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informativo esquematizado 587 STJ

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Informativo 587-STJ (01/08 a 16/08/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 1 
Márcio André Lopes Cavalcante 
 
 
Todos os julgados foram comentados. 
 
ÍNDICE 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL 
CONTROLE EXTERNO DA ATIVIDADE POLICIAL 
 MPF não tem acesso irrestrito a todos os relatórios de inteligência produzidos pela Diretoria de Inteligência da 
Polícia Federal. 
 
DIREITO CIVIL 
DIREITOS AUTORAIS 
 É indevida a cobrança de direitos autorais em caso de festa junina promovida pela escola com fins didáticos, 
pedagógicos e de integração, sem intuito de lucro. 
 
PARENTESCO 
 Extensão dos efeitos de sentença transitada em julgada que reconhece relação de parentesco. 
 
ALIMENTOS 
 Inexistência de transferência automática do dever de alimentar. 
 
DIREITO NOTARIAL E REGISTRAL 
EMOLUMENTOS 
 Valor relativo à inscrição de cédula de crédito rural é fixado em lei estadual 
 
DIREITO EMPRESARIAL 
CHEQUE 
 Termo inicial de correção monetária e de juros de mora em cobrança de cheque. 
 
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE 
REMISSÃO 
 Impossibilidade de modificação por magistrado dos termos de proposta de remissão pré-processual. 
 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
SUSPEIÇÃO 
 Suspeição por motivo superveniente não anula atos processuais anteriores. 
 
REMIÇÃO 
 Remição de pena por leitura e resenha de livros. 
 
DIREITO PENAL 
ESTUPRO DE VULNERÁVEL 
 Contato físico entre autor e vítima não é indispensável para configurar o delito. 
 
Informativo 587-STJ (01/08 a 16/08/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 2 
DESCAMINHO 
 O falso pode ser absorvido pelo descaminho. 
 
LAVAGEM DE DINHEIRO 
 Forma de impugnação contra a decisão que decreta a medida assecuratória prevista no art. 4º da Lei de Lavagem 
de Dinheiro. 
 
DIREITO PROCESSUAL PENAL 
CONTROLE EXTERNO DA ATIVIDADE POLICIAL 
 MPF não tem acesso irrestrito a todos os relatórios de inteligência produzidos pela Diretoria de Inteligência da 
Polícia Federal. 
 
SEGREDO DE JUSTIÇA 
 Segredo de justiça e divulgação do nome do réu e da tipificação do crime em site da Justiça. 
 
MEDIDAS ASSECURATÓRIAS 
 Forma de impugnação contra a decisão que decreta a medida assecuratória prevista no art. 4º da Lei de Lavagem 
de Dinheiro. 
 
REMIÇÃO 
 Remição de pena por leitura e resenha de livros. 
 
DIREITO TRIBUTÁRIO 
IPI 
 Exclusão de crédito presumido de IPI da base de cálculo do IRPJ e da CSLL no regime do lucro presumido. 
 
DIREITO ADUANEIRO 
 Possibilidade de desembaraço aduaneiro de bagagem por meio de ordem de frete. 
 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL 
 
COMPETÊNCIA 
Competência para julgar MS contra ato do chefe do MPDFT 
no exercício de atividade submetida à jurisdição administrativa federal 
 
Importante!!! 
É do TRF da 1º Região (e não do TJDFT) a competência para processar e julgar mandado de 
segurança impetrado contra ato do Procurador-Geral de Justiça do Distrito Federal que 
determinou a retenção de Imposto de Renda (IR) e de contribuição ao Plano de Seguridade 
Social (PSS) sobre valores decorrentes da conversão em pecúnia de licenças-prêmio. 
O Procurador-Geral de Justiça do Distrito Federal, ao determinar a retenção de tributos 
federais por ocasião do pagamento de parcelas remuneratórias (conversão de licenças-
prêmio em pecúnia), está no exercício de função administrativa federal, razão pela qual não 
se pode reconhecer a competência do Tribunal de Justiça do Distrito Federal para o 
julgamento de mandado de segurança impetrado contra tal ato. 
Obs: quando o MS é impetrado contra atos praticados pelo PGJ-DF sob jurisdição 
administrativa local, a competência será do Tribunal de Justiça do Distrito Federal. 
STJ. 1ª Turma. REsp 1.303.154-DF, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 16/6/2016 (Info 587). 
 
Veja comentários em Processo Civil. 
 
 
Informativo 587-STJ (01/08 a 16/08/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 3 
 
CONTROLE EXTERNO DA ATIVIDADE POLICIAL 
MPF não tem acesso irrestrito a todos os relatórios de inteligência 
produzidos pela Diretoria de Inteligência da Polícia Federal 
 
Importante!!! 
O controle externo da atividade policial exercido pelo Ministério Público Federal não lhe garante 
o acesso irrestrito a todos os relatórios de inteligência produzidos pela Diretoria de Inteligência 
do Departamento de Polícia Federal, mas somente aos de natureza persecutório-penal. 
O controle externo da atividade policial exercido pelo Parquet deve circunscrever-se à 
atividade de polícia judiciária, conforme a dicção do art. 9º da LC n. 75/93, cabendo-lhe, por 
essa razão, o acesso aos relatórios de inteligência policial de natureza persecutório-penal, ou 
seja, relacionados com a atividade de investigação criminal. 
O poder fiscalizador atribuído ao Ministério Público não lhe confere o acesso irrestrito a 
"todos os relatórios de inteligência" produzidos pelo Departamento de Polícia Federal, 
incluindo aqueles não destinados a aparelhar procedimentos investigatórios criminais 
formalizados. 
STJ. 1ª Turma. REsp 1.439.193-RJ, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 14/6/2016 (Info 587). 
 
Veja comentários em Processo Penal. 
 
 
 
DIREITO CIVIL 
 
DIREITOS AUTORAIS 
É indevida a cobrança de direitos autorais em caso de festa junina promovida pela escola com 
fins didáticos, pedagógicos e de integração, sem intuito de lucro 
 
Importante!!! 
É indevida a cobrança de direitos autorais pela execução, sem autorização prévia dos titulares 
dos direitos autorais ou de seus substitutos, de músicas folclóricas e culturais em festa junina 
realizada no interior de estabelecimento de ensino, na hipótese em que o evento tenha sido 
organizado como parte de projeto pedagógico, reunindo pais, alunos e professores, com vistas 
à integração escola-família, sem venda de ingressos e sem a utilização econômica das obras. 
STJ. 2ª Seção. REsp 1.575.225-SP, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 22/6/2016 (Info 587). 
 
Imagine a seguinte situação hipotética: 
O colégio "Bons Estudos" realizou uma festa junina na quadra da escola contando com a participação dos 
alunos e pais. 
Durante a festa foram executadas diversas músicas folclóricas e culturais, tendo havido danças típicas etc. 
Após o evento, o Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (ECAD) ajuizou ação de cobrança contra 
o colégio alegando que, mesmo notificada, a escola não pagou os valores relativos aos direitos autorais 
das músicas executadas durante a festa. 
A cobrança realizada foi feita com base no art. 29, VIII, "b" e art. 68 da Lei nº 9.610/98: 
Art. 29. Depende de autorização prévia e expressa do autor a utilização da obra, por quaisquer 
modalidades, tais como: 
 
Informativo 587-STJ (01/08 a 16/08/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 4 
(...) 
VIII - a utilização, direta ou indireta, da obra literária, artística ou científica, mediante: 
a) representação, recitação ou declamação; 
b) execução musical; 
 
Art. 68. Sem prévia e expressa autorização do autor ou titular, não poderão ser utilizadas obras teatrais, 
composições musicais ou lítero-musicais e fonogramas, em representações e execuções públicas. 
 
O colégio contestou a demanda argumentando que o evento foi gratuito e sem objetivo de lucro. Alegou 
que se tratava de uma confraternização entre pais, alunos e professores, fazendo parte do programa 
pedagógico da escola. 
 
O pedido do ECAD deve ser julgado procedente? 
NÃO. 
 
É indevida a cobrança de direitos autorais pela execução, sem autorização prévia dos titulares dos 
direitos autorais ou de seus substitutos, de músicas folclóricas e culturais em festa junina realizada no 
interior de estabelecimento de ensino, na hipótese em que o evento tenha sido organizado como parte 
de projetopedagógico, reunindo pais, alunos e professores, com vistas à integração escola-família, sem 
venda de ingressos e sem a utilização econômica das obras. 
STJ. 2ª Seção. REsp 1.575.225-SP, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 22/6/2016 (Info 587). 
 
Em regra, mesmo que o evento não vise o lucro, deverá haver pagamento de direitos autorais 
A Lei nº 9.610/98 (Lei de Direitos Autorais), em regra, não exige que o evento tenha finalidade lucrativa 
(direta ou indireta) para que seja obrigatório o pagamento dos direitos autorais. Em outras palavras, em 
regra, mesmo a exibição da obra não tenha objetivo de lucro, ainda assim é dever o pagamento da 
retribuição autoral. 
O fato gerador do pagamento dos direitos autorais é a exibição pública da obra artística, em local de 
frequência coletiva. 
 
Exceção: execução musical nos estabelecimentos de ensino sem intuito de lucro 
A regra acima exposta tem uma exceção prevista no art. 46, VI, da Lei nº 9.610/98. Veja: 
Art. 46. Não constitui ofensa aos direitos autorais: 
(...) 
VI - a representação teatral e a execução musical, quando realizadas no recesso familiar ou, para fins 
exclusivamente didáticos, nos estabelecimentos de ensino, não havendo em qualquer caso intuito de lucro; 
 
A regra prevista no art. 46, VI, por ser especial, tem prevalência sobre os arts. 29 e 68, que são 
consideradas regras gerais. 
Assim, o caráter pedagógico da atividade - execução de músicas culturais e folclóricas em festa junina - 
ocorrida, sem fins lucrativos, no interior de estabelecimento de ensino, justifica o não cabimento da 
cobrança de direitos autorais. 
 
