Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
T338c TESSMANN, Erotides Kniphoff Caderno de Direito Civil VI – Sucessões Dom Alberto / Erotides Kniphoff Tessmann. – Santa Cruz do Sul: Faculdade Dom Alberto, 2010. Inclui bibliografia. 1. Direito – Teoria 2. Direito Civil VI – Sucessões – Teoria I. TESSMANN, Erotides Kniphoff II. Faculdade Dom Alberto III. Coordenação de Direito IV. Título CDU 340.12(072) Catalogação na publicação: Roberto Carlos Cardoso – Bibliotecário CRB10 010/10 Página 2 / 147 APRESENTAÇÃO O Curso de Direito da Faculdade Dom Alberto teve sua semente lançada no ano de 2002. Iniciamos nossa caminhada acadêmica em 2006, após a construção de um projeto sustentado nos valores da qualidade, seriedade e acessibilidade. E são estes valores, que prezam pelo acesso livre a todos os cidadãos, tratam com seriedade todos processos, atividades e ações que envolvem o serviço educacional e viabilizam a qualidade acadêmica e pedagógica que geram efetivo aprendizado que permitem consolidar um projeto de curso de Direito. Cinco anos se passaram e um ciclo se encerra. A fase de crescimento, de amadurecimento e de consolidação alcança seu ápice com a formatura de nossa primeira turma, com a conclusão do primeiro movimento completo do projeto pedagógico. Entendemos ser este o momento de não apenas celebrar, mas de devolver, sob a forma de publicação, o produto do trabalho intelectual, pedagógico e instrutivo desenvolvido por nossos professores durante este período. Este material servirá de guia e de apoio para o estudo atento e sério, para a organização da pesquisa e para o contato inicial de qualidade com as disciplinas que estruturam o curso de Direito. Felicitamos a todos os nossos professores que com competência nos brindam com os Cadernos Dom Alberto, veículo de publicação oficial da produção didático-pedagógica do corpo docente da Faculdade Dom Alberto. Lucas Aurélio Jost Assis Diretor Geral Página 3 / 147 PREFÁCIO Toda ação humana está condicionada a uma estrutura própria, a uma natureza específica que a descreve, a explica e ao mesmo tempo a constitui. Mais ainda, toda ação humana é aquela praticada por um indivíduo, no limite de sua identidade e, preponderantemente, no exercício de sua consciência. Outra característica da ação humana é sua estrutura formal permanente. Existe um agente titular da ação (aquele que inicia, que executa a ação), um caminho (a ação propriamente dita), um resultado (a finalidade da ação praticada) e um destinatário (aquele que recebe os efeitos da ação praticada). Existem ações humanas que, ao serem executadas, geram um resultado e este resultado é observado exclusivamente na esfera do próprio indivíduo que agiu. Ou seja, nas ações internas, titular e destinatário da ação são a mesma pessoa. O conhecimento, por excelência, é uma ação interna. Como bem descreve Olavo de Carvalho, somente a consciência individual do agente dá testemunho dos atos sem testemunha, e não há ato mais desprovido de testemunha externa que o ato de conhecer. Por outro lado, existem ações humanas que, uma vez executadas, atingem potencialmente a esfera de outrem, isto é, os resultados serão observados em pessoas distintas daquele que agiu. Titular e destinatário da ação são distintos. Qualquer ação, desde o ato de estudar, de conhecer, de sentir medo ou alegria, temor ou abandono, satisfação ou decepção, até os atos de trabalhar, comprar, vender, rezar ou votar são sempre ações humanas e com tal estão sujeitas à estrutura acima identificada. Não é acidental que a linguagem humana, e toda a sua gramática, destinem aos verbos a função de indicar a ação. Sempre que existir uma ação, teremos como identificar seu titular, sua natureza, seus fins e seus destinatários. Consciente disto, o médico e psicólogo Viktor E. Frankl, que no curso de uma carreira brilhante (trocava correspondências com o Dr. Freud desde os seus dezessete anos e deste recebia elogios em diversas publicações) desenvolvia técnicas de compreensão da ação humana e, consequentemente, mecanismos e instrumentos de diagnóstico e cura para os eventuais problemas detectados, destacou-se como um dos principais estudiosos da sanidade humana, do equilíbrio físico-mental e da medicina como ciência do homem em sua dimensão integral, não apenas físico-corporal. Com o advento da Segunda Grande Guerra, Viktor Frankl e toda a sua família foram capturados e aprisionados em campos de concentração do regime nacional-socialista de Hitler. Durante anos sofreu todos os flagelos que eram ininterruptamente aplicados em campos de concentração espalhados por todo território ocupado. Foi neste ambiente, sob estas circunstâncias, em que a vida sente sua fragilidade extrema e enxerga seus limites com uma claridade única, Página 4 / 147 que Frankl consegue, ao olhar seu semelhante, identificar aquilo que nos faz diferentes, que nos faz livres. Durante todo o período de confinamento em campos de concentração (inclusive Auschwitz) Frankl observou que os indivíduos confinados respondiam aos castigos, às privações, de forma distinta. Alguns, perante a menor restrição, desmoronavam interiormente, perdiam o controle, sucumbiam frente à dura realidade e não conseguiam suportar a dificuldade da vida. Outros, porém, experimentando a mesma realidade externa dos castigos e das privações, reagiam de forma absolutamente contrária. Mantinham-se íntegros em sua estrutura interna, entregavam-se como que em sacrifício, esperavam e precisavam viver, resistiam e mantinham a vida. Observando isto, Frankl percebe que a diferença entre o primeiro tipo de indivíduo, aquele que não suporta a dureza de seu ambiente, e o segundo tipo, que se mantém interiormente forte, que supera a dureza do ambiente, está no fato de que os primeiros já não têm razão para viver, nada os toca, desistiram. Ou segundos, por sua vez, trazem consigo uma vontade de viver que os mantêm acima do sofrimento, trazem consigo um sentido para sua vida. Ao atribuir um sentido para sua vida, o indivíduo supera-se a si mesmo, transcende sua própria existência, conquista sua autonomia, torna-se livre. Ao sair do campo de concentração, com o fim do regime nacional- socialista, Frankl, imediatamente e sob a forma de reconstrução narrativa de sua experiência, publica um livreto com o título Em busca de sentido: um psicólogo no campo de concentração, descrevendo sua vida e a de seus companheiros, identificando uma constante que permitiu que não apenas ele, mas muitos outros, suportassem o terror dos campos de concentração sem sucumbir ou desistir, todos eles tinham um sentido para a vida. Neste mesmo momento, Frankl apresenta os fundamentos daquilo que viria a se tornar a terceira escola de Viena, a Análise Existencial, a psicologia clínica de maior êxito até hoje aplicada. Nenhum método ou teoria foi capaz de conseguir o número de resultados positivos atingidos pela psicologia de Frankl, pela análise que apresenta ao indivíduo a estrutura própria de sua ação e que consegue com isto explicitar a necessidade constitutiva do sentido (da finalidade) para toda e qualquer ação humana. Sentido de vida é aquilo que somente o indivíduo pode fazer e ninguém mais. Aquilo que se não for feito pelo indivíduo não será feito sob hipótese alguma. Aquilo que somente a consciência de cada indivíduo conhece. Aquilo que a realidade de cada um apresenta e exige uma tomada de decisão. Página 5 / 147 Não existe nenhuma educação se não for para ensinar a superar-se a si mesmo, a transcender-se, a descobrir o sentido da vida. Tudo o mais é morno, é sem luz, é, literalmente, desumano. Educar é, pois, descobrir o sentido, vivê-lo, aceitá-lo, executá-lo. Educar não é treinar habilidades, não é condicionar comportamentos, não é alcançartécnicas, não é impor uma profissão. Educar é ensinar a viver, a não desistir, a descobrir o sentido e, descobrindo-o, realizá-lo. Numa palavra, educar é ensinar a ser livre. O Direito é um dos caminhos que o ser humano desenvolve para garantir esta liberdade. Que os Cadernos Dom Alberto sejam veículos de expressão desta prática diária do corpo docente, que fazem da vida um exemplo e do exemplo sua maior lição. Felicitações são devidas a Faculdade Dom Alberto, pelo apoio na publicação e pela adoção desta metodologia séria e de qualidade. Cumprimentos festivos aos professores, autores deste belo trabalho. Homenagens aos leitores, estudantes desta arte da Justiça, o Direito. . Luiz Vergilio Dalla-Rosa Coordenador Titular do Curso de Direito Página 6 / 147 Sumário Apresentação......................................................................................................... Prefácio.................................................................................................................. Plano de Ensino....................................................................................................88.8888888888888888888888888888888888888888888888 Aula 1 Noções históricas e Introdutórias.......................................................................... Aula 2 Direito Sucessório: Conceitos e Noções Gerais................................................... Aula 3 Transmissão da Herança: Domínio e Posse........................................................ Aula 4 Questões Importantes: do Inventário e da Partilha de Bens................................. Aula 5 Direito das Sucessões: da Sucessão Testamentária....................................................... Aula 6 Direito das Sucessões: Questões Controvertidas no direito sucessório dos Conjugues...................................................................................................... Aula 7 Direito Sucessório: da Colação............................................................................. Aula 8 Inventário e Partilha: Sucessão Hereditária.......................................................... Aula 9 Direito das Sucessões: Inventário Judicial e Extrajudicial................................... Aula 10 Direito Sucessório: da Habitação......................................................................... Aula 11 Inventário, Separação e Divórcio na via Administrativa – Extrajudicial........................... Aula 12 Direito das Sucessões: das Substituições........................................................... Aula 13 Ações do Espólio e contra o Espólio........................................................................ Página 7 / 147 8 4 3 13 22 33 42 53 66 77 86 102 113 122 132 141 Missão: "Oferecer oportunidades de educação, contribuindo para a formação de profissionais conscientes e competentes, comprometidos com o comportamento ético e visando ao desenvolvimento regional”. Centro de Ensino Superior Dom Alberto Plano de Ensino Identificação Curso: Direito Disciplina: Direito Civil VI – Sucessões Carga Horária (horas): 60 Créditos: 4 Semestre: 7º Ementa Direito das sucessões. Espécies de Sucessão. Aceitação da herança. Renúncia. Retratação. Petição de herança. Cessão de herança. Sucessão de colaterais. Sucessão legítima. Sucessão na linha reta. Sucessão do cônjuge. Herança jacente. Sucessão testamentária. Substituições. Inventário. Arrolamento. Inventário negativo. Partilha. Avaliação da disciplina. Objetivos Geral: Compreender as lógicas que cercam o Direito das Sucessões, através das relações entre os textos legais vigentes, as transformações sociais e as interpretações acadêmicas, auxiliando os acadêmicos a refletirem sobre o tema e instrumentalizando-os para que possam atuar de forma profissional com responsabilidade e senso humano. Específicos: Compreender como os operadores jurídicos trabalham com as noções do direito sucessório, a fim de desenvolver o raciocínio lógico-jurídico necessário a interferência profissional nas questões pertinentes ao tema e suas relações com os demais ramos do direito. Inter-relação da Disciplina Horizontal: Direito Constitucional, Processo Civil, Direito Civil I, II, III e V, Direito Tributário, Direito Administrativo, Direito Previdenciário, Direito Penal, Direito da Criança e Adolescente, etc Vertical: Introdução à Ciência do Direito, Filosofia aplicada ao Direito, Antropologia aplicada ao Direito, etc. Competências Gerais Realizar leitura, compreensão e elaboração de textos e documentos jurídicos ou normativos, com a devida utilização das normas técnico-jurídicas relacionados ao Direito das Sucessões; Dominar tecnologias e métodos para permanente compreensão e aplicação do Direto das Sucessões. Competências Específicas Interpretar e aplicar devidamente as normas atinentes ao Direito das Sucessões, diante de situações específicas; Pesquisar e utilizar adequadamente a legislação, jurisprudência, doutrina e outras fontes do direito no que se refere aos conteúdos do Direito das Sucessões; Utilizar corretamente a terminologia jurídica na elaboração de textos, pareceres e demais peças processuais; Julgar adequadamente os casos concretos e tomar decisão sobre qual a legislação aplicável as situações. Habilidades Gerais Ler e compreender as condições e elementos que envolvem os institutos do Direito das Sucessões, a luz do Direito de Família, Constituição Federal, ECA e demais disposições legais; Elaborar documentos jurídicos e peças processuais adotando a melhor técnica, bem como linguagem, legislação e demais fontes do direito de forma adequada. Habilidades Específicas Ter capacidade de identificar corretamente na legislação civilista as questões que envolvem o Direito das Sucessões; Interpretar e aplicar adequadamente a legislação, jurisprudência e doutrina, utilizando como fundamento na elaboração de textos, bem como expressar posicionamentos argumentativos a respeito dos assuntos relacionados ao Direito das Sucessões; Elaborar Petição inicial de inventário, arrolamento, habilitação, contestação e pareceres em casos concretos que envolvam Direito das Sucessões, utilizando raciocínio jurídico, de argumentação, de persuasão e de reflexão crítica. Página 8 / 147 Missão: "Oferecer oportunidades de educação, contribuindo para a formação de profissionais conscientes e competentes, comprometidos com o comportamento ético e visando ao desenvolvimento regional”. Conteúdo Programático 1. Sucessão: 1.1. Noções Introdutórias E Históricas; 1.2. Conceitos Que Envolvem A Sucessão E O Direito Sucessório; 1.3. Abertura Da Sucessão, 1.4. Momento E Lugar, 1.5. Objeto. 2. Espécies: 2.1. Legítima, 2. 2. Testamentária. 3. Herdeiros: 3.1. Herdeiro A Título Singular, 3.2. Herdeiro A Título Universal. 4. Aceitação E Renúncia Da Herança. 5. Transmissão Da Posse E Domínio Da Herança. 6. Herança Jacente E Vacante. 7. Capacidade Para Suceder. 8. Indignidade E Deserdação. 9. Sucessão Legítima: 9.1. Vocação Hereditária, 9.2. Parentesco, 9.3. Direito De Representação, 9.4. Direito De Transmissão, 9.5. Formas De Suceder, 9.6. Modos De Partilhar. 10 - Sucessão Testamentária: 10.1. Legítima E Herdeiros Necessários, 10.2. O Testamento, 10.3. Formas E Características, 10.4. Requisitos, 10.5. Figuras Do Testamento, 10.6. Cláusulas E Disposições Testamentárias, 10.7. Causas De Inexecução Do Testamento 11 - Codicilo. 12 - Capacidade Para Testar. 13 – Legados. 14 - Inventários: 14.1. Abertura, 14.2. Competência, 14.3. Administração Do Espólio, 14.4. Inventariante, 14.5. Imposto De Transmissão, 14.6. Ações Do Espólio,14.7. Alvarás No Inventário 15 – Arrolamento: 15.1. Comum, 15.2. Sumário. 16 - Partilha: 16.1. Amigável, 16.2. Judicial, 16.3. Rescisão, 16.4. Nulidade. 17 – Colação. 18 – Sonegados. 19 - Petição De Herança. 20 - Cessão Da Herança. 21 - Garantia Dos Quinhões. 22- Partilhas Extrajudiciais - Lei 11441/2007 Estratégias de Ensino e Aprendizagem (metodologias de sala de aula) Aulas expositivas dialógico-dialéticas. Trabalhos individuais e em grupo para análise de possíveis soluções de casos práticos relacionados á realidade do aluno. Estudos de casos. Utilização de recurso Áudio-Visual. Página 9 / 147 Missão: "Oferecer oportunidades de educação, contribuindo para a formação de profissionais conscientes e competentes, comprometidos com o comportamento ético e visando ao desenvolvimento regional”. Avaliação do Processo de Ensino e Aprendizagem A avaliação do processo de ensino e aprendizagem deve ser realizada de forma contínua, cumulativa e sistemática com o objetivo de diagnosticar a situação da aprendizagem de cada aluno, em relação à programação curricular. Funções básicas: informar sobre o domínio da aprendizagem, indicar os efeitos da metodologia utilizada, revelar conseqüências da atuação docente, informar sobre a adequabilidade de currículos e programas, realizar feedback dos objetivos e planejamentos elaborados, etc. Para cada avaliação o professor determinará a(s) formas de avaliação podendo ser de duas formas: 1ª – uma prova com peso 10,0 (dez) ou uma prova de peso 8,0 e um trabalho de peso 2,0 2ª – uma prova com peso 10,0 (dez) ou uma prova de peso 8,0 e um trabalho de peso 2,0 Avaliação Somativa A aferição do rendimento escolar de cada disciplina é feita através de notas inteiras de zero a dez, permitindo-se a fração de 5 décimos. O aproveitamento escolar é avaliado pelo acompanhamento contínuo do aluno e dos resultados por ele obtidos nas provas, trabalhos, exercícios escolares e outros, e caso necessário, nas provas substitutivas. Dentre os trabalhos escolares de aplicação, há pelo menos uma avaliação escrita em cada disciplina no bimestre. O professor pode submeter os alunos a diversas formas de avaliações, tais como: projetos, seminários, pesquisas bibliográficas e de campo, relatórios, cujos resultados podem culminar com atribuição de uma nota representativa de cada avaliação bimestral. Em qualquer disciplina, os alunos que obtiverem média semestral de aprovação igual ou superior a sete (7,0) e freqüência igual ou superior a setenta e cinco por cento (75%) são considerados aprovados. Após cada semestre, e nos termos do calendário escolar, o aluno poderá requerer junto à Secretaria-Geral, no prazo fixado e a título de recuperação, a realização de uma prova substitutiva, por disciplina, a fim de substituir uma das médias mensais anteriores, ou a que não tenha sido avaliado, e no qual obtiverem como média final de aprovação igual ou superior a cinco (5,0). Sistema de Acompanhamento para a Recuperação da Aprendizagem Serão utilizados como Sistema de Acompanhamento e Nivelamento da turma os Plantões Tira-Dúvidas que são realizados sempre antes de iniciar a disciplina, das 18h00min às 18h50min, na sala de aula. Recursos Necessários Humanos Professor. Físicos Laboratórios, visitas técnicas, etc. Materiais Recursos Multimídia. Bibliografia Básica DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro - Direito das Sucessões. São Paulo, Saraiva. RIZZARDO, Arnaldo. Direito das Sucessões. Rio de Janeiro: Forense. RODRIGUES, Silvio. Curso de Direito Civil. Direito das Sucessões. São Paulo. Saraiva. VENOZA, S.S. Direito das