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Direito Civil VI sucessões Erotides

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T338c TESSMANN, Erotides Kniphoff 
Caderno de Direito Civil VI – Sucessões Dom Alberto / Erotides 
Kniphoff Tessmann. – Santa Cruz do Sul: Faculdade Dom Alberto, 2010. 
Inclui bibliografia. 
 
1. Direito – Teoria 2. Direito Civil VI – Sucessões – Teoria I. TESSMANN, 
Erotides Kniphoff II. Faculdade Dom Alberto III. Coordenação de Direito 
IV. Título 
CDU 340.12(072) 
 
 
 
 Catalogação na publicação: Roberto Carlos Cardoso – Bibliotecário CRB10 010/10 
 
Página 2 / 147
APRESENTAÇÃO 
 
O Curso de Direito da Faculdade Dom Alberto teve sua semente 
lançada no ano de 2002. Iniciamos nossa caminhada acadêmica em 2006, 
após a construção de um projeto sustentado nos valores da qualidade, 
seriedade e acessibilidade. E são estes valores, que prezam pelo acesso livre 
a todos os cidadãos, tratam com seriedade todos processos, atividades e 
ações que envolvem o serviço educacional e viabilizam a qualidade acadêmica 
e pedagógica que geram efetivo aprendizado que permitem consolidar um 
projeto de curso de Direito. 
Cinco anos se passaram e um ciclo se encerra. A fase de 
crescimento, de amadurecimento e de consolidação alcança seu ápice com a 
formatura de nossa primeira turma, com a conclusão do primeiro movimento 
completo do projeto pedagógico. 
Entendemos ser este o momento de não apenas celebrar, mas de 
devolver, sob a forma de publicação, o produto do trabalho intelectual, 
pedagógico e instrutivo desenvolvido por nossos professores durante este 
período. Este material servirá de guia e de apoio para o estudo atento e sério, 
para a organização da pesquisa e para o contato inicial de qualidade com as 
disciplinas que estruturam o curso de Direito. 
Felicitamos a todos os nossos professores que com competência 
nos brindam com os Cadernos Dom Alberto, veículo de publicação oficial da 
produção didático-pedagógica do corpo docente da Faculdade Dom Alberto. 
 
Lucas Aurélio Jost Assis 
Diretor Geral 
 
Página 3 / 147
PREFÁCIO 
 
Toda ação humana está condicionada a uma estrutura própria, a 
uma natureza específica que a descreve, a explica e ao mesmo tempo a 
constitui. Mais ainda, toda ação humana é aquela praticada por um indivíduo, 
no limite de sua identidade e, preponderantemente, no exercício de sua 
consciência. Outra característica da ação humana é sua estrutura formal 
permanente. Existe um agente titular da ação (aquele que inicia, que executa a 
ação), um caminho (a ação propriamente dita), um resultado (a finalidade da 
ação praticada) e um destinatário (aquele que recebe os efeitos da ação 
praticada). Existem ações humanas que, ao serem executadas, geram um 
resultado e este resultado é observado exclusivamente na esfera do próprio 
indivíduo que agiu. Ou seja, nas ações internas, titular e destinatário da ação 
são a mesma pessoa. O conhecimento, por excelência, é uma ação interna. 
Como bem descreve Olavo de Carvalho, somente a consciência individual do 
agente dá testemunho dos atos sem testemunha, e não há ato mais desprovido 
de testemunha externa que o ato de conhecer. Por outro lado, existem ações 
humanas que, uma vez executadas, atingem potencialmente a esfera de 
outrem, isto é, os resultados serão observados em pessoas distintas daquele 
que agiu. Titular e destinatário da ação são distintos. 
Qualquer ação, desde o ato de estudar, de conhecer, de sentir medo 
ou alegria, temor ou abandono, satisfação ou decepção, até os atos de 
trabalhar, comprar, vender, rezar ou votar são sempre ações humanas e com 
tal estão sujeitas à estrutura acima identificada. Não é acidental que a 
linguagem humana, e toda a sua gramática, destinem aos verbos a função de 
indicar a ação. Sempre que existir uma ação, teremos como identificar seu 
titular, sua natureza, seus fins e seus destinatários. 
Consciente disto, o médico e psicólogo Viktor E. Frankl, que no 
curso de uma carreira brilhante (trocava correspondências com o Dr. Freud 
desde os seus dezessete anos e deste recebia elogios em diversas 
publicações) desenvolvia técnicas de compreensão da ação humana e, 
consequentemente, mecanismos e instrumentos de diagnóstico e cura para os 
eventuais problemas detectados, destacou-se como um dos principais 
estudiosos da sanidade humana, do equilíbrio físico-mental e da medicina 
como ciência do homem em sua dimensão integral, não apenas físico-corporal. 
Com o advento da Segunda Grande Guerra, Viktor Frankl e toda a sua família 
foram capturados e aprisionados em campos de concentração do regime 
nacional-socialista de Hitler. Durante anos sofreu todos os flagelos que eram 
ininterruptamente aplicados em campos de concentração espalhados por todo 
território ocupado. Foi neste ambiente, sob estas circunstâncias, em que a vida 
sente sua fragilidade extrema e enxerga seus limites com uma claridade única, 
Página 4 / 147
que Frankl consegue, ao olhar seu semelhante, identificar aquilo que nos faz 
diferentes, que nos faz livres. 
Durante todo o período de confinamento em campos de 
concentração (inclusive Auschwitz) Frankl observou que os indivíduos 
confinados respondiam aos castigos, às privações, de forma distinta. Alguns, 
perante a menor restrição, desmoronavam interiormente, perdiam o controle, 
sucumbiam frente à dura realidade e não conseguiam suportar a dificuldade da 
vida. Outros, porém, experimentando a mesma realidade externa dos castigos 
e das privações, reagiam de forma absolutamente contrária. Mantinham-se 
íntegros em sua estrutura interna, entregavam-se como que em sacrifício, 
esperavam e precisavam viver, resistiam e mantinham a vida. 
Observando isto, Frankl percebe que a diferença entre o primeiro 
tipo de indivíduo, aquele que não suporta a dureza de seu ambiente, e o 
segundo tipo, que se mantém interiormente forte, que supera a dureza do 
ambiente, está no fato de que os primeiros já não têm razão para viver, nada 
os toca, desistiram. Ou segundos, por sua vez, trazem consigo uma vontade de 
viver que os mantêm acima do sofrimento, trazem consigo um sentido para sua 
vida. Ao atribuir um sentido para sua vida, o indivíduo supera-se a si mesmo, 
transcende sua própria existência, conquista sua autonomia, torna-se livre. 
Ao sair do campo de concentração, com o fim do regime nacional-
socialista, Frankl, imediatamente e sob a forma de reconstrução narrativa de 
sua experiência, publica um livreto com o título Em busca de sentido: um 
psicólogo no campo de concentração, descrevendo sua vida e a de seus 
companheiros, identificando uma constante que permitiu que não apenas ele, 
mas muitos outros, suportassem o terror dos campos de concentração sem 
sucumbir ou desistir, todos eles tinham um sentido para a vida. 
Neste mesmo momento, Frankl apresenta os fundamentos daquilo 
que viria a se tornar a terceira escola de Viena, a Análise Existencial, a 
psicologia clínica de maior êxito até hoje aplicada. Nenhum método ou teoria foi 
capaz de conseguir o número de resultados positivos atingidos pela psicologia 
de Frankl, pela análise que apresenta ao indivíduo a estrutura própria de sua 
ação e que consegue com isto explicitar a necessidade constitutiva do sentido 
(da finalidade) para toda e qualquer ação humana. 
Sentido de vida é aquilo que somente o indivíduo pode fazer e 
ninguém mais. Aquilo que se não for feito pelo indivíduo não será feito sob 
hipótese alguma. Aquilo que somente a consciência de cada indivíduo 
conhece. Aquilo que a realidade de cada um apresenta e exige uma tomada de 
decisão. 
 
Página 5 / 147
Não existe nenhuma educação se não for para ensinar a superar-se 
a si mesmo, a transcender-se, a descobrir o sentido da vida. Tudo o mais é 
morno, é sem luz, é, literalmente, desumano. 
Educar é, pois, descobrir o sentido, vivê-lo, aceitá-lo, executá-lo. 
Educar não é treinar habilidades, não é condicionar comportamentos, não é 
alcançartécnicas, não é impor uma profissão. Educar é ensinar a viver, a não 
desistir, a descobrir o sentido e, descobrindo-o, realizá-lo. Numa palavra, 
educar é ensinar a ser livre. 
O Direito é um dos caminhos que o ser humano desenvolve para 
garantir esta liberdade. Que os Cadernos Dom Alberto sejam veículos de 
expressão desta prática diária do corpo docente, que fazem da vida um 
exemplo e do exemplo sua maior lição. 
Felicitações são devidas a Faculdade Dom Alberto, pelo apoio na 
publicação e pela adoção desta metodologia séria e de qualidade. 
Cumprimentos festivos aos professores, autores deste belo trabalho. 
Homenagens aos leitores, estudantes desta arte da Justiça, o Direito. 
. 
 
Luiz Vergilio Dalla-Rosa 
Coordenador Titular do Curso de Direito 
 
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Sumário 
Apresentação.........................................................................................................
Prefácio..................................................................................................................
Plano de Ensino....................................................................................................88.8888888888888888888888888888888888888888888888 
Aula 1 
Noções históricas e Introdutórias.......................................................................... 
 
Aula 2 
Direito Sucessório: Conceitos e Noções Gerais................................................... 
 
Aula 3 
Transmissão da Herança: Domínio e Posse........................................................ 
 
Aula 4 
Questões Importantes: do Inventário e da Partilha de Bens................................. 
Aula 5 
Direito das Sucessões: da Sucessão Testamentária....................................................... 
 
Aula 6 
Direito das Sucessões: Questões Controvertidas no direito sucessório 
dos Conjugues...................................................................................................... 
 
Aula 7 
Direito Sucessório: da Colação............................................................................. 
 
