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Cap.3 - Elemento de Fundação Direta (Superficial) 1 Prof. José Mário Doleys Soares ELEMENTO DE FUNDAÇÃO DIRETA (SUPERFICIAL) De acordo com a NBR 6122/96, e lementos de fundação direta transmitem carga ao solo, predominantemente pelas tensões distribuídas sob a base da fundação. A profundidade de assentamento da fundação em relação à superfície do terreno é menor que duas vezes a menor dimensão da base da fundação. Ou seja, de acordo com a figura, sendo B a menor dimensão da base, temos: D < 2B. 1. Dimensionamento: Tensão estrutural: σ = P / A Tensão de ruptura solo (r ) : σ = σr / FS Critérios: coeficiente de segurança à ruptura ; recalque nos limites aceitáveis . 2. Utilização: Qualquer nível de carregamento; Área máxima 50 a 70%; Execução sem equipamentos especiais ; D P B Cap.3 - Elemento de Fundação Direta (Superficial) 2 Prof. José Mário Doleys Soares Acesso ao solo na base da fundação . Cuidados: - problemas execução abaixo nível d’água ; - manutenção de escavações estáveis ; - instabilidade de fundações vizinhas. 3. Disposições construtivas Dimensão mínima vista em planta não deve ser inferior a 60 cm; Profundidade mínima: - Dmín > 1,5m (divisa) - Dmín = 0,80m (geral) Não impedir utilização terrenos vizinhos ; Terrenos acidentados: regularização ; Fundações em cotas diferentes : 4. Considerações de projeto 4.1 Fatores de Influência: a) Profundidade da fundação; b) Dimensões e forma do elemento ; c) Solo abaixo do nível da fundação; aα Executar A antes de B 60º solos 30° Rochas Cap.3 - Elemento de Fundação Direta (Superficial) 3 Prof. José Mário Doleys Soares d) Lençol d’água; e) Modificação das características do solo: Alívio de tensões; Expansibilidade, compressibilidade . f) Características da obra; g) Recalques admissíveis . 4.2 Cálculos da pressão admissível: a) Métodos teóricos: conceitos clássicos de Mec. Solos; b) Prova de carga em placa; c) Métodos semi-empíricos: conceitos + adaptação (recalques) ; d) Métodos empíricos: estimativa direta pressão admissível. FOTOS Foto 1 - Vista de obra de fundação por sapatas. Cap.3 - Elemento de Fundação Direta (Superficial) 4 Prof. José Mário Doleys Soares Foto 2 - Detalhe da armadura e gabarito de sapata isolada . Cap.3 - Elemento de Fundação Direta (Superficial) 5 Prof. José Mário Doleys Soares Foto 3 - Concretagem da sapata Foto 4 – Detalhe da sapata. Figura 1- Esquema de uma sapata Cap.3 - Elemento de Fundação Direta (Superficial) 6 Prof. José Mário Doleys Soares Foto 5 - Armadura da sapata corrida Foto 6 - Cura do concreto da sapata corrida Cap.3 - Elemento de Fundação Direta (Superficial) 7 Prof. José Mário Doleys Soares 43/8” + 14,6c/20 Tijolo Maciço Pedras de Alicerce 2 5 43/8” Tijolo Maciço Concreto Ciclópico 40 cm Tijolo Maciço Blocos de Concreto ou Pedra 30 Sapata com Alargamento Sapata Corrida Cap.3 - Elemento de Fundação Direta (Superficial) 8 Prof. José Mário Doleys Soares Cap.3 - Elemento de Fundação Direta (Superficial) 9 Prof. José Mário Doleys Soares 5. Capacidade de Carga de Fundações Diretas ( ): Capacidade de carga : É a tensão (r) que provoca a ruptura do solo de fundação. 5.1 Modos de Ruptura: - Geral (areias compactas e argilas rijas); - Local (intermediários); - Puncionamento (areias fofas e argilas moles) . (a) Ruptura Geral (b) Ruptura Local Cap.3 - Elemento de Fundação Direta (Superficial) 10 Prof. José Mário Doleys Soares Figura 2 - Modos de Ruptura 5.2 Métodos de Cálculo: Equilíbrio Limite; Linhas de Escoamento; Expansão de cavidade; Métodos Numéricos (Elementos Finitos) . 