Fins exclusivamente didáticos (pedagógicos) 
O ECAD defendia a tese de que, quando o inciso VI do art. 46 fala em "fins exclusivamente didáticos", isso 
significa que só estaria dispensado do pagamento dos direitos autorais escolas de música. 
No entanto, a maioria dos Ministros não deu essa interpretação tão restrita e entendeu que essa 
expressão pode abranger também a realização de uma festa junina pela escola, na qual há execução de 
músicas culturais e folclóricas. Esse tipo de atividade é considerada como tendo caráter pedagógico. 
Tratando-se de festa de confraternização, pedagógica, didática, de fins culturais, que congrega a escola e a 
 
Informativo 587-STJ (01/08 a 16/08/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 5 
família, é fácil constatar que a admissão da cobrança de direitos autorais representa um desestímulo a 
essa união. Esse desagregamento não deve ser a tônica, levando-se em consideração a sociedade 
brasileira, tão marcada pela violência e carente de valores sociais e culturais mais sólidos. 
 
Deve ser analisado o evento no caso concreto 
O STJ esclareceu que cada solução dependerá do caso concreto, pois as circunstâncias de cada evento é 
que irão determinar seu devido enquadramento. 
 
Quermesse, casamento, batizado, hotel e hospital: deverá haver pagamento de direitos autorais 
Ressalte-se, por fim, que o STJ tem posição consolidada no sentido de que é devido o pagamento de direitos 
autorais nos casos de reprodução musical realizada no âmbito de quermesses (inclusive de igrejas), 
casamentos, batizados, hotel e hospital. Esse entendimento continua em vigor. Isso porque tais situações não 
se enquadram no art. 46, VI, devendo incidir, portanto, a regra geral de proteção ao direito do autor. 
 
 
 
PARENTESCO 
Extensão dos efeitos de sentença transitada em julgada que reconhece relação de parentesco 
 
Os efeitos da sentença transitada em julgado que reconhece o vínculo de parentesco entre 
filho e pai em ação de investigação de paternidade alcançam o avô, ainda que este não tenha 
participado da relação jurídica processual. 
STJ. 4ª Turma. REsp 1.331.815-SC, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em 16/6/2016 (Info 587). 
 
Imagine a seguinte situação hipotética: 
Pedro teve um rápido relacionamento com Luisa e, desse enlace, nasceu Lucas. 
Ocorre que Pedro não reconheceu voluntariamente o filho. 
Lucas, representado por sua mãe, propôs ação de investigação de paternidade contra Pedro. 
Pedro se recusou a realizar o exame de DNA e a ação foi julgada procedente, nos termos da súmula 301 do 
STJ, declarando que ele é pai de Lucas. Houve trânsito em julgado. 
Alguns meses depois, Pedro faleceu. Como não tinha nenhum patrimônio em vida, não deixou herança. 
Diante disso, Lucas ingressou com ação de alimentos contra o Sr. Antônio, pai de Pedro, ou seja, seu avô 
paterno. Na ação, provou que sua mãe Luisa e seus avós maternos não tinham condições de sustentá-lo. 
O Sr. Antônio alegou, como questão prejudicial, que, como não fez parte da relação processual 
estabelecida na ação de investigação de paternidade, não poderia sofrer os efeitos da coisa julgada e, por 
consequência, ser demandado na ação alimentícia. Requereu que a ação de alimentos, em razão disso, 
fosse julgada improcedente ou, subsidiariamente, fosse realizado exame de DNA. 
O dispositivo invocado pelo avô foi o art. 506 do CPC/2015: 
Art. 506. A sentença faz coisa julgada às partes entre as quais é dada, não prejudicando terceiros. 
 
O pedido do Sr. Antônio deverá ser acolhido? Como ele não participou da ação de investigação de 
paternidade, ficará livre dos efeitos do que ali foi decidido? 
NÃO. 
 
Os efeitos da sentença transitada em julgado que reconhece o vínculo de parentesco entre filho e pai 
em ação de investigação de paternidade alcançam o avô, ainda que este não tenha participado da 
relação jurídica processual. 
STJ. 4ª Turma. REsp 1.331.815-SC, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em 16/6/2016 (Info 587). 
 
 
 
Informativo 587-STJ (01/08 a 16/08/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 6 
Limites subjetivos da coisa julgada 
Quando se fala em limites subjetivos da coisa julgada, isso significa: "a quem a coisa julgada atinge", ou 
seja, "quem está submetido à coisa julgada" formada naquele processo. 
Em regra, os limites subjetivos da coisa julgada são inter partes, ou seja, estão limitados às partes do 
processo. Isso está previsto no art. 506 do CPC/2015, transcrito acima. 
Ao ler este artigo, você poderia pensar: "então o avô está correto, já que ele não foi parte no processo de 
investigação e não pode ser prejudicado". 
Ocorre que é preciso diferenciar "limites subjetivos da coisa julgada" de "efeitos da sentença". São 
institutos diferentes. 
 
Efeitos da sentença 
Os efeitos da sentença são as alterações que a sentença produz sobre as relações existentes fora do processo. 
Os efeitos da sentença irradiam-se com eficácia erga omnes, atingindo mesmo aqueles que não figuraram 
como parte na relação jurídica processual. 
 
Limites subjetivos da coisa julgada X efeitos da sentença 
Desse modo, é fundamental não confundir limites subjetivos da coisa julgada com efeitos da sentença. 
Conforme explica a doutrina: 
"Importante distinção diz respeito aos limites subjetivos da coisa julgada e os efeitos da sentença. Apesar da 
coisa julgada só atingir as partes que litigaram no processo (exatamente os limites subjetivos ora analisados), os 
efeitos da sentença a todos atingem, independentemente da legitimidade ou participação no processo. 
Contudo, apenas foi possível traçar essa distinção quando, com LIEBMAN, passou-se a diferenciar os 
efeitos da sentença da coisa julgada. Assim, após a sistematização da posição dos terceiros e dos efeitos 
advindos da sentença, admitiu-se que, em regra, os efeitos da decisão podem atingir terceiros, ao passo 
que a coisa julgada atinge apenas as partes." (DELLORE, Luiz. Estudos sobre coisa julgada e controle de 
constitucionalidade. Rio de Janeiro: Forense, 2013, p. 65-66.) 
 
Coisa julgada não abrange o avô, mas os efeitos da sentença o atingem 
A coisa julgada formada na ação de investigação de paternidade ajuizada pelo filho em face do pai não atinge 
o avô, na medida emque esta primeira demanda foi proposta exclusivamente contra seu filho (Pedro). No 
entanto, os efeitos da sentença o atingem. Ex: se duas pessoas se divorciam em um processo judicial de 
divórcio, a coisa julgada atinge apenas aos dois; no entanto, os efeitos dessa sentença irradiam-se de forma 
erga omnes; o ex-casal não está divorciado apenas entre eles, mas sim perante qualquer pessoa. 
Os efeitos da sentença não encontram a mesma limitação subjetiva que o art. 506 do CPC/2015 destina ao 
instituto da coisa julgada, de maneira que também podem atingir, direta ou indiretamente, terceiros que não 
participaram da relação jurídica processual. Os efeitos da sentença possuem, portanto, eficácia erga omnes. 
Assim, tendo o filho promovido ação de investigação de paternidade contra o pai, na qual se deu o 
julgamento de procedência do pedido e o trânsito em julgado, o vínculo parental entre eles é, por força da 
coisa julgada que ali se formou, imutável e indiscutível, à luz do art. 502 do CPC/2015. 
Nesse contexto, o avô agora suporta as consequências da decisão que assentou a paternidade de seu filho, 
cujos efeitos atingem-no de maneira reflexa, por força de sua ascendência em relação ao pai judicialmente 
reconhecido. Ora, se o autor é filho de seu filho, logo, por força de um vínculo jurídico lógico e necessário, 
é seu neto (art. 1.591 do CC). 
Repita-se: não está o avô sujeito à coisa julgada, que só atinge as partes da ação investigatória, mas 
efetivamente suporta os efeitos que resultam da decisão, independentemente de sua participação na 
relação processual. 
Vale ressaltar que não é apenas o avô que irá suportar esses efeitos, mas toda e qualquer pessoa, física ou 
jurídica. Os efeitos são erga omnes. É o caso, por exemplo, do INSS. Perante a autarquia previdenciária, Lucas 
é filho de Pedro e, portanto, seu dependente, mesmo o INSS não tendo participado da ação de investigação 
de paternidade. O INSS não se submete à coisa julgada, mas está sujeito aos efeitos da sentença. 
 
 
 
Informativo 587-STJ (01/08 a 16/08/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 7 
ALIMENTOS 
Inexistência de transferência automática do dever de alimentar 
 
Importante!!! 
A obrigação dos avós de prestar alimentos tem natureza complementar e subsidiária e 
somente exsurge se ficar demonstrada a impossibilidade de os dois genitores proverem os 
alimentos dos filhos, ou de os proverem de forma suficiente. 
Assim, morrendo o pai que pagava os alimentos, só se poderá cobrar alimentos dos avós se ficar 
demonstrado que nem a mãe nem o espólio do falecido têm condições de sustentar o filho. 
Não tendo ficado demonstrada a impossibilidade ou a insuficiência do cumprimento da 
obrigação alimentar pela mãe, como também pelo espólio do pai falecido, não há como 
reconhecer a obrigação do avô de prestar alimentos. 
O falecimento do pai do alimentante não implica a automática transmissão do dever alimentar 
aos avós. 
STJ. 4ª Turma. REsp 1.249.133-SC, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, Rel. para acórdão Min. Raul 
Araújo, julgado em 16/6/2016 (Info 587). 
 
Imagine a seguinte situação hipotética: 
João é um jovem rico empresário. Ele é casado e possui duas filhas deste casamento. Além disso, possui 
também um terceiro filho (Bernardo), caçula, fruto de um relacionamento extraconjugal. 
João pagava 5 salários-mínimos de pensão alimentícia para o filho. Ocorre que, determinado dia, o 
empresário sofreu um acidente e faleceu. 
Com a morte, foi aberto inventário judicial para apurar quais foram os bens deixados pelo falecido e, após 
isso, realizar a partilha entre os herdeiros. Vale ressaltar que, como o patrimônio deixado por João é 
grande, é provável que o inventário demore alguns anos para ser concluído. 
Um mês após a morte, Bernardo, representado por sua mãe, ajuizou ação de alimentos contra o pai de 
João, alegando que, com a morte deste, a criança ficou desassistida e precisa urgentemente da quantia 
que já era paga para suas necessidades diárias. Segundo alegou Bernardo, diante da morte de seu pai, a 
obrigação de prestar os alimentos deverá ser transmitida automaticamente para seu avô paterno, que é 
um rico empresário, detentor de grande fortuna. 
O pedido de Bernardo foi fundamentado no art. 1.696 do Código Civil: 
Art. 1.696. O direito à prestação de alimentos é recíproco entre pais e filhos, e extensivo a todos os 
ascendentes (ex: avós), recaindo a obrigação nos mais próximos em grau, uns em falta de outros. 
 
