos, o osso do peito é aberto com serra e remove-se coração, pulmões e fígado, podendo ter ou não a remoção da cabeça. O processo dos intestinos gera a produção de tripas, normalmente salgadas, utilizadas para fabricação de embutidos ou aplicação médica. A carcaça é serrada, seguido da espinha dorsal, divididas em duas meias carcaças, não alcançando a cabeça, removendo a medula e cérebro dos animais, limpando as carcaças com facas. Assim são retirados resíduos de sangria, gorduras excessivas (unto), restos de traquéia, etc; e a cauda pode ou não ser retirada. As carcaças recebem um chuveiro para complementar a toalete e lavadas com água sob pressão. As meias-carcaças liberadas pela inspeção recebem o carimbo oficial no pernil, paleta e lombo, aplicados com tinta apropriada, podendo ser realizada antes do chuveiro, mas nesse caso deve ser utilizada tinta de secagem rápida. 16 As carcaças são encaminhadas para refrigeração em câmaras frias, com temperaturas controladas para seu resfriamento e conservação. São assim, expedidas e rotuladas ou destinadas a desossa e industrialização divididas em porções menores para comercializar. A desossa é realizada manualmente, com auxílio de facas. As sobras resultantes desta desossa são aproveitadas na produção de derivados de carne. Os ossos e partes não comestíveis são encaminhados para as graxarias, sendo transformadas em sebo ou gordura animal industrial e farinhas para rações. E por fim, as carcaças, cortes e as vísceras comestíveis, após processadas e embaladas são estocadas em frio, aguardando sua expedição. Abaixo consta o diagrama de fluxo do processo de abate: Figura 1: Fluxograma de abate. FONTE: Guia Técnico Ambiental de Abate, 2006. 8.1 Fatores que podem afetar a carne do suíno O abate inadequado pode trazer vários riscos para o consumidor final, isso porque muitas das contaminações por patógenos estão envolvidos no processo de Transporte dos animais até o matadouro Inspeção e posterior recepção dos animais no matadouro Sangria Chuveiro Limpeza dos animais Escaldagem e remoção das cerdas Insensibilização Depilação eToillete Repouso, jejum e dieta hídrica Chuveiro Evisceração Toilletedascar caças Chuveiro Serragemdacar caça Carne - Meias carcaças EXPEDIÇÃO Refrigeração Carimbagem Corte e desossa Comercialização 17 abate. A contaminação pode ocorrer por alguns fatores, que não são possíveis combatê-los mas sim reduzir as fontes que causam o contágio. As vias de transmissão durante o abate provêm do próprio animal, por meio do sistema gastrointestinal, pele, pêlos, pela região orofaríngea, além de sangue, urina, fezes e material perfuro-cortante e também pelos operadores e as instalações dos suínos (TAVOLARO et al., 2007). Para evitar agentes nocivos a saúde mundial, medidas devem ser adotadas como a inspeção e controle de qualidade dos abatedouros, que está diretamente ligado as inspeções rotineiras, como a inspeção post-mortem realizada em abatedouros lícitos permitindo a descoberta de lesões e enfermidades, possibilitando a adoção de práticas para evitar a disseminação de agentes patogênicos entre os trabalhadores do local. (GERMANO,2000; DIAS, 2012). Levando em consideração esses aspectos pode-se presumir algumas parâmetros para qualidade e sanidade das carcaças durante o abate: 8.1.0 Abatedouros clandestinos (influência negativa no abate e na carne) Com o crescente aumento do consumo de carne suína no Brasil houve uma demanda maior na produção de suínos, ocorrendo a abertura de um número maior de abatedouros clandestinos sem serviços de inspeção, o que por sua vez, incrementa o risco de transmissão de zoonoses (Doenças transmitidas de animas vertebrados para pessoas) ocupacionais para os trabalhadores. No Brasil existem leis que regulamentam os serviços de inspeção e vigilância sanitária, porém, muitos abatedouros fazem o uso do serviço de forma negligenciada, perpetuando esse tipo de estabelecimento, caracterizando a situação como um grave problema de saúde pública (VIANA et al, 2014). A inspeção no abate dos suínos é de grande importância para a condição higiênica de carcaças, a qual atribui os cortes de carnes, vísceras e derivados de 18 carne, funcionando como forma de prevenção de zoonoses e intoxicações de grande parte dos patógenos é de origem zoonótica (CUTLER, 2010). 8.1.1Manejo e Pré abate (executado de maneira incorreta pode prejudicar na qualidade da carcaça) 8.1.1.0 Organização do embarque dos suínos para o abate O embarque dos animais é um fator que pode afetar a qualidade da carne. É necessário que os funcionários sejam qualificados, pois estes no momento do embarque irão identificar e separar os animais que dificultam o manejo (problemas sanitários de locomoção e com deficiências) e consequentemente não serão enviados para o abate. Na baia de transporte deve ser evitado excesso ou falta de animais, pois isso pode gerar lesões na carcaça, fraturas e mortalidade dos suínos (DALLA COSTA, 2006). 8.1.1.1 Jejum O jejum é fundamental para a qualidade da carne, pois evita a contaminação e reprovação da carcaça. Quando o animal não é submetido ao jejum, pode ocorrer o comprometimento do conteúdo gastrointestinal, com o rompimento de vísceras, quando estas se encontram cheias. O tempo de jejum não deve ser mais de 21hs, pois pode provocar stress no animal provocando defeito no corte no momento do abate (EMBRAPA, 2012). 8.1.1.2Retirada dos suínos da baia A Saída da baía provocará uma mudança de ambiente para o suíno, eles serão orientados naturalmente, pois são animais curiosos, isso facilitará o manejo do animal. A retirada dos suínos deve ser de forma tranqüila e organizada 19 podendo ser de três em três. As instalações devem ser apropriadas, afim de facilitar o processo com equipamento e rampas acessíveis (DALLA COSTA, 2006). 