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Cap.8 – Grupo de estacas 1 Prof. José Mário Doleys Soares GRUPO DE ESTACAS Processo de interação entre as diversas estacas que constituem uma fundação. Acarreta superposição de tensões altera a capacidade de carga e recalque da estaca ou tubulão isolado. Espaçamento mínimo – evitar problemas de cravabilidade Espaçamento máximo – requer blocos maciços e pesados Tabela 1– Norma CP200 4 (1972) Tipo de Estaca Espaçamento mínimo Atrito lateral Perímetro da estaca Ponta Duas vezes a menor largura Tração 1 ½ vezes o maior diâmetro Tabela 2–Código Norueguês Comprimento da estaca Estacas de atrito em areias Estacas de atrito em argilas Estacas de ponta <12 m 3d 4d 3d 12 a 24 m 4d 5d 4d >24 m 5d 6d 5d NBR 6122/96 – Espaçamento condicionado apenas por condições de ordem executiva (desde que adm – ok) Cap.8 – Grupo de estacas 2 Prof. José Mário Doleys Soares ESTACAS FLUTUANTES ESTACAS DE PONTA AREIAS ARGILAS Eficiência e)-estacasentreto(espaçamen is)(individuaestacascargaCapac. grupodocargaCapac. f Areias Menor experiência acumulada Sabe-se que > 1 (Interação fustes das estacas) máx. e = 2 a 3 B Influência do bloco Contribui significativamente na carga (especialmente grupos < 4 estacas) Entretanto: Mobilização resistência Estaca – pequenas deformações Bloco – grandes deformações Prática Brasileira/Internacional B Cap.8 – Grupo de estacas 3 Prof. José Mário Doleys Soares Capacidade de carga do grupo é dada pelo capacidade de carga das estacas individualmente. Cap.8 – Grupo de estacas 4 Prof. José Mário Doleys Soares Argilas De Mello (1969): Maior eficiência. Menor L/D estacas Maior espaçamento Menor nº estacas Labarre 90/111 nm nmmn e B arctg m = nº de linhas n = nº estacas por linha B = diâmetro Terzaghi e Peck (1948) cLLBCNLBP rrcrrB __ 2 PB = Capacidade carga bloco c = coesão na base c = coesão longo do fuste L = comprimento estacas Nc = fator de capacidade carga Br e Lr = Dimensões bloco Aoki e Velloso Estação único definido pelo perímetro das estacas. Cap.8 – Grupo de estacas 5 Prof. José Mário Doleys Soares Exemplos de aplicação Espaçamentos usuais E = 2,5B a 4B = 0,70 a 0,85 Prática Brasileira/Internacional Menor valor entre: a) capacidade de carga das estacas consideradas isoladamente; b) Capacidade de carga do bloco de estacas (estaca “gigante”). Cap.8 – Grupo de estacas 6 Prof. José Mário Doleys Soares Estaquementos Paralelos Os estaqueamentos paralelos são usados quando os esforços normais à direção das estacas são pequenos, podendo ser absorvidos pelas pressões transversais do terreno. Admitindo-se o bloco infinitamente rígido e as reações das estacas proporcionais aos respectivos deslocamentos (na direção do eixo das estacas), o problema dos esforços verticais se torna análogo ao da flexão composta na Resistência dos Materiais. Considerando-se um estaqueamento referido a um par de eixos ortogonais centrais não principais, a tensão a provocada por uma carga vertical excêntrica P é dada pela fórmula: expressão na qual σi = tensão numa estaca qualquer i. n = número total de estacas do sistema. A = seção transversal de cada estaca. Ix e /y = momentos de inércia do sistema em relação aos eixos x e y. Ixy = produto de inércia do sistema em relação aos eixos x e y. Fazendo: i xyyX xyyXx i XYYX XYxyy i xIII IePIeP y III IePIeP An P 22 . .. . .... . 2 1 2 1 ).