O pedido de Bernardo deverá ser acolhido? 
NÃO. 
 
A obrigação dos avós de prestar alimentos tem natureza complementar e subsidiária e somente exsurge 
se ficar demonstrada a impossibilidade de os dois genitores proverem os alimentos dos filhos, ou de os 
proverem de forma suficiente. 
Assim, morrendo o pai que pagava os alimentos, só se poderá cobrar alimentos dos avós se ficar 
demonstrado que nem a mãe nem o espólio do falecido têm condições de sustentar o filho. 
Não tendo ficado demonstrada a impossibilidade ou a insuficiência do cumprimento da obrigação 
alimentar pela mãe, como também pelo espólio do pai falecido, não há como reconhecer a obrigação do 
avô de prestar alimentos. 
O falecimento do pai do alimentante não implica a automática transmissão do dever alimentar aos avós. 
STJ. 4ª Turma. REsp 1.249.133-SC, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, Rel. para acórdão Min. Raul Araújo, 
julgado em 16/6/2016 (Info 587). 
 
 
Informativo 587-STJ (01/08 a 16/08/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 8 
Demonstrar a impossibilidade da mãe 
A primeira questão a ser ressaltada é que, para a ação de alimentos ajuizada contra os avós ter êxito, é 
indispensável que se demonstre que nem o pai nem a mãe têm condições de sustentar o alimentando. 
No caso concreto, o pai já era falecido, mas o autor (Bernardo) teria que demonstrar que a sua mãe 
também não tinha condições de sustentar o filho. Isso porque a obrigação alimentar avoenga (entre avós e 
netos) tem natureza complementar e subsidiária. Confira: 
(...) A obrigação alimentar dos avós apresenta natureza complementar e subsidiária, somente se 
configurando quando pai e mãe não dispuserem de meios para promover as necessidades básicas dos filhos. 
2. Necessidade de demonstração da impossibilidade de os dois genitores proverem os alimentos de seus filhos. 
3. Caso dos autos em que não restou demonstrada a incapacidade de a genitora arcar com a subsistência 
dos filhos. 
4. Inteligência do art. 1.696 do Código Civil. (...) 
STJ. 3ª Turma. REsp 1.415.753/MS, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 24/11/2015. 
 
Demonstrar a impossibilidade do espólio 
Além disso, para intentar a ação contra o avô, Bernardo também teria que ter demonstrado que o espólio 
de seu pai não tinha condições de continuar pagando a pensão alimentícia. 
Obs: o espólio é o ente despersonalizado que representa a herança em juízo ou fora dele. Mesmo sem 
possuir personalidade jurídica, o espólio tem capacidade para praticar atos jurídicos (ex.: celebrar 
contratos no interesse da herança) e tem legitimidade processual (pode estar no polo ativo ou passivo da 
relação processual) (FARIAS, Cristiano Chaves. et. al., Código Civil para concursos. Salvador: Juspodivm, 
2013, p. 1396). 
 
Ação deveria ter sido dirigida contra o espólio 
Desse modo, no caso concreto, Bernardo deveria ter ajuizado a ação de alimentos contra o espólio de João. 
O alimentando é herdeiro do falecido e, por isso, deveria ter pedido alimentos ao espólio de seu pai. 
 
Não há transmissão automática do dever de alimentar aos avós 
Não é correta, portanto, a afirmação de que o dever de alimentar transmite-se automaticamente aos avós 
em caso de falecimento do pai que pagava a pensão. 
 
Uma última pergunta: se o devedor dos alimentos morre, essa obrigação sempre irá se transmitir para o 
espólio? 
NÃO. Nem sempre. Énecessário distinguir as situações: 
 Situação 1: se o credor de alimentos é herdeiro do falecido (exemplo mais comum: filho/filha). Neste 
caso, o espólio terá obrigação de pagar os alimentos. 
 Situação 2: se o credor de alimentos não é herdeiro do falecido (exemplo: ex-companheira). Neste 
caso, o espólio não deverá continuar pagando a pensão fixada. 
 
Para maiores informações sobre este último ponto, veja STJ. 2ª Seção. REsp 1.354.693-SP, Rel. originário 
Min. Maria Isabel Gallotti, voto vencedor Min. Nancy Andrighi, Rel. para acórdão Min. Antonio Carlos 
Ferreira, julgado em 26/11/2014 (Info 555). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Informativo 587-STJ (01/08 a 16/08/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 9 
DIREITO NOTARIAL 
E REGISTRAL 
 
EMOLUMENTOS 
Valor relativo à inscrição de cédula de crédito rural é fixado em lei estadual 
 
Na cobrança para o registro de cédula de crédito rural não se aplica o art. 34 do DL 167/1967, 
e sim lei estadual que, em conformidade com a Lei nº 10.169/2000, fixa o valor dos respectivos 
emolumentos. 
O art. 34 do DL 167/1967 foi derrogado pela Lei º 10.169/2000, que autorizou os Estados/DF a 
fixarem o valor dos emolumentos. 
STJ. 1ª Turma. REsp 1.142.006-MG, Rel. Min. Olindo Menezes (Desembargador convocado do TRF da 
1ª Região), Rel. para acórdão Min. Regina Helena Costa, julgado em 16/6/2016 (Info 587). 
 
Títulos Rurais 
Existem alguns títulos de crédito que são gerais e mais conhecidos, como é o caso da letra de câmbio, 
duplicata, cheque etc. No entanto, a experiência mostrou que seria interessante que fossem criados títulos 
de crédito com características específicas, para facilitar as negociações envolvendo determinados setores 
da economia. Em suma, verificou-se a necessidade de se criarem títulos de crédito específicos para 
algumas transações empresariais. 
No caso da atividade rural, por exemplo, foram idealizados quatro títulos de crédito específicos, chamados 
de “títulos rurais”. São eles: 
a) cédula de crédito rural; 
b) cédulas de produto rural; 
c) nota promissória rural; 
d) duplicata rural. 
 
Cédula de crédito rural 
A cédula de crédito rural é uma promessa de pagamento em dinheiro, sem ou com garantia real 
cedularmente constituída, sendo regulamentada pelo Decreto-Lei 167/67. 
Existem as seguintes modalidades de cédulas de crédito rural: 
I — Cédula Rural Pignoratícia; 
II — Cédula Rural Hipotecária; 
III — Cédula Rural Pignoratícia e Hipotecária; 
IV — Nota de Crédito Rural. 
 
Registro das cédulas de crédito rural e emolumentos 
As cédulas de crédito rural, para terem eficácia contra terceiros, inscrevem-se no Cartório do Registro de 
Imóveis (art. 30 do DL 167/67). 
Como contraprestação por este serviço, o Oficial do RI cobra uma taxa, que é chamada de emolumentos. 
Emolumentos é, portanto, o nome dado ao valor devido aos titulares de serventias notariais e registrais 
pelos serviços por eles desempenhados. Os emolumentos têm natureza tributária e constituem taxa (STF 
ADI 3694, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, Tribunal Pleno, julgado em 20/09/2006). 
Existe uma Lei Federal que regulamenta a cobrança dos emolumentos relativos aos atos praticados pelos 
serviços notariais e de registro. Trata-se da Lei nº 10.169/2000. Em seu art. 1º, esta Lei afirma que os 
Estados/DF é quem definirão o valor dos emolumentos. Confira: 
Art. 1º Os Estados e o Distrito Federal fixarão o valor dos emolumentos relativos aos atos praticados pelos 
respectivos serviços notariais e de registro, observadas as normas desta Lei. 
Parágrafo único. O valor fixado para os emolumentos deverá corresponder ao efetivo custo e à adequada 
e suficiente remuneração dos serviços prestados. 
 
Informativo 587-STJ (01/08 a 16/08/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 10 
 
Assim, com base neste art. 1º da Lei nº 10.169/2000, os Estados, por meio de leis estaduais, fixam o valor 
dos emolumentos, inclusive para o caso do registro de cédula de crédito rural. 
 
Tese da Federação de Agricultura e Pecuária 
Em Minas Gerais, a lei estadual estabeleceu o valor dos emolumentos devidos ao Registrador de Imóveis 
para o caso de registro de cédula de crédito rural. 
Ocorre que a Federação de Agricultura e Pecuária não concordou com o valor cobrado e ajuizou ação 
judicial questionando essa fixação. Segundo alegou, a cobrança dos emolumentos para o registro de 
cédula de crédito rural deverá ficar limitada aos valores previstos no art. 34 do DL 167/1967, que 
preconiza o seguinte: 
Art. 34. O Cartório anotará a inscrição, com indicação do número de ordem, livro e fôlhas, bem como o 
valor dos emolúmentos cobrados, no verso da cédula, além de mencionar, se fôr o caso, os anexos 
apresentados. 
Parágrafo único. Pela inscrição da cédula, o oficial cobrará do interessado os seguintes emolumentos, dos 
quais 80% (oitenta por cento) caberão ao Oficial do Registro Imobiliário e 20% (vinte por cento) ao Juiz de 
Direito da Comarca, parcela que será recolhida ao Banco do Brasil S.A. e levantada quando das correições 
a que se refere o artigo 40: 
a) até Cr$ 200.000 - 0,1% 
b) de Cr$ 200.001 a Cr$500.000 - 0,2% 
c) de Cr$ 500.001 a Cr$1.000.000 - 0,3% 
d) de Cr$ 1.000.001 a Cr$1.500.000 - 0,4% 
e) acima de Cr$ 1.500.000 - 0,5% máximo de 1/4 (um quarto) do salário-mínimo da região. 
 
A tese da Federação de Agricultura e Pecuária foi aceita pelo STJ? 
NÃO. 
 