Sucessões. São Paulo, Atlas. GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro, Vol.7. São Paulo: Saraiva. Complementar MONTEIRO, Washington de B. Curso de Direito Civil. Direito das Sucessões. São Paulo: Saraiva. GOMES, Orlando. Direito de Família, Sucessões. Rio de Janeiro: Forense, 1995. ALMADA, Ney de Mello. Sucessões. São Paulo: Malheiros. PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil. Direito das Sucessões. Rio de Janeiro, Forense. VIANA, Marco Aurélio. Curso de Direito Civil – Direito das Sucessões, Vl.6. São Paulo: Saraiva. Legislação: NERY, Nelson. Código Civil Comentado. São Paulo: RT, 2007. Página 10 / 147 Missão: "Oferecer oportunidades de educação, contribuindo para a formação de profissionais conscientes e competentes, comprometidos com o comportamento ético e visando ao desenvolvimento regional”. Periódicos Direito das Famílias e Sucessões (Editora Magister) Sites para Consulta www.ibdfam.org.br/ www.tj.rs.gov.br www.trf4.gov.br www.senado.gov.br www.stf.gov.br www.stj.gov.br www.ihj.org.br www.oab-rs.org.br Outras Informações Endereço eletrônico de acesso à página do PHL para consulta ao acervo da biblioteca: http://192.168.1.201/cgi-bin/wxis.exe?IsisScript=phl.xis&cipar=phl8.cip&lang=por Cronograma de Atividades Aula Consolidação Avaliação Conteúdo Procedimentos Recursos 1ª 1. SUCESSÃO: 1.1. Noções Introdutórias e históricas; 1.2. Conceitos que envolvem a Sucessão e o Direito Sucessório; Aula expositiva dialógico-dialética e posterior conclusões em duplas. AE – TI – TG – OU – AP e QG 2ª 1.3. Abertura da Sucessão, 1.4. Momento e Lugar, 1.5. Objeto. 2. ESPÉCIES DE SUCESSÃO: 2.1. Legítima, 2. 2. Testamentária. Aula expositiva dialógico-dialética e posterior conclusões em duplas Idem 3ª 3. HERDEIROS: 3.1. Herdeiro a título singular, 3.2. Herdeiro a título universal. 4. ACEITAÇÃO E RENÚNCIA DA HERANÇA. Aula expositiva dialógico-dialética e posterior conclusões individuais AE – DS – AP – TI e OU 4ª 5. TRANSMISSÃO DA POSSE E DOMÍNIO DA HERANÇA. 6. HERANÇA JACENTE E VACANTE. Seminário LB - SE e OU 5ª 7. CAPACIDADE PARA SUCEDER. 8. INDIGNIDADE E DESERDAÇÃO Aula expositiva dialógico-dialética com posterior parecer AE – TI – TG – OU – AP e QG 6ª Recesso 7ª 9. SUCESSÃO LEGÍTIMA: 9.1. Vocação Hereditária, 9.2. Parentesco, 9.3. Direito de Representação, 9.4. Direito de Transmissão, 9.5. Formas de Suceder, 9.6. Modos de Partilhar. Aula expositiva dialógico-dialética e posterior conclusões individuais AE – QG – AP – TI e OU 1 10 - SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA: 10.1. Legítima e Herdeiros Necessários, 10.2. O testamento, 10.3. Formas e Características, 10.4. Requisitos, 10.5. Figuras do Testamento, 10.6. Cláusulas e disposições testamentárias, 10.7. Causas de inexecução do testamento. Aula expositiva dialógico-dialética com auxílio de DS e posterior conclusões em duplas AE – DS – AP – TI e OU 1 1ª. Consolidação 8ª 1ª. Prova – Avaliação 9ª 11 - CODICILO. 12 - CAPACIDADE PARA TESTAR. 13 – LEGADOS. 14 - INVENTÁRIOS: 14.1. Abertura, 14.2. Competência, Seminário LB – SE e OU 10ª 14.3. Administração do espólio, 14.4. Inventariante, Aula expositiva dialógico-dialética AE – QG – AP – TI e Página 11 / 147 Missão: "Oferecer oportunidades de educação, contribuindo para a formação de profissionais conscientes e competentes, comprometidos com o comportamento ético e visando ao desenvolvimento regional”. 14.5. Imposto de Transmissão, 14.6. Ações do Espólio, 14.7. Alvarás no inventário com posterior respostas a questionamentos OU 11ª 15 – ARROLAMENTO: 15.1. Comum, 15.2. Sumário. Aula expositiva dialógico-dialética com auxílio de DS e posterior conclusões em duplas AE – DS – AP – TI e OU 12ª 16 - PARTILHA: 16.1. Amigável, 16.2. Judicial, 16.3. Rescisão, 16.4.Nulidade. Seminário LB - SE e OU 13ª 17 – COLAÇÃO. 18 – SONEGADOS. 19 - PETIÇÃO DE HERANÇA. 20 - CESSÃO DA HERANÇA. 21 - GARANTIA DOS QUINHÕES. Aula expositiva dialógico-dialética e posterior elaboração de petição inicial AE – QG – AP – TG e OU 2 22- PARTILHAS EXTRAJUDICIAIS - LEI 11441/2007 Aula expositiva dialógico-dialética com auxilio de DS e posterior elaboração de proposta de partilha AE – DS – AP – TI e OU 2 2ª. Consolidação 3 2ª. Prova - Avaliação Prova Substitutiva Legenda Procedimentos Recursos Código Descrição Código Descrição Código Descrição AE Aula expositiva QG Quadro verde e giz LB Laboratório de informática TG Trabalho em grupo RE Retroprojetor PS Projetor de slides TI Trabalho individual VI Videocassete AP Apostila SE Seminário DS Data Show OU Outros PA Palestra FC Flipchart Página 12 / 147 MISSÃO: “Oferecer oportunidades de educação, contribuindo para a formação de profissionais conscientes e competentes, comprometidos com o comportamento ético e visando ao desenvolvimento Regional”. FACULDADE DOM ALBERTO SANTA CRUZ DO SUL - RS Curso de Direito Direito Civil VI – Direito das Sucessões Anexo 01 – Plano de Aula 01 DIREITO DAS SUCESSÕES 1. Noções históricas e Introdutórias. A história do Direito Civil Brasileiro se originou com a necessidade de se reunirem metodicamente as normas concernentes a determinadas relações jurídicas. Até a proclamação da independência política, em 1822, não existiam no Brasil leis próprias, vigorando em todo o território brasileiro, as Ordenações Filipinas de Portugal, que foram alteradas por leis e decretos extravagantes, principalmente na área cível, até que se instituísse o primeiro Código Civil Brasileiro1. Apenas em 1824, com a promulgação da Constituição Imperial, determinou-se, no Brasil, a organização do Código Civil e do Código Penal, que viriam consolidar a unidade política do país e das províncias2. A concepção de família foi consagrada pelo Código Civil de 1916, mas profundamente alterada por valores e princípios introduzidos pela Constituição Federal de 1988. Observa-se que, muito embora nosso Código Civil de 1916 não tenha definido o instituto da família, condicionou-a para sua legitimidade ao casamento civil, que segundo os ensinamentos de Caio Mário da Silva Pereira, é importante instituto do qual se originam relações entre os cônjuges, com a imposição de deveres e direitos recíprocos, merecendo especial destaque as relações patrimoniais que implicam no estabelecimento dos regimes de bens do casal3. O conceito de família passou por profunda mudança com o texto constitucional de 1988, alterando a base com que a mesma se delineava. Antes disso, para o legislador constituinte de 1967, havia apenas uma família, a legítima, oriunda do casamento. Desse modo, somente a família constituída pelo casamento seria amparada pelo Estado, como dispunha o artigo 175 do texto constitucional 4. 1 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil: Introdução ao Direito Civil; Teoria Geral de Direito Civil. 20 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2003, 1 v. p. 16-18. 2 DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil: Teoria Geral do Direito Civil. 21. ed. São Paulo: Saraiva, 2004, 1 v. p. 48. 3 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil: Direito de Família. 11. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2000, 5 v. p. 23. 4 4 MOELLER, Oscarlino. A União Estável e seu Suporte Constitucional. Revista da Escola Paulista de Magistratura. São Paulo: APAMAGIS, N. 2, 1997, p. 49-58. Página 13 / 147 MISSÃO: “Oferecer oportunidades de educação, contribuindo para a formação de profissionais conscientes e competentes, comprometidos com o comportamento ético e visando ao desenvolvimento Regional”. Estabelecendo elementos delineadores da instituição familiar, o ordenamento jurídico favorece assim, o surgimento de repercussões em outras áreas, sobretudo no Direito das Sucessões, um dos segmentos do Direito Civil e ao qual muito importa os reflexos trazidos pela alteração da definição da família. Tanto é assim que a sucessão legítima se dá por vínculos familiares. A referida sucessão é deferida às pessoas da família do de cujus,5 em obediência à determinada ordem fixada na lei. Assim, faz-se oportuno descrever os fundamentos históricos e jurídicos do direito sucessório6. 2. Suceder é substituir, tomar lugar de outrem no campo dos fenômenos jurídicos. Na sucessão, existe uma substituição do titular de um direito. Esse é o conceito amplo de sucessão no direito. Quando o conteúdo e o objeto da relação jurídica permanecem os mesmos, mas mudam os titulares da relação jurídica, operando-se uma substituição, diz-se que houve uma transmissão no direito ou uma sucessão. Assim, sempre que uma pessoa tomar o lugar de outra em uma relação jurídica há uma sucessão. A etimologia da palavra (sub cedere) tem exatamente esse sentido, ou seja, de alguém tomar o lugar de outrem. No direito costuma-se fazer uma grande linha divisória entre duas formas de sucessão: a que deriva de um ato entre vivos, como um contrato, por exemplo, e a que deriva ou tem como causa a morte (causa mortis), quando os direitos e obrigações da pessoa que morre transferem-se para os herdeiros ou legatários7. Quando se fala em direito das sucessões, está-se tratando de um campo específico do direito civil: transmissão de bens, direitos e obrigações em razão da morte. É o direito hereditário, que se distingue do sentido genérico da palavra sucessão, que se aplica também à sucessão entre vivos. Assim, a primeira noção de sucessão é a de transmissão de bens, revelando a aspiração do homem de subsistir por intermédio de seu patrimônio. A titularidade dos bens do falecido, em razão de sua morte, é assumida pelos herdeiros, dando continuidade às tradições familiares. Nas palavras de Arnaldo Rizzardo: “Suceder conceitua-se como herdar ou receber o patrimônio daquele que faleceu. Verifica-se o fenômeno da extinção da relação e, em seu lugar, apresentando-o o sucessor, sem que se modifique o objeto da sucessão” 8 . 