Aula 8 
Inventário e Partilha: Sucessão Hereditária.......................................................... 
 
Aula 9 
Direito das Sucessões: Inventário Judicial e Extrajudicial................................... 
 
Aula 10 
Direito Sucessório: da Habitação......................................................................... 
Aula 11 
Inventário, Separação e Divórcio na via Administrativa – Extrajudicial........................... 
Aula 12 
Direito das Sucessões: das Substituições........................................................... 
Aula 13 
Ações do Espólio e contra o Espólio........................................................................ 
Página 7 / 147
8
4
3
13
22
33
42
53
66
77
86
102
113
122
132
141
Missão: "Oferecer oportunidades de educação, contribuindo para a formação de profissionais conscientes e competentes, 
comprometidos com o comportamento ético e visando ao desenvolvimento regional”. 
Centro de Ensino Superior Dom Alberto 
 
Plano de Ensino 
 
Identificação 
Curso: Direito Disciplina: Direito Civil VI – Sucessões 
Carga Horária (horas): 60 Créditos: 4 Semestre: 7º 
 
Ementa 
Direito das sucessões. Espécies de Sucessão. Aceitação da herança. Renúncia. Retratação. Petição de 
herança. Cessão de herança. Sucessão de colaterais. Sucessão legítima. Sucessão na linha reta. Sucessão 
do cônjuge. Herança jacente. Sucessão testamentária. Substituições. Inventário. Arrolamento. Inventário 
negativo. Partilha. Avaliação da disciplina. 
 
Objetivos 
Geral: 
 Compreender as lógicas que cercam o Direito das Sucessões, através das relações entre os textos legais 
vigentes, as transformações sociais e as interpretações acadêmicas, auxiliando os acadêmicos a refletirem 
sobre o tema e instrumentalizando-os para que possam atuar de forma profissional com responsabilidade e 
senso humano. 
 
Específicos: 
Compreender como os operadores jurídicos trabalham com as noções do direito sucessório, a fim de 
desenvolver o raciocínio lógico-jurídico necessário a interferência profissional nas questões pertinentes ao 
tema e suas relações com os demais ramos do direito. 
 
Inter-relação da Disciplina 
Horizontal: Direito Constitucional, Processo Civil, Direito Civil I, II, III e V, Direito Tributário, Direito 
Administrativo, Direito Previdenciário, Direito Penal, Direito da Criança e Adolescente, etc 
 
Vertical: Introdução à Ciência do Direito, Filosofia aplicada ao Direito, Antropologia aplicada ao Direito, etc. 
 
Competências Gerais 
Realizar leitura, compreensão e elaboração de textos e documentos jurídicos ou normativos, com a devida 
utilização das normas técnico-jurídicas relacionados ao Direito das Sucessões; Dominar tecnologias e 
métodos para permanente compreensão e aplicação do Direto das Sucessões. 
 
Competências Específicas 
Interpretar e aplicar devidamente as normas atinentes ao Direito das Sucessões, diante de situações 
específicas; Pesquisar e utilizar adequadamente a legislação, jurisprudência, doutrina e outras fontes do 
direito no que se refere aos conteúdos do Direito das Sucessões; Utilizar corretamente a terminologia 
jurídica na elaboração de textos, pareceres e demais peças processuais; Julgar adequadamente os casos 
concretos e tomar decisão sobre qual a legislação aplicável as situações. 
 
Habilidades Gerais 
Ler e compreender as condições e elementos que envolvem os institutos do Direito das Sucessões, a luz do 
Direito de Família, Constituição Federal, ECA e demais disposições legais; Elaborar documentos jurídicos e 
peças processuais adotando a melhor técnica, bem como linguagem, legislação e demais fontes do direito 
de forma adequada. 
 
Habilidades Específicas 
Ter capacidade de identificar corretamente na legislação civilista as questões que envolvem o Direito das 
Sucessões; Interpretar e aplicar adequadamente a legislação, jurisprudência e doutrina, utilizando como 
fundamento na elaboração de textos, bem como expressar posicionamentos argumentativos a respeito dos 
assuntos relacionados ao Direito das Sucessões; Elaborar Petição inicial de inventário, arrolamento, 
habilitação, contestação e pareceres em casos concretos que envolvam Direito das Sucessões, utilizando 
raciocínio jurídico, de argumentação, de persuasão e de reflexão crítica. 
 
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Missão: "Oferecer oportunidades de educação, contribuindo para a formação de profissionais conscientes e competentes, 
comprometidos com o comportamento ético e visando ao desenvolvimento regional”. 
Conteúdo Programático 
1. Sucessão: 
1.1. Noções Introdutórias E Históricas; 
1.2. Conceitos Que Envolvem A Sucessão E O Direito Sucessório; 
1.3. Abertura Da Sucessão, 
1.4. Momento E Lugar, 
1.5. Objeto. 
2. Espécies: 
2.1. Legítima, 
2. 2. Testamentária. 
3. Herdeiros: 
3.1. Herdeiro A Título Singular, 
3.2. Herdeiro A Título Universal. 
4. Aceitação E Renúncia Da Herança. 
5. Transmissão Da Posse E Domínio Da Herança. 
6. Herança Jacente E Vacante. 
7. Capacidade Para Suceder. 
8. Indignidade E Deserdação. 
9. Sucessão Legítima: 
9.1. Vocação Hereditária, 
9.2. Parentesco, 
9.3. Direito De Representação, 
9.4. Direito De Transmissão, 
9.5. Formas De Suceder, 
9.6. Modos De Partilhar. 
10 - Sucessão Testamentária: 
10.1. Legítima E Herdeiros Necessários, 
10.2. O Testamento, 
10.3. Formas E Características, 
10.4. Requisitos, 
10.5. Figuras Do Testamento, 
10.6. Cláusulas E Disposições Testamentárias, 
10.7. Causas De Inexecução Do Testamento 
11 - Codicilo. 
12 - Capacidade Para Testar. 
13 – Legados. 
14 - Inventários: 
14.1. Abertura, 
14.2. Competência, 
14.3. Administração Do Espólio, 
14.4. Inventariante, 
14.5. Imposto De Transmissão, 
14.6. Ações Do Espólio,14.7. Alvarás No Inventário 
15 – Arrolamento: 
15.1. Comum, 
15.2. Sumário. 
16 - Partilha: 
16.1. Amigável, 
16.2. Judicial, 
16.3. Rescisão, 
16.4. Nulidade. 
17 – Colação. 
18 – Sonegados. 
19 - Petição De Herança. 
20 - Cessão Da Herança. 
21 - Garantia Dos Quinhões. 
22- Partilhas Extrajudiciais - Lei 11441/2007 
 
Estratégias de Ensino e Aprendizagem (metodologias de sala de aula) 
Aulas expositivas dialógico-dialéticas. Trabalhos individuais e em grupo para análise de possíveis soluções 
de casos práticos relacionados á realidade do aluno. Estudos de casos. Utilização de recurso Áudio-Visual. 
 
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Missão: "Oferecer oportunidades de educação, contribuindo para a formação de profissionais conscientes e competentes, 
comprometidos com o comportamento ético e visando ao desenvolvimento regional”. 
Avaliação do Processo de Ensino e Aprendizagem 
A avaliação do processo de ensino e aprendizagem deve ser realizada de forma contínua, cumulativa e 
sistemática com o objetivo de diagnosticar a situação da aprendizagem de cada aluno, em relação à 
programação curricular. Funções básicas: informar sobre o domínio da aprendizagem, indicar os efeitos da 
metodologia utilizada, revelar conseqüências da atuação docente, informar sobre a adequabilidade de 
currículos e programas, realizar feedback dos objetivos e planejamentos elaborados, etc. 
 
Para cada avaliação o professor determinará a(s) formas de avaliação podendo ser de duas formas: 
 
1ª – uma prova com peso 10,0 (dez) ou uma prova de peso 8,0 e um trabalho de peso 2,0 
 2ª – uma prova com peso 10,0 (dez) ou uma prova de peso 8,0 e um trabalho de peso 2,0 
 
Avaliação Somativa 
A aferição do rendimento escolar de cada disciplina é feita através de notas inteiras de zero a dez, 
permitindo-se a fração de 5 décimos. 
O aproveitamento escolar é avaliado pelo acompanhamento contínuo do aluno e dos resultados por ele 
obtidos nas provas, trabalhos, exercícios escolares e outros, e caso necessário, nas provas substitutivas. 
Dentre os trabalhos escolares de aplicação, há pelo menos uma avaliação escrita em cada disciplina no 
bimestre. 
O professor pode submeter os alunos a diversas formas de avaliações, tais como: projetos, seminários, 
pesquisas bibliográficas e de campo, relatórios, cujos resultados podem culminar com atribuição de uma 
nota representativa de cada avaliação bimestral. 
Em qualquer disciplina, os alunos que obtiverem média semestral de aprovação igual ou superior a sete 
(7,0) e freqüência igual ou superior a setenta e cinco por cento (75%) são considerados aprovados. 
Após cada semestre, e nos termos do calendário escolar, o aluno poderá requerer junto à Secretaria-Geral, 
no prazo fixado e a título de recuperação, a realização de uma prova substitutiva, por disciplina, a fim de 
substituir uma das médias mensais anteriores, ou a que não tenha sido avaliado, e no qual obtiverem como 
média final de aprovação igual ou superior a cinco (5,0). 
 
Sistema de Acompanhamento para a Recuperação da Aprendizagem 
Serão utilizados como Sistema de Acompanhamento e Nivelamento da turma os Plantões Tira-Dúvidas que 
são realizados sempre antes de iniciar a disciplina, das 18h00min às 18h50min, na sala de aula. 
 
Recursos Necessários 
Humanos 
Professor. 
Físicos 
Laboratórios, visitas técnicas, etc. 
Materiais 
 Recursos Multimídia. 
 
Bibliografia 
Básica 
 
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro - Direito das Sucessões. São Paulo, Saraiva. 
RIZZARDO, Arnaldo. Direito das Sucessões. Rio de Janeiro: Forense. 
RODRIGUES, Silvio. Curso de Direito Civil. Direito das Sucessões. São Paulo. Saraiva. 
VENOZA, S.S. Direito das Sucessões. São Paulo, Atlas. 
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro, Vol.7. São Paulo: Saraiva. 
 