( i n iixi n ix yAyAII P e yG x y e x Cap.8 – Grupo de estacas 7 Prof. José Mário Doleys Soares No caso de os eixos de referência serem os eixos principais de inércia, /xy, e em consequência ii n i yx 1 são iguais a 0 e Verificação de Excentricidade Após a execução do estaqueamento, deve-se verificar a excentricidade das estacas em relação ao pilar, sendo que, no caso de uma única estaca, a excentricidade de até 10% do valor da bitola não necessita de verificações. Para excentricidades maiores que 10% do valor da bitola, deve-se verificar a condição de flexo-compressão que passará a atuar na estaca no que se refere a estrutura (armação a flexão), deformações e ruptura do solo. Quando o estaqueamento é composto por duas ou mais estacas, a verificação é feita pela fórmula: Onde: R = reação na estaca. N = carga normal do pilar. n = quantidade de estacas no bloco. Mx = momento em torno do eixo x = ey .N. ey - excentricidade na direção do eixo y. yi - distância do centro do estaqueamento até a estaca em análise na direção do eixo y. My = momento em torno do eixo y = ex. N. ex = excentricidade na direção do eixo x. i i n i x i i n i y i x x ePy y eP n PR 2 1 2 1 . . 2 1 2 1 ).( i n iiyi n iy xAxAII ii n iiixyi n ixy yxAyxAII 11 ).( 22 . . i iy i ix x xM y yM n NR Cap.8 – Grupo de estacas 8 Prof. José Mário Doleys Soares Xi - distância do centro do estaqueamento até a estaca em análise na direção do eixo x. xi2 - somatória das distâncias ao quadrado do centro do estaqueamento até o centro das estacas na direção x. yi2 - somatória das distâncias ao quadrado do centro do estaqueamento até o centro das estacas na direção y. Verificação de Projeto Um projeto de fundações em estacas deve ser verificado com relação a alguns itens básicos: a. Viabilidade executiva da solução adotada; b. Cálculo da capacidade de carga das estacas para as sondagens, comprimentos e arrasamentos adotados em proieto; c. Quantidade de estacas adotadas em cada pilar compatível com a capacidade de carga das estacas calculada no item "b". d. Distância mínima entre as estacas (normalmente se adota para pré- moldadas d > 2,5.Ø e moldadas "in loco" d > 3,0.Ø). e. Coincidência do centro de estaqueamento com o centro de gravidade ou o centro de força dos pilares. A seguir estaremos expondo um exemplo prático de verificação de um projeto de estacas tipo broca mecânica 0 30cm para 200 kN/estaca. Cap.8 – Grupo de estacas 9 Prof. José Mário Doleys Soares Figura 1 - Exemplo de projeto de estaqueamento Projeto Geométrico Verificação do Estaqueamento Pilar P1 N = 600 kN 3Ø 30 cm Pilar P2 + P3 N = 200 + 500 kN 4Ø 30 cm Cálculo Perímetro da estaca = π.0,30 = 0,94 m Área de ponta = π.0,30²/ 4 = 0,07 m² kN x xM y yM n NR i iy i ix 20000 3 600.. 22 cmxcf 1,57500200 )500.80()200.0( kN x xM y yM n NR i iy i ix 17500 4 500200.. 22 Cap.8 – Grupo de estacas 10 Prof. José Mário Doleys Soares Pilar P4 N =700 kN M = 70 kN . m xi2 = (0,452). 4 = 0,81 yi = 0,45 Tabela n° 24 - verificação básica de projeto Cargas atuantes Aprovado Pilar Carga normal (kN) Momento MX (kN x m) Momento My (kN x m) Diâmetro da estaca projetada (cm) Capacidade de carga (kN) Quantidade de estacas Carga em cada estaca (kN) sim não P1 600 — — 30 200 3 200 x P2 + P3 200 + 500 — — 30 200 4 175 x P4 700 — 70 30 200 4 175 ±38,9 x Verificação da Capacidade de Carga das Estacas a. Método Decourt Quaresma Resistência Lateral: Solo 1: areia fina, L= 4,00 areia β = 0,50 (tabela n° 20) Rl = U . L . rl . β = 0,94 . 4,00 . 26,7 . 0,50 = 50,20 kN 81,0 45,0.70 4 700.. 22 i iy i ix xxM y yM n NR 175+ 38,9 = 213,9 kN 175-38,9 = 136,1 kN kN 5 4 5456 . lmédioSPT ²/7,2610.1 3 5 mkNrl Cap.8 – Grupo de estacas 11 Prof. José Mário Doleys Soares Solo 2: argila pouco arenosa, L = 6,00 argila β = 0,80 (tabela n° 20) R, = U . L . rl . β = 0,94 . 