8.1.1.3 Desembarque Os suínos são desembarcados para as baias de descansos dos abatedouros, visando o bem-estar do animal são necessárias rampas com 13° de inclinação, isso para facilitar o desembarque e prevenir quedas. O animal deve ficar em descanso com o intuito de gerar um fluxo no momento do abate e recuperar o desgaste físicodo animal durante a viagem (DALLA COSTA, 2006). Nas baías de descanso o recomendado é de 10 a 15 animais, entretanto, alguns abatedouros têm a incidência de grandes lotes de suínos (90 suínos/baía), devido ao espaço e dimensionamento das instalações que dificultam o deslocamento dos suínos, tais fatores contribuem no incremento da contagem das lesões prejudicando o bem-estar animal e a qualidade da carne (GRANDIN, 1999). O período de descanso é um estágio que deve haver muito cuidado, pois, o controle inapropriado, pode causar estresse no animal, havendo perdas econômicas influenciadas pelos danos na carne do animal provocando uma má qualidade no produto, além de poder causar a morte de suínos. Dados revelam que o estresse pode causar a taxa de mortalidade de 0,57% (GUÀRDIA et al., 1996), provoca fermentação intensa no músculo ocasionando altos níveis de lactato no sangue e mais do que o dobro da incidência de carne PSE (pálida, mole e exudativa) (WARRISS et al., 1994). Faucitano (2000) cita cinco princípios básicos no manejo pré-abate, que afeta a qualidade da carne: 1. A combinação de suínos que não se conhecem e o manejo bruto deve ser impedido em qualquer prática do pré-abate; 20 2. O embarque no caminhão deve ser de forma fácil, rápida e não estressante aos animais. Devem ser reunidos em grupos e transportados por meio de um elevador hidráulico; 3. O jejum não prejudica o rendimento da carcaça desde que respeitado o tempo limite e é benéfico ao bem–estar animal e à qualidade da carne; 4. A densidade do transporte deve ser adaptada às condições ambientais (clima, tempo e distância de transporte); 5. As instalações do ambiente de descanso no abatedouro devem permitir um fluxo constante de animais para o abate, devem ser ajustados os parâmetros como: temperatura, umidade e asperção sem prejudicar bem–estar e metabolismo muscular post morten (inspeção pós morte) do animal. 8.2 Formas de evitar desperdícios e má qualidade de carcaças 8.2.0 BPF (Boas Práticas de Fabricação) no abate de suínos, e APPC (Análise de perigo e pontos críticos de controle) As BPF’s são um conjunto de regras empregadas em vários processos nos produtos e serviços a fim de certificar o manuseio correto das atividades empregadas para integridade do produto final, seguindo normas instituídas, visando à promoção e a certificação da qualidade (TOMICH et al., 2005). A APCC visa a identificação e controle de situações que representam riscos a saúde e veiculação de doenças por meio dos alimentos. Esse plano tem como base a avaliação de cada etapa da operação de produção desse alimento levando em consideração o contexto dos recursos estruturais e humanos disponíveis e ainda controla desperdícios, organização e limpeza (SENAI, 2002). A implantação dos sistemas de controle dasBPF’s, garante qualidade higiênico sanitárias dos alimentos eleva a qualidade dos produtos, diminui riscos oferecendo maior garantia e contentamento aos consumidores, bem como aprova 21 um ambiente de trabalho mais hábil e aceitável, otimizando o procedimento produtivo e maximizando custos (BRASIL, 2003; NETO, 2005). A ANVISA(Agência Nacional de Vigilância Sanitária) do Ministério da Saúde publicou leis e normas que estabelece diretrizes para o funcionamento das atividades de inspeção sanitária, de forma a avaliar as Boas Práticas para fiscalização de qualidade de produtos e serviços na áreade alimentos tendo em vistaa proteção da saúde da população (BRASIL, 1997; BRASIL, 2003), em como avaliar a efetividade dos processos, meios e instalações, assim como dos controles utilizados na produção, e consumo de alimentos através do Sistema de APPCC (BRASIL, 1993). Segundo Tomich et al (2005), os problemas de higiene estão ligados ao descumprimento das normas por produtores e manipuladores, por isso é importante as fiscalizações sanitárias dos estabelecimentos devendo serem realizadas avaliando todos os processos e seus riscos de forma a controlá-los. Por isso deve se voltar olhares para a capacitação de manipuladores e aperfeiçoamento em Boas Práticas de Fabricação aos manipuladores de alimentos. 9.0 PROCESSAMENTO 9.0.1 Corte Segundo o Manual de industrialização de suínos (2014), o processo de corte inicia-se pela cabeça e pé dianteiro nas articulações do atlas e áxise do jarrete, respectivamente, em seguida é removida a pele com a gordura deixando exposta a porção muscular da meia carcaça, a divisão é feita em duas meias carcaças, retirando a medula espinhal com rabo na meia carcaça direita. A operação prossegue mantendo-se a carcaça pendurada e retirando o dianteiro (paleta, localizada no terço dianteiro da carcaça, sendo juntamente retirada com a copa) dando o corte na parte posterior do cotovelo e segue contornando a região anterior da coluna vertebral, assim a barriga e o carré são separados do traseiro 22 (pernil) por meio do corte realizado na parte anterior do ossoilium, com um corte reto próximo a extremidade do filezinho (M. psoas minor) até a direção da primeira costela abaixo da curvatura da coluna no dianteiro. O investimento em cortes suínos pela indústria da carne está crescendo, mas o volume comercializado ainda é pequeno, assim, devem-se empreender as ações de cadeia produtora de carnes suínas com divulgamentos e esclarecimentos sobre sua qualidade, melhorando o mercado de cortes ofertados nos varejos. Com auxílio da faca os cortes com osso e sem osso são removidos manualmente da carcaça, o corte da paleta é realizado por seção dos músculos que