5 A expressão “de cujus” está consagrada para referir ao morto, de quem se trata da sucessão (retirada da frase latina de cujus sucessione agitur). VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: direito das Sucessões, 8ª. ed., São Paulo: Ed.Atlas S.A. 2008. 6 RODRIGUES, Sílvio. Direito Civil: direito das sucessões. 26ª. ed. Revisão e atualização: Zeno Venoso. São Paulo: Saraiva, 2003, 7 v. p. 93. 7 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: direito das Sucessões, 8ª. ed., São Paulo: Ed.Atlas S.A. 2008, p. 1. 8 RIZZARDO, Arnaldo. Direito das Sucessões. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2005, p. 11. Página 14 / 147 MISSÃO: “Oferecer oportunidades de educação, contribuindo para a formação de profissionais conscientes e competentes, comprometidos com o comportamento ético e visando ao desenvolvimento Regional”. A sucessão é instituição datada de muito antes da Era Cristã, encontrando-se consagrada, entre outros, nos direitos egípcio, hindu e babilônico. Nas civilizações antigas, não havia castigo maior do que uma pessoa falecer sem deixar quem pudesse cultuar sua alma. Cabia assim, ao herdeiro, o sacerdócio do culto de seu antepassado, da família. Por esta razão, Foustel de Coulanges aponta a íntima conexão entre o direito hereditário e o culto familiar nas sociedades mais antigas9. Observa-se que o primeiro fundamentoda sucessão foi de ordem religiosa10. Na Roma Antiga, por exemplo, dizia-se que o herdeiro continuava a personalidade do falecido, pois havia a noção de transmissão do ser espiritual do parente falecido. Numa estrutura rígida da família, o pai era o soberano, que por testamento, elegia o herdeiro mais habilitado para exercer o comando da família e realizar as práticas religiosas domésticas, em favor do defunto, além de administrar o patrimônio existente11. Quando, todavia, passou a prevalecer os sentimentos individualistas, surgiu dessa noção, a propriedade familiar. Conseqüentemente, o fundamento da sucessão passou da necessidade de conduzir a vida religiosa para uma verdadeira continuidade patrimonial. Nessa perspectiva, o patrimônio era mantido dentro de um grupo restrito de pessoas, ligadas pelo parentesco próximo. O propósito era manter poderosa a família, impedindo a divisão do patrimônio entre os vários filhos12. Por ser mera construção positivista, os jusnaturalistas entendiam que a sucessão e a propriedade poderiam ser abolidas, desde que isso interessasse às conveniências familiares13. Houve ainda algumas tentativas de se fundamentar o direito sucessório nas pesquisas biológicas e antropológicas, que demonstrariam uma espécie de continuidade da vida humana por meio da transmissão de ascendentes a descendentes não só das características genéticas como também do perfil psicológico, para concluírem que a lei, ao permitir a transmissão patrimonial, homenageava tal continuidade biopsíquica14. 9 RODRIGUES, Sílvio. Direito Civil: direito das sucessões. 26. ed. Revisão e atualização: Zeno Venoso. São Paulo: Saraiva, 2003, 7 v. p. 4; COULANGES, Foustel. La Cite Antique, 18. ed. Paris, 1903, p. 77. 10 HIRONAKA, Giselda Maria Fernandes Novaes. Direito das Sucessões: Introdução. Direito das Sucessões e o Novo Código Civil. Belo Horizonte: Del Rey, 2004, p. 1-14. 11 RODRIGUES, Sílvio. Direito Civil: direito das sucessões. 26. ed. Revisão e atualização: Zeno Venoso. São Paulo: Saraiva, 2003, 7 v. p. 3-4. 12 RIZZARDO, Arnaldo. Direito das Sucessões. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2005, p. 3; HIRONAKA, Giselda Maria Fernandes Novaes. Direito das Sucessões: Introdução. Direito das Sucessões e o Novo Código Civil. Belo Horizonte: Del Rey, 2004, p. 1-14. 13 MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de Direito Civil: direito das sucessões. 35. ed. São Paulo: Saraiva, 2005, 6 v. p. 5; PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil. 13. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2001, 6 v. p. 5; ITABAIANA DE OLIVEIRA, Arthur Vasco. Tratado de Direito das Sucessões. São Paulo: Max Limond, 1952, 1 v., p. 50. 14 DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro: direito das Sucessões. 19. ed. São Paulo: Saraiva, 2005, 6 v. p. 5. Página 15 / 147 MISSÃO: “Oferecer oportunidades de educação, contribuindo para a formação de profissionais conscientes e competentes, comprometidos com o comportamento ético e visando ao desenvolvimento Regional”. Os socialistas, em contrapartida, negavam qualquer tipo de fundamento à sucessão, sobretudo, negavam a legitimidade do direito de propriedade privada, entendendo que os bens pertenceriam ao Estado com a finalidade de beneficiar toda a comunidade. Nessa perspectiva, os particulares poderiam ter a posse desses bens, que era tolerada até o momento da morte do possuidor, retornando posteriormente, ao Estado15. Outra maneira de fundamentar o direito sucessório seria alinhar o direito de família ao direito de propriedade. A transmissão causa mortis estaria atrelada à manutenção pura e simples dos bens na família como forma de acumulação de capital que estimularia a poupança, o trabalho e a economia16. Cabe observar ainda, que a referida transmissão operava-se pela linha masculina. A sucessão se dava exclusivamente pela tomada do lugar do falecido na condução do culto doméstico pelo herdeiro, que, no entanto, não recebia os bens em transmissão, uma vez que não pertenciam ao morto, mas a toda a família, capitaneada pelo varão mais velho, descendente direto dos deuses domésticos. Incumbia ao descendente de sexo masculino a administração do acervo familiar e a condução da vida religiosa e doméstica17. A linha hereditária, portanto, surgia na continuidade do filho varão. A filha, se herdeira e solteira, o era sempre provisoriamente. Eram criadas várias situações para que a filha casasse e a herança passasse ao marido. Afora o interesse religioso na sucessão hereditária, na herança já havia o interesse dos credores do defunto, que tinham na pessoa do herdeiro alguém para cobrar os créditos, já que o patrimônio do herdeiro, à época, unia-se ao patrimônio do falecido. Ainda, na ausência de herdeiro, não fosse simplesmente o problema religioso, os credores podiam apossar-se dos bens da pessoa falecida, vendendo-os em sua totalidade, como uma universalidade. Tal venda de bens (bonorum venditio) “manchava de infâmia a honra do defunto” (Petit, 1970:666).18 A noção de sucessão universal já era bem clara no Direito Romano: o herdeiro recebia o patrimônio inteiro do falecido, assumindo a posição de proprietário, podendo propor ações na defesa dos bens e ser demandado pelos credores. Ao contrário do que ocorre modernamente, a sucessão por testamento não podia conviver com a sucessão por força da lei. Ou era nomeado um herdeiro por ato e última vontade do autor da herança, ou era, na falta de testamento, a lei quem indicava o herdeiro. 15 RIZZARDO, Arnaldo. Direito das Sucessões. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2005, p. 13. 16 DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro: Direito das Sucessões. 19 ed. São Paulo: Saraiva, 2005, 6 v. p. 6. 17 ALMEIDA, José Luiz Gavião de. Código Civil Comentado: direito das sucessões, sucessão em geral, sucessão legítima: arts. 1.784 a 1.856. Álvaro Villaça Azevedo (coord.). São Paulo: Atlas, 2003, 18 v. p. 24 18 Ibidem nota 7, p. 3 Página 16 / 147 MISSÃO: “Oferecer oportunidades de educação, contribuindo para a formação de profissionais conscientes e competentes, comprometidos com o comportamento ético e visando ao desenvolvimento Regional”. Diante de tais justificativas da sucessão, acredita-se não ser possível considerar apenas uma das teorias de fundamentação do direito hereditário, não se olvidando ainda de que os socialistas as negam por completo19. A sucessão consagrada pela Constituição Federal Brasileira determina a obrigação do Estado de assegurar ao indivíduo a possibilidade de transmitir seus bens aos sucessores, pois, assim fazendo, estimula-o a produzir cada vez mais, o que coincide com o interesse da sociedade (CF/1988, art. 5º, XXII e XXX). Desse modo, reconhece-se a importante função social desempenhada pela sucessão hereditária20. Tal possibilidade de deferimento do acervo de direitos e obrigações do autor da herança a determinadas pessoas, seja por indicação da lei ou por manifestação de última vontade, é uma das questões mais relevantes do direito sucessório21. No Brasil, em razão da sociedade capitalista, a propriedade privada é o fundamento do direito sucessório, uma vez que este consagra a possibilidade do indivíduo acumular riquezas durante a vida, para após a morte transmiti-las a seus sucessores, visando, com isso, impedir não apenas a supressão da sucessão causa mortis, mas também, a apropriação dos bens do indivíduo que falece, pelo Poder Público. Acredita-se que com o acúmulo da riqueza individual acaba beneficiando a sociedade. Todavia, seria incoerente o Estado se apropriar dos bens de uma pessoa após a sua morte, quando durante toda a suavida lhe foi garantida a propriedade privada daqueles bens. Os romanos, assim como os gregos, admitiam as duas formas de sucessão, com ou sem testamento. O direito grego, contudo só admitia a sucessão por testamento na falta de filhos. No Direito Romano a sucessão testamentária era a regra, pela necessidade dos romanos deveria ter sempre após sua morte, quem continuasse o culto familiar. 