6,00 . 43,33 . 0,80 = 1 95,50 kN Resistência de Ponta Solo 2: argila pouco arenosa α = 0,85 (tabela n° 21) argila K = 120,00 kN/m2 (tabela n° 1 9) Rp= SPTmédiop.K.Ap = 20.120.0,07 = 168 Kn Resistência admissível ou b. Método Aoki Velloso Estaca escavada F1 = 3,00 (tabela n° 22) F2 = 6,00 (tabela n° 22) Perímetro da estaca: U = 0,94 m Área da ponta: Ap= 0,07 m2 Resistência Lateral Solo 1: areia L = 4,00 10 5 101091110 . emédioSPT ²/33,4310.1 3 10 mkNrl 20 3 282012 . pmédioSPT kN RR R pladm 2072 1685,1952,50 2 kN RR R pladm 2314 168 3,1 5,1952,50 43,1 Cap.8 – Grupo de estacas 12 Prof. José Mário Doleys Soares K =1000 kN/m2 (tabela n° 23) α =1,4% (tabela n° 23) rl = SPT. K . α = 5 .1000 . 0,014= 70 kN/m² Solo 2: argila arenosa L = 6,00 K = 350 kN/m2 (tabela n° 23) α = 2,4% (tabela n° 23) rl = SPT. K. α = 10 .350.0,024 = 84,00 kN/m2 Rl = U. L. rl /F2 = 0,94.6,00. 84,00/6,00 = 79,00kN Resistência de Ponta Solo de ponta: argila arenosa SPTponta =20 K = 350 kN/m2 (tabela n°23) rp = SPT . K = 20 .350 = 7000 kN/m² Rp = rp. Ap / F1 = 7000 .0,07 / 3,00 = 163,00 kN Resistência admissível Verificação da excentricidade do estaqueamento para 4Ø 32cm (Strauss) para 300kN 5 4 5456 . emédioSPT 10 6 12101091110 . emédioSPT kN RR R pladm 50,1642 163)00,7977,86( 2 Cap.8 – Grupo de estacas 13 Prof. José Mário Doleys Soares Figura 2 - Exemplo de projeto de estacas My = 1000 .(0,04) = + 40 kN.m Mx = 1000 .(0,05) = + 50 kN.m xi2 = 0,50² + 0,51² + 0,51² + 0,50² = 1,02 yi2 = 0,52² + 0,50² + 0,51² + 0,51² = 1,04 My = 40 kN.m Mx = 50 kN . m N= 1000 kN Devido à excentricidade ocorrida em obra, a estaca mais carregada ultrapassa em 53 kN a capacidade de carga da estaca. Cálculo de bloco para 2 estacas Dados: Pilar - Dimensões: 35x35cm2 cme x 44 55544746 cme y 54 46465755 kNRRmáx 35302,1 50,0.40 04,1 51,0.50 4 1000 4 kNRR 206 02,1 50,0.40 04,1 50,0.50 4 1000 1min Cap.8 – Grupo de estacas 14 Prof. José Mário Doleys Soares Armadura: Φ 16 CA-50B Carga: 1100 kN Estacas - Diâmetro: 35 cm Espaçamento: e = 120cm Concreto - fck ≥ 15 MPa Aço CA-50B Solução: 1- Altura útil do bloco d = e/2 < le e/2 = 60 cm σs= 356 MPa (pilar sujeito à compressão axial armado com aço CA-50B) (NB - 1/1978, item 6.3.1.2e) Para = 16mm, lc = 69,8 ~ 70cm Adotar d = 70cm 2-Cálculo da armadura principal bu s el . 4 3 2 .42,0 cdbu f MPaf cd 71,104,1 15 MPabu 041,2 6,43 041,2 356 . 4 cl kN d aepF 68,402 7,0.8 )35,02,1.2.(1100 .8 ).2.( 167²96,12 5,43 68,402.4,1 .4,1 cmf FA yd si e = 120 cm Cap.8 – Grupo de estacas 15 Prof. José Mário Doleys Soares lbe c c1 cest 3 - Cálculo da ancoragem da armadura principal O comprimento necessário de ancoragem retilínea (sem gancho) da armadura tracionada, para aço CA-50B e concreto com fck = 15 MPa, em zona de boa aderência, é lb1 = 54. A armadura obtida deve ser ancorada de maneira que, no bordo da estaca, resista a 80% do esforço de tração para o qual foi dimensionada. Como esta armadura é fortemente comprimida na direção vertical, no local de sua ancoragem, pode-se admitir que a tensão última de aderência seja o valor fixado pela NB 1/1978, majorado de 30%. Com base no exposto anteriormente, pode-se escrever: e com e A distância c1, do bordo da estaca ao bordo do bloco, para boa ancoragem da armadura principal, será calculada pela expressão: c1 = lbc + c – cest < 10 cm em que c ≥ 3cm (NB-1/1978, item 6.3.3.1c) Para os dados do problema, fazendo lb = lb1 = 54, Como = 1,6cm, lbc = 43,2 cm e c1 = 43,2 + 3 – 35 = 11,2 ~12,5 cm .10 8,0 .3,1 beb ll 3,1 8.8,0 bbe ll se sc bb A All 1 bu yd b f l . 