5.2.1 Método do Equilíbrio Limite: Solução aproximada; Superfície de ruptura previamente estabelecida (plana, circular, espiral logarítmica); Solução de um problema de isostática; Solo idealizado como um material rígido-plástico. 5.2.1.1 Hipóteses Teóricas: Fundação corrida, de lado B, apoiada em solo homogêneo, numa profundidade D. (q = .D) sobrecarga substitui a resistência ao cisalhamento superficial. Zona ACDE solo no estado plástico. Primeiras propostas PRANDTL (1921) e REISSNER (1924) . (c) Ruptura por Puncionamento D Cap.3 - Elemento de Fundação Direta (Superficial) 11 Prof. José Mário Doleys Soares Figura 3 - Fundação Direta (D < B) Figura 4 - O problema da capacidade de carga d e fundações diretas 5.2.1.2 Equação de Terzaghi (1943) : σR = c . Nc + q . Nq + ½ B N (equação 1) Onde: c = coesão do solo q = sobrecarga (q = . D) = Efetivo B = menor dimensão da sapata Nc, Nq e N = Fatores de capacidade de carga equação 1 Aplicável apenas aos solos compactos ou consistentes (ruptura geral). Para solos passíveis de ruptura local aplicar a mesma equação 1 com: A DC B E Cap.3 - Elemento de Fundação Direta (Superficial) 12 Prof. José Mário Doleys Soares tgtg cc 3 2 ' 3 2 ' Tabela 1 – Fatores de capacidade de carga (Terzaghi) Nc Nq Ng Nc’ Nq’ Ng’ 0 5 10 15 20 25 30 34 35 40 45 48 50 5,7 7,3 9,6 12,9 17,7 25,1 37,2 52,6 57,8 95,7 172,3 258,3 347,5 1,0 1,6 2,7 4,4 7,04 12,7 22,5 36,5 41,4 81,3 173,3 287,9 415,1 0,0 0,5 1,2 2,5 5,0 9,7 19,7 35,0 42,4 100,4 297,5 780,1 1153,2 5,7 6,7 8,0 9,7 11,8 14,8 19,0 23,7 25,2 34,9 51,2 66,8 81,3 1,0 1,4 1,9 2,7 3,9 5,6 8,3 11,7 12,6 20,5 35,1 50,5 65,6 0,0 0,2 0,5 0,9 1,7 3,2 5,7 9,0 10,1 18,8 37,7 60,4 87,1 Trabalhos experimentais posteri ores indicaram que o ângulo é melhor representado por = 45° + /2. Valores Reduzidos Cap.3 - Elemento de Fundação Direta (Superficial) 13 Prof. José Mário Doleys Soares Tabela 2 - Fatores de capacidade de carga (N c e Nq: Prandtl-Reissner, N: Caquot-Kérisel) Nc Nq N Nq/Nc tg 0 1 2 3 4 5 5,14 5,38 5,63 5,90 6,19 6,49 1,00 1,09 1,20 1,31 1,43 1,57 0,00 0,07 0,15 0,24 0,34 0,45 0,20 0,20 0,21 0,22 0,23 0,24 0,00 0,02 0,03 0,05 0,07 0,09 6 7 8 9 10 6,81 7,16 7,53 7,92 8,35 1,72 1,88 2,06 2,25 2,47 0,57 0,71 0,86 1,03 1,22 0,25 0,26 0,27 0,28 0,30 0,11 0,12 0,14 0,16 0,18 11 12 13 14 15 8,80 9,28 9,81 10,37 10,98 2,71 2,97 3,26 3,59 3,94 1,44 1,69 1,97 2,29 2,65 0,31 0,32 0,33 0,35 0,36 0,19 0,21 0,23 0,25 0,27 16 17 18 19 20 11,63 12,34 13,10 13,93 14,83 4,34 4,77 5,26 5,80 6,40 3,06 3,53 4,07 4,68 5,39 0,37 0,39 0,40 0,42 0,43 0,29 0,31 0,32 0,34 0,36 21 22 23 24 25 15,82 16,88 18,05 19,32 20,72 7,07 7,82 8,66 9,60 10,66 6,20 7,13 8,20 9,44 10,88 0,45 0,46 0,48 0,50 0,51 0,38 0,40 0,42 0,45 0,47 26 27 28 29 30 22,25 23,94 25,80 27,86 30,14 11,85 13,20 14,72 16,44 18,40 12,54 14,47 16,72 19,34 22,40 0,53 0,55 0,57 0,59 0,61 0,49 0,51 0,53 0,55 0,58 31 32 33 34 35 32,67 35,49 38,64 42,16 46,12 20,63 23,18 26,09 29,44 33,30 25,99 30,22 35,19 41,06 48,03 0,63 0,65 0,68 0,70 0,72 0,60 0,62 0,65 0,67 0,70 Cap.3 - Elemento de Fundação Direta (Superficial) 14 Prof. José Mário Doleys Soares 36 37 38 39 40 50,59 55,63 61,35 67,87 75,31 37,75 42,92 48,93 55,96 64,20 56,31 66,19 78,03 92,25 109,41 0,75 0,77 0,80 0,82 0,85 0,73 0,75 0,78 0,81 0,84 41 42 43 44 45 83,86 93,71 105,11 118,37 133,88 73,90 85,38 99,02 115,31 134,88 130,22 155,55 186,54 224,64 271,76 0,880,91 0,94 0,97 1,01 0,87 0,90 0,93 0,97 1,00 46 47 48 49 50 152,10 173,64 199,26 229,93 266,89 158,51 187,21 222,31 265,51 