3. O Direito das Sucessões e Direito Sucessório: Conceitos e Noções preliminares. Oportuno ressaltar que ao estabelecer como fundamento constitucional a dignidade da pessoa humana, o constituinte optou por superar o individualismo, passando a tutelar a pessoa como parte da sociedade e nas diversas relações jurídicas que possa integrar. Por isso, a Constituição Federal propugna a construção de uma sociedade livre, justa e solidária com fundamento na dignidade da pessoa humana. Existe numa idéia central inerente no corpo social, que é a da figura do sucessor. Essa noção parte de uma das ficções mais arraigadas no pensamento social, ou seja, a idéia de continuação ou continuidade da pessoa falecida, que é denominado para efeitos deste 19 HIRONAKA, Giselda Maria Fernandes Novaes. Direito das Sucessões: Introdução. Direito das Sucessões e o Novo Código Civil. Belo Horizonte: Del Rey, 2004, p. 4. 20 GAMA, Guilherme Calmon Nogueira da. Direito Civil: Sucessões. São Paulo: Atlas, 2003, p. 25. 21 RIZZARDO, Arnaldo. Direito das Sucessões. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2005, p. 14. Página 17 / 147 MISSÃO: “Oferecer oportunidades de educação, contribuindo para a formação de profissionais conscientes e competentes, comprometidos com o comportamento ético e visando ao desenvolvimento Regional”. estudo, autor da herança, na pessoa do sucessor universal (por força de lei) ou sucessor singular (por força de testamento). Assim como entre vivos a sucessão pode-se dar a título singular (um bem, ou em certos bens determinados), ou a título universal (como, por exemplo, quando uma pessoa jurídica adquire a totalidade do patrimônio de outra, direitos e obrigações, ativo e passivo), também no direito das sucessões. Quando, pela morte, é transmitida uma universalidade, ou seja, a totalidade de um patrimônio dá-se a sucessão hereditária, tem-se a herança, que é uma universalidade, pouco importando o número de herdeiros a que seja atribuída. A sucessão a título singular, no direito hereditário, ocorre, por via de testamento, quando o testador, nesse alto de última vontade, aquinhoa uma pessoa com um bem certo e determinado de seu patrimônio, o legado. Cria assim a figura do legatário o titular do direito, e o legado, o objeto da instituição feita no testamento. A terminologia utilizada no Direito das sucessões tem alcance próprio e específico e não se confunde com as sucessões operadas em vida, pelos titulares dos direitos, normalmente disciplinadas pelo Direito das obrigações. O compartimento das sucessões, ao contrário do que ocorre nas obrigações e nos direitos reais, foi o que mais sofreu mutações com relação ao direito moderno, e isso decorre, em grande parte, pelas mudanças havidas no Direito de família. A idéia da sucessão por causa da morte (causa mortis) não aflora unicamente no interesse privado: O Estado também tem o maior interesse de que um patrimônio não reste sem titular, o que lhe traria um ônus a mais. Para o Estado, ao resguardar o direito à sucessão (agora como princípio constitucional, nos termos do art. 5º. Inc. XXX, da Carta Constitucional de 1988), está também protegendo a família e ordenando sua própria economia. 22 O direito das sucessões disciplina, portanto, a projeção das situações jurídicas existentes, no momento da morte, do desaparecimento físico da pessoa, à seus sucessores. A primeira idéia, com raízes históricas, é de que a herança (o patrimônio hereditário) transfere-se dentro da família. Daí, então a excelência da ordem de vocação hereditária inserida na lei: a denominada “sucessão legítima”. O legislador determina uma ordem de sucessores, a ser estabelecida, no caso de o falecido não ter deixado testamento, ou quando, mesmo perante a existência e ato de última vontade, este não puder ser cumprido. Observa-se que entre nós o testamento é pouco utilizado, justamente em razão de que a lei atende, em geral, ao vinculo afetivo familiar. Normalmente quem tem um patrimônio espera que, com sua morte, os bens sejam atribuídos aos descendentes, e são eles que estão colocados em primeiro lugar na vocação legal. 22 Ibidem nota 7, p. 4. Página 18 / 147 MISSÃO: “Oferecer oportunidades de educação, contribuindo para a formação de profissionais conscientes e competentes, comprometidos com o comportamento ético e visando ao desenvolvimento Regional”. No Direito das Sucessões adotado atualmente no Brasil é possível a convivência da sucessão legítima (a que decorre da ordem legal) com a sucessão testamentária (a que decorre de ato de última vontade, do testamento). Outra noção central no Direito das sucessões é a que decorre da idéia de propriedade, pois só se transfere bens e direitos pertencentes a alguém. A idéia central da sucessão deriva, portanto, da conceituação da propriedade e, como tal, sendo dela um reflexo, depende do tratamento legislativo da propriedade. Assim, tanto mais amplo será o direito sucessório quanto maior for o âmbito da propriedade privada no sistema legislativo. E vice-versa, tanto mais restrita será a transmissão sucessória, quanto mais restrito for o tratamento da propriedade privada na lei. Assim, só é possível falar em Direito das sucessões depois que sociedade passou a reconhecer a propriedade privada. Enquanto, no curso da civilização, a propriedade era coletiva, pertencente a um grupo social, não havia sucessão individual. No Direito Civil brasileiro moderno, a ligação do Direito das sucessões com o Direito de Família e o Direito das coisas é muito estreita. Como a transmissão da herança envolve ativo e passivo, direitos e obrigações, não se prescinde no campo de nosso estudo neste semestre do Direito das Obrigações e muito menos da parte Geral do Código Civil. Esta é, na verdade a razão de o Direito das sucessões estar colocado como última parte de nosso Código Civilista e, também ser colocado didaticamente no último compartimento de estudo nas Escolas de Direito. Entretanto, no âmbito da interação do Direito, o Direito sucessório será continuamente tocado por outros campos do Direito, como o Direito tributário (mormente para recolhimento de impostos específicos, causa mortis, questões de imposto de renda relativas ao de cujus, etc..), o Direito previdenciário, (questões que envolvem benefícios, como pensão por morte, etc..), o Direito penal (para exame das causas de deserdação e indignidade, por exemplo), isso sem falar do Direito processual, no procedimento do inventário e seus incidentes e das ações derivadas da herança, como a ação de sonegados, de petição de herança e habilitação de herdeiro, etc... Embora, com freqüência, sejam empregados os termos sucessão como sinônimo de herança, estas noções não podem ser confundidas. A sucessão refere-se ao ato de suceder, que pode ocorrer por ato ou fato entre vivos ou por causa da morte. O termo herança é exclusivo do Direito sucessório, objeto do nosso estudo neste semestre. Entende-se herança como o conjunto de direitos e obrigações que se transmitem, em razão da morte, a uma pessoa, ou a um conjunto de pessoas, que sobreviveram ao falecido. Da mesma forma, o termo espólio, refere-se ao conjunto de direitos e deveres pertencentes à pessoa falecida, ao de cujus. O espólioé visto como uma simples massa patrimonial que permanece coesa até a atribuição dos quinhões hereditários aos herdeiros. O termo espólio é utilizado sob o prisma processual, sendo o inventariante que o representa em juízo. Página 19 / 147 MISSÃO: “Oferecer oportunidades de educação, contribuindo para a formação de profissionais conscientes e competentes, comprometidos com o comportamento ético e visando ao desenvolvimento Regional”. Assim, herança entra no conceito de patrimônio e deve ser visto como o patrimônio do de cujus. Definimos o patrimônio como o conjunto de direitos reais e obrigações, ativos e passivos pertencentes a uma pessoa, portanto, herança é o patrimônio da pessoa falecida, ou seja, autor da herança. De outro lado, o patrimônio transmissível contém bens materiais e imateriais, mas sempre coisas avaliáveis economicamente. Os direitos meramente pessoais como tutela, curatela, os cargos públicos, extinguem-se com a morte, por serem direitos personalíssimos23. A compreensão da herança deve ser de uma universalidade, onde o herdeiro recebe a herança na sua integralidade ou uma quota-fração dela, sem determinação de bens, o que ocorrerá somente com a partilha. O herdeiro terá essa condição por estar colocado na ordem da vocação hereditária, (art. 1.829 do CC), ou por ter sido aquinhoado com uma fração da herança por testamento. A figura do legatário só por ser derivada do testamento. O legatário recebe coisa, ou coisas determinadas do monte hereditário, o legado. Por isso, o herdeiro é sucessor universal do de cujus, enquanto que o legatário é sucessor singular. Importante observar que com a morte do sujeito, desaparece o titular do patrimônio. No entanto, por necessidade prática, o patrimônio permanece íntegro, sob a denominação de espólio, como vimos. A unidade patrimonial, até a atribuição dos quinhões aos herdeiros legítimos e legatários, permanece integra justamente para facilitar a futura divisão ou transmissão a um só herdeiro. Durante o período em que a herança tem existência, o patrimônio possui um caráter indiviso, como conseqüência da universalidade que é. Assim, cada herdeiro se porta como condômino da herança. Embora a herança seja uma unidade abstrata, ideal, que pode até mesmo dispensar a existência de bens materiais, não se deve acreditar, de plano que seja indivisível. Quando existem vários herdeiros chamados a suceder o de cujus, dividem-se entre eles partes iguais, fracionárias, de metade, de terço, de quarto, etc... Deste modo, a unidade da universalidade concilia-se com a coexistência de vários herdeiros, porque cada um deles tem direito a uma quota-parte ou porção ideal da universalidade. Assim, cada herdeiro é potencialmente proprietário do todo, embora seu direito seja limitado pela fração ideal. 