41 27 3,1 854.8,0 bcl Cap.8 – Grupo de estacas 16 Prof. José Mário Doleys Soares 4- Cálculo da armadura secundária (estribos horizontais fechados): As2= 0,4 As1 = 0,4. 12,96 = 5,18cm² - 68 5 - Cálculo dos estribos verticais: AsW = ρmin . 100 b = 0,0014 x 100 x 55 = 7,7cm2/m- 8 c/ 13 6 - Cálculo da armadura superior de montagem: AsM =0,1 As1 = 0,30 cm2 - 3 8 Bloco para 3 estacas a) Altura útil mínima α ≤ 45° tg α ≤ 1 16 2 3 3 d ae 6 2 3 3 aed À favor da segurança, b) Armadura colocada segundo a direção das bielas: d ae P tgPT 6 2 3 3 . 3 . 3 3 3ed d aeP .18 )23..2( Cap.8 – Grupo de estacas 17 Prof. José Mário Doleys Soares c) Armadura disposta segundo o contorno do bloco, em três feixes horizontais ligando entre si as três estacas: 3 ' TT A Segunda disposição de armaduras é a mais económica apresentando uma redução de 34% em relação á primeira. Cálculo de bloco para 3 estacas Dados: Pilar - Dimensões: 45 x 45 cm² Armadura: 20 CA-50A Carga: 2100kN Estacas - Diâmetro: 40cm Espaçamento: e=130cm Concreto -fck≥ 15 MPa Aço CA-50A Solução: 1- Altura útil do bloco σs= 420 MPa (pilar sujeito à compressão axial armado com aço CA-50A) (NB - 1/1978, item 6.3.1.2c)3 2 .42,0 cdbu f MPaf cd 71,104,1 15 bu s el . 4 cl ed 3 3. cm e 75 3 3. Cap.8 – Grupo de estacas 18 Prof. José Mário Doleys Soares Para = 20mm, lc = 102,8 ~ 103cm Adotar d = 105 cm 2 - Cálculo da armadura principal Colocando armadura segundo o contorno do bloco, em três feixes horizontais ligando entre si as três estacas e desprezando, a favor da segurança, as dimensões do pilar, resulta: Para boa ancoragem da armadura, fazer igual a 15cm à distância entre o bordo da estaca e o bordo do bloco. O comprimento de ancoragem da armadura, à partir do bordo interno da estaca, para concreto com fck = 15 MPa e aço CA-50A, deve ser lbe=27 (com gancho na extremidade). Bloco para 4 estacas a) Altura útil mínima α ≤ 45° tg α ≤ 1 14 2 2 2 d ae MPabu 041,2 4,51 041,2 420 . 4 cl kN d ePF 289 105.9 130.2100 .9 . 165²3,9 5,43 289.4,1 cmAsi Cap.8 – Grupo de estacas 19 Prof. José Mário Doleys Soares 2 2 2 2 aed À favor da segurança, b) Armadura colocada segundo as diagonais: c) Armadura disposta segundo o contorno do bloco, em quatro feixes horizontais ligando entre si as quatro estacas: Os dois sistemas são equivalentes do ponto de vista consumo de aço. Cálculo de bloco para 4 estacas Dados: Pilar - Dimensões: 50 x 50 cm2 Armadura: 20 CA-50A Carga: 2800 kN Estacas - Diâmetro: 40cm Espaçamento: e = 130cm Concreto - fck ≥ 15 MPa Aço CA-50A Solução: 1 - Altura útil do bloco 2 2ed d aeP .16 ).2(2. d ae P tgPT 4 2 2 2 . 4 . 4 d aePTT .16 )2( 2 2 ' bu s el . 4 cl ed 2 2. cm e 92 2 2. Cap.8 – Grupo de estacas20 Prof. José Mário Doleys Soares σs=420MPa (pilar sujeito à compressão axial armado com aço CA-50A). (NB - 1/1978, item 6.3.1.2c) Para = 20mm, lc = 102,8 ~ 103cm Adotar d = 105 cm 2 - Cálculo da armadura principal Colocando armadura segundo o contorno do bloco, em quatro feixes horizontais ligando entre si as quatro estacas e desprezando, a favor da segurança, as dimensões do pilar, resulta: Condições de boa ancoragem: Para concreto com fck = 15 MPa e aço CA-50A, lbc =27 = 27 x 2 = 54cm c1 = Ibc + c - cest = 54 + 3 - 40=13cm Adotar c1 = 15cm MPaf cd 71,104,1 15 MPabu 041,2 4,51 041,2 420 . 4 cl kN d ePF 34,433 105.8 130.2800 .8 . 205²95,13 5,43 34,433.4,1 cmAsi Cap.8 – Grupo de estacas 21 Prof. José Mário Doleys Soares Bloco sobre estaca l ≥ de + 2.15cm h ≥ 0,75.