319,07 330,35 403,67 496,01 613,16 762,89 1,04 1,08 1,12 1,15 1,20 1,04 1,07 1,11 1,15 1,19 A Equação 1 é aplicável para Sapatas Corridas. SBNSqNSNc qqccR 21 Sc , Sq , S Fatores de Forma Tabela 3 - Fatores de Forma (Terzaghi) Fundação Sc Sq S Corrida (B, L) 1,0 1,0 1,0 Quadrada (B=L) 1,3 1,0 0,8 Circular (B=diâmetro) 1,3 1,0 0,6 Tabela 4 -Fatores de Forma (De Beer) Forma de Base Sc Sq S Corrida 1,00 1,00 1,00 Retangular 1+(B/L)(Nq/Nc) 1+(B/L)tg 1-0,4(B/L) Circular e Quadrada 1+(Nq/Nc) 1+ tg 0,60 5.2.1.3 Equação de Brinch Hansen: Cap.3 - Elemento de Fundação Direta (Superficial) 15 Prof. José Mário Doleys Soares idsNBidsNqidsNc qqqqccccR 21 onde: c = coesão q = .D (sobrecarga resist. cisalh. solo superf.) s = fatores de forma d = fatores de profundidade i = fatores de inclinação da carga Tabela 5 - Fatores de Capacidade de Carga (Brinch Hansen) Nc Nq N 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 5,14 6,48 8,34 10,97 14,83 20,72 30,14 46,13 75,32 133,89 266,89 1,00 1,57 2,47 3,94 6,40 10,66 18,40 33,29 64,18 134,85 318,96 0,0 0,09 0,47 1,42 3,54 8,11 18,08 40,69 95,41 240,85 681,84 Tabela 6 - Fatores de Forma, Inclinação e Profundidade Fatores de Forma Fundação sc sq s Corrida Retangular Quadrada Circular 1,0 1+0,2(B/L) 1,3 1,3 1,0 1+0,2(B/L) 1,2 1,2 1,0 1-0,4(B/L) 0,8 0,6 Fatores de Inclinação ic iq i CBL Q 2 1 P Q5,01 iq2 Cap.3 - Elemento de Fundação Direta (Superficial) 16 Prof. José Mário Doleys Soares Fatores de Profundidade dc dq d B D35,01 1,0 se = 0ºdc se >25° 1,0 5.2.1.4 Solo Não-homogêneo Método simplificado da U.S. NAVY (1971): Determina-se a capacidade de carga da camada resistente (R1) e verifica- se a ruptura do solo menos resistente (R2). )302()º302( ...H tgHLtgHB P H deve ser menor que R2. Figura 5 - Solo não homogêneo: verificação D H B + 2H tg 30° 30°30° Cap.3 - Elemento de Fundação Direta (Superficial) 17 Prof. José Mário Doleys Soares Uma solução que pode viabilizar o emprego de fundações por sapatas em solos colapsíveis consiste na remoção da camada de apoio de cada sapata, na espessura correspondente à largura da sapata, e sua reposição em subcamadas compactadas, conforme o esquema da Figu ra 10. Esse procedimento, concebido por Vargas (1951) para aumentar a tensão admissível de fundações diretas em solos porosos, foi comprovado como eficaz para a quase eliminação do recalque de colapso e consequente emprego de fundações por sapatas em solos colapsíveis (Cintra, 1998). Em construções mais simples, não há necessidade de controle rigoroso da compactação, bastando uma compactação manual com controle apenas visual. Figura 6 - Uso de sapatas em solo colapsível compa ctado Poderia se questionar por que não proceder à compactação dentro do bulbo todo (z = 2 B). Obviamente, quanto mais espessa a camada compactada, melhor o efeito desejado. Mas a justificativa para compactar o solo apenas até a metade do bulbo de tensões, além do aspecto económico, é que à profundidade z = B a parcela propagada equivale a somente 25% da tendão aplicada por uma sapata quadrada, segundo a propagação 2:1. Assim, a utilização da tensão admissível σa, determinada sem o benefício da compactação, o que corresponde a aplicar somente 1/4 σa no topo da camada não compactada, geralmente reduz os recalques de colapso a valores aceitáveis, mesmo sem conseguir elimina r por completo a colapsibilidade do solo. Entretanto, essa solução não se aplica aos casos em que as sapatas têm dimensões muito grandes, pois economicamente e até tecnicamente pode ser inviável remover uma camada