formam o membro anterior do animal, limitando da cartilagem superior da escápula até a articulação rádio/carpo/ulnar, com limites determinados pelo pescoço (antero-posterior); costelas(medial) e facearticular do carpo (inferior). Conforme especificação do mercado de carne fresca, pode ser apresentada com osso e ter a pele retirada parcialmente ou não, quando sem pele e separada em dois cortes com osso, sendo esta constituída da parte do centro da paleta, músculo do sete, raquete(separando na face articular do carpo, correspondendo à porção anteroposterior), capa de raquete, centro da paleta, peixinho da paleta. O corte sobrepaleta constituído da separação das massas musculares que formam o pescoço, das vértebras cervicais, limitando-se anteriormente (côndolo occipital), posteriormente vértebras torácicas e inferiormente papada. Procedendo-se ao corte com osso obtêm-se as postas da sobre paleta e na execução das desossas e o corte em bifes, têm-se outras opções de apresentação. O corte da barriga composto pelas massas musculares, gordura e pele do flanco do animal, é obtida da carcaça pela separação do pernil e dorso. O corte limita-se da antepenúltima costela até a região inguinal, na parte superior com as massas musculares e bases ósseas das regiões dorsais, torácicas e lombares, na parte anterior coma paleta, e na parte posterior com o pernil, assim, após a retirada da pele, da porção torácica da barriga e da separação da paleta é obtida a costela. 23 A costela será desmembrada de suas porções torácicas logo abaixo das musculares do dorso por meio de corte com serra (corte em meia lua com ossos, dando um aspecto de paliçada). O carré é a parte obtida depois da remoção da sobrepaleta, paleta, pernil, costelas e toucinho, em seu corte é feitoa separação e do toucinho (pele e gordura de cobertura), separando o dorso do pescoço (entre a sétima vértebra cervical e primeira vértebra torácica), da costela (abaixo das massas musculares que formam o lombo) e do pernil (entre a última vértebra lombar e primeira sacral) e constituído das massas musculares e bases ósseas do dorso da meia carcaça suína, ocorte inclui a primeira vértebra torácica e se estende até a sexta vértebra lombar, compreendendo o músculo Longissimusdorsi, as bases ósseas (vértebras torácicas lombares já seccionadas longitudinalmente, seguimento dorsal das costelas) definem anatomicamente esse corte. O lombo, parte constituída das massas musculares que formam o dorso da meia carcaça, é obtido pela separação das massas musculares aderidas das porções da costela que permanecem no carré, vértebras torácicas e as seis vértebras lombares, já seccionada longitudinalmente, o corte limita-se na parte anterior ao pescoço, na parte posterior ao pernil, e na parte inferior a costela e a barriga, um corte com formato cilíndrico, sendo as porções torácicas de coloração mais escura, com gordura intermuscular. O filezinho, um corte de massas musculares aderidas a face ventral das 3 últimas vértebras torácicas, 6 lombares, fêmur (terceiro trocânter) e ilíaco. O corte é feito com separação com faca por meio de arrancamento das massas musculares aderidas as bases ósseas correspondentes até a liberação total do corte, de forma semelhante a um peixe, um corte de coloração rósea, sem gordura de cobertura e entremeada. Da parte posterior da carcaça suína é obtido o pernil,o corte do pernil é constituído das massas musculares e bases ósseas que compõe a região sacrococcígea, pélvica e o membro posterior (sem o pé) da meia carcaça suína, estende-se da articulação íleo-sacral até a articulação do tarso. Após a retirada da pele e da gordura subcutânea (toucinho), separa-se o pernil do carré entre a 24 última vértebra lombar e a primeira sacral, por fim os pés seccionados entre os tarsos e os metatarsos,o corte limita-se na parte anterior ao dorso e vazio e na parte inferior as patas traseiras. O pernil pode ser desossado em cortes igual do bovino (coxão mole ecoxão duro, lagarto, patinho, alcatra), um corte que está se tornando popular é o da picanha suína. O joelho, um corte constituído das massas musculares aderidas à face posterior e lateral da tíbia e da fíbula, pela pele, tendões, cartilagens e ossos, um corte de forma cilíndrica, de coloração branca, cuja porção comestível é constituída por pele, músculos e tecido conjuntivo. O pé tem corte no membro anterior/posterior, limitando-se pela face articular dos carpos e pela face articular dos tarsos. 9.0.2 Embalagem Segundo o Manual de industrialização de suínos (2014), os alimentos estão propícios a desenvolver microorganismos, a carne resfriada é altamente perecível e biologicamente ativa, sendo assim, após a desossa em condições específicas de temperatura e higiene, os cortes da carne devem ser imediatamente acondicionadas em filmes, minimizando as alterações sensoriais e microbiológicas que afetam diretamente sua vida útil e sua comercialização, podem haver alterações, como perda de peso e textura no caso de carnes frescas sem embalar, e alteração da cor em carnes congeladas (freezer burn). Mesmo embaladas as carnes frescas apresentam alterações de quantidade de exsudado formado, interação com as embalagens e alteração da cor da mioglobina. O sistema de embalagem de carne fresca emprega-se as embalagens sem barreira de alta permeabilidade de oxigênio e os sistemas com embalagens barreiras tanto para vácuo como para atmosfera modificada.A embalagem a vácuo é muito utilizada no acondicionamento de peças inteiras ou pequenas porções, protegendo a carne do contato com o oxigênio do ar, pois o contato com o oxigênio favorece o crescimento de microorganismos aeróbios com alto potencial de deterioração, alterando o aroma, a cor, aparência dos produtos 25 cárneos, favorecendo a rancidezoxidativa das gorduras, causando