(l – d) ou h ≥ 0,75.(l – a) NtNt h alPNt ..25,0 yd t se f NA .2 .4,1 ydcd M c ff PA .008,0.85,0 .05,1.4,1 Área de Concreto necessária Cap.8 – Grupo de estacas 22 Prof. José Mário Doleys Soares Blocos de apoio de seção reduzida Procedimento Nos blocos parcialmente carregados, Fig. 3, ao longo de um certo trecho de comprimento l0, a distribuição de tensões não é uniforme, sendo as tensões longitudinais de compressão acompanhadas por tensões transversais de tração. O comprimento l0 é chamado de "comprimento de perturbação”. De acordo com o princípio de Saint Venant, o comprimento de perturbação é da ordem de grandeza da maior dimensão a da seção do bloco. Esta situação se apresenta, na prática, nas placas de ancoragem sobre blocos de apoio, nas rótulas ou aparelhos de apoio, em blocos que recebem a carga de um pilar de concreto, nars ancoragens de concreto protendido, etc. A força de compressão P, aplicada na área reduzida A0 = a0.b0, produz a tensão: Pelo fato da força P ser aplicada numa área restrita, o concreto do bloco fica sujeito a estados múltiplos de tensão. Ao longo do eixo da peça, na direção longitudinal, a tensão σx será sempre de compressão. Nas direções transvesais σy e σz serão de compres- são apenas nas imediações da face de carregamento, sendo de tração no restante do comrprimento de perturbação. Fig. 4. MPa hl N t t 5,1 . Estribo Horizontal M c v s AA 008,0 Ação vertical 000 .ba P A P c Cap.8 – Grupo de estacas 23 Prof. José Mário Doleys Soares Figura 3 Na Fig. 5 está esquematizada a difusão das tensões axiais de compressão, a qual ocorre através da mobilização de bielas inclinadas de compressão. O equilíbrio dessas bielas se da com o aparecimento de esforços transversais de tração, que.tendem a produzir o fendilhamento longitudinal do bloco. A manutertção do equilíbrio exige portanto a colocação de uma armadura transversal capaz de absorver estes esforces de tração. Nas proximidades da face de carregamento, as bielas inclinadas introduzem tensões transversais de compressão. Isto justifica a maior capacidade resistente da área A0. A medida que se consideram pontos mais afastados da face de carregamento, a compressão transversal diminui, passando a existir tração transversal. Esta diminuição da compressão transversal ocorre com o aumento simultâneo da área transversal resistente a compressão longitudinal. Com isso, a Figura 4 Figura 5 Cap.8 – Grupo de estacas 24 Prof. José Mário Doleys Soares capacidade resistente do bloco ê maior do que a de um prisma de seção transversal A0 uniformemente comprimido. Na região próxima a face de carregamento, além do efeito favorável de compressão transversal decorrente da inclinação das bielas, também existe uma contenção transversal dada pela própria peça que aplica a carga externa P. Na Fig 5 as tensões σ0 foram imaginadas como sendo aplicadas de forma ideal, não se cogitando da própria peça que aplica essas tensões. Na realidade a força P e usualmente aplicada por meio de peças muito rígidas, as quais, por atrito, inibem a dilatação transversal do concreto da zona próxima a face de carregamento. Para verificação da segurança, de acordo com a NB-1/1978 nas peças com carga em área reduzida A0 em uma das faces e altura não inferior a maior largura e nas peças com carga em área reduzida A0 em duas faces opostas e altura não inferior ao dobro da maior largura, o valor último da tensão de cálculo σ0d é: tomando-se para Ac a área da figura geométrica que, tendo o mesmo centro de