Complementar 
 
MONTEIRO, Washington de B. Curso de Direito Civil. Direito das Sucessões. São Paulo: Saraiva. 
GOMES, Orlando. Direito de Família, Sucessões. Rio de Janeiro: Forense, 1995. 
ALMADA, Ney de Mello. Sucessões. São Paulo: Malheiros. 
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil. Direito das Sucessões. Rio de Janeiro, Forense. 
VIANA, Marco Aurélio. Curso de Direito Civil – Direito das Sucessões, Vl.6. São Paulo: Saraiva. 
Legislação: 
NERY, Nelson. Código Civil Comentado. São Paulo: RT, 2007. 
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Missão: "Oferecer oportunidades de educação, contribuindo para a formação de profissionais conscientes e competentes, 
comprometidos com o comportamento ético e visando ao desenvolvimento regional”. 
Periódicos 
Direito das Famílias e Sucessões (Editora Magister) 
Sites para Consulta 
www.ibdfam.org.br/ 
www.tj.rs.gov.br 
www.trf4.gov.br 
www.senado.gov.br 
www.stf.gov.br 
www.stj.gov.br 
www.ihj.org.br 
www.oab-rs.org.br 
Outras Informações 
Endereço eletrônico de acesso à página do PHL para consulta ao acervo da biblioteca: 
http://192.168.1.201/cgi-bin/wxis.exe?IsisScript=phl.xis&cipar=phl8.cip&lang=por 
 
 
Cronograma de Atividades 
Aula Consolidação Avaliação Conteúdo Procedimentos Recursos 
1ª 
1. SUCESSÃO: 
1.1. Noções Introdutórias e históricas; 
1.2. Conceitos que envolvem a Sucessão e o Direito 
Sucessório; 
Aula expositiva 
dialógico-dialética 
e posterior 
conclusões em 
duplas. 
AE – TI – 
TG – OU – 
AP e QG 
2ª 
1.3. Abertura da Sucessão, 
1.4. Momento e Lugar, 
1.5. Objeto. 
2. ESPÉCIES DE SUCESSÃO: 
2.1. Legítima, 
2. 2. Testamentária. 
Aula expositiva 
dialógico-dialética 
e posterior 
conclusões em 
duplas 
Idem 
3ª 
3. HERDEIROS: 
3.1. Herdeiro a título singular, 
3.2. Herdeiro a título universal. 
4. ACEITAÇÃO E RENÚNCIA DA HERANÇA. 
 
Aula expositiva 
dialógico-dialética 
e posterior 
conclusões 
individuais 
AE – DS – 
AP – TI e 
OU 
4ª 
5. TRANSMISSÃO DA POSSE E DOMÍNIO DA 
HERANÇA. 
6. HERANÇA JACENTE E VACANTE. 
Seminário LB - SE e 
OU 
5ª 
7. CAPACIDADE PARA SUCEDER. 
8. INDIGNIDADE E DESERDAÇÃO 
 
Aula expositiva 
dialógico-dialética 
com posterior 
parecer 
AE – TI – 
TG – OU – 
AP e QG 
6ª Recesso 
7ª 
9. SUCESSÃO LEGÍTIMA: 
9.1. Vocação Hereditária, 
9.2. Parentesco, 
9.3. Direito de Representação, 
9.4. Direito de Transmissão, 
9.5. Formas de Suceder, 
9.6. Modos de Partilhar. 
Aula expositiva 
dialógico-dialética 
e posterior 
conclusões 
individuais 
AE – QG – 
AP – TI e 
OU 
 1 
10 - SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA: 
10.1. Legítima e Herdeiros Necessários, 
10.2. O testamento, 
10.3. Formas e Características, 
10.4. Requisitos, 
10.5. Figuras do Testamento, 
10.6. Cláusulas e disposições testamentárias, 
10.7. Causas de inexecução do testamento. 
Aula expositiva 
dialógico-dialética 
com auxílio de DS 
e posterior 
conclusões em 
duplas 
AE – DS – 
AP – TI e 
OU 
 1 1ª. Consolidação 
8ª 1ª. Prova – Avaliação 
9ª 
11 - CODICILO. 
12 - CAPACIDADE PARA TESTAR. 
13 – LEGADOS. 
14 - INVENTÁRIOS: 
14.1. Abertura, 
14.2. Competência, 
Seminário LB – SE e 
OU 
10ª 14.3. Administração do espólio, 14.4. Inventariante, 
Aula expositiva 
dialógico-dialética 
AE – QG – 
AP – TI e 
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Missão: "Oferecer oportunidades de educação, contribuindo para a formação de profissionais conscientes e competentes, 
comprometidos com o comportamento ético e visando ao desenvolvimento regional”. 
14.5. Imposto de Transmissão, 
14.6. Ações do Espólio, 
14.7. Alvarás no inventário 
com posterior 
respostas a 
questionamentos 
OU 
11ª 
15 – ARROLAMENTO: 
15.1. Comum, 
15.2. Sumário. 
 
Aula expositiva 
dialógico-dialética 
com auxílio de DS 
e posterior 
conclusões em 
duplas 
AE – DS – 
AP – TI e 
OU 
12ª 
16 - PARTILHA: 
16.1. Amigável, 
16.2. Judicial, 
16.3. Rescisão, 
16.4.Nulidade. 
Seminário LB - SE e 
OU 
13ª 
17 – COLAÇÃO. 
18 – SONEGADOS. 
19 - PETIÇÃO DE HERANÇA. 
20 - CESSÃO DA HERANÇA. 
21 - GARANTIA DOS QUINHÕES. 
Aula expositiva 
dialógico-dialética 
e posterior 
elaboração de 
petição inicial 
AE – QG – 
AP – TG e 
OU 
 2 
22- PARTILHAS EXTRAJUDICIAIS - LEI 11441/2007 
 
Aula expositiva 
dialógico-dialética 
com auxilio de DS 
e posterior 
elaboração de 
proposta de 
partilha 
AE – DS – 
AP – TI e 
OU 
 2 2ª. Consolidação 
 3 2ª. Prova - Avaliação 
 
Prova Substitutiva 
 
Legenda 
Procedimentos Recursos 
Código Descrição Código Descrição Código Descrição 
AE Aula expositiva QG Quadro verde e giz LB Laboratório de informática 
TG Trabalho em 
grupo 
RE Retroprojetor PS Projetor de slides 
TI Trabalho 
individual 
VI Videocassete AP Apostila 
SE Seminário DS Data Show OU Outros 
PA Palestra FC Flipchart 
 
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MISSÃO: 
 
“Oferecer oportunidades de educação, contribuindo para a formação de profissionais conscientes e competentes, 
comprometidos com o comportamento ético e visando ao desenvolvimento Regional”. 
 
 
 
FACULDADE DOM ALBERTO 
 SANTA CRUZ DO SUL - RS 
 Curso de Direito 
 Direito Civil VI – Direito das Sucessões 
 Anexo 01 – Plano de Aula 01 
 
DIREITO DAS SUCESSÕES 
 
1. Noções históricas e Introdutórias. 
 
 A história do Direito Civil Brasileiro se originou com a necessidade de se reunirem 
metodicamente as normas concernentes a determinadas relações jurídicas. Até a 
proclamação da independência política, em 1822, não existiam no Brasil leis próprias, 
vigorando em todo o território brasileiro, as Ordenações Filipinas de Portugal, que foram 
alteradas por leis e decretos extravagantes, principalmente na área cível, até que se 
instituísse o primeiro Código Civil Brasileiro1. 
 
 Apenas em 1824, com a promulgação da Constituição Imperial, determinou-se, no 
Brasil, a organização do Código Civil e do Código Penal, que viriam consolidar a unidade 
política do país e das províncias2. A concepção de família foi consagrada pelo Código Civil de 
1916, mas profundamente alterada por valores e princípios introduzidos pela Constituição 
Federal de 1988. 
 
 Observa-se que, muito embora nosso Código Civil de 1916 não tenha definido o 
instituto da família, condicionou-a para sua legitimidade ao casamento civil, que segundo os 
ensinamentos de Caio Mário da Silva Pereira, é importante instituto do qual se originam 
relações entre os cônjuges, com a imposição de deveres e direitos recíprocos, merecendo 
especial destaque as relações patrimoniais que implicam no estabelecimento dos regimes de 
bens do casal3. 
 
 O conceito de família passou por profunda mudança com o texto constitucional de 
1988, alterando a base com que a mesma se delineava. Antes disso, para o legislador 
constituinte de 1967, havia apenas uma família, a legítima, oriunda do casamento. Desse 
modo, somente a família constituída pelo casamento seria amparada pelo Estado, como 
dispunha o artigo 175 do texto constitucional 4. 
 
 
1
 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil: Introdução ao Direito Civil; Teoria Geral de 
Direito Civil. 20 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2003, 1 v. p. 16-18. 
2
 DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil: Teoria Geral do Direito Civil. 21. ed. São Paulo: Saraiva, 2004, 
1 v. p. 48. 
3
 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil: Direito de Família. 11. ed. Rio de Janeiro: 
Forense, 2000, 5 v. p. 23. 
4
 4 MOELLER, Oscarlino. A União Estável e seu Suporte Constitucional. Revista da Escola Paulista de 
Magistratura. São Paulo: APAMAGIS, N. 2, 1997, p. 49-58. 
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MISSÃO: 
 
“Oferecer oportunidades de educação, contribuindo para a formação de profissionais conscientes e competentes, 
comprometidos com o comportamento ético e visando ao desenvolvimento Regional”. 
 
 
 Estabelecendo elementos delineadores da instituição familiar, o ordenamento 
jurídico favorece assim, o surgimento de repercussões em outras áreas, sobretudo no Direito 
das Sucessões, um dos segmentos do Direito Civil e ao qual muito importa os reflexos 
trazidos pela alteração da definição da família. 
 