muito espessa de solo para compactá -lo. Um exemplo de aplicação incorreta dessa solução ocorreu em Paulínia, SP, nas fundações de tanques de betume com 40 m diâmetro e 15 m de altura. A partir de uma experiência bem-sucedida em outra obra, com remoção de uma camada de 7 m para compactação, para ta nques menores, usou-se equivoca- Cap.3 - Elemento de Fundação Direta (Superficial) 18 Prof. José Mário Doleys Soares damente a mesma espessura de 7 m em Paulínia. Já no teste do tanque, ao fazer o enchimento com água, um vazamento na mangueira, próximo à parede do tanque, provocou um recalque de colapso de cerca de 0,30 m, comprometendo a utilização do tanque. Ocorre que, nesse caso, o benefício da compactação foi insuficiente, pois a espessura de 7 m representa apenas 17,5% do diâmetro do tanque, implicando a propagação até o topo da camada não-compactada de 72% da tensão média aplicada pe la base do tanque. Influência do nível d’água (N.A.) em areias Em solos arenosos, o lençol freático pode ter influência na capacidade de carga, dependendo da posição do N.A. relativamente ao bulbo de tensões. No caso de sapatas quadradas apoiadas à superfí cie de um solo arenoso, a capacidade de carga é dada por: σr = 0,40 y B Ny e que, portanto, aumenta diretamente com o peso específico efetivo ( ). Mas o peso específico efetivo diminui para quase a metade quando se satura uma areia seca. Então, se o N.A. subir do limite inferior do bulbo de tensões até a base da sapata, o peso específico efetivo no interior do bulbo se reduzirá em praticamente 50%. Em consequência, para sapata apoiada em areia saturada a capacidade de carga é praticamente a metade do valor correspondente ao caso da mesma areia na condição não -saturada. Para posições intermediárias do N.A. no interior do bulbo de tensões, a redução de capacidade de carga situa -se entre zero e 50%. Mas essa redução é automaticamente considerada n o cálculo de capacidade de carga ao se utilizar o peso específico efeti vo médio no bulbo de tensões. A expressão de capacidade de carga também mostra a sua dependência de N e, em consequência, de . Mas o ângulo de atrito praticamente não se altera com a saturação da areia. Quando a capacidade de carga (ou a tensão admissíve l) é obtida por meio de correlações com SPT, Meyerhof (1965) considera que a presença do nível d'água já é refletida nos valores de N determinados na sondagem. Mas é preciso verificar a possibilidade de ascensão do N.A. em decorrência, por exemplo, de períodos mais chuvosos do que os da época de realização da sondagem. 5.2.1.5 Parâmetros de Resistência e Peso Específico a) Coesão Cap.3 - Elemento de Fundação Direta (Superficial) 19 Prof. José Mário Doleys Soares Para a estimativa do valor da coesão não drenada (c u), quando não se dispõem de resultados de ensaios de laboratório, Teixeir a & Godoy (1996) sugerem a seguinte correlação com o índice de resistência à penetração (N) do SPT: cu=10N(kPa) b) Ângulo de atrito Para a adoção do ângulo de atrito interno da areia, pode -se utilizar a Figura 14 (Mello, 1971), que mostra correlações estatísticas entre os pares de valores (σv, N) e os prováveis valores de , em que σv é a tensão vertical efetiva à cota de obtenção de N. Figura 7 - Ângulo de atrito interno (Mello, 1971) Cap.3 - Elemento de Fundação Direta (Superficial) 20 Prof. José Mário Doleys Soares Ainda para a estimativa de , Godoy (1983) menciona a seguinte correlação empírica com o índice de resistência à penetração (N) do SPT: = 28° + 0,4 N enquanto Teixeira (1996) utiliza: = 20 N + 15° c) Peso Específico Se não houver ensaios de laboratório, pode -se adotar o peso específico efetivo do solo a partir dos valores aproximados das Tabelas 7 e 8 (Godoy, 1972), em função da consistência da argila e da compacidade da areia, respectivamente. Os estados de consistência de solos finos e de compacidadede solos grossos, por sua vez, são dados em função do índice de resistência à penetração (N) do SPT, de acordo com a NBR 7250/82. Tabela 7 - Peso específico de solos argilosos (Godoy, 1972) Tabela 8 - Peso específico de solos arenosos Cap.3 - Elemento de Fundação Direta (Superficial) 21 Prof. José Mário Doleys Soares 5.2.1.6 Métodos Empíricos e Semi-Empíricos Métodos empíricos são métodos para previsão de recalque ou de tensão admissível com base na descrição do terreno (classificação e determinação da compacidade ou consistência atra vés de investigações de campo ou laboratório). Os semi-empíricos são baseados em correções (SPT, CPT, ...) . a) Tabelas Tensões admissíveis ou básicas associadas a recalques usualmente aceitos em estruturas convencionais. Profundidade = para solos granulare s 4 a 9. σ0 pode ser acrescido mais 40% a cada metro abaixo de 1,0 metro ≤ 2,5 σ0 Tabela 9 - Tensões básicas da norma NBR 6122/96 Classe Descrição o (Mpa) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 Rocha sã, maciça, sem laminações ou sinal de decomposição Rochas laminadas, com pequenas fissuras, estratificadas Rochas alteradas ou em decomposição Solos granulares concrecionados. Conglomerados Solos pedregulhosos compactos e muito compactos Solos pedregulhosos fofos Areias muito compactas Areias compactas Areias medianamente compactas Argilas duras Argilas rijas Argilas médias Siltes duros (muito compactos) Siltes rijos (compactos) Siltes médios (medianamente compactos) 3,0 1,5 ver nota 1,0 0,6 0,3 0,5 0,4 0,2 0,3 0,2 0,1 0,3 0,2 0,1 Nota: Para rochas alteradas ou em decomposição, tem que se levar em conta a natureza da rocha matriz e o grau de decomposição Válida para sapatas de 2,0 m de largura apoiadas a 1,0m ; Valores conservadores (para cobrir variações de solos ); Orientações iniciais. Ler recomendações da NBR 6122 para a tabela acima . Cap.3 - Elemento de Fundação Direta (Superficial) 22 Prof. José Mário Doleys Soares Correções: Areias σ’0 = σ0 1+ (1,5 / 8) * (B – 2) σa = σ’0 + q ≤ 2,5 σ0 Argilas σ’0 = σ0 10 / S ≥ σ0 / 2 σa = σ’0 + q σa = σ’0 para S ≤ 10 m² Tabela 10 - Valores de tensões admissíveis limites, a serem adotados em anteproj etos (apud Vargas 1955) (De acordo com a experiência da Seção de Solos do IPT de São Paulo). Tipo de Solo Tensão admissível (MPa) Rocha, conforme sua natureza geológica, sua textura e seu estado 20 – 100 Alteração de rocha de qualquer espécie (mantendo ainda a estrutura da rocha-mãe necessitando martelete pneumático ou pequenas cargas de dinamite para desmonte) 4 – 20 Alteração de rocha eruptiva ou metamórfica (necessitando, quando muito, picareta para escavação) < 4 Pedregulho ou areia grossa compacta (necessitando picareta para escavação), argila dura (que não pode ser moldada nos dedos) 4 – 6 Argila de consistência rija (dificilmente moldada nos dedos) 2 – 4 Areia grossa de compacidade média, areia fina compacta. 