Na cobrança para o registro de cédula de crédito rural não se aplica o art. 34 do DL 167/1967, e sim lei 
estadual que, em conformidade com a Lei nº 10.169/2000, fixa o valor dos respectivos emolumentos. 
STJ. 1ª Turma. REsp 1.142.006-MG, Rel. Min. Olindo Menezes (Desembargador convocado do TRF da 1ª 
Região), Rel. para acórdão Min. Regina Helena Costa, julgado em 16/6/2016 (Info 587). 
 
A cédula de crédito rural é disciplinada pelo DL 167/1967, em cujo art. 34 estão normatizados os valores 
dos emolumentos cobrados pelo registro da cártula. No entanto, em dezembro de 2000 foi editada a Lei 
nº 10.169, que, ao regulamentar o art. 236, § 2º, da CF, estabeleceu "normas gerais para a fixação de 
emolumentos relativos aos atos praticados pelos serviços notariais e de registro". Nesse contexto, é de 
relevo decisivo o fato de o referido decreto legislativo ser anterior à CF/1988 e à Lei nº 10.169/2000, a 
qual, ao regulamentar o art. 236, § 2º, da CF/1988, conferiu novo regime jurídico ao tema, instituindo 
novas regras sobre os emolumentos, as quais hão de prevalecer, prestigiando a competência dos Estados-
membros de legislar sobre o assunto, em homenagem ao princípio federativo. 
Logo, a Lei º 10.169/2000 derrogou o art. 34 do DL 167/1967, a teor do disposto no art. 2º, § 1º, da LINDB, 
segundo o qual "a lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela 
incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior". 
 
 
 
 
 
 
 
 
Informativo 587-STJ (01/08 a 16/08/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 11 
DIREITO EMPRESARIAL 
 
CHEQUE 
Termo inicial de correção monetária e de juros de mora em cobrança de cheque 
 
Em qualquer ação utilizada pelo portador para cobrança de cheque, a correção monetária 
incide a partir da data de emissão estampada na cártula, e os juros de mora a contar da 
primeira apresentação à instituição financeira sacada ou câmara de compensação. 
STJ. 2ª Seção. REsp 1.556.834-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 22/6/2016 (recurso 
repetitivo) (Info 587). 
 
NOÇÕES GERAIS SOBRE O CHEQUE 
Conceito 
O cheque é... 
- uma ordem de pagamento à vista 
- que é dada pelo emitente do cheque 
- em favor do indivíduo que consta como beneficiário no cheque (ou seu portador) 
- ordem essa que deve ser cumprida por um banco 
- que tem a obrigação de pagar a quantia escrita na cártula 
- em razão de o emitentedo cheque ter fundos (dinheiro) depositados naquela instituição financeira. 
 
“Trata-se de uma ordem de pagamento, na medida em que seu criador não promete efetuar 
pessoalmente o pagamento, mas promete que terceiro irá efetuar esse pagamento. Esse terceiro deverá 
ser um banco, no qual o criador do cheque deverá ter fundos disponíveis. À luz desses fundos, o banco 
efetuará o pagamento das ordens que lhe forem sendo apresentadas, vale dizer, o cheque se tornará 
exigível sempre no momento em que for apresentado ao sacado (vencimento sempre à vista).” 
(TOMAZETTE, Marlon. Curso de Direito Empresarial. Vol. 2. São Paulo: Atlas, 2011, p. 218). 
 
Personagens 
a) emitente (sacador): aquele que dá a ordem de pagamento; 
b) sacado: aquele que recebe a ordem de pagamento (o banco); 
c) beneficiário (tomador, portador): é o favorecido da ordem de pagamento, ou seja, aquele que tem o 
direito de receber o valor escrito no cheque. 
 
Natureza jurídica 
Para a doutrina majoritária, trata-se de um título de crédito. 
 
Legislação aplicável 
O cheque é regido atualmente pela Lei n.º 7.357/85. 
 
O que é o chamado “prazo de apresentação do cheque”? 
É o prazo de que dispõe o portador do cheque para apresentá-lo ao banco sacado a fim de receber o valor 
determinado na cártula. 
Ex: João passa um cheque de 2 mil reais para Eduardo. O prazo de apresentação é o tempo que Eduardo 
tem para levar o cheque ao banco e receber o valor. 
O prazo de apresentação começa a ser contado da data da emissão do cheque. 
Data de emissão do cheque é o dia que foi preenchido no campo específico da cártula destinado para isso. 
É o dia que foi escrito no cheque. 
 
 
Informativo 587-STJ (01/08 a 16/08/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 12 
De quanto é o prazo de apresentação? 
30 dias 
Se o cheque é da mesma praça do pagamento 
(município onde foi assinado é o município da 
agência pagadora). 
60 dias 
Se o cheque for de praça diferente 
 (município onde foi assinado é diferente do 
município da agência pagadora). 
O prazo será de 30 dias se o local da emissão do 
cheque (preenchido pelo emitente) for o mesmo 
lugar do pagamento (local da agência pagadora 
impressa no cheque). Nesse caso, diz-se que o 
cheque é da mesma praça (mesmo município). 
Ex: em um cheque de uma agência de São Paulo 
(SP), o emitente datou e assinou São Paulo (SP) 
como local da emissão. 
O prazo será de 60 dias se o local da emissão do 
cheque (preenchido pelo emitente) for diferente 
do lugar do pagamento (local da agência 
pagadora impressa no cheque). Nesse caso, diz-
se que o cheque é de outra praça. 
Ex: em um cheque de uma agência de São Paulo 
(SP), o emitente datou e assinou Manaus (AM) 
como local da emissão. 
 
Se o beneficiário apresenta o cheque ao banco mesmo após esse prazo, haverá pagamento? 
SIM, mesmo após o fim do prazo de apresentação, o cheque pode ser apresentado para pagamento ao 
sacado, desde que não esteja prescrito. 
 
Então, para que serve esse prazo de apresentação? 
A doutrina aponta três finalidades: 
1) O fim do prazo de apresentação é o termo inicial do prazo prescricional da execução do cheque. 
2) Só é possível executar o endossante do cheque se ele foi apresentado para pagamento dentro do 
prazo legal. Se ele foi apresentado após o prazo, o beneficiário perde o direito de executar os 
codevedores. Poderá continuar executando o emitente do cheque e seus avalistas. 
Súmula 600-STF: Cabe ação executiva contra o emitente e seus avalistas, ainda que não apresentado o 
cheque ao sacado no prazo legal, desde que não prescrita a ação cambiária. 
3) O portador que não apresentar o cheque em tempo hábil ou não comprovar a recusa de pagamento 
perde o direito de execução contra o emitente, se este tinha fundos disponíveis durante o prazo de 
apresentação e os deixou de ter, em razão de fato que não lhe seja imputável (art. 47, § 3º, da Lei n. 
7.357/85). 
 
Qual é o prazo prescricional para a execução do cheque? 
6 meses, contados do fim do prazo de apresentação do cheque. 
Atente-se que o prazo prescricional somente se inicia quando termina o prazo de apresentação, e não da 
sua efetiva apresentação ao banco sacado. 
 
Mesmo estando o cheque prescrito, ainda assim será possível a sua cobrança? 
SIM. Com o fim do prazo de prescrição, o beneficiário não poderá mais executar o cheque. Diz-se que o 
cheque perdeu sua força executiva. No entanto, mesmo assim, o beneficiário poderá cobrar o valor desse 
cheque por outros meios, quais sejam: 
 Ação de enriquecimento sem causa (“ação de locupletamento”): prevista no art. 61 da Lei do Cheque 
(Lei nº 7.357/85). Essa ação tem o prazo de 2 anos, contados do dia em que se consumar a prescrição 
da ação executiva. 
 Ação de cobrança (ação causal): prevista no art. 62 da Lei do Cheque. O prazo é de 5 anos, nos termos 
do art. 206, § 5º, I, CC. 
 Ação monitória (Súmula 503-STJ: O prazo para ajuizamento de ação monitória em face do emitente de 
cheque sem força executiva é quinquenal, a contar do dia seguinte à data de emissão estampada na 
cártula). 
 
 
 
Informativo 587-STJ (01/08 a 16/08/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 13 
JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA NA COBRANÇA DE CHEQUE 
Se o devedor não paga na data prevista o valor que estava previsto no cheque como sendo de sua 
obrigação, o credor poderá cobrá-lo e terá direito de receber a quantia acrescida de juros moratórios e 
correção monetária por conta do atraso. 
A dúvida que existia dizia respeito ao termo inicial desses juros e correção monetária. A partir de quando eles 
deveriam ser contados e calculados: a partir da data de emissão, da data de apresentação ou do dia da citação? 
 
Vejamos o seguinte exemplo: 
Em 15/01/2012, João emitiu um cheque de R$ 5 mil em favor de Pedro. 
Em 02/02/2012, Pedro foi até o banco descontar o cheque, mas este não tinha fundos. 
Em 2016, Pedro ajuíza ação monitória contra João, que é citado no dia 04/04/2016. 
O juiz julgou procedente o pedido, condenando o réu a pagar o valor cobrado. 
Na sentença, o magistrado consignou que os juros moratórios e a correção monetária deveriam ser contados 
desde a data da citação inicial do réu (04/04/2016), nos termos do art. 405 do CC e art. 240 do CPC/2015: 
Art. 405. Contam-se os juros de mora desde a citação inicial. 
 
Art. 240. A citação válida, ainda quando ordenada por juízo incompetente, induz litispendência, torna 
litigiosa a coisa e constitui em mora o devedor, ressalvado o disposto nos arts. 397 e 398 da Lei nº 10.406, 
de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil). 
 
O juiz acertou no momento da fixação do termo inicial dos juros de mora e da correção monetária? 
NÃO. 
 
Qual é o termo inicial da CORREÇÃO MONETÁRIA na cobrança de cheque? 
A data de emissão estampada na cártula. 
 
Em qualquer ação utilizada pelo portador para cobrança de cheque, a correção monetária incide a partir 
da data de emissão estampada na cártula. 
STJ. 2ª Seção. REsp 1.556.834-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 22/6/2016 (recurso repetitivo) 
(Info 587). 
 
A possibilidade de o credor cobrar correção monetária está disciplinada na Lei do Cheque (Lei nº 7.357/85), que 
prevê que o portador pode exigir a compensação pela perda do valor aquisitivo da moeda. Veja: 
Art. 52. O portador pode exigir do demandado: 
I - a importância do cheque não pago; 
(...) 
IV - a compensação pela perda do valor aquisitivo da moeda, até o embolso das importâncias mencionadas 
nos itens antecedentes. 
 