 Tanto é assim que a sucessão legítima se dá por vínculos familiares. A referida 
sucessão é deferida às pessoas da família do de cujus,5 em obediência à determinada ordem 
fixada na lei. Assim, faz-se oportuno descrever os fundamentos históricos e jurídicos do 
direito sucessório6. 
 
 2. Suceder é substituir, tomar lugar de outrem no campo dos fenômenos jurídicos. 
 
Na sucessão, existe uma substituição do titular de um direito. Esse é o conceito 
amplo de sucessão no direito. Quando o conteúdo e o objeto da relação jurídica 
permanecem os mesmos, mas mudam os titulares da relação jurídica, operando-se uma 
substituição, diz-se que houve uma transmissão no direito ou uma sucessão. 
 
Assim, sempre que uma pessoa tomar o lugar de outra em uma relação jurídica há 
uma sucessão. A etimologia da palavra (sub cedere) tem exatamente esse sentido, ou seja, 
de alguém tomar o lugar de outrem. No direito costuma-se fazer uma grande linha divisória 
entre duas formas de sucessão: a que deriva de um ato entre vivos, como um contrato, por 
exemplo, e a que deriva ou tem como causa a morte (causa mortis), quando os direitos e 
obrigações da pessoa que morre transferem-se para os herdeiros ou legatários7. 
 
 Quando se fala em direito das sucessões, está-se tratando de um campo específico 
do direito civil: transmissão de bens, direitos e obrigações em razão da morte. É o direito 
hereditário, que se distingue do sentido genérico da palavra sucessão, que se aplica também 
à sucessão entre vivos. 
 
 Assim, a primeira noção de sucessão é a de transmissão de bens, revelando a 
aspiração do homem de subsistir por intermédio de seu patrimônio. A titularidade dos bens 
do falecido, em razão de sua morte, é assumida pelos herdeiros, dando continuidade às 
tradições familiares. 
 
Nas palavras de Arnaldo Rizzardo: 
“Suceder conceitua-se como herdar ou receber o patrimônio 
daquele que faleceu. Verifica-se o fenômeno da extinção da 
relação e, em seu lugar, apresentando-o o sucessor, sem que se 
modifique o objeto da sucessão” 
8
. 
 
5
 A expressão “de cujus” está consagrada para referir ao morto, de quem se trata da sucessão (retirada da frase 
latina de cujus sucessione agitur). VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: direito das Sucessões, 8ª. ed., São 
Paulo: Ed.Atlas S.A. 2008. 
6
 RODRIGUES, Sílvio. Direito Civil: direito das sucessões. 26ª. ed. Revisão e atualização: Zeno Venoso. São 
Paulo: Saraiva, 2003, 7 v. p. 93. 
7
 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: direito das Sucessões, 8ª. ed., São Paulo: Ed.Atlas S.A. 2008, p. 1. 
8
 RIZZARDO, Arnaldo. Direito das Sucessões. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2005, p. 11. 
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comprometidos com o comportamento ético e visando ao desenvolvimento Regional”. 
 
 
 A sucessão é instituição datada de muito antes da Era Cristã, encontrando-se 
consagrada, entre outros, nos direitos egípcio, hindu e babilônico. Nas civilizações antigas, 
não havia castigo maior do que uma pessoa falecer sem deixar quem pudesse cultuar sua 
alma. 
 
 Cabia assim, ao herdeiro, o sacerdócio do culto de seu antepassado, da família. Por 
esta razão, Foustel de Coulanges aponta a íntima conexão entre o direito hereditário e o 
culto familiar nas sociedades mais antigas9. 
 
 Observa-se que o primeiro fundamentoda sucessão foi de ordem religiosa10. Na 
Roma Antiga, por exemplo, dizia-se que o herdeiro continuava a personalidade do falecido, 
pois havia a noção de transmissão do ser espiritual do parente falecido. 
 
 Numa estrutura rígida da família, o pai era o soberano, que por testamento, elegia o 
herdeiro mais habilitado para exercer o comando da família e realizar as práticas religiosas 
domésticas, em favor do defunto, além de administrar o patrimônio existente11. 
 
 Quando, todavia, passou a prevalecer os sentimentos individualistas, surgiu dessa 
noção, a propriedade familiar. Conseqüentemente, o fundamento da sucessão passou da 
necessidade de conduzir a vida religiosa para uma verdadeira continuidade patrimonial. 
Nessa perspectiva, o patrimônio era mantido dentro de um grupo restrito de pessoas, 
ligadas pelo parentesco próximo. O propósito era manter poderosa a família, impedindo a 
divisão do patrimônio entre os vários filhos12. 
 
 Por ser mera construção positivista, os jusnaturalistas entendiam que a sucessão e a 
propriedade poderiam ser abolidas, desde que isso interessasse às conveniências 
familiares13. 
 
 Houve ainda algumas tentativas de se fundamentar o direito sucessório nas 
pesquisas biológicas e antropológicas, que demonstrariam uma espécie de continuidade da 
vida humana por meio da transmissão de ascendentes a descendentes não só das 
características genéticas como também do perfil psicológico, para concluírem que a lei, ao 
permitir a transmissão patrimonial, homenageava tal continuidade biopsíquica14. 
 
9
 RODRIGUES, Sílvio. Direito Civil: direito das sucessões. 26. ed. Revisão e atualização: Zeno Venoso. São 
Paulo: Saraiva, 2003, 7 v. p. 4; COULANGES, Foustel. La Cite Antique, 18. ed. Paris, 1903, p. 77. 
10
 HIRONAKA, Giselda Maria Fernandes Novaes. Direito das Sucessões: Introdução. Direito das Sucessões e o 
Novo Código Civil. Belo Horizonte: Del Rey, 2004, p. 1-14. 
11
 RODRIGUES, Sílvio. Direito Civil: direito das sucessões. 26. ed. Revisão e atualização: Zeno Venoso. São 
Paulo: Saraiva, 2003, 7 v. p. 3-4. 
12
 RIZZARDO, Arnaldo. Direito das Sucessões. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2005, p. 3; HIRONAKA, Giselda 
Maria Fernandes Novaes. Direito das Sucessões: Introdução. Direito das Sucessões e o Novo Código Civil. Belo 
Horizonte: Del Rey, 2004, p. 1-14. 
13
 MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de Direito Civil: direito das sucessões. 35. ed. São Paulo: 
Saraiva, 2005, 6 v. p. 5; PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil. 13. ed. Rio de Janeiro: 
Forense, 2001, 6 v. p. 5; ITABAIANA DE OLIVEIRA, Arthur Vasco. Tratado de Direito das Sucessões. São 
Paulo: Max Limond, 1952, 1 v., p. 50. 
14
 DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro: direito das Sucessões. 19. ed. São Paulo: Saraiva, 
2005, 6 v. p. 5. 
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comprometidos com o comportamento ético e visando ao desenvolvimento Regional”. 
 
 
 
 Os socialistas, em contrapartida, negavam qualquer tipo de fundamento à sucessão, 
sobretudo, negavam a legitimidade do direito de propriedade privada, entendendo que os 
bens pertenceriam ao Estado com a finalidade de beneficiar toda a comunidade. Nessa 
perspectiva, os particulares poderiam ter a posse desses bens, que era tolerada até o 
momento da morte do possuidor, retornando posteriormente, ao Estado15. 
 
 Outra maneira de fundamentar o direito sucessório seria alinhar o direito de família 
ao direito de propriedade. A transmissão causa mortis estaria atrelada à manutenção pura e 
simples dos bens na família como forma de acumulação de capital que estimularia a 
poupança, o trabalho e a economia16. 
 
 Cabe observar ainda, que a referida transmissão operava-se pela linha masculina. A 
sucessão se dava exclusivamente pela tomada do lugar do falecido na condução do culto 
doméstico pelo herdeiro, que, no entanto, não recebia os bens em transmissão, uma vez 
que não pertenciam ao morto, mas a toda a família, capitaneada pelo varão mais velho, 
descendente direto dos deuses domésticos. Incumbia ao descendente de sexo masculino a 
administração do acervo familiar e a condução da vida religiosa e doméstica17. 
 
 A linha hereditária, portanto, surgia na continuidade do filho varão. A filha, se 
herdeira e solteira, o era sempre provisoriamente. Eram criadas várias situações para que a 
filha casasse e a herança passasse ao marido. 
 
 Afora o interesse religioso na sucessão hereditária, na herança já havia o interesse 
dos credores do defunto, que tinham na pessoa do herdeiro alguém para cobrar os créditos, 
já que o patrimônio do herdeiro, à época, unia-se ao patrimônio do falecido. 
 
 Ainda, na ausência de herdeiro, não fosse simplesmente o problema religioso, os 
credores podiam apossar-se dos bens da pessoa falecida, vendendo-os em sua totalidade, 
como uma universalidade. Tal venda de bens (bonorum venditio) “manchava de infâmia a 
honra do defunto” (Petit, 1970:666).18 
 
 A noção de sucessão universal já era bem clara no Direito Romano: o herdeiro 
recebia o patrimônio inteiro do falecido, assumindo a posição de proprietário, podendo 
propor ações na defesa dos bens e ser demandado pelos credores. 
 
 Ao contrário do que ocorre modernamente, a sucessão por testamento não podia 
conviver com a sucessão por força da lei. Ou era nomeado um herdeiro por ato e última 
vontade do autor da herança, ou era, na falta de testamento, a lei quem indicava o herdeiro. 
 
 
15
 RIZZARDO, Arnaldo. Direito das Sucessões. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2005, p. 13. 
16
 DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro: Direito das Sucessões. 19 ed. São Paulo: Saraiva, 
2005, 6 v. p. 6. 
17
 ALMEIDA, José Luiz Gavião de. Código Civil Comentado: direito das sucessões, sucessão em geral, sucessão 
legítima: arts. 1.784 a 1.856. Álvaro Villaça Azevedo (coord.). São Paulo: Atlas, 2003, 18 v. p. 24 
18
 Ibidem nota 7, p. 3 
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comprometidos com o comportamento ético e visando ao desenvolvimento Regional”. 
 