alterações nos pigmentos da carne e eliminando vitaminas e aromas. Outra forma de embalagem é a de atmosfera modificada, que consiste na embalagem hermética de um alimento, em um material plástico de alta barreira, substituindo o ar por gás ou mistura de gases, esses procedimentos são concebidos para efetuar a troca da atmosfera original ao redor do produto por uma mistura de gases, de modo a prever e exercer controle sobre as alterações que ocorrerão no produto, na embalagem, e na própria atmosfera gasosa, em decorrência da interação dos gases com o produto, respiração do produto e permeabilidade do sistema de embalagem, esses sistemas preservam o frescor do produto do primeiro dia de processamento a longo prazo e os atributos de qualidade durante sua vida útil, utiliza-se o gás carbônico, que compõe maior parte da mistura de gases devido sua atividade antimicrobiana, e o nitrogênio, usado pra completar o volume disponível. O acondicionamento feito por meio desse sistema tem sido bastante estudado comprovando maior vida útil desses alimentos, como carnes frescas, porém a avaliação com carnes fatiadas são escassos. Portanto, a soma de refrigeração e embalagem em atmosfera modificada, além de impedir o crescimento de determinados microorganismos, prolongam as fases de latência e o tempo de duplicação da microbiota.Com ausência de oxigênio as bactérias lácticas predominam e causam menos alteração na qualidade das carnes, mesmo em altas contagens. 9.0.3 Armazenamento Segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal-ABPA, os hábitos simples para os alimentos começam com uma simples manipulação e conservação, a carne deve ser mantida no refrigerador e não a temperatura ambiente, para melhor proteção é necessário cobrir com filme plástico. Condições higiênico sanitárias devem ser tomadas como, a lavagem das mãos, limpeza do local, sanitização e desinfecçãodo refrigerador uma vez por 26 mês, o refrigerador deve estar em uma temperatura estável de 4ºC no máximo e o congelador em temperatura mínima de -18ºC. A carne suína deve ser armazenada fora das zonas de temperaturas nas quais as bactérias causadoras de doenças possam se proliferar rapidamente, a zona de temperatura mais perigosa se situa entre 4ºC e 60°C, a carne suína crua pode ser armazenada em refrigerador por vários dias, dependendo do tipo do corte, caso não se utilize a curto prazo deve ser congelada para evitar deterioração. O armazenamento sob refrigeração da carne crua ou cozida deve ser com segurança no refrigerador a 4°C ou menos por alguns dias. A extensão de tempo de refrigeração depende do tipo de corte, da frescura da carne na aquisição da temperatura a que foi exposta durante o transporte do estabelecimento até em casa, e do tipo de embalagem utilizada. A carne suína deve ser armazenada embalada hermeticamente para evitar o ressecamento resultante da exposição ao ar. A carne deve ser armazenada na parte mais fria do refrigerador, bifes, bistecas e lombo podem ser refrigerados a 4°C ou menos por aproximadamente 3 a 4 dias e estarão seguros para consumo e manterão a qualidade. O armazenamento dacarne suína crua deve ser a 4°C ou menos e deve ser utilizada no prazo de 3 a 5 dias da data impressa na embalagem ou deve ser congelada para evitar deterioração. Os processos de congelamento e descongelamento de qualquer alimento ocasionam algumas alterações físicas como perda de água, o que pode torná-los mais secos e duros, entretanto, um congelamento e um descongelamento bem feitos minimizam esses problemas, o congelamento não afeta o valor nutricional, para garantir que os produtos tenham boa qualidade para consumo após o descongelamento, é fundamental fazer um congelamento tão rápido quanto possível e um descongelamento lento, preferencialmente de um dia para o outro dentro do refrigerador, a carne deve estar o mais fresca possível para manter sua qualidade. Ao armazenar grandes quantidades ao mesmo tempo, certifique-se que haja espaço adequado para manter a temperatura apropriada de congelamento, deve haver 1 metro cúbico de espaço no freezer para cada quilo de carne, se o 27 espaço apropriado não estiver disponível, a temperatura do freezer aumentará e não permitirá congelamento adequado. 9.1 DERIVADOS 9.1.1 Bacon Segundo o Ministério da Agricultura- MAPA 2000, bacon (barriga defumada), é um produto cárneo industrializado, proveniente do corte da parede torácico-abdominal dos suínos, que vai do esterno ao púbis, podendo conter ou não a pele e a costela, adiciona-se ingredientes e é submetida ao processo térmico adequado, a defumação. O fluxograma 2 a seguir, e os respectivo itens explicativo foram descritos de por BRUSTOLIN (2013): FIGURA 2: Fluxogramado Processamento do bacon (BRUSTOLIN, 2013). 9.1.1.2 Injeção A injeção é a adição através de múltiplas agulhas de salmoura diretamente entre as fibras do tecido cárneo da barriga suína. A utilização do cloreto de sódio (NaCl) na indústria tem sido no tratamento de carnes com o objetivo de conservar o produto com o aumento da capacidade de retenção de água e geração das características sensoriais e especificas.O íon cloreto precipita a formação da cor característica de cada produto a partir do aumento da taxa de formação do oxido nítrico a partir do nitrito. Já o íon sódio tem a função de desenvolver e potencializar o sabor do produto. Injeção Massageamento Envaramento Embalagem Resfriamento Cozimento/ Defumação 28 9.1.1.3Tambleamento/Envaramento O tambleamento (massageamento) é o impacto das peças da barriga suína na parede de um tambor rotativo de duas pás internas, esse impacto mecânico sofrido pela peça, massageia e danifica a estrutura cárnea, acelerando a difusão de componentes como o sal e agentes de cura, permitindo assim melhor uniformização da injeção. O envaramento consiste na utilização de ganchos para pendurar as peças já curadas nos carros, e serão levadas para as estufas de defumação. 