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Darcy Ribeiro no Pasquim

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1 
Darcy Ribeiro (1922–1997) 
 
Declarações dadas ao jornal Pasquim, na década de 70: 
 
“A finalidade dos seres humanos no Brasil não era 
existirem ou se expressarem, mas servirem ao patrão, 
servirem ao outro e esse outro sempre foi um traidor” 
 
“Durante anos essa canalhada esteve nos convencendo de 
que o mal do Brasil é que a raça é ruim, que havia negros, 
que a mistura de raças é ruim. Isso antes do black power. 
Agora passam a dizer que o clima é que é ruim” 
 
“Eu acho que o povo brasileiro tem uma massa de 
potencialidade e uma beleza muito grande. Não sei se este é 
o lugar, mas isso é a gente melhor para se fazer um povo. 
Um povo solidário como deve existir no mundo” 
 
“A economia brasileira – o que é incrível e que os 
brasileiros devem enfiar na cabeça – foi uma das mais 
prósperas do mundo. Esse país era de uma riqueza 
prodigiosa. O valor da exportação brasileira de açúcar, de 
 2 
1578 a 1700 – quando foi o maior produto comercial da 
época – era muito maior que o da Inglaterra” 
 
“A renda per cápita do escravo brasileiro trabalhando no 
açúcar – que durava só 5 ou 6 anos no trabalho – era a mais 
alta do mundo. Depois a renda per cápita mais alta do mundo 
passou a ser dos escravos que produziam ouro em Minas 
Gerais. Multiplicou o ouro do mundo por seis” 
 
“Mas a prosperidade do Brasil sempre foi para poucos. 
Prosperidade pros poucos que definem o projeto. É uma 
prosperidade não generalizável” 
 
“No Brasil, no período posterior à Independência, 
morreram mais de 50 mil pessoas nas lutas sociais, mais do 
que morreram na luta espanhola, e o esforço foi de esmagar 
qualquer tentativa de fazer um projeto mais amplo” 
 
“A classe dominante conseguiu impedir um projeto mais 
amplo e isso foi possível por uma sagacidade incrível, 
sagacidade hedionda. Por exemplo: a América espanhola 
teve universidades a partir de 1500. A primeira universidade 
 3 
brasileira é de 1823, feita quando o rei da Bélgica veio aqui e 
era preciso dar um titulo a ele como doutor honoris-causa.” 
 
“A safadeza toda era essa. Monopolizaram toda terra que 
podia ser utilizada e não adiantava nenhum caboclo ir 
adiante porque não podia ser terra dele” 
 
“Nos EUA a expansão se fez como? Com o Home Street, 
que veio dez anos depois da Lei de Terra do Brasil (1860). 
Vejam a diferença: enquanto que aqui a posse da 
propriedade era compra, lá diziam que a posse da 
propriedade era a ocupação. Se você vai pro Oeste e marca 
112 acres e os trabalha, são seus” 
 