2 – 3 Cap.3 - Elemento de Fundação Direta (Superficial) 23 Prof. José Mário Doleys Soares B ~1 ,5B 13~3 111613Nmédio 13 16 14 11 20 7 5 8 40 AREIA FINA E MÉDIA CINZA ARGILA SILTOSA VARIEGADA AREIA DE GRANUL. VARIADA AMARELA SPT N.A Sondagem a= 0,02.N= 0,02.13= 0,26MPa Areias fofas, argila mole (escavação a pá) < 1 Solo Índice de resistência à penetração (N) Compacidade Tensão Admissível (kg/cm2) Areia e Silte Arenoso 4 5 - 8 9 - 18 19 - 40 > 40 Fofa (o) Pouco Compacta (o) Mediamente Compacta (o) Compacta (o) Muito Compacta (o) < 1,0 1,0 - 2,0 2,0 - 4,0 4,0 - 6,0 > 6,0 Solo Índice de resistência à penetração (N) Consistência Tensão Admissível (kg/cm2) Argila e Silte Argiloso 2 3 - 5 6 - 10 11 - 19 > 19 Muito Mole Mole Média (o) Rija (o) Dura (o) < 0,3 0,3 - 0,5 0,5 - 1,2 1,2 - 3,5 > 3,5 b) 1. Do Ensaio SPT Válido para solos 5 N 20 σa = σadm 2. σa = N / 50 + q (MPa) 5 ≤ N ≤ 20 N = Nmed no bulbo de tensões q = . D sobrecarga a = 0,02 N (MPa) Cap.3 - Elemento de Fundação Direta (Superficial) 24 Prof. José Mário Doleys Soares Figura 8 - Estimativa do N médio c) Do ensaio CPT (cone) (MPa) 10 qca ARGILAS (MPa) 15 q ca AREIAS Figura 9 - Estimativa do valor médio de qc Para qc > 1,5 MPa Cap.3 - Elemento de Fundação Direta (Superficial) 25 Prof. José Mário Doleys Soares Figura 10 - Gráfico ensaio de placa Cap.3 - Elemento de Fundação Direta (Superficial) 26 Prof. José Mário Doleys Soares a b Figura 11 - Prova de carga sobre placa 6. Sapata Isolada σ = P / A A = a * b σ ≤ σadm σadm = σrup / C.S. Equação de Terzaghi σadm Métodos Empirícos A ≥ P / σadm Critério dos balanços iguais : a = ap+2x b = bp+2x Isolando a dimensão “b”: b = a – (ap – bp) Calculando a área A: A = a . b = a [a - (ap – bp)] P σ a – b = ap – bp a bbp ap x x Figura 9 - Sapata isolada - dimensões em planta Cap.3 - Elemento de Fundação Direta (Superficial) 27 Prof. José Mário Doleys Soares Manipulando os termos, chega-se a uma equação de 2º grau, tendo como variável a dimensão “a”: a² - a . (ap – bp) – A = 0 Tomando somente as raízes positivas: Resumindo, conhecendo as dimensões da seção do pilar e a área da base da sapata – obtida com base na pressão admissível do solo – determinam-se as dimensões em planta da sapata com o critério dos balanços iguais. Evidentemente, podem existir situações em que não seja possível aplicar o critério dos balanços iguais, como p or exemplo, quando existir interferência com as fundações vizinhas. Neste caso, as dimensões a e b da sapata devem ser escolhidas de modo a respeitar a tensão admissível do solo. Altura da sapata: Tabela 11 - Definição da altura das sapatas Sapatas Flexíveis Sapatas Rígidas a = ap - bp + (ap – bp)² + A 2 4 b = A / a h0 > 1 . h 3 ou 20 cm Cap.3 - Elemento de Fundação Direta (Superficial) 28 Prof. José Mário Doleys Soares Tabela 12 - Comprimento de ancoragem em função do di âmetro - NBR 6118:2003 Concreto Sem gancho Com gancho C15 53 37 C20 44 31 C25 38 26 C30 33 23 7. Sapatas contínuas ou Alicerces 8. Quanto à solicitação Sapatas sob carga centrada: Ocorre quando a carga vertical do pilar passa pelo centro de gravidade da sapata. Neste caso, admite -se uma distribuição uniforme e constante das tensões do solo na base da sapata, igual à razão entre a carga vertical e a área da sapata (em planta). q 1 m A = b * 1 m b ≥ q / (σadm * 1m) q = carga / m h ≤ (a – ap) 3 h > (a – ap) 3 h > lb + c h > lb + c Onde: Lb é o comprimento de ancoragem das barras do pilar; C é o cobrimento = 5,00 cm Fk σ σ = Fk / A onde: Fk é a ação vertical na sapata A é a área da base da sapata Cap.3 - Elemento de Fundação Direta (Superficial) 29 Prof. José Mário Doleys Soares Figura 12 - Sapata sob carga concentrada Sapatas sob carga excêntrica: Em muitos situações práticas, as cargas verticais dos pilares s ão aplicadas excentricamente, gerando momentos nas funda ções. Figura 13 - Sapata