9.2 Cozimento/Defumação A defumação é o processo de aplicação de fumaça aos produtos alimentícios produzida pela queima incompleta de algumas madeiras devidamente selecionadas, e tem como objetivo provocar efeito bacteriostático na superfície do produto, inibindo o crescimento de bactérias e melhorando dessa forma a estabilidade do alimento, é responsável também pelo aroma e sabor que se deseja dar ao produto. O cozimento é um complemento para o processo de defumação, pois ocorre a pasteurização da carne, aumentando assim o tempo de deterioração do alimento. 9.2.0Resfriamento/ Embalagem Após o processo anterior a peça já defumada é levada para o resfriamento, e logo depois embalada, a embalagem utilizada deverá ser vedada a vácuo, sendo responsável pela quantidade de resíduos de oxigênio no interior da embalagem. A quantidade de oxigênio na embalagem é fundamental na manutenção da coloração de produtos cárneos. 29 9.3 SALSICHA Segundo (BRASIL, 2000) a salsicha é um produto cárneo industrializado,proveniente da emulsão de carnes de diferentes animais, adicionados de ingredientes,embutidos de envoltório artificial ou natural e que seja submetido a um tratamento térmico adequado. Com base nas técnicas de produção de Salsicha descritas por POLLONIO s.d, segue no fluxograma da figura 3 o processo de produção de salsicha. Durante a trituração da carne devidamente selecionada há a adição de condimentos e gelo ate a obtenção de uma emulsão, esse processo deve ser feito em aproximadamente 5 minutos. Após a emulsão pronta a massa é embutida manual ou automaticamente em tripas artificiais, depois é retirado para excesso de carne e a salsicha é levada para o cozimento. Após cozimento a salsicha passa pelo resfriamento onde a temperatura deverá atingir 40°C. Após o resfriamento acontece a depelagem, que corta a tripa de forma mais precisa e é feito apenas em produtos que utilizam tripa artificial. As salsichas são levadas a um banho de spray quente e em seguida a um tanque de tingimento com corante urucum, em seguida são levadas a outro tanque que contem ácido fosfórico e sal que ajuda a fixar a cor e aumentar a densidade da salsicha, e por fim as salsichas são embaladas e mantidas em câmaras de resfriamento (5-7°C). Abaixo consta o diagrama de fluxo do processamento de salsicha: 30 FIGURA 3: Fluxograma do Processamento da salsicha, segundo POLLONIO s.d 9.4Chouriço O chouriço é um embutido que pode variar em um produto elaborado de carne ou de sangue. O chouriço de sangue é basicamente obtido por meio do cozimento do sangue do suíno em tripas estéreis com adição de condimentos e gordura. O sangue do animal deve ser recolhido respeitando os processos de higiene rigorosos. O embutido deve ser consumido dentre poucos dias, pois tem capacidade de deterioração rápida ( TEXEIRA, 2016). De acordo com Engetecno (2016) o ingrediente principal para o chouriço de sangue, é o sangue do suíno, no entanto há acréscimos de outros ingredientes como; couro cozido, miúdos (coração/língua) e toucinho. No processamento, o sangue deve ser coletado no momento da sangria com uma faca coletora e deverá ser separado por lotes sob refrigeração (2 a 5°C). A massa do chouriço é obtida por meio da mistura entre condimentos, sal e sangue, essa massa fica contida em tripas naturais de suíno. Os embutidos formados são cozidos em uma temperatura de 75 a 80°C. Seleção de matéria prima Moagem Trituração Embutimento Cozimento Embalagem Tingimento Resfriamento Depelagem Lavagem Mistura Resfriamento 31 O chouriço de carne é um embutido que tem seu enchimento feito por carne “enchido fumado podendo ser curado ou não, estreito e de formato variável podendo ter gordura rija de suíno, em fragmentos adicionados de condimentos, e aditivos” (NP589, 2008).No chouriço de carne tradicional são utilizados alguns ingredientes essenciais como, carne e gordura de porco, esses ingredientes são importantes, pois influenciam no sabor do embutido, nas características nutricionais e na segurança do alimento (GARRIGA & AYMERICH, 2007; PETÄJÄ- KANNINEM & PUOLANNE, 2007; RUIZ, 2007). As carnes utilizadas são provenientes de suínos abatidos com cerca de 90 Kg de peso vivo, normalmente com 6 meses (FLORES, 1997; RUIZ, 2007). A carne do suíno deve ter a capacidade de reter água, ser firme e com pH entre 5,6 e 6,0 (ELIAS et al., 2006). Para a produção de chouriço recorre-se a carne da pá, da entremeada e da perna, podendo-se utilizar também carne do cachaço e do lombo, mas é menos comum (OCKERMAN & BASU, 2007).Os ingredientes passam pelo misturador obtendo a massa necessária ao chouriço tradicional formando uma massa homogênea, que é submetida ao repouso (maturação) para que ocorra a entrada de sal e outros processos que dão origem ao sabor do embutido. O produto fica neste estágio durante 24 á 48 horas. Depois de estabelecido esse intervalo de tempo a massa é então transferida para a tripa natural (processo de enchimento). Segue-se o processo de fumagem (fermentação e secagem). A fumagem é feita com lenha nas temperaturas de 10 a 40°C durante 3 a 7 dias. A fase de secagem, no fumeiro, decorre normalmente num intervalo de temperatura situado entre 10 e 20 ºC (ELIAS et al., 2006; ORDÓÑEZ & HOZ, 2007). O processo de secagem confere características organolépticas totalmente diferentes daquelas que caracterizam as matérias-primas que lhe deu origem. Tal processo pode ser efetuado em salas com ambientes controlados (ELIAS et al., 2006; NP 589, 2008). O chouriço é embalado á vácuo, em atmosferas modificadas ou em envoltórios plásticos (ELIAS et al., 2006). 