Darcy Ribeiro – Darcy Ribeiro, etnólogo, antropólogo, professor, 
educador, ensaísta e romancista, nasceu em Montes Claros (MG), em 
26 de outubro de 1922, e faleceu em Brasília, DF, em 17 de fevereiro 
de 1997. Diplomou-se em Ciências Sociais pela Escola de Sociologia 
e Política de São Paulo (1946), com especialização em Antropologia. 
Etnólogo do Serviço de Proteção aos Índios, dedicou os primeiros 
anos de vida profissional (1947-56) ao estudo dos índios do Mato 
Grosso, Amazonas, Brasil Central, Paraná e Santa Catarina. Nesse 
período fundou o Museu do Índio, que dirigiu até 1947, e criou o 
Parque Indígena do Xingu. Escreveu uma vasta obra etnográfica e de 
defesa da causa indígena. Elaborou para a UNESCO um estudo do 
impacto da civilização sobre os grupos indígenas brasileiros no século 
XX e colaborou com a Organização Internacional do Trabalho na 
preparação de um manual sobre os povos aborígenes de todo o 
 4 
mundo. Organizou e dirigiu o primeiro curso de pós-graduação em 
Antropologia, tendo sido professor de Etnologia da Faculdade 
Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil (1955-56). 
Diretor de Estudos Sociais do Centro Brasileiro de Pesquisas 
Educacionais do MEC (1957-61); presidente da Associação Brasileira 
de Antropologia. Participou com Anísio Teixeira, da defesa da escola 
pública; criou a Universidade de Brasília, de que foi o primeiro reitor; 
foi ministro da Educação do Governo Jânio Quadros (1961) e chefe da 
Casa Civil do Governo João Goulart, tendo sido um dos líderes das 
reformas estruturais. Com o golpe militar de 64, teve os direitos 
políticos cassados e foi exilado. 
Viveu em vários países da América Latina, conduzindo programas 
de reforma universitária, com base nas idéias que defendeu em A 
Universidade necessária. Professor de Antropologia da Universidade 
Oriental do Uruguai; foi assessor do presidente Salvador Allende, no 
Chile, e de Velasco Alvarado, no Peru. Escreveu nesse período os 
cinco volumes de seus estudos de Antropologia da Civilização (O 
processo civilizatório, As Américas e a civilização, O dilema da 
América Latina, Os brasileiros - 1. Teoria do Brasil e Os índios e a 
civilização), nos quais propõe uma teoria explicativa das causas do 
desenvolvimento desigual dos povos americanos. 
Ainda no exílio, escreveu dois romances: Maíra e O mulo, aos quais 
acrescentou, mais tarde, Utopia selvagem e Migo. Publicou Aos 
trancos e barrancos, que é um balanço crítico da história brasileira de 
1900 a 1980. Publicou também a coletânea de ensaios insólitos Sobre 
o óbvio e um balanço da sua vida intelectual: Testemunho. Editou, 
juntamente com Berta G. Ribeiro, a Suma etnológica brasileira. 
Publicou, pela Biblioteca Ayacucho, em espanhol, e pela Editora 
Vozes, em português, A fundação do Brasil, um compêndio de textos 
históricos dos séculos XVI e XVII, comentados por Carlos Moreira e 
precedidos de longo ensaio analítico sobre os primórdios do Brasil. 
Em 1976, retornou ao Brasil, sendo anistiado em 1980. Voltou a 
dedicar-se à educação e à política. Participando do PDT com Leonel 
Brizola, foi eleito vice-governador do Estado do Rio de Janeiro (1982). 
Foi cumulativamente secretário de Estado da Cultura e coordenador 
do Programa Especial de Educação, com o encargo de implantar 500 
CIEPs no Estado do Rio de Janeiro. Criou também a Biblioteca 
Pública Estadual, a Casa França-Brasil, a Casa Laura Alvim, o Centro 
Infantil de Cultura de Ipanema e o Sambódromo, em que colocou 200 
 5 
salas de aula para fazê-lo funcionar também como uma enorme escola 
primária. 
Em 1990, foi eleito senador da República, função que exerceu 
defendendo vários projetos, entre eles uma lei de trânsito para 
proteger os pedestres contra a selvageria dos motoristas; uma lei dos 
transplantes que, invertendo as regras vigentes, torna possível usar os 
órgãos dos mortos para salvar os vivos; uma lei contra o uso vicioso 
da cola de sapateiro que envenena e mata milhares de crianças. 
Publicou, pelo Senado Federal, a revista Carta, onde os principais 
problemas do Brasil e do mundo são analisados e discutidos. Foi 
também secretário extraordinário de Projetos Especiais do Estado do 
Rio de Janeiro. Colaborou com o governador Leonel Brizola na 
conclusão dos CIEPs e com o Governo Federal nas condução 
pedagógica dos CIACs. Ocupou-se ainda da revitalização da Floresta 
da Pedra Branca, da implantação de uma Universidade do Terceiro 
Milênio no norte fluminense e da criação da Escola Superior da Paz. 
Entre suas façanhas maiores conta-se haver contribuído para o 
tombamento de 98 quilômetros de belíssimas praias e encostas, além 
de mais de mil casas do Rio antigo. Colaborou na criação do Memorial 
da América Latina, edificado em São Paulo com projeto do arquiteto 
Oscar Niemeyer. Gravou um disco na série mexicana "Vozes da 
América". E mereceu títulos de Doutor Honoris Causa da Sorbonne, 
da Universidade de Copenhague, da Universidade do Uruguai, da 
Universidade da Venezuela e da Universidade de Brasília (1995). 
Prêmio Fábio Prado, de São Paulo (1950). 
Entre 1992 e 1994, ocupou-se de completar a rede dos CIEPs; de 
criar um novo padrão de ensino médio, através dos Ginásios Públicos; 
e de implantar e consolidar a nova Universidade Estadual do Norte 
Fluminense, com a ambição de seruma Universidade do Terceiro 
Milênio. No Rio de Janeiro, revitalizou a Floresta da Pedra Branca, 
numa área de 12.000 hectares. 
Em 1995, lançou seu mais recente livro, O povo brasileiro, que 
encerra a coleção de seus Estudos de Antropologia da Civilização, 
além de uma compilação de seus discursos e ensaios intitulada O 
Brasil como problema. Lançou, ainda, um livro para adolescentes, 
Noções das coisas, com ilustrações de Ziraldo, considerado, em 1996, 
como altamente recomendável pela Fundação Nacional do Livro 
Infantil e Juvenil. 
Em 1996, entregou à Editora Companhia das Letras seus Diários 
índios, em que reproduziu anotações que fez durante dois anos de 
 6 
convívio e de estudo dos índios Urubu-Kaapor, da Amazônia. Seu 
primeiro romance, Maíra, recebeu uma edição comemorativa de seus 
20 anos, incluindo resenhas e críticas de Antonio Callado, Alfredo 
Bosi, Antonio Houaiss, Maria Luíza Ramos e de outros especialistas 
em literatura e antropologia. Ainda nesse ano, recebeu o Prêmio 
Interamericano de Educação Andrés Bello, concedido pela OEA. 
 
Pasquim – O Pasquim foi o primeiro e mais influente jornal de 
oposição à ditadura militar no Brasil. O projeto nasceu no final de 1968 
após uma reunião entre o cartunista Jaguar e os jornalistas Tarso de 
Castro e Sérgio Cabral; o trio buscava uma opção para substituir o 
tablóide humorístico A carapuça, de Sérgio Porto (que acabara de 
falecer). O nome foi sugestão de Jaguar, inspirado na história de um 
monsenhor italiano chamado Pasquino, que segundo a lenda escrevia 
fofocas e notícias para serem lidas em praça pública. Com o tempo 
figuras de destaque na imprensa brasileira, como Ziraldo, Millôr, 
Prósperi, Claudius e Fortuna, se juntaram ao time, e a primeira edição 
finalmente saiu em 26 de junho de 1969.

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