sob carga excêntrica O valor da tensão máxima do diagrama é obtido a partir das expressões clássicas da Resistência dos Materiais para a flex ão composta (ação excêntrica). A distribuição de tensões depende do ponto de aplica ção da força vertical em relação à uma região específica da seção, denominada núcleo central. Para forças verticais localizadas em qualquer posição pertencente ao núcleo central, as tensões na sapata serão somente de compressão. Figura 14 - núcleo central em sapatas de base retangularPara forças verticais aplicadas dentro do núcleo central: Fk σmaxσmin e b a Núcleo central b/6 b/6 a/6 a/6 Cap.3 - Elemento de Fundação Direta (Superficial) 30 Prof. José Mário Doleys Soares Para excentricidade da força vertical em apenas uma direção, calculam- se o valor máximo e mínimo do diagrama de tensões na sapata a partir da expressão da Resistência dos Materiais referente à flexão normal composta: onde FK é a força vertical (nominal) na sapata ; A é a área da sapata em planta; M = Fk.e W é o módulo de resistência elástico da base da sapata, igual a: W = b * a² a é a dimensão da sapata (em planta) na dire ção analisada; b é a dimensão (largura) na direção perpendicular à analisada; Para excentricidades de carga nas duas dire ções ortogonais, valem as expressões da flexão oblíqua composta: Figura 15 - Sapata sob carga excêntrica nas duas direções Para forças verticais aplicadas fora do núcleo central: Quando a carga excêntrica estiver aplicada fora do n úcleo central, apenas parte da sapata estará comprimida, não se admitindo tensões de tração no contato sapata -solo. A área da sapata que é efetivamente comprimida deve ser calculada com as equações gerais de equilíbrio entre as ações verticais e as reações do solo sobre a sapata. O problema de dupla e grande excentricidade em sapatas pode ser resolvido com a utilização de ábacos, como os apresentados em MONTOYA et ai. (1973). σmax = Fk + M A W σmin = Fk - M A W 6 σmax = Fk + Mx + My A Wx Wy σmin = Fk - Mx - My A Wx Wy Mx = Fk .ey My = Fk .ex W = a.b² 6 W = a².b 6 σmin σmax y x b a FK ex ey Cap.3 - Elemento de Fundação Direta (Superficial) 31 Prof. José Mário Doleys Soares FUNDAÇÕES COM BLOCO SEM ARMADURA Elemento de fundação dimensionado de modo que as tensões de tração nele produzidas possam ser resistidas pelo concreto, sem necessidade de armação. σtmax ≤ σt = fck 20 Cap.3 - Elemento de Fundação Direta (Superficial) 32 Prof. José Mário Doleys Soares β ≥ 45º DIN 1045 ‘ Exemplo-sapata: Uma sapata retangular de 8,50 m de largura e 25,50 m de comprimento será instalada a 3,0 m de profund idade, num maciço de argila mole, com peso específico de 16,8 kN/m ³ e nível de água a 2,5 m da superfície. Os parâmetros de resistência do solo, obtidos em ensaios não -drenados rápidos são cu= 22 kPa e u=0, e os valores efetivos obtidos em ensaios drenados lentos são: c'=4 kPa e '=23°. Calcular a capacidade de carga sob duas condições: h = b – b0 tgβmin 2 p / σt Lb h ≥ Lb Cap.3 - Elemento de Fundação Direta (Superficial) 33 Prof. José Mário Doleys Soares a) Admitir que a velocidade de aplicação da carga é rápida d e modo a prevalecer condições não-drenadas na ruptura; b) Admitir que o carregamento seja lento o suficiente par a prevalecer as condições drenadas, com completa dissipação das pressões neutras. Solução: a) Condição não-drenada. peso específico efetivo: '=16,8 - 10 = 6,8 kN/m³ sobrecarga: q = 2,5 .16,8 + 0,5 . 6,8 = 45 kPa Da Tabela 2, com = 0 : Nc=5,14 Nq=1,0 Nq/Nc=0,20 tg =0 N = 0 Da Tabela 4 com L/B=25,5/8,5 = 3 : Sc=1+1/3*(0,20) = 1,07 Sq= 1+1/3*(0)=1,00 Logo tem-se: SBNSqNSNc qqccR 21 σr = 22 . 