 
 Diante de tais justificativas da sucessão, acredita-se não ser possível considerar 
apenas uma das teorias de fundamentação do direito hereditário, não se olvidando ainda de 
que os socialistas as negam por completo19. 
 
 A sucessão consagrada pela Constituição Federal Brasileira determina a obrigação do 
Estado de assegurar ao indivíduo a possibilidade de transmitir seus bens aos sucessores, 
pois, assim fazendo, estimula-o a produzir cada vez mais, o que coincide com o interesse da 
sociedade (CF/1988, art. 5º, XXII e XXX). Desse modo, reconhece-se a importante função 
social desempenhada pela sucessão hereditária20. 
 
 Tal possibilidade de deferimento do acervo de direitos e obrigações do autor da 
herança a determinadas pessoas, seja por indicação da lei ou por manifestação de última 
vontade, é uma das questões mais relevantes do direito sucessório21. 
 
 No Brasil, em razão da sociedade capitalista, a propriedade privada é o fundamento 
do direito sucessório, uma vez que este consagra a possibilidade do indivíduo acumular 
riquezas durante a vida, para após a morte transmiti-las a seus sucessores, visando, com 
isso, impedir não apenas a supressão da sucessão causa mortis, mas também, a apropriação 
dos bens do indivíduo que falece, pelo Poder Público. 
 
 Acredita-se que com o acúmulo da riqueza individual acaba beneficiando a 
sociedade. Todavia, seria incoerente o Estado se apropriar dos bens de uma pessoa após a 
sua morte, quando durante toda a suavida lhe foi garantida a propriedade privada daqueles 
bens. 
 
 Os romanos, assim como os gregos, admitiam as duas formas de sucessão, com ou 
sem testamento. O direito grego, contudo só admitia a sucessão por testamento na falta de 
filhos. No Direito Romano a sucessão testamentária era a regra, pela necessidade dos 
romanos deveria ter sempre após sua morte, quem continuasse o culto familiar. 
 
 3. O Direito das Sucessões e Direito Sucessório: Conceitos e Noções preliminares. 
 
Oportuno ressaltar que ao estabelecer como fundamento constitucional a dignidade 
da pessoa humana, o constituinte optou por superar o individualismo, passando a tutelar a 
pessoa como parte da sociedade e nas diversas relações jurídicas que possa integrar. Por 
isso, a Constituição Federal propugna a construção de uma sociedade livre, justa e solidária 
com fundamento na dignidade da pessoa humana. 
 
 Existe numa idéia central inerente no corpo social, que é a da figura do sucessor. Essa 
noção parte de uma das ficções mais arraigadas no pensamento social, ou seja, a idéia de 
continuação ou continuidade da pessoa falecida, que é denominado para efeitos deste 
 
19 HIRONAKA, Giselda Maria Fernandes Novaes. Direito das Sucessões: Introdução. Direito das Sucessões e o Novo 
Código Civil. Belo Horizonte: Del Rey, 2004, p. 4. 
20 GAMA, Guilherme Calmon Nogueira da. Direito Civil: Sucessões. São Paulo: Atlas, 2003, p. 25. 
21 RIZZARDO, Arnaldo. Direito das Sucessões. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2005, p. 14. 
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comprometidos com o comportamento ético e visando ao desenvolvimento Regional”. 
 
 
estudo, autor da herança, na pessoa do sucessor universal (por força de lei) ou sucessor 
singular (por força de testamento). 
 
 Assim como entre vivos a sucessão pode-se dar a título singular (um bem, ou em 
certos bens determinados), ou a título universal (como, por exemplo, quando uma pessoa 
jurídica adquire a totalidade do patrimônio de outra, direitos e obrigações, ativo e passivo), 
também no direito das sucessões. 
 
 Quando, pela morte, é transmitida uma universalidade, ou seja, a totalidade de um 
patrimônio dá-se a sucessão hereditária, tem-se a herança, que é uma universalidade, pouco 
importando o número de herdeiros a que seja atribuída. A sucessão a título singular, no 
direito hereditário, ocorre, por via de testamento, quando o testador, nesse alto de última 
vontade, aquinhoa uma pessoa com um bem certo e determinado de seu patrimônio, o 
legado. Cria assim a figura do legatário o titular do direito, e o legado, o objeto da instituição 
feita no testamento. 
 
 A terminologia utilizada no Direito das sucessões tem alcance próprio e específico e 
não se confunde com as sucessões operadas em vida, pelos titulares dos direitos, 
normalmente disciplinadas pelo Direito das obrigações. O compartimento das sucessões, ao 
contrário do que ocorre nas obrigações e nos direitos reais, foi o que mais sofreu mutações 
com relação ao direito moderno, e isso decorre, em grande parte, pelas mudanças havidas 
no Direito de família. 
 
 A idéia da sucessão por causa da morte (causa mortis) não aflora unicamente no 
interesse privado: O Estado também tem o maior interesse de que um patrimônio não reste 
sem titular, o que lhe traria um ônus a mais. Para o Estado, ao resguardar o direito à 
sucessão (agora como princípio constitucional, nos termos do art. 5º. Inc. XXX, da Carta 
Constitucional de 1988), está também protegendo a família e ordenando sua própria 
economia. 22 
 
 O direito das sucessões disciplina, portanto, a projeção das situações jurídicas 
existentes, no momento da morte, do desaparecimento físico da pessoa, à seus sucessores. 
A primeira idéia, com raízes históricas, é de que a herança (o patrimônio hereditário) 
transfere-se dentro da família. Daí, então a excelência da ordem de vocação hereditária 
inserida na lei: a denominada “sucessão legítima”. 
 
 O legislador determina uma ordem de sucessores, a ser estabelecida, no caso de o 
falecido não ter deixado testamento, ou quando, mesmo perante a existência e ato de 
última vontade, este não puder ser cumprido. 
 
 Observa-se que entre nós o testamento é pouco utilizado, justamente em razão de 
que a lei atende, em geral, ao vinculo afetivo familiar. Normalmente quem tem um 
patrimônio espera que, com sua morte, os bens sejam atribuídos aos descendentes, e são 
eles que estão colocados em primeiro lugar na vocação legal. 
 
22 Ibidem nota 7, p. 4. 
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comprometidos com o comportamento ético e visando ao desenvolvimento Regional”. 
 
 
 No Direito das Sucessões adotado atualmente no Brasil é possível a convivência da 
sucessão legítima (a que decorre da ordem legal) com a sucessão testamentária (a que 
decorre de ato de última vontade, do testamento). 
 
 Outra noção central no Direito das sucessões é a que decorre da idéia de 
propriedade, pois só se transfere bens e direitos pertencentes a alguém. A idéia central da 
sucessão deriva, portanto, da conceituação da propriedade e, como tal, sendo dela um 
reflexo, depende do tratamento legislativo da propriedade. 
 
 Assim, tanto mais amplo será o direito sucessório quanto maior for o âmbito da 
propriedade privada no sistema legislativo. E vice-versa, tanto mais restrita será a 
transmissão sucessória, quanto mais restrito for o tratamento da propriedade privada na lei. 
Assim, só é possível falar em Direito das sucessões depois que sociedade passou a 
reconhecer a propriedade privada. Enquanto, no curso da civilização, a propriedade era 
coletiva, pertencente a um grupo social, não havia sucessão individual. 
 
 No Direito Civil brasileiro moderno, a ligação do Direito das sucessões com o Direito 
de Família e o Direito das coisas é muito estreita. Como a transmissão da herança envolve 
ativo e passivo, direitos e obrigações, não se prescinde no campo de nosso estudo neste 
semestre do Direito das Obrigações e muito menos da parte Geral do Código Civil. Esta é, na 
verdade a razão de o Direito das sucessões estar colocado como última parte de nosso 
Código Civilista e, também ser colocado didaticamente no último compartimento de estudo 
nas Escolas de Direito. 
 
 Entretanto, no âmbito da interação do Direito, o Direito sucessório será 
continuamente tocado por outros campos do Direito, como o Direito tributário (mormente 
para recolhimento de impostos específicos, causa mortis, questões de imposto de renda 
relativas ao de cujus, etc..), o Direito previdenciário, (questões que envolvem benefícios, 
como pensão por morte, etc..), o Direito penal (para exame das causas de deserdação e 
indignidade, por exemplo), isso sem falar do Direito processual, no procedimento do 
inventário e seus incidentes e das ações derivadas da herança, como a ação de sonegados, 
de petição de herança e habilitação de herdeiro, etc... 
 
 Embora, com freqüência, sejam empregados os termos sucessão como sinônimo de 
herança, estas noções não podem ser confundidas. A sucessão refere-se ao ato de suceder, 
que pode ocorrer por ato ou fato entre vivos ou por causa da morte. 
 
 O termo herança é exclusivo do Direito sucessório, objeto do nosso estudo neste 
semestre. Entende-se herança como o conjunto de direitos e obrigações que se transmitem, 
em razão da morte, a uma pessoa, ou a um conjunto de pessoas, que sobreviveram ao 
falecido. Da mesma forma, o termo espólio, refere-se ao conjunto de direitos e deveres 
pertencentes à pessoa falecida, ao de cujus. 
 
 O espólioé visto como uma simples massa patrimonial que permanece coesa até a 
atribuição dos quinhões hereditários aos herdeiros. O termo espólio é utilizado sob o prisma 
processual, sendo o inventariante que o representa em juízo. 
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 Assim, herança entra no conceito de patrimônio e deve ser visto como o patrimônio 
do de cujus. Definimos o patrimônio como o conjunto de direitos reais e obrigações, ativos e 
passivos pertencentes a uma pessoa, portanto, herança é o patrimônio da pessoa falecida, 
ou seja, autor da herança. De outro lado, o patrimônio transmissível contém bens materiais 
e imateriais, mas sempre coisas avaliáveis economicamente. Os direitos meramente 
pessoais como tutela, curatela, os cargos públicos, extinguem-se com a morte, por serem 
direitos personalíssimos23. 
 