32 9.5Linguiça De acordo a Instrução Normativa nº 4, de 31 de Março de 2000, do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento, que aprova o Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade de linguiça, entende-se por linguiça o produto cárneo obtido de carnes de diferentes espécies animais, submetida aos mais diversos e adequados processos tecnológicos, adicionado ou não de tecidos adiposos, ingredientes e embutidos em envoltórios naturais ou artificiais. A linguiça apresenta textura, cor, sabor e aroma específicos e é classificada de acordo com o processo tecnológico ao qual foi submetida em: produto fresco, produto seco curado e/ou maturado, produto cozido e outros. As linguiças são um dos derivados cárneos mais fabricados no Brasil, fato decorrente da facilidade de processamento e tecnologia simples, utilizando poucos equipamentos, sendo estes relativamente baratos. Entretanto, apesar da tecnologia empregada ser relativamente simples exige certos conhecimentos básicos que, se não aplicados corretamente, podem desencadear defeitos no produto final (TERRA, 2003). A matéria prima utilizada no processamento da linguiça pode ser de origem bovina ou suína, as carnes são desossadas e trituradas em discos apropriados, depois são levados para a misturadeira adicionando sais de cura, temperos, toucinhos e demais ingredientes, dependendo da formulação de cada tipo de linguiça. Em seguida a massa é levada para a embutideira, onde é colocada em tripas naturais ou artificiais comestíveis (SARCINELLI et al., 2007). No processamento de linguiças frescais, é necessário leva-las para câmara de produtos frescais onde permanece por tempo suficiente para que ocorra o desenvolvimento das características desejáveis a este tipo de linguiça (SARCINELLI et al., 2007). Todo o processamento é detalhado na figura 4 onde esta sendo demonstrado o fluxograma de produção básica da linguiça apresentado abaixo retirado do Guia Técnico Ambiental de Frigoríficos 33 Industrialização de carne (bovina e suíno) - Série P+L do governo do estado de São Paulo (2006): FIGURA 4: Fluxograma de produção básica de linguiça guia técnico de produção de suínos (2006). 9.6 Salame O salame é um embutido classificado como um produto fermentado cru, seco, ou semi-seco, e não emulsionado. A matéria prima é a carne suína e/ou suína e bovina, moídas e misturadas em diferentes proporções, com variações quanto à composição e adição de diferentes condimentos. Diferencia-se dos demais embutidos pelo baixo teor de umidade e pela presença de ácido lático, o que lhe confere sabor característico. (GALLI, 1993). Na Instrução normativa n° 22 de 31 de julho de 2000 (Brasil, 2000), do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA), foram aprovados os regulamentos técnicos de identidadee qualidade de alguns tipos de salame como: salaminho, calabrês, friolano, napolitano, hamburguês, italiano, milano e linguiça colonial (popularmente conhecida como salame tipo colonial). A diferenciação entre os tipos de salame baseia-se na matéria prima Recepção de matéria- prima (carne Suína/Bovina, com/sem ossos) Câmara Fria (pulmão) Desossa Picagem/Moagem da carne e Formulação Mistura Embutimento Cozimento Câmara de Cura- Frescais Defumação Resfriamento Embalagem Refrigeração Estoque/ Expedição 34 (exclusivamente carne suína ou junção de carnes suína e bovina), na granulometria da carne e do toucinho (fina, média ou grossa), na condimentação e na aplicação ou não de defumação. O fluxograma abaixo descreve as fases básicas do processamento de salame: FIGURA 5: Fluxograma do processo produtivo do salame. FONTE: Brasil (2000). O primeiro passo inicia-se com a escolha da matéria prima, no caso da produção de salame a preferência é dada à carnes mais avermelhadas e de animais mais velhos. É imprescindível a utilização de matéria prima maturada com baixo Ph (5,4 a 5,8) e envelhecida durante três dias a 2º C. (MARTINS, 2006).A segunda fase do processo envolve a trituração ou moagem da matéria prima, que é realizada em um picador de carne, após a trituração dá se a adição dos ingredientes em uma misturadeira. (TERRA, 2003).Segundo Martins(2006) o próximo passo da preparação do salame é a mistura e modelagem da massa em forma redonda para total remoção do ar. Para um embutimento padronizado utiliza-se tripas artificiais (colágeno, celulose ou materiais plásticos) evitando desta forma contaminações cruzadas em relação a higiene. O processo mais delicado da preparação do salame é a secagem e maturação devido a massa estar fresca e úmida, permitindo-se assim a proliferação de microrganismos. (TERRA,2003).A última fase envolve a estocagem e embalagem, onde o salame deve ser embalado com materiais que o protejam de contaminações e deve ser estocado em temperaturas controladas evitando a danificação e ausência de qualidade do produto. (FRANCO, 1996). Recebimento de matérias primas e insumo Embalagem e estocagem Secagem e maturação Embutimento Mistura dos temperos e condimentos Moagem da matéria prima 35 9.8 Mortadela Rust (1975), designou a mortadela como “produto elaborado a partir de carne bovina e suína, picadas e condimentadas, com adição de cubos de toucinho de porco, embutido em tripa natural (bexiga) ou artificial, cozido e defumado”. Segundo a instrução normativa nº 4, anexo II (BRASIL, 2000), a mortadela pode ser classificada como carnes de diferentes espécies de animais, (máximo 60%), miúdos comestíveis de diferentes espécies de animais (estômago, coração, língua, fígado, rins e miolos), pele e tendões (máximo de 10%) e gorduras. Abaixo segue o fluxograma das etapas do processamento da mortadela segundo Canhose dias ( 1983) : FIGURA 6: Fluxograma de produção de mortadela. FONTE: Canhos & Dias (1983). São utilizadas no processamento da mortadela carne suína (resfriada e congelada), retalhos de carne bovina e suína, toucinho em cubos (máximo 10%), amido (máximo 5%), condimentos (sal, pimenta, alho, cebola, coentro, óleos essenciais, etc.) e aditivos (nitrito e nitrato, xarope de milho, etc.) (CANHOS & DIAS, 1983). A etapa de trituração e pré-mistura ocorre para processos em que não é utilizado carne resfriada. Portanto, a carne congelada é triturada e sofre a pré- mistura, onde seadiciona gelo, uma parte dos ingredientes secos e amido e em seguida, ela é moída em discos. (CANHOS &DIAS, 1983). Após a moagem, é feito a mistura com o toucinho em cubos e o restante dos ingredientes no cutter até a emulsão atingir a temperatura de 15°C. Posteriormente a massa pode ser transferida a uma misturadeira a vácuo, durante 3 a 5 minutos, para que seja Matériaprima Trituração Pré-mistura Embutimento Mistura Cozimentoedefumaçã o Resfriamento Embalagem Moagem 36 retirado o ar da mistura (DIAS, 1983). O embutimento é feito em bexiga natural ou tripa artificial. Em seguida o produto é defumado e cozido em estufa pré- aquecida a 55°C e chaminés abertas para que ocorra a secagem das tripas (30-40 minutos), em seguida aplicar a fumaça e após a defumação, regular a abertura da chaminé e aumentar a temperatura gradualmente (5°C/hora) até atingir 85°C, e manter até que a temperatura interna do produto atinja 75°C (CANHOS &DIAS, 1983). Na etapa de cozimento a mortadela é resfriada nas próprias gaiolas, em chuveiros de água fria até atingir a temperatura interna de 43°C em 20 minutos. Em seguida, o produto é secado, e pode ser embalado ou não, porém mantido a temperatura de refrigeração (CANHOS & DIAS, 1983). 10.0 SUBPRODUTOS 10.0.1 Energia Segundo Kunz e Oliveira (2006) com o crescente aumento de vendas de carne suína pelo mercado consumidor o sistema de criação extensivo deu lugar a novas formas de criação de suínos como o modelo intensivo de confinamento, onde os custos de produção são reduzidos e a eficiência do processo de criação e abate aumenta. Atualmente, o Brasil é um país de destaque em produção e exportação de carne suína, com aspectos de produção tão importantes para a economia do nosso país, o novo método de manejo de suínos vem trazendo problemas para o meio ambiente, onde os dejetos e resíduos em geral, destes animais são descartados na natureza erroneamente pelos setores de suinocultura, desta forma, novas formas de aproveitamento destes resíduos foram criadas para que além de ajudar o meio ambiente lutando a favor da sua preservação possa criar novos processos dentro da empresa onde estas alternativas ao invés de trazer mais despesas para os administradores, tragam menor custo fazendo o possível para que sua produção não prejudique nada que estiver ao seu redor (KUNZ & OLIVEIRA, 2006). 37 Entre as décadas de 1970 e 1980 o interesse dos suinocultores pelo biogás foi ganhando espaço e a implantação de biodigestores para a geração de energia chamou a atenção destes produtores para o quanto eles poderiam economizar se produzissem sua própria energia com uma matéria prima de fácil acesso como a encontrada em grande disposição nos próprios setores de criação. Para que o processo de geração de energia pelos biodigestores ocorra de forma correta e sem causar prejuízos para os investidores, é necessário que este setor possua conhecimento tecnológico para a construção e manuseio do biodigestor, além disso, os equipamentos para este processo devem ser de alta qualidade por que o biodigestor converte o biogás em energia através de queimadores, aquecedores e motores que precisam ser de boa qualidade para que não haja problemas na produção de energia (OLIVEIRA, 2007). O biogás produzido na conversão pelo biodigestor é composto principalmente de metano e 𝐶𝑂2, onde este gás é coletado dos sistemas de degradação anaeróbica para que sejam utilizados como combustível para a geração de energia, além disso, ainda podem ser usados para simples queima, o gás metano é resultado do seguinte processo de produção (Fluxograma5) A degradação anaeróbica se desenvolve pela ação de microorganismos onde cada etapa se classifica respectivamente em hidrólise, acidogênese, acetogênese e Metanogênese. 38 Metano BFIGURA 7: Fluxograma de degradação anaeróbica. FONTE: Bitton (2005). 10.0.2 ADUBO Os dejetos produzidos pelos suínos contêm elementos químicos que podem auxiliar as plantas no seu desenvolvimento, estes nutrientes podem ser substituídos por fertilizantes químicos na adubação das plantações, e para os produtores de carne suína que não desejam fazer uso destes dejetos para a produção de energia, podem usá-los pra adubar a própria plantação que servirá de alimentos para os suínos, este método vem sendo mais usado pela sua praticidade e maior facilidade de manejo (KAMIMURA et al, 2015). Para que os dejetos sejam utilizados como adubo orgânico é substancial conhecer em qual tipo de solo o adubo será usado, como este solo é formado e quanto tempo foi necessário para que o mesmo se formasse, através destes fatores é possível observar a quantidade e o equilíbrio dos nutrientes que serão necessários para o desenvolvimento das plantas (LOPES, 1989). Embora pareça simples este método de adubação orgânica, é necessário ainda assim, muitas técnicas e formas de adubar o local escolhido para que o solo se constitua como auto-sustentável produzindo e gerando lucro como foi planejado sem que o próprio solo seja prejudicado, e para que este último fator não aconteça é necessário repor estes nutrientes que a planta usa como combustível pra crescer e se reproduzir (KETELLAARS & MEER, 1998). O ponto de vista econômico do agricultor é fazer com que os nutrientes utilizados para auxiliar no desenvolvimento da plantação possam aumentar a Moléculas orgânicas complexas ex: polissacarídeos e gorduras Monômeros, ex: glicose, aminoácidos e ácidos graxos Ácidos orgânicos, alcoóis e cetonas Acetato, 𝐶𝑂2, 𝐻2 39 produtividade e o lucro do plantio, entretanto, se as formas de adubação não atingirem a quantidade suficiente para que o solo forneça os nutrientes possíveis para o desenvolvimento da planta, ela pode retardar o seu próprio desenvolvimento desencadeando prejuízo para quem espera lucrar com a produção (PAIN, 1998), caso o adubo seja utilizada em excesso, o solo não irá aproveitar esta quantidade que está em maior número em sua superfície, podendo desencadear desta forma, a poluição das margens de rios, córregos ou represas, e o próprio ambiente de cultivo da plantação. 