gravidade de A0, seja a máxima que caiba na superfície da peça. Se A0 e Ac tiverem contornos homotéticos em relação ao centro de gravidade comum, o valor ultimo é Nas articulações Freyssinet e nas articulações de concreto calculadas pela formula de Hertz, desde que a largura da zona de contato não seja maior que 1/5 do bloco e que fck > 22,5 MPa, permite-se elevar os limites de 21 e 26 MPa para 40 MPa. Nos blocos parcialmente carregados, devem ser colodadas armaduras transversais, convenientemente dispostas para que se impeça o fendilhamento longitudinal sob o efeito das tensões transversais de tração. As armaduras transversais são dispensáveis apenas nos casos em que as tensões máximas de tração σt, não ultrapassarem (1/20). fck . Caso contrário as armaduras transversais serão obrigatórias. MPa A Af ccdu 213 0 0 MPa A Af ccdu 26 0 0 Cap.8 – Grupo de estacas 25 Prof. José Mário Doleys Soares A determinação aproximada da força transversal Nt de fendilhamento e do valor máximo σt da tensão transversal de tração pode ser feita através do modelo simplificado proposto por Langendonck (Calculo do Concreto Armado, Vol. 1). A fig 6 esclarece os pontos essenciais desse modelo. Considerando-se o equilíbrio de momentos dos esforços que agem de um lado do plano da simetria, obtém-se: O diagrama de tensões adotado fornece: Em consequência, Figura 6 eNaaP t .4 . 2 0 e aaPN t 0.8 tttt bab a aN ...7,0). 3 2 . 2 .6,0 ..9,0( ababaaaae ttt .445,0..7,0].).1,0.3 26,0. 3 19,0.( 3 2 . 2 .6,0).1,0. 3 245,0(..9,0[ Cap.8 – Grupo de estacas 26 Prof. José Mário Doleys Soares a a P a a P a aaPN t 000 130,01..28,0 .445,0 . 8 a a ba N c t t 01.40,0 ..7,0 com ba P c . Majorando σt de 20%, em face do carater aproximado da solução, resulta : a a ct 0* 1.5,0 Se σt* ≤ σt = (1/20).fck, não há necessidade de armadura transversal. Se σt* > σt , a aramadura transversal deverá ter área As dada pela expressão yd d f P a a As .1.3,0 0 com Pd= f.P No caso de pilares ou blocos de seção circular ou poligonal, de áreas respectivas A0 ou Ac, tomar-se-ão os lados dos quadrados de áreas A0 ou Ac. No caso de blocos não alongados, calcula-se a armadura nas duas direções, adotando para o valor mínimo de Nt’, 0,1P. Nos casos correntes de blocos parcialemnte carregados, a armadura transversal pode ser distribuída do modo padronizado sugerido por Langendonck, em 5 camadas iguais, cujos espa- çamentos estão indicados na fig. 7. Na pratica , a armadura As é distribuída em m camadas iguais, espaçadas entre si de a/m+1, sendo que a primeira camada de As está a distância a/m+1 da face superior do bloco. Usualmente, para que não ocorram problemas de ancoragem, as armaduras em cada camada são colocadas na forma de estribos horizontais Figura 7 Cap.8 – Grupo de estacas 27 Prof. José Mário Doleys Soares fechados, retangulares , com varias pernas.Os laços múltiplos e as malhas de armadura soldadas são particularmente adequados para armadura de fendilhamento, colocados em camadas horizontais, como os estribos. Deve-se observar que a armadura transversal acima considerada é uma simples armadura contra o fendilhamento longitudinal do bloco, não tendo por objetivo produzir um efeito de cintamento do concreto. Por este motivo, ela não respeita as prescrições referentes as armaduras de cintamento. Desse modo, as armaduras paralelas as direções a e b podem ser diferentes e, em particular, pode existir armadura transversal apenas numa das direções. Ensaios fotoelásticos realizados por Tesar e Guyon mostram que, além dos esforços de tração