24 Importante referir aqui que a herança se dá por lei ou por disposição de última vontade, (art. 1786). O testamento traduz esta última vontade e quando este existir, atende- se no que couber, segundo as regras hereditárias, a vontade do testador. Quando não houver testamento ou no que sobrar dele, segue-se a ordem de vocação hereditária legitima. Por outro lado, prevalece a vocação testamentária legítima, quando não houver testamento ou este não puder ser cumprido. Importante identificarmos também desde logo, qual a lei aplicável às sucessões já abertas. Neste sentido, o art. 1787 regula de forma tradicional o fenômeno, determinando que se aplique a lei vigente ao tempo da morte, a sucessão e a legitimação para suceder. 23 Ibidem nota 7, p. 7. 24 Ibidem nota 7, p. 8. Página 20 / 147 MISSÃO: “Oferecer oportunidades de educação, contribuindo para a formação de profissionais conscientes e competentes, comprometidos com o comportamento ético e visando ao desenvolvimento Regional”. Desse modo, as sucessões hereditárias que se abriram até a data do término da vigência do Código de 1916 serão regidas por ele. Assim, quem era considerado herdeiro naquele momento concorrerá a herança, ainda que a legislação mais recente o exclua dessa condição. Quanto a capacidade para suceder, prevalece a regra do momento da morte, ou seja, na data da abertura da sucessão, aplicando-se o art. 1787. Por outro lado o testamento feito sob a égide formal do Código de 1916 será válido e os testamentos elaborados na vigência do atual Código devem obedecer a seus requisitos formais. Acentua-se que a herança é uma universalidade, não importando o número de herdeiros, os quais recebem desde logo uma fração indivisa do patrimônio até que sua quota-parte se materialize com a partilha. Já legado é um bem determinado, ou bens determinados, especificados no monte hereditário. Assim, o legatário sucede a título singular, a semelhança do que ocorre na sucessão singular entre vivos. Só existe legado, e consequentemente a figura do legatário, no testamento. Não existindo testamento válido e eficaz, não haverá legado. No testamento poderão coexistir instituições de herdeiros e legatários. O testador poderá deixar 1/3 da sua herança a Fulano e o imóvel da Rua X a Beltrano, existindo ai um herdeiro e um legatário, respectivamente. 25 Essa diferença entre herdeiro e legatário acarreta enormes conseqüências práticas, pois o legatário na tem a posse que o herdeiro detém, com a abertura da sucessão. Como regra geral o legatário necessita pedir ao herdeiro a entrega da coisa legada. O legatário, salvo disposição expressa do testador, não responde pelo pagamento das dívidas do espólio, cuja atribuição é exclusiva dos herdeiros. De outro lado, o herdeiro responde pelas dívidas do de cujus, mas na proporção de seu quinhão. Na legislação brasileira nada impede que uma mesma pessoa seja, ao mesmo tempo, herdeira e legatária. O legado consiste em uma coisa definida e muito se assemelha a uma doação, constando apenas de um testamento e não de um contrato. Dessa forma, cabe ao Código Civil disciplinar a sucessão causa mortis e demais matérias cíveis, em obediência aos valores propugnados pela Constituição Federal. O Código Civil de 2002 trouxe profundas modificações para o direito brasileiro, sobretudo no Direito das Sucessões, quando alterou os direitos sucessórios do cônjuge supérstite, mas tais regras se aplicam apenas para as sucessões abertas após a entrada em vigor da lei, no dia 11 de janeiro de 2003. 25 Ibidem nota 7, p. 10. Página 21 / 147 MISSÃO: “Oferecer oportunidades de educação, contribuindo para a formação de profissionais conscientes e competentes, comprometidos com o comportamento ético e visando ao desenvolvimento Regional”. FACULDADE DOM ALBERTO SANTA CRUZ DO SUL - RS Curso de Direito Direito Civil VI – Direito das Sucessões Anexo 01 – Plano de Aula 02 DIREITO SUCESSÓRIO: CONCEITOS E NOÇÕES GERAIS. 1. Introdução. O vocábulo "sucessão", em seu sentido mais amplo, significa o ato ou efeito de suceder, pelo qual uma pessoa assume o lugar de outra, substituindo-a na propriedade de seus bens ou titularidade de seus direitos. Temos vários exemplos de sucessão lato sensu do (sentido amplo) no Direito Brasileiro: Em uma Cessão de Crédito, o cessionário sucede ao cedente na titularidade do direito, da mesma forma ocorre na sub-rogação de um pagamento. Contudo, o presente estudo tem por objeto a sucessão em seu sentido mais estrito, aquele exclusivamente relacionado a sucessão decorrente da morte de alguém, por isso denominada de sucessão Mortis Causa. O Direito Sucessório se ocupa de estudar as relações econômicas advindas de transmissões do patrimônio, diga-se ativo e passivo do de cuju, chamadode autor da herança, em favor dos seus herdeiros. 2. A abertura da Sucessão e o Princípio da Saisine. No Brasil e na maioria dos outros países, esta matéria obedece a um princípio conhecido como Princípio da Saisine, que diz que, no exato momento da morte de alguém, deverá ser aberta sua sucessão, para que, automaticamente se transmita a herança aos herdeiros legítimos e testamentários. Tal princípio encontra amparo no Código Civil Brasileiro, no art. 1.784: "Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros legítimos e testamentários." Entende-se, após a leitura deste dispositivo legal que, no mesmo instante em que ocorre a morte, ocorrerá também a abertura da sucessão, considerando-se a partir deste momento, os herdeiros legítimos ou testamentários como tais. A massa de bens e direitos que será transmitida aos herdeiros recebe o nome de espólio, que contém tanto o patrimônio ativo do de cujus,– direitos creditórios, garantias – como seu patrimônio passivo – dívidas, hipotecas e afins. 3. Espécies de Sucessão Página 22 / 147 MISSÃO: “Oferecer oportunidades de educação, contribuindo para a formação de profissionais conscientes e competentes, comprometidos com o comportamento ético e visando ao desenvolvimento Regional”. O Código Civil prevê duas formas de Sucessão: A Legal e a Testamentária. A Sucessão Legítima, ou ab intestato é aquela definida por lei. Ocorre quando o falecido não deixou testamento ou codicilo, ou seja, as divisões, quinhões finais, serão todos definidos segundo a legislação. A Sucessão Testamentária é aquela advinda de disposição de última vontade do de cujus, como um testamento ou codicilo, seguindo, portanto, a divisão neles prevista. 4. Objeto da Sucessão: A Herança A herança, como sugere o Título do Capítulo é o objeto da Sucessão, seja ela Legítima ou Testamentária. Enquanto não for feita a partilha o direito dos herdeiros de percebê-la é considerado indivisível, de acordo com o art. 1.791, do novo diploma civil: "Até a partilha, o direito dos co-herdeiros, quanto a propriedade e posse da herança, será indivisível, e regular-se-á pelas normas relativas ao condomínio." Tal indivisibilidade tem relações com o domínio e a posse dos bens constantes da herança, desde a abertura até a partilha final. Da mesma forma, o Código Civil, em seu art. 80, II, considera o direito a sucessão aberta um bem imóvel, para os casos de alienação e pleitos judiciais, mesmo que a herança consista apenas em bens móveis, verbis: "Consideram-se imóveis para os efeitos legais: I – os direitos reais sobre bens imóveis e as ações que os asseguram; II – o direito à sucessão aberta”. Tal definição legal gera diversos efeitos, principalmente nas esferas real e tributária, uma vez que o direito a sucessão aberta está sujeito à cobrança de diversos impostos e obrigações próprias dos bens imóveis, tais como ITCD ou ITBI. O fato de ter caráter imóvel também obriga que uma possível renúncia ou cessão, ou seja, alienação de herança seja feita através de Escritura Pública com Outorga Uxória ou Mandado Judicial, uma vez que não se admite que a propriedade de bens imóveis seja transferida pela mera tradição simples. 