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Direito Canônico na Idade Média

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História
Aula 14
=> Direito Medieval (cont.)
- Alta Idade Média
5. Direito Canônico
. Influente durante toda a Idade Média
. Ápice: X ao XIV
. Conjunto de Regras da Igreja Cristã
. Gilissan: 4 razões que justificam a influência do Direito Canônico.
~ Única Religião Oficial
~ Único Direito Escrito
~ Domínio Exclusivo em algumas áreas
~ Desenvolvimento de uma Ciência Jurídica Canônica
5.1 Direito Laico x Canônico
. Até o séculos IX: Acordo de Interesses - Igreja: Jurisdição sobre os clérigos
. Séc X - XIV: Ampliação da Jurisdição Canônica: Pessoal e Material
. A partir do século XIV: Declínio do Direito Canônico
5.2 Fontes do Direito Canônico
. Jus Divinum
. Legislação Canônica
. Princípios de Direito Romano
5.3 Compilações de Direito Canônico
. Corpus Juris Canonici
Nós vimos na semana passada que a alta idade média tem, basicamente, três grandes sistemas jurídicos que devem ser estudados:
o germânico, o feudal e o canônico. Vimos os dois primeiros e agora analisaremos o direito canônico.
Em relação ao Direito Canônico, alguns comentários podem ser feitos. Primeiramente, ele foi influente durante toda a idade mé
dia. Mas é claro que o ápice será entre o século X e o XIV, tendo o declínio no século XV e até o X o processo de fortaleci
mento desse direito.
O direito canônico é, basicamente, o conjunto de regras determinadas pela Igreja Cristã, muito influente na Idade Média sendo
um dos traços marcantes do período. Ela ocupa um posto muito importante dentro da estrutura social da Idade Média, logo, as
regras determinadas pela Igreja se tornarão também profundamente influentes na vida social.
Originalmente, o cristianismo não tinha pretensão de se envolver com a política. Isso pode ser analisado na própria Bíblia,
sempre que Cristo foi confrontado de maneira política, ele sempre procurou enfatizar o caráter espiritual de sua pregação.
Nunca houve em Cristo a preocupação de se envolver na política. Na passagem dos séculos, a influência e mistura com a políti
ca foi inevitável, tornando a Igreja tão importante quanto o Rei.
Podemos encontrar em Gilissan quatro razões que justificam a influência do Direito Canônico. Uma delas é que a religião cris
tã era a única religião oficial, por mais que os costumes fossem variados. Ele tinha um caráter de universalismo que permitia
a ele ser preponderante, pois dentro de vários costumes, você ter um único direito universal para todos faz com que ele seja
preponderante perante aos demais.
Outra justificativa é que no período medieval o direito canônico era o único direito escrito. Só os clérigos quem sabiam es
crever, sendo as outras regras sociais apenas faladas, logo, dando preponderância ao direito canônico. Outra justificativa é
que o Direito Canônico por muito tempo teve o domínio exclusivo em algumas áreas. Durante esse período feudal, assuntos liga
dos à família, vida doméstica, eram assuntos regulamentados com exclusividade pelo direito canônico. Casamento, divórcio, edu
cação, tudo era determinado com exclusividade pelo direito canônico.
Quando a Igreja entra em declínio, ainda que ela não tenha mais o poder que tinha antes nem seja a responsável por legislar,
ela continuará exercendo influência nos assuntos domésticos até modernamente, como por exemplo o divórcio não ser permitido.
A quarta razão, que deriva da segunda, é o fato de que se teve o desenvolvimento de uma ciência jurídica canônica. Existiam
compilações de direito canônico sendo elaboradas, enquanto o direito laico era baseado no costume. Esses fatores, então, ex
plicam a influência do direito canõnico.
Ainda existia o Direito Laico e durante o período da Idade Média houveram vários embates entre ele e o Direito Canônico. Al
guns assuntos sendo julgados por um tribunal laico e outros por um canônico. Até o século IX, você tinha um acordo de interes
ses entre o Estado e a Igreja. Esse acordo era feito com a Igreja se beneficiando do Rei e vice-versa. O Rei usava a igreja
para legitimar seu poder e a igreja recebia do Rei terras e permissão para cobrar o dízimo. A jurisdição nessa época era bem
clara, o Rei tinha prioridade de jurisdição e a Igreja apenas sobre os Clérigos.