A correção monetária não representa acréscimo ao valor devido, mas mera recomposição inflacionária. 
Assim, ela deve ser exigida desde a data de emissão do cheque a fim de recompor inteiramente o valor 
que seria devido ao beneficiário da cártula. 
 
Qual é o termo inicial dos JUROS na cobrança de cheque? 
A data da primeira apresentação.Em qualquer ação utilizada pelo portador para cobrança de cheque, os juros de mora começam a ser 
contados da primeira apresentação à instituição financeira sacada ou câmara de compensação. 
STJ. 2ª Seção. REsp 1.556.834-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 22/6/2016 (recurso repetitivo) 
(Info 587). 
 
Informativo 587-STJ (01/08 a 16/08/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 14 
 
Os juros de mora sobre a importância de cheque não pago são contados da primeira apresentação pelo 
portador ao banco, e não da citação do sacador. Logo, em nosso exemplo, os juros deveriam ser contados 
desde 02/02/2012. 
Os juros de mora decorrem do inadimplemento da obrigação pelo devedor, ou seja, os juros de mora são 
consequência da mora do devedor da obrigação (art. 395 do CC). Dessa forma, nada mais lógico que a sua 
contagem se inicie exatamente a partir do momento em que surge a mora. 
Além disso, a Lei do Cheque (Lei nº 7.357/85) possui regra expressa que disciplina os juros relacionados 
com a cobrança de crédito estampado em cheque. 
Segundo a referida Lei, os juros de mora devem ser contados desde a data da primeira apresentação do 
cheque pelo portador à instituição financeira, conforme previsto no art. 52, II: 
Art. 52 portador pode exigir do demandado: 
(...) 
II - os juros legais desde o dia da apresentação; 
 
Não se aplica, portanto, a regra do art. 405 do CC, que conta os juros a partir da citação inicial. 
 
Obs: a Lei do Cheque veda a cobrança de juros compensatórios (art. 10). Nesse sentido: 
"Juros moratórios e correção monetária 
Fixe-se, porém, que os juros vedados nesse artigo não se confundem com os juros moratórios previstos 
nos arts. 45º e 46º da Lei Uniforme (arts. 52 e 53 da Lei Interna), que independem de inserção, aliás, 
cláusula igualmente proibida no cheque. 
O art. 10 da Lei Interna sufraga o princípio proibitório de vencimento de juros compensatórios (e não de 
juros moratórios), por incompatibilidade absoluta entre a fruição de rendimento de capital aplicado a crédito 
com o cheque, representativo de ordem de pagamento à vista. Qualquer cláusula infringente é considerada 
não escrita, isto é, recebe sanção de inexistência, e por isso há de ser ignorada pelo banco sacado. 
Os juros moratórios são devidos na ação de cobrança que se seguir em qualquer dívida inadimplida; e, 
quanto ao cheque, desde a frustração do pagamento, que se caracteriza, por isso, diz o art. 52, II, "desde o 
dia da apresentação"; além da correção monetária (art. 53, IV), que é simples recomposição do patrimônio 
corroído pelo decurso do tempo, até o efetivo recebimento." (RESTIFFE NETO, Paulo; RESTIFFE, Paulo 
Sérgio. Lei do cheque e novas medidas de proteção aos usuários. 5ª ed. São Paulo: Malheiros, 2012, p. 138) 
 
No exemplo dado acima, o credor ajuizou ação monitória. Haveria diferença do termo inicial caso ele 
tivesse proposto uma ação de locupletamento ou uma ação de cobrança? 
NÃO. Não haveria diferença. O termo inicial continuaria sendo o mesmo. Isso porque a data de início da 
fluência da correção monetária e dos juros de mora está relacionada com a relação de direito material (e 
não com o instrumento processual utilizado para cobrança). O que importa é a natureza da obrigação 
inadimplida, e não o tipo da ação proposta. 
 
Resumindo: 
Em qualquer ação utilizada pelo portador para cobrança de cheque, a correção monetária incide a partir 
da data de emissão estampada na cártula, e os juros de mora a contar da primeira apresentação à 
instituição financeira sacada ou câmara de compensação. 
STJ. 2ª Seção. REsp 1.556.834-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 22/6/2016 (recurso repetitivo) 
(Info 587). 
 
Termo inicial na cobrança de cheque (não importa qual seja a ação) 
Correção monetária: data de EMISSÃO Juros moratórios: primeira APRESENTAÇÃO 
 
 
 
 
Informativo 587-STJ (01/08 a 16/08/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 15 
ECA 
 
REMISSÃO 
Impossibilidade de modificação por magistrado 
dos termos de proposta de remissão pré-processual 
 
Se o representante do Ministério Público ofereceu a adolescente remissão pré-processual (art. 
126, caput, do ECA) cumulada com medida socioeducativa e o juiz discordou dessa cumulação, 
ele não pode excluir do acordo a aplicação da medida socioeducativa e homologar apenas a 
remissão. 
É prerrogativa do Ministério Público, como titular da representação por ato infracional, a 
iniciativa de propor a remissão pré-processual como forma de exclusão do processo. 
O juiz, no ato da homologação, se discordar da remissão concedida, deverá remeter os autos ao 
Procurador-Geral de Justiça para que ele decida, tal como ocorre no art. 28 do CPP. 
O juiz, no ato da homologação, se discordar da remissão concedida pelo Ministério Público, 
deverá remeter os autos ao Procurador-Geral de Justiça e este terá três opções: 
a) oferecerá representação; 
b) designará outro Promotor para apresentar a representação; ou 
c) ratificará o arquivamento ou a remissão, hipótese na qual o juiz estará obrigado a homologar. 
Assim, mesmo que o juiz discorde parcialmente da remissão, não pode modificar os termos da 
proposta oferecida pelo MP para fins de excluir aquilo que não concordou. 
STJ. 6ª Turma. REsp 1.392.888-MS, Rel. Min. Rogerio Schietti, julgado em 30/6/2016 (Info 587). 
 
Imagine a seguinte situação hipotética: 
Ricardo, adolescente de 17 anos, agrediu outro adolescente com socos e pontapés. 
O Ministério Público ofereceu remissão pré-processual cumulada com medida socioeducativa de 
semiliberadade, como forma de exclusão do processo. 
 
O que é remissão? 
Remissão, no ECA, é o ato de perdoar o ato infracional praticado pelo adolescente e que irá gerar: 
1) a exclusão; 
2) a extinção; ou 
3) a suspensão do processo, a depender da fase em que esteja. 
 
A remissão não significa necessariamente que esteja se reconhecendo que o adolescente praticou aquela 
conduta nem serve para efeito de antecedentes. 
 
Fundamento convencional 
A remissão é um instituto recomendado pelas Nações Unidas em um documento internacional chamado 
de "Regras mínimas das Nações Unidas para administração da Justiça da Infância e da Juventude" (Regras 
de Beijing). 
Essa recomendação existe porque se entende que, sempre que possível, deve-se evitar que o adolescente 
seja submetido a uma ação socioeducativa na qual ele passaria pelo estigma de ter sido submetido a um 
processo judicial infracional. 
Na versão original das Regras de Beijing, escrita em inglês, a expressão utilizada para o instituto foi 
"diversion" que acabou sendo traduzido como "remissão". A doutrina especializada, no entanto, critica 
esta tradução e afirma que remissão é chamada no inglês de "remission" (perdão). Logo, a tradução mais 
correta de "diversion" seria algo como "encaminhamento diferente do original". (ROSSATO, Luciano Alves; 
LÉPORE, Paulo Eduardo; CUNHA, Rogério Sanches. Estatuto da Criança e do Adolescente. Comentado 
artigo por artigo. 6. ed. São Paulo: RT, 2014, p. 385). 
 
Informativo 587-STJ (01/08 a 16/08/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 16 
 
A remissão está prevista na legislação brasileira? 
SIM. A remissão está prevista nos arts. 126 a 128 e também no art. 188 do ECA. 
 
Características da remissão 
a) A remissão não implica necessariamente o reconhecimento ou comprovação da responsabilidade. em 
outras palavras, caso o adolescente aceite, isso não significa que ele estará reconhecendo que 
praticou ou que é "culpado" pelo ato infracional que lhe é imputado. A remissão é para evitar que o 
processo inicie ou continue; 
b) A remissão não prevalece para efeito de antecedentes, ou seja, se o adolescente tiver sido beneficiado 
com uma, duas ou várias remissões, isso não significa "maus antecedentes" não podendo prejudicá-lo 
sevier a ser julgado em uma ação socioeducativa ou uma ação penal no futuro; 
c) O adolescente que receber a remissão pode ser obrigado a cumprir qualquer medida socioeducativa, 
com exceção de duas: colocação em regime de semiliberdade e internação. 
 
Espécies de remissão: 
Remissão como forma de 
EXCLUSÃO do processo 
Remissão como forma de 
SUSPENSÃO ou EXTINÇÃO do processo 
É pré-processual (antes do processo iniciar). É processual, ou seja, depois que a ação 
socioeducativa foi proposta. 
Concedida pelo MP. 
Concedida a remissão pelo representante do MP 
os autos serão conclusos ao juiz para homologar 
ou não (art. 181 do ECA). 
Concedida pelo juiz. 
O Ministério Público deverá ser ouvido, mas sua 
opinião não é vinculante. Quem decide se concede 
ou não a remissão é o magistrado. 
Também chamada de remissão ministerial. Também chamada de remissão judicial. 
Prevista no art. 126, caput, do ECA: 
Art. 126. Antes de iniciado o procedimento judicial 
para apuração de ato infracional, o representante 
do Ministério Público poderá conceder a remissão, 
como forma de exclusão do processo, atendendo às 
circunstâncias e consequências do fato, ao contexto 
social, bem como à personalidade do adolescente e 
sua maior ou menor participação no ato infracional. 
Prevista no art. 126, parágrafo único, do ECA: 
Art. 126 (...) 
Parágrafo único. Iniciado o procedimento, a 
concessão da remissão pela autoridade judiciária 
importará na suspensão ou extinção do processo. 
 