 A compreensão da herança deve ser de uma universalidade, onde o herdeiro recebe 
a herança na sua integralidade ou uma quota-fração dela, sem determinação de bens, o que 
ocorrerá somente com a partilha. O herdeiro terá essa condição por estar colocado na 
ordem da vocação hereditária, (art. 1.829 do CC), ou por ter sido aquinhoado com uma 
fração da herança por testamento. A figura do legatário só por ser derivada do testamento. 
O legatário recebe coisa, ou coisas determinadas do monte hereditário, o legado. Por isso, o 
herdeiro é sucessor universal do de cujus, enquanto que o legatário é sucessor singular. 
 
 Importante observar que com a morte do sujeito, desaparece o titular do patrimônio. 
No entanto, por necessidade prática, o patrimônio permanece íntegro, sob a denominação 
de espólio, como vimos. A unidade patrimonial, até a atribuição dos quinhões aos herdeiros 
legítimos e legatários, permanece integra justamente para facilitar a futura divisão ou 
transmissão a um só herdeiro. Durante o período em que a herança tem existência, o 
patrimônio possui um caráter indiviso, como conseqüência da universalidade que é. Assim, 
cada herdeiro se porta como condômino da herança. 
 
 Embora a herança seja uma unidade abstrata, ideal, que pode até mesmo dispensar a 
existência de bens materiais, não se deve acreditar, de plano que seja indivisível. Quando 
existem vários herdeiros chamados a suceder o de cujus, dividem-se entre eles partes iguais, 
fracionárias, de metade, de terço, de quarto, etc... 
 
 Deste modo, a unidade da universalidade concilia-se com a coexistência de vários 
herdeiros, porque cada um deles tem direito a uma quota-parte ou porção ideal da 
universalidade. Assim, cada herdeiro é potencialmente proprietário do todo, embora seu 
direito seja limitado pela fração ideal. 24 
 
 Importante referir aqui que a herança se dá por lei ou por disposição de última 
vontade, (art. 1786). O testamento traduz esta última vontade e quando este existir, atende-
se no que couber, segundo as regras hereditárias, a vontade do testador. Quando não 
houver testamento ou no que sobrar dele, segue-se a ordem de vocação hereditária 
legitima. Por outro lado, prevalece a vocação testamentária legítima, quando não houver 
testamento ou este não puder ser cumprido. 
 
 Importante identificarmos também desde logo, qual a lei aplicável às sucessões já 
abertas. Neste sentido, o art. 1787 regula de forma tradicional o fenômeno, determinando 
que se aplique a lei vigente ao tempo da morte, a sucessão e a legitimação para suceder. 
 
23 Ibidem nota 7, p. 7. 
24
 Ibidem nota 7, p. 8. 
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comprometidos com o comportamento ético e visando ao desenvolvimento Regional”. 
 
 
Desse modo, as sucessões hereditárias que se abriram até a data do término da vigência do 
Código de 1916 serão regidas por ele. Assim, quem era considerado herdeiro naquele 
momento concorrerá a herança, ainda que a legislação mais recente o exclua dessa 
condição. Quanto a capacidade para suceder, prevalece a regra do momento da morte, ou 
seja, na data da abertura da sucessão, aplicando-se o art. 1787. 
 
 Por outro lado o testamento feito sob a égide formal do Código de 1916 será válido e 
os testamentos elaborados na vigência do atual Código devem obedecer a seus requisitos 
formais. Acentua-se que a herança é uma universalidade, não importando o número de 
herdeiros, os quais recebem desde logo uma fração indivisa do patrimônio até que sua 
quota-parte se materialize com a partilha. 
 
 Já legado é um bem determinado, ou bens determinados, especificados no monte 
hereditário. Assim, o legatário sucede a título singular, a semelhança do que ocorre na 
sucessão singular entre vivos. Só existe legado, e consequentemente a figura do legatário, 
no testamento. Não existindo testamento válido e eficaz, não haverá legado. 
 
 No testamento poderão coexistir instituições de herdeiros e legatários. O testador 
poderá deixar 1/3 da sua herança a Fulano e o imóvel da Rua X a Beltrano, existindo ai um 
herdeiro e um legatário, respectivamente. 25 Essa diferença entre herdeiro e legatário 
acarreta enormes conseqüências práticas, pois o legatário na tem a posse que o herdeiro 
detém, com a abertura da sucessão. 
 
 Como regra geral o legatário necessita pedir ao herdeiro a entrega da coisa legada. O 
legatário, salvo disposição expressa do testador, não responde pelo pagamento das dívidas 
do espólio, cuja atribuição é exclusiva dos herdeiros. De outro lado, o herdeiro responde 
pelas dívidas do de cujus, mas na proporção de seu quinhão. 
 
 Na legislação brasileira nada impede que uma mesma pessoa seja, ao mesmo tempo, 
herdeira e legatária. O legado consiste em uma coisa definida e muito se assemelha a uma 
doação, constando apenas de um testamento e não de um contrato. Dessa forma, cabe ao 
Código Civil disciplinar a sucessão causa mortis e demais matérias cíveis, em obediência aos 
valores propugnados pela Constituição Federal. 
 
 O Código Civil de 2002 trouxe profundas modificações para o direito brasileiro, 
sobretudo no Direito das Sucessões, quando alterou os direitos sucessórios do cônjuge 
supérstite, mas tais regras se aplicam apenas para as sucessões abertas após a entrada em 
vigor da lei, no dia 11 de janeiro de 2003. 
 
25
 Ibidem nota 7, p. 10. 
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“Oferecer oportunidades de educação, contribuindo para a formação de profissionais conscientes e competentes, 
comprometidos com o comportamento ético e visando ao desenvolvimento Regional”. 
 
 
 
FACULDADE DOM ALBERTO 
 SANTA CRUZ DO SUL - RS 
 Curso de Direito 
 Direito Civil VI – Direito das Sucessões 
 Anexo 01 – Plano de Aula 02 
DIREITO SUCESSÓRIO: CONCEITOS E NOÇÕES GERAIS. 
 1. Introdução. 
 O vocábulo "sucessão", em seu sentido mais amplo, significa o ato ou efeito de 
suceder, pelo qual uma pessoa assume o lugar de outra, substituindo-a na propriedade de 
seus bens ou titularidade de seus direitos. Temos vários exemplos de sucessão lato sensu do 
(sentido amplo) no Direito Brasileiro: Em uma Cessão de Crédito, o cessionário sucede ao 
cedente na titularidade do direito, da mesma forma ocorre na sub-rogação de um 
pagamento. 
 
 Contudo, o presente estudo tem por objeto a sucessão em seu sentido mais estrito, 
aquele exclusivamente relacionado a sucessão decorrente da morte de alguém, por isso 
denominada de sucessão Mortis Causa. 
 
O Direito Sucessório se ocupa de estudar as relações econômicas advindas de 
transmissões do patrimônio, diga-se ativo e passivo do de cuju, chamadode autor da 
herança, em favor dos seus herdeiros. 
 
 2. A abertura da Sucessão e o Princípio da Saisine. 
 
 No Brasil e na maioria dos outros países, esta matéria obedece a um princípio 
conhecido como Princípio da Saisine, que diz que, no exato momento da morte de alguém, 
deverá ser aberta sua sucessão, para que, automaticamente se transmita a herança aos 
herdeiros legítimos e testamentários. 
 
 Tal princípio encontra amparo no Código Civil Brasileiro, no art. 1.784: "Aberta a 
sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros legítimos e testamentários." 
 
Entende-se, após a leitura deste dispositivo legal que, no mesmo instante em que 
ocorre a morte, ocorrerá também a abertura da sucessão, considerando-se a partir deste 
momento, os herdeiros legítimos ou testamentários como tais. 
 
A massa de bens e direitos que será transmitida aos herdeiros recebe o nome de 
espólio, que contém tanto o patrimônio ativo do de cujus,– direitos creditórios, garantias – 
como seu patrimônio passivo – dívidas, hipotecas e afins. 
 
3. Espécies de Sucessão 
 
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“Oferecer oportunidades de educação, contribuindo para a formação de profissionais conscientes e competentes, 
comprometidos com o comportamento ético e visando ao desenvolvimento Regional”. 
 
 
 O Código Civil prevê duas formas de Sucessão: A Legal e a Testamentária. 
 
A Sucessão Legítima, ou ab intestato é aquela definida por lei. Ocorre quando o 
falecido não deixou testamento ou codicilo, ou seja, as divisões, quinhões finais, serão todos 
definidos segundo a legislação. 
 
A Sucessão Testamentária é aquela advinda de disposição de última vontade do de 
cujus, como um testamento ou codicilo, seguindo, portanto, a divisão neles prevista. 
 
4. Objeto da Sucessão: A Herança 
 
 A herança, como sugere o Título do Capítulo é o objeto da Sucessão, seja ela Legítima 
ou Testamentária. Enquanto não for feita a partilha o direito dos herdeiros de percebê-la é 
considerado indivisível, de acordo com o art. 1.791, do novo diploma civil: 
"Até a partilha, o direito dos co-herdeiros, quanto a propriedade e 
posse da herança, será indivisível, e regular-se-á pelas normas relativas 
ao condomínio." 
 
Tal indivisibilidade tem relações com o domínio e a posse dos bens constantes da 
herança, desde a abertura até a partilha final. Da mesma forma, o Código Civil, em seu art. 
80, II, considera o direito a sucessão aberta um bem imóvel, para os casos de alienação e 
pleitos judiciais, mesmo que a herança consista apenas em bens móveis, verbis: 
"Consideram-se imóveis para os efeitos legais: 
I – os direitos reais sobre bens imóveis e as ações que os asseguram; 
II – o direito à sucessão aberta”. 
 
Tal definição legal gera diversos efeitos, principalmente nas esferas real e tributária, 
uma vez que o direito a sucessão aberta está sujeito à cobrança de diversos impostos e 
obrigações próprias dos bens imóveis, tais como ITCD ou ITBI. 
 