5. Herdeiros Legítimos, Necessários, Testamentários e Legatários: Diferença. No Direito sucessório brasileiro são utilizadas diversas nomenclaturas para aqueles que recebem a herança, sendo as principais: Herdeiros Legítimos, Herdeiros Necessários, Herdeiros Testamentários e Legatários. Herdeiros Legítimos são aqueles definidos em lei, quando for processada a Sucessão Legítima. Possuem uma ordem estabelecida no art. 1.829 do Código Civil e obedecem a determinadas regras. São assim chamados por ter o deferimento do seu quinhão estabelecido em lei. Página 23 / 147 MISSÃO: “Oferecer oportunidades de educação, contribuindo para a formação de profissionais conscientes e competentes, comprometidos com o comportamento ético e visando ao desenvolvimento Regional”. Herdeiros Necessários não estão, obrigatoriamente, ligados a um tipo de Sucessão. São assim considerados por ser uma qualidade dada somente a alguns parentes próximos do de cujus, determinados pelo art. 1.845: "São herdeiros necessários os descendentes, os ascendentes e o cônjuge." Ou seja, herdeiro necessário é todo parente em linha reta, ou cônjuge sucessível. A lei confere a estes a legítima, que não pode ser subtraída por vontade do de cujus. Por sua vez, são chamados de Herdeiros Testamentários aqueles que têm seu quinhão definido e deferido através de testamento feito pelo testador. Já os legatários são aqueles que recebem um Legado, que consiste em uma coisa certa, um corpuscerto e determinado, deixado a alguém, ou seja, uma transmissão Mortis Causa título singular. Convém salientar que nada impede que uma mesma pessoa se beneficie das duas modalidades de herança ao mesmo tempo. Por exemplo, o filho do de cujus pode ser ao mesmo tempo, herdeiro necessário e receber um legado seu. 6. A vocação hereditária Vocação Hereditária consiste na capacidade, ou legitimidade que alguém possui (ou não) para suceder. Em outras palavras, possui vocação hereditária aquele que tem capacidade para entrar na sucessão na qualidade de herdeiro. Há uma regra geral para a vocação hereditária, constante no art. 1.798 do Novo Código Civil: "Legitimam-se a suceder as pessoas nascidas ou já concebidas no momento da abertura da sucessão." Assim, todo aquele já nascido que possui algum vínculo familiar ou testamentário com o de cujus goza, a rigor, de vocação hereditária. A expressão "já concebidas" permite que até o nascituro entre como herdeiro em potencial. Convém salientar que, especificamente na Sucessão Testamentária, há uma exceção à regra geral, contida no art. 1.798 do diploma civil, na medida em que até os filhos ainda não concebidos dos herdeiros testamentários poderão ser chamados, segundo o disposto no inciso I do art. 1.799, verbis: "Na Sucessão Testamentária podem ainda ser chamados a suceder: I – os filhos, ainda não concebidos, de pessoas indiadas pelo testador, desde que vivas estas ao abrir-se a sucessão; II – (...) III – (...)" A priori, o dispositivo pode parecer confuso, entretanto, a razão de ser do mesmo é permitir que se beneficie uma possível prole do herdeiro testamentário, pois este poderá vir Página 24 / 147 MISSÃO: “Oferecer oportunidades de educação, contribuindo para a formação de profissionais conscientes e competentes, comprometidos com o comportamento ético e visando ao desenvolvimento Regional”. a falecer durante o próprio processo de inventário do de cujus, não havendo, contudo, prejuízo para seus filhos. Observe-se que se o herdeiro testamentário vier a falecer antes do testador, esse dispositivo legal será inepto, pois condiciona o benefício aos filhos do herdeiro testamentário ao fato deste estar vivo ao tempo da abertura da sucessão. 7. Herdeiros Necessários A lei exprime que todo descendente ou ascendente sucessível, bem como, o cônjuge, é chamado de Herdeiros Necessários. Não é aquele somente tipificado em Lei, como o Herdeiro Legítimo. Como possui a qualidade de necessário, a lei confere ao mesmo o direito à Legítima. O de cujus de maneira alguma pode, por arbítrio próprio, se furtar a transferir ao herdeiro necessário a Legítima a que este possui direito. Contudo, nada impede que o herdeiro necessário renuncie a herança, na conformidade da Lei. 8. Legítima e Metade Disponível do patrimônio do de cujus – Distinção. O patrimônio de uma pessoa, enquanto viva, pode ser dividido em duas metades: A Legítima ea Metade Disponível. Entretanto, como veremos tal distinção somente produzirá efeitos práticos se houverem herdeiros necessários em jogo (descendentes, ascendentes e/ou cônjuge sucessíveis). A metade chamada de Legítima é aquela que a lei transmite obrigatoriamente, e de maneira igual, aos herdeiros necessários, a não ser que eles mesmos (e seus cônjuges, se houver), de maneira expressa, renunciem à herança, por força do art. 1.846 do Código Civil: "Pertence aos herdeiros necessários, de pleno direito, a metade dos bens da herança, constituindo a legítima." No caso dessa ressalva, nem o próprio autor da herança poderá deixar de transferir a Legítima para algum herdeiro necessário. A outra metade do patrimônio, chamada de Metade Disponível, é aquela que o autor da herança pode deixar para quem quiser, mediante um ato de disposição de última vontade (Testamento ou Codicilo), a priori, não há restrições visíveis quanto à forma de disposição da metade disponível, contudo, mesmo a disposição de última vontade deve obedecer a certas determinações emanadas da lei, como veremos posteriormente. 9. Direito de Representação Como sabemos, a sucessão pode ser "por cabeça", quando é deferido segundo direito próprio, ou seja, quando o herdeiro recebe a herança por si só; ou "por estirpe", quando é chamado a suceder outra pessoa em lugar do herdeiro, em virtude deste não Página 25 / 147 MISSÃO: “Oferecer oportunidades de educação, contribuindo para a formação de profissionais conscientes e competentes, comprometidos com o comportamento ético e visando ao desenvolvimento Regional”. poder suceder. Por exemplo, se o falecido deixou descendentes, estes lhe sucedem por cabeça. Segundo o art. 1.851 do Código Civil, o Direito de Representação ocorre quando a lei chama outros sucessores para representar algum sucessor que não possa suceder, seja por pré-morte ou deserdação, ou indignidade, da seguinte forma: "Dá-se o direito de representação quando a lei chama certos parentes do falecido a suceder em todos os direitos, em que ele sucederia se vivo fosse." Da mesma forma, o quinhão daquele que for representado será repartido entre os seus representantes (no caso, seus próprios herdeiros), por força do art. 1.855 do diploma civil: "O quinhão do representado partir-se-á por igual entre os representantes." Vejamos o seguinte caso: Se o autor da herança deixou quatro filhos, chamados de "A", "B", "C" e "D". O seu patrimônio será dividido igualmente estes quatro herdeiros. Contudo o herdeiro de nome "B" já é falecido antes do pai (ou seja, é pré-morto), deixando este ("B") dois filhos. A herança será deferida da seguinte forma: os filhos "A", "C" e "D" ficarão cada um com 25% da herança deixada pelo autor da herança. Com relação aos 25% que caberiam a "B", pré-morto, este seu quinhão será divido igualmente entre os seus dos filhos, que o sucederão por representação. Os filhos de "B" somente terão direito ao quinhão de seu pai pré-morto, por força do art. 1.854 da lei civil pátria: "Os representantes só podem herdar, como tais, o que herdaria o representado, se vivo fosse." De todo modo, todos os representantes do pré-morto, não importa quantos forem, somente terão direito ao quinhão que o representado herdaria se fosse vivo, dividindo-se este quinhão igualmente por todos os representantes. 10. Abertura do Inventário e Administração da Herança O Inventário é o processo de jurisdição contenciosa, que dá início à sucessão Legítima ou Testamentária, através do qual ocorre a avaliação e descrição dos bens do falecido, posteriormente, há a liquidação (pagamento) do seu patrimônio passivo (dívidas), o devido imposto (ITCD) é pago e, ao fim do processo é expedido o documento de Formal de Partilha , ou uma Carta de Adjudicação , caso haja, respectivamente, vários ou apenas um herdeiro. Não cabe ao presente estudo versar sobre as normas processuais civis acerca do inventário e partilha dos bens, contudo, são necessárias, para o perfeito entendimento do leitor, algumas explicações sucintas sobre o processo de Inventário. Deve ser aberto dentro de um prazo de 30 dias, no Juízo do lugar da sucessão, segundo o que dispõe o art. 1.796 do Código Civil, in verbis: Página 26 / 147 MISSÃO: “Oferecer oportunidades de educação, contribuindo para a formação de profissionais conscientes e competentes, comprometidos com o comportamento ético e visando ao desenvolvimento Regional”. "No prazo de trinta dias, a contar da abertura da sucessão, instaurar- se-á inventário do patrimônio hereditário, perante o juízo competente, no lugar da sucessão, para fins de liquidação e, quando for o caso, de partilha da herança." Dentro do processo do Inventário, haverá um momento em que se nomeará o Inventariante, o responsável pela avaliação e descrição de todos os bens hereditários, devendo este prestar compromisso formal perante o Juiz para que inicie suas funções. Enquanto não for aberto o Inventário, ou o Inventariante não prestar seu compromisso a herança deverá ser administrada por alguém, para que não se deteriore ou se perca. O administrador será escolhido segundo as regras do art. 1.797 do Código Civil, verbis: "Até o compromisso do Inventariante, a administração da herança caberá, sucessivamente: I – ao cônjuge, ou companheiro, se com o outro vivia ao tempo da abertura da sucessão; II – ao herdeiro que estiver na posse e administração dos bens, e, se houver mais de um nessas condições, o mais velho; III – ao testamenteiro; IV – a pessoa de confiança do juiz, na falta ou escusa das indicadas nos incisos antecedentes, ou quando tiverem de ser afastadas por motivo grave levado ao conhecimento do juiz." A administração provisória da herança caberá, portanto, na seguinte ordem: ao cônjuge ou companheiro supérstite, ao herdeiro que tiver na posse de cada um dos bens da herança, ou o mais velho entre estes. No caso de sucessão testamentária, a administração provisória caberá ao testamenteiro nomeado pelo testador na declaração de última vontade. Por último, se nenhuma destas pessoas puder administrar, será nomeada uma pessoa de confiança do juiz (in casu, um curador ad hoc), que procederá com tal administração até que o inventariante preste seu juramento. 