O período feudal se representa por um período de enfraquecimento do poder real. Com isso, a Igreja ganha força e entre o sécu
lo X ao XIV, há um período de ampliação da jurisdição canônica. A Igreja passa a ter jurisdição não só em relação aos cléri
gos, mas aos cruzados, dentre outras jurisdições. Ele estará, portanto, mais influente que o direito laico. Podemos dizer que
as poucas regras laicas só eram aceitas se não fossem contrárias ao Direito Canônico.
Veremos que a partir do séc. XIV há um declínio do Direito Canônico e ocorre no sentido que ele não será mais vital contrapos
to ao direito laico, mas a influência religiosa permanece, porém, não mais com a mesma intensidade do seu auge.
As fontes do Direito Canônico vem do Jus Divinum, o conjunto de regras extraídas da sagrada escritura e também das obras dos
doutores da Igreja, como Santo Agostinho, São Tomás de Aquino, dentre outros. Também há outra fonte, a legislação canônica,
que são as decisões das autoridades religiosas, como por exemplo os concílios, as encíclicas, as bulas papais, etc.
Mesmo os doutores da igreja e alguns mais recentes pararam na Idade Media, não sendo regulamentados alguns assuntos contempo
râneos, sendo decididos de forma oficial pelos dispositivos citados acima.
Existe ainda uma terceira fonte, que são os princípios de Direito Romano, porém, sendo utilizados apenas como fonte secundári
a, quando há uma lacuna ou ausência de legislação sobre determinado assunto. Isso ocorre muito em áreas processuais canônicas
, já que nenhuma das outras fontes estabeleceram regras processuais.
Nas compilações temos o Corpus Juris Canonici, eglobando o Decreto de Graciano, as Decretais de Gregório IX, o Livro Sexto,
as Clementinae e as chamadas Cartas Extravagantes de João XXII. (Não importante de estudar)
=> Baixa Idade Média (XIII - XV)
1. Introdução
. Fase de Transição
. Enfraquecimento do Sistema Feudal
. Fortalecimento do Poder Real
. Criação dos Estados Modernos
. Retomada da Atividade Legislativa
. Formação do Direito Comum
2. Atividade Legislativa
. Centralização Política
. Converter Costumes em Leis
. Criar leis próprias e Derrogar Costumes
. Direito Público
Vimos na semana passada que os historiadores dividem a Idade Média em Alta (V - XII) e Baixa (XIII - XV). Na Baixa Idade Médi
a, temos uma fase de transição entre o Feudalismo e a formação dos Estados Modernos no séc. XVI, representando o enfraqueci
mento do Sistema Feudal.
A formação dos Estados Modernos ocorre em um processo constante, ele não cessa de uma vez, mas durante esses três séculos. Se
houve um enfraquecimento do sistema feudal, houve um fortalecimento do poder real. Nesses séculos, os senhores feudais perdem
espaço para o Rei que recupera suas forças políticas.
Isso se dá pela fome, o modo de produção feudal que não dá mais conta do Feudo e muitos vassalos vão abandonar os senhores
feudais tentando a sorte nas cidades. Outra questão que justifica o enfraquecimento do sistema feudal é que muitos senhores
feudais vão morrer nas cruzadas já que sua maioria era de guerreiros e muitos morreram nas cruzadas.
Juridicamente, a Baixa Idade Média representa um passo, ainda bastante tímido, para a criação dos Estados Modernos. Eles só
aparecerão realmente no século XVI mas essa fase de transição é importante para que eles se constituam. Há nesse período uma
retomada da atividade legislativa e a formação do Direito Comum.
O fortalecimento do poder real significava, na verdade, uma tentativa de centralização política, desfeita no período feudal.
Os reis desejavam novamente centralizar o poder político nas suas mãos em comparação à organização puramente feudal. Inicial
mente de forma tímida,
os Reis vão converter costumes em leis, criar leis próprias e derrogar costumes, no intuito de juntar
os feudos em seu domínio.
Isso aumenta significativamente o número de leis escritas que serão criadas na Europa. No livro do Gilissan, mostra que duran
te o séc. X ao XII era basicamente ínfimo o número de leis criadas e foram aumentando de maneira significativa a partir do sé
culo XIII.
Durante a idade moderna, o Rei vai legislar bastante, mas desde o séc. XIII é que se inicia esse processo legislativo. Essa
legislação feita pelo Rei era exclusivamente para assuntos de direito público durante esse início. A partir da Idade Moderna,
o lei também legisla nos assuntos domésticos, mas nesse momento, ele se mantém nos assuntos de direito público, deixando que
o direito canõnico legislasse no direito doméstico.
Mesmo o rei legislando nos assuntos domésticos, ainda há influência total do Direito Canônico.

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