Remissão como própria e imprópria 
A remissão pode ser classificada em: 
PRÓPRIA IMPRÓPRIA 
Ocorre quando é concedido perdão puro e simples 
ao adolescente, sem qualquer imposição. 
Ocorre quando é concedido o perdão ao 
adolescente, mas com a imposição de que ele 
cumpra alguma medida socioeducativa, desde que 
esta não seja restritiva de liberdade. 
A doutrina afirma que, neste caso, não é 
necessário o consentimento do adolescente nem a 
presença de advogado. 
É indispensável o consentimento do adolescente e 
de seu responsável, além da assistência jurídica de 
um advogado ou Defensor Público. 
 
Vale ressaltar mais uma vez que não é possível a aplicação de remissão imprópria pelo MP sem que haja 
homologação judicial. Isso restou consignado em uma súmula editada pelo STJ: 
Súmula 108-STJ: A aplicação de medidas socioeducativas ao adolescente, pela prática de ato infracional, é 
da competência exclusiva do juiz. 
 
Informativo 587-STJ (01/08 a 16/08/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 17 
 
Ao oferecer proposta de remissão, o MP pode incluir a obrigação de que o adolescente cumpra alguma 
medida socioeducativa? 
SIM. Na proposta, o MP poderá exigir que o adolescente cumpra uma medida socioeducativa, desde que 
não seja semiliberdade ou internação. Dessa forma, é plenamente possível a remissão ministerial 
imprópria. Essa possibilidade encontra-se disciplinada no art. 127 do ECA: 
Art. 127. A remissão não implica necessariamente o reconhecimento ou comprovação da 
responsabilidade, nem prevalece para efeito de antecedentes, podendo incluir eventualmente a aplicação 
de qualquer das medidas previstas em lei, exceto a colocação em regime de semi-liberdade e a internação. 
 
A remissão ministerial (pré-processual) imprópria é compatível com a CF/88? 
SIM. Existe precedente do STF neste sentido: 
(...) 3. A remissão pré-processual concedida pelo Ministério Público, antes mesmo de se iniciar o 
procedimento no qual seria apurada a responsabilidade, não é incompatível com a imposição de medida 
sócio-educativa de advertência, porquanto não possui esta caráter de penalidade. Ademais, a imposição de 
tal medida não prevalece para fins de antecedentes e não pressupõe a apuração de responsabilidade. (...) 
STF. 2ª Turma. RE 248018, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgado em 06/05/2008. 
 
Voltando ao caso concreto: 
A proposta, oferecida pelo Ministério Público, foi aceita pelo adolescente, por sua genitora e pelo 
advogado que os acompanhava, os quais assinaram o termo do acordo e solicitaram, juntamente com o 
Parquet, a homologação judicial. 
O juiz, no momento da homologação, discordou da cumulação pretendida e a decotou. 
Em outras palavras, o magistrado excluiu a obrigação do adolescente de cumprir a medida socioeducativa 
alegando que esta violava a parte final do art. 127 do ECA e homologou a remissão pura e simples. 
 
Em nosso exemplo hipotético, a remissão concedida pelo MP foi correta? 
NÃO. Isso porque, conforme vimos acima, na remissão, o Promotor de Justiça não poderá exigir que o 
adolescente cumpra medida socioeducativa em regime de semiliberdade ou internação (art. 127 do ECA). 
 
Então o magistrado agiu corretamente? 
Também NÃO. 
 
Se o representante do Ministério Público ofereceu a adolescente remissão pré-processual (art. 126, 
caput, do ECA) cumulada com medida socioeducativa e o juiz discordou dessa cumulação, ele não pode 
excluir do acordo a aplicação da medida socioeducativa e homologar apenas a remissão. 
STJ. 6ª Turma. REsp 1.392.888-MS, Rel. Min. Rogerio Schietti, julgado em 30/6/2016 (Info 587). 
 
Remissão pré-processual é atribuição do MP 
A remissão pré-processual é atribuição legítima do Ministério Público, como titular da representação por 
ato infracional e diverge daquela prevista no art. 126, parágrafo único, do ECA, dispositivo legal que prevê 
a concessão da remissão pelo juiz, depois de iniciado o procedimento, como forma de suspensão ou de 
extinção do processo. 
O juiz não era parte do acordo e não poderia oferecer ou alterar a remissão, como forma de exclusão do 
processo, pois a titularidade da representação por ato infracional pertence, com exclusividade, ao 
Ministério Público, a quem é facultado formular o perdão administrativo, por razões de conveniência e 
política de proteção às crianças e aos adolescentes. 
 
O que o juiz deveria ter feito por discordar da proposta? 
Se o juiz discordou da proposta, deveria ter remetido os autos ao Procurador-Geral de Justiça, mediante 
 
Informativo 587-STJ (01/08 a 16/08/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 18 
despacho fundamentado, e este teria as seguintes opções: 
a) poderia oferecer a representação; 
b) designar outro membro do Ministério Público para apresentá-la; ou 
c) ratificar o arquivamento ou a remissão, hipótese na qual o juiz estaria obrigado a homologar. 
 
Esse é o texto do § 2º do art. 181 do ECA: 
§ 2º Discordando, a autoridade judiciária fará remessa dos autos ao Procurador-Geral de Justiça, mediante 
despacho fundamentado, e este oferecerá representação, designará outro membro do Ministério Público 
para apresentá-la, ou ratificará o arquivamento ou a remissão, que só então estará a autoridade judiciária 
obrigada a homologar. 
 
Apenas a eficácia da remissão depende da homologação judicial. Se a autoridade judiciária discorda, ainda 
que parcialmente, dos termos do perdão, por entender que a cumulação é inconstitucional ou 
desnecessária, não pode adequar o acordo de vontades, já assinado pelo adolescente e por sua genitora, 
em supressão à competência do Ministério Público, pois nem sequer houve a instauração de 
procedimento judicial. 
Assim, havendo discordância, total ou parcial, da remissão, deve ser observado o rito do art. 181, § 2º do 
ECA, sob pena de suprimir do órgão ministerial, titular da representação por ato infracional, a atribuição 
de conceder o perdão administrativo como forma de exclusão do processo, faculdade a ele conferida 
legitimamente pelo art. 126 do ECA. 
 
 
 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
 
COMPETÊNCIA 
Competência para julgar MS contra ato do chefe do MPDFT 
no exercício de atividade submetida à jurisdição administrativa federal 
 
Importante!!! 
É do TRF da 1º Região (e não do TJDFT) a competência para processar e julgar mandado de 
segurança impetradocontra ato do Procurador-Geral de Justiça do Distrito Federal que 
determinou a retenção de Imposto de Renda (IR) e de contribuição ao Plano de Seguridade 
Social (PSS) sobre valores decorrentes da conversão em pecúnia de licenças-prêmio. 
O Procurador-Geral de Justiça do Distrito Federal, ao determinar a retenção de tributos 
federais por ocasião do pagamento de parcelas remuneratórias (conversão de licenças-
prêmio em pecúnia), está no exercício de função administrativa federal, razão pela qual não 
se pode reconhecer a competência do Tribunal de Justiça do Distrito Federal para o 
julgamento de mandado de segurança impetrado contra tal ato. 
Obs: quando o MS é impetrado contra atos praticados pelo PGJ-DF sob jurisdição 
administrativa local, a competência será do Tribunal de Justiça do Distrito Federal. 
STJ. 1ª Turma. REsp 1.303.154-DF, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 16/6/2016 (Info 587). 
 
MPDFT é órgão da União 
A CF/88 estabelece que compete à União organizar e manter o Ministério Público do Distrito Federal e dos 
Territórios (art. 21, XIII). Por essa razão, o MPDFT integra o Ministério Público da União, nos termos do art. 
128, I, "d". 
 
 
Informativo 587-STJ (01/08 a 16/08/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 19 
De quem é a competência para julgar um mandado de segurança impetrado contra ato do Procurador-
Geral de Justiça do Distrito Federal? 
1) Quanto a atos praticados sob jurisdição administrativa local: Tribunal de Justiça do Distrito Federal. 
A Lei de Organização Judiciária do Distrito Federal (Lei nº 11.697/2008) prevê essa competência do TJDFT: 
Art. 8º Compete ao Tribunal de Justiça: 
I – processar e julgar originariamente: 
(...) 
c) os mandados de segurança e os habeas data contra atos do Presidente do Tribunal e de qualquer de 
seus órgãos e membros, do Procurador-Geral da Justiça do Distrito Federal e dos Territórios, dos Juízes do 
Distrito Federal e dos Territórios, do Governador do Distrito Federal, dos Governadores dos Territórios, do 
Presidente do Tribunal de Contas do Distrito Federal e de qualquer de seus membros, do Procurador-Geral 
do Distrito Federal e dos Secretários de Governo do Distrito Federal e dos Territórios; 
 
Nesse sentido: 
(...) Conforme dispõe a Lei de Organização Judiciária do Distrito Federal - Lei n. 11.697/2008, artigo 
8º, inciso I, alínea "c", o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios é competente para julgar 
mandado de segurança impetrado contra ato atribuído ao Procurador-Geral de Justiça do Ministério 
Público do Distrito Federal e Territórios, não obstante esta seja autoridade federal. (...) 
STJ. 1ª Turma. REsp 1236801/DF, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 26/04/2011. 
 
2) Quando está no exercício de função administrativa federal: Tribunal Regional Federal da 1ª Região. 
Exemplo: 
O Procurador-Geral de Justiça do Distrito Federal, ao autorizar o pagamento para um Promotor de Justiça 
de valores decorrentes da conversão em pecúnia (dinheiro) de licença-prêmio não gozada, determinou 
que, antes da transferência da quantia, fosse descontado o imposto de renda e a contribuição ao Plano de 
Seguridade Social (PSS), tributos federais. 
O Promotor de Justiça não concordou com o desconto e impetrou mandado de segurança. 
O STJ entendeu que a competência para julgar este MS é do TRF da 1ª Região. 
 
É do TRF da 1º Região - e não do TJDFT - a competência para processar e julgar mandado de segurança 
impetrado contra ato do Procurador-Geral de Justiça do Distrito Federal que determinou a retenção de 
Imposto de Renda (IR) e de contribuição ao Plano de Seguridade Social (PSS) sobre valores decorrentes 
da conversão em pecúnia de licenças-prêmio. 
STJ. 1ª Turma. REsp 1.303.154-DF, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 16/6/2016 (Info 587). 
 