5,14 . 1,07 + 45 . 1,00 . 1,00 = 166 kPa = 0,17 MPa b) Condição drenada. Da Tabela 2 com '=23°: Nc=18,05 Nq=8,66 N=8,20 Nq/Nc=0,48 e tg =0,42 Da Tabela 4 com L/B=3: Sc=1+1/3 (0,48)=1,16 Sq= 1+1/3 (0,42)=1,14 e S= 1-0,4 (1/3)=0,87 Logo tem-se: σr=4. 18,05. 1,16+ 45. 8,66. 1,14+ 1/2. 6,8. 8,50. 8,20. 0,87=734 kPa=0,73 MPa Esses cálculos foram feitos com a hipótese de ruptura geral. Para ruptura na ruptura local (argila mole) somente na condição drenada é necessário fazer a redução: Cap.3 - Elemento de Fundação Direta (Superficial) 34 Prof. José Mário Doleys Soares c'=2/3 c e tg '= 2/3 tg c'=2,67 Nc'=13,3 Nq'=4,75 N’= 2,45 Nq'/Nc'=0,36 e tg = 0,28 Sc=1+1/3(0,36)=1,12 Sq= 1+1/3 (0,28)=1,09 S= 1-0,4 (1/3)=0,87 σr=2,67. 13,3. 1,12+ 45. 4,75. 1,09 + 1/2. 6,8. 8,5. 2,45. 0,87 σr= 334,36 kPa = 0,33 MPa Mesmo assim, permanece como crítico o valo r obtido na condição não- drenada: σr = 0,17 MPa. σadm = σ’ = σr / (3 ou 4) Exercícios-sapata: 1. Dado os perfis de SPT, abaixo, determinar a cota de assentamento e as dimensões em planta das sapatas para: a) Pilar de 20 x 40 cm e carga de 500 kN ; b) Pilar de 25 x 25 cm e carga de 250 kN. a) Cota(m) SPT b) Cota(m) SPT 2. Dado o perfil de SPT, abaixo, projetar uma sapata (não precisa ve rificar o cortante e a aderência) para suportar uma carga de pilar de 20 x 40 cm de 600 kN, sabendo-se que o diâmetro da armadura (CA -50-B) do pilar é de 16 mm e o concreto de f CK 20 MPa. Fazer desenhos e detalhe das armaduras. 1 2 3 4 5 2 15 14 15 25 1 2 3 4 5 8 11 13 17 28 ATERRO 1 2 3 4 3 16 14 15 Prof. (m) SPT Cap.3 - Elemento de Fundação Direta (Superficial) 35 Prof. José Mário Doleys Soares 3. Ensaio de placa – profundidade 1,0m. Calcular 2 sapatas com carga centrada P1= 400KN (20x30cm) e P2= 300KN (25x25cm). , 4. Calcular as dimensões em planta e a cota de assentamento de uma sapata para uma carga de 300 KN (Pilar: 30x30 cm). 1 32 4 5 2 1 3 4 qc (MPa) Cap.3 - Elemento de Fundação Direta (Superficial) 36 Prof. José Mário Doleys Soares 5. Calcular as dimensões em planta de uma sapata isolada para uma carga de 200 KN (Pilar de 20x20 cm). Exemplo-bloco de fundação: Calcular o bloco de fundação para um pilar com dimensões 25x 25 cm, armado com barras de aço CA -50B, diâmetro = 16 mm, sujeito a uma carga axial p=400KN (40 tf). A pressão admissível no solo é p = 0,3 MN/m² (3 Kgf / cm²) e o concreto tem resistência característica fck= 15 MN/m² (150 Kgf/cm²) . Solução: a) Dimensões da base. 0,80 m Argila de consistência média à rija. Cap.3 - Elemento de Fundação Direta (Superficial) 37 Prof. José Mário Doleys Soares A = P / p = 0,4/0,3 = 1,333 m² b = A = 1,154 m adotar b = 1,20 m b) Pressão na superfície de contato do bloco com o solo: p = P / b² = 0,4 / 1,2² = 0,278 MN/m² c) Tensão de tração admissível no concreto: σt = fck / 20 = 15/20 = 0,75 MN/m² d) Inclinação mínima da superfície lateral do bloco: p / σt = 0,278 / 0,75 = 0,3707 βmin = 48º e) Altura mínima do bloco: Para que as tensões de tração no concreto sejam menores que σt: Para que a armadura do pilar fique convenientemente ancorada no bloco : h ≥ lb lb = 53 = 67,31 cm Adotar: h = 70 cm f) Dimensões do bloco Para que não seja necessário forma na parte superior : β' ≤ 30 º Adotar: h1 = 0,25 m Em conseqüência: h2 = h – h1 = 0,70 – 0,25 = 0,45 m h = b – b0 tgβmin = 1,2 – 0,25 x 1,1106 = 0,527 2 2 h1≤ b – b0 tgβ’ 2 h1≤ 1,2 – 0,25 x 0,577 2 h1≤ 0,274 m β' β h1 h2 1,20
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