O fato de ter caráter imóvel também obriga que uma possível renúncia ou cessão, ou 
seja, alienação de herança seja feita através de Escritura Pública com Outorga Uxória ou 
Mandado Judicial, uma vez que não se admite que a propriedade de bens imóveis seja 
transferida pela mera tradição simples. 
 
5. Herdeiros Legítimos, Necessários, Testamentários e Legatários: Diferença. 
 
 No Direito sucessório brasileiro são utilizadas diversas nomenclaturas para aqueles 
que recebem a herança, sendo as principais: Herdeiros Legítimos, Herdeiros Necessários, 
Herdeiros Testamentários e Legatários. Herdeiros Legítimos são aqueles definidos em lei, 
quando for processada a Sucessão Legítima. 
 
Possuem uma ordem estabelecida no art. 1.829 do Código Civil e obedecem a 
determinadas regras. São assim chamados por ter o deferimento do seu quinhão 
estabelecido em lei. 
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comprometidos com o comportamento ético e visando ao desenvolvimento Regional”. 
 
 
Herdeiros Necessários não estão, obrigatoriamente, ligados a um tipo de Sucessão. 
São assim considerados por ser uma qualidade dada somente a alguns parentes próximos do 
de cujus, determinados pelo art. 1.845: "São herdeiros necessários os descendentes, os 
ascendentes e o cônjuge." 
 
Ou seja, herdeiro necessário é todo parente em linha reta, ou cônjuge sucessível. A 
lei confere a estes a legítima, que não pode ser subtraída por vontade do de cujus. 
 
Por sua vez, são chamados de Herdeiros Testamentários aqueles que têm seu 
quinhão definido e deferido através de testamento feito pelo testador. 
 
Já os legatários são aqueles que recebem um Legado, que consiste em uma coisa 
certa, um corpuscerto e determinado, deixado a alguém, ou seja, uma transmissão Mortis 
Causa título singular. 
 
Convém salientar que nada impede que uma mesma pessoa se beneficie das duas 
modalidades de herança ao mesmo tempo. Por exemplo, o filho do de cujus pode ser ao 
mesmo tempo, herdeiro necessário e receber um legado seu. 
 
 6. A vocação hereditária 
 
 Vocação Hereditária consiste na capacidade, ou legitimidade que alguém possui (ou 
não) para suceder. Em outras palavras, possui vocação hereditária aquele que tem 
capacidade para entrar na sucessão na qualidade de herdeiro. 
 
Há uma regra geral para a vocação hereditária, constante no art. 1.798 do Novo 
Código Civil: "Legitimam-se a suceder as pessoas nascidas ou já concebidas no momento da 
abertura da sucessão." 
 
Assim, todo aquele já nascido que possui algum vínculo familiar ou testamentário 
com o de cujus goza, a rigor, de vocação hereditária. A expressão "já concebidas" permite 
que até o nascituro entre como herdeiro em potencial. 
 
Convém salientar que, especificamente na Sucessão Testamentária, há uma exceção 
à regra geral, contida no art. 1.798 do diploma civil, na medida em que até os filhos ainda 
não concebidos dos herdeiros testamentários poderão ser chamados, segundo o disposto no 
inciso I do art. 1.799, verbis: 
"Na Sucessão Testamentária podem ainda ser chamados a suceder: 
I – os filhos, ainda não concebidos, de pessoas indiadas pelo testador, 
desde que vivas estas ao abrir-se a sucessão; 
II – (...) 
III – (...)" 
 
A priori, o dispositivo pode parecer confuso, entretanto, a razão de ser do mesmo é 
permitir que se beneficie uma possível prole do herdeiro testamentário, pois este poderá vir 
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a falecer durante o próprio processo de inventário do de cujus, não havendo, contudo, 
prejuízo para seus filhos. 
 
Observe-se que se o herdeiro testamentário vier a falecer antes do testador, esse 
dispositivo legal será inepto, pois condiciona o benefício aos filhos do herdeiro 
testamentário ao fato deste estar vivo ao tempo da abertura da sucessão. 
 
7. Herdeiros Necessários 
 
A lei exprime que todo descendente ou ascendente sucessível, bem como, o cônjuge, 
é chamado de Herdeiros Necessários. 
 
Não é aquele somente tipificado em Lei, como o Herdeiro Legítimo. Como possui a 
qualidade de necessário, a lei confere ao mesmo o direito à Legítima. O de cujus de maneira 
alguma pode, por arbítrio próprio, se furtar a transferir ao herdeiro necessário a Legítima a 
que este possui direito. Contudo, nada impede que o herdeiro necessário renuncie a 
herança, na conformidade da Lei. 
 
8. Legítima e Metade Disponível do patrimônio do de cujus – Distinção. 
 
O patrimônio de uma pessoa, enquanto viva, pode ser dividido em duas metades: A 
Legítima ea Metade Disponível. Entretanto, como veremos tal distinção somente produzirá 
efeitos práticos se houverem herdeiros necessários em jogo (descendentes, ascendentes 
e/ou cônjuge sucessíveis). 
 
A metade chamada de Legítima é aquela que a lei transmite obrigatoriamente, e de 
maneira igual, aos herdeiros necessários, a não ser que eles mesmos (e seus cônjuges, se 
houver), de maneira expressa, renunciem à herança, por força do art. 1.846 do Código Civil: 
"Pertence aos herdeiros necessários, de pleno direito, a metade dos bens da herança, 
constituindo a legítima." 
 
No caso dessa ressalva, nem o próprio autor da herança poderá deixar de transferir a 
Legítima para algum herdeiro necessário. 
 
A outra metade do patrimônio, chamada de Metade Disponível, é aquela que o autor 
da herança pode deixar para quem quiser, mediante um ato de disposição de última vontade 
(Testamento ou Codicilo), a priori, não há restrições visíveis quanto à forma de disposição da 
metade disponível, contudo, mesmo a disposição de última vontade deve obedecer a certas 
determinações emanadas da lei, como veremos posteriormente. 
 
9. Direito de Representação 
 
Como sabemos, a sucessão pode ser "por cabeça", quando é deferido segundo 
direito próprio, ou seja, quando o herdeiro recebe a herança por si só; ou "por estirpe", 
quando é chamado a suceder outra pessoa em lugar do herdeiro, em virtude deste não 
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poder suceder. Por exemplo, se o falecido deixou descendentes, estes lhe sucedem por 
cabeça. 
 
Segundo o art. 1.851 do Código Civil, o Direito de Representação ocorre quando a lei 
chama outros sucessores para representar algum sucessor que não possa suceder, seja por 
pré-morte ou deserdação, ou indignidade, da seguinte forma: 
"Dá-se o direito de representação quando a lei chama certos parentes 
do falecido a suceder em todos os direitos, em que ele sucederia se 
vivo fosse." 
 
Da mesma forma, o quinhão daquele que for representado será repartido entre os 
seus representantes (no caso, seus próprios herdeiros), por força do art. 1.855 do diploma 
civil: "O quinhão do representado partir-se-á por igual entre os representantes." 
 
Vejamos o seguinte caso: 
Se o autor da herança deixou quatro filhos, chamados de "A", "B", "C" e "D". O seu 
patrimônio será dividido igualmente estes quatro herdeiros. Contudo o herdeiro de nome 
"B" já é falecido antes do pai (ou seja, é pré-morto), deixando este ("B") dois filhos. 
 
A herança será deferida da seguinte forma: os filhos "A", "C" e "D" ficarão cada um 
com 25% da herança deixada pelo autor da herança. Com relação aos 25% que caberiam a 
"B", pré-morto, este seu quinhão será divido igualmente entre os seus dos filhos, que o 
sucederão por representação. 
 
Os filhos de "B" somente terão direito ao quinhão de seu pai pré-morto, por força do 
art. 1.854 da lei civil pátria: "Os representantes só podem herdar, como tais, o que herdaria 
o representado, se vivo fosse." 
 
De todo modo, todos os representantes do pré-morto, não importa quantos forem, 
somente terão direito ao quinhão que o representado herdaria se fosse vivo, dividindo-se 
este quinhão igualmente por todos os representantes. 
 
10. Abertura do Inventário e Administração da Herança 
 
 O Inventário é o processo de jurisdição contenciosa, que dá início à sucessão Legítima 
ou Testamentária, através do qual ocorre a avaliação e descrição dos bens do falecido, 
posteriormente, há a liquidação (pagamento) do seu patrimônio passivo (dívidas), o devido 
imposto (ITCD) é pago e, ao fim do processo é expedido o documento de Formal de Partilha , 
ou uma Carta de Adjudicação , caso haja, respectivamente, vários ou apenas um herdeiro. 
 
Não cabe ao presente estudo versar sobre as normas processuais civis acerca do 
inventário e partilha dos bens, contudo, são necessárias, para o perfeito entendimento do 
leitor, algumas explicações sucintas sobre o processo de Inventário. 
 
Deve ser aberto dentro de um prazo de 30 dias, no Juízo do lugar da sucessão, 
segundo o que dispõe o art. 1.796 do Código Civil, in verbis: 
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comprometidos com o comportamento ético e visando ao desenvolvimento Regional”. 
 
 
"No prazo de trinta dias, a contar da abertura da sucessão, instaurar-
se-á inventário do patrimônio hereditário, perante o juízo competente, 
no lugar da sucessão, para fins de liquidação e, quando for o caso, de 
partilha da herança." 
Dentro do processo do Inventário, haverá um momento em que se nomeará o 
Inventariante, o responsável pela avaliação e descrição de todos os bens hereditários, 
devendo este prestar compromisso formal perante o Juiz para que inicie suas funções. 
 
Enquanto não for aberto o Inventário, ou o Inventariante não prestar seu 
compromisso a herança deverá ser administrada por alguém, para que não se deteriore ou 
se perca. O administrador será escolhido segundo as regras do art. 1.797 do Código Civil, 
verbis: 
"Até o compromisso do Inventariante, a administração da herança 
caberá, sucessivamente: 
I – ao cônjuge, ou companheiro, se com o outro vivia ao tempo da 
abertura da sucessão; 
II – ao herdeiro que estiver na posse e administração dos bens, e, se 
houver mais de um nessas condições, o mais velho; 
III – ao testamenteiro; 
IV – a pessoa de confiança do juiz, na falta ou escusa das indicadas nos 
incisos antecedentes, ou quando tiverem de ser afastadas por motivo 
grave levado ao conhecimento do juiz." 
 