anteriormente considerados, os quais podem provocar fendilhamento longitudinal da peça, ainda existem outras tensões de tração que atuando superficialmente, podem produzir uma fissuração superficial do bloco. Dos ensaios de Tesar e Guyon, resultou a FIG. 8 que fornece, para diferentes relações a0/a as isóbaras de σt/σ0 (curvas de igual tensão transversal relativa σt/σ0). Figura 8 Os números indicados nos vértices mostram que as tensões transversais de tração σt0, que ocorrem na superfície alcançam, quando a0 é Cap.8 – Grupo de estacas 28 Prof. José Mário Doleys Soares grande, um valor quase quatro vezes o das trações σt que se originam no interior. Embora as tensões superficiais σt0, possam ser elevadas, .a força de tração resultante Nt0, é de baixa intensidade, pois estas tensões agem em zonas de pequena profundidade na parte superior da peça. Para cálculo da armadura contra a fisuração superficial, no caso de blocos carregados de modo centrado, sugere-se a adoção do valor por excesso Nt0 = 0,04P. BIocos de seção reduzida com seçao transversal circular ou octogonal Os blocos de seção reduzida com seçao transversal circular ou octogonal podem ser tratados da mesma maneira vista no item anterior. A tensão máxima de tração no concreto σt* e a resultante Nt são calculadas pelas fórmulas com e Nestas fórmulas é necessário transformar a seção circular ou octogonal numa seção quadrada de área equivalente, com lado: No caso de blocos de grande diâmetro (d≥80cm), a armadura transversal para absorver Nt. pode ser constituída por estribos horizontais quadrados e retangulares combinados de tal maneira a formar malhas ortogonais que são distribuídas em uma altura igual ao diâmetro d do bloco. As armaduras total e a parcial de cada camada, necessárias numa direção respectivamente: e As1=As/n, sendo n o número de camadas em que é distribuida a armadura total. a a ct 0* 1.5,0 c c A P a a PN t 01..3,0 cAa yd tf s f N A . Cap.8 – Grupo de estacas 29 Prof. José Mário Doleys Soares No caso de blocos de pequeno diâmetro (d < 80cm), a armadura transversal mais conveniente para facilitar a concretagem é a constituída por uma espiral que se desenvolve ao longo de uma altura igual ao diâmetro d. A seção da espiral é Sendo As1 a seção da bitola da barra adotada para o cintamento, t o passo da espiral e n o número de espiras, resulta: 1. sS AnA com 1 t d n e 1 n d t 1..2 . 1 1 t df N t d AA yd tfS S O valor de t varia entre 5 e 10cm e os diâmetros usados para o cintamento são 8 e 10mm, no máximo 12,5mm. Normalmente emprega-se o aço CA-25 por ser mais facilmente trabalhado, e excepcionalmente o aço CA- 50. Armadura de fretagem no topo de estacas e tubulões Figura 9 yd tf s f N A .2 . Figura 10 Cap.8 – Grupo de estacas 30 Prof. José Mário Doleys Soares O aparecimento de tensões de tração, no topo de estacas e tubulões, ocorre quando o pilar é inserido diretamente na estaca, sem bloco de coroamento, e as dimensões do pilar são menores que a da estaca. Chama-se fretagem um sistema de armaduras constituído por malhas ortogonais, colocadas horizontalmente no topo de estacas e tubulões, distribuídas de acordo com os esforços numa altura igual ao diâmetro da estaca ou tubulão. Nas estacas de pequeno diâmetro, para que não ocorram problemas de ancoragem das armaduras e dificuldades de concretagem da estaca, a fretagem pode ser efetuada por uma hélice se desenvolvendo numa altura igual ao seu diâmetro. A finalidade da armadura de fretagem, como já foi visto antes, é absorver tensões horizontais de