11. Herança: Aceitação e Renúncia Como já abordado, os direitos à sucessão aberta e a perceber a herança são considerados bens imóveis por definição legal. Tal definição possui diversos desdobramentos, constantes na legislação civil como um todo, em especial no que tange a renúncia e a transferência de tal direito (imóvel). Primeiramente, veremos o artigo do Código Civil que trata sobre renúncia ou aceitação herança, o 1.804, verbis: "Aceita a herança, torna-se definitiva a sua transmissão ao herdeiro, desde a abertura da sucessão. Parágrafo único. A transmissão tem-se por não verificada quando o herdeiro renuncia à herança." Página 27 / 147 MISSÃO: “Oferecer oportunidades de educação, contribuindo para a formação de profissionais conscientes e competentes, comprometidos com o comportamento ético e visando ao desenvolvimento Regional”. Denota-se, a partir da leitura do dispositivo legal supracitado que, uma vez aceita a herança, a transmissão dos respectivos quinhões aos herdeiros torna-se um ato definitivo, irrevogável, com efeitos ex tunc à abertura da sucessão. A aceitação da herança poderá ser expressa ou tácita. Será expressa quando feita por declaração escrita, e tácita quando os atos do herdeiro renunciante derem a entender sua plena aceitação, conforme o disposto no caput do artigo 1.805 do diploma civil, verbis: "A aceitação da herança, quando expressa, faz-sepor declaração escrita; quando tácita, há de resultar tão somente de atos próprios da qualidade de herdeiro" Contudo, quando o assunto é renúncia de herança, esta deve ser expressa, obrigatoriamente feita via instrumento público, em geral uma Escritura Pública de Natureza Declaratória, por força do disposto no art. 1.806: "A renúncia da herança deve constar expressamente de instrumento público ou termo judicial." Há que se salientar o fato de necessitar da Outorga Uxória (ou Autorização Marital) para que se processe perfeitamente tal renúncia, uma vez que o direito à sucessão aberta é um bem imóvel, conforme já dissemos. Há um dispositivo que regula o poder de aceitar ou renunciar, se trata do art. 1.808 do Código Civil, verbis: "Não se pode aceitar ou renunciar a herança em parte, sob condição ou a termo. 1º O herdeiro, a quem se testarem legados, pode aceita-los, renunciando a herança; ou aceitando-a, repudiá-los; 2º O herdeiro, chamado na mesma sucessão, a mais de um quinhão hereditário, sob títulos sucessórios diversos, pode livremente deliberar quanto aos quinhões que aceita e aos que renuncia." No caput do artigo há uma restrição à liberdade de renunciar à herança, uma vez que proíbe que o interessado renuncie seu quinhão em parte, exigindo alguma condição, ou impondo algum termo. A razão de ser desse dispositivo legal é impedir que, por exemplo, o herdeiro renuncie somente as dívidas da herança, ficando com o patrimônio ativo; ou exigindo que lhe seja pago algum valor para que aceite seu quinhão; ou, finalmente, impondo um período para que se inicie a sua plena aceitação, para que se prescreva alguma dívida de seu quinhão. De todo modo, é permitido ao herdeiro que tenha direito a mais de um quinhão, renunciar independentemente um dos outros os diferentes quinhões a que tem direito. Convém salientar que, uma vez aceita ou renunciada a herança, tais atos são, por força legal, irrevogáveis, não podendo o renunciante desistir de renunciar, sendo vedado qualquer arrependimento, com fulcro no art. 1.812, da lei civil pátria: "São irrevogáveis os atos de aceitação ou renúncia da herança." Página 28 / 147 MISSÃO: “Oferecer oportunidades de educação, contribuindo para a formação de profissionais conscientes e competentes, comprometidos com o comportamento ético e visando ao desenvolvimento Regional”. Sendo assim, uma vez renunciada a herança, em caráter irrevogável, a parte do herdeiro renunciante acrescerá à dos outros herdeiros da mesma classe, uma vez que sucedem "por cabeça". Todavia, se o renunciante for o único da sua classe de herdeiros, a herança será de pronto devolvido aos herdeiros da próxima classe, como dispõe o art. 1.810, da seguinte forma: "Na sucessão legítima, a parte do renunciante acresce à dos outros herdeiros da mesma classe e, sendo ele o único desta, devolve-se aos da subseqüente." O Código Civil atual, no capítulo que dispõe sobre a renúncia da herança, também protege os direitos que credores do herdeiro renunciante que já o eram ao tempo da renúncia, tal dispositivo é o art. 1.813: "Quando o herdeiro prejudicar os seus credores, renunciando à herança, poderão eles, com autorização do juiz, aceita-la em nome do renunciante. 1º A habilitação dos credores se fará no prazo de trinta dias seguintes ao conhecimento do fato. 2º Pagas as dívidas do renunciante, prevalece a renúncia quanto ao remanescente, que será devolvido aos demais herdeiros." Desta forma, os credores que já o eram ao tempo da renúncia, se forem por ela prejudicados, tem um prazo de 30 dias, a contar do conhecimento da referida renúncia, para que se habilitem e aceitem a herança em nome desse herdeiro, mediante uma autorização do juiz. Procedido ao pedido dos credores prejudicados, as dívidas do renunciante serão pagas, permanecendo a renúncia quanto ao restante, sendo este devolvido aos demais herdeiros. É importante que não se confunda Renúncia de Herança com Cessão de Direitos Hereditários. A primeira consiste no ato ou efeito de recusar-se a receber alguma herança, já a segunda é quando os direitos sucessórios que alguém tem direito são transferidos (alienados) para outrem, a título gratuito ou oneroso. 9. Aspecto Importante: A questão sucessória entre companheiros Antes de qualquer explanação acerca da sucessão na União Estável, que, a propósito sofreu algumas mudanças com o advento do Código Civil, uma vez que a mesma já era regulada pela legislação infraconstucional (vide Lei nº 8.971/94 e outras), cremos que se torna conveniente que sejam tecidas algumas definições sobre o que vem a ser o Instituto da União Estável. 10. Sucessão entre companheiros no Novo Diploma Civil. A questão sucessória entre os companheiros já vem sendo estudada desde 1994, quando foi editada a lei nº 8.971/94, que, entre outras coisas, concedia alimentos aos Página 29 / 147 MISSÃO: “Oferecer oportunidades de educação, contribuindo para a formação de profissionais conscientes e competentes, comprometidos com o comportamento ético e visando ao desenvolvimento Regional”. companheiros. Contudo, com o advento do Código Civil de 2002, a questão sucessória entre os companheiros ainda é uma vexata quaestio, uma vez que não se sabe com certeza absoluta, os fatos que comprovam a existência da União Estável, em virtude do caráter factual deste Instituto. O Novel Código Civil já caminha para que se desvendem muitas das dúvidas acerca da questão sucessória na União Estável, na medida em que facilita e expressa a forma de divisão dos bens dos companheiros, quando um destes vem a falecer, abrindo uma questão sucessória com poucos precedentes no ordenamento jurídico nacional. O Diploma Civil inicia a questão sucessória dos companheiros no seu art. 1.725, na medida em que dita uma regra geral para as uniões estáveis, vejamos: "Na união estável, salvo contrato escrito entre os companheiros, aplica-se às relações patrimoniais, no que couber, o regime da comunhão parcial de bens.” Em virtude disso, muitas das dúvidas, a priori, já se encontrariam clareadas, pois, por esta regra geral, bastava que se usassem as do regime da comunhão parcial quando da morte de um dos companheiros, dividindo-se o patrimônio comum em duas meações, ou se o de cujus deixou bens particulares, estes seriam divididos entre o companheiro sobrevivente e os herdeiros, ficando àquele na qualidade de meeiro e herdeiro. Entretanto, somente se aplicam no que couber, as regras de tal regime na união estável. Complementando este raciocínio, o legislador civil editou uma "segunda ordem de vocação hereditária", para ser usada especialmente quando se tratar de sucessão entre companheiros, verbis: "A companheira ou o companheiro participará da sucessão do outro, quanto aos bens adquiridos onerosamente na vigência da união estável, nas condições seguintes: I – se concorrer com filhos comuns, terá direito a uma quota equivalente à que por lei for atribuída ao filho; II – se concorrer com descendentes só do autor da herança, tocar-lhe-á a metade do que couber a cada um daqueles; III – se concorrer com outros parentes sucessíveis, terá direito a um terço da herança; IV – não havendo parentes sucessíveis, terá direito à totalidade da herança." Como se pode ver trata-se realmente de uma "vocação hereditária alternativa", a ser usada apenas na sucessão entre companheiros, e com relação aos bens adquiridos onerosamente durante a união estável. Os adquiridos a título gratuito, caso não haja nenhum parente sucessível, serão considerados herança vacante, ficando para a União ou Município, mercê dos artigos 1.819 e 1.822 do diploma civil, verbis: "Falecendo alguém sem deixar testamento
Compartilhar