A administração provisória da herança caberá, portanto, na seguinte ordem: ao 
cônjuge ou companheiro supérstite, ao herdeiro que tiver na posse de cada um dos bens da 
herança, ou o mais velho entre estes. No caso de sucessão testamentária, a administração 
provisória caberá ao testamenteiro nomeado pelo testador na declaração de última 
vontade. Por último, se nenhuma destas pessoas puder administrar, será nomeada uma 
pessoa de confiança do juiz (in casu, um curador ad hoc), que procederá com tal 
administração até que o inventariante preste seu juramento. 
 
11. Herança: Aceitação e Renúncia 
 
 Como já abordado, os direitos à sucessão aberta e a perceber a herança são 
considerados bens imóveis por definição legal. 
 
 Tal definição possui diversos desdobramentos, constantes na legislação civil como 
um todo, em especial no que tange a renúncia e a transferência de tal direito (imóvel). 
 
Primeiramente, veremos o artigo do Código Civil que trata sobre renúncia ou 
aceitação herança, o 1.804, verbis: 
"Aceita a herança, torna-se definitiva a sua transmissão ao herdeiro, 
desde a abertura da sucessão. 
Parágrafo único. A transmissão tem-se por não verificada quando o 
herdeiro renuncia à herança." 
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comprometidos com o comportamento ético e visando ao desenvolvimento Regional”. 
 
 
Denota-se, a partir da leitura do dispositivo legal supracitado que, uma vez aceita a 
herança, a transmissão dos respectivos quinhões aos herdeiros torna-se um ato definitivo, 
irrevogável, com efeitos ex tunc à abertura da sucessão. 
 
A aceitação da herança poderá ser expressa ou tácita. Será expressa quando feita por 
declaração escrita, e tácita quando os atos do herdeiro renunciante derem a entender sua 
plena aceitação, conforme o disposto no caput do artigo 1.805 do diploma civil, verbis: 
"A aceitação da herança, quando expressa, faz-sepor declaração 
escrita; quando tácita, há de resultar tão somente de atos próprios da 
qualidade de herdeiro" 
 
Contudo, quando o assunto é renúncia de herança, esta deve ser expressa, 
obrigatoriamente feita via instrumento público, em geral uma Escritura Pública de Natureza 
Declaratória, por força do disposto no art. 1.806: "A renúncia da herança deve constar 
expressamente de instrumento público ou termo judicial." Há que se salientar o fato de 
necessitar da Outorga Uxória (ou Autorização Marital) para que se processe perfeitamente 
tal renúncia, uma vez que o direito à sucessão aberta é um bem imóvel, conforme já 
dissemos. 
 
Há um dispositivo que regula o poder de aceitar ou renunciar, se trata do art. 1.808 
do Código Civil, verbis: 
"Não se pode aceitar ou renunciar a herança em parte, sob condição 
ou a termo. 
1º O herdeiro, a quem se testarem legados, pode aceita-los, 
renunciando a herança; ou aceitando-a, repudiá-los; 
2º O herdeiro, chamado na mesma sucessão, a mais de um quinhão 
hereditário, sob títulos sucessórios diversos, pode livremente deliberar 
quanto aos quinhões que aceita e aos que renuncia." 
 
 No caput do artigo há uma restrição à liberdade de renunciar à herança, uma vez que 
proíbe que o interessado renuncie seu quinhão em parte, exigindo alguma condição, ou 
impondo algum termo. 
 
A razão de ser desse dispositivo legal é impedir que, por exemplo, o herdeiro 
renuncie somente as dívidas da herança, ficando com o patrimônio ativo; ou exigindo que 
lhe seja pago algum valor para que aceite seu quinhão; ou, finalmente, impondo um período 
para que se inicie a sua plena aceitação, para que se prescreva alguma dívida de seu 
quinhão. 
 
De todo modo, é permitido ao herdeiro que tenha direito a mais de um quinhão, 
renunciar independentemente um dos outros os diferentes quinhões a que tem direito. 
 
 Convém salientar que, uma vez aceita ou renunciada a herança, tais atos são, por 
força legal, irrevogáveis, não podendo o renunciante desistir de renunciar, sendo vedado 
qualquer arrependimento, com fulcro no art. 1.812, da lei civil pátria: "São irrevogáveis os 
atos de aceitação ou renúncia da herança." 
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comprometidos com o comportamento ético e visando ao desenvolvimento Regional”. 
 
 
Sendo assim, uma vez renunciada a herança, em caráter irrevogável, a parte do 
herdeiro renunciante acrescerá à dos outros herdeiros da mesma classe, uma vez que 
sucedem "por cabeça". 
 
Todavia, se o renunciante for o único da sua classe de herdeiros, a herança será de 
pronto devolvido aos herdeiros da próxima classe, como dispõe o art. 1.810, da seguinte 
forma: 
"Na sucessão legítima, a parte do renunciante acresce à dos outros 
herdeiros da mesma classe e, sendo ele o único desta, devolve-se aos 
da subseqüente." 
 
O Código Civil atual, no capítulo que dispõe sobre a renúncia da herança, também 
protege os direitos que credores do herdeiro renunciante que já o eram ao tempo da 
renúncia, tal dispositivo é o art. 1.813: 
"Quando o herdeiro prejudicar os seus credores, renunciando à 
herança, poderão eles, com autorização do juiz, aceita-la em nome do 
renunciante. 
1º A habilitação dos credores se fará no prazo de trinta dias seguintes 
ao conhecimento do fato. 
2º Pagas as dívidas do renunciante, prevalece a renúncia quanto ao 
remanescente, que será devolvido aos demais herdeiros." 
 
 Desta forma, os credores que já o eram ao tempo da renúncia, se forem por ela 
prejudicados, tem um prazo de 30 dias, a contar do conhecimento da referida renúncia, para 
que se habilitem e aceitem a herança em nome desse herdeiro, mediante uma autorização 
do juiz. Procedido ao pedido dos credores prejudicados, as dívidas do renunciante serão 
pagas, permanecendo a renúncia quanto ao restante, sendo este devolvido aos demais 
herdeiros. 
 
É importante que não se confunda Renúncia de Herança com Cessão de Direitos 
Hereditários. A primeira consiste no ato ou efeito de recusar-se a receber alguma herança, já 
a segunda é quando os direitos sucessórios que alguém tem direito são transferidos 
(alienados) para outrem, a título gratuito ou oneroso. 
 
9. Aspecto Importante: A questão sucessória entre companheiros 
 
 Antes de qualquer explanação acerca da sucessão na União Estável, que, a propósito 
sofreu algumas mudanças com o advento do Código Civil, uma vez que a mesma já era 
regulada pela legislação infraconstucional (vide Lei nº 8.971/94 e outras), cremos que se 
torna conveniente que sejam tecidas algumas definições sobre o que vem a ser o Instituto 
da União Estável. 
 10. Sucessão entre companheiros no Novo Diploma Civil. 
 A questão sucessória entre os companheiros já vem sendo estudada desde 1994, 
quando foi editada a lei nº 8.971/94, que, entre outras coisas, concedia alimentos aos 
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companheiros. Contudo, com o advento do Código Civil de 2002, a questão sucessória entre 
os companheiros ainda é uma vexata quaestio, uma vez que não se sabe com certeza 
absoluta, os fatos que comprovam a existência da União Estável, em virtude do caráter 
factual deste Instituto. 
 
O Novel Código Civil já caminha para que se desvendem muitas das dúvidas acerca da 
questão sucessória na União Estável, na medida em que facilita e expressa a forma de 
divisão dos bens dos companheiros, quando um destes vem a falecer, abrindo uma questão 
sucessória com poucos precedentes no ordenamento jurídico nacional. 
 
 O Diploma Civil inicia a questão sucessória dos companheiros no seu art. 1.725, na 
medida em que dita uma regra geral para as uniões estáveis, vejamos: 
"Na união estável, salvo contrato escrito entre os companheiros, 
aplica-se às relações patrimoniais, no que couber, o regime da 
comunhão parcial de bens.” 
 
Em virtude disso, muitas das dúvidas, a priori, já se encontrariam clareadas, pois, por 
esta regra geral, bastava que se usassem as do regime da comunhão parcial quando da 
morte de um dos companheiros, dividindo-se o patrimônio comum em duas meações, ou se 
o de cujus deixou bens particulares, estes seriam divididos entre o companheiro 
sobrevivente e os herdeiros, ficando àquele na qualidade de meeiro e herdeiro. Entretanto, 
somente se aplicam no que couber, as regras de tal regime na união estável. 
 
Complementando este raciocínio, o legislador civil editou uma "segunda ordem de 
vocação hereditária", para ser usada especialmente quando se tratar de sucessão entre 
companheiros, verbis: 
"A companheira ou o companheiro participará da sucessão do outro, 
quanto aos bens adquiridos onerosamente na vigência da união 
estável, nas condições seguintes: 
I – se concorrer com filhos comuns, terá direito a uma quota 
equivalente à que por lei for atribuída ao filho; 
II – se concorrer com descendentes só do autor da herança, tocar-lhe-á 
a metade do que couber a cada um daqueles; 
III – se concorrer com outros parentes sucessíveis, terá direito a um 
terço da herança; 
IV – não havendo parentes sucessíveis, terá direito à totalidade da 
herança." 
 
Como se pode ver trata-se realmente de uma "vocação hereditária alternativa", a ser 
usada apenas na sucessão entre companheiros, e com relação aos bens adquiridos 
onerosamente durante a união estável. Os adquiridos a título gratuito, caso não haja 
nenhum parente sucessível, serão considerados herança vacante, ficando para a União ou 
Município, mercê dos artigos 1.819 e 1.822 do diploma civil, verbis: 
"Falecendo alguém sem deixar testamento

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