tração, normais a direção de compressão, que, se ultrapassarem os valores máximos admissíveis no concreto, podem produzir o colapso da peça por fendilha mento vertical do topo. Evidentemente, a armadura de fretagem só será obrigatória quando ocorrerem simultaneamente as duas situações seguintes: - existência de tensões horizontais de tração; - valor de tensões de tração superiores aos valores máximos admissíveis a tração no concreto. A colocação de bloco de transição entre o pilar e a estaca, com dimensões em planta maiores que a estaca, como soe acontecer em todos os casos práticos, elimina o problema de fendilhamento do topo da estaca, transferindo-o para si mesmo, permitindo em consequência a supressão da armadura de fretagem da estaca. Em outras palavras, o bloco retira da estaca e assume o problema do fendflhamento, devendo em consequência ser convenientemente verificado e dimensionado para absorvê-lo através de armadura adequada. A verificação das tensões de tração e o cálculo das armaduras de fretagem, quando necessárias, é efetuado pela teoria dos apoios de seção reduzida, vista anteriormente. Cap.8 – Grupo de estacas 31 Prof. José Mário Doleys Soares Problemas de aplicação: Calcular a armadura de fretagem para um tubulão de diâmetro 90cm, suportando um pilar com dimensões da seção transversal a0= 70cm e b0 = 30cm, com uma carga P = 2500kN. Determinar a tensão de tração para comprovar a necessidade de armadura. O concreto tem fck= 15 MN/m² e a armadura será de aço CA-50B. Dados do problema: cm Db 8,79 4 ²90. 4 . 2 b0 = 30 cm P = 2500 kN 2 22 /93,3 4 9,0. 5,2 4 . mMN D Np Verificação da tensão no concreto ²/226,1 8,19 301.93,3.5,01..5,0 0 mMN b b pt ²/75,0 20 15 20 mMN f ck t Como σt > σt , há necessidade de armadura de fretagem. Cálculo da armadura de fretagem: MN b b PN t 468,08,19 301.5,2.3,01..30,0 0 m = 5 10401,3 5 2 cmAA ssi 206,15 5,43 468.4,1.4,1 cmf NA yd t s Cap.8 – Grupo de estacas 32 Prof. José Mário Doleys Soares Espaçamento das armaduras da fretagem: cm m D e 15 15 90 1 Cálculo da armadura contra a fissuração superficial: 104²22,3 5,43 2500.04,0.4,104,0.4,1 0 cmf PA yd S Detalhe da armadura: Figura 11 Cap.8 – Grupo de estacas 33 Prof. José Mário Doleys Soares O Ensaio de Integridade – PIT O Ensaio de Integridade - PIT (do inglês Pile Integrity Test) - é uma metodologia extremamente simples, que permite verificar a qualidade de estacas moldadas in loco ou cravadas. Quando fundações profundas são executadas, é fundamental garantir comprimentos e seções efetivamente executadas, sua continuidade e sua integridade. Em estacas cravadas, o principal defeito que pode ocorrer durante o processo executivo é a quebra não detectada do elemento. Já no caso de estacas escavadas, é fundamental assegurar que todo o fuste sejaintegralmente preenchido por concreto ou argamassa, não havendo falhas, estrangulamentos ou ponta descontínua. Posicionando-se um acelerômetro no topo da estaca, é possível identificar a presença de eventuais danos e sua localização, a partir da aplicação de golpes com um martelo de mão instrumentado. As ondas de força geradas pelos golpes do martelo se propagam ao longo da estaca, e suas reflexões na geometria da fundação e resistência do solo são detectadas através da instrumentação. A execução do ensaio de integridade é rápida e objetiva. Frequentemente, todas as estacas de uma obra podem ser testadas a um custo reduzido. Cap.8 – Grupo de estacas 34 Prof. José Mário Doleys Soares
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