10.0.3 Irrigação A prática da suinocultura gera bastante preocupação para os órgãos ambientais pelo número de dejetos que são produzidos diariamente pelos suínos, com isso, o aumento da prática de utilização desta matéria prima para produção de outros produtos se tornou essencial com o aumento da exportação da carne suína, logo que, quanto mais a produção aumentar, uma maior quantidade de fezes, urina e água será utilizada e descartada após o uso, prejudicando o meio ambiente. O método de irrigação se aplica pela reutilização da água usada primeiramente na higienização do local onde os animais são isolados e demais usos em geral, é importante deixar claro que a reutilização desta água não deve ser aplicada em plantações de produtos comestíveis e sim em produtos de mercado consolidado como no caso do algodão, um produto in natura cultivado no Nordeste do Brasil onde se adequa ao sistema regional é uma região onde a quantidade de água existente não é suficiente para o consumo humano, animal e projetos de irrigação, assim a água residuária após seu tratamento pode ser utilizada para o cultivo nas plantações de algodão, amenizando os problemas com a falta de água, e preservando o meio ambiente (ORON et al, 1982). 40 10.0.4 Farinha de ossos A farinha de ossos é um produto obtido após a desossa do animal obtendo a carcaça, e não deve possuir chifres, pêlo, vísceras e sangue. A produção de farinhas utiliza-se processos de retirada de excessos de água, trituração dos resíduos, distribuição nos digestores com ou sem pressão, sendo a gordura drenada, prensada ou centrifugada e o resíduo sólido moído na forma de farinha com especificações de granulometria variáveis (2° SIMPÓSIO BRASILEIRO ALLTECH DA INDÚSTRIA DE ALIMENTAÇÃO ANIMAL, 2005). 10.0.4.0 Fatores que comprometem a qualidade das farinhas: A umidade quando superior a 8% facilita a contaminação bacteriana, e com umidade muito baixa indica a queima do ingrediente no processo. A queima está associada ao desgaste de equipamento e excessivo tempo de retenção. A difícil trituração pode comprometer a granulometria da farinha adequada, quando pedaços maiores são gerados deve submeter-se a remoagem.Contaminação; pode ocorrer contaminações durantes os processos de obtenção da farinha presentes no sangue, cascos, pêlos e vísceras, para isso as contaminações devem ser minimizados estabelecendo padrões de qualidade. Podem acontecer contaminações por matérias diferentes no processo, equipamentos inadequados e não estéreis. Tempo; o tempo está relacionado ao intervalo entre abate e processamento. O processamento deve ser executado em seguida ao abate dentro de 24 horas seguintes do abate, evitando a deterioração da carne e a oxidação das gorduras (BENATI, S.d.). 11.0 PREPARO DA CARNE SUÍNA DOMICILIAR O momento de preparo da carne é bastante importante na sua qualidade nutricional, para isso pode-se aproveitar o valor nutricional da carne evitando cortes com muita gordura, devem ser cozidos em calor suave, mais é necessário 41 que a carne seja submetida a cocção cuja a temperatura seja suficiente para que seu interior atinja 74°C, isso garantirá um completo cozimento da carne (SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA, 2016 ) . Para o preparo do bife de suíno deve-se descongelar a carne sob refrigeração das 23h até as 10h; reservar o bife em uma bacia com o molho e temperos por volta de 15 minutos. Logo os bifes podem ser preparados, deixe por seca de 25 min. na chapa, depois vira o bife e espere mais 25 min. Logo depois o bife já está pronto para ser servido. É importante salientar a importância de boas práticas de manipulação, pois fatores como utensílios e manipuladores pode fornecer pontos críticos no preparo deste alimento, ocasionando contaminação microbiológica, por microorganismos deteriorantes e patogênicos (ROSSO, 2010). Seguindo a metodologia de Rosso (2010) o fluxograma para o preparo da carne de bife suína segue as etapas abaixo: FIGURA 8: Fluxograma depreparo de bife suíno. FONTE: Rosso (2010). 12.0 CONCLUSÃO O comércio brasileiro é responsável pela maior parte dos lucros adquiridos pelo nosso país, dentre vários produtos que são comercializados e exportados pelas indústrias brasileiras de alimentos, a carne suína vem ganhando destaque no mercado nacional e internacional pelo seu sabor, custo de compra e variedade 42 de produtos derivados, entretanto, o aumento de produção de carne suína pode gerar vários problemas ambientais caso seus subprodutos não sejam reaproveitados corretamente, sendo também um fator de grande preocupação para os setores de abate e produção de suínos, desta forma, novas técnicas de reaproveitamento dos dejetos produzidos pelos animais vem contribuindo para a produção de energia em benefícios dos próprios setores de suinocultura. A criação de suínos exige habilidade e boas técnicas de manejo, além da limpeza frequente do ambiente de criação de suínos, é necessário que a carne suína atenda às normas exigidas pelos órgãos de inspeção para que acima de tudo sejam assegurados os aspectos sensoriais e microbiológicos, por que as técnicas de manejo e criação de suínos quando não são seguidas corretamente podem trazer riscos à saúde
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