O Procurador-Geral de Justiça do Distrito Federal, ao determinar a retenção de tributos federais por ocasião 
do pagamento de parcelas remuneratórias (conversão de licenças-prêmio em pecúnia), está no exercício 
de função administrativa federal, razão pela qual não se pode reconhecer a competência do Tribunal de 
Justiça do Distrito Federal para o julgamento de mandado de segurança impetrado contra tal ato. 
Por força do princípio da simetria constitucional e à luz dos arts. 102, I, "d", e 109, VIII, da Constituição 
Federal, deve-se reconhecer que os mandados de segurança impetrados contra atos do Procurador-Geral 
de Justiça do Distrito Federal, quando em atividade submetida à jurisdição administrativa de natureza 
federal, são da competência do Tribunal Regional Federal da 1ª Região. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Informativo 587-STJ (01/08 a 16/08/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 20 
COMPETÊNCIA 
Competência para julgar demanda indenizatória por uso de imagem de jogador de futebol 
 
É da Justiça do Trabalho (e não da Justiça Comum) a competência para processar e julgar a 
ação de indenização movida por atleta de futebol em face de editora pelo suposto uso indevido 
de imagem em álbum de figurinhas quando, após denunciação da lide ao clube de futebol (ex-
empregador), este alegar que recebeu autorização expressa do jogador para ceder o direito de 
uso de sua imagem no período de vigência do contrato de trabalho. 
Na ementa oficial do julgado, restou assim consignado: 
Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar ação indenizatória movida contra editora, 
por suposto uso indevido de imagem de atleta de futebol, caracterizado por publicação, sem 
autorização, do autor de sua fotografia em álbum de figurinhas, na hipótese de denunciação da 
lide pela ré ao clube empregador. 
STJ. 2ª Turma. CC 128.610-RS, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 22/6/2016 (Info 587). 
 
Imagine a seguinte situação adaptada: 
João é jogador de futebol e atuava no clube "Olé" em 2015, time da série A do campeonato. 
Em 2015, foi lançado um álbum de figurinhas do Campeonato Brasileiro daquele ano com todos os clubes 
e jogadores da série A, dentre eles figurinhas com a fotografia de João. 
Em 2016, quando já estava jogando em outro time, João ajuizou ação de indenização contra a editora 
responsável pelo álbum, alegando que não autorizou o uso de sua imagem na referida publicação. 
A ação foi proposta na vara cível da Justiça Comum estadual. 
A editora foi citada e no prazo de resposta fez a denunciação da lide do clube de futebol, argumentando 
que foi o "Olé" quem autorizou o uso da imagem de João por meio de contrato com a editora, tendo, 
inclusive, recebido por isso. 
O clube de futebol veio aos autos e apresentou o contrato de trabalho que mantinha com João e nele 
havia uma cláusula afirmando que o "Olé" poderia ceder os direitos de imagem do jogador durante o 
período de vigência do pacto laboral. 
O Juiz de Direito entendeu que, como existe essa discussão se o contrato de trabalho de João com o clube 
de futebol autorizaria ou não que este cedesse os direitos de imagem do jogador para terceiros, essa 
controvérsia deveria ser decidida pela Justiça do Trabalho. Diante disso, o magistrado estadual declinou a 
competência para o Juiz do Trabalho. 
 
Agiu corretamente o Juiz de Direito? Esta ação deverá ser julgada pela Justiça do Trabalho? 
SIM. 
 
É da Justiça do Trabalho (e não da Justiça Comum) a competência para processar e julgar a ação de 
indenização movida por atleta de futebol em face de editora pelo suposto uso indevido de imagem em 
álbum de figurinhas quando, após denunciação da lide ao clube de futebol (ex-empregador), este alegar 
que recebeu autorização expressa do jogador para ceder o direito de uso de sua imagem no período de 
vigência do contrato de trabalho. 
STJ. 2ª Turma. CC 128.610-RS, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 22/6/2016 (Info 587). 
 
Para decidir esta demanda deve-se analisar alguns pontos fundamentais: havia ounão prévio pacto entre 
o jogador e o clube de futebol envolvendo o direito do uso de imagem do atleta? Esta cláusula do contrato 
é válida? 
Como é necessário que tais questões sejam previamente resolvidas, constata-se que a pretensão 
indenizatória proposta contra a editora está obrigatoriamente ligada à relação de trabalho do jogador com 
seu ex-empregador. 
Não há como se analisar a responsabilidade da editora pelo alegado ilícito sem se examinar a existência 
 
Informativo 587-STJ (01/08 a 16/08/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 21 
dessa suposta autorização conferida ao empregador, que o tornaria titular de direito que cedeu a terceiro 
(editora). 
Assim, ainda que a ação tenha sido dirigida à editora, não há como negar que a causa de pedir remota 
envolve, de maneira direta, os aspectos de uma relação laboral, devendo, portanto, ser examinado este 
vínculo laboral, circunstância que em tudo recomenda a apreciação da questão pela Justiça do Trabalho, 
nos termos do art. 114, I e VI, da CF/88. 
 
 
 
SUSPEIÇÃO 
Suspeição por motivo superveniente não anula atos processuais anteriores 
 
Importante!!! 
A declaração pelo magistrado ("autodeclaração") de suspeição por motivo superveniente não 
tem efeitos retroativos, não importando em nulidade dos atos processuais praticados em 
momento anterior ao fato ensejador da suspeição. 
STJ. 1ª Seção. PET no REsp 1.339.313-RJ, Rel. Min. Sérgio Kukina, Rel. para acórdão Min. Assusete 
Magalhães, julgado em 13/4/2016 (Info 587). 
 
Imagine a seguinte situação hipotética: 
João propôs ação ordinária contra Pedro, na qual pedia a concessão de tutela provisória de urgência. 
O processo foi distribuído para a 2ª Vara Cível, que tem Henrique como Juiz Titular. 
Henrique proferiu decisão interlocutória deferindo a tutela de urgência requerida por João. 
Pedro cumpriu a obrigação determinada na decisão. 
Foram praticados outros atos processuais. 
Alguns meses depois, antes que o processo fosse sentenciado, Henrique foi para a festa de aniversário de 
Isabela, melhor amiga de sua filha pequena. Ao chegar lá, descobriu que João (o autor da ação) é pai da 
aniversariante. 
Diante deste fato, Henrique sentiu-se desconfortável de julgar o processo. 
Na segunda-feira, proferiu a seguinte decisão: 
"Nos termos do art. 145, § 1º, do CPC declaro-me suspeito por motivo de foro íntimo superveniente. 
Remetam-se os autos ao substituto legal." 
 
Pedro requereu a nulidade da decisão que deferiu a tutela de urgência e de todos os atos processuais 
praticados pelo Juiz suspeito. O pedido deverá ser acolhido? 
NÃO. 
 
A declaração pelo magistrado de suspeição por motivo superveniente não tem efeitos retroativos, não 
importando em nulidade dos atos processuais praticados em momento anterior ao fato ensejador da 
suspeição. 
STJ. 1ª Seção. PET no REsp 1.339.313-RJ, Rel. Min. Sérgio Kukina, Rel. para acórdão Min. Assusete 
Magalhães, julgado em 13/4/2016 (Info 587). 
 
Esse entendimento vale também para o processo penal? 
SIM. Confira: 
(...) Na linha dos precedentes desta Corte, a suspeição por situação superveniente não opera 
retroativamente, vale dizer, não importa, por si só, a nulidade dos atos processuais anteriores a esse fato. 
(...) 
III - O fato de ter havido o superveniente reconhecimento, motu proprio, da suspeição da Representante 
 
Informativo 587-STJ (01/08 a 16/08/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 22 
do Ministério Público, esse não inquina, por si só, os atos pretéritos por ela praticados, porquanto a defesa 
não trouxe à colação qualquer indicativo de que a anterior relação locatícia entre a d. Promotora de 
Justiça e o avô da vítima teria repercutido, de forma concreta, nas manifestações processuais do 
Ministério Público e na lisura da persecução penal - na linha do que decidido nas instâncias ordinárias - 
não havendo falar em presunção absoluta de nulidade. (...) 
STJ. 5ª Turma. RHC 43.787/MG, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 01/10/2015. 
 
(...) A suspeição por foro íntimo, em razão de causa superveniente à instauração da ação penal, não gera a 
nulidade dos atos processuais precedentes, sendo desnecessário que o magistrado decline os motivos que 
o levaram a assim se declarar. (...) 
STJ. 5ª Turma. HC 95.311/AM, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 28/04/2009. 
 
 
 
RECURSOS 
Desnecessidade de ratificação do Resp que foi interposto 
antes dos embargos se estes não modificaram a decisão recorrida 
 
Súmula 579-STJ: Não é necessário ratificar o recurso especial interposto na pendência do 
julgamento dos embargos de declaração, quando inalterado o resultado anterior. 
STJ. Corte Especial. Aprovada em 01/07/2016, DJe 01/08/2016. 
 
Imagine o seguinte exemplo hipotético: 
João é o autor de uma ação contra Pedro. 
O pedido foi julgado parcialmente procedente em 1ª instância e ambas as partes apelaram ao Tribunal de 
Justiça, que manteve a sentença. 
O acórdão do TJ foi publicado no dia 22/04/2015. 
 
Quais os recursos que as partes poderiam interpor contra este acórdão do TJ? 
Em tese, tanto João como Pedro poderiam interpor os seguintes recursos: 
• Recurso especial; 
• Recurso extraordinário; e 
• Embargos de declaração. 
 
No dia 24/04/2015, João interpôs recurso especial alegando que a decisão do TJ violava lei federal. 
No dia 25/04/2015, Pedro opôs embargos de declaração afirmando que a decisão do TJ foi omissa quanto 
a alguns pontos. 
 
Quem julgará estes recursos e qual deles deverá ser apreciado por primeiro? 
O REsp é julgado pelo STJ e os embargos de declaração pelo próprio TJ. Justamente por isso, os embargos 
devem ser julgados em primeiro lugar e só depois os autos serão remetidos ao STJ para apreciação do REsp. 
 
Os embargos de declaração foram julgados conhecidos e improvidos (rejeitados) em 20/05/2015 e o 
acórdão publicado no dia 23/05/2015. 
 
Diante disso, indaga-se: o recurso que havia sido interposto antes da decisão dos embargos de 
declaração continua valendo e poderá ser conhecido pelo Tribunal ad quem ou a parte que o ajuizou 
deverá ratificá-lo (confirmá-lo) após os embargos serem julgados? 
Não é necessária a ratificação do recurso interposto na pendência de julgamento de embargos de 
declaração quando, pelo julgamento dos aclaratórios, não houver modificação do julgado embargado. 
STJ. Corte Especial. REsp 1.129.215-DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 16/9/2015 (Info 572). 
 
Informativo 587-STJ (01/08 a 16/08/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 23 
 
Voltando ao nosso exemplo. E se os embargos tivessem sido providos e o resultado do acórdão do TJ 
houvesse sido alterado, o que João teria que fazer? 
Neste caso, João teria que ratificar o recurso especial já interposto. Além de ratificar, ele também teria 
direito de complementá-lo, impugnando o que foi decidido nos embargos em seu desfavor. A isso 
chamamos de princípio da complementaridade. Confira a lição de Fredie Didier e Leonardo da Cunha 
sobre este derradeiro ponto: 
“Vale ressalvar, apenas, a hipótese de, nos embargos de declaração, haver modificação da decisão, sendo, 
então, possível à parte que já recorreu aditar seu recurso relativamente ao trecho da decisão embargada 
que veio a ser alterado. É o que se extrai do chamado ‘princípio’ da complementaridade. 
Não havendo, todavia, modificação no julgamento dos embargos de declaração, a parte que já recorreu 
não pode aditar ou renovar seu recurso.” (Curso de Direito Processual Civil. Vol. 3. 11ª ed., Salvador: 
Juspodivm, 2013, p. 231). 
 
Novo CPC: 
O novo CPC reforça a conclusão acima exposta ao trazer a seguinte regra: 
Art. 1.024 (...) 
§ 5º Se os embargos de declaração forem rejeitados ou não alterarem a conclusão do julgamento anterior, 
o recurso interposto pela outra parte antes da publicação do julgamento dos embargos de declaraçãoserá 
processado e julgado independentemente de ratificação. 
 
Súmula 418-STJ 
Vale ressaltar que o entendimento acima explicado é recente. Durante muito tempo o STJ decidiu de 
forma oposta, tendo, inclusive, editado uma súmula espelhando essa posição. Veja: 
Súmula 418-STJ: É inadmissível o recurso especial interposto antes da publicação do acórdão dos 
embargos de declaração, sem posterior ratificação. 
 
O STJ cancelou formalmente a súmula 418 e, em seu lugar, editou outro enunciado que agora espelha o 
entendimento atual do Tribunal: 
Súmula 579-STJ: Não é necessário ratificar o recurso especial interposto na pendência do julgamento dos 
embargos de declaração, quando inalterado o resultado anterior. 
 
A Súmula 579 fala que não é necessário ratificar o "recurso especial". O mesmo raciocínio ali presente 
pode ser aplicado também para o recurso extraordinário? 
SIM. Antes do CPC/2015, o tema era polêmico no STF e havia decisões afirmando que a ratificação era 
indispensável e outras sustentando que era desnecessária, em regra. Confira: 
1ª) É necessário ratificar o RE 
interposto antes dos ED 
2ª) Só é necessário ratificar o RE interposto antes 
dos ED caso tenha havido alteração do julgado 
A jurisprudência da Corte é pacífica no sentido de 
ser extemporâneo o recurso extraordinário 
interposto, sem que haja a ratificação oportuna do 
ato, antes do julgamento de todos os recursos 
interpostos na instância de origem, mesmo que os 
referidos recursos tenham sido manejados pela 
parte contrária. 
STF. 1ª Turma. ARE 764438 AgR, Rel. Min. Dias 
Toffoli, julgado em 30/09/2014. 
A parte pode, a partir do primeiro dia do prazo, 
interpor o recurso extraordinário, 
independentemente da parte contrária ter oposto 
embargos declaratórios. 
O recurso extraordinário surge oportuno ainda que 
pendentes embargos declaratórios interpostos pela 
parte contrária, ficando a problemática no campo da 
prejudicialidade se esses últimos forem providos 
com modificação de objeto. 
STF. 1ª Turma. RE 680371 AgR, Relator p/ Acórdão 
Min. Marco Aurélio, j. em 11/06/2013 (Info 710). 
 
 
Informativo 587-STJ (01/08 a 16/08/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 24 
No entanto, com a redação do § 5º do art. 1.024 do CPC/2015 o legislador fez uma opção e determinou 
expressamente a solução adotada pela 2ª corrente, devendo este entendimento ser seguido pelo STF. 
Assim, se os embargos de declaração foram rejeitados ou não alteraram a conclusão do julgamento 
anterior, o recurso extraordinário interposto pela outra parte antes da publicação do julgamento dos 
embargos de declaração terá que ser julgado independentemente de ratificação. 
 
 
 
 
DIREITO PENAL 
 
ESTUPRO DE VULNERÁVEL 
Contato físico entre autor e vítima não é indispensável para configurar o delito 
 
A conduta de contemplar lascivamente, sem contato físico, mediante pagamento, menor de 14 
anos desnuda em motel pode permitir a deflagração da ação penal para a apuração do delito 
de estupro de vulnerável. 
Segundo a posição majoritária na doutrina, a simples contemplação lasciva já configura o “ato 
libidinoso” descrito nos arts. 213 e 217-A do Código Penal, sendo irrelevante, para a 
consumação dos delitos, que haja contato físico entre ofensor e ofendido. 
STJ. 5ª Turma. RHC 70.976-MS, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 2/8/2016 (Info 587). 
 
Imagine a seguinte situação hipotética: 
João convenceu uma criança de 10 anos a ir até o motel com ele. 
Chegando lá, o agente pediu que a garota ficasse nua na sua frente, tendo sido atendido. 
O simples fato de ver a menina nua já satisfez João que, após alguns minutos olhando a criança, 
determinou que ela vestisse novamente as roupas. 
Foram, então, embora do local sem que João tenha tocado na garota. 
A criança acabou contando o que se passou a seus pais e João foi denunciado pelo Ministério Público pela 
prática de estupro de vulnerável sob o argumento de que praticou ato libidinoso contra a menor: 
Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos: 
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos. 
 
João alegou que a denúncia deveria ser rejeitada, considerando que em nenhum momento houve contato 
físico entre ele e a criança. Logo, sem contato físico, não haveria ato libidinoso. 
 
A denúncia deverá ser aceita? Houve, em tese, a prática de estupro de vulnerável? 
SIM. 
 
A conduta de contemplar lascivamente, sem contato físico, mediante pagamento, menor de 14 anos 
desnuda em motel pode permitir a deflagração da ação penal para a apuração do delito de estupro de 
vulnerável. 
STJ. 5ª Turma. RHC 70.976-MS, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 2/8/2016 (Info 587). 
 
Contemplação lasciva 
O que João praticou é chamado pela doutrina de “contemplação lasciva”. Ocorre quando o agente, para 
satisfazer seus desejos ou fantasias sexuais, constrange a vítima a se despir para contemplá-la nua. No 
caso de vítima menor de 14 anos, este constrangimento é presumido. 
 
 
 
Informativo 587-STJ (01/08 a 16/08/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 25 
Ato libidinoso pode ocorrer mesmo sem contato físico entre agente e vítima 
O Código Penal não define o que seja ato libidinoso, cabendo este papel, portanto, à doutrina. 
Segundo a maioria dos autores, para que se configure ato libidinoso, não se exige contato físico entre 
ofensor e vítima. 
Assim, o simples fato de o agente ficar olhando a vítima nua com o objetivo de satisfazer sua lascívia 
(contemplação lasciva) já é suficiente para caracterizar ato libidinoso e, portanto, configurar o crime de 
estupro (art. 213) ou de estupro de vulnerável (art. 217-A). 
 
Essa é a posição, por exemplo, de Cleber Masson: 
“Na prática de atos libidinosos, a vítima também pode desempenhar, simultaneamente, papeis ativo e 
passivo. Nessas duas últimas condutas - praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso•- 
é dispensável o contato físico de natureza erótica entre o estuprador e a vítima”. (MASSON, Cleber. Código 
Penal comentado. 2ª ed., São Paulo: Método, 2014, p. 825) 
 
Rogério Sanches também explica que é desnecessário o contato físico: 
“De acordo com a maioria da doutrina, não há necessidade de contato físico entre o autor e a vítima, 
cometendo o crime o agente que, para satisfazer a sua lascívia, ordena que a vítima explore seu próprio 
corpo (masturbando-se), somente para contemplação (tampouco há que se imaginar a vítima desnuda 
para a caracterização do crime- RT 429/380).” (Manual de direito penal: parte especial. 8ª ed., Salvador: 
Juspodivm, 2016, p. 460). 
 
Dignidade sexual não se ofende somente com lesões de natureza física 
Vale ressaltar, ainda, que o delito imputado (estupro de vulnerável) é uma espécie de crime contra a 
dignidade sexual. A dignidade sexual da vítima não se ofende somente com lesões de natureza física. 
 
O fato de o agente não ter tocado na vítima não influencia em nada? 
Influencia sim. Esta circunstância poderá ser utilizada pelo magistrado como uma circunstância judicial 
favorável ao réu no momento da dosimetria da pena. 
 
 
 
DESCAMINHO 
O falso pode ser absorvido pelo descaminho 
 
Importante!!! 
Quando o falso se exaure no descaminho, sem mais potencialidade lesiva, é por este absorvido, 
como crime-fim, condição que não se altera por ser menor a pena a este cominada. 
STJ. 3ª Seção. REsp 1.378.053-PR, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 10/8/2016 (Info 587). 
 
FALSO QUE SE EXAURE NO DESCAMINHO E PRINCÍPIO DA CONSUNÇÃO 
Imagine a seguinte situação hipotética: 
Roberto efetuou a importação de uma determinada mercadoria. 
No momento do desembaraço aduaneiro, Roberto, ardilosamente, apresentou declaração de que a 
mercadoria custava um valor bem